IDIS divulga relatório mostrando poder transformador da classe média na doação

10 de abril de 2018

Se a classe média brasileira dedicasse apenas 0,5% de seus gastos para filantropia isso geraria aproximadamente R$ 20 bilhões ao ano para boas causas, levando em conta o atual cenário econômico, de acordo com o relatório ‘Perspectivas para a Filantropia Global: O Poder Transformador da Doação da Classe Média’. Esse dado mostra que a classe média, sozinha, tem potencial para doar uma vez e meia o volume doado por todos os brasileiros em 2015, que foi de R$ 13,7 bilhões, segundo a pesquisa Doação Brasil, feita pelo IDIS.

O relatório foi produzido pela Charities Aid Foundation (CAF) e divulgado no Brasil pelo IDIS. Os números foram apresentados pela Diretora de Comunicação e Relações Institucionais do Instituo, Andréa Wolffenbüttel, durante o X Congresso GIFE.

Os cálculos apontam que, em termos globais, a classe média deve crescer tanto que, em 2030, seria capaz de destinar US$ 319 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) para ajudar os mais necessitados doando, anualmente, apenas 0,5% de seus gastos. Essa quantia representa, por exemplo, mais do que o dobro do recorde de US$ 147 bilhões dado pelos 35 países membros da OCDE para o desenvolvimento das regiões mais pobres. Esse valor também é maior do que o PIB de países como África do Sul, Dinamarca e Singapura.

“Nós temos o hábito, muitas vezes, quando queremos implementar uma cultura de doação, olhar para a parte mais alta da pirâmide social, para aqueles que têm muitos recursos ou as grandes empresas. Porém, o estudo que divulgamos mostra que nos países onde há uma cultura de doação muito forte, essa cultura está na classe média, ao contrário do que nós pensamos. Ou seja, não é tão fácil estabelecer uma cultura de doação que vem de cima para baixo – nós temos que trabalhar muito para fomentar a doação na classe média”, explica Wolffenbüttel

O relatório completo, em PDF, pode ser baixado gratuitamente – basta clicar AQUI!

Na mesma sessão de lançamento do estudo, foi apresentado também o primeiro fundo brasileiro dedicado a fomentar iniciativas para o estímulo da Cultura de Doação, o Fundo Bis, incubado pelo Gife. Os primeiros quatro projetos beneficiados pelo Fundo Bis foram expostos, cada um por seu representante. Juana Kweitel, do Conectas, explicou a pesquisa que está desenvolvendo, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, para identificar as barreiras que dificultam a doação da classe média alta para a causa do Direitos Humanos. João Paulo Vergueiro, da Associação Brasileira de Captadores de Recurso ABCR, expôs sua ação de advocacy pela criação do Marco Bancário da Doação. Nina Valentini, do Movimento Arredondar, contou que está levando a possibilidade da microdoação para o e-commerce. E Rodrigo Bueno encerrou explicando a plataforma Viralize, criada para dar mais visibilidade aos vídeos de captação de recursos para causas sociais.