O investimento em lideranças é fundamental para o setor social privado

21 de outubro de 2014

Muitos fatores são cruciais para fortalecer o investimento social privado. Alguns enfatizam a necessidade de mais recursos, outros se voltam para a busca de um melhor apoio na área jurídica. Um ponto fundamental, no entanto, é frequentemente negligenciado: a importância de criar lideranças no setor.

“As pessoas não nascem com aquilo que é necessário para administrar e motivar uma equipe, construir parcerias e liderar as mudanças”, escreve o gestor Ira Hirschfield, presidente do Evelyn and Walter Haas Jr. Fund, entidade norte-americana de promoção de direitos fundamentais.

Em texto intitulado “Investing in leadership to accelerate philanthropic impact”, publicado no site da Stanford Social Innovation Review, ele observa que o setor privado gasta bilhões de dólares no desenvolvimento de lideranças, “pois sabe que líderes preparados são um investimento poderoso”. No setor social, porém, a despesa é relativamente baixa. “Vale questionar se estamos efetivamente capitalizando lideranças.”

A organização presidida por Hirschfield tem atuado nessa área. Ela iniciou, por exemplo, um programa para fomentar líderes na luta por direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT).

Representante do movimento, Rea Carey (diretora-executiva da National Gay and Lesbian Task Force) resume bem a importância de formar lideranças: “é como vitaminar o investimento social privado. Se você quiser que suas doações tenham sucesso, se você quiser que as entidades que você apoia façam o melhor possível para atingir suas metas, é preciso investir em desenvolvimento de lideranças”.

No Brasil, a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), fundada em 2012, faz um caminho um pouco diferente. Forma não propriamente lideranças do terceiro setor, mas que atuem em causas sociais dentro da esfera política. “Nós estimulamos as pessoas a conhecerem e participarem mais das estruturas institucionais existentes e queremos ter uma rede com uma visão compartilhada sobre o desenvolvimento do Brasil”, diz o fundador e diretor executivo da Raps, Marcos Vinícius de Campos.

Entre as características importantes de um líder estão, segundo Campos, ser uma pessoa “mobilizada”, conhecer metodologias de ação e métricas para avaliar resultados e trabalhar com transparência. “O Brasil precisa adensar sua sociedade civil. Temos muitas pessoas talentosas e hoje há muita gente qualificada abrindo mão de altos postos no mercado empresarial e voltando-se para uma atuação voltada ao bem coletivo”.

Um exemplo dessa trajetória do setor empresarial para o terceiro setor pode ser visto dentro do IDIS, com a história de Paula Fabiani, diretora-presidente desde setembro de 2014. “Sou economista por formação. Trabalhei no setor privado, no mercado financeiro, e então fiz um curso de gestão de organizações da sociedade civil na Fundação Getúlio Vargas”, conta Paula, lembrando que não basta uma formação qualificada para se tornar líder na área social: “é preciso gastar um tempo entendendo o setor para então se posicionar”.

Para saber mais sobre esse e outros assuntos relacionados a investimento social privado, acesse o novo site do IDIS: www.idis.org.br e tenha acesso a um imenso acervo de notícias, artigos, livros e cases sobre o setor. Acesse também os canais nas redes sociais: Facebook; Twitter; Linkedin e Youtube.