×

Vaga de Assistente de Diretoria

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para Assistente de Diretoria.

Atuamos desde 1999 com foco no fortalecimento do Investimento Social Privado no Brasil e o estímulo a ações transformadoras da realidade para a redução das desigualdades sociais no país.

O IDIS conta com um time de 50 pessoas dedicadas a desenvolver e implementar projetos de grande impacto que estimulem o desenvolvimento de um ecossistema de Investimento Social que atue de forma eficaz e estratégica. Oferecemos consultoria em investimento social para empresas, famílias, filantropos e organizações da sociedade civil. Além disso, desenvolvemos projetos de impacto, como campanhas e a promoção de advocacy, e investimos na geração de conhecimento, com a produção de pesquisas, artigos e publicações.

Para fortalecer a organização e nossa atuação, buscamos uma pessoa Assistente de Diretoria. Ela será responsável por apoiar a CEO da organização na realização de atividades.

 Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

RESPONSABILIDADES E OPORTUNIDADES

  • Controlar a agenda, envolvendo compromissos internos e externos, bem como efetuar follow-up diário de assuntos e pendências em geral, colaborando com a administração do tempo.
  • Ser o ponto de contato entre a Diretoria e os diversos públicos de interesse internos e externos, acompanhando e agilizando os assuntos em andamento.
  • Organizar as viagens nacionais e internacionais, cuidando de todos os detalhes envolvidos.
  • Elaborar mensagens, relatórios e materiais necessários, e, também, registrar e dar direcionamento as correspondências, assim como gerenciar as ligações telefônicas, permitindo um processo de comunicação eficiente e eficaz.
  • Promover um bom relacionamento interpessoal e a integração com o time, contribuindo para a qualidade do clima organizacional.
  • Contribuir com a organização, padronização e melhoria dos processos de trabalho, assim como executar outras tarefas correlatas, sempre que necessário.

INSTRUÇÃO E EXPERIÊNCIA

  • Formação superior completa
  • Inglês avançado
  • Domínio do pacote Office (Word, PowerPoint, Excel)
  • Senso de urgência
  • Proatividade
  • Interesse por conceitos de Investimento Social Privado, Sustentabilidade, Responsabilidade Social Empresarial e Investimento de Impacto.

BENEFÍCIOS

  • Contratação CLT
  • Assistência médica (Bradesco Seguros)
  • Vale-Transporte
  • Vale-Alimentação
  • Wellhub
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off no aniversário
  • Tipo de trabalho – Híbrido

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 3 de fevereiro de 2025.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

             

Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil

O Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil é uma iniciativa do IDIS e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos para o acompanhamento de endowments em atividade no Brasil.

Os dados são obtidos a partir de questionários respondidos por gestores destes fundos ou por meio da consulta pública em sites ou veículos de imprensa.

A atualização é constante. Para passar a integrar o levantamento ou modificar algum dado, gestores de fundos patrimoniais podem preencher o questionário oficial. Solicite o link escrevendo para comunicacao@idis.org.br

Acesse aqui os dados disponíveis sobre os fundos patrimoniais mapeados.

O Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil identificou 119 fundos patrimoniais ativos, cujo patrimônio total informado é de R$ 157.275.750.793.

Acesse abaixo a planilha completa com informações sobre as causas dos fundos e também fonte da informação.

Monitor IDIS dE Fundos Patrimoniais no Brasil – levantamento completo

 

Nome 

Ano da criação

Patrimônio

Sede

Amigos Direito UERJ 2017 R$ 231.260 RJ
Associação Amigos da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) 2019 R$ 2.058.987 SP
Associação Escola Panamericana de Porto Alegre 2022 R$ 15.000.000 RS
Associação Fundo Patrimonial do ITA 2023  R$ 1.200.000 SP
Associação Gestora do Fundo Patrimonial em Apoio à Faculdade de Direito da UFRGS 2021  Não informado RS
Casa Pequeno Mundo Não informado SP
C de Cultura 2017 R$ 21.564.468 SP
Chronos (USP São Carlos – comunidade) 2021 R$ 1.600.000 SP
Conecta EAUFBA (Escola de Administração da UFBA) 2022 R$ 150.000 BA
Endowment Afesu 2018 R$ 595.984 SP
Endowment Alumni Direito Mackenzie  2022 R$ 2.000 SP
CIP – Congregação Israelita Paulista 2015 Não informado SP
Endowments do Brasil – Fundo Trans Casa Chama 2022 Não informado SP
Escola Alef Peretz 2021 R$ 21.535.102.400 SP
Endowment Direito GV 2011 R$ 5.791.158 SP
Endowment Instituto Acaia 2016 R$ 519.701.044 SP
Endowment Instituto Rodrigo Mendes 2014 R$ 41.843.052 SP
Endowment PUC-Rio 2019 R$ 3.608.470 RJ
Endowment Sempre FEA (FEAUSP – alunos) 2020 R$ 10.200.000 SP
FLUPP (Fundação Lúcia e Pellerson Penido)  2011 R$ 3.847.531 SP
Fonte Endowment 2023 Não informado DF
Fundação Antonio e Helena Zerrenner INB 1936 R$ 34.972.318.000 SP
Fundação Ary Frauzino (Fundação do Câncer) 1991 R$ 255.000.000 RJ
Fundação Carlos Chagas 1964 Não informado SP
Fundação Coppetec 2019 R$ 347.000 RJ
Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec)  2021 R$ 186.476 GO
Fundação de Fomento à Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura (FUNCETIC) 2022 Não informado PR
Fundação Dorina Nowill 2023 Não informado SP
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza 1996 R$ 30.826.964 RS
Fundação Lia Maria Aguiar – FLMA 2008 R$ 680.000.000 SP
Fundação Maria Emilia Não informado BA
Fundação Uniselva 2002 R$ 512.884 MT
Fundo Amanhã (Administração UFRGS) 2022 R$ 1.138.031 RS
Fundo Areguá 2016 R$ 11.126.856 SP
Fundo Artigo 220 (Revista Piauí) 2021 R$ 350.000.000 SP
Fundo Baobá 2016 R$ 120.456.358 SP
Fundo Betinho – Ação da Cidadania 2023 R$ 45.849.008 RJ
Fundo Brasil de Direitos Humanos  2005 R$ 27.368.314 SP
Fundo Catarina 2021 R$ 1.525.317 SC
Fundo Comunitário da Maré – FCM 2021 R$ 25.192.212 RJ
Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Sociedade (Fundação Dom Cabral) 2019 R$ 40.814.047 MG
Fundo de Apoio ao Jornalismo Investigativo – F/ABRAJI  2016 Não informado SP
Fundo Centenário (Escola de Engenharia da UFRGS) 2017 R$ 2.637.921 RS
Fundo de Endowment do Instituto Líderes do Amanhã 2019 R$ 4.200.000 ES
Fundo de Fomento à Filantropia – FFF (IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) 2024 R$ 9.300.000 SP
Fundo de Investimento da FALM (Fundação André e Lúcia Maggi) 2017 R$ 14.169.657 MT
Fundo FICA 2015 R$ 150.000 SP
Fundo Figueira 1964 Não informado SP
Fundo FAS (Fundação Amazônia Sustentável) 2008 R$ 52.727.000 AM
Fundo Fundação ABH 2015 R$ 2.396.560 SP
Fundação Itaú 2000 R$ 5.160.836.000 SP
Fundo Gerações 2008 R$ 2.646.000 RS
Fundo Helda Gerdau 2019 Não informado RS
Fundo Patrimonial ACTC – Casa do Coração
2023 R$ 23.879.139 SP
Fundo Patrimonial Amigos da Poli (Escola Politécnica da USP) 2012 R$ 52.274.601 SP
Fundo Patrimonial Amigos do Hospital do Fundão (RJ) 2016 Não informado RJ
Fundo Patrimonial Amigos da Univali 2019 R$ 101.106 SC
Fundo Patrimonial Amigos do Brasil Central 2019 R$ 55.000 GO
Fundo Patrimonial ASA (Associação Santo Agostinho) 2018 R$ 84.350.000 SP
Fundo Patrimonial Associação Projeto Gauss – FPPG 2019 R$ 5.454.040 SP
Fundo Patrimonial Augere (FMUSP) 2015 R$ 234.440 SP
Fundo Patrimonial Axuxê (Facculdade de Medicinada da FMABC) 2017 R$ 8.000 SP
Fundo Patrimonial BrazilFoundation 2010 R$ 1.902.133 RJ
Fundo Patrimonial CEAP 2018 R$ 124.933 SP
Fundo Patrimonial da Fundação Banco do Brasil 2008 R$ 258.362.000 DF
Fundo Patrimonial da Fundação Bradesco 1956 R$ 86.000.000.000 SP
Fundo Patrimonial da Fundação Delfim Mendes Silveira (FDMS) – UFPel 2024 Não informado RS
Fundo Patrimonial da Fundação Grupo Volkswagen 2002 R$ 202.300.000 SP
Fundo Patrimonial da Fundação José Luiz Egydio Setubal 2016 R$ 341.072.277 SP
Fundo Patrimonial da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal 1965 R$ 652.000.000 SP
Fundo Patrimonial da Fundação Romi 1999 R$ 84.000.000 SP
Fundo Patrimonial da St. Paul’s Não informado SP
Fundo Patrimonial da UEM (FUNUEM) 2024 Não informado PR
Fundo Patrimonial da UFC 2024 Não informado CE
Fundo Patrimonial da USP 2021 R$ 18.038.428 SP
Fundo Patrimonial do IMS 1995 R$ 1.250.000.000 SP
Fundo Patrimonial do Instituto Alana 2013 R$ 476.033.057 SP
Fundo Patrimonial do Instituto Ayrton Senna 2017 R$ 153.000.000 SP
Fundo Patrimonial do Instituto Sol Não informado SP
Fundo Patrimonial FEAUSP (gestores) 2016 R$ 1.342.557 SP
Fundo Patrimonial Eliezer Max Não informado Não informado RJ
Fundo Patrimonial Fundação Estudar 2017 R$ 54.526.025 SP
Fundo Patrimonial Fundação Tide Setubal 2010 R$ 123.704.159 SP
Fundo Patrimonial Ibirapitanga 2016 R$ 432.933.676 RJ
Fundo Patrimonial Instituto Reciclar 2016 R$ 8.039.000 SP
Fundo Patrimonial Joaquim Rosa Cambraia 2024 R$ 40.000.000
Fundo Patrimonial OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de SP)  2006 R$ 61.642.195 SP
Fundo Patrimonial PROSPERA – Unesp 2022 R$ 1.000.000 SP
Fundo Patrimonial Serrapilheira 2018 R$ 679.737.805 RJ
Fundo Perpetuidade SOS Mata Atlântica 2006 R$ 74.680.032 SP
Fundo Patrimonial UFV 2024 Não informado MG
Fundo Rogério Jonas Zylbersztajn 2019 R$ 235.000.000 RJ
FUTURE – Fundo Territórios Unidos por Recursos para a Educação 2023 R$ 1.600.000 AM
Futurin – Funds for life (Hospital Pequeno Príncipe) 2024 R$ 3.000.000 PR
Gene – Fundo Patrimonial do Instituto Federal de São Paulo 2024 Não informado MG
iGMK – Instituto George Mark Klabin 1993 R$ 11.072.240 SP
Indeed 2023 Não informado
Insper 2022 R$ 8.458.767 SP
Instituto Dara 2008 R$ 17.334.000 RJ
Instituto Elos 2021 R$ 362.786 SP
Instituto Jô Clemente R$ 99.089.000 SP
Instituto Merula Steagall 2022 R$ 1.588.000 SP
Instituto Unibanco 2009 Não informado SP
IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas 2007 R$ 16.379.622 SP
Já, devagar e sempre (Aventura de Construir) 2024 R$ 675.508 SP
Liga Solidária 2020 R$ 109.700.000 SP
Lumina (Unicamp – reitoria) 2020 R$ 3.194.890 SP
MASP Endowment 2017 R$ 19.799.518 SP
Organização Gestora de Fundo Patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Sírio-Libanês 2021 R$ 3.329.760
SP
Patronos (Unicamp – alunos) 2020 R$ 2.098.781 SP
PDR – Purpose Driven Resources 2023 R$ 72.000.000 SP
Primatera Fundo Patrimonial 2023 R$ 33.392 SP
Reditus (UFRJ – alunos) 2018 R$ 14.000.000 RJ
Rio Endowment 2022 R$ 1.000 RJ
Semear 2022 R$ 18.591 MG
Sempre Sanfran (Faculdade de Direito USP – alunos) 2021 R$ 12.252.164 SP
Umane 2016 R$ 1.589.507.910 SP
WimBelemDowment 2021 R$ 239.301 RS

Acesse e baixe a planilha completa com as causas dos fundos e fonte dos dados.

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Gincana de doação engaja colaboradores do IDIS

Para celebrar o Dia de Doar, a equipe do IDIS organizou uma ‘Gincana do Bem’, com atividades voluntárias, como cursos e oficinas, oferecidas pelos próprios colaboradores para seus colegas. A participação nas atividades envolvia uma contribuição simbólica, destinada ao Fundo de Fomento à Filantropia (FFF), criado pelo IDIS para fortalecer o investimento social privado e promover a cultura da doação no Brasil.

As atividades propostas variaram de oficinas de cerâmica fria e produção de fermento natural a corridas coletivas, degustações de alimentos e um show realizado por uma banda formada pelos próprios colaboradores (foto ao lado).

A iniciativa destaca as doações como um ato que vai além do aspecto monetário, ressaltando que o valor doado ou a forma escolhida para contribuir – seja por meio de dinheiro, tempo ou conhecimentos – não são o mais importante; o essencial é realizar a doação. Além disso, a ação fortalece a cultura de doação dentro da organização. Mais de 50 colaboradores do IDIS participaram das atividades, seja como participantes ou como responsáveis pela organização.

“Contribuir com tempo e conhecimentos em atividades que reforçam a cultura de doação não só fortalece o impacto social, mas também nos conecta como equipe. Fazemos a diferença e ainda nos divertimos”, comenta Lavínia Xavier, analista de comunicação do IDIS e participante de várias das ações.

Grupo de colaboradores participantes da corrida. Para cada quilômetro percorrido, foi estabelecido um valor a ser doado para o Fundo pelo proponente da atividade.

Descubra Sua Causa é lançada em campanha na Globo

Durante a semana do ‘Dia de Doar’ deste ano, o IDIS, Instituto MOL e Globo lançaram uma parceria para estimular a cultura de doação no Brasil. Uma chamada para o teste Descubra Sua Causa foi veiculada na televisão aberta e também nas redes sociais da emissora. A iniciativa está alinhada à plataforma Para Quem Doar da emissora, cujo objetivo também é fortalecer a cultura de doação.

“Saber a própria causa é um primeiro passo essencial para a ação. O Descubra Sua Causa é uma ferramenta fácil e simples para mobilização de pessoas. Poder contar com a disseminação de um veículo com o alcance da Globo nos move em direção a uma nação cada vez mais doadora e solidária”, comenta Luisa Gerbase Lima, gerente de comunicação e conhecimento do IDIS. 

 

O Descubra Sua Causa estimula as pessoas a refletirem e identificarem suas causas, além de indicar organizações da sociedade civil para as quais os respondentes podem doar. Lançado em 2018 pelo IDIS, o teste já foi realizado por milhares de pessoas em mais de seis anos de veiculação, incentivando o engajamento social com um conteúdo leve e informativo. Ao longo desse período, passou por melhorias em seu funcionamento além de ter sido atualizado visualmente. 

Acesse o site ParaQuemDoar e Descubra Sua Causa!

Retrospectiva IDIS 2024: Investimento Social é feito de gente

Equipe IDIS na confraternização de 2024

Todos os dias, trabalhamos para promover um futuro melhor para esta e para as próximas gerações. Sonhamos, planejamos, agimos, monitoramos e avaliamos impactos, na esperança de que estamos contribuindo para um mundo mais justo e solidário.

Em 2024, esse trabalho se manteve firme, mas o ano foi especial. O IDIS completou 25 anos, uma oportunidade de celebrar nosso passado, reconhecer conquistas, aprendizados e, principalmente, as pessoas. Inspirados pelo tema “Investimento Social é coisa de gente”, guiamos nossas comemorações com uma campanha que refletiu o que tem de mais essencial em nosso trabalho.

Investimento social é coisa de gente porque é feito por e para pessoas. Porque exige diálogo, envolve discordâncias e consensos, erros e acertos. Porque nos aproxima e emociona. Essa mensagem foi o fio condutor de ações presenciais e online, incluindo um evento inesquecível no MASP, marco cultural de São Paulo, que reuniu aqueles que fizeram e fazem parte da nossa história. Foi nessa ocasião também que lançamos nosso novo vídeo institucional. Assista aqui!

 

Um legado para o futuro: o Fundo de Fomento à Filantropia


O marco histórico foi o momento perfeito para concretizar um sonho antigo: a criação do Fundo de Fomento à Filantropia (FFF). Este é o primeiro fundo brasileiro dedicado a fortalecer a filantropia e a cultura de doação no país. Com uma base financeira sólida, podemos garantir a sustentabilidade de projetos, multiplicar iniciativas e alcançar mais pessoas, promovendo mudanças duradouras. Este é um legado que pertence a todos que acreditam no poder transformador da filantropia.

Estamos fechando o ano com um patrimônio de 9,3 milhões, fruto de aportes de diferentes grandezas e com matching realizado a partir da doação recebida da filantropa americana MacKenzie Scott

Quer fazer parte dessa história? Clique aqui para doar.

 

Resultados concretos em um ano intenso


Nossa atuação baseia-se em uma tríade. Nossos pilares de atuação, consultoria, conhecimento e projetos de impacto, nos trouxeram até aqui. Na consultoria exercemos nossa missão apoiando investidores sociais a gerar mais impacto na sua jornada filantrópica. Com as iniciativas de conhecimento produzimos para o setor materiais com as melhores práticas e dados para que as organizações gerem mais impacto positivo. E nos projetos de impacto entregamos, com nossos parceiros, ações, que catalisam o ecossistema da filantropia e da cultura de doação, beneficiando organizações, comunidades e pessoas. Cada pilar alimenta os demais.

Somente neste ano, nossa equipe de consultoria realizou 47 projetos em áreas como planejamento estratégico, ESG, fundos patrimoniais, gestão de doações e avaliação de impacto. Mantivemos uma nota média acima de 9 na avaliação dos clientes, com um alto índice de recomendação, refletindo o compromisso com a qualidade.

 

Conheça as histórias aqui.

 

Em parceria com o Instituto MOL, lançamos o Compromisso 1%, inspirado no movimento estadunidense Pledge 1%. Até agora, 15 empresas já aderiram, entre aquelas que já tem essa prática e outras que estão comprometidas em alcançar o patamar de doação de 1% do lucro líquido em até dois anos. A iniciativa conta ainda com o apoio de Cyrela, Instituto Cyrela, PwC e RD Saúde, além de organizações do setor que integram o comitê consultivo.

No programa Transformando Territórios, dedicado a fortalecer fundações e institutos  comunitários no Brasil, reunimos participantes de todo o país em São Paulo para o Encontro anual. Aproveitamos a ocasião para lançar o guia ‘Como criar uma fundação ou instituto comunitário’ – um guia prático a partir de exemplos de quem já transforma territórios.

Representantes dos participantes do programa Transformando Territórios Foto: André Porto

Expandimos o Juntos pela Saúde, parceria com o BNDES que destinará mais de R$ 100 milhões ao fortalecimento da saúde pública nas regiões Norte e Nordeste no período de 4 anos. A partir de doações do BNDES e outros apoiadores, o programa beneficiará 14 organizações da sociedade civil comprometidas com o atendimento de saúde para população usuária do SUS.

A pauta de advocacy também avançou. À frente da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, conquistamos uma vitória importante: a aprovação do PL 2.440/23 na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, e agora segue para a Câmara. Também passamos a integrar a Aliança pelo Fortalecimento da Sociedade Civil, liderada pelo Instituto Beja, trabalhando pela inclusão da pauta na Reforma Tributária.

Ao longo do ano, lançamos 39 produtos de conhecimento diversos, incluindo relatórios como Perspectivas da Filantropia no Brasil; Investimento Social Privado: Estratégias que Alavancam a Agenda ESG e a terceira edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, alcançando mais de 80 mil pessoas. Destaque também à realização de mais uma edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que neste ano reuniu novamente mais de mil pessoas em formato híbrido. Também estivemos presentes em eventos locais e globais, como o Global Philanthropy Forum, o African Philanthropy Forum,  Impact Minds (Latimpacto), o Foundations for the Future (Reino Unido).

Pessoas e Diversidade


Com o crescimento dos projetos, veio também o crescimento da equipe. Fechamos o ano com 53 querIDIS em nosso time. As ações ligadas a Pessoas acompanharam o movimento – foi realizado o segundo programa de estágios, implementamos um programa de mentoria e um programa de desenvolvimento voltado para lideranças. Uma trabalho foi feito também no sentido de fortalecer a rede de Alumni IDIS, pessoas que trabalharam conosco no passado, mas que podem seguir contribuindo para o atingimento de nossa missão mesmo distantes.

Com três anos de existência, nosso Comitê de Diversidade promoveu escutas, letramentos e o terceiro Censo IDIS. Entre os resultados, o mapeamento identificou um aumento de 13 pontos percentuais na proporção de pessoas não brancas na equipe, em comparação ao ano anterior. Entre as ações realizadas, destacam-se um treinamento com Cida Bento para os membros do conselho e uma conversa de Viviane Moreira com o grupo de lideranças do IDIS.

Gestão e sustentabilidade

Acompanhando o crescimento do IDIS, implantamos novos processos operacionais e financeiros. Políticas internas também foram atualizadas e houve um esforço grande em desenvolver o mapeamento de riscos e desenvolver uma matriz com orientações sobre como lidar com cada um deles.

Foi concluído também nosso processo de planejamento estratégico, que contempla o próximo triênio.

Reconhecimentos

Pelo quinto ano, fomos reconhecidos como uma das Melhores ONGs do Brasil e, pela segunda vez, como a melhor ONG de Filantropia, Voluntariado e Apoio a Organizações da Sociedade Civil do Brasil. 

No Dia de Doar, o destaque foi o Descubra Sua Causa, projeto do IDIS com o Instituto MOL. A partir de uma parceria com a Globo e sua plataforma ParaQuemDoar, ganhamos destaque em todos os veículos do grupo, com direito a vídeo promocional!

É sempre muito emocionante escrever essa retrospectiva, rememorando alguns dos principais acontecimentos do ano. Não foi fácil, mas foi coletivo.

QuerIDIS, conselheiros, parceiros, apoiadores, familiares e amigos: muito obrigada! Cada um de vocês é parte essencial desta jornada. 

Que 2025 traga esperança, coragem e realizações para todos nós.

Com carinho,

Paula Fabiani

Cazumbada 2024: uma imersão na cultura e no território da Baixada Maranhense

Por Alexandre Gonçalves Jr, coordenador de comunicação do IDIS

 

Em um dos cenários mais emblemáticos de São Luís, no Museu Ferroviário do Maranhão, localizado na estação ferroviária desativada, teve início a Cazumbada, festival promovido pelos Institutos Baixada Maranhense e Formação. O Instituto Baixada Maranhense é uma das 15 Fundações e Institutos Comunitários (FICs) integrantes do Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation. O Programa tem como objetivo fortalecer essas FICs que atuam com o apoio técnico e suporte financeiro de organizações e iniciativas da sociedade civil de suas comunidades.

Entre o centro histórico da cidade, com suas casas coloniais, e a baía de São Marcos, os brincantes do Bumba Meu Boi anunciaram o tom da imersão que parceiros e apoiadores viveriam nos dias seguintes: uma viagem ao coração da cultura maranhense, marcada tanto pelo encantamento quanto pelo encontro com o desconhecido. 

“A Cazumbada é um evento único, nenhum outro evento pauta a filantropia comunitária territorial como ele. É uma grande imersão que proporciona a vivência do território integralmente para os próprios financiadores. E não só todo organismo da filantropia, mas a própria cultura local acaba se fortalecendo com isso”, Instituto Baixada

 

 

O nome Cazumbada remete a Cazumbá, personagem místico das celebrações do Bumba Meu Boi. Essa figura folclórica, que não se enquadra nos conceitos de feminino, masculino ou animal, desperta curiosidade e fascínio com sua máscara impactante e indumentárias coloridas e elaboradas.

Após um jantar de boas-vindas, os convidados partiram para a Baixada Maranhense, região que abriga 21 municípios somados ao município de Alcântara, abrangendo cerca de 559 mil pessoas, segundo o último censo do IBGE. O percurso, que combinou trajetos por terra, água e a pé, foi uma verdadeira experiência territorial. A travessia da baía de São Marcos, agora vista de perto em ferry boat e canoas, conectou os participantes ao cotidiano da região.

 

Uma Imersão em Comunidades Quilombolas

A jornada incluiu uma visita à Ilha de Cajual, no município de Alcântara, onde guias mirins da comunidade quilombola Santa Rosa dos Pretos conduziram os participantes por uma trilha. Alcântara, mais conhecida pela base militar de lançamento de mísseis, revelou outro lado: mais de 80% de sua população é quilombola. Em Santa Rosa dos Pretos, quebradeiras de coco babaçu demonstraram a extração artesanal do óleo e azeite, ingredientes essenciais na culinária regional.

Foto: Instituto Baixada/Instituto Formação

Essa tradição extrativista, transmitida de geração em geração, é uma das principais fontes de renda da comunidade. Recentemente, o Instituto Baixada forneceu um moedor automático para facilitar a produção de óleo de babaçu. Além disso, a instituição tem auxiliado no acesso a políticas públicas, como a instalação de painéis solares, que trouxeram energia elétrica para vilas antes dependentes de estações relacionadas.

Outro ponto visitado foi a comunidade Olhos D’Água dos Gomes, onde está sendo reconstruída a Casa de Muriquinho, espaço dedicado a atividades socioculturais para jovens, com a gestão e definição de agenda pela própria comunidade. 

Esse projeto é apoiado pelo programa Transformando Territórios, do IDIS, em parceria com o Instituto Baixada

A cultura na Baixada

A musicalidade ecoa na Baixada. Longe do ruído dos grandes centros urbanos, os ritmos do Bumba Meu Boi, tambor de crioula, reggae e forró ecoam como expressão de identidade e resistência cultural.

Foto: Instituto Baixada/Instituto Formação

Na Baixada Maranhense, o território é o próprio agente de transformações de impacto social positivo. Cada baixadeiro, com suas histórias, saberes e ambições, contribui para o desenvolvimento socioambiental local. O Instituto Comunitário Baixada Maranhense, ao final dos três dias de evento, reafirmou sua missão: investir em pessoas para transformar territórios. Essa promessa está estampada na sede da instituição, localizada em Nova Olinda do Maranhão, e reflete a grandiosidade de sua atuação no fortalecimento de comunidades e tradições com a promessa de investir em pessoas que transformem territórios.

Foto: Instituto Baixada/Instituto Formação

IDIS organiza delegação brasileira para o Global Philanthropy Forum 2025

Global Philanthropy Forum 2025 acontecerá entre os dias 12 e 14 de março em São Francisco e neste ano, o tema do evento é “Embracing Risk: Adaptive Philanthropy in the Age of Complexity”, debatendo como a filantropia tem se adaptado e arriscado para solucionar problemas complexos. O evento contará, mais uma vez, com a tradicional delegação brasileira organizada e liderada pelo IDIS. Como parceiros do evento, o IDIS anualmente organiza a viagem, fortalecendo o relacionamento entre os participantes e com a comunidade filantrópica global.

Convidados que indicarem na inscrição que vieram por meio do IDIS têm direito a descontos exclusivos. Tem interesse em participar da delegação? Entre em contato conosco através de comunicacao@idis.org.br.

Em 2023, durante a última edição do evento, a delegação liderada pelo IDIS esteve presente, com 13 membros, de diferentes organizações. Foram cerca da de 250 participantes ao longo de dois dias de evento que tratou de temáticas como dinâmica de poder entre doadores e beneficiários, a decolonização da filantropia, doações irrestritas, além de causas relacionadas à diversidade, ajuda humanitária e a correlação entre vulnerabilidades socioeconômicas e os impactos das mudanças climáticas.

“Participar do Global Philanthropy Forum 2023 foi uma experiência enriquecedora, que nos permitiu conectar com pessoas de experiências incrivelmente diversas. Acreditamos firmemente que as conversas e conexões estabelecidas no evento têm o potencial de gerar parcerias transformadoras para o futuro”, comenta Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS e líder da delegação.

O IDIS é responsável pelo produção do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, a versão local do Global Philanthropy Forum.

Filantropia deve ser ousada para gerar impacto social duradouro

Esse artigo foi publicado originalmente na Folha de S.Paulo, em 06/12/2024

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS

O setor de filantropia no Brasil está passando por um momento de transformação, impulsionado pela crescente demanda por soluções sociais inovadoras e pela necessidade de nova postura diante dos desafios estruturais e conjunturais do país.

O cenário econômico e social, agravado por policrises cada vez mais imprevisíveis, porém constantes, escancara desigualdades agudas, enquanto acelera mudanças nas expectativas sociais e no comportamento de investidores.

Desde que a filantropia atravessou o oceano e ganhou roupagens abrasileiradas, seu foco deixou de ser definido por uma única pessoa e passou a ser determinado pelas prioridades nos territórios.

O setor é desafiado a repensar suas práticas, a partir do que realmente vem sendo demandado pela população. Não há mais espaço para uma filantropia sem pluralidade de vozes.

Inovação é um dos pilares dessa transformação. A atual filantropia exige cada vez mais ousadia, transparência e engajamento estratégico para desenvolver metodologias, parcerias e ecossistemas que possibilitem soluções perenes.

Exemplos disso são modelos como fundos filantrópicos e filantropia comunitária, que buscam superar o imediatismo e adotar estratégias de médio e longo prazo para um impacto social positivo mais sustentável e replicável.

Porém o setor ainda enfrenta muitos nós. Um dos maiores obstáculos é a resistência à mudança dentro do próprio ecossistema. Coragem para inovar envolve, principalmente, enfrentamento de resistências culturais e estruturais, tanto dentro das organizações filantrópicas quanto na sociedade.

Outro desafio importante é governança. Há uma crescente demanda por maior transparência e responsabilidade por parte das instituições filantrópicas.

Doadores, organizações e público em geral esperam ver resultados tangíveis e medidos, o que pressiona organizações a adotarem práticas mais robustas de gestão e prestação de contas, com avaliações sobre o retorno dos valores doados.

Além de tudo isso, o cenário político brasileiro impõe barreiras. A falta de políticas públicas claras e de incentivos fiscais eficientes para doações limita o alcance de muitas iniciativas filantrópicas.

Em contrapartida, a filantropia tem potencial de influenciar essas políticas e promover mudanças, atuando em sintonia com o setor público e as necessidades das comunidades atendidas.

No futuro (não tão distante), espera-se que o papel do investidor social no Brasil evolua de uma postura puramente financeira para uma posição de liderança estratégica.

É essencial que o investidor do futuro compreenda que deve atuar como facilitador de rede, articulador de parcerias intersetoriais e defensor de causas que promovam inclusão, equidade e sustentabilidade. Ele também deve ter a coragem de financiar projetos ousados e apoiar ideias transformadoras.

O futuro da filantropia no Brasil depende da capacidade do setor de se adaptar e inovar em um ambiente em rápida mudança. Para tanto, será necessário vencer resistências, adotar novas abordagens e, acima de tudo, manter um foco claro na missão de reduzir desigualdades e promover o bem-estar coletivo.

Assim poderemos devolver, principalmente aos jovens, a capacidade de sonhar um outro país.

PL sobre tributação de fundos patrimoniais é aprovado no Senado

Este é um importante passo para o aprimoramento do ambiente regulatório para os fundos patrimoniais no Brasil. O Projeto de Lei 2.440/23, que complementa a Lei 13.800/19, traz medidas imprescindíveis a uma adequada tributação sobre endowments. O PL é de autoria do Senador Flávio Arns (PSB/PR), já foi aprovado na Comissão de Educação, sob a relatoria da Senadora Dorinha Seabra, e no dia 26 de novembro foi aprovado também na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), sob a relatoria do Senador Rodrigo Cunha. O PL é terminativo na CAE, o que significa que ele será encaminhado para a Câmara após esta aprovação no Senado.

O objetivo central do PL é aprimorar o ambiente tributário dos fundos patrimoniais enquadrados na Lei de Fundos Patrimoniais (13.800/19). Entre eles, a isenção do Imposto de Renda sobre aplicação financeira, o reconhecimento da posição das gestoras de fundo patrimonial como investidoras no Brasil e no exterior, sem que isso seja considerado um desvio de finalidade, além de reconhecer a isenção da COFINS sobre receitas financeiras.

A proposta reconhece e deixa mais clara o incentivo fiscal à doação de empresas que apuram o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica pelo lucro real, permitindo que sejam deduzidas como despesas operacionais, nos termos da legislação atual sobre o assunto.

A questão tributária é uma barreira importante para a adesão de endowments à Lei 13.800. Segundo o recém-lançado Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023, do qual participaram 74 fundos, até o fim de 2023, somente 19% estavam enquadradas nos parâmetros da referida Lei, dado que as entidades operacionais têm o receio de perder a imunidade tributária.

Esse avanço é de suma importância é fruto de um esforço coletivo do IDIS, que lidera a Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, e da Aliança pelo Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil, que reúne organizações representativas do setor, escritórios de advocacia especializados, empresas e investidores sociais.

“Não resta dúvida de que a participação da sociedade, neste caso, por meio dos fundos patrimoniais, é extremamente necessária e deve sempre ocorrer de forma ativa e sem entraves burocráticos. O fortalecimento do Terceiro Setor, não apenas por meio da legislação, mas, principalmente, pelo reconhecimento por parte do poder público, é o caminho para que possamos assegurar benefícios sociais e econômicos para todos”, acredita Flávio Arns, senador e autor do PL em questão.

 

“A aprovação do PL 2440/23 no Senado Federal é um avanço para a sustentabilidade e apoio de causas no Brasil. Um ambiente tributário favorável é essencial o desenvolvimento da cultura de doação. Observamos nos últimos anos um crescimento dos fundos patrimoniais brasileiros com a Lei 13.800 e, agora, com a possibilidade da ampliação da isenção tributária para as Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais, esperamos aumento ainda mais acelerado na estruturação de endowments que contribuem para o desenvolvimento socioambiental do Brasil. Ainda precisamos passar o PL na Câmara, mas aprovar no Senado é certamente uma conquista que merece ser celebrada.”, acredita Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

 

“A aprovação do PL 2440 é de suma importância para o avanço dos fundos patrimoniais no Brasil, equiparando a nossa legislação com a legislação estrangeira sobre endowments, que não tributam suas rendas. É o resultado do esforço de anos da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, somado à mobilização mais recente da Aliança pelo Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil”, comenta Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados e responsável pelo apoio jurídico à Coalizão pelos Fundos Filantrópicos.

 

Sobre a Coalizão

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos é um grupo multisetorial composto por mais de 100 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país. Lançada em junho de 2018, e liderada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, essas organizações brasileiras integram a Coalizão, que é aberta para qualquer pessoa ou instituição que apoie a causa dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

O G20 também é social: articulações pela filantropia

A Aliança contra a Fome e a Pobreza e a taxação de super ricos estão entre os principais direcionamentos do G20 no Brasil. O encontro multilateral, entretanto, vai muito além da declaração final assinada pelos líderes das nações participantes. 

Tradicionalmente focado em questões econômicas globais, o G20 tem demonstrado um compromisso crescente com temas sociais. A criação do G20 Social, uma iniciativa inédita que busca ampliar a participação da sociedade civil nos debates e decisões do grupo, é um marco nesse sentido. Naturalmente, a filantropia surge como um tema de debate no C20.

O grupo de trabalho, mobilizado pela WINGS, envolveu representantes de diferentes nações. No Brasil, GIFE e ABONG conduziram a coordenação, que levou a elaboração das recomendações do grupo para que a filantropia possa ampliar seu potencial de contribuição ao desenvolvimento sustentável. “A filantropia contribui com um espectro vasto de temas sociais e ambientais e podia manifestar posicionamento, enquanto setor, sobre tais agendas ante a um fórum global como o G20, incidindo sobre a tomada de decisões que impactam a conjuntura das sociedades contemporâneas”, comenta Gustavo Bernadino, gerente de Programas do GIFE.

O documento final convoca os países do G20 a assumirem compromissos efetivos com o ecossistema filantrópico. Entre as recomendações, temas como a necessidade de um sistema tributário mais justo, reformas da dívida internacional e tributária, facilitação do acesso a recursos pela sociedade civil e a importância de proteger o espaço cívico.

“Foi uma grande conquista levar ao C20 o debate sobre filantropia. O processo participativo contribuiu para o fortalecimento do ecossistema global ao mesmo tempo que gerou um conjunto de recomendações que devem reverberar para além da cúpula. Houve diálogo e a troca de experiências, valiosos para a cooperação internacional.” comenta  Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS, que foi uma das integrantes do grupo.

As recomendações do C20 sobre filantropia oferecem uma oportunidade única para fortalecer a colaboração entre os setores público, privado e social, em prol de um futuro mais justo e sustentável.

“Olhando para trás, para as presidências do G20 desde a formação do grupo global em 1999, esta foi a primeira interação formal e estruturada da filantropia, enquanto campo, no G20. As recomendações foram apresentadas formalmente ao governo brasileiro e também compartilhadas com a Primeira-Dama durante a Cúpula do C20″, explica Benjamin Bellegy, diretor executivo da WINGS.

Cassio França, Gustavo Bernardino e Pedro Bocca representaram o GIFE, Benjamin Bellegy, da Wings, além de Gustavo Westmann, da Secretaria-Geral da Presidência da República; e Pedro Simões, da Secretaria-Geral do G20.

Leia o documento completo com as recomendações aqui.

 

Mundaú Mundo inaugura novo escritório em Maceió

As Fundações e Institutos Comunitários (FICs) atuam dando suporte a iniciativas locais que promovem o desenvolvimento social de determinadas regiões onde estão inseridas. Com o objetivo de ser um apoiador, O Mundaú Mundo, que é uma FIC localizada em Alagoas, inaugurou um novo escritório no Centro de Inovação do Jaraguá, em Maceió. A organização faz parte Programa Transformando Territórios (TT), iniciativa de impacto do IDIS em parceria com a C.S Mott Foundation.

Rosana Ferraioulo, gerente de projetos do IDIS e responsável pelo TT, esteve no evento de inauguração e visitou outras dependências da organização, conhecendo a fundo as ações do Mundaú para o desenvolvimento social do território.

“Estar presencialmente na inauguração da sede da Mundaú Mundo com o Carlos Jorge, equipe e representantes das organizações sociais do território é uma alegria imensa. O espaço, para além de ser a sede para o trabalho em equipe, fomenta o ecossistema territorial e o desenvolvimento local”, comenta Rosana.

 

O MUNDAÚ MUNDO

O objetivo do Instituto Mundaú é transformar pessoas para transformar territórios. Para isso realiza diversas ações em Maceió, entre elas estão o Programa de formação e desenvolvimento educacional, ações de educação ambiental e prevenção para as famílias da lagoa Mundaú, e ações esportivas, como aulas de judô infantil.

“A inauguração do escritório da Mundaú Mundo é um sonho se tornando realidade, e sem nossos parceiros não chegaríamos até aqui. Agradeço a todos os líderes sociais que se fizeram presentes, além da Asssepro e do IDIS, que com muita alegria celebrou conosco. Transformar pessoas para transformar territórios já é uma realidade”, disse Carlos Jorge, fundador da FIC.

 

SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

 

 

Vem aí ‘Dia de Doar 2024’: participe e doe para o Fundo de Fomento à Filantropia

Desde 2013, acontece o Dia de Doar no Brasil, e neste ano, a 11ª edição será no dia 3 de dezembro. O objetivo é incentivar o país a ser mais generoso e solidário, mobilizando pessoas físicas, empresas e campanhas comunitárias para arrecadar recursos e aumentar o impacto positivo das organizações do terceiro setor.

O movimento desempenha um papel fundamental ao mostrar que todos podem participar, fortalecendo a cultura da doação no cotidiano das pessoas.

Neste ano, convidamos você a contribuir para o Fundo de Fomento à Filantropia. Ao doar, você apoia o contínuo fortalecimento do investimento social privado e da cultura de doação no Brasil.

Os rendimentos do fundo patrimonial são revertidos em impactos positivos e concretos para a sociedade, sendo utilizados para o fortalecimento da filantropia e da cultura de doação, por meio de pesquisas, campanhas e outras ações; para advocacy por um ambiente regulatório mais favorável ao terceiro setor; para a promoção de publicações e eventos, como o Fórum de Filantropos e Investidores Sociais; e para a articulação de atores e parcerias para o desenvolvimento do setor, incluindo os endowments criados e a Coalizão. Além disso, os recursos também são utilizados para catalisar iniciativas estruturantes que multipliquem o Investimento Social Privado (ISP) e ampliem seu impacto, entre outras atividades.

Cada doação contribui para o fortalecimento da sociedade civil e para a redução das desigualdades no Brasil, em uma causa que não é apenas nossa, mas de todo o setor. Venha com a gente!

Faça sua doação e saiba mais sobre o Fundo de Fomento à Filantropia:

Sucessão em organizações sociais: agir antes que seja tarde

Artigo publicado originalmente no Nexo Jornal, em 23/11/2024

Por Felipe Insunza Groba, Juliana Santos Oliveira e Paula Jancso Fabiani

A sucessão é um desafio inerente à vida e permeia todas as esferas da sociedade, seja nas empresas familiares, onde disputas por heranças podem gerar brigas quase fraticidas como na aclamada série Succession; na política, onde a transição de lideranças é usualmente marcada por períodos de instabilidades; ou até mesmo no seio de doutrinas religiosas, como a divergência entre xiitas e sunitas, fruto de uma disputa sucessória ocorrida após a morte do profeta Maomé.

A humanidade está repleta de exemplos de como sucessões podem ser pontos de inflexão na história, moldando o destino de nações e desencadeando grandes transformações sociais e, no Brasil, não é diferente. Após quase cinquenta anos de reinado de Dom Pedro II, a monarquia, sem uma sucessão bem estruturada, ruiu em poucos anos, demonstrando como a falta de planejamento pode fragilizar instituições consolidadas.

Quando vamos para o mundo empresarial, o recente falecimento de Silvio Santos, uma das personalidades mais conhecidas da televisão brasileira e fundador do Grupo Silvio Santos, coloca em dúvida a continuidade da empresa como a conhecemos hoje. Ao longo de décadas, Silvio construiu um império midiático e empresarial centrado em sua persona, deixando um desafio para suas sucessoras em lidar com a sua ausência.

No setor social, o padrão também se repete. Lideranças visionárias e notáveis, dotadas de paixão e visão, são a alma de muitas organizações da sociedade civil. Essas pessoas dedicam suas vidas a causas e ao bem comum, cativam pessoas para contribuírem com sua organização, e zelam pelo funcionamento delas como se fossem seus filhos. No entanto, essa mesma paixão que estrutura e impulsiona as organizações pode se tornar um obstáculo no momento da sucessão, resultando na chamada síndrome do fundador. Esse fenômeno, caracterizado pela dificuldade do fundador de uma organização em delegar responsabilidades ou preparar novas lideranças, pode enraizar uma dependência excessiva em sua figura central. Isso afeta a cultura organizacional, tornando a transição da liderança ainda mais desafiador. A síndrome também compromete diretamente os processos decisórios, muitas vezes engessando a capacidade de inovação da instituição.

Enfrentar ou mitigar os efeitos da síndrome do fundador requer clareza de propósito e planejamento, com ações que garantam a partilha da tomada de decisão de forma progressiva conforme a organização amadurece. Uma das principais abordagens é o fortalecimento da governança da organização por meio da criação de conselhos deliberativos, que integrem membros independentes com poder real de decisão. Isto porque a inclusão de pessoas com perfis diversos e sem vínculos afetivos com as lideranças atuais permite a oxigenação de ideias e a diluição da influência excessiva de líderes longevos ou até dos fundadores, garantindo que a governança seja mais equilibrada e representativa.

Este processo não costuma ser simples, uma vez que a distribuição de poder não se limita a questões técnicas e precisa considerar as emoções e vaidades inerentes à natureza humana. Compartilhar responsabilidades gradativamente e delegar tarefas antes da efetiva sucessão é uma forma de preparar uma nova geração de líderes e construir a confiança nas suas capacidades, minimizando conflitos e resistências. Muitas organizações optam pela criação de comitês de sucessão, dedicados a propor um plano de ação, mapear talentos e monitorar os processos sucessórios, garantindo que sejam bem conduzidos.

A transição da liderança da organização, no entanto, deve estar inserida em um plano de sucessão e contingência abrangente. A saída dos fundadores é apenas uma das possíveis mudanças que podem desafiar a continuidade de uma organização, e um bom plano de sucessão também deve contemplar a substituição de outros líderes-chave e colaboradores ao longo do tempo. Identificar os cargos críticos dentro da organização e desenvolver planos de sucessão individualizados para essas posições também é essencial. O IDIS passou por um processo de sucessão onde o fundador trabalhou junto à nova liderança e ao Conselho Deliberativo para garantir uma transição positiva para a organização, preservando sua cultura, valores e conhecimento acumulado. E atualmente buscamos trabalhar o processo de sucessão em diretorias e gerências estratégicas para a organização.

Para diminuir o estigma e o medo de conversas sobre sucessão em uma organização, é importante que o tema esteja sempre em pauta, de modo respeitoso e transparente, junto aos membros da governança e colaboradores. No que diz respeito à comunicação externa, é boa prática informar sucessões relevantes aos diferentes stakeholders, de parceiros e doadores aos atendidos pela organização. Isso assegura que as partes envolvidas estejam preparadas e alinhadas com o processo de transição, mitigando o sentimento de ruptura que pode ser gerado pelas mudanças.

A sustentabilidade financeira é outro fator crucial para garantir a fluidez dos processos de sucessão. Fundos patrimoniais, ou endowments, representam uma solução estratégica para garantir a perenidade de organizações da sociedade civil. Esses fundos, ao serem geridos de forma responsável, podem propiciar recursos suficientes para remunerar futuras lideranças, especialmente em cargos ocupados por voluntários a serem sucedidos. Além de assegurar recursos no longo prazo, a criação de fundos patrimoniais transmite segurança aos colaboradores quanto ao futuro da organização mesmo após alterações na liderança.

Embora o processo de sucessão seja repleto de incertezas, ao acolher novas vozes e saberes as organizações têm a oportunidade de revisar sua missão, atividades e práticas, alinhando-as com as novas demandas sociais e fortalecendo sua relevância. A sucessão, portanto, não deveria ser encarada apenas como um desafio, mas como uma janela de oportunidade para o fomento à inovação, uma chance de aprender com o passado mirando o futuro. A falta de planejamento sucessório pode comprometer a continuidade dos projetos sociais e prejudicar milhares de pessoas que se beneficiam ou até dependem dessas organizações. Para os líderes a serem sucedidos, é fundamental o envolvimento direto com a sucessão. Abordar o tema de forma proativa e antes que seja tarde demais é a única forma de perpetuar as mudanças nas vidas daqueles que são atendidos.

Saiba como doar para Fundos Patrimoniais Filantrópicos

Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são mecanismos que permitem o desenvolvimento e a manutenção de organizações e causas, garantindo uma sustentabilidade financeira de longo prazo. Funciona assim: os fundos, também conhecidos como endowments, reúnem recursos de doações, sejam elas grandes ou pequenas. O valor recebido é  mantido e os rendimentos podem ser usados, garantindo recursos perenes.

Os Fundos Patrimoniais passaram a ser regulamentados no Brasil com a aprovação da Lei 13.800/2019 e você sabia que podem receber doações também de pessoas físicas? Os valores doados ajudam a aumentar o patrimônio do fundo e seus rendimentos.

Saiba mais sobre os Fundos Patrimoniais.

Conheça os fundos que aceitam doações de indivíduos:

Filantropia

Fundo de Fomento à Filantropia – Contribui para o contínuo fortalecimento do investimento social privado e da cultura de doação no Brasil.

Causas de Interesse público

Fundo Rogério Jonas Zylbersztajn Fundo Rogério Jonas Zylbersztajn – Tem por finalidade fomentar e promover causas de interesse público, voltadas à população em geral.

 

 EDUCAÇÃO

 

Amigos Direito UERJ – Os recursos do fundo patrimonial são destinados a apoiar projetos e programas definidos pela gestão do fundo.

 

 

 

Pan American School | LinkedIn

 

Associação Escola Panamericana de Porto Alegre – Destina os recursos do fundo para projetos institucionais, estudantis e eventos da escola, por meio de doações, parcerias e patrocínios, que contribuirão para o enriquecimento acadêmico e o legado institucional da escola.

 

 

Fundo Patrimonial do ITA – Os recursos do fundo são destinados a projetos escolhidos pelo Conselho de Administração, executados por departamentos do ITA ou pelas Organizações Executoras parceiras, como a AEITA, ITAEx e FCMF

 

 

 

Associação Gestora do Fundo Patrimonial em Apoio à Faculdade de Direito da UFRGS – O fundo patrimonial apoia a promoção da melhoria dos espaços e da infraestrutura da Faculdade de Direito da UFRGS, necessários ao desenvolvimento gratuito da educação e do desenvolvimento humano, técnico e profissional da comunidade de estudantes, professores, servidores e entidades sem fins lucrativos representantes destas categorias.

 

Chronos | Início

Chronos (USP São Carlos – Comunidade) – Os recursos do Chronos são destinados a apoiar projetos da comunidade da USP São Carlos, incluindo alunos, professores, funcionários e entidades representativas dessas categorias.

 

 

 

EAUFBA - Escola de Administração, UFBA

Conecta EAUFBA (Escola de Administração da UFBA) – Endowment composta por uma associação de ex-alunos da Universidade Federal da Bahia, com o propósito de contribuir com o desenvolvimento de carreira dos alunos e deixar um legado para as próximas gerações de estudantes.

 

 

Endowment AFESU – Os recursos do fundo são destinados para o oferecimento de projetos gratuitos para meninas e mulheres em vulnerabilidade social.

 

 

 

 

Endowment Alumni Direito Mackenzie – Todos os recursos do fundo são destinados exclusivamente para projetos que busquem efetivar o direito fundamental de acesso à justiça, bem como projetos de ensino, pesquisa e extensão, preferencialmente vinculados à Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e que promovam a melhora da educação e das instituições jurídicas no Brasil.

 

Endowment DireitoGVEndowment Direito GV | LinkedIn – O DireitoGV é um fundo patrimonial destinado a arrecadação de recursos para manter estudantes aprovados no vestibular da FGV no curso de Direito, mas que dependem significativamente de uma ajuda para arcar com custos indiretos do curso como apostilas, transporte e alimentação. 

 

 

agradecimento2020 — Instituto AcaiaInstituto AcaiaO instituto orienta suas atividades através de três núcleos: ateliescola acaia, Centro de Estudar Acaia Sagarana e Acaia Pantanal, que desenvolvem atividades socioeducativa.

 

 

Endowment Instituto Rodrigo Mendes (IRM) – Todos os recursos do endowment visam colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola inclusiva. Seus projetos estão organizados a partir de uma arquitetura de programas baseada em três pilares: produção de conhecimento, formação de educadores e advocacy.

 

Endowment PUC-Rio – A Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio apresenta o fundo Endowment, destinado a arrecadar recursos financeiros para diversas frentes da universidade. Essas doações ajudam a manter, por exemplo, bolsas de estudos na PUC-Rio para alunos de baixa renda e a aperfeiçoar serviços da AAA. 

 

 

Endowment Sempre FEA (FEAUSP – alunos) – O Sempre FEA é um fundo patrimonial criado por ex-alunos da FEAUSP para apoiar projetos e alunos, professores, funcionários e entidades da FEA USP. Em dois anos de existência, já apoiaram cerca de 40 projetos e impactando mais de 300 pessoas diretamente.

 

Fundo Amanhã (Administração UFRGS) – Visa apoiar o desenvolvimento da comunidade da Universidade (alunos, ex-alunos, professores, técnicos e entidades representativas) por meio do investimento em programas e projetos de impacto voltados para a manutenção da excelência em ensino, pesquisa e extensão às gerações futuras.

 

 

Fundo Areguá – O Fundo Areguá oferece bolsas de estudos para alunos da faculdade de medicina da Santa Casa de São Paulo, além de apoiar projetos de pesquisa da instituição.

 

 

Fundo Catarina – Investem em projetos para os alunos de engenharia e tecnologia da UFSC, como projetos de extensão e projetos de pesquisa, fomento ao empreendedorismo e distribuição de bolsas de estudo meritórias, potencializando a formação de novos profissionais de engenharia e tecnologia líderes no país.

 

 

 

Fundo Centenário (Escola de Engenharia da UFRGS) – Os rendimentos do Fundo Centenário são para a manutenção da Escola de Engenharia da UFRGS. 

 

 

 

Amigos da Poli (Escola Politécnica da USP) – O fundo patrimonial Amigos da Poli apoia projetos da Escola Politécnica da USP e sua comunidade, convictos de que a educação é o futuro do país. Entre as iniciativas, está um Edital de Projetos anualmente, aberto a toda comunidade politécnica, onde buscam projetos para financiamento e o Centro de Carreira da Poli, conexão entre os alunos e alunas com o mercado de trabalho. O Amigos da Poli é finalista dos Melhores ONGs 2022.

 

Fundo Patrimonial Amigos da UnivaliFundo Patrimonial Amigos da Univali - Associação Ou Organização em Centro – O Fundo Patrimonial Amigos da Univali tem como objetivo diminuir a desigualdade social e salarial promovendo o acesso ao ensino superior, por meio do fornecimento de bolsas de estudo para acadêmicos da Univali.  

 

 

Amigos do Brasil Central1º Edital para Seleção de Projetos Associação Fundo Patrimonial Amigos do Brasil Central – Criada por um grupo de alunos(as), ex-alunos(as) e docentes das Escolas de Engenharia da UFG, a proposta do fundo Amigos do Brasil Central é ser uma fonte perpétua de recursos para a instituição. 

 

 

 

Fundo Patrimonial Associação Projeto Gauss (FPPG) – O fundo visa garantir a perpetuidade do Projeto Gauss que fornece bolsas de estudo e mentoria para alunos que também acreditam na educação como ferramenta de transformação e que, por muitos motivos, não tiveram oportunidades.

 

Augere – Fundo Patrimonial da FMUSP – O Endowment FMUSP permite a continuidade de um ensino de excelência da Faculdade de Medicina da USP, além de contribuir para o desenvolvimento de pesquisas.  

 

 

Início | Fundo Patrimonial Axuxê

Fundo Patrimonial Axuxê (FMABC) – Visa garantir o crescimento de comunidade acadêmica, incentivando a diversidade, o conhecimento, o espírito de liderança através do fornecimento de bolsas de estudo.

 

 

 

 

 

CEAP | IDISIDIS

Fundo Patrimonial CEAPA organização atua no modelo de escola profissionalizante gratuita, e oferece anualmente cursos de formação e qualificação profissional para 1.100 jovens entre 10 e 18 anos que no contraturno estejam matriculados no ensino regular.

 

Fundo Patrimonial da UEM – Apoia projetos de pesquisa, eventos acadêmicos, projetos de extensão e ações comunitárias que impactam em nossa cidade e a Universidade Estadual de Maringá.

 

 

Fundo Patrimonial da USP – A Fundação tem o objeto social contribuir para o desenvolvimento educacional e intelectual de alunos e ex-alunos da USP, bem como da sociedade em geral, por meio de programas, projetos e outras ações relacionados à promoção da educação em sentido amplo, promoção da cultura e do desporto, promoção da preservação e da manutenção do patrimônio histórico e seus acervos; outras finalidades de interesse público a serem determinadas pelo Conselho de Administração.

 

Fundo Patrimonial FEAUSP – O Fundo Patrimonial FEAUSP proporciona maior diversificação nas fontes de receita para a instituição. O investimento perene tem como foco fortalecer e ampliar as iniciativas relacionadas a FEA, focando em ensino, pesquisa e extensão. 

 

Gene (Fundo patrimonial do Instituto Federal de São Paulo) – Fundo que garanta recursos para projetos de pesquisa, ensino, extensão e inovação, apoiando principalmente os estudantes e as futuras gerações do IFSP.

 

Insper 2017/1: resultado do Vestibular de Engenharia é liberado

Fundo Insper – Fundo de apoio ao Insper, instituição de ensino superior e pesquisa sem fins lucrativos. Os recursos podem ser alocados para o fornecimento de bolsas de estudo ou patrocinar salas e espaços no campus.

 

 

LUMINA – é o Fundo Patrimonial da Universidade Estadual de Campinas, tem como missão atrair e ser uma fonte de recursos perene, dedicada a apoiar e financiar projetos e iniciativas da universidade nos campos de ensino, pesquisa, extensão, inovação, empreendedorismo, cultura e assistência.

 

Home | Associação Fundo Patrimonial Patronos

Fundo Patrimonial Patronos – Fundo dedicado a apoiar projetos, pessoas e pesquisas da Comunidade da Unicamp

 

 

Primatera Fundo Patrimonial - Primatera Fundo Patrimonial

Primatera Fundo Patrimonial – Fundo patrimonial criado para fomentar o conhecimento nas áreas de recursos florestais e biomateriais.

 

Instituto Reditus | LinkedIn

Reditus (UFRJ – alunos) – O Reditus possui o objetivo de fortalecer a comunidade da UFRJ, fomentando a cultura de retribuição e aprimorando a experiência educacional dos novos alunos.

 

 

 

 

Rio Endowment - DesktopRIO Endowment – Fundo patrimonial dedicado a desbloquear o potencial dos alunos STEM no Rio de Janeiro. Por meio das doações que recebemos, o RIO seleciona estudantes brilhantes que necessitam de apoio financeiro e não financeiro (captação de doações a partir de R$10 mil).

 

UFTM e Fundo Patrimonial Semear assinarão acordo de parceria

Semear Associação / Fundo Patrimonial (UFTM)Fundo Patrimonial da da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) para apoiar e financiar iniciativas desenvolvidas pela Instituição. 

 

 

 

Direitos Humanos

Fundo Brasil de Direitos Humanos Fundo Brasil - O Fundo Brasil de Direitos Humanos é uma iniciativa pioneira que pretende contribuir para a promoção dos direitos humanos no país, criando mecanismos sustentáveis de doação de recursos voltadosO Fundo Brasil é um Endowment que busca promover o respeito aos direitos humanos no Brasil, construindo mecanismos inovadores e sustentáveis que canalizem recursos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social. 

 

Combate à pobreza e desigualdade

Fundo Betinho (Ação da Cidadania) – Fundo patrimonial para fomentar ações de combate à fome e a miséria em todo o Brasil não só da Ação da Cidadania mas também permitindo que a Ação possa apoiar outras entidades na ponta para execução de seus projetos em comunidades locais por todo o país.

 

 

 

Fundo FICA (@fundo_fica) / Twitter

Fundo FICA – O Fundo FICA busca viabilizar o aluguel de unidades no centro de São Paulo por um valor justo, por meio de apoios mensais, pontuais e comodato de imóveis. 

 

 

 

 

Doação Fundo Patrimonial | ADC

Já, devagar e sempre (Aventura de Construir) – Fundo patrimonial que visa dar sustentabilidade financeira a ONG Aventura de Construir. Seu trabalho é voltado ao fortalecer o empreendedorismo nas periferias do Brasil.

 

 

 

 

Sempre Sanfran, Fundo Patrimonial da Faculdade de Direito da USP

Sempre Sanfran – O Sempre Sanfran é um fundo formado por ex-alunos para a sustentabilidade financeira da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Os recursos apoiam projetos de interesse da FDUSP, promovendo a qualidade de ensino, o incremento de atividades de extensão e pesquisa e a melhora da infraestrutura da FDUSP. 

 

Religião

Fonte Endowment – Os recursos do fundo são direcionados a projetos já existentes, visando apoiar causas humanitárias, educação, evangelismo e missões e a cultura do reino.

 

 

 

Jornalismo

Fundo de Apoio ao Jornalismo Investigativo (F/ABRAJI) – Visa dar sustentabilidade financeira à ABRAJI, uma instituição apartidária, que busca o desenvolvimento do jornalismo investigativo no Brasil. 

 

Saúde

 

Fundo Patrimonial IBMP –  Visa constituir fonte vitalícia de recursos em benefício do  Instituto de Biologia Molecular do Paraná (Fiocruz), o qual trabalha pela inovação em saúde.

 

 

Futurin

 

Futurin – Funds for life (Hospital Pequeno Príncipe) – Este é o Fundo Patrimonial do Complexo Pequeno Príncipe, que nasce para apoiar a causa da saúde infantojuvenil, garantindo aos meninos e meninas do Brasil o direito à saúde e à vida.

 

 

 

 

Instituto Merula Steagall - Abrale

Instituto Merula Steagall – Destina os rendimentos do fundo aos projetos e atividades da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e da Abrasta (Associação Brasileira de Talassemia).

 

Fundo Patrimonial do Sírio-Libanês – O Fundo tem como objetivo a construção de um legado com o propósito de contribuir para a perenidade da Instituição e financiar ações futuras ligadas a três principais iniciativas: Assistência Médico-Hospitalar, Tecnologia e Inovação; Assistência Social; Educação em Saúde / Ciência e Pesquisa.

Formação de jovens lideranças

Fundo de Endowment do Instituto Líderes do Amanhã – Visa assegurar a perenidade do Instituto Líderes do Amanhã.

 

EQUIDADE RACIAL

Fundo Baobá – O Fundo Baobá para Equidade Racial é o primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, para a promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Criado em 2011, é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo mobilizar pessoas e recursos, no Brasil e no exterior, para o apoio a projetos e ações pró-equidade racial. Para doar, acesse:

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Ampliação e consolidação de endowments no Brasil é tema de debate

Como os fundos patrimoniais contribuem para atuação perene das causas e instituições? O mercado financeiro está preparado para lidar com a gestão dos recursos de fundos patrimoniais? Qual a importância da diversidade e inclusão para a governança de fundos patrimoniais?

Estas foram algumas das questões debatidas no evento de lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023. Na terceira edição, a publicação analisou dados de 74 endowments brasileiros, que somam 156 bilhões de reais em patrimônio, valor que equivale a mais de 98% do patrimônio contido em fundos patrimoniais no país, de acordo com o Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil

Visando melhor compreender o significado dos achados inéditos da publicação para o cenário brasileiro, o evento de lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023 (acesse a publicação completa aqui) contou com uma mesa redonda com gestores de fundos patrimoniais ativos. O debate contou com a contribuição de Luiz Fernando Figueiredo, Presidente do Conselho de Administração da JiveMauá Investments e do Conselho Instituto Fefig; Murilo Nogueira, Diretor Administrativo & Financeiro da Fundação Bradesco; Rodrigo “Kiko” Afonso, Diretor-Executivo da Ação da Cidadania; Viviane Moreira, membro do Conselho Fiscal do IDIS; e moderação de Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS. 

Em relação a perenidade dos endowments no país, Murilo Nogueira, gestor do maior e mais antigo fundo patrimonial brasileiro, frisou a necessidade de uma gestão cautelosa e responsável dos recursos financeiros para que possa haver continuidade na manutenção da causa apoiada. O investimento e acompanhamento consciente aparece como mecanismo essencial para o sucesso e manutenção do legado criado (confira aqui um artigo sobre o fundo patrimonial da Fundação Bradesco que está presente no Anuário). Rodrigo ‘Kiko’ Afonso, também tratou em sua fala sobre a importância da gestão responsável e transparente dos recursos investidos, uma vez que a continuidade destes dependem da confiança do doador com o fundo patrimonial. 

Luiz Fernando Figueiredo reforçou a importância da estrutura do setor de gestão de investimentos no Brasil para a consequente manutenção da perenidade dos fundos. Para ele, não há país emergente no mundo que tenha setor comparável quando se trata da magnitude e maturidade da área de gestão de investimentos. 

“Nossa indústria foi muito bem regulada e por isso ela se desenvolveu muito. Neste processo, ela também trouxe um desenvolvimento dos gestores muito relevante. (…) Sem dúvida nenhuma a indústria brasileira de gestores está mais do que pronta para conseguir ajudar a gestão dos fundos patrimoniais”, reforçou Luiz Fernando. 

Ainda tratando da importância dos fundos patrimoniais para garantia da perenidade de recursos para as causas, Kiko menciona que este foi um ponto essencial para a escolha da Ação da Cidadania por este mecanismo em detrimento de outras ferramentas de investimento. Ele explicou que a questão da fome é muitas vezes vista como algo pontual e acaba passando por dificuldades quando as doações diminuem, portanto, buscavam um mecanismo que garantisse essa longevidade de apoio a esta causa. 

“Quando os dados saem as doações vêm muito rapidamente, mas elas se encerram rapidamente logo depois desse processo. (…) Como é que a gente resolveu isso para ter um olhar de perenidade na atuação do Ação da Cidadania, sem se vender para o setor privado ou para o governo? (…) Criando um fundo patrimonial que nos desse essa segurança de que a gente pudesse se manter nessa luta, sem precisar fugir dela por uma questão de redução de doação”, explicou o diretor da Ação da Cidadania.

Já Viviane Moreira trouxe uma abordagem diferente, tratando da importância da diversidade e inclusão (D&I) para o aprimoramento da governança de fundos patrimoniais e demais organizações sociais. O Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023 revelou a baixa incidência de pessoas negras e mulheres nas instâncias de governança dos endowments brasileiros. Porém, a aplicação de políticas de D&I são estratégicas para a transformação social ao serem capazes de expandir os horizontes de observação, considerando outras perspectivas em relação a gênero, raça, sexualidade e acessibilidade e que antes poderiam estar sendo ignoradas. A ampliação dessas perspectivas, de visões de vida e de negócios, promove mais ética nas decisões e construção de estratégias na instância da governança.

“Se a gente não constrói este storytelling [narrativa] ético com governança, representatividade e de forma muito assertiva, a gente vai continuar mais excluindo do que incluindo”, alerta Viviane. 

A mesa de debates do evento ainda abordou aspectos relevantes relacionados às boas práticas para garantir a perpetuidade de fundos patrimoniais além de importantes pontos sobre a gestão de endowments, especialmente no que diz respeito ao fluxo de caixa e à alocação de investimentos financeiros.

Confira a gravação completa aqui:

Por que grupos minorizados precisam participar da governança na filantropia?

Artigo publicado originalmente na Exame em 20/11/2024

* Por Viviane Elias Moreira e Andrea Hanai

Viviane Elias Moreira: "É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores." (Leandro Fonseca/Exame)

Viviane Elias Moreira: “É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.” (Leandro Fonseca/Exame)

Estima-se que tomamos aproximadamente 35 mil decisões diariamente, variando das simples às complexas. Embora sempre presente no nosso cotidiano, a tomada de decisão nem sempre é trivial. Nossa escolhas podem ser decisivas para nossas próprias vidas, ou afetar o futuro de nações, de organizações ou a vida de milhares, até milhões de outras pessoas.

Quando entramos na seara das instituições, chegamos a este assunto tão importante, mas ainda subestimado: a Governança. O conceito envolve sistemas, princípios, regras, estruturas e processos que levam pessoas a tomarem decisões mais adequadas, assertivas, sustentáveis, equilibradas, inclusivas e norteadas pela transparência.

Hoje, vamos falar especificamente da governança para o investimento socioambiental. Refletir sobre como são feitas as escolhas sobre a destinação de recursos para este ou aquele projeto ou organização. A provocação proposta neste texto tem a intenção de convocar todos para sairmos de uma zona de conforto que a rotina, ou o privilégio, por vezes nos impõe.

No âmbito da filantropia, é preciso que o setor reconheça a importância da diversidade e inclusão em seus processos, objetivos e propósitos, passando a enxergá-la não apenas como uma responsabilidade moral, mas como um recurso estratégico para uma verdadeira transformação social. Muitas iniciativas filantrópicas já consideram a diversidade como critério para o direcionamento de recursos, bem como muitas organizações da sociedade civil já adotam critérios afirmativos em seus processos de contratação.

Contudo, a inclusão de pessoas de diferentes origens, raças, etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades e crenças em espaços sociais e de trabalho vai além da representatividade, trata-se de criar ambientes em que essas diferentes vozes sejam ativamente ouvidas, estimuladas e valorizadas. E, para isso, a participação deste público nos processos decisórios da governança é fundamental, trazendo consigo a riqueza de decisões estratégicas que levam em conta uma pluralidade de perspectivas, conferindo legitimidade às ações.

Quando grupos sub-representados ganham espaço e são ouvidos de forma estratégica nas decisões em torno da filantropia, há uma redistribuição de oportunidades e de recursos, que impactam positivamente e estão alinhados com a definição moderna de filantropia, indo muito além de doações financeiras para causas sociais, envolvendo um conjunto de ações mais amplo e estruturado que visa o impacto positivo sistêmico e sustentável.

Quando a filantropia assume a diversidade como um valor essencial para a sua realização, o potencial de impacto é ainda maior, e isso reverbera de outras maneiras, seja promovendo mais justiça social, estimulando o desenvolvimento econômico ou impulsionando inovação e competitividade. No Brasil, onde as desigualdades sociais estão profundamente enraizadas em questões de raça, gênero e localização geográfica, fomentar essas práticas têm um exponencial poder de transformação.

Atingir a igualdade em temas de diversidade ainda é algo desafiador em espaços operacionais. E o cenário se torna ainda mais crítico em órgãos deliberativos da governança. Seguindo o ritmo atual, serão necessários cerca de 20 anos para que haja uma paridade entre homens e mulheres na composição dos conselhos deliberativos, por exemplo, de acordo com o Censo GIFE 2022/2023, que ouviu 137 organizações da sociedade civil, em sua maioria ligadas à filantropia familiar e empresarial. No recorte de raça, apesar dos avanços, o percentual de pessoas brancas nos conselhos ainda é de 92%. Negros são 7%, amarelos/orientais, 1% , e há apenas 1 pessoa indígena mapeada neste espaço.

É claro que mudanças na governança de organizações já estabelecidas podem requerer tempo, o que poderia justificar o ritmo lento com o qual grupos minorizados vêm sendo incluídos em instâncias deliberativas. Porém, preocupa o fato de novas organizações da sociedade civil e novos processos decisórios em organizações estabelecidas estarem sendo criados sem que se leve em conta a diversidade e inclusão.

Um estudo recente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), que traz dados de 74 fundos patrimoniais (endowments) no Brasil, revela que temos a presença de pessoas pretas, pardas ou indígenas em apenas 43% das Assembleias Gerais, 36% dos Conselhos Deliberativos, Curadores ou de Administração, e em somente 11% dos Comitês de Investimento. Uma presença numericamente muito baixa, que em nenhuma das instâncias supera 8% dos membros.

Cenário um pouco melhor é o que considera a questão de gênero. As mulheres estão presentes na maior parte dos Conselhos e Comitês, mas ainda assim não chegam a ocupar metade das cadeiras destes órgãos. Por fim, outro aspecto interessante é o fato de que 78% dos fundos patrimoniais (58, entre os 74 da amostra) foram criados a partir de 2010.

A filantropia é umas das maneiras mais eficientes de impulsionar mudanças sistêmicas que não apenas são capazes de reduzir a desigualdade social mas, também, de construir uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, criando um país com oportunidades verdadeiramente iguais para todos.

Se queremos preservar a legitimidade e relevância de nossa filantropia e de nossa sociedade civil organizada, precisamos olhar com mais seriedade, a diversidade e inclusão não somente nas ações e projetos realizados, mas também no processo decisório em torno de nossa estratégia e atuação.

É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.

* Viviane Elias Moreira é conselheira fiscal no Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), e Andrea Hanai é gerente de projetos no IDIS

Vaga de Analista Júnior de Monitoramento e Avaliação

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para profissionais com experiência na área de Monitoramento e Avaliação.

Atuamos desde 1999 com foco no fortalecimento do Investimento Social Privado no Brasil e o estímulo a ações transformadoras da realidade para a redução das desigualdades sociais no país.

O IDIS conta com um time de 50 pessoas dedicadas a desenvolver e implementar projetos de grande impacto que estimulem o desenvolvimento de um ecossistema de Investimento Social que atue de forma eficaz e estratégica. Oferecemos consultoria em investimento social para empresas, famílias, filantropos e organizações da sociedade civil. Além disso, desenvolvemos projetos de impacto, como campanhas e a promoção de advocacy, e investimos na geração de conhecimento, com a produção de pesquisas, artigos e publicações.

Para fortalecer a organização e nossa atuação, buscamos uma pessoa Analista Júnior que apoie na gestão de nossas iniciativas nesta área. Ela será responsável por apoiar atividades da equipe de Monitoramento e Avaliação de Impacto socioambiental do Instituto.

 Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

RESPONSABILIDADES E OPORTUNIDADES

  • Apoiar a elaboração de propostas de projetos de Monitoramento e Avaliação para potenciais clientes e parceiros;
  • Implementar as atividades dos projetos de Monitoramento e Avaliação do IDIS, respeitando os prazos acordados e zelando pela qualidade dos produtos entregues;
  • Apoiar e realizar a coleta de dados quantitativos e qualitativos necessários para a execução dos projetos;
  • Organizar, ler, analisar documentos, elaborar relatórios e apresentações sistematizando o processo de Monitoramento e Avaliação e os aprendizados e conclusões obtidas;
  • Realizar pesquisas de conceitos, referências e benchmarking que enriqueçam os projetos e tragam embasamento para os produtos desenvolvidos;
  • Participar de reuniões periódicas da equipe de consultoria para manter a equipe alinhada com o planejamento estratégico e missão da organização;
  • Promover a aprendizagem e compartilhamento de conhecimento técnico com a equipe do IDIS;
  • Participar ativamente do ciclo de planejamento estratégico juntamente com as outras áreas da organização;
  • Apoiar a Gerência de Comunicação para o desenvolvimento de conteúdo.

INSTRUÇÃO E EXPERIÊNCIA

Ensino superior completo, preferencialmente em economia, geografia, ciências sociais ou áreas afins, e experiência prévia com pesquisa qualitativa (entrevistas e/ou grupos focais) e pesquisa quantitativa com projetos sociais.

conhecimentos específicos

  • Aplicação de pesquisas qualitativas e quantitativas;
  • Facilitação de grupos focais e condução de entrevistas individuais em profundidade;
  • Sistematização e análise de informações qualitativas e quantitativas;
  • Elaboração e análise de planilhas Excel, incluindo manuseio de bases de dados, elaboração de tabelas dinâmicas e gráficos;
  • Elaboração de apresentações com boa apresentação visual, storytelling, clareza e objetividade na transmissão de conteúdos e conclusões;
  • Conhecimentos sobre análise estatística e experiência com softwares de análise de dados qualitativos e quantitativos serão considerados diferenciais;
  • Disponibilidade para atuação presencial (de 1 a 2x por semana) no escritório do IDIS, em São Paulo;
  • Disponibilidade para viajar, se necessário.

BENEFÍCIOS

  • Contratação CLT
  • Assistência médica (Bradesco seguros)
  • Vale-Transporte
  • Vale-Alimentação
  • Gym Pass (Wellhub)
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off no aniversário
  • Tipo de trabalho – Híbrido

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 2 de dezembro de 2024.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

             

IDIS participa do lançamento do projeto de combate ao câncer do colo do útero apoiado pelo Juntos pela Saúde

O projeto será executado na 2ª Regional de Saúde de Caucaia/CE, atua na prevenção do câncer do colo do útero e foi um dos contemplados pelo edital do programa Juntos pela Saúde com apoio da Umane e BNDES.

A equipe do IDIS e do BNDES esteve presente no lançamento do projeto “Unidos pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil”, que tem o Grupo Mulheres do Brasil como proponente. Esta é uma das 5 propostas contempladas no edital de chamamento público do programa Juntos pela Saúde, uma iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS. O edital contou com o apoio da Umane e teve como objetivo financiar projetos de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde Pública no Norte e Nordeste do país.

Lançamento do projeto do Grupo Mulheres do Brasil em Fortaleza (CE), outubro de 2024. Foto: Grupo Mulheres do Brasil.

O evento foi realizado na sede do Instituto Primeira Infância – IPREDE em Fortaleza (CE), e contou com a participação da presidente do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, e vice-presidente, Annette de Castro, além do CSO do Instituto do Câncer do Ceará (Grupo ICC), Dr. Pedro Menelau, membros da Secretaria de Saúde do Ceará e secretários de saúde dos 10 municípios contemplados pelo programa. Luiza Saraiva, Gerente da iniciativa Juntos pela Saúde no IDIS, Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS, e Clarice Braga, do BNDES, também estiveram presentes para prestigiar o lançamento.

“A parceria com o BNDES, Umane e IDIS no projeto Unidos pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Ceará é um marco importante para a saúde pública do Brasil. Estamos diante de uma oportunidade única, já que temos uma vacina eficaz e gratuita, disponível no SUS, que previne vários tipos de câncer causado pelo HPV. É importante que todos entendam o poder dessa vacina, que pode salvar vidas e eliminar uma doença que afeta milhares de pessoas no nosso país”, comentou Luiza Helena Trajano.

O projeto ‘Unidos pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil’ visa contribuir para a diminuição da mortalidade de mulheres causadas pelo câncer do colo do útero nos municípios de Apuiarés, Caucaia, General Sampaio, Itapajé, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu e Tejuçuoca no Ceará. Regionalmente, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente na região Nordeste (17,59/100 mil), segundo dados do INCA (2022), a segunda maior taxa entre as regiões brasileiras.

“Estamos muito felizes com a formalização dessa parceria com o Grupo Mulheres do Brasil. Com essa iniciativa, temos a oportunidade de prevenir a proliferação desta grave doença e salvar a vida de muitas mulheres nas regiões atendidas”, comentou Luiza Saraiva.

Englobando 10 municípios da região contemplada, o programa busca agir localmente por meio de três objetivos principais:

1. Aumentar a cobertura da vacina HPV

Por meio de ações de promoção e prevenção no âmbito da saúde e educação, serão implementadas ações integradas para intensificar a vacinação nas escolas utilizando o consentimento digital das famílias como forma de otimizar a operação.

2. Aumentar a cobertura de rastreamento do câncer do colo do útero

Por meio do incentivo e orientação a adoção do exame HPV-DNA, em conformidade com a recomendação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de 2021, e ampliação da busca ativa e incentivo do agendamento inteligente de exames de rastreamento do vírus.

3. Garantir a continuidade do cuidado

Por meio da ampliação de ações de busca ativa e agendamento inteligente para garantir a continuidade do cuidado para mulheres com exames alterados, em especial para os grupos de risco.

“É uma satisfação para a Umane fomentar mais uma iniciativa pela saúde pública cearense. O câncer do colo do útero é prevenido por meio da adoção de medidas simples como o exame periódico e a vacinação contra HPV. Fortalecer o sistema de saúde na organização de seu processo de trabalho em linhas de cuidado na saúde da mulher pode ter um impacto significativo no objetivo de todas as mulheres da região terem acesso aos exames e à vacina.” ressalta Thais Junqueira, superintendente geral da Umane.

 

Sobre o Juntos pela Saúde

Lançado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS, e que tem como objetivo reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O programa funciona através da modalidade de matchfunding, ou seja, a cada real doado por outras instituições, o BNDES irá aportar outro real. Assim, o programa tem como perspectiva que até 2026, sejam destinados até R$200 milhões (R$100 milhões do BNDES e R$100 milhões de apoiadores) para projetos de saúde nestas regiões do país.

IDIS lança a 3ª edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais

Baixe a publicação completa

Captcha obrigatório

O debate sobre a importância dos fundos patrimoniais, do legado e impacto a longo prazo que eles podem causar, positivamente, nas agendas socioambientais, está em ascensão no Brasil. Em uma edição que traz uma série histórica de 2019 a 2023, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social lança o Anuário de Desempenhos de Fundos Patrimoniais 2023, que traz uma amostra composta por 74 fundos, entre 107 fundos elegíveis, que juntos somam um patrimônio de R$156 bi.

 

Perfil da amostra dos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais entre 2021 e 2023.

 

O levantamento, voltado a gestores de endowments, revelou que em 2023 foi alcançada uma rentabilidade média dos fundos de 10,6%, a mais alta desde 2020, e que a maioria dos fundos prefere investimentos em renda fixa, caixa e equivalentes, categorias que concentraram 81% das aplicações financeiras dos fundos patrimoniais.

 

Composição da amostra por faixa de patrimônio dos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais de 2023 (Dez 2023).

 

O prefácio da publicação é assinado pelo Senador Flávio Arns, responsável pela elaboração do Projeto de Lei 2.440/23, que busca complementar a Lei 13.800/19 dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos. Arns ressalta que “fundos patrimoniais são essenciais para o desenvolvimento social de nosso país, na medida em que promovem projetos e causas que transformam a vida de brasileiros e brasileiras.”

Hoje, no Brasil, existem 115 fundos patrimoniais mapeados, de acordo com o Monitor dos Fundos Patrimoniais, projeto coordenado IDIS, dos quais oito foram criados neste ano. Também conhecidos como endowments, os fundos patrimoniais reúnem um conjunto de ativos de natureza privada com o objetivo de, a partir dos seus rendimentos, serem fontes de recursos a longo prazo para instituições e/ou causas apoiadas. Ou seja, a criação de um fundo patrimonial perpetua a atuação de uma instituição, ou o apoio a uma causa.

O Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais apresenta um panorama que contempla informações sobre fluxo de caixa, alocação, rendimentos, política de investimento e governança de endowments. Só em 2023, segundo a publicação, foram resgatados R$3,5 bi, sendo R$3,2 bi destinados a causas e R$270 mi utilizados para custeios dos fundos.

Cinco principais causas apoiadas pelos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023.

A Educação continua a ser a causa mais apoiada, com 47 fundos destinando recursos para o setor. Em seguida, pesquisa e conhecimento, desigualdade / desenvolvimento econômico e social e assistência social. A maior parte dos fundos está concentrada no eixo Rio-São Paulo, com São Paulo respondendo por 69% do total de participantes do levantamento.

 

Localização geográfica dos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023.

“O Anuário apresenta parâmetros e referências para a atuação de gestores. Em sua 3ª edição, a publicação se consolida como um instrumento para a tomada de decisões e tem sido fundamental para as nossas ações de incidência em busca do aprimoramento de políticas públicas”, ressaltou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Em relação ao número de doações recebidas, em 2023, os 74 endowments receberam um total de doações de R$ 517 mi, mas a média de valor doado por fundo permaneceu estável, caindo ligeiramente de R$9,3 mi, em 2022, para R$8,8 mi, em 2023. Destaque, ainda, para a concentração das doações em poucos fundos, que se confirmou nesta edição, ao trazer a informação de que os cinco fundos mais captadores de recursos ficaram com 75% das doações. Não é surpreendente, dessa forma, que a captação de recursos continua sendo o grande desafio enfrentado por gestores, em especial os responsáveis por fundos com patrimônio inferior a R$500 mi.

Outro achado do levantamento diz respeito à baixa diversidade étnica e racial em instâncias de governança. A presença da população preta, parda e indígena em conselhos e comitês é numericamente muito baixa e não superou 8% dos membros em nenhum. As informações apresentadas na publicação foram coletadas por meio de um questionário online, respondido diretamente pelos gestores dos fundos patrimoniais.

Confira a apresentação dos dados:

Melhores práticas para se medir o sucesso de um fundo patrimonial

*Diego Martins, sócio da Pragma Gestão de Patrimônio

Anos atrás, conversando com o diretor de investimentos de um grande endowment norte-americano, ele me disse que todo investidor deveria, antes de investir, se perguntar por que seu capital é especial. A resposta para essa pergunta o ajudaria a alocar o patrimônio da melhor maneira possível, aproveitando ao máximo do potencial de retorno ajustado por risco. Ato contínuo, perguntei o que o capital que ele geria tinha de mais especial. E a resposta, sem hesitar, foi que o patrimônio de um endowment pode ser investido para a eternidade – portanto, com um horizonte de prazo longuíssimo, diferente de todos os outros investidores do mercado.

Aos olhos dos investidores “comuns”, ativos de horizonte alongado são mais arriscados: têm mais volatilidade (como ativos de renda variável), ou se expõem a períodos grandes de iliquidez e a riscos idiossincráticos (caso dos investimentos alternativos, como Ativos Reais, Private Equity ou Venture Capital). A perspectiva de longo prazo inverte essa realidade, e o que é risco para a maioria se torna oportunidade para os endowments: a renda variável tem historicamente entregado prêmios relevantes em horizontes longos, enquanto investimentos alternativos carregam consigo prêmio pela iliquidez, além da oportunidade de se capturar “alfa” (retornos acima dos índices de mercado).

Contudo, um capital especial pede igualmente um acompanhamento especial. Esse artigo se dedica a compartilhar com o leitor quais têm sido as melhores práticas para o acompanhamento de desempenho de fundos patrimoniais ao redor do mundo. São dois os grandes desafios enfrentados para medir a performance de endowments: alinhar as métricas ao horizonte mais longo dos investimentos; e saber exatamente o que se deseja medir com cada métrica.

A solução para o primeiro dilema passa, invariavelmente, pelo alongamento do horizonte de análise. Afinal, não faz sentido investir em ativos que maturam em mais de 5 ou 10 anos (sejam eles simples títulos de renda fixa com vencimentos mais longos, passando por ações e alcançando ativos reais como florestas ou infraestrutura), e querer avaliar o sucesso dessas alocações no mês a mês.

Nessa toada, quanto maior a alocação do fundo patrimonial em ativos com horizonte dilatado de realização de ganhos, mais longa deverá ser a janela de apuração de performance. Tomando como exemplo os endowments universitários norte-americanos, eles habitualmente avaliam o sucesso de portfólios em janelas móveis de 10 anos. Tal horizonte talvez possa parecer ousado para carteiras brasileiras, comumente menos alocadas em ações e investimentos alternativos. Ainda assim, não parece razoável se acompanhar o resultado de um fundo patrimonial em janelas muito curtas, inferiores a 5 anos, por exemplo. Do contrário, a apuração de performance de curto prazo inevitavelmente leva a uma subutilização de riscos toleráveis por um endowment – deixando na mesa, portanto, o que de fato remunera o seu capital especial.

Passemos então às métricas de performance contra as quais um fundo patrimonial deveria se medir. A primeira delas, talvez a mais relevante de todas, ajuda-nos a quantificar se o objetivo primordial de um endowment está sendo alcançado: a proteção do poder de compra do patrimônio somada à capacidade de geração de renda. Trata-se da medida do ganho real da carteira ao longo do tempo, ou seja, qual a rentabilidade acima da inflação. Ao mesmo tempo, é natural que fundos patrimoniais possuam metas de longo prazo na forma “inflação+X%” – segundo este Anuário, a meta mais comum no universo brasileiro é a de IPCA+5%a.a. É fundamental, por conseguinte, que as organizações avaliem periodicamente o cumprimento ou não de tal alvo.

Uma segunda medida relevante para a avaliação de desempenho de um endowment é a comparação do retorno ao de uma referência do mercado investível. Afinal, os gestores de um fundo patrimonial com meta de retorno de “IPCA+5%” podem até ficar satisfeitos caso tenham ganhos de longo prazo 6% ao ano acima da inflação, todavia essa performance terá menos brilho caso o mercado financeiro, de maneira passiva, tenha rendido mais do que isso. Nessa direção, é comum que fundos norte-americanos se comparem ao que chamam de portfolios de referência “naives” (ou ingênuos, em português), compostos por uma combinação de um índice de renda fixa e outro de renda variável.

A lógica por trás dessa métrica é a de aferir se o fundo patrimonial foi capaz de superar uma combinação simples, passiva e barata de ativos tradicionais de mercado. A carteira “ingênua” mais usada no mercado internacional é composta por 60% de um índice de ações e 40% de um índice de renda fixa. Os endowments do hemisfério norte, por sua vez, costumam se comparar a portfólios com alocação em renda variável entre 70% e 80%, haja vista que as exposições estruturais a ativos compatíveis com renda variável são superiores às dos investidores médios (algo alinhado com o horizonte de longo prazo).

Ao portarmos a mesma lógica para o Brasil, certamente teremos portfólios de referência com menos renda variável, sob efeito dos nossos juros reais estruturalmente mais altos. Ainda assim, observando as alocações reportadas nesta publicação, poderíamos inferir que um portfólio 20% renda variável / 80% renda fixa seja uma boa referência para a grande média dos respondentes. Entretanto, fundos maiores (acima de R$ 500 milhões) já demonstram maior orientação a ativos de longo prazo, sendo mais comparáveis a um mix com algo entre 40% e 50% de Renda Variável.

Aqui vale fazer uma ressalva quanto aos chamados “benchmarks” agregados, ou de política de investimentos. Alguns endowments costumam se comparar a um portfolio investido unicamente em índices de mercado, seguindo exatamente as alocações por classe de ativo determinadas nas próprias políticas de investimentos. Essa é uma medida válida caso se queira avaliar a capacidade das classes investidas gerarem retornos acima do mercado (portanto, o já mencionado “alfa”). No entanto, ela é menos abrangente do que a comparação com portfólios “naives” que, além do alfa, também apura a qualidade da decisão de se investir em classes de ativos além de Renda Fixa e Renda Variável, bem como o uso de mais ou menos risco do que o portfólio “ingênuo”.

Por fim, uma terceira medida é amplamente empregada por fundos patrimoniais no exterior: a comparação com a performance de investidores semelhantes. Dessa forma, a organização busca identificar se o próprio endowment tem desempenhado em linha ou melhor do que outras carteiras com perfil de risco e objetivo similares. Nesse aspecto, esta publicação do anuário também tem papel fundamental para os fundos patrimoniais brasileiros, ao ser a primeira (e até este momento a única) publicação a coletar e reportar, de maneira agregada e estratificada, os resultados dos endowments nacionais e de múltiplas causas.

Em suma, as métricas aqui apresentadas são capazes de endereçar as três perguntas fundamentais para avaliação de desempenho de fundos patrimoniais:

1. O fundo foi capaz de atingir o seu objetivo primordial, de proteger o patrimônio ao longo do tempo e gerar ganhos reais destináveis a sua causa? Medida de retorno real (“inflação+X%”);

2. O fundo foi capaz de superar o retorno médio de referências de mercado? Comparação com o portfólio “naive” (mix passivo de Renda Fixa + Renda Variável);

3. O fundo foi capaz de render em linha ou acima do retorno médio de seus pares? Comparação com retorno de outros endowments similares;

A resposta afirmativa a essas três perguntas, medidas num horizonte de tempo razoavelmente longo, caracteriza o sucesso consistente de um fundo patrimonial.

Prefácio Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023

*Por Senador Flávio Arns 

A grandiosidade de nosso país se expressa de diferentes formas. Somos gigantes pela nossa dimensão continental, pela nossa biodiversidade e pela nossa rica diversidade cultural. Ao mesmo tempo, temos enormes desafios sociais que exigem ações cada vez mais estruturadas para que alcancemos o grande objetivo de sermos um país próspero e justo para todos.

Falar de justiça social é falar de garantia de oportunidades para que todos se desenvolvam. Isso significa assegurar a cada brasileiro ou brasileira o acesso à cidadania plena, em toda sua caminhada pela vida. Garantir dignidade por meio da educação, saúde, assistência, trabalho, moradia, alimentação, cultura e demais direitos fundamentais que estão perpetuados em nossa Constituição.

O papel do poder público, em todas as suas instâncias, é fundamental para que avancemos em políticas públicas que promovam a valorização do ser humano. Porém, a participação da sociedade neste processo tem se mostrado igualmente essencial. Não por acaso, as ações promovidas pelo chamado Terceiro Setor têm provocado uma verdadeira revolução e contribuído para a transformação de realidades Brasil afora.

O Terceiro Setor é composto por diferentes tipos de organizações da sociedade civil, sem finalidade lucrativa, que exercem atividades de interesse social. Sua abrangência é muito significativa, assim como sua contribuição para a economia. De acordo com o Mapa das Organizações da Sociedade Civil (Mapa das OSC), o Brasil possui mais de 879 mil Organizações da Sociedade Civil (OSCs) registradas. O impacto dessas organizações na economia também é volumoso. Dados divulgados em 2023 pelo estudo “A importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil e em suas Regiões”, de iniciativa do Movimento por uma Cultura de Doação, mostram que o Terceiro Setor movimenta 4,27% do PIB, 3,39% do valor de produção e 5,88% das ocupações no país.

Tão grandioso quanto seu tamanho é, também, o seu potencial de crescimento, seja por meio da ampliação de parcerias entre essas entidades e o poder público ou pelo aumento das doações por parte de pessoas físicas ou jurídicas. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), se todas as empresas que declaram por lucro real usassem o limite máximo do imposto nas leis de incentivo, seriam captados, aproximadamente, R$ 6 bilhões por ano, quase o dobro do montante destinado pelas pessoas jurídicas em 2019, que foi de R$ 3,2 bilhões. Em relação às pessoas físicas, o potencial arrecadatório é de R$ 3 bilhões anuais. Porém, o valor captado via doações do Imposto de Renda em 2019 foi de apenas R$ 206 milhões, muito aquém do que seria possível.

Garantir condições para que este segmento prospere é fundamental. Neste contexto, os fundos patrimoniais filantrópicos se tornam extremamente relevantes ao promoverem a sustentabilidade financeira de um número cada vez mais crescente de organizações sociais em nosso país. Ao longo dos anos, fundos têm gerado grande impacto social ao financiarem iniciativas importantes nas áreas de educação, ciência, inovação, assistência social, saúde e tantos outros setores beneficiados.

Dados recentemente divulgados pelo Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil, de iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, apontam para a existência de 115 fundos ativos, cujo patrimônio total informado é de mais de R$ 157 bilhões. Um setor que vem se fortalecendo cada vez mais, principalmente após a aprovação da Lei 13.800/2019, que incentivou a criação e organização de novos fundos patrimoniais no Brasil.

Ao mesmo tempo em que a legislação abriu espaço para a instituição dos fundos no Brasil, no decorrer dos anos, mostrou a necessidade de aprimoramentos, principalmente no que se refere ao tratamento tributário aplicado às Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais (OGFP).

No Congresso Nacional, o tema tem sido objeto de debate, primeiramente, por meio do Projeto de Lei 158/2017, de autoria da Deputada Bruna Dias Furlan, e, atualmente, em razão do Projeto de Lei 2.440/2023, de minha autoria, que tramita no Senado Federal. Essa proposição estabelece, dentre outros pontos, que as OGFPs sejam tributadas com base na causa de interesse público a que se destinam. Ou seja, se forem causas imunes ou isentas de tributação, as organizações também devem usufruir da imunidade ou isenção.

A proposta em debate também estende a isenção de Imposto de Renda incidente sobre aplicações financeiras para as OGFPs que se dediquem a causas de interesse público, mesmo que não sejam abrangidas por imunidade constitucional, além de ampliar as hipóteses de utilização de incentivos fiscais por pessoas físicas e jurídicas que pretendam apoiar e fomentar as atividades desenvolvidas por tais fundos.

A partir dessas alterações na lei, a proposta busca estimular a cultura de doação e, consequentemente, fortalecer as iniciativas financiadas pelos fundos patrimoniais, resultando em benefício direto às pessoas atendidas pelas organizações sociais.

Diante deste contexto, destaco como fundamental a iniciativa do IDIS e da Coalizão pelos Fundos Patrimoniais de realizarem o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023, traçando um retrato deste setor em nosso país.

As informações levantadas são de grande relevância para fundamentar os debates e o aprofundamento de conhecimentos sobre o tema. Além disso, podem contribuir para consolidar ainda mais o entendimento de que os fundos patrimoniais são essenciais para o desenvolvimento social de nosso país, na medida em que promovem projetos e causas que transformam a vida de brasileiros e brasileiras.

Não resta dúvida de que a participação da sociedade, neste caso, por meio dos fundos patrimoniais, é extremamente necessária e deve sempre ocorrer de forma ativa e sem entraves burocráticos. O fortalecimento do Terceiro Setor, não apenas por meio da legislação, mas, principalmente, pelo reconhecimento por parte do poder público, é o caminho para que possamos assegurar benefícios sociais e econômicos para todos.

O impacto na governança a partir da doação de um legado: Entenda como a criação do fundo patrimonial pode impulsionar mudanças estratégicas em organizações da sociedade civil como a ASA

*Por Melissa Pimentel, Superintendente Executiva da ASA – Associação Santo Agostinho

A governança de organizações da sociedade civil pode ser impactada pela criação de um fundo patrimonial que a beneficiará. Um exemplo prático disso é o da ASA – Associação Santo Agostinho. Neste caso, a instituição acelerou o próprio processo estratégico de atualizações do modelo de governança e gestão para criar esse fundo nos moldes da Lei 13.800/2019, após ser nomeada legatária de uma doação relevante. Com mais de 80 anos de atuação, a ASA oferece serviços gratuitos de educação e assistência social, financiados por meio de convênios com a Prefeitura e captação de recursos livres e para projetos.

A Presidente do Conselho de Administração na época (e atual Vice-Presidente), Maria Estela (Teli) Penteado Cardoso, compartilha essa experiência:

“Ao sermos surpreendidos com esta doação, percebemos que a história da ASA, uma organização tradicional com mais de oito décadas de atuação na cidade de São Paulo, seria diferente. Precisávamos fortalecer a governança e criar mecanismos para proteger nosso patrimônio e perpetuar nossa missão”. 

Doações substanciais como essa deixam um legado que vai além do tempo e servem de exemplo para que outros gestos semelhantes aconteçam, beneficiando o Terceiro Setor como um todo. “Nossa gratidão à generosidade dessa doadora será eterna uma vez que, além de demostrar o reconhecimento da contribuição da ASA para sociedade, mostra confiança na nossa capacidade de gerir o patrimônio, trazendo excelência e ampliando nossos programas que visam acolher e transformar vidas”, acrescenta Teli Cardoso.

A partir desse momento, o Conselho de Administração da ASA implementou uma série de medidas para fortalecer sua governança, como a revisão de seu estatuto social, a renovação e diversificação do Conselho de Administração, a criação de comitês de controle e grupos de trabalho, além do aprimoramento das práticas de transparência. Todos elementos essenciais para a gestão otimizada de um fundo patrimonial, que aumentam a confiança na sua habilidade de gerir recursos de forma eficaz e a sua capacidade de atrair novos parceiros.

Ademais, com a criação desse modelo de fundo, o fluxo constante de recursos permite investimentos em desenvolvimento institucional, planejamento estratégico, contratação de profissionais qualificados e aquisição de ferramentas tecnológicas – áreas fundamentais para qualquer organização social e que não são contempladas por captações tradicionais. Pois, muitas vezes doadores ou parceiros, costumam preferir financiar ações pontuais relacionadas ao impacto social imediato.

Pensando assim, a ASA prepara-se para estabelecer um ciclo virtuoso de sustentabilidade e crescimento. Ao demonstrar solidez e transparência na gestão dos fundos patrimoniais, a ASA se posiciona como uma organização confiável e capaz de administrar os recursos destinados a ela de maneira responsável, o que fortalece a confiança de doadores, cria novas oportunidades de parcerias e aumenta o potencial de captação de recursos tradicionais.

 

Desafios e Oportunidades

A experiência da ASA mostra que a criação de um fundo patrimonial tem o potencial de impulsionar a sustentabilidade prolongada de uma organização da sociedade civil. E desde 2019, a partir de doação recebida, a organização tem trilhado um caminho de desafios e oportunidades na constituição e fortalecimento de seu fundo.

Os rendimentos contínuos, a partir do capital preservado no fundo patrimonial, garantem previsibilidade e estabilidade nos fluxos de recursos. Isso reduz a dependência de doações esporádicas ou captações pontuais, permitindo que a organização faça um planejamento estratégico de longo prazo.

A criação do fundo também fortalece a governança da instituição, exigindo a adoção de boas práticas, como a formação de comitês especializados e auditorias independentes. Esses mecanismos aumentam a transparência e a confiança de doadores e parceiros. Luis Alvaro Moreira Ferreira Filho, atual Presidente do Conselho da ASA, afirma:

“com a constituição do Comitê de Investimentos e com a criação do Regulamento do Fundo progredimos significativamente nesse aspecto, incorporando especialistas em gestão de ativos financeiros para assessorar o Conselho de Administração da ASA nas decisões estratégicas, essenciais para a sustentabilidade do Fundo”.

A alta liderança deve estar preparada para tomar decisões estratégicas, reforçando a importância de comitês de investimento que minimizem os riscos financeiros e maximizem os resultados. Nesse sentido, a criação de um regulamento para o fundo patrimonial é essencial para garantir a transparência, a correta destinação dos recursos e a segurança jurídica da sua gestão. Além disso, é crucial que o regulamento esteja alinhado com a governança da organização e com o foco na perenidade do fundo, assegurando que o capital seja preservado e os rendimentos sejam utilizados de forma responsável.

Porém, um dos maiores desafios para a criação dos fundos está ligado à arrecadação de recursos específicos para esse fim. A captação de recursos para a formação de um fundo patrimonial enfrenta obstáculos, especialmente pela falta de incentivos fiscais atrativos para estimular doações de grande porte e pela cultura de doação do Brasil, que se concentra em projetos de curto prazo. Essa realidade reforça a necessidade de uma mudança cultural, em que doadores, parceiros e a própria sociedade passem a valorizar investimentos de longo prazo que garantam a sustentabilidade das organizações e ampliem seu impacto social, como os fundos patrimoniais.

Com uma governança sólida e uma estratégia de captação voltada para o longo prazo, os fundos patrimoniais têm o potencial de garantir a perpetuidade das organizações sem fins lucrativos e ampliar seu impacto social. Embora existam desafios, a trajetória da ASA serve como um exemplo claro de como a criação de um fundo patrimonial pode ser uma solução transformadora para o Terceiro Setor.

Gestão Sustentável de Fundos Patrimoniais: A Fundação Bradesco como referência no Brasil, transformando pela educação

*Por Murilo Nogueira, Diretor Administrativo & Financeiro da Fundação Bradesco

A Fundação Bradesco se destaca como o maior projeto de investimento social privado do Brasil, promovendo impacto através da educação gratuita e de qualidade. Abrangendo todo o ciclo da Educação Básica Regular — do Ensino Infantil ao Ensino Médio —, a Fundação oferece oportunidades educacionais todos os anos para mais de 42 mil crianças, jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade, com o objetivo claro de transformar vidas e desenvolver o potencial dos alunos por meio da educação.

Com uma rede de 40 escolas próprias espalhadas por todo o território nacional, a Fundação Bradesco é um exemplo de como o investimento social estratégico pode transformar vidas e contribuir para a redução das desigualdades no Brasil. Esse compromisso com a educação de excelência e o desenvolvimento social é sustentado por seu robusto fundo patrimonial, que garante a continuidade de suas atividades e a perenidade de seu impacto na sociedade. A perpetuidade deste projeto depende da colaboração de diversos envolvidos, com mais de 3.600 colaboradores integrando essa iniciativa atualmente, onde cada um desempenha um papel essencial.

Desde sua fundação em 1956, a Fundação Bradesco tem desempenhado um papel fundamental na educação e inclusão social no Brasil. Parte desse impacto se deve ao sólido fundo patrimonial da instituição, o maior do país, cuja gestão cuidadosa tem garantido a sustentabilidade de seu projeto educacional. Criado por Amador Aguiar, fundador do Bradesco, o fundo foi o primeiro do Brasil e tem se adaptado ao longo dos anos para enfrentar um cenário econômico em constante mudança.

De acordo com o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, a Fundação Bradesco foi uma das primeiras organizações no país ao estabelecer um fundo patrimonial. Diferente dos Estados Unidos, onde as fortunas da industrialização impulsionaram os fundos patrimoniais, no Brasil foi Amador Aguiar quem criou um dos primeiros fundos do gênero. Em 1956, ele destinou 100 mil cruzeiros como dotação inicial e, ao longo dos anos, transferiu grande parte de suas ações para a instituição. Esse movimento estabeleceu não apenas um dos fundos patrimoniais mais antigos do Brasil, mas também o mais robusto, com R$ 85 bilhões em ativos, posicionando a Fundação Bradesco entre as maiores do mundo, comparável a instituições como a Fundação Bill e Melinda Gates.

Desde o início, a gestão do fundo patrimonial da Fundação Bradesco foi orientada por uma política de preservação do capital, garantindo que os recursos estivessem sempre disponíveis para as necessidades da instituição. Ao longo dos anos, à medida que o cenário econômico evoluía, a gestão se modernizou, adotando novas estratégias de investimento e diversificação de ativos. Com uma gestão administrativa forte e uso consciente desses recursos a Fundação Bradesco garante a perpetuidade do projeto, possibilitando investimentos conscientes.

A Fundação Bradesco recebe dos resultados das empresas do grupo Bradesco, utilizando recursos financeiros provenientes de dividendos e JCPs, o que exige uma gestão ainda mais prudente de seu fundo patrimonial. Em 2024, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão, um aumento de 56,42% em relação aos R$ 895 milhões investidos em 2023. Além disso, a Fundação mantém uma reserva de capital capaz de sustentar o ciclo completo de formação de seus alunos — um período de treze anos de educação básica regular. Essa estratégia assegura que a missão educacional continue sem interrupções e garante a perpetuidade.

O compromisso com a sustentabilidade financeira de longo prazo permite que a Fundação Bradesco continue promovendo a transformação social por meio da educação, garantindo o futuro de milhares de jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Ao longo dos anos, o fundo patrimonial da Fundação Bradesco tem possibilitado a continuidade de projetos transformadores, capacitando alunos e impactando positivamente a sociedade. Histórias de ex-alunos que retornam à Fundação Bradesco para compartilhar suas trajetórias e experiências de vida com as novas gerações demonstram como o impacto educacional da instituição se perpetua ao longo do tempo. Esses ex-alunos, com trajetórias de sucesso em diversas áreas profissionais, voltam às escolas da Fundação palestrantes, inspirando os atuais estudantes a acreditarem em seu potencial e a seguirem um caminho de transformação. Esse ciclo fortalece o vínculo entre a Fundação e sua comunidade, reforçando o compromisso de oferecer não apenas uma educação de qualidade, mas também oportunidades de mudança de vida.

O fundo patrimonial que sustenta essa missão, então, vai além de ser apenas um mecanismo financeiro; ele atua como um verdadeiro catalisador de transformação social. Ao garantir recursos para a continuidade do projeto educacional da Fundação, o fundo possibilita que o impacto gerado na vida de cada estudante se espalhe pela sociedade como um todo: uma transformação que impacta. A longevidade do fundo permite que a educação oferecida atinja mais do que as salas de aula, capacitando os jovens a contribuírem com suas comunidades e a perpetuarem o legado de inclusão e desenvolvimento promovido pela Fundação Bradesco.

Com seu tamanho e capilaridade, a Fundação Bradesco mantém sua posição como o maior fundo patrimonial do Brasil e carrega a responsabilidade de garantir sua relevância e sustentabilidade para as próximas décadas. A visão de Amador Aguiar, de criar uma instituição que promove a inclusão social por meio da educação, segue firme, posicionando a Fundação como uma referência no Brasil e no mundo, transformando vidas por meio da educação.

A diversidade na governança de fundos patrimoniais

* Por Viviane Elias Moreira, C-level e conselheira fiscal do IDIS

A provocação proposta neste texto tem a intenção de convocar todos para sairmos de uma zona de conforto que a rotina ligada ao tema nos criou, gerando obviedades que estamos negligenciando e que não podemos mais ignorar suas consequências, se quisermos um país mais igualitário: diversidade e inclusão precisam ser mais bem gerenciadas em nossas ações de filantropia, principalmente quando pensamos na governança de organizações desse setor.

Nos últimos anos, as ações filantrópicas vêm ganhando força como ferramenta fundamental na luta para reduzir as desigualdades sociais no Brasil. O ano de 2024 nos trouxe um momento de entendimento real de quem adota as ações de filantropia com a verdadeira intencionalidade versus quem adotou estas ações como uma forma de “estar na moda”, ou como tecnicamente conhecemos, os famosos “washings”.  De todos os possíveis “washings” adotados e normalizados, nenhum foi tão danoso para nossa sociedade e para a real intencionalidade da filantropia do que o diversitywashing.

Diversitywashing é um termo que se refere à prática de empresas ou organizações que adotam uma aparência superficial de compromisso com a diversidade, inclusão e equidade sem realmente implementá-las de forma significativa ou eficaz. No Brasil, o termo diversitywashing foi patenteado por Liliane Rocha, fundadora da empresa Gestão Kairós, que é uma referência no campo de sustentabilidade e Diversidade & Inclusão (D&I). Ela destaca a importância de combatê-lo, assegurando que as ações de diversidade sejam profundas e transformadoras, e não apenas uma estratégia de marketing ou uma fachada.

Fábio Barbosa, uma das principais lideranças inspiradoras no setor de sustentabilidade e responsabilidade social, propõe uma teoria extremamente relevante, onde existem 3 princípios (ou 3 Cs) essenciais para a eficácia do desenvolvimento sustentável: as pessoas só fazem o que fazem por convicção, por conveniência ou por constrangimento. Minha contribuição a esta teoria é que não importa o tipo do C que a sua ação de filantropia adote, se ela adotar diversitywashing como direcionador, ela será mais uma ação de marketing que terá como resultado uma correção superficial, postergando e potencializando os impactos de desigualdade social para as gerações futuras.

A filantropia precisa entender o papel da diversidade e inclusão em seus processos, metas e intencionalidade, não apenas como uma atividade de imperativo moral, mas como ferramenta estratégica de transformação social. Quando falamos de diversidade, estamos nos referindo à presença de pessoas de diferentes origens, raças, etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades e crenças em espaços sociais e de trabalho. A inclusão, por sua vez, vai além da representatividade, trata-se de criar ambientes em que essas diferentes vozes sejam ativamente ouvidas, estimuladas e valorizadas. E, por isso, a presença deste público em órgãos de governança é essencial para que as decisões estratégicas norteadoras de uma determinada organização leve em conta uma pluralidade de perspectivas.

Sabemos que, alcançar a igualdade em temas de diversidade ainda é algo desafiador para algumas equipes operacionais, em órgãos superiores de governança é algo ainda mais crítico. Serão necessários cerca de 20 anos para que haja uma paridade entre homens e mulheres na composição dos conselhos deliberativos, de acordo com o Censo GIFE 2022/2023. No tema de raça, apesar de haver aumentos, o percentual de pessoas brancas nos conselhos é de 92%, 7% negros, 1% amarelos/orientais e apenas 1 pessoa indígena. E, quando fazemos ainda outro recorte, como no caso da governança de fundos patrimoniais apresentados cujo dado inédito é apresentado neste Anuário, notamos que, no caso de gênero, as mulheres já conquistaram representação na maior parte dos Conselhos e Comitês, porém ainda não em igual número dentro dessas instâncias. Já na questão racial, há presença de apenas de pessoas pretas, pardas ou indígenas em apenas 43% das Assembleias Gerais, 36% dos Conselhos Deliberativos/Curadores/de Administração e 11% dos Comitês de Investimento. Apesar disso, a presença numericamente é muito baixa e em nenhuma das instâncias supera 8% dos membros.

Quando grupos sub-representados ganham espaço e são ouvidos de forma estratégica dentro das ações de filantropia, ainda mais em instâncias decisórias, há uma redistribuição de oportunidades e recursos que impactam positivamente e estão alinhados com a definição moderna de filantropia pelo mundo, que vai muito além de doações financeiras para causas sociais, mais para um conjunto de ações mais amplas e estruturadas que visam o impacto sustentável.

Quando a diversidade é considerada pelas ações de filantropia como um valor inegociável, o potencial de impacto é exponencial, com a promoção da justiça social, fomento ao desenvolvimento econômico, impulsionando a inovação e competitividade, elementos essenciais para o crescimento sustentável do país. No Brasil, onde as disparidades sociais estão fortemente ligadas à raça, gênero e localização geográfica, a promoção dessas práticas pode ser transformadora.

Por isso que, no caso de fundos patrimoniais, existe uma janela de oportunidade. Observamos novos endowments sendo criados no Brasil nos últimos anos. Não só podemos, como devemos levar em consideração a diversidade na criação da governança dessas novas organizações, assim podemos trazer à mesa de decisões uma representatividade para um ideal de sociedade igualitária que tanto buscamos. Uma governança plural e tomadora de ações para uma filantropia estratégica para tornar o Brasil menos desigual.

Ainda há um longo caminho a percorrer para alcançá-lo. Acredito que a filantropia é umas das formas mais eficientes para acelerarmos mudanças sistêmicas que não apenas reduzem a desigualdade social, mas também constroem uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, criando um país com oportunidades verdadeiramente iguais para todos. Por uma filantropia que trate a diversidade com mais convicção e menos constrangimento.

O papel do gestor de investimento

*Por Ilan Ryfer, Sócio da 1618 Investimentos

A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma vez possuído.

Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.)

 

Existe uma metáfora contada através da história do “Reparo do Navio”. Já escutei várias versões ligeiramente diferentes, mas sempre nas mesmas linhas.

Um navio que valia centenas de milhões de dólares quebrou, e cada dia parado no porto representava um prejuízo de centenas de milhares de dólares. O comandante do navio, ansioso em colocá-lo para navegar, chama um técnico naval e pede um orçamento. O técnico orça o conserto em US$1.000, o que é prontamente aprovado. Entretanto, após um dia inteiro tentando, sem sucesso, consertar o navio, o técnico desiste.

O comandante, então, chama um engenheiro naval, que orça o conserto em US$10.000, também é prontamente aprovado. O engenheiro passa dois dias analisando a situação até desistir.

Desesperado, o comandante finalmente chama um especialista em consertos de navios que havia sido muito recomendado, mas que todos diziam ser carésimo. Ao chegar, o especialista orça o conserto em US$1.000.000 (isso mesmo, um milhão!). O comandante reclama do preço, mas o especialista não recua. Sem saber mais o que fazer, o comandante aprova.

O especialista então inspeciona algumas válvulas e após 15 minutos, retira de sua mala de ferramentas um pequeno martelo e dá uma só pancada seca em uma das válvulas. Como num passe de mágica, o navio volta a funcionar. Surpreso, o comandante reclama ao especialista, que estava cobrando US$1.000.000 por apenas 15 minutos de trabalho e pede um detalhamento do orçamento. Sem hesitar, o especialista escreve numa folha de papel:

Orçamento Detalhado:

  • Martelada – US$1,00
  • Saber onde dar a martelada – US$999.999

 

Nada melhor para ilustrar o conceito de “saber onde dar a martelada” do que o trabalho brilhante de David Swensen, gestor por mais de 35 anos do famoso fundo patrimonial da Universidade de Yale. Ele e Dean Takahashi mudaram a forma de se pensar em gestão de investimentos de longo prazo, aplicando a teoria moderna de portfólio e criando o Modelo Yale de gestão.

Os resultados podem ser observados nos gráficos abaixo:

 

Ao longo dos mais de 35 anos à frente do fundo patrimonial de Yale, Swensen alterou radicalmente o formato da carteira de investimentos, abandonando o tradicional modelo 60/40 (60% em ações domésticas e 40% em renda fixa), em favor de um portfólio muito mais diversificado, incluindo Hedge Funds, fundos de Private Equity e Venture Capital, além de investimentos imobiliários.

 

O resultado dessa alteração foi significativo em termos de retornos financeiros. Durante o período que esteve à frente do fundo patrimonial de Yale, Swensen bateu a média dos demais fundos em quase 3,5% ao ano. Pode não parecer muito, mas se aplicássemos US$1.000 no gestor médio, após esse período teríamos US$34.000. Nas mãos de Swensen, teríamos impressionantes US$102.000! Esse é o resultado de juros compostos na mão de um gestor de investimentos que “sabe onde dar a martelada”.

Trabalho no mercado financeiro há mais de 30 anos e, ao longo da minha carreira fui mudando – ou melhor, evoluindo – minha forma de encarar minha profissão, a de gestor de investimentos.

A princípio, e de forma simplista, podemos dizer que a responsabilidade primária de um gestor de investimentos é maximizar retornos financeiros. Aqui começa o primeiro equívoco a respeito do papel do gestor.

Quando falamos de retornos, temos sempre de lembrar do outro lado da moeda, que é o risco. Esse é quase um dogma nos mercados financeiros – maiores retornos estão sempre atrelados a maiores riscos potenciais. Pensar somente em retornos e esquecer da adequação do risco ao perfil do cliente pode levar a erros grosseiros de alocação.

Entendi… Então vamos tentar aprimorar nosso entendimento. O papel do gestor de investimentos seria gerar retorno positivo acima da média, ou pelo menos melhor que um leigo, depois de ajustado ao risco? Essa já é uma definição melhor, mas, ao longo do tempo, aprendi que o papel de um gestor de investimentos é muito mais amplo que o de simplesmente olhar para o portfólio de um cliente, seja esse cliente pessoa física ou jurídica, ou mesmo um grande investidor institucional.

Dizem que o gestor de investimentos, mais que um médico, lida com a parte mais sensível do ser humano: o bolso. Para fazer isso corretamente, não basta que o gestor entenda de economia, finanças, mercados e política. Tem de entender um pouco (ou muito) de psicologia humana. Isso é fundamental para entender as reais necessidades de cada cliente, num processo que chamo de “momento divã”, permitindo assim adequar corretamente a alocação da carteira aos anseios, medos e restrições de cada um.

Nos ensina a já não tão recente disciplina das finanças comportamentais que somos seres parcialmente racionais, o que quer dizer que somos parcialmente irracionais. Sofremos de vieses que frequentemente nos desviam do caminho mais adequado, principalmente nos momentos de crise. É nessa hora que o gestor de investimentos desempenha um papel fundamental: resguardar a racionalidade e manter a estratégia traçada.

Concluindo, um gestor de investimentos tem um papel relativamente simples. Deve atuar como terapeuta, cientista político, estrategista, economista, futurólogo e bode expiatório quando tudo dá errado. Mais do que isso tudo, o gestor de investimentos tem de “saber onde dar a martelada”, pois, depois de 30 ou mais anos, é o que faz a diferença.

Fundo de Fomento à Filantropia: pedra fundamental do legado do IDIS para o Brasil

O IDIS foi fundado em 1999, com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhando junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades socioambientais no país. Nossa causa, portanto, é a promoção da filantropia e da cultura de doação. Ou, como gostamos de falar, a ‘causa das causas’, já que pode contribuir para a promoção da Educação, Saúde, Geração de Renda, entre inúmeras outras.

Temos convicção de que fundos patrimoniais são instrumentos poderosos para a sustentabilidade de causas e organizações. Depois de mais de uma década de dedicação ao tema, promovendo ações de conhecimento, apoiando a criação de endowments e agindo para o aprimoramento do ambiente regulatório, por fim, criamos o Fundo de Fomento à Filantropia, a pedra fundamental de nosso legado para o Brasil.

E por que agora? Apesar de ser um sonho antigo, foi no momento da comemoração de nossos 25 anos que vimos uma oportunidade para a captação de recursos. Por uma confluência do destino, foi também em 2024 que recebemos a confirmação da doação equivalente a R$7,5 milhões da filantropa americana MacKenzie Scott. A decisão sobre o destino do recurso foi natural: oferecer como match à doação de brasileiros. Neste momento, nossa sustentabilidade financeira também estava bem equacionada, com um caixa e fundo de reserva bastante robustos para enfrentar flutuações no curto e médio prazos, condição essencial para darmos esse passo.

Para a criação do Fundo de Fomento à Filantropia, pela primeira vez, pudemos aplicar para o IDIS os conhecimentos e experiências que por tantos anos levamos para fora. Foi oficialmente lançado em agosto de 2024 e, portanto, não tem dados ainda suficientes para integrar esse Anuário. Por outro lado, não gostaríamos de deixar passar a oportunidade de compartilhar esses primeiros passos. Quais foram as decisões tomadas, os dilemas enfrentados, os desafios que temos. A cada ano vemos crescer o número de endowments no Brasil e por isso esperamos que este relato contribua de alguma forma para aqueles que estão também iniciando suas jornadas. Para traçar esse raio-x, escolhemos usar o próprio questionário como base.

Boa leitura!

PARTE 1 – IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO GESTORA

IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
Sede São Paulo (SP)
Ano da criação 1999
Categoria da Organização Gestora Associação/instituto ou fundação independente, cujo estatuto social não especifica seu enquadramento na Lei 13.800/19.
Principal motivo de não estar enquadrado na Lei Falta de segurança jurídica sobre o direito à isenção ou imunidade de impostos, em especial Imposto de Renda sobre aplicação financeira, ITCMD e isenção de COFINS sobre receita financeira.
A Organização Gestora goza de algum benefício fiscal (ou seja, é imune ou isenta de impostos)? Sim, ITCMD, Imposto de Renda sobre aplicações financeiras por conta do certificado de OSCIP aliado a Certificado de Entidade Promotora de Direitos Humanos.

Para a estruturação do Fundo de Fomento à Filantropia, escolhemos usar a estrutura existente do próprio IDIS e fazer a gestão internamente, criando políticas e mudanças estatutárias que garantem segurança para a administração do patrimônio e alocação dos recursos de forma isolada e independente.

Não optamos pela criação de uma Organização Gestora de Fundo Patrimonial (OGPF) num primeiro momento devido à impossibilidade de gozar do mesmo tratamento tributário que o IDIS atualmente possui. Mas a ideia é instituir uma OGPF assim que esta lacuna na lei for endereçada pelos esforços no advocacy.

 

PARTE 2 – IDENTIFICAÇÃO DO FUNDO PATRIMONIAL

Fundo de Fomento à Filantropia
Sede São Paulo (SP)
Ano da criação 2024
Organização que gere o fundo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
O fundo foi criado para beneficiar? A própria Organização Gestora, que também é a Instituição Apoiada.
Qual(ais) é(são) a(s) área(s) de atuação da Organização Gestora/Instituição Apoiada Fomento à filantropia e cultura de doação
Os recursos provenientes do Fundo Patrimonial: Respondem por menos de 10% das fontes de recursos da Instituição Apoiada, que é a própria Organização Gestora.
O Fundo Patrimonial foi criado A partir de um grande aporte inicial/legado e capta novas doações, principalmente para aumentar seu patrimônio acumulado.
Site do fundo https://www.idis.org.br/fundo-de-fomento-a-filantropia/

Entre as ações desenvolvidas pelo IDIS estão a geração de conhecimento e o desenvolvimento e implementação de projetos de impacto, que fortalecem o ecossistema, inspiram a ação, estimulam o diálogo, influenciam políticas públicas e produzem impactos diretos em questões consideradas prioritárias para a promoção da filantropia estratégica no país. Por essa razão, o fundo patrimonial foi criado para beneficiar a própria Organização Gestora, que também é a instituição apoiada.

Somos o único fundo patrimonial no Brasil que tem como causa a filantropia e cultura de doação e, para gerar impactos, optamos por aplicar os recursos nas seguintes linhas:

  • Fortalecimento da filantropia e da cultura de doação: realização de pesquisas, campanhas e outras ações;
  • Promoção de advocacy por um ambiente regulatório mais favorável ao Terceiro Setor;
  • Elaboração e organização de publicações e eventos, como o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais;
  • Articulação de atores e parcerias para o desenvolvimento do setor, como os endowments criados e Coalizão pelos Fundos Filantrópicos; e
  • Aceleração de iniciativas estruturantes para multiplicar o Investimento Social Privado (ISP) e seu impacto.

O Fundo de Fomento à Filantropia foi criado a partir de um grande aporte inicial/legado e capta novas doações, principalmente para aumentar seu patrimônio acumulado.

Em dois meses, o patrimônio somava R$ 9,3 milhões – metade proveniente da doação de filantropos brasileiros e metade dos recursos provenientes da MacKenzie Scott. Para a atração de novos doadores, há ainda o matching garantido de R$ 3,1 milhões. A meta estabelecida foi atingir um patrimônio de R$ 15 milhões em dois anos, ou seja, até agosto de 2026.

Para garantir esta dotação inicial expressiva, a estratégia envolveu a mobilização de grandes doadores, com o estabelecimento de cotas sugeridas para doação. Além de realizar diversas reuniões com filantropos brasileiros, um jantar foi oferecido com o apoio de dois filantropos que fizeram doações para o fundo para ajudar na sensibilização de outros doadores.

Apesar de fundos patrimoniais se justificarem a partir de grandes somas, como promotores da cultura de doação, entendemos também o potencial das pequenas doações. Elas se perpetuam no tempo e contribuem para a geração de impacto. Por isso, escolhemos também aceitar doações de qualquer valor e dar luz em nosso site também a estes doadores que acreditam em nossa missão e contribuem de acordo com as respectivas possibilidades.

O fundo não é e não será representativo em relação ao tamanho e à atuação do IDIS. A perspectiva é que os recursos provenientes do Fundo Patrimonial respondam por menos de 10% de nossas fontes de recursos.

PARTE 3 – FLUXO DE CAIXA

Patrimônio atual R$ 9.300.000
Regra de resgate Permite resgatar somente o ganho real (rendimentos líquidos de inflação) do patrimônio do fundo.

Como nossa operação acaba de começar, as informações referentes aos resultados ainda não estão disponíveis. Ainda assim, é possível explicar algumas escolhas que foram feitas.

A regra de resgate escolhida permite resgatar somente o ganho real (rendimentos líquidos de inflação) do patrimônio do fundo porque é o parâmetro estabelecido na Lei 13.800/19.

Pretende-se, portanto, estar sempre acima da linha d’água, ou seja, o patrimônio do Fundo Patrimonial em 31/12 sempre será maior que a soma dos aportes, dotações e doações recebidos, corrigidos pela inflação desde a data em que ocorreram.

 

PARTE 4 – ALOCAÇÃO E RENDIMENTOS

Recursos
Alocação dos investimentos do fundo patrimonial 100% em Caixa e equivalentes de caixa (contas-correntes, ativos/títulos/fundos líquidos indexados a CDI ou Selic*)
Grau de liquidez 100% em até 30 dias*
Tem política de investimentos? Política de investimentos está sendo construída.
Adota meta de rentabilidade? Adotará a partir da definição da política de investimentos que está sendo construída.
Adota princípios ou diretrizes de investimento responsável? Está sendo considerado na política de investimentos que está sendo construída.

*Até aprovação de política de investimentos

Ainda está sendo elaborada uma Política de Investimentos para o endowment, alinhada a boas práticas de mercado. Dessa forma, hoje a alocação de rendimentos é feita, totalmente, em renda fixa e fundos de renda fixa (ativos/títulos/fundos de renda fixa não líquidos e/ou não indexados a CDI ou Selic). A política de investimentos ainda está sendo elaborada e definirá meta de rentabilidade, diretrizes de investimento alinhadas a investimento responsável etc.

 

PARTE 5 – GESTÃO E GOVERNANÇA

Instâncias de governança da Organização Gestora diretamente relacionadas à gestão do Fundo Patrimonial Assembleia Geral, Conselho Deliberativo, Comitê de Investimentos, Conselho Fiscal
  Nº de integrantes Nº de membros independentes* Nº integrantes mulheres Nº de membros negros, pardos e/ou indígenas  Duração dos mandatos (anos)
Assembleia Geral (somente no caso Associação) 9 9 4 1 N/A
Conselho Curador/ Conselho Deliberativo/ Conselho de Administração  9 9  4 1  3
Comitê de Investimentos 3  3  1 0 3
Conselho Fiscal  3  3 1 1 3
Modelo de gestão de investimento No momento, até política de investimentos ser aprovada, a gestão está sendo feita de forma exclusivamente interna.
Possui Auditoria externa? Sim.

A estrutura de governança do Fundo de Fomento à Filantropia inclui um Comitê de Investimentos, integrado por Luiz Sorge, sócio da XP Advisory e atual presidente do Conselho do IDIS, Marcel Fukayama, cofundador do Sistema B Brasil e Din4mo e também conselheiro do IDIS, e Cristiane Parisi, sócia da Wright Capital, além de um Comitê Consultivo, a ser formado por doadores diamante e platina. Ambos estão subordinados ao Conselho Deliberativo do IDIS, que também supervisiona o Fundo de Fomento à Filantropia.

A gestão de investimentos financeiros hoje é feita internamente, pelos profissionais da área administrativo-financeira do IDIS, dado que a política de investimentos ainda está sendo elaborada.

Tudo será submetido ao mesmo processo de auditoria regular já praticado pelo IDIS.

 

PARTE 6 – PERSPECTIVAS

Quais suas expectativas em relação ao volume de recursos captados para o Fundo Patrimonial no próximo ano? Aumento do volume de recursos captados para a ampliação do patrimônio acumulado.
Quais suas expectativas em relação ao volume de recursos direcionados pelo Fundo Patrimonial para a(s) Instituição(ões) Apoiada(s) e/ou para a(s) Organização(ões) Executora(s) no próximo ano? Ampliação do volume de recursos direcionados.
Quais suas expectativas em relação à rentabilidade bruta (antes da dedução de impostos) consolidada do portfólio (%) do Fundo Patrimonial em 2024? Manutenção da rentabilidade bruta.
Principal desafio enfrentado atualmente? Captação de recursos.

Estamos no início de nossa jornada e a expectativa é investir na captação de recursos e chegar ao patrimônio de R$ 25 milhões em 5 anos, volume que investido com segurança contribuirá para o desenvolvimento de projetos de fomento à filantropia estratégica no país no longo prazo.

Ao mesmo tempo que é uma perspectiva, a captação de recursos é também um desafio. Trabalhamos com uma causa pouco óbvia e certamente menos mobilizadora que Educação ou Saúde, que oferecem aos doadores indicadores de impacto muito claros e atraem mais recursos. A mobilização é lenta e depende também, evidentemente, de tornar mais conhecido o mecanismo e seus benefícios. Para esta narrativa, ao menos, não nos faltam argumentos e evidências!

Acreditamos que ao estabelecer um fundo patrimonial para apoiar a promoção da filantropia estratégica estamos construindo um legado para o IDIS e para nosso setor. É um sonho antigo que ganha vida e nos traz muito orgulho!

Por um SUS tecnológico para salvar a vida de mulheres

*Por João Abreu, diretor executivo da ImpulsoGov, e Luiza Saraiva, gerente da iniciativa Juntos pela Saúde

Há menos de 200 anos, o raio X mostrou o nosso interior sem a necessidade de um bisturi. Na década de 80, a ressonância magnética permitiu visualizar os tecidos moles humanos, também sem cortes. Neste século, o genoma humano foi sequenciado e, ainda mais surpreendentemente, este ano conseguimos identificar microRNAs, uma descoberta digna de um Nobel de Medicina. A tecnologia na saúde avança a passos largos. Apesar disso, pode demorar décadas até que esses avanços sejam democratizados para toda a população, seja gratuitamente por meio de sistemas públicos de saúde, como o SUS, ou com custos reduzidos em convênios de saúde.

No caso das mulheres, um simples exame, disponível gratuitamente no SUS, pode salvar a vida de milhares. Mas isso ainda não é uma realidade para todas.

O exame Papanicolau, também conhecido como citologia cervical, foi desenvolvido em 1928, mas sua aplicação como ferramenta de rastreamento de câncer do colo do útero – o terceiro tipo mais comum entre mulheres no Brasil – começou apenas na década de 1940. E ainda é preciso avançar. Mesmo no século XXI, ainda há desafios em alguns países em desenvolvimento, como o Brasil.

Considerado revolucionário, estima-se que o Papanicolau já tenha salvado a vida de milhões de mulheres no mundo. Ainda assim, o câncer do colo do útero é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Regionalmente, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente nas regiões Norte (20,48/100 mil) e Nordeste (17,59/100 mil), segundo dados do INCA (2022), as maiores taxas entre as regiões brasileiras.

Mas a tecnologia está mudando essa realidade. O Impulso Previne, solução digital e gratuita, aliada ao SUS, está colaborando com a ampliação ao acesso a esse exame essencial para mulheres. Ele consiste em uma ferramenta que traduz dados públicos em listas nominais com o status das mulheres em relação, dentre diversas informações, à coleta de exame citopatológico (Papanicolau), acompanhadas por filtros que facilitam o monitoramento das trajetórias de prevenção do câncer pelas equipes de saúde.

Observamos um aumento de quase 43% na coleta do exame de prevenção do câncer de colo de útero, em comparação com os primeiros quadrimestres de 2023 e 2024, nos 19 municípios do Norte e Nordeste do Brasil onde a solução foi aplicada. É a prova de que precisamos de um SUS capilarizado para atender a todos nos quatro cantos do Brasil, mas também precisamos de um SUS tecnológico.

 

UBS de Jandaíra (BA), abr. 2024. Foto: ImpulsoGov.

Este projeto faz parte do programa ‘Juntos pela Saúde’, iniciativa do BNDES com gestão do IDIS, com foco no fortalecimento do SUS no Norte e Nordeste do país. O desenvolvimento da ferramenta de monitoramento da realização de exames citopatológicos faz parte do projeto Impulso Previne, solução criada e executada pela ImpulsoGov, e que para replicação teve apoio do Instituto Dynamo com o match do BNDES. Com o apoio de investimento público, por meio do BNDES, e filantrópico, entre eles da Umane, essa tecnologia será ampliada para 240 nos próximos anos, podendo salvar inúmeras vidas. Afinal, quando detectado no estágio inicial, as chances de cura desse tipo de câncer podem chegar a quase 100%.

Sim, campanhas como o Outubro Rosa são eficientes, mas precisamos estar atentos diariamente à saúde pública. Necessitamos da tecnologia para escalar o impacto do acesso ao SUS e poder fornecer uma vida saudável a milhões de mulheres brasileiras. Ainda há muito a ser descoberto na ciência, mas essas revoluções médicas precisam ser democratizadas a todas e a todos. Só assim será possível avançarmos ampliando o acesso e reduzindo as desigualdades, ainda abissais, na área da saúde no Brasil.

Catalyst 2030 Brasil lança o edital de R$ 240 mil para financiar projetos de acesso à água e combate às mudanças climáticas

2º Desafio Fundo Catalisador 2030 criado pelo capítulo brasileiro do movimento global Catalyst 2030, apoiará três projetos colaborativos que contribuam para alcançar os ODS 6.1 e 13

 

O Catalyst 2030 Brasil lança o segundo Desafio Fundo Catalisador 2030, uma iniciativa voltada para a identificação e apoio de soluções colaborativas que contribuam para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, com foco no ODS 6.1 (acesso universal à água potável e segura) e no ODS 13 (ação contra a mudança global do clima).

As inscrições serão encerradas no dia 10 de novembro de 2024. Os finalistas serão anunciados no dia 29 de novembro de 2024 e, os vencedores, no dia 20 de dezembro.

Criado há dois anos, o 2ª Desafio – pioneiro para ações colaborativas de impacto social e ambiental – distribuirá R$240 mil a partir do aporte de AMA, produto social da Ambev para realizar ações que promovam o acesso à água potável para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica associado ao combate às mudanças climáticas. Ele será distribuído entre três iniciativas em diferentes estágios de desenvolvimento. A maior parcela, R$150 mil, será destinada a um projeto que já tenha metodologia e resultados comprovados e que possa ser ampliado com a verba do Fundo. Outros dois, ainda em fase inicial, terão a oportunidade de realizar seus pilotos com um orçamento de até R$45 mil cada.

CATALYST 20230 BRASIL

O Catalyst 2030 Brasil é um capítulo da rede global Catalyst 2030, composta por empreendedores sociais que trabalham em conjunto para acelerar o alcance dos ODS, que são parte da Agenda 2030 criada pela ONU em 2015. Ela propõe 17 objetivos e 169 metas para enfrentar os principais desafios globais até 2030, como a pobreza, a desigualdade, as mudanças climáticas, a paz, a justiça e a proteção ambiental. A missão do Catalyst 2030 é catalisar a colaboração intersetorial, maximizando o impacto coletivo em favor de mudanças globais sistêmicas para o alcance destas metas nos próximos seis anos.

O segundo Desafio Fundo Catalisador 2030, busca impulsionar projetos que trabalhem de forma colaborativa para garantir o acesso à água potável para todos e mitigar as mudanças climáticas. Com o apoio financeiro, visibilidade e rede de contatos, os projetos selecionados terão 10 meses para apresentar resultados concretos, com início em fevereiro e conclusão em novembro de 2025. A auditoria do Desafio será realizada pela Simbiose Social.

O primeiro Desafio Fundo Catalisador, realizado em 2022, também recebeu recursos da Ambev AMA e foi voltado para soluções focadas em melhorar o acesso à água (ODS 6). O vencedor, “Acesso à água potável para os Mundurukus”, recebeu R$200 mil e foi uma das 26 propostas inscritas e que envolveram 68 organizações de todas as regiões brasileiras. O projeto foi apresentado pela Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun, projeto Saúde e Alegria, Water is Life, DSEI Rio Tapajós e Associação Indígena Pariri. Com ele, os indígenas Kayapó e Munduruku do Alto Tapajós, na região Norte do Brasil, receberam 600 filtros que tornam potável a água de rios, dos igarapés, das nascentes e da chuva e que estão beneficiando cerca de 3.000 pessoas destas etnias no Pará.

Quem pode participar?

Tendo na essência de sua criação o incentivo às parcerias coletivas, só podem se inscrever no Desafio Fundo Catalisador 2030 grupos colaborativos formados por ao menos 2 atores do ecossistema de impacto entre organizações da Sociedade Civil (OSCs), coletivos, movimentos sociais, negócios de impacto socioambiental, alianças, redes e instituições acadêmicas. Projetos isolados não serão aceitos.

Além de apresentar propostas alinhadas aos ODS 6.1 e 13, os grupos participantes devem ter origem e atuação no Brasil e demonstrar diversidade. É desejável que a organização proponente seja membro, esteja em processo de membresia ou tenha indicação de um membro da Catalyst 2030. Serão considerados critérios de desempate as propostas que incluírem outros objetivos além dos ODS solicitados, como a erradicação da pobreza (ODS 1), a fome zero (ODS 2), a igualdade de gênero (ODS 5), por exemplo, e a diversidade na liderança.

Veja o regulamento do Desafio Fundo Catalisador 2030:
Regulamento – Desafio Fundo Catalisador

Os projetos devem ser inscritos aqui por meio de um formulário

Iniciativa pioneira

O movimento Catalyst 2030 Brasil anunciou em 2022 a criação de um fundo pioneiro destinado a financiar iniciativas associadas aos ODS. Primeira ação tática do movimento no país, a proposta do Desafio Fundo Catalisador 2030 é financiar e trabalhar com ações colaborativas no cenário nacional. Ele tem o formato de desafio e é voltado para membros ou organizações indicadas por uma instituição membro do Catalyst 2030.

Sobre o Catalyst 2030

É um movimento global de empreendedores e inovadores sociais de impacto socioambiental de diferentes setores, que compartilham o objetivo de criar abordagens inovadoras e centradas nas pessoas e no meio ambiente para atingir os ODS até 2030. Unindo forças com comunidades, governos, empresas e outras organizações, o Catalyst 2030 foi lançado em 2020, no Fórum Econômico Mundial, inicialmente pela Ashoka, Schwab Foundation, Skoll Foundation e Echoing Green. No Brasil ele reúne 207 membros que atuam em todas as regiões do país. Em âmbito global, são 3.530 organizações e 5.258 membros individuais em 143 países, que impactam cerca de 2 bilhões de vidas.

Mais informações: https://brazil.catalyst2030.net/ e https://catalyst2030.net/

Nova edição da Pesquisa Doação Brasil contará com capítulo especial sobre a prática de doações em situações de emergência

A Pesquisa Doação Brasil tem como objetivo avaliar a percepção e a prática de doação dos brasileiros.

A próxima e quarta edição será lançada no ano que vem e refletirá o ano de 2024. Esta edição contará com um capítulo especial sobre a influência das doações emergenciais na cultura de doação.

Segundo o Panorama dos Desastres no Brasil, da Confederação Nacional de Municípios (CNM), entre 2013 e 2023, os desastres naturais causaram 2.667 mortes e afetaram milhões de pessoas em todo o país, resultando em prejuízos que chegam a R$ 639,4 bilhões. Com a crescente frequência de eventos climáticos extremos, como doa o brasileiro? E, passada a emergência, essas doações se tornam recorrentes? Essas são algumas das perguntas que buscamos responder.

 

Evolução do tema

A primeira edição da Pesquisa foi realizada em 2015, quando não havia qualquer dado sobre o comportamento do doador individual. A pesquisa nos permitiu identificar que 46% da população brasileira, naquele ano, havia feito alguma doação em dinheiro para organizações sociais, e a projeção do volume total doado por pessoas físicas foi de R$ 13,7 bilhões.

Desde então, consolidou-se como a principal fonte sobre este tema no país, permitindo identificar o perfil do doador, motivações, a causas preferidas, a percepção sobre as doações, as barreiras para a doação, entre outros aspectos que contribuem para compreendermos este cenário.

Lançamento do primeira edição da Pesquisa Doação Brasil, em 2015

Inicialmente prevista para ser realizada a cada cinco anos, a segunda edição aconteceu em 2020, coincidindo com o início da pandemia de Covid-19 e com o agravamento da crise socioeconômica, que já vinha afetando o país. Naquele ano, o volume total de doações caiu para R$ 10,3 bilhões e a participação da população também foi reduzida, posto que pessoas que antes doavam, passaram à categoria de beneficiários. Por outro lado, a percepção sobre a doação e o papel transformador das organizações sociais cresceu, apontando para o fortalecimento da cultura de doação.

Essas transformações levaram a um debate sobre a periodicidade da pesquisa. Os dados são fonte para a incidência do campo, para o debate sobre políticas públicas, para planejamentos de captação de recursos por organizações. A prática mostrou a importância de acompanharmos mais de perto a evolução, e trazer insights que contribuam para a tomada de decisão. Por isso, a partir da terceira edição, a Pesquisa Doação Brasil passou a ser bienal.

Em 2022, na terceira edição, 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos um tipo de doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, na forma de voluntariado. A doação diretamente para ONGs e projetos socioambientais foi praticada por 36% dos respondentes, mantendo-se estável. A edição também trouxe um capítulo especial sobre a Geração Z.

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa do IDIS e da CAF – Charities Aid Foundation.

Deseja apoiar a realização deste estudo e contribuir para a Cultura de Doação no Brasil? Entre em contato via comunicacao@idis.org.br e saiba mais informações.

African Philanthropy Forum e o papel do sul global na transformação da filantropia

Aconteceu, em outubro, o African Philanthropy Forum 2024 em Marrakesh, Marrocos. O evento, parceiro do Global Philanthropy Forum – assim como o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais -, atraiu mais de 200 participantes ao longo de dois dias de intensa programação. Paula Fabiani, CEO do IDIS, foi uma das palestrantes do evento.

Sob o tema ‘Uma nova agenda para a filantropia africana: catalisando recursos para acelerar a transformação da África’, os debates abordaram temas como emergências, educação, clima, geração de renda, tecnologia e gênero, além de discutir o papel do Sul Global na transformação da filantropia familiar, individual e corporativa, bem como nos investimentos de impacto.

Paula participou da mesa ‘Philanthropy driving transformation: lessons from the Global South’ (Filantropia impulsionando a transformação: lições do Sul Global), ao lado de Antonio Bweme, da WINGS; Marie-Louise Gourlay, da Forward Global; Naila Taji Farouky, do Arab Foundations Forum (AFF); e Mosun Layode, do African Philanthropy Forum.

“Aprendizado, hospitalidade e energia foram destaques deste evento em um país repleto de aromas, cores e história. Foi uma experiência inesquecível!”, contou Paula.

 

IDIS, FEAC e FEAV participam de conferência com lideranças comunitárias globais no Inglaterra

Por Rosana Ferraiuolo, gerente de projetos do IDIS

Promovido pela UK Community Foundations (UKCF), o encontro “Foundations for the Future – Investing in Communities” reuniu organizações participantes do programa Transformando Territórios com institutos e fundações comunitárias de diversos países.

 

As Fundações e Institutos Comunitários, conhecidos no Brasil como ‘FICs’, possuem um enorme potencial para impulsionar o desenvolvimento do território onde atuam, fortalecendo as comunidades locais onde estão inseridas de forma sistêmica, legítima e perene. 

Este foi o mote da Conferência da UK Community Foundations (UKCF), organização que reúne as fundações comunitárias do Reino Unido, que aconteceu entre os dias 8 e 10 de outubro deste ano, com mais de 300 representantes e líderes comunitários regionais e de diversos países. A temática sobre o futuro do investimento comunitário filantrópico e o seu papel na construção de comunidades resilientes, inclusivas e sustentáveis permeou as sessões realizadas nestes dias.

Para representar o Brasil e o Transformando Territórios, membros do programa foram até Harrogate, na Inglaterra. Estiveram presentes Eliane Macari, presidente da FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos, Jair Resende, superintendente socioeducativo na Fundação FEAC, e Rosana Ferraiuolo, gerente do IDIS e do Programa Transformando Territórios.

 

Da esquerda para a direita: Jair Resende, Rosana Ferraiuolo e Eliane Macari.

A FEAV e a Fundação FEAC são integrantes do Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation. A iniciativa surgiu para fomentar a criação e fortalecimento das FICs no Brasil com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

 

Participar da Conferência valeu a pena, sem dúvida! É o real e verdadeiro conceito e aplicação de território e fundação comunitária. Percebe-se que as Fundações Comunitárias do Reino Unido são organizadas para tal, seja pequeno, rural ou grande” , Eliane Macari, presidente da FEAV. 

 

Um olhar para o futuro da filantropia comunitária

Durante os três dias de evento, especialistas de filantropia comunitária de todo mundo estiveram reunidos para se aprofundar em temas como filantropia estratégica, inovação social, justiça climática e ambiental, colaboração de jovens, justiça social, inteligência artificial e outros temas pertinentes a discussão central, que tinha como tema ‘Fundações para o futuro: Investindo em Comunidades’.

“Tivemos a oportunidade de ver muitos temas sendo discutidos, coisas que aqui a gente nem está pensando. Uma das coisas que me deixou bem impressionado foi a utilização da inteligência artificial como uma ferramenta facilitadora na tomada de decisão, sistematização de documentos, indicadores, e assim por diante”, Jair Resende, superintendente socioeducativo na Fundação FEAC. 

A programação, que incentivou as trocas de experiências entre os participantes, proporcionou uma valiosa oportunidade para refletir sobre desafios e oportunidades comuns e se inspirar no trabalho uns dos outros. A integração entre os líderes comunitários presentes proporcionou também um intercâmbio de conhecimento entre membros de países como Reino Unido, África, Romênia, Sérvia, Alemanha, Argentina, entre outros. 

Essa abordagem destaca aspectos fundamentais do desenvolvimento coletivo em rede e do fortalecimento das relações com as comunidades, como a importância dos insights coletivos e a construção de uma relação de confiança e escuta.

 

“Representar o Programa Transformando Territórios nesta conferência foi fundamental para fortalecer nossa conexão com as Fundações Comunitárias de diversos países. Compartilhar a experiência do Brasil e aprender diretamente sobre suas práticas e inspirações, tanto nas sessões quanto nas conversas individuais e coletivas, foi uma oportunidade enriquecedora que nos trouxe inspiração para o desenvolvimento das FICs no Brasil”, Rosana Ferraioulo, gerente do Transformando Territórios.

 

 

SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

Vaga de Estágio em Monitoramento e Avaliação

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estudantes de diversos cursos.

Atuamos desde 1999 com foco no fortalecimento do Investimento Social Privado no Brasil e o estímulo a ações transformadoras da realidade para a redução das desigualdades sociais no país.

O IDIS conta com um time de 50 pessoas dedicadas a desenvolver e implementar projetos de grande impacto que estimulem o desenvolvimento de um ecossistema de Investimento Social que atue de forma eficaz e estratégica. Oferecemos consultoria em investimento social para empresas, famílias, filantropos e organizações da sociedade civil. Além disso, desenvolvemos projetos de impacto, como campanhas e a promoção de advocacy, e investimos na geração de conhecimento, com a produção de pesquisas, artigos e publicações.

Para fortalecer a organização e nossa atuação, buscamos uma pessoa estagiária para integrar o time de monitoramento e avaliação do IDIS.

 

 

 Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

RESPONSABILIDADES E OPORTUNIDADES

  • Apoiar nas atividades dos projetos de Monitoramento e Avaliação do IDIS, respeitando os prazos acordados e zelando pela qualidade dos produtos entregues.
  • Realizar coleta e análise de dados quantitativos e qualitativos necessários para a execução dos projetos de Monitoramento e Avaliação.
  • Realizar pesquisas de conceitos, referências e  benchmarking  que enriqueçam os projetos e tragam embasamento para os produtos desenvolvidos.
  • Participar das reuniões periódicas (online e presencial) da organização.

REQUISITOS

  • Estar cursando, no mínimo, o 3º ano da faculdade no momento do início do estágio, não importa o curso;
  • Ter interesse no terceiro setor e na área de monitoramento e avaliação de projetos sociais;
  • Domínio do pacote Office (Word, Excel, Power Point) e internet;
  • Disponibilidade para atuação hibrida no escritório do IDIS, em São Paulo, localizado próximo à estação Pinheiros de trem e metrô.
  • Facilidade para trabalhar em equipe

DESEJÁVEL

  • Conhecimento em sistematização e análise de informações qualitativas.
  • Conhecimentos na área de ciências de dados ou sistematização e análise de dados quantitativos em planilhas Excel, incluindo manuseio de bases de dados, elaboração de tabelas dinâmicas e gráficos.
  • Elaboração de apresentações com boa apresentação visual, clareza e objetividade na transmissão de conteúdos.
  • Conhecimentos sobre análise estatística.
  • Experiência com softwares de análise de dados de qualitativos e quantitativos.
  • Domínio intermediário da língua inglesa

BENEFÍCIOS

  • Bolsa auxílio: R$ 1.500,00
  • Vale-transporte
  • Vale Alimentação e refeição
  • Seguro de vida
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off de aniversário
  • GymPass (Wellhub)

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 11 de novembro de 2024.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

               

A transformação que 1% pode causar

*Por Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

O investimento social privado –  ato de destinação voluntária e estratégica de recursos em benefício da sociedade  – é fundamental para a resolução das profundas lacunas no desenvolvimento socioambiental do país. Embora o Estado desempenhe um importante papel, não tem jeito: há diversos desafios na hora de prover o necessário para o bem viver de todas e todos, seja pelas dimensões continentais ou pela enormidade das problemáticas do país que precisam de solução. E é aí que o investimento social privado pode e precisa agir: contribuindo com a redução das desigualdades e a mitigação dos danos ambientais. Somente com a colaboração entre o tripé governo, empresas e sociedade seremos capazes de endereçar soluções efetivas e perenes.

Quando tratamos de investimento social privado, estamos falando de R$4,8 bilhões em doações corporativas, ou seja, realizadas por empresas, de acordo com o Censo GIFE 2023. Valor significativo, mas ainda aquém do registrado em 2020, durante o auge da pandemia, quando as doações do setor privado ultrapassaram a marca de R$5,3 bilhões. O histórico dos números reforça que há capacidade do setor privado de investir mais – e melhor.

A partir dessa visão e inspirados pelo movimento estadunidense Pledge 1%, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Instituto MOL lançaram no Brasil o Compromisso 1%.

Evento de lançamento do Compromisso 1% que aconteceu em São Paulo na sede da PwC Brasil.

O movimento tem o propósito de congregar empresas que já doam pelo menos 1% do seu lucro líquido anual, bem como aquelas que se comprometam a alcançar o patamar de doações em até dois anos. Cyrela, fama re.capital, Gaia Impacto, MOL Impacto, Pantys, PwC, RD Saúde e TozziniFreire Advogados são as primeiras signatárias do compromisso, que já conta com outras empresas em processo de adesão.

Destinado a empresas de todos os portes e segmentos, o Compromisso 1% tem como objetivo impulsionar o envolvimento das  empresas com o presente e futuro da sociedade, para que invistam em projetos e organizações que precisam de recursos para seguirem sua caminhada. São doações para organizações estruturantes que transformam a realidade das comunidades nas quais estão inseridos, seja por meio da educação, cultura, esporte, saúde ou de ações ambientais e de geração de renda.

Com o investimento social privado, as empresas só têm a ganhar. Além das vantagens financeiras, com mais facilidade de captar recursos no mercado, as empresas também melhoram sua reputação, com maior engajamento dos colaboradores e um relacionamento mais sólido com fornecedores e clientes. É um ecossistema que impacta positivamente todas as partes interessadas.

Criar possibilidades para o avanço do investimento social privado e estimular o hábito de doação no país é, sem dúvidas, um caminho para o fortalecimento da sociedade civil organizada como uma agente de transformações socioambientais positivas. Essa jornada só pode ser trilhada ao lado de pessoas e negócios que acreditam na potência mobilizadora e sustentável da filantropia estratégica e se comprometem com a geração de impacto positivo. Basta começar se comprometendo com 1%.

Afinal, é do agora a responsabilidade de reparar os erros do passado e construir o futuro para aqueles que virão.

 

IDIS lança vídeo institucional

No ano em que completou 25 anos, o IDIS lançou seu vídeo institucional. Confira:

O IDIS é uma organização da sociedade civil independente, que tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto. Somos uma organização intermediária. Ou seja, somos articuladores e existimos para que vocês, que estão hoje aqui, possam ir mais longe, gerar mais transformações com o apoio necessário para seguir essa jornada. Somos uma organização que age para multiplicar o poder de realização do investimento social privado.

Nossa atuação baseia-se em um tripé. Nossos pilares de atuação, consultoria, conhecimento e projetos de impacto, nos trouxeram até aqui. Na consultoria exercemos nossa missão apoiando investidores sociais a gerar mais impacto na sua jornada filantrópica. Com as iniciativas de conhecimento produzimos para o setor materiais com as melhores práticas e dados para que as organizações gerem mais impacto positivo. E nos projetos de impacto entregamos, com nossos parceiros, ações, que catalisam o ecossistema da filantropia e da cultura de doação, beneficiando organizações, comunidades e pessoas. Nossos pilares são integrados para fomentarmos o investimento social privado no nosso país. 

Saiba mais sobre a atuação do IDIS.

Inscreva-se para o evento de lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023

INSCREVA-SE PARA ACOMPANHAR O EVENTO

Bastante populares internacionalmente e cada vez mais adotados no Brasil, os fundos patrimoniais se consolidam como mecanismo potente para a sustentabilidade de organizações e causas. Em novembro, o IDIS lança a terceira edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, levantamento que reúne dados para gestores de endowments. Neste ano, a iniciativa teve a participação de 74 endowments ativos no Brasil, 25% a mais que a amostra anterior, e apresenta uma série histórica de 2020 a 2023. O prefácio da publicação é assinado pelo senador Flávio Arns.

Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais

Entre os temas abordados na publicação, estão fluxo de caixa, alocação, captação, rendimentos, política de investimento, governança de endowments e perspectivas para o futuro. A publicação ainda traz artigos de especialistas, contribuindo para o entendimento e interpretação dos achados.

O lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023 acontece no dia 7 de novembro, das 17h às 18h30, em formato online e gratuito. Uma mesa redonda com gestores de fundos patrimoniais ativos será realizada a seguir da apresentação dos dados. Os interessados devem fazer sua inscrição aqui.

 

Confira a programação completa:

 

17h – Abertura
Paula Fabiani | CEO do IDIS

 

17h15 – Apresentação do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023 
Andrea Hanai e Felipe Insunza Groba | gerentes de projetos no IDIS

 

17h50 – Debate com a participação de especialistas e gestores de fundos patrimoniais
Kiko Afonso | diretor executivo na Ação da Cidadania
Luiz Fernando Figueiredo | fundador do Instituto FEFIG e presidente do Conselho de Administração da JiveMauá
Murilo Nogueira | diretor na Fundação Bradesco
Viviane Moreira | head de governança e compliance na Circular Brain
Moderação: Guilherme Sylos | diretor de prospecção e parcerias no IDIS

 

18h25 – Encerramento

 

9 de novembro, quinta-feira

17h às 18h30
Apresentação de principais achados
Debate com especialistas

INSCREVA-SE

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

IDIS é eleito a melhor ONG de filantropia de 2024

Eficiência e excelência em gestão são fatores-chave para que organizações sociais alcancem impactos maiores nas causas que defendem. O Prêmio Melhores ONGs avalia boas práticas em áreas como governança, transparência, comunicação e financiamento e, pela segunda vez, o IDIS recebeu o título de melhor ONG de Filantropia, Voluntariado e Apoio a Organizações da Sociedade Civil do Brasil. Além do prêmio na categoria especial, pelo quinto ano, o IDIS também foi reconhecido como uma das 100 melhores ONGs.

“Fazer parte da lista das 100 melhores organizações sociais do país é uma conquista ainda mais especial após um ano repleto de aprendizados, vitórias e boas notícias. Temos nos dedicado intensamente a aprimorar nossa atuação, sempre em busca da missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e a mudança positiva que ele gera”, conta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias, na cerimônia de entrega dos prêmios do Melhores ONGs 2024.

Ao longo do ano, o IDIS tem realizado diversos investimentos para fortalecer o Instituto e seus projetos. Entre os resultados, destacam-se o monitoramento constante de indicadores, o investimento em plataformas de gestão e o aumento no treinamento e desenvolvimento da equipe. Isso resultou na ampliação dos projetos de consultoria com novos clientes, além do fortalecimento do relacionamento com aqueles que já eram parceiros; no fortalecimento de iniciativas de impacto, como Advocacy pelos Fundos Patrimoniais, Transformando Territórios, Juntos pela Saúde e Compromisso 1%; na criação do Fundo de Fomento à Filantropia; e em importantes produções no campo do conhecimento, como ‘Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2024’, ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG’ e ‘Como criar uma fundação ou um Instituto Comunitário’.

Parabenizamos todas as organizações que trabalham diariamente em prol do desenvolvimento socioeconômico nas mais diversas causas e regiões do Brasil e que também receberam este reconhecimento.

Confira a lista completa aqui.

Assista a premiação:

25 anos de comprometimento com o fortalecimento da cultura de doação no Brasil!

Por Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e integrante do Movimento por uma Cultura de Doação.

Ao longo de seus 25 anos de história, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem desempenhado um importante papel no fortalecimento da cultura de doação no Brasil.

Quando cheguei aqui, há cinco anos, me chamou atenção poder me envolver com o tema. Era algo que eu valorizava e praticava, mas sem saber que doação poderia ser, também, uma causa e uma cultura. E como cultura, o retrato da doação não é estático, ela tem diferentes nuances, é impactada pelo meio e pode ser desenvolvida quando há intencionalidade.

E o que isso tem a ver com a missão do IDIS de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto? Tudo. Em países onde a cultura de doação é mais desenvolvida, onde isso é um valor da sociedade e uma prática solidária cotidiana, as pessoas também tendem a demandar comportamentos similares de empresas e famílias de alta renda, gerando um ciclo virtuoso. E quando as organizações da sociedade civil têm mais recursos, podem alcançar ainda mais transformações positivas.

Para escrever este artigo, mergulhei na história do IDIS e na minha, e trago aqui algumas das contribuições para o fortalecimento da cultura de doação nos últimos 25 anos, entendo que essa cronologia nos ajuda a também entender a evolução do tema no Brasil.

Desde sua fundação, em 1999, o IDIS tem acumulado experiência com o apoio a diferentes investidores sociais, sejam eles indivíduos, famílias ou empresas. Em 2000, criou o Programa DOAR, voltado a estimular o olhar dos investidores às comunidades de seu entorno. Um dos produtos, lançado em 2008, foi a pesquisa Perfil do Investidor Social Local, realizada nos municípios paulistanos de Guarulhos, Limeira, Santa Bárbara d’Oeste e São José dos Campos. Naquela época, conforme apontado na publicação, havia pouco conhecimento sistematizado sobre doações individuais. A proposta foi então ir além da mera apresentação e análise dos dados obtidos, e provocar reflexões sobre o perfil dos doadores individuais e sua importância para a sustentabilidade das organizações da sociedade civil (OSCs), já que elas são as principais receptoras das doações.

Enquanto conduzia o Programa Doar, o IDIS avançava em outras frentes. Em 2005, formalizou uma parceria com a Charities Aid Foundation (CAF), organização britânica também comprometida com o avanço da filantropia estratégica e que, em 2024, celebra nada menos que seu centenário. A CAF, que aos poucos criou uma rede com presença em todos os continentes, também sentia falta de conhecimentos mais objetivos sobre cultura de doação. Assim, em 2010, lançou o World Giving Index (WGI), o ranking global da solidariedade. Desde então, anualmente, apresenta dados a partir de três dimensões – doação a organizações sociais, voluntariado e ajuda a desconhecidos. A última edição teve a participação de 142 países e, novamente, o IDIS contribuiu com a análise e disseminação. O Brasil, que já ocupou a 18ª posição no ranking, em 2024 apareceu em 86º lugar; com liderança da Indonésia, Quênia e Singapura.

O WGI traz alguns dados sobre a cultura de doação, mas era preciso um olhar mais profundo. Além de saber se houve algum tipo de doação, era preciso explorar quem é esse doador, quais suas motivações, quais as causas beneficiadas, qual sua visão de mundo. Igualmente importante, era conhecer melhor o não doador e as barreiras existentes para a mudança de atitude. Foi com esse intuito que o IDIS criou a Pesquisa Doação Brasil. A primeira edição, com dados de 2015, apresentou o primeiro retrato do comportamento do doador individual no País, a partir de um questionário formulado com a participação de diversos atores do campo. Desde então, temos investido na construção de uma série histórica, sempre com capítulos especiais que permitem análises ainda mais detalhadas. Em 2020, o destaque foi o impacto da pandemia. Em 2022, foi o comportamento da geração Z, e a próxima edição, que refletirá o ano de 2024, buscará identificar a influência das doações emergenciais sobre a cultura de doação. Os dados são usados não somente pelas organizações sociais que dependem da doação de indivíduos, mas também por governos, para embasar políticas públicas, por acadêmicos, que usam os números para pesquisas científicas, e pelo campo, para quem o acompanhamento sistemático contribui para mensurar o fortalecimento da cultura de doação.

Evento de lançamento da Pesquisa Doação Brasil 2015

Os achados da Pesquisa Doação Brasil também são insumos para outras ações do próprio IDIS. A primeira edição evidenciou que a maioria dos brasileiros acham que não devemos falar sobre as doações que realizamos. E quando não falamos sobre doações, o assunto simplesmente parece não existir. Por outro lado, havia uma disposição para falar sobre causas. E assim nasceu o Descubra sua Causa, uma plataforma que, a partir de um teste simples e divertido, apresenta oportunidades de doação alinhadas às causas mais importantes para os usuários. Lançada em 2018, já envolveu mais de 360 mil pessoas. Foi por volta desta época que eu cheguei ao IDIS. Para levar a iniciativa ainda mais longe, mais recentemente, a gestão passou aos cuidados do Instituto MOL, que tem justamente o fortalecimento da cultura de doação no Brasil como causa.

Em 2020, foi a hora de colocar tudo o que aprendemos em prática. O primeiro caso de covid-19 foi confirmado no Brasil no mês de março e em apenas três semanas, criamos o Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil. Além de estruturar o mecanismo, era preciso levantar doações. Com a campanha Abrace a Saúde, captamos R$ 40,4 milhões junto a 11 mil doadores. Ao todo, foram beneficiados 59 hospitais filantrópicos, 1 organização social e um instituto de pesquisa que estavam na linha de frente da pandemia, contribuindo para o fortalecimento do sistema público de saúde.

Outras iniciativas que estimulam a cultura de doação são o Transformando Territórios, programa que fomenta o desenvolvimento de institutos e fundações comunitárias com foco territorial e que que mobilizam doadores das regiões onde atuam, e o Compromisso 1%, movimento realizado também em parceria com o Instituto MOL para fortalecer a cultura de doação corporativa.

Se por um lado houve o investimento em programas e projetos, igualmente importante, foi o apoio direto por meio de consultorias e o esforço de dar luz e somar a outras iniciativas do campo filantrópico. O tema é recorrente em debates e eventos promovidos pelo IDIS, como o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, para o qual recorrentemente convidamos especialistas. Acompanhamos a criação do Movimento por uma Cultura de Doação e a chegada do Dia de Doar no Brasil, ao lado de inúmeras outras pessoas e organizações. Apoiamos ações de advocacy para a promoção de um ambiente regulatório mais propício à cultura de doação e estamos à disposição para contribuir a muitas outras ações.

Assim, juntos, criamos narrativas positivas e capazes de ‘furar a bolha’. Doadores podem doar mais e com mais intencionalidade. Não doadores, podem perceber que contribuir para as causas que são importantes para si é mais fácil do que parece. Engajar a imprensa, dessa forma, é um elemento-chave. Ao mesmo tempo que os municiamos de dados e reflexões, também formamos uma geração de jornalistas mais atentos e sensíveis a essa pauta.

O IDIS foi uma grande escola para mim, além de ter me aberto portas para esta potente rede que é o Movimento por uma Cultura de Doação, e a todos que fazem parte. A cada dia, adentro mais neste mundo. Provavelmente, com mais saberes, mas também com mais perguntas que tinha há cinco anos. O que levo de certeza é que fortalecer a cultura de doação é uma tarefa necessária e que não depende de uma única pessoa ou organização. Essa é uma missão coletiva, com ações confluentes. E por isso, não posso deixar de agradecer a todos que participaram de algum dos projetos aqui citados, e que se dedicam a esta causa de alguma forma. É juntos que fortaleceremos a cultura de doação no Brasil!

Evento de celebração de 25 anos do IDIS é realizado no MASP, em São Paulo, reunindo colaboradores e parceiros do Instituto

Aconteceu no dia 3 de outubro, em São Paulo, o evento de comemoração dos 25 anos do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. A celebração ocorreu no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, contando com a presença de colaboradores e ex-colaboradores, além dos diversos colegas, parceiros e amigos que fazem parte da história do instituto. Essa é mais uma etapa da campanha comemorativa ‘Investimento Social é Coisa de Gente’, celebrando não apenas a história do IDIS, mas todas as pessoas que a ajudaram a construir e que continuam a construir conosco.

Plateia na celebração no Auditório do MASP. Crédito: Paula Miranda.

A comemoração se iniciou com a emocionante apresentação do Maestro João Carlos Martins para o público de mais de 270 convidados. Ele presenteou a plateia com uma perfomance de Playing Love, de Ennio Morricone, seguida por uma apresentação surpresa de ‘Parabéns para você’, ambas no piano.

Maestro João Carlos Martins na Celebração dos 25 anos do IDIS. Crédito: Paula Miranda.

Em seguida, o evento contou com as falas de Luiz Sorge, presidente do conselho deliberativo, Marcos Kisil, fundador, e Paula Fabiani, atual CEO do IDIS. 

“Hoje estamos aqui para celebrar os 25 anos do IDIS. Porém, mais do que isso, estamos aqui para celebrar cada um de nós. Reconhecer tudo o que alcançamos juntos e trazer novas energias para seguirmos nossa jornada. […] É coisa de gente porque é feito por pessoas e para pessoas. É coisa de gente porque tem um olhar empático. É coisa de gente porque envolve diálogo, colaborações, discordâncias, consensos, erros e acertos, e nos emociona”, comentou Paula durante a abertura.

Chegou então a hora de conversar sobre o futuro do investimento social privado no país. O filósofo e economista Eduardo Giannetti subiu ao palco para falar do papel da filantropia no cenário atual. Ele comentou sobre a complexidade do mundo atual que nos apresenta grandes desafios globais e colocou a esperança como mecanismo chave para garantir que os mais jovens se engajem em prol de um mundo melhor.

“Eu acho que tem que mostrar para o jovem como pode ser bela uma vida em que a dedicação ao outro e a causas relevantes a todos tem uma presença e um elemento de motivação”, disse Giannetti em sua fala de abertura.

Confira o vídeo completo:

Em seguida, foi feita uma homenagem para Lírio Cipriani, fundador do Instituto Avon, e nosso parceiro mais longevo. Em 2002, o IDIS apoiou a criação do instituto e, desde então, acompanhamos essa trajetória. A história do IDIS foi escrita até aqui lado a lado ao do Instituto Avon – atualmente Instituto Natura. O momento representou uma homenagem a todos os nossos parceiros que também ajudaram a construir essa história conosco.

A programação contou ainda com a participação de um amplo painel que tratou do futuro do investimento social através do olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta. Compuseram a mesa Alcione Albanesi, Presidente nos Amigos do Bem; Benjamin Bellegy, Diretor Executivo da WINGS; Carlos Pignatari, Diretor Sul-Americano de Impacto Social da Ambev; Claudia Soares Baré, Diretora Executiva Fundo Podáali; Neca Setubal, Presidente na Fundação Tide Setúbal; Raí Oliveira, Fundador Gol de Letra, que participou por vídeo; e Selma Moreira, VP de Diversidade, Equidade e Inclusão no J.P. Morgan.

Painel ‘O futuro do investimento social: o olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta’. Crédito: Paula Miranda.

Um ponto central discutido durante o painel foi o protagonismo daqueles apoiados pela filantropia. “Quando a gente fala do futuro da filantropia, pro [Fundo] Podáali, o futuro da filantropia é fazer com que os povos indígenas sejam protagonistas da própria filantropia.[…] O nome do Podáali ele tem um significado de sustentabilidade, de doação, por que nós já fazemos isso sem saber que fazíamos filantropia. […] Se não há respeito, nós não estamos fazendo filantropia, é sempre um lado que quer sempre ter a razão”, disse Baré.

Confira a mesa completa:

Ao longo dos últimos 25 anos, o IDIS viu de perto o desenvolvimento do investimento social privado e, por consequência, da sociedade como um todo. Tudo o que avançamos só foi possível devido ao comprometimento, colaboração e trabalho coletivo de diferentes pessoas com um objetivo comum: construir um mundo melhor e com mais equidade. Por isso, finalizamos nossa comemoração com um grande brinde pelo que foi feito até aqui e tudo que ainda vamos construir!

Equipe do IDIS. Crédito: Paula Miranda.

 

Lideranças comunitárias do Transformando Territórios se reúnem em São Paulo

Por Carla Irrazabal, estagiária do IDIS, e Rosana Ferraiuolo, gerente de projetos do IDIS

Iniciativa de impacto do IDIS em parceria com a C.S Mott Foundation, o Transformando Territórios (TT) realizou o seu terceiro encontro anual em setembro. O Encontro, realizado entre os dias 3 a 5 de setembro de 2024, reuniu cerca de 40 pessoas, incluindo representantes de 15 Fundações e Institutos Comunitários (FICs) participantes do programa, além de convidados e parceiros.

Representantes dos participantes do programa Transformando Territórios  Foto: André Porto

 

Dando início à programação, os participantes puderam, em uma roda de conversa no escritório do IDIS para promover o compartilhamento de experiências entre os territórios, a Kenya Community Development Foundation (KCDF) e a Fundação Tide Setúbal. O grupo também participou do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. E por fim, no terceiro dia, foram realizadas atividades relacionadas de planejamento, proporcionando às FICs a oportunidade de reconhecer potencialidades internas e externas ao considerar o contexto territorial e a fase atual de cada uma. A partir disso puderam identificar desafios e pensar em ações estratégicas em grupo para o desenvolvimento, utilizando a participação no Programa TT como referência para seu impulsionamento.

“A troca de experiências com outros participantes permitiu um aprendizado valioso, principalmente no que diz respeito à implementação de estratégias de filantropia comunitária e à promoção de uma cultura de doação.”, explica um participante em uma avaliação anônima.

 

Aprendendo com os pares 

O último dia de atividades teve início com uma fala de abertura de Paula Fabiani, CEO do IDIS. Ela congratulou a atuação das FICs no fortalecimento das relações com filantropos locais destacando a iniciativa do Manifesto das Fundações e Institutos Comunitários sobre o Compromisso 1%, que foi entregue pelas FICs durante o Fórum. Paula também ressaltou a importância da interlocução do trabalho do TT com outros projetos do IDIS.

“Acreditamos fortemente que o desenvolvimento das FICs é um componente crucial para o crescimento da filantropia no Brasil. E mais do que isso, acreditamos no potencial brasileiro de desenvolvimento comunitário”, ela afirmou.

Representantes das FICs no Fórum junto a Paula Fabiani e Rodrigo Pipponzi, do Instituto MOL

Em seguida, a equipe do programa apresentou o novo ciclo de trabalho, com o objetivo de ‘fortalecer, promover e apoiar o desenvolvimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil’. Quatro pilares sustentam essa jornada: promover o desenvolvimento dessas organizações, criar um ambiente favorável para as FICs, expandir o conhecimento e engajar a sociedade civil com as FICs, e aumentar o número de apoiadores nacionais e locais.

Esse momento gerou uma grande interação com as lideranças, que trouxeram um olhar atento e um protagonismo essencial para potencializar a atuação do programa. Foi notável o desejo de implementar as novidades propostas para o ciclo e a vontade de realizar ações articuladas como grupo.

“Um dos aspectos positivos deste encontro é o foco no protagonismo das comunidades locais, que se organizam para identificar e solucionar suas próprias necessidades. Outro ponto positivo é a diversidade das organizações participantes, que compartilham conhecimentos, métodos e desafios distintos de acordo com seus contextos locais. A interação entre os líderes comunitários estimula a criação de soluções inovadoras e fortalece o papel das organizações sociais.” , mencionou um dos representantes das FICs.

 

Fundos emergenciais: uma estratégia eficaz

Ao final do último dia, parceiros e convidados se juntaram ao grupo para participar da mesa redonda ‘Fundos Emergenciais – abordagens, tendências e a importância das FICs’. O painel trouxe discussões sobre o conceito, perspectivas, práticas e o papel único das FICs no contexto das situações emergenciais, contando com a mediação de Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS e com os painelistas Eduardo Cetlin, diretor da Associação Nossa Cidade de Belo Horizonte; João Morais, Coordenador de Investimento Social e do BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo na Comunitas; Julia Wildner, coordenadora de programas do ICOM de Florianópolis e Karine Ruy, coordenadora geral da Fundação Gerações do Rio Grande do Sul.

A partir de uma análise teórica, Felipe introduziu aspectos importantes para a discussão, explicando que desastres lentos desenvolvem-se gradualmente, muitos serão agravados pelas mudanças climáticas e ocorrerão em regiões afastadas dos grandes centros econômicos. As emergências invisíveis são subnotificadas e não geram mobilização, mas, por outro lado, algumas emergências são duradouras e consequências de longuíssimo prazo de negligência, como em casos recentes.

O moderador destacou que as FICs são atores estratégicos pois possuem conhecimento do território, de suas demandas sociais e das organizações sociais locais, possuem governança sólida e legítima, são multicausais, realizam interlocução com entes privados, públicos e da sociedade civil e possuem visão de longo prazo, foco e perenidade.

Da esquerda para a direita: Felipe Groba, Karine Ruy, Eduardo Cetlin, João Morais e Júlia Wildner. Foto: Andre Porto/IDIS

João Morais compartilhou os principais resultados da pesquisa BISC sobre a atuação empresarial na agenda climática e em situações de desastre, trazendo as experiências das empresas da Rede BISC. Em seguida, as FICs apresentaram diferentes experiências relacionadas a criação de fundos emergenciais e operacionalização das ações em situações de desastre.

O ICOM, representado por Julia Wildner, pioneiro em fundos emergenciais no Brasil, compartilhou sua experiência com o Fundo Emergencial Chuvas, que serviu de exemplo para outras situações emergenciais, como a pandemia da Covid-19. Eduardo Cetlin, representando a Associação Nossa Cidade, contribuiu com a experiência do Fundo Regenerativo de Brumadinho e o processo de governança utilizado nesse caso de forma mais participativa e descentralizada. Por fim, Karine Ruy, da Fundação Gerações, comentou sobre a recente experiência com o desastre ambiental causado pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul, abordando os desafios de captação e direcionamento de recursos em momentos críticos.

Foto: André Porto/IDIS

Todos esses exemplos demonstraram a importância de atuar de forma sistêmica, estratégica e preventiva para “estar pronto” para os desafios impostos em situações emergenciais e de desastre. O grupo concluiu que a comunidade local possui conhecimentos valiosos sobre áreas de risco e situações extremas em seu próprio território, além de uma capacidade de mapear necessidades com rapidez e eficiência.

Um guia prático a partir de exemplos de quem já transforma territórios

Fechando a programação intensa de três dias, foi lançado o Guia ‘Como criar uma Fundação ou um Instituto Comunitário: um guia prático a partir de exemplos de quem transforma territórios’, fruto da sistematização dos quatro anos de experiência na condução do programa no IDIS em parceria com a Mott Foundation. O Guia apresenta orientações para promover, fortalecer e desenvolver o modelo de Fundações e Institutos Comunitários (FIC) no Brasil, abordando aspectos legais e estruturais de uma FIC até as melhores práticas para desenvolver a comunidade local, desenvolver parcerias e garantir a sustentabilidade da organização a longo prazo. Esta publicação contribui para reafirmar o conceito das FICs e fortalecê-lo, impactando o setor social de forma ampla e consolidada.

Captcha obrigatório

Apesar das FICs serem únicas, a sistematização das experiências com elas é uma ferramenta poderosa para a organização dessas Fundações e Institutos e novos que poderão vir “conheça uma fundação comunitária e você terá conhecido apenas uma”.

 

SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

 

 

IDIS participa de encontro ‘Impact Minds: Beyond Frontiers’, promovido pela Latimpacto

O evento Impact Minds: Beyond Frontiers, promovido anualmente pela Latimpacto, aconteceu neste ano entre os dias 09 e 12 de setembro e Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS esteve lá para acompanhar o encontro junto a outros 70 brasileiros. Além deles, reuniram-se em Oaxaca, no México cerca de 650 investidores de impacto de 36 países.

Durante o evento foram abordados vários temas chave focados em refletir sobre as lacunas que a América Latina possui em relação ao atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis – ODS da ONU.

Ao longo dos três dias do encontro, foram discutidos temas como o papel das empresas e das famílias de alto patrimônio na obtenção de maior impacto socioambiental positivo; as mudanças sistêmicas do mundo atual e como enfrentar os desafios gerados pelo cenário; o valor da filantropia em assumir mais riscos e diversificar portfólios; além de tópicos transversais como a ação climática, educação, finanças inovadoras, financiamento misto (blended finance).

Além das palestras e rodas de conversa, foram realizadas onze visitas de aprendizagem em territórios e comunidades acompanhados de atores locais como a Fundação Comunitária de Oaxaca e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Também foram apresentadas iniciativas importantes lideradas pela Latimpacto, com maior destaque para o lançamento do Fundo STEM, fundo pioneiro criado em parceria com a Lenovo e Doug Miller – fundador pioneiro da Latimpacto. Baseado em um modelo de sucesso liderado AVPN em torno da filantropia colaborativa, com o objetivo de expandir o acesso à educação STEM para estudantes marginalizados no México e no Brasil.

Fórum IDIS 2024: reforçando os nós da filantropia

Aconteceu no dia 4 de setembro, em São Paulo, a 13° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Promovido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o evento busca acelerar soluções por meio de conexões e fomentar a filantropia no país.

Foto: André Porto e Caio Graça.

Com o tema FILANTROPIA ENTRE NÓS, as sessões abordaram assuntos como situações emergenciais, uso de dados, filantropia familiar, tecnologia, ESG, policrise e muito mais. Ao longo do dia, estiveram presentes 294 convidados e houve mais 1300 visualizações da transmissão ao vivo.

Foram 11 sessões em 10 horas de programação, com a presença de 61 palestrantes. Falaram nomes como Aline Odara (Idealizadora e Diretora Executiva do Fundo Agbara), Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau), Cida Bento (Co-Fundadora e Conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), Cristiane Sultani (Fundadora do Instituto Beja), Giuliana Ortega (Diretora de Sustentabilidade da RD – Raia Drogasil), José Luiz Egydio Setúbal (Presidente e Instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal), Luana Génot (Fundadora e Diretora Executiva do Instituto Identidades do Brasil), Mariana Moura (Presidente do Conselho de família da Baterias Moura), Renata Piazzon (Diretora geral do Instituto Arapyaú), Sergio Fausto (Diretor geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso), Tarcila Ursini (Conselheria de empresas e Copresidente do Conselho do Sistema B) e Ticiana Rolim Queiroz (Fundadora e presidente da Somos Um), além de convidados internacionais como Grace Maingi (Diretora Executiva da Kenya Community Development Foundation), Marijana Sevic (Chefe de Parcerias Estratégicas Internacionais na CAF) e Philip Yun (Co-presidente e co-CEO do CCWA e do Global Philanthropy Forum).

Depois de uma abertura impactante com dançarinas da CC Inter, a mesa de abertura ‘Filantropia desatando os nós do mundo’ logo de cara deu o tom do evento, que ao longo da programação trouxe diferentes olhares para a necessidade de ações colaborativas e plurais no Investimento Social Privado para o enfrentamento de nossos desafios socioambientais.

Em seguida, na plenária ‘Tecendo respostas coletivas para desafios sistêmicos’, foi discutido como podemos finalmente avançar com nossos desafios, de maneira coletiva, a partir da perspectiva de diferentes tipos de organizações.

Depois foi a hora de exibir o trailer do documentário DOAR. O filme com direção de Sérgio Rizzo, apresenta histórias que tiveram sua vida transformada pela cultura de doação. Confira.

A programação teve ainda a participação dos vencedores de 2023 do ‘Prêmio Empreendedor Social’ da Folha de S.Paulo e Fundação Schwab, que puderam apresentar suas iniciativas e propósitos de atuação. O painel contou com a moderação de Eliane Trindade, editora do Prêmio.

Em seguida, a mesa ‘Emergência e Resiliência: filantropia fortalecendo comunidades’ abordou a iminente crise climática e sanitária, discutindo como os fundos de emergência e as doações podem amenizar e antever possíveis desastres.

Outro tema de debate no Fórum 2024 foi a importância da produção e uso de dados na orientação e influencia de boas decisões, mesmo que isso também represente um enorme desafio. A temática foi abordada na sessão ‘Costurando Estratégias: dados como matéria-prima’.

Encerrando a programação da manhã, os convidados participaram de um coquetel que contou com uma sessão de autógrafos do livro ‘Filantropia de Risco: do desenvolvimento científico ao desenvolvimento sustentável’ com Marcos Kisil, fundador do IDIS. O momento foi seguido de um almoço temático: cada mesa tinha um anfitrião, que propunha um tema de conversa. Os participantes puderam escolher entre 18 opções e aprofundar as reflexões sobre as mais diversas questões.

Após o almoço, foi hora de celebrar! Em 2024, o IDIS completa 25 anos e, para marcar essa data especial, lançamos a campanha ‘Investimento Social é Coisa de Gente’. Para animar o Fórum, os repentistas Peneira e Sonhador abriram a festa, seguidos por discursos de Marcos Kisil, Luiz Sorge (presidente do Conselho do IDIS) e Paula Fabiani (CEO do IDIS). Além da sessão comemorativa, durante todo o evento, um totem de fotos temáticas e um varal interativo estavam disponíveis para os participantes.

A entrevista tradicional ‘Em conversa com…’ foi com Cristiane Sultani, fundadora do Instituto Beja; Ticiana Rolim, fundadora e presidente da Somos Um; e Marlene Engelhorn, cofundadora do movimento em prol da taxação de grandes fortunas Taxmenow, que participou por vídeo. A discussão abordou os desafios relacionados à concentração de recursos e ao poder decisório nas mãos de poucos, refletindo sobre como podemos garantir que mais vozes sejam ouvidas.

A mesa ‘Filantropia Familiar: o poder da influência’, por sua vez, discutiu a capacidade diferenciada da filantropia familiar de inspirar e mobilizar mais recursos para atender às demandas sociais.

No painel ‘Tecnologia como geradora de transformações sociais’, os painelistas conversaram cobre como a revolução tecnológica abriu novas oportunidades para potencializar ações filantrópicas e ampliar o impacto de iniciativas sociais, criando espaços para novas reflexões e estratégias.

O Fórum continuou com uma sessão especial de lançamento oficial do Compromisso 1%. Criado para fortalecer a filantropia corporativa no país, o Compromisso engaja empresas de diferentes portes e segmentos, que já doam ou que se comprometem a doar, em até 2 anos, 1% de seu lucro líquido anual para organizações da sociedade civil ou causas de interesse público. A iniciativa é do IDIS e Instituto MOL.

Embalados pelo chamado, a mesa seguinte, ‘Os nós do S na agenda ESG’ trouxe a perspectiva corporativa sobre o tema. Em um cenário em que a agenda ESG avança com velocidade, é importante que as empresas busquem atuar no Investimento Social Privado orientadas por visão de longo prazo e com clareza das contribuições do ISP para sua estratégia de sustentabilidade.

Fechando a programação do dia, na plenária de encerramento ‘Entrelaçando vidas, tecendo o futuro’, nossos convidados, lideranças de destaque em seus setores e países, reforçaram a colaboração entre diferentes atores e diferentes perspectivas para promover um futuro mais justo e próspero.

Veja as fotos da 13° edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais

“Concluímos este evento mais uma vez com muitas importantes reflexões. São muitos os nós e os desafios, mas o que ouvimos hoje demonstra que temos o que é necessário para enfrentar os que precisam ser enfrentados, e fortalecer os que precisam ter vida longa! Temos conhecimento, bons exemplos, coragem e uns aos outros”, comentou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

Confira a gravação do evento na íntegra:

 

REALIZAÇÃO E APOIO

A realização é do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e apoio master do Movimento Bem Maior; apoio prata da RD Saúde; e apoio bronze da Fundação Grupo Volkswagen, Fundação Itaú, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Aegea Saneamento, Instituto Sicoob e Mott Foundation. A UNICEF Brasil é apoiadora institucional do evento e a Alliance magazine é nossa parceira de mídia.

Neste ano, o fórum terá novamente a Alliance Magazine como parceiro de mídia. Sediada na Inglaterra, a maior revista de filantropia do mundo fará a cobertura do evento e transmitirá em inglês ao vivo em seu canal do Youtube.

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

 

Entrelaçando vidas, tecendo o futuro

Por Aline Herrera, analista de projetos do IDIS

Tem um lugar para todos na mesa para promover a mudança social. Foi assim que Julia Brindisi, chefe de Investimentos Filantrópicos para a América do Tony Blair Institute for Global Change (TBI), deu o tom para mesa de encerramento do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2024.

Dando o arremate final nos nós que uniram o evento, o painel final discutiu a colaboração entre diferentes atores e diferentes perspectivas para promover um futuro mais justo e próspero. As convidadas, Grace Maingi, Diretora Executiva da Kenya Community Development Foudation (KCDF); Cláudia Soares Baré, Diretora Executiva do Fundo Podaáli; e a já citada Julia Brindisi, apresentaram diferentes perspectivas e ferramentas que, amarradas, são capazes de potencializar umas as outras.

 

Veja a sessão completa em:

 

Governos, comunidades, indivíduos, organizações filantrópicas e populações originárias podem (e devem!) trabalhar juntos para tecer um futuro melhor. A articulação intersetorial foi destacada como elemento chave para a redução das desigualdades e a promoção da justiça social. Para Claudia Baré, a responsabilidade de um desenvolvimento do bem viver é uma responsabilidade de todos nós:

“Nós não estamos tendo o nosso bem viver. E o bem viver não é viver bem somente, o bem viver é fazer com que todos nós, independente de ser povos indígenas, extrativistas, quilombolas ou não indígenas, que todos nós possamos ter uma qualidade de vida para que a gente possa fazer com que todos tenhamos um ar que possamos respirar com qualidade. Mas todas essas responsabilidades são colocadas, são depositadas nos povos indígenas, aos povos indígenas, por conta das florestas, por conta da própria Amazônia, onde nós estamos inseridos. E eu gostaria muito de colocar para vocês que não é uma responsabilidade somente dos povos indígenas, é responsabilidade de todos nós: povos indígenas, os próprios representantes das empresas, das organizações que estão aqui, de todos os cidadãos e principalmente do governo, porque nosso governo brasileiro ele tem sim o dever de garantir nossos direitos que estão ali”, disse Claudia.

Com a filantropia, não é diferente: o espírito de comunidade nos impulsiona a fortalecer juntos um ecossistema que cuida uns dos outros. Grace Maingi afirmou durante a sessão que “a verdadeira filantropia é aquela capaz de promover mudança sistêmica”. Para ela, a filantropia precisa falar a língua das comunidades e se integrar confortavelmente na realidade local, servindo como instrumento de mobilização. Assim, o investimento social pode apoiar pessoas e comunidades para que sejam protagonistas de seus próprios futuros.

Para além de conhecer o trabalho das três organizações presentes, o público do painel de encerramento pôde perceber como o entrelace para uma construção de um futuro melhor passa não só pela colaboração entre diferentes grupos, mas também pela combinação de diferentes ferramentas. Se por um lado o TBI investe em tecnologias avançadas e inteligência artificial para alcançar a equidade, o Fundo Podaáli valoriza os saberes dos povos originários, e a KCDF foca nas comunidades com o mesmo objetivo. Ainda que pareçam abordagens completamente difusas, reuni-las permite aliar inovação e sabedoria ancestral, criando novas perspectivas de desenvolvimento capazes de reinventar relações.

“Em termos do futuro da filantropia, eu acho que é importante nós reconhecermos que a tecnologia vai ser central à inovação. Então, pessoas jovens, o jeito que nós definimos a filantropia tem que fazer sentido para as pessoas que estão trabalhando e vivendo com comunidades, isso não pode ser definido a partir de uma lente de fora, isso precisa ser realmente entendido. Eu acredito muito que somos todos filantropos, de uma forma ou de outra, nós não precisamos ter grandes somas de dinheiro para ser filantropos, tem a ver com dar esperança.

A generosidade não é igual a riqueza que nós temos nos nossos bolsos, mas sim com a riqueza do seu coração, então se você for generoso da sua alma, pode compartilhar. O futuro da filantropia realmente precisa ver uma mudança no sistema. Precisamos ver essas barreiras sistêmicas, senão, vamos continuar naquela ‘roda do hamster’. Se nós não endereçarmos a desigualdade dentro da filantropia estamos simplesmente permitindo que um sistema que não está vendo os desafios do mundo continue, comenta Grace Maingi.

Seja estimulando governos, comunidades ou povos originários, a filantropia mostra seu potencial como ferramenta capaz de gerar transformações sistêmicas. É construindo um modelo de filantropia inclusiva, colaborativa e sensível às realidades locais – temas centrais do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024 – que, juntos, transformamos realidades e desatamos os nós de desigualdade do mundo.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Os nós do S na agenda ESG

Por Gabriel Bianco, gerente de projetos do IDIS

No Brasil, o pilar social (o ‘S’ do ESG) tem ganhado destaque, sendo apontado como prioridade por 72% dos respondentes da pesquisa Panorama ESG 2024, realizada pela Amcham e Humanizadas. A pesquisa abrangeu empresas de médio e grande porte, que juntas somam R$ 756 bilhões em faturamento e empregam 651 mil pessoas, representando 69% da amostra.

Esse foco crescente no pilar social reflete sua importância tanto na mitigação de riscos quanto na criação de vantagens competitivas. Um dos principais componentes dessa agenda é o investimento social privado (ISP), que se revela fundamental para gerar valor e fortalecer os laços com stakeholders. A pesquisa ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG’, conduzida pelo IDIS, reforça essa conexão, ao mostrar que o ISP está entre os dez fatores mais correlacionados com as notas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) de 2022-2024. Esse dado evidencia que empresas com um desempenho sólido em ISP tendem a se destacar no campo da sustentabilidade, especialmente no aspecto social.

Nesse contexto, foi realizado o painel ‘Os nós do S na agenda ESG’ durante o Fórum Brasileiro de Investidores e Filantropos Sociais  2024. O debate abordou temas de relevância para a evolução das práticas sociais nas empresas, contando com a participação de Luciana Morelli, diretora do Office of Equality da Salesforce para América Latina; Liane Freire, fundadora e CEO do Blend Group Brasil; Mônica Gregori, COO do Pacto Global Brasil; e foi moderada por Tarcila Ursini, conselheira de empresas e co-presidente do Sistema B.

 

Veja a sessão completa em:

 

Ursini abriu o debate com a seguinte pergunta aos palestrantes: “Como podemos colocar as pessoas e a sociedade no centro das decisões empresariais? Cada palestrante trouxe sua perspectiva sobre como suas organizações estão enfrentando os desafios sociais e promovendo mudanças estruturais, dentro e fora das empresas, por meio da filantropia corporativa e sua integração na agenda ESG.

Luciana Morelli destacou a importância do programa Pledge 1% da Salesforce – uma empresa líder no setor de tecnologia, especializada em ferramentas de CRM e Cloud. Nesse programa, 1% do lucro, do tempo dos colaboradores e dos produtos e serviços são doados para causas socioambientais. Segundo Luciana, esse compromisso é parte fundamental da cultura organizacional da Salesforce e se reflete em ações concretas como voluntariado e doações. Globalmente, já foram doados 730 milhões de dólares por meio do Pledge 1%, com 19 mil empresas signatárias deste modelo de compromisso criado pela Salesforce. Inspirado no Pledge 1%, o IDIS e o Instituto MOL lançaram recentemente o Compromisso 1%.

No Brasil, em dez anos de operação, a Salesforce já doou mais de 60 mil horas de trabalho voluntário e um volume significativo de recursos financeiros para OSCs, incluindo iniciativas de combate à fome, ações humanitárias, promoção da saúde e reflorestamento. Luciana também destacou a responsabilidade social das empresas de tecnologia frente aos rápidos avanços da Inteligência Artificial:

“Como a gente tem certeza de que estamos usando uma linguagem inclusiva em nossos serviços? Para isso, utilizamos nossos próprios grupos de afinidade com pessoas diversas para nos verificarem a acessibilidade e inclusão. Além disso, como diminuir o desemprego estrutural e a falta de conhecimento de pessoas que estão ficando para trás com os avanços da IA? Estamos em um momento de intensas discussões sobre como avançar com esta tecnologia com um olhar de negócio, mas mantendo práticas responsáveis em relação às questões sociais envolvidas nas consequências da IA”.

Luciana também ressaltou os benefícios de atuar com responsabilidade social, diversidade e uma visão de longo prazo, destacando o potencial de justiça social e redução de desigualdades por meio de ações de Diversidade e Inclusão (D&I). Ela trouxe uma declaração de Marc Benioff, fundador da Salesforce: “A empresa não irá tirar o pé do acelerador em ações de D&I”, enfatizando o compromisso da empresa em seguir firme nessa agenda, mesmo diante de um cenário de cortes em departamentos de D&I no setor de tecnologia.

Como mensagem final, Luciana reforçou que, para destravar os ’nós’ do pilar social na agenda ESG, as empresas devem primeiro entender os impactos negativos gerados internamente – seja nos colaboradores, na sociedade ou no meio ambiente – e, em seguida, desenvolver estratégias baseadas em dados e metas. Ela citou o exemplo do compromisso Pledge 1%, que assegura recursos no médio prazo para ações socioambientais, que devem ser mensuradas e, se necessário, ajustadas ao longo do tempo.

Liane Freire, com sua vasta experiência no desenho de projetos de impacto sistêmico intersetoriais, trouxe ao debate três aspectos fundamentais a serem considerados na agenda social: filantropia, finanças e liderança.

Primeiramente, destacou a natureza do recurso filantrópico e suas características. Liberdade, autonomia e rapidez são vantagens do recurso filantrópico, que pode ser utilizado para enfrentar situações emergenciais, calamidades públicas ou mitigar impactos negativos das operações das empresas. Inovação, propósito e legado também são vistos como diferenciais do ISP, uma vez que sua lógica de aplicação deve dialogar com os objetivos estratégicos da empresa, agendas público-privadas e demonstrar resultados ao avaliar o impacto das ações.

Sobre finanças, Liane ressaltou que as soluções de blended finance (finanças mistas) são essenciais para criar escala e resultados de longo prazo. Essa abordagem combina diferentes formas de capital – como filantrópico e comercial – para alavancar investimentos em causas sociais e ambientais. No Brasil, a necessidade de financiamento de projetos de impacto é grande, e o capital garantidor é um dos principais obstáculos para o avanço dessa agenda. Liane apontou que o recurso filantrópico de bancos de desenvolvimento, como o BNDES, é importante para superar essa barreira. Em relação à liderança, ela destacou:

“Para realizar um projeto de sucesso, o que viabiliza o arranjo de complementariedade de recursos é cada um saber o seu lugar, são pessoas, lideranças, que já enxergam a possibilidade de composição de solução de financiamento com outros atores. E digo mais: o Brasil está liderando a pauta de Blended Finance no mundo”.

Mônica Gregori, por sua vez, destacou o crescimento da rede do Pacto Global no Brasil, que hoje é a segunda maior do mundo, com mais de duas mil empresas signatárias e adesão crescente. Por meio dos quatro pilares de atuação do Pacto Global – direitos humanos, meio ambiente, anticorrupção e trabalho – as empresas podem assumir compromissos públicos e participar de 10 movimentos e plataformas de ação, atuando de forma planejada e colaborativa.

Mônica afirmou a importância de as empresas criarem ações eficazes para atingir as metas socioambientais até 2030, contando com o Pacto Global para orientá-las nesses esforços. Ao ser questionada sobre o maior desafio da agenda social, Mônica respondeu:

“Existem muitos nós ainda na agenda ESG, mas diria que nosso maior desafio hoje é como engajar as cadeias de valor nos mesmos compromissos. As empresas por si só são catalisadoras de mudanças ao engajar parceiros em todos os elos da cadeia produtiva. Eu vejo que existe uma grande inquietação das empresas hoje em aprender juntas sobre melhores práticas e como combinar esforços para avançar.”

Em sua fala final, Mônica enfatizou a necessidade de as empresas atuarem com coerência e consistência ao assumirem compromissos ESG, destacando que esses compromissos devem ser incorporados à estratégia central dos negócios e não apenas tratados como iniciativas secundárias. O Pacto Global oferece ferramentas e capacitações, garantindo que ninguém fique para trás na jornada ESG.

O painel concluiu com uma reflexão sobre os principais desafios que ainda precisam ser superados para que o pilar social da agenda ESG avance de forma eficaz no Brasil. Entre os desafios mencionados, destacaram-se a necessidade de maior engajamento das lideranças empresariais por meio de mecanismos de remuneração para acelerar as metas de sustentabilidade, além do fortalecimento da colaboração entre os setores público, privado e filantrópico. As palestrantes também enfatizaram a importância de continuar inovando e ousando, mesmo em tempos de incerteza, para garantir um futuro mais justo e inclusivo.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

O poder da tecnologia no terceiro setor: novos caminhos para a transformação social

Por Ana Paula Otani, analista de projetos no IDIS

 

Nos últimos anos, o avanço da inteligência artificial acrescentou novas camadas de complexidade ao cenário tecnológico, transformando a forma como diversos setores e organizações operam. No terceiro setor, não foi diferente. A revolução tecnológica abriu novas oportunidades para potencializar ações filantrópicas e ampliar o impacto de iniciativas sociais, criando espaços para novas reflexões e estratégias.

Esse tema foi discutido por Luana Genot, fundadora do ID_BR; Daniel Paixão, fundador do Hub Periférico; e Beatriz Johannpeter, diretora do Instituto Helda Gerdau, na sessão ‘Tecnologia como Geradora de Transformações Sociais’, mediada por Alex Pinheiro, cofundador e CEO da Ecossistema SQUARE, durante a 13ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais.

 

Veja a sessão completa em:

 

Fundado em 2016, o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) dedica-se à promoção da equidade racial por meio da implementação de políticas e iniciativas de diversidade e inclusão em empresas, além de ofertar consultoria, treinamentos e desenvolver campanhas focadas no letramento racial e na educação antirracista para instituições públicas, privadas e a sociedade em geral.

Recentemente, com o intuito de ampliar o debate sobre raça e inclusão, a organização lançou a Deb, uma inteligência artificial generativa especialista em inclusão, que permite que qualquer pessoa possa tirar dúvidas sobre a temática a qualquer momento e sem medo de julgamentos.

“Nos últimos anos a gente veio percebendo que muitas pessoas tinham dúvidas muito pessoais [sobre a temática racial], mas nem sempre conseguiam externar isso numa mesa ampla como essa por sentir medo de ser cancelado, de virar chacota, e ter uma exposição negativa. Então, vendo essa possibilidade de escalar esse debate de uma forma personalizada, a gente lançou a Deb”, disse Luana.

Hoje, com mais de 15 mil seguidores no Instagram, a Deb não só ampliou o alcance do debate racial, engajando novas audiências, como também abriu portas para o ID_BR em espaços anteriormente pouco acessíveis.

 “Estive na Patagônia falando sobre a Deb, e estou indo para Tóquio…Com a tecnologia, nós conseguimos chegar em espaços onde, só por sermos enquadrados como ‘diversidade, equidade e inclusão’, a gente não conseguia chegar. A tecnologia tem sido um potencializador para a gente furar a bolha e levar um debate tão importante para o Brasil e para o mundo.”

No entanto, à medida que a tecnologia avança, fica a questão: em que medida essas inovações chegam a territórios vulnerabilizados, onde o acesso à educação e à inclusão digital é limitado? Foi a partir desses questionamentos que Daniel Paixão, um jovem recifense de 23 anos, fundou o Hub Periférico.

“Somos um grupo, um coletivo, uma startup, um ecossistema de pessoas negras e periféricas que unem suas capacidades, suas potencias e talentos para desenvolver tecnologias que impactem nossa realidade, para que juntos possamos criar cada vez mais uma revolução em Pernambuco, no Nordeste, e no Brasil”, conta.

Mesmo estando próximo a um dos maiores parques tecnológicos da América Latina, o Porto Digital, Daniel e seus amigos perceberam que a periferia permanecia à margem dessas oportunidades. Com a união de diferentes personalidades negras e periféricas de Pernambuco, o Hub Periférico vem atuando no incentivo ao desenvolvimento de soluções tecnológicas no Nordeste do Brasil, especialmente no que se refere à inclusão produtiva no setor tecnológico e às mudanças climáticas.

Daniel destacou ainda que o Hub Periférico enxerga a tecnologia de forma ampla, indo além de sua definição tradicional. A organização valoriza e incentiva o desenvolvimento das chamadas tecnologias originárias — soluções inovadoras criadas pelas próprias comunidades, baseadas em suas vivências e necessidades, e que não dependem necessariamente de uma estrutura digital.

Beatriz Johannpeter, diretora do Instituto Helda Gerdau, trouxe para o debate a perspectiva e o papel dos investidores sociais no fortalecimento dessas iniciativas. O instituto tem atuado no apoio a empreendedores periféricos, investindo recursos filantrópicos para impulsionar seus negócios.

Beatriz ressaltou o impacto positivo que a tecnologia pode gerar quando pensada de forma estratégica para o desenvolvimento social, compartilhando sua experiência com o Fundo Regenera RS – fundo filantrópico emergencial lançado para apoiar projetos de reconstrução do Rio Grande do Sul.

“Na época das chuvas, diversos negócios adaptaram suas plataformas de forma imediata para oferecer serviços, inclusive de apoio público como, por exemplo, conectar voluntários a abrigos, e oferecer apoio a saúde mental dos professores. É impressionante como a tecnologia pode ser utilizada em prol do social de tantas maneiras. As oportunidades são imensas, nós temos uma verdadeira mina de ouro à nossa disposição”, falou.

 

Tecnologia e justiça social

A tecnologia tem se mostrado uma ferramenta poderosa para o terceiro setor, no entanto, é importante que essas inovações não fiquem restritas a grupos privilegiados.

“Muitas oportunidades ainda vão surgir com grande potencial de gerar ainda mais inclusão social. Convoco os filantropos a pensarem quais são as inúmeras oportunidades que a gente pode apoiar, com recurso filantrópico, com capacitação, trazendo luz para essas iniciativas”, concluiu Beatriz.

A revolução tecnológica não pode ser apenas sobre avanços técnicos; ela precisa ser sobre pessoas. A tecnologia pode ser a força para a promoção de novos caminhos para a transformação social, mas seu verdadeiro impacto depende de um esforço coletivo. Cabe a cada um de nós – como sociedade, filantropos e líderes – garantir que as inovações tecnológicas não apenas cheguem às comunidades mais vulneráveis, mas também sejam utilizadas para fortalecer seus talentos e vozes. Somente assim, a tecnologia deixará de ser apenas uma ferramenta de inovação para se tornar uma aliada da justiça social.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Influência e impacto: o papel estratégico da filantropia familiar

Por Juliana Santos Oliveira, analista de projetos no IDIS

Que a filantropia familiar possui um grande potencial de impacto ao alcançar distintos territórios, operando de forma ágil e desburocratizada, não é segredo. O ponto é que, para além de tudo isso, a filantropia familiar também possui uma capacidade diferenciada de inspirar e mobilizar mais recursos para atender às demandas sociais.

No 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais do IDIS, filantropos experientes discutiram o poder da influência da Filantropia Familiar e a sua possibilidade em superar obstáculos complexos – ou, em outras palavras, seu potencial de ’desatar nós‘.

 

Veja também a sessão completa:

 

José Luiz Egydio Setúbal (Presidente e instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal) iniciou a discussão destacando que o investimento social é, por natureza, um investimento de risco, que demanda planejamento e ousadia. Nesse sentido, a criação da Fundação que carrega o seu nome foi resultado de sua inquietação com a ausência de uma mobilização social dedicada à promoção do acesso à saúde infantil. Após anos de atuação como médico, José Luiz decidiu adquirir um hospital com o objetivo de destinar parte dos lucros para causas sociais.

“Eu conversei com os meus filhos, que eram adolescentes na época, e falei ‘olha, eu vou pegar uma parte aqui da minha fortuna e vou dedicar para a filantropia’. (…) Foi um investimento de risco: fazer um hospital pediátrico é um investimento de risco. Só que esse hospital deu muito sucesso, esse hospital instituiu a Fundação, foi o capital inicial, e todo o resultado dele vai para o endowment dessa fundação”, conta.

Na sequência, Mariana Moura (Presidente do Conselho de Família da Baterias Moura), apresentou um contraste de trajetórias ao relatar que a criação do Instituto Conceição Moura foi uma forma de consolidar, de maneira estratégica, a prática filantrópica que seus avós iniciaram há mais de três décadas.

Operando há 10 anos com o desenvolvimento de jovens de Belo Jardim, um território de 70 mil habitantes a 180 km de Recife, Mariana destacou a importância de trabalhar junto ao poder local para expansão do impacto – mesmo que este seja um ’nó‘ difícil de desatar como filantropa.

“Temos um trabalho muito próximo à educação do município. Esse é um dos nós, um dos grandes nós (…) Essa proximidade com o poder público tem um poder muito grande de escalar, de gerar impacto, mas também implica em algumas dificuldades ao longo desse caminho”.

Dando continuidade à conversa, Rodrigo Pipponzi (Fundador e Presidente do Conselho do Instituto ACP e Cofundador da MOL Impacto) compartilhou sua jornada de reconhecer os seus privilégios e transformá-los em uma mola propulsora de geração de impacto social positivo, intervindo para reduzir as desigualdades que o inquietavam profundamente.

“Desde cedo eu cresci nesse contexto, de ver uma família prosperando dentro do varejo farmacêutico, mas sempre com uma postura rebelde de que aquilo não me pertencia (…) Muito anos depois eu fui perceber que aquilo era um grande ativo que eu tinha a minha disposição para poder influenciar e de alguma forma de poder promover impacto positivo”, diz.

A partir do engajamento de Rodrigo, a família Pipponzi passou a se engajar com filantropia, culminando na criação do Instituto ACP, que fortalece institucionalmente organizações sociais. Ao unir os esforços da família, da empresa e do Instituto, Rodrigo encontrou uma oportunidade de impulsionar o impacto social.

“A gente começa a entender a força que a gente tem de poder criar pontos, de conectar essa pontas e aí sim começar a pensar em como desatar os nós de forma estrutural, sistemática e não só ficar enxugando gelo (…) Aos poucos a gente vai entendendo como encontrar e como usar todos os capitais que a gente tem”.

Nalva Moura (Líder do Coletivo Pacto das Pretas do Pacto de Promoção da Equidade Racial), mediadora da mesa, reforçou os tópicos apresentados pelos palestrantes, ressaltando que, embora seja desafiador para as organizações acolherem filantropos inseridos em contextos tão distintos, uma vez que esse ‘nó’ é desatado o potencial de alcance e de impacto é ampliado. “Eu tive a oportunidade de receber uma conexão aqui, uma ajuda ali. A filantropia tem esse lugar estratégico”

Durante a interação com o público, lideranças comunitárias presentes no Fórum levantaram questões sobre as relações entre organizações que atuam em comunidades e os filantropos.

Nesse sentido, Rodrigo Pipponzi sugeriu que o primeiro passo para os filantropos é se engajarem efetivamente com organizações situadas em territórios periféricos, oferecendo não apenas recursos financeiros, mas também utilizando o conhecimento local para atender melhor às demandas sociais.

“A gente resolveu apoiar organizações territoriais periféricas e eu costumo dizer que isso mudou completamente a vida da nossa organização (…) Teve uma das organizações que a gente apoiou, o Instituto Baixada Maranhense, que tem uma liderança que é a Diane, (…) [com ela] a gente aprendeu muito sobre como fazer juntos e o primeiro movimento depois de fazer essa parceria foi convidá-la para o nosso Conselho. Diane hoje é conselheira da nossa organização.”

O compromisso de assegurar que os recursos cheguem às organizações locais tem sido uma prioridade do IDIS desde 2018, que junto a Charles Stewart Mott Foundation estruturou um programa de desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil. O Programa Transformando Territórios fomenta a criação organizações comunitárias que captam e gerenciam recursos para aquelas que atuam diretamente nas comunidades.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Escuta e colaboração: criando mudanças sistêmicas com Cristiane Sultani, Ticiana Rolim e Marlene Engelhorn

Por Joana Noffs, analista de projetos no IDIS

Histórias de vida traçam caminhos que, por meio da experiência, podem nos ajudar a enfrentar desafios coletivos complexos. Quando o assunto é filantropia, um dos nós enfrentados é a concentração de recursos e do poder decisório nas mãos de poucos. Como fazer com que mais vozes sejam ouvidas? Quem doa deve falar sobre a prática da filantropia?

Essas foram algumas das questões que permearam a sessão ‘Em conversa com…’ no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2024. Paula Fabiani, CEO do IDIS, convidou três mulheres cujas práticas filantrópicas têm sido destaques em termos de inovação e colaboração para compartilharem um pouco de suas trajetórias: Cristiane Sultani, fundadora do Instituto Beja; Ticiana Rolim, fundadora e presidente da Somos Um; e Marlene Engelhorn, cofundadora do movimento em prol da taxação de grandes fortunas Taxmenow, que participou por vídeo.

A conversa iniciou com o depoimento de Marlene, que trouxe provocações que ajudaram a delinear a pauta debatida. Herdeira de uma fortuna multimilionária, a jovem austríaca optou por doar a maior porção do dinheiro que recebeu na “loteria do nascimento”. A decisão surgiu após ela se questionar como poderia redistribuir sua herança, uma vez que, de acordo com a legislação de seu país, o montante não foi taxado – o que, em seu ponto de vista, seria, por si só, um modo mais democrático e transparente de proceder. A solução encontrada foi a criação de um conselho participativo de 50 pessoas, escolhidas de modo aleatório e de acordo com critérios de representatividade, que destinou mais de 25 milhões de euros a causas escolhidas em deliberação coletiva.

 

Veja o depoimento completo de Marlene

 

Em sua fala, Marlene ressaltou a necessidade de promover mudanças de longo prazo para que as pessoas beneficiadas por doações deixem de depender dos detentores de poder e riquezas para estabelecer um processo decisório participativo na alocação de recursos.

“Pedir às pessoas que são afetadas pela decisão que eu tomo para que elas próprias tomem a decisão. (…) Nós não temos que permanecer filantropos clássicos. Podemos redistribuir o poder. Podemos recuar como detentores de riqueza, aprender a ouvir e nos tornar um entre muitos, como deveria ser em uma democracia”, afirma.

Reforçando a importância de atuar em conjunto e ouvir diferente atores, Cristiane Sultani contou que, em sua trajetória na filantropia, o encontro com pessoas, a escuta e a colaboração foram aspectos-chave que transformaram sua jornada no setor. Desde que fundou o Instituto Beja, em 2021, tem buscado “filantropar”, como gosta de dizer, de modo estratégico e colaborativo, embora reconheça que nem sempre foi capaz de fazê-lo.

O processo de ouvir as demandas do setor, investigar tendências da filantropia global e se inspirar em casos de sucesso a auxiliou em seu processo. Optei por apoiar o próprio ecossistema da filantropia por uma mudança de mindset”, conta;  

 

Cristiane utiliza também seu tempo, influência e habilidades para apoiar ações de advocacy que favoreçam o ambiente regulatório para a filantropia no Brasil, além de apoiar causas como justiça racial e climática. Ela aponta que a escuta durante a articulação com diferentes atores é um elemento central para o desenvolvimento de confiança. Um exemplo é a proximidade com o setor público.

Para Ticiana, a transição de um cargo na empresa da família para a filantropia foi marcado por um inconformismo sempre presente com em relação às desigualdades sociais e com o lugar que ocupava. Me fiz essa pergunta corajosa: qual o meu papel no mundo? O que fazer com esses privilégios? Como vou ser instrumento? Como vou colocar isso à serviço da sociedade?. Influenciada pelo economista e ganhador do Nobel da Paz, Muhammad Yunus, ela optou pelo empreendedorismo social como forma de combater a pobreza, fundando a Somos Um, uma articuladora de negócios de impacto. A escolha também levou em consideração o potencial de inúmeros projetos já existentes, tendo como foco a colaboração.

“Nada sobre nós sem nós”. Esse é um lema dos movimentos que lutam pelos direitos da pessoa com deficiência, que Ticiana usa para ilustrar a importância de incluir aqueles afetados pelas decisões na co-criação de soluções e na atuação conjunta, visando também o ganho de escala do impacto. “A gente desse lugar de privilégio por vezes chega na periferia, ou em algum trabalho desse, cheio de certezas. E eu hoje digo que é arrogância e ignorância de nossa parte.”

Outro desafio que Ticiana, cearense, se impôs foi, por um lado, trazer o Nordeste para o centro do debate filantrópico e, por outro, trazer o debate sobre uma filantropia sistêmica para o Nordeste.

“Eu entendi que eu posso ser ponte, de inspirar pessoas no Nordeste, que o nível de desigualdade é muito alto, e que elas não estão se perguntando por isso. Elas estão fazendo a caridade que é importante, que é urgente, que é necessária, mas ela não vai resolver o problema social porque não leva justiça social, e aí a gente mantém esse lugar de poder, que não é o ideal, que a gente quer exatamente mudar e deixar as pessoas livres, com poder de escolha”.

Ticiana cofundou o Zunne, que impulsiona negócios de impacto social no Norte e no Nordeste, em conjunto com a TRÊ e a Yunnus Negócios Sociais Brasil.

 

Assista a sessão na íntegra

 

Além de ser fundamental ouvir aqueles afetados pelas decisões, falar sobre filantropia de maneira aberta e acessível também foi um aspecto considerado relevante. Ticiana destaca seu papel em inspirar e mobilizar pessoas ao compartilhar suas experiências e iniciativas. Já Cristiane trouxe a importância de discutir abertamente questões como a equidade racial, promovendo narrativas transparentes para engajar mais pessoas nas causas que abraça. Marlene, assertiva em seus posicionamentos, é uma das figuras que coloca em evidência no debate público críticas aos modelos distributivos que agravam e sustentam desigualdades de renda, mas também ambientais, de gênero e de raça. As histórias das três filantropas evidenciam a necessidade de co-criação, participação e colaboração para produzir mudanças duradouras.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Costurando estratégias: dados como matéria prima

Por Ana Beatriz, analista de projetos do IDIS

A produção e o uso de dados são fundamentais para orientar e influenciar boas decisões, ao mesmo tempo em quem representam um enorme desafio, especialmente quando falamos sobre impacto social. Para fomentar esse debate na 13° edição do Fórum e Filantropos e Investidores Sociais, a mesa ‘Costurando estratégias: dados como matéria prima’ moderada por Denise Carvalho, Gerente Sênior de Monitoramento e Avaliação no IDIS, uniu representantes de uma fundação privada, de um fundo socioambiental e de um organismo internacional. Eles relataram suas experiências, compartilharam inovações, e levantaram debates de pontos críticos da área.

 

Veja a sessão completa em:

 

“Os dados quando trazem evidências, e as decisões são tomadas com base na informação, faz uma diferença importante na vida das pessoas”, afirmou Liliana Chopitea, Chefe de Políticas Sociais da UNICEF Brasil, em sua fala inicial. Ao longo de sua participação, ela destaca importância desse debate, reforçando também o poder da atuação da filantropia e do setor privado na geração de evidências e compartilhamento de informações com a sociedade civil e o governo para orientar a tomada de decisões, desmistificando a centralidade do poder público na construção de políticas públicas.

Contribuindo com a perspectiva de uma fundação privado, Uéverson Melato, Business Partner de Investimento Social da Fundação ArcelorMittal, falou sobre a relevância dos dados no momento pré-intervenção para realizar o diagnóstico participativo dos territórios e ampliar o diálogo com a comunidade.

“Em um segundo momento, o monitoramento e a avaliação da intervenção operam como uma estrutura estratégica, além de ser uma ferramenta de projeto, promovendo um alinhamento entre o enfrentamento dos problemas sociais estruturais e a estratégia de negócio”, comenta.

Ampliando a diversidade de funções do uso de dados na transformação social, e evidenciando a importância da geração de evidências, Maria Amália Souza, fundadora e Diretora de Desenvolvimento Estratégico do Fundo Casa Socioambiental, apontou que os dados evidenciaram o nível de impacto de transformação que comunidades tradicionais podem ter na conservação de biomas, atestando a potencialidade do uso de dados na ‘democratização de acesso aos recursos filantrópicos para as comunidades indígenas’.

Os palestrantes também discutiram os desafios na coleta de dados e na geração de evidências, que vão desde questões de acesso, tempo e orçamento até a sensibilidade das temáticas e escolhas metodológicas. Eles destacaram a importância de uma boa comunicação de dados como uma estratégia essencial para a efetiva utilização da informação como orientadora de decisões. Denise contribuiu com essa questão ao aliar comunicação e metodologia: “As metodologias qualitativa e quantitativa juntas possibilita a comunicação e a construção das histórias, o dado quantitativo ele vem para demonstrar a evidência, mas para explicar os ‘comos’ e os porquês a gente precisa do qualitativo”.

Os diferentes atores presentes no painel revelaram a diversidade de oportunidades do uso de dados como matéria prima para a tomada de decisão, bem como a intersecção de diferentes áreas nos benefícios e desafios dessa empreitada. Fica evidente que a geração de informação, quando sucedida por uma comunicação efetiva, é capaz de impulsionar a transformação social e mudar a vida das pessoas.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Emergência e Resiliência: filantropia fortalecendo comunidades

Por Beatriz Barros, estagiária de projetos do IDIS

Investimento social é coisa de gente. Prevenção e cuidado também são coisas de gente. O 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, com o tema ‘Filantropia Entre Nós’, abordou na mesa ‘Emergência e Resiliência: filantropia fortalecendo comunidades’ a iminente crise climática e sanitária, discutindo como os fundos de emergência e as doações podem amenizar e antever possíveis desastres. A sessão contou com a presença de Giuliana Ortega (diretora de sustentabilidade da RaiaDrograsil), Karine Ruy (coordenadora geral da Fundação Gerações), Marijana Sevic (chefe de parcerias estratégicas internacionais da Charities Aid Foundation) e foi moderada por Vinicius Barrozo (analista de valor social na Globo e responsável pela plataforma de doações Para Quem Doar). 

Veja a sessão completa em:

 

A discussão sobre as recentes ações climáticas e sanitárias, além do crescimento de conflitos armados, evidenciam a urgência da criação de planos, estratégias e investimentos que sirvam para a prevenção de possíveis crises. Karine Ruy exemplificou a atuação da Fundação Gerações, organização participante do Programa Transformando Territórios, nas enchentes do Rio Grande do Sul, com a criação da linha emergencial do Fundo Comunitário Porto de Todos. Ela enfatizou a importância de ouvir as demandas da comunidade para a reconstrução e mitigação de riscos, como diz em sua fala: 

“Nós entendemos que o nosso papel, naquele momento, era de uma organização articuladora, fazendo pontes entre os atores do ecossistema que tinham essa capacidade operacional, mas, principalmente, identificando – a partir de uma escuta muito cuidadosa – quais eram as demandas das comunidades e territórios”, disse. 

Outro ponto relevante foi a atuação da Charities Aid Foundation (CAF) em países como Ucrânia e Marrocos, que enfrentaram emergências distintas: um conflito armado e outro por terremoto. Marijana Sevic comentou sobre a exigência das doações, nesses casos, serem rápidas e atingirem as demandas de forma eficaz e segura, atividade que a CAF tem expertise, atuando em mais de 170 países. 

A pandemia de COVID-19 também foi um dos destaques. Giuliana Ortega compartilhou as ações da RaiaDrogasil, que criou um fundo de investimento em parceria com o IDIS para oferecer infraestrutura a hospitais de pequeno e médio porte durante a pandemia, garantindo que essas estruturas se mantivessem após o fim da crise. A empresa também apoiou a vacinação em massa em municípios por meio do Unidos pela Vacina. Essas ações levaram a RaiaDrogasil a refletir sobre a doação de recursos próprios e a elaborar sua Teoria de Mudança, como destacou Giuliana: 

“A partir de 2021, por política, a gente passa a investir 1% do nosso lucro líquido em ações para a saúde, nas comunidades e na sociedade. […] Então, a gente ganhou esse recurso adicional para pensar e a gente resolveu fazer a nossa Teoria de Mudança porque o recurso estava aumentando. A gente ia canalizar esse esforço e o nosso objetivo principal era a promoção da saúde”.

 

Ainda nessa pauta, Vinicius Barrozo apresentou a plataforma Para Quem Doar, que teve uma relevante função na centralização e direcionamento de doações no período de pandemia e nas enchentes do Rio Grande do Sul. O aplicativo conecta doadores e organizações de forma simples e segura. Para incentivar a cultura da doação, foi anunciada a parceria entre Globo, IDIS e Instituto MOL na campanha do ‘Descubra sua Causa’, um teste inserido na plataforma Para Quem Doar que ajuda o doador a identificar áreas alinhadas com seus valores e convicções.  

No entanto, ainda existem reflexões que permanecem com ‘pontas soltas’ entre alguns nós, como a falta de engajamento em doações e o adiamento do planejamento e criação de linhas emergenciais para crises climáticas e sanitárias. É fundamental incentivar uma cultura de doação que vá além dos desastres; ter uma visão estratégica para o período de reconstrução a médio e longo prazo, quando a comoção inicial diminui e, consequentemente, o investimento; promover a diversificação de investimentos; e destacar o papel crucial da comunicação em emergências, anunciando de forma clara e cativante o propósito da doação. Esses caminhos podem ajudar a desatar algumas resistências e fortalecer propósitos e estratégias.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Tecendo respostas coletivas para desafios sistêmicos

Por Vitória Vivian, analista do administrativo-financeiro do IDIS

O mundo está mudando muito rápido, mas os problemas e os ‘nós’ são os mesmos há muitos séculos. Afinal, como podemos finalmente avançar com esses desafios, de maneira coletiva? Esse foi o questionamento central para a construção da sessão ‘Tecendo respostas coletivas para desafios sistêmicos’, realizada durante o 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. 

A mesa contou com a participação de Carla Reis (Chefe do Depto do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde da Área de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES); Luiz Edson Feltrim (Superintendente do Instituto Sicoob); e Sylvia Siqueira Campos (Oficial de Programas para Governança na América Latina e Caribe na Open Society Foundation; sob moderação de Carola Matarazzo (Diretora Executiva do Movimento Bem Maior).

 

Veja a sessão completa em:

 

Uma roda de conversa com organizações muito distintas: uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, uma cooperativa de crédito e uma fundação privada compartilhando suas experiências, novos arranjos e intencionalidades para melhorar a vida das pessoas. Ainda assim, todas muito semelhantes em suas finalidades.

Cada um desses atores possuem um papel relevante na filantropia brasileira e ocupam espaços complementares de atuação. O BNDES contribui para a mobilização de recursos destinados ao terceiro setor e projetos de impacto, como o Programa Juntos pela Saúde, gerido pelo IDIS. A iniciativa apoia e fortalece o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, com financiamento do BNDES e de doadores privados, a partir da metodologia de matchfunding. A abordagem multiplica o financiamento, os impactos e resultados dos projetos, com base nas necessidades locais de saúde, apoiando ações estruturantes que garantem a perenidade dos territórios e oferecem um atendimento de qualidade à população. Segundo Carla Reis, as instituições filantrópicas respondem por cerca de 60% de todo o atendimento da média e alta complexidade no SUS, reforçando o impacto que programas desta magnitude refletem na oferta de saúde de qualidade para todos.

Em consonância, o cooperativismo é sinônimo de construção coletiva, realizada por muitas mãos. No Instituto Sicoob, isso se concretiza a partir de três eixos de atuação: cooperativismo e empreendedorismo, desenvolvimento sustentável e cidadania financeira. As iniciativas promovem o desenvolvimento das comunidades e de lideranças locais, ao mesmo tempo que fortalece boas práticas de atuação, como o Monitoramento e Avaliação, conforme reforçou Luiz Edson Feltrim. “A avaliação qualitativa amplia a possibilidade de investimento nos programas, o que possibilita maior robustez e escalabilidade do programa e da metodologia para que seja aplicado em todo o país”.

Da mesma forma, fundações privadas e organizações da sociedade civil potencializam pessoas, políticas públicas e organizações por onde atuam, como a Open Society Foundations, que defende princípios democráticos, direitos humanos e justiça em mais de 100 países. 

Estabelecer laços de confiança, cooperação e trocas entre esses atores, torna-se fundamental na descolonização da filantropia e para desatar os ‘nós’ que permeiam nosso cotidiano. Como destacou Sylvia Siqueira Campos:

“É preciso ter a sensibilidade de se colocar junto ao outro e saber que o sujeito coletivo, precisa ser maior do que o individual, e que a confiança se costura a partir do respeito, da autonomia das pessoas, dos territórios e da nossa capacidade de ser responsável pelo que faz, independentemente de onde a gente faça”. 

 

Sendo a aliança desses atores uma resposta para nossos desafios sistêmicos, como ressaltou Carola Matarazzo.

“Filantropia é um ato político, por que todas as vezes que a gente coloca recurso público privado, pessoal ou de uma organização a serviço de poder ajudar a encontrar novos caminhos, para soluções de problemas antigos e enraizados ou problemas novos gerados por esse, às vezes são recursos que a gente corre risco, são recursos que são testados e que podem inspirar políticas políticas públicas, e por isso que o recurso filantrópico é tão importante, porque é um recurso que pode usar desse risco que recurso público não pode, que às vezes de crédito não pode, então o recurso filantrópico vem, quem sabe, para costurar esses novos arranjos”.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Falta de coletividade: o grande ‘nó’ a ser desatado pela (e na) filantropia

Por Daniel Barretti, gerente de projetos do IDIS

 

“Qual a diferença entre viver em um mundo que é uma bagunça e em um mundo que está bagunçado?”. Foi assim que Philip Yun, head do Global Philantropy Forum, iniciou a mesa de abertura intitulada ‘Filantropia desatando os nós do mundo’, durante o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024.

 

A ideia é que a sociedade não é uma bagunça em essência, mas sim que a humanidade criou e vive uma grande bagunça planetária. A parte positiva disso é que a bagunça, portanto, é passível de ser arrumada, e a filantropia pode e deve ter uma importante contribuição para isso. Para tanto, ações filantrópicas devem ser ágeis em compreender os atuais desafios e propor soluções para eles na mesma velocidade com que aparecem diante de nós.

Dentre os muitos significados da polissêmica palavra ‘nós’, as falas dos palestrantes apontaram para a ausência de coletividade – talvez o principal desafio com o qual temos de lidar na sociedade contemporânea. Sergio Fausto, Diretor Geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, exemplifica:

“Espaços que deveriam ser plurais e democráticos – a começar pelo nosso congresso – estão longe de serem espaços que privilegiem o debate e o interesse público”.

O ‘nó’ da ausência de coletividade é aquele que implica na falta de diálogo, de pluralidade de pessoas, ideais, habilidades e práticas.

Para Renata Piazzon, Diretora Geral do Instituto Arapyaú, um dos ’nós‘ prioritários a serem desatados na atualidade é o da agenda climática. Entretanto, ele não anda sozinho.

A problemática ambiental está imbricada em uma extrema carência de senso coletivo, onde prevalece o falso dualismo homem-natureza. Segundo a palestrante, a filantropia deve, primeiramente, compreender as questões do clima a partir de uma perspectiva de desenvolvimento integrado onde, por exemplo, ondas de calor, seca e alarmantes focos de incêndio, não sejam uma pauta restrita ao meio ambiente, mas também à agriculta, à saúde pública e à economia. Afinal de contas, é notória a interrelação entre os fenômenos. O cenário de seca severa e de incêndios impacta diretamente na saúde da população, bem como a perda de safras agrícolas. O desdobramento dessa cadeia de causalidade nos leva ainda à elevação de preços dos gêneros alimentícios, à pressão inflacionária e à consequente perda de poder de consumo e empobrecimento da dieta alimentar populacional.

 

Veja a sessão completa em:

 

A filantropia deve promover uma atuação em rede, articulando e mobilizando atores sociais diversos: a conectividade e a coletividade como solução para problemas sistêmicos e complexos. São alguns os exemplos de redes promovidas pelo Instituto Arapyaú: incluem a Coalização Brasil, Clima e Floresta e Agricultura; o MapBiomas; Uma Concertação pela Amazônia, dentre outras.

Se um dos principais ‘nós’ a serem desatados é a ausência de coletividade na sociedade, esse também parece ser um desafio com o qual a própria filantropia precisa lidar.

Cida Bento, co-fundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), reforça a importância da coletividade por meio do estabelecimento de redes, mas vai além ao defender uma mudança na estrutura de poder, trazendo mais diversidade e, consequentemente, pluralidade de vozes e interesses para o campo da filantropia. A busca por soluções e as tomadas de decisão carecem da perspectiva daquela parcela da população historicamente marginalizada, que mais sofre com os desafios sociais, econômicos e ambientais da atualidade.

“[Espaços coletivos e plurais] ajudam a tomada de ação mais consciente e consequentemente a gerar um impacto maior”, complementa Sergio Fausto.

Um movimento denominado ‘filantropia baseada na confiança’ caminha nessa direção ao advogar que financiadores devem estabelecer seus relacionamentos com os parceiros beneficiários a partir de um lugar de confiança e colaboração, em vez de conformidade e controle.

 

Repensando o futuro da filantropia

O educador e filósofo Paulo Freire certa vez disse que era por amar as pessoas e o mundo que ele lutava para que a justiça social se implantasse antes da caridade. Não se trata de desmerecer a caridade em si, mas sim de que, ao fomentar a caridade como consequência de uma estrutura de privilégios, corre-se o grande risco de que ela sirva como instrumento de manutenção, e até mesmo de álibi da desigualdade.

A filantropia diferencia-se da caridade justamente pelo seu caráter estratégico, capaz de melhor alocar qualitativa e quantitativamente os recursos oriundos do capital privado para as causas públicas e coletivas. A questão é nos perguntarmos: ela tem sido efetivamente estratégica? Se o grande ‘nó’ da ausência de coletividade, enfatizado pelos palestrantes, está presente tanto nos problemas atuais da sociedade, quanto na forma como as ações filantrópicas têm ocorrido, isso parece indicar que o setor filantrópico corre o risco de estar, ele também, reproduzindo as relações sociais de poder.

Que a harmonia, a reciprocidade, a coletividade e a pluralidade, possam permear um pensar e um fazer filantrópico mais potente para lidar com os desafios atuais, que são regidos por interesses quase que exclusivamente particulares e econômicos.

Quem sabe, ainda, já não é tempo de repensarmos o sujeito da filantropia (àquele do homem branco, dotado de posses financeiras e certo prestígio profissional). Afinal, parece urgente olharmos ao nosso redor e nos perguntarmos: quem tem mais a doar e quem tem mais a receber e aprender no mundo de hoje?

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.