Como empreendedores podem resolver problemas econômicos, sociais e ambientais e, ao mesmo tempo, criar mercados promissores? O livro “The power of unreasonable people: How Social Entrepreneurs create markets that change the world”, de John Elkington, diretor e fundador da consultoria internacional SustainAbility, e Pamela Hartigan, diretora da Schwab Foundation, mostra exemplos bem-sucedidos e não-convencionais de empreendimentos sociais.
O livro, publicado em fevereiro de 2008 pela editora da Universidade de Harvard (Estados Unidos) e distribuído no Fórum Econômico Mundial, explora o conceito de empreendimento social, um movimento que, segundo os autores, vem ganhando força nos Estados Unidos e no resto do mundo. A prática é encarada como a busca por oportunidades para criar padrões de mudança social.
O conceito nasceu a partir da comparação com outras organizações do setor social. Enquanto muitas dessas concentram esforços na redução dos efeitos de um problema, os empreendedores sociais buscam a solução para o problema. Segundo os especialistas, as novas figuras do terceiro setor desenvolvem teorias sobre as causas dos problemas sociais, criam organizações para eliminá-las e adaptam estratégias a partir dos resultados obtidos.
Os autores revelam que os empreendedores sociais bem-sucedidos adicionam um novo ponto de vista ao mercado ao criar negócios que levam em consideração múltiplas dimensões: econômica, social e ambiental. Elkington e Hartigan continuam. Segundo eles, o trabalho desses líderes vai ajudar a moldar oportunidades de mercado nos próximos anos. A publicação traz exemplos em diversas áreas: finanças, saúde, tecnologia, indústria ambiental, engenharia e educação.
Combate a deficiência visual na Índia
Um capítulo é dedicado à organização indiana Aravind Eye Care System. Criado há mais de 30 anos pelo Dr. Venkataswamy, o sistema de atendimento no interior do país combate doenças oftalmológicas.
A Aravind foi pioneira em um modelo de funcionamento sustentável que segue princípios de serviços em grande volume, alta qualidade e centrados em várias comunidades. A combinação resulta em baixo custo e viabilidade em longo prazo. O atendimento à população pobre ainda é garantida por meio da cobrança proporcional à riqueza do paciente: os mais ricos pagam mais e os mais pobres, menos. Por ano, a Aravind atende mais de 2 milhões de pacientes e, desde que iniciou atividades, realizou quase 3 milhões de cirurgias.
Cerca de 37 milhões de pessoas no mundo possuem deficiência visual total. Estimativas apontam que quase 12 milhões delas estejam na Índia. Além disso, 60% desse número é decorrência de catarata, doença quase sempre curável. O peso econômico da deficiência visual é estimado em cerca de 50 bilhões de reais por ano.