IDIS e Folha reúnem especialistas em seminário sobre Cultura de Doação

28 de julho de 2020

#ComoPossoAjudar? foi uma das expressões mais buscada no Google, no Brasil, depois de decretada a pandemia. Os brasileiros se mobilizaram e estão mostrando que podem fazer a diferença. Entramos no mês de julho com R$ 5,7 bilhões doados por pessoas, famílias e empresas, segundo o Monitor de Doações Covid-19 promovido pela ABCR.

Para entender melhor este movimento, quais as motivações e os caminhos que se apresentam a partir de agora, realizamos no dia 8 de julho, em parceria com a Folha e com o apoio do Instituto ACP, Instituto Mol e Movimento Bem Maior, o seminário #ComoPossoAjudar: o movimento que faz a diferença na pandemia. Entre os convidados, especialistas e empreendedores sociais representando diferentes pontos de vista.

No evento, também lançamos os dados do Brasil Giving Report 2020 (acesse aqui o relatório completo), pesquisa realizada junto a 1.000 respondentes em agosto de 2019 que traz o retrato da doação no Brasil e dá indicativos de como chegamos até aqui. Entre os achados, o crescimento da visão positiva sobre as ONGs e de seu impacto positivo, pontos de vista que contribuíram para o grande volume de doações no período da pandemia. O aumento também do percentual de respondentes que doam porque acreditam que todos precisam ajudar a resolver problemas sociais e porque percebem que podem fazer a diferença, em especial nas camadas de mais alta renda também foi evidenciado. “O engajamento do brasileiro já vinha aumentando, em especial entre os jovens, e neste momento em que atingimos recordes de solidariedade, olhar para estes dados é um orientador importante para nossa ação”, comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, que abriu o seminário.

A primeira mesa de debates teve como tema ‘Motivações para Doar’. Participaram Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta e da Preta Hub, Eugênio Mattar, CEO da Localiza e cofundador do Movimento Bem Maior, Márcia Woods, presidente do Conselho da ABCR e Nathalia Arcuri, CEO da Me Poupe!.

Márcia Woods abriu a conversa, traçando um panorama das doações, que atingiu patamar recorde, e destacando a participação expressivasde empresas durante a pandemia. Reforçou também a agilidade das organizações da sociedade civil em montar campanhas e demonstrar os benefícios de suas ações. Por fim, mostrou-se otimista em relação ao processo de engajamento recorrente que crê vamos atingir um novo patamar de doações no país.

Nathalia Arcuri, complementou destacando a importância da transparência e da prestação de contas como fatores que motivam e reforçam a Cultura de Doação e lembrou que o voluntariado é tão relevante quanto a doação de dinheiro e não pode ser esquecido.

Adriana Barbosa trouxe o olhar de quem está atuando na ponta e citou a experiência do Fundo de Emergências Econômicas para apoiar empreendedores. Destacou também como plataformas de financiamento coletivo e campanhas descentralizaram e facilitaram a doação. Promotora da causa do empreendedorismo negro, também trouxe essa questão à mesa, destacando seus desafios específicos e afirmou “É preciso fazer um recorte de raça e gênero no contexto da filantropia na pandemia”.

Fechando o painel, Eugênio Mattar trouxe em seu discurso sua motivação enquanto empresário, destacando que a cidadania é um valor para a Localiza e que seus investimentos aumentaram durante a pandemia, respondendo à urgência. Apresentou também o Movimento Bem Maior e seu objetivo de fortalecer a cultura de doação e duplicar o investimento de empresas e pessoas em filantropia estratégica. E afirmou: “Ser generoso é o maior privilégio que um homem pode ter”.

O segundo painel, ‘Caminhos e Escolhas’ reuniu Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magalu, Paula Fabiani e Rodrigo Pipponzi, diretor-executivo da Editora Mol.

Luiza Helena analisou o caminho traçado pela Cultura de Doação e como ela veio para ficar. Destacou o espírito de comunidade, o espírito de solidariedade e a cobrança crescente da população em relação à responsabilidade empresarial. Falou também sobre o comitê de mulheres de bairro de periferia, um exemplo de gestão, aplicação do dinheiro e resultados conquistados. Comentou que o apoio a pequenas e médias empresas foi o foco do Magalu neste período, além da adesão à campanha ‘Não Demite’, caminho que ressaltou como importante a todas corporações.

Rodrigo, que apostou nas microdoações como modelo de negócio da Editora Mol, mostrou como conseguiu simplificar o ato da doação e assim contribuir para o fortalecimento da cultura de doação no Brasil. Ele oferece hoje modelos criativos para estimular doações em empresas, em especial varejistas, que têm cada vez mais interesse neles. “Podemos fazer a mesma coisa de outras maneiras.” Também comentou sua iniciava no Instituto ACP, que lançou a campanha ‘Família apoia Família’ e atribuiu o grande resultado à consolidação do sentimento de solidariedade e responsabilidade que está aflorando.

Paula Fabiani, além de trazer mais dados da pesquisa Brasil Giving Report, comentou a questão do legado da pandemia e que os brasileiros começam a perceber nas doações um ato de cidadania e o papel das organizações da sociedade civil como um veículo para chegar às pessoas mais vulneráveis. Destacou também a emergência de novos mecanismos de doação e como eles têm conseguido engajar pessoas de diversos perfis.

Assista aqui o seminário #ComoPossoAjudar: o movimento que faz a diferença na pandemia.