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Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2024 destaca respostas à policrise e uso da IA

Produzido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o relatório apresenta desafios e inspirações para investidores sociais

Reconhecido pela produção de conhecimento, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, apresenta a terceira edição do relatório anual Perspectivas para a Filantropia no Brasil, explicitando movimentos que são importantes para o agora, que se destacam e para os quais filantropos, investidores sociais e todos aqueles que atuam neste campo devem estar atentos.

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As oito perspectivas apresentadas são fruto de um processo coletivo, que reúne diferentes saberes dos profissionais que compõe a equipe do IDIS. O ponto de partida desta edição foi a compreensão de que os desafios que enfrentamos estão cada vez mais complexos e interconectados. Se antes era predominante uma atuação filantrópica baseada em causas especificas, em silos e caixinhas delimitadas, abre-se o olhar para respostas integradas e que contribuem para mudanças estruturantes. Não à toa, a perspectiva ‘Policrise e as respostas da filantropia’ abre o relatório.

Os crescentes compromissos públicos assumidos por empresas, que vão além do lucro e declaram ações concretas e metas de impacto, conectadas à agenda ESG, a expansão de atores ao redor do Brasil, que atuam de forma localizada, e o investimento crescente na promoção de um ambiente regulatório favorável ao nosso setor são abordados também. Proteção do meio ambiente, a questão climática, a promoção da diversidade e o combate à pobreza são causas que não poderiam ficar de fora, assim como inovações no campo da avaliação de impacto, que começa a se beneficiar do blockchain, e a adoção da Inteligência Artificial, que precisa ser encarada como realidade e não como possibilidade.

“A ação filantrópica, ao mesmo tempo que gera mudanças, responde aos desafios de seu tempo. É propositiva e resiliente. É fruto de iniciativas individuas e de criações coletivas. É inovadora, ágil e profunda. Neste projeto, buscamos apresentar uma fotografia mais nítida de nosso horizonte em 2024. É um convite à reflexão e à ação” explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Conheça todas as Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2024 e baixe a publicação completa:

1 – Policrise e as respostas da filantropia
Interdependência entre causas demandam soluções estratégicas e interconectadas

2 – Compromissos com o futuro
Mais do que intenções e declarações públicas: é hora de ação

3 – Brasil no centro das discussões sobre clima e meio ambiente
O protagonismo do poder público e da filantropia nesta agenda global

4 – Potência da Filantropia Regional
Iniciativas filantrópicas avançam em diferentes regiões do Brasil e endereçam desafios locais

5 – Ações para um ambiente regulatório favorável
O foco do investimento filantrópico vai além de causas específicas, beneficiando a infraestrutura do Terceiro Setor

6 – Avaliação de Impacto como aliada na Agenda ESG
A mensuração das ações relacionadas ao pilar Social traz materialidade e contribuem para narrativas de verdadeiro impacto positivo

7 – Governança e diversidade lado a lado
Diferentes origens e perspectivas fortalecem conselhos e levam a melhores decisões

8 – Inteligência Artificial: risco ou oportunidade? Realidade.
A IA veio para ficar e investimento é necessário para que o Terceiro Setor possa aproveitar seu potencial

 

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Evento aborda o protocolo SROI e experiências de sua aplicação no campo da Educação

 

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É crescente o interesse de organizações que desenvolvem projetos de interesse público, sejam elas privadas, públicas ou do terceiro setor, em mensurar e compreender os impactos causados por suas intervenções.

A adoção de mecanismos de avaliação de impacto permite uma análise detalhada e baseada em evidências sobre os efeitos de uma ação sobre pessoas, comunidades e meio ambiente, além de apontar aspectos para mitigar adversidades e ampliar os impactos positivos.

No Webinar Avaliação de Impacto SROI: Experiências no Campo da Educação, Denise Carvalho, gerente do IDIS e especialista em Avaliação de Impacto, apresentará abordagens e metodologias, com destaque para o SROI – Social Return on Investment ou Retorno Social do Investimento, um protocolo que identifica, qualifica e monetiza o impacto social. Experiências práticas aplicadas ao campo da Educação serão apresentadas por Marcelo Bill, superintendente de sustentabilidade, inovação e educação da ANBIMA, e Mariana Cláudio, gerente executiva do Instituto Chamex. Ambas organizações conduziram avaliações de impacto utilizando a abordagem SROI, contando com a consultoria do IDIS.

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MAIS SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Com ampla experiência e tendo a produção de conhecimento como um de nossos pilares de atuação, temos inúmeros materiais disponíveis a quem deseja se aprofundar.

Avaliação de Impacto SROI

Acesse aqui.

Para saber mais sobre nossos serviços e falar com a equipe de consultoria, escreva para comunicacao@idis.org.br.

 

O Investimento Social Privado e Investimento estatal na promoção da equidade racial

A busca por equidade racial no país e no ambiente profissional é objeto crescente de debate no Brasil e no mundo. Governos, empresas e organizações da sociedade civil têm se organizado para que a pauta esteja presente nas mais variadas esferas de participação popular, da constituição de partidos políticos e acesso às universidades públicas e colégios privados, até processos seletivos de empresas e nas representações artísticas – todas são esferas capazes de reconstruir o imaginário popular e com grande potencial de empoderamento de grupos subrepresentados.

Além do resgate da identidade negra e do estabelecimento de políticas afirmativas (em universidades, dentro de empresas e instâncias públicas), a baixa qualidade da educação pública é comumente apontada como responsável pela desproporcional representatividade de negros em universidades e cursos de prestígio, e em cargos de
liderança e governança de grandes empresas.

Nos Estados Unidos, em um estudo publicado na Economic Policy Institute, foi estimado um gap salarial médio de 22% para homens negros na comparação com homens brancos e de 11,7% para mulheres negras na comparação com mulheres brancas, mesmo controlando por fatores como educação, anos de experiência e região, indicando a existência de um racismo estrutural persistente no país ao longo do tempo.

No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE) apontou que em 2019 a diferença salarial entre brancos e negros foi de 45% em média. Estudo econométrico publicado pelo BID para o Brasil (Garcia, Ñopo e Salardi, 2009) aponta para um crônico descompasso salarial entre negros e não-negros, também controlando por fatores observáveis (gênero, idade, região e ocupação) e para todos os percentis salariais. Vale ressaltar que para os percentis salariais mais altos a diferença é maior. Os autores atribuem o resultado não só ao racismo estrutural, como também à qualidade da educação pública que cobre proporcionalmente mais negros do que não-negros no Brasil.

Cabe lembrar que a educação de qualidade é hoje considerada um direito humano e também um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 2030) elencados pela ONU, tendo por finalidade a formação de sujeitos cidadãos, com capacidade reflexiva e potencial produtivo para o mercado de trabalho, e colaborando para a diminuição das desigualdades sociais.

Além disso, a educação pública é comumente encarada como reflexo de um projeto de país e uma das principais trilhas para a inclusão social. Reforçando essa compreensão, historicamente no Brasil enraizou-se a percepção de que o acesso à escolarização de qualidade traz como consequência lógica a propensão à ocupação de cargos intelectuais e com maior estabilidade financeira, em oposição a trabalhos braçais e muitas vezes precários. Ainda que problemático, esse paradigma brasileiro só será revertido com a melhoria da educação pública,  a qual o setor privado também deve se envolver por meio do investimento social privado.

Durante a participação do IDIS na concepção do Pacto de Promoção da Equidade Racial, foi produzido um material que se aprofunda justamente nesse assunto, apresentando dados e referências para o fortalecimento da equidade racial, além de formas de mensura-la em empresas e organizações privadas.

Acesse a partir do formulário abaixo:

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Conheça o Pacto de Promoção da Equidade Racial

O Pacto de Promoção da Equidade Racial é uma iniciativa que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais e multinacionais da sociedade civil para o tema.

Seu principal objetivo é propor e implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil e promover sua adoção por empresas e investidores institucionais, contemplando ações que estimulem uma maior equidade racial – muito centrada na adoção de ações afirmativas, na melhoria da qualidade da educação pública e na formação de profissionais negros.

O IDIS, ao lado de outras diversas organizações, é um dos membros fundadores da iniciativa

 

Pesquisa global revela percepção sobre o uso de Inteligência Artificial por ONGs

Estudo realizado pela Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, mostra sociedade otimista, mas ainda bastante dividida em relação ao uso da IA por organizações sociais

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser tema de ficção científica, com aplicações cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Em 2023, o mundo presenciou (e experimentou) a explosão do ChatGPT, plataforma de IA generativa da Open AI, que em apenas três meses atingiu 100 milhões de usuários – o crescimento mais rápido na história dos aplicativos de internet. E à medida que a tecnologia avança, também cresce a reflexão sobre implicações técnicas e éticas e sobre as oportunidades e riscos associados a ela.

A pesquisa inédita ‘O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs’, realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, revela uma sociedade otimista quanto à adoção da Inteligência Artificial, mas como ressalvas. Participaram do estudo mais de seis mil indivíduos em 10 países, incluindo o Brasil.

Segundo a pesquisa, 37% dos entrevistados acreditam que os benefícios do uso da IA superam os potenciais riscos, em contraste com os 22% que afirmam o contrário.

 

“Os achados deste estudo são ricos para aprofundarmos o debate sobre o uso da IA no terceiro setor no Brasil, com a responsabilidade e ética que o tema exige” comenta Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento do IDIS.

 

O estudo aprofunda a análise calculando ainda a favorabilidade líquida, ou seja, a diferença entre aqueles que são favoráveis ao uso da IA e aqueles que acreditam que os riscos são maiores. No mundo, esse valor equivale a 15%. No ranking por países, o Brasil ocupa o segundo lugar entre aqueles que acreditam que os benefícios do uso da IA superam os riscos (30%), ficando atrás apenas do Quênia (44%). Entre os países pesquisados, apenas na Austrália a maioria da população se mostra cética em relação à adoção do IA, e acredita que os riscos são maiores que as oportunidades (-4%).

As oportunidades mais destacadas pelos respondentes brasileiros foram a possibilidade de auxiliar mais pessoas (29%), a capacidade de rápida resposta a emergências (22%) e a tomada de decisões mais precisas a partir da análise de dados (16%). Daniel Assunção, fundador e diretor executivo do Atados, compartilhou suas percepções sobre os resultados do estudo. Ele expressa otimismo em relação ao assunto, e destaca seu uso em situações emergenciais, como enchentes, por exemplo: “A IA poderá contribuir ainda antes dos desastres, mapeando potenciais riscos e informando a população na iminência de ser afetada. Pode ser benéfica também no momento da resposta, otimizando a distribuição dos recursos e a comunicação entre todos os envolvidos, assim como depois, avaliando a qualidade da resposta a partir do cruzamento de dados disponíveis.”

Já entre os riscos para as organizações do terceiro setor, a segurança de dados (30%), a redução de postos de trabalho (26%) e a geração de informações e decisões enviesadas (14%) foram os mais citados pelos respondentes brasileiros. Para ajudar a mitigar esses potenciais problemas, Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho Grupo MOL, destaca a importância das estruturas de governança na análise de como a ferramenta deve ser utilizada nas organizações. “Os conselhos das organizações podem desempenhar um papel muito importante, não apenas facilitando a adoção das ferramentas, mas também apoiando a regulamentação de sua utilização e mediando o uso da tecnologia dentro das instituições”, afirma.

Aos poucos, a IA é adotada pelas organizações da sociedade civil, conforme relata Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania. “Hoje usamos a IA para a comunicação, fazendo anúncios patrocinados em plataformas como Google ou Facebook e gerando imagens, por exemplo. Vemos também um grande potencial de seu uso para a captação de recursos, pois seu uso poderá nos ajudar a compreender melhor o perfil de nossos doadores e criarmos estratégias a partir desse conhecimento.”. A pesquisa revela que o público está atento e interessado em como as ONGs aplicam a tecnologia e apenas 13% responderam que prestariam pouca ou nenhuma atenção ao seu uso pelas organizações que apoiam. Entre os países em desenvolvimento, que inclui o Brasil, 73% dizem que prestariam muita atenção a este ponto, superior aos 40% dos países onde a renda é maior.

Os resultados indicam que o público reconhece as oportunidades geradas pela Inteligência Artificial, mas espera cautela e transparência para compreender como e por que as organizações estão utilizando a inteligência artificial para alcançar sua missão. Reconhecem também que deve haver investimento para que a IA possa ser adotada por todo tipo de organização, evitando criar desigualdades no setor.

Os dados completos estão disponíveis no site da CAF.

 

Percepções de lideranças de ONGs brasileiras sobre os resultados da pesquisa

 

Daniel Assunção, fundador e diretor executivo do Atados

  • Sou otimista sobre o uso de tecnologias. A IA pode otimizar nossas atividades e as pessoas poderão ter mais tempo para empreender e se dedicar a ações que contribuam para a redução das desigualdades, como a prática do voluntariado.
  • A regulação do uso da tecnologia ainda é baixa e no curto prazo pode intensificar as desigualdades e os vieses. No longo prazo, a tendência é de que isso seja superado.
  • Na organização em que atuo, conectamos pessoas interessadas em praticar o voluntariado a organizações sociais. Estamos olhando para a incorporação de tecnologias em geral, e da IA em particular, para melhorar a experiência de nossos usuários e das organizações, agilizar processos e a produção de conteúdo, assim como acelerar a inovação.
  • No Brasil, a cultura de tecnologia entre as organizações sociais ainda é baixa. Vejo poucas organizações inovando a partir de seu uso, mas conforme se popularizem, creio que muitas passarão a adotar em seus processos.
  • A IA tem o potencial de gerar mais oportunidades para o engajamento e ativismo individual. Por outro lado, existe o risco das recomendações ainda terem muitos vieses e por isso é importante investirmos em ações que contribuam para o pensamento crítico.
  • A resposta a emergências ainda é feita de forma pouco estruturada no Brasil. As doações acontecem, mas faltam processos, coordenação e articulação entre as ações realizadas para distribuir os recursos, apoiar os atingidos e mitigar os danos. O uso da IA poderá contribuir de inúmeras formas. Ainda antes dos desastres, mapeando potenciais riscos e informando a população na iminência de ser afetada. Pode ser benéfica também no momento da resposta, otimizando a distribuição dos recursos e a comunicação entre todos os envolvidos, assim como depois, avaliando a qualidade da resposta a partir do cruzamento de dados disponíveis.

 

Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho Grupo MOL

  • O terceiro setor enfrenta uma escassez de recursos. Acredito que em situações de limitação, a inteligência artificial pode desempenhar um papel complementar. É possível usá-la onde normalmente você não tem gente, não tem rapidez ou agilidade, mas ainda vejo pouco conhecimento sobre sua aplicação.
  • Tenho uma visão otimista e acredito que os benefícios superam os malefícios. Mas acho que existe um risco considerável associado à sociedade não compreender plenamente o uso dessa ferramenta.
  • Um dos principais riscos, em minha opinião, é a desconexão com as causas. Existe o perigo de desumanizar algo que é muito humano, transferindo a responsabilidade de decisões que frequentemente envolvem aspectos emocionais e intuitivos para a IA.
  • Nenhuma das organizações em que atuo atualmente incorpora a Inteligência Artificial como uma ferramenta estabelecida. Temos um uso ainda mais centrado em experimentações, faltando uma política estruturada.
  • Os conselhos das organizações devem desempenhar um papel muito importante, não apenas facilitando a adoção das ferramentas, mas principalmente regulamentando a utilização e mediando o uso da tecnologia dentro das instituições.

 

Rodrigo ”Kiko” Afonso,  Diretor Executivo da Ação da Cidadania

  • As preocupações que são apresentadas na pesquisa são também as minhas preocupações, enquanto líder de uma OSC. Entre os fatores, o que mais me preocupa atualmente é o potencial de vieses (bias), pois isso pode de fato levar a decisões erradas.
  • Atualmente, o algoritmo pode contribuir para o processamento de grandes volumes de dados, mas nunca vai poder substituir pessoas na tomada de decisões importantes, pois isso envolve questões culturais e sociais, que são subjetivas.
  • Na Ação da Cidadania, hoje usamos a IA para a comunicação, fazendo anúncios patrocinados em plataformas como Google ou Facebook e gerando imagens, por exemplo. Vemos também um grande potencial de seu uso para a captação de recursos, pois seu uso poderá nos ajudar a compreender melhor o perfil de nossos doadores e criarmos estratégias a partir desse conhecimento.
  • Hoje, no Brasil, as OSCs usam muito pouco a IA. Acredito que o uso pode gerar resultados positivos, mas antes as organizações devem ter clareza sobre os fundamentos da tecnologia. Caso contrário, o risco de tomarem decisões enviesadas e até mesmo desastrosas é alto.
  • No Brasil, ainda estamos pouco preparados para enfrentar emergências. No curto prazo, acredito que a IA pode contribuir na identificação de potenciais tragédias e aviso às populações que podem ser atingidas.

 

SOBRE A CAF

A CAF – Charities Aid Foundation é um grupo de três organizações sociais sediadas no e Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, especializadas em doações internacionais seguras e eficazes. Juntos, trabalhamos com empresas e filantropos para apoiá-los e garantir que o dinheiro alcance as causas centrais de suas estratégias de investimento social privado. No Reino Unido, a CAF também opera o CAF Bank, oferecendo serviços bancários dedicados ao apoio a mais de 14.000 organizações sociais sediadas no Reino Unido. Por meio da rede CAF International, está presente em todos os continentes, sendo o IDIS o representante na América Latina.

SOBRE O IDIS

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.

SÉRIE | O Investimento Social Privado e Agenda ESG: sinergias e aprendizados

O que o investimento social privado e a agenda ESG possuem em comum? Qual a relação com a mensuração de impacto? Como a atuação das organizações sociais podem contribuir nesta equação?

Buscando responder a esses e outros questionamentos, Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos,  prepararam a série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

Acesse os três capítulos da série:

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Tem interesse em conhecer mais sobre esses serviços? Entre em contato com comunicacao@idis.org.br

Do planejamento ao monitoramento e avaliação: como instituições podem potencializar seu impacto?

Planejando um Investimento Social Privado estratégico

A partir da alocação voluntária e estratégica de recursos privados para o benefício público, empresas podem ir além do lucro financeiro e contribuir para o desenvolvimento socioambiental sustentável. A agenda ESG é uma poderosa aliada na formulação de práticas de filantropia estratégica, com ênfase na mensuração e mitigação de riscos não financeiros. Por exemplo, uma empresa que possui riscos não financeiros bem mapeados, pode utilizá-los para criar ou aprimorar sua estratégia de investimento social privado, não só mitigando impactos negativos da operação, como também gerando impactos positivos e ampliando o diálogo com públicos de interesse.

Em outras palavras, uma estratégia de investimento social privado alinhada à uma estratégia ESG ajuda a materializar o propósito da organização para seus mais variados stakeholders, gerando resultados tangíveis para a empresa e para a sociedade. Apesar de parecer lógico, esse alinhamento não é tarefa fácil. Em pesquisa realizada pela Amcham e Humanizadas, com 574 CEOS, vice-presidentes, gerentes e implementadores de estratégias ESG, 38% dos respondentes destacaram que o principal desafio na agenda ESG é a dificuldade em mensurar e monitorar indicadores ESG, e 32% indicaram ser a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade.

Como uma estratégia de investimento social privado (ISP) pode ajudar a endereçar esses desafios? Em primeiro lugar, se há clareza quanto aos objetivos e visão de impacto, já existe uma base para práticas de monitoramento e avaliação. Além disso, a definição de causas prioritárias/focos de atuação ajuda a empresa e seus stakeholders (públicos interessados) a elencar prioridades e comunicarem melhor – tanto interna quanto externamente – as ações realizadas, facilitando o entendimento e engajamento de colaboradores e sociedade e contribuindo para ganhos reputacionais, atração e retenção de talentos, entre outros.

A metodologia do IDIS parte da compreensão de que é preciso conectar o conceito e as práticas de ISP ao propósito e valores institucionais, considerando o viés econômico que rege o negócio e a perspectiva dos principais stakeholders em relação ao valor socioambiental a ser criado pela empresa. Este olhar integrado ISP-ESG permite potencializar a capacidade da organização de gerar impacto positivo para a sociedade e valor real en curto, médio e longo prazo para o negócio e sua cadeia de stakeholders.

Aumentando o engajamento de stakeholders

“O propósito de uma empresa é engajar todas suas partes interessadas na criação de valor sustentável. Ao criar tal valor, a empresa não atende somente a acionistas, mas a todas suas partes interessadas – colaboradores(as), clientes, fornecedores(as), comunidades locais e sociedade em geral. A melhor maneira de compreender e equilibrar os interesses divergentes de todas as partes interessadas é por meio de um comprometimento compartilhado com políticas e decisões que fortaleçam a prosperidade da empresa a longo prazo”. O trecho foi extraído do Manifesto de Davos 2020, proposto pelo Fórum Econômico Mundial e que exemplifica os novos paradigmas que regem as corporações na 4ª. Revolução Industrial. 

Novas maneiras de se relacionar com diversas partes interessadas já ocupam espaço central em estratégias eleitorais, de marketing e na criação de produtos. No entanto, observa-se que o investimento social privado nem sempre acompanha essa tendência. Investidores sociais, de maneira geral, ainda utilizam abordagens verticais e centralizadoras na hora de definir seus aportes e estabelecer vínculos com seus públicos.

Apesar de possuírem um escopo de atuação limitado, ao criarem suas estratégias ESG e de Investimento Social Privado, empresas precisam considerar o envolvimento de múltiplos stakeholders. Para cada perfil, para cada desafio, um arranjo diferente, ainda que colaboração e o trabalho em rede surjam como pontos comuns que devem ser considerados.

Ao adotar uma estratégia que envolve e aprofunda os laços com as partes interessadas, uma empresa passa a gerar maiores e melhores resultados para suas ações sociais. Além disso, ela pode se beneficiar de relacionamentos mais estratégicos e duradouros com as comunidades de seu entorno, poder público, tomadores de decisão e influenciadores.

Do ponto de vista das organizações da sociedade civil, é preciso se preparar para um envolvimento mais estratégico com seus parceiros do setor privado, contribuindo de forma programática para o enfrentamento de desafios socioambientais, para além do apoio a projetos pontuais. Embora essa colaboração demande mais esforço no curto prazo, pode levar a laços mais fortes e recursos mais estáveis para a organização.

 

Medindo e comunicando os resultados e impacto

Na hora de mensurar a contribuição e o impacto socioambiental das ações de uma empresa, é necessário estabelecer diretrizes de monitoramento e avaliação. Essas diretrizes não apenas auxiliam a definição e acompanhamento de tópicos materiais, avaliação e comunicação de resultados, como também contribuem para a construção de uma governança de sustentabilidade empresarial que traduza aprendizados em decisões estratégicas, referentes à cultura organizacional, riscos e oportunidades, performance socioambiental, entre outros aspectos.

As práticas de monitoramento e avaliação do investimento social privado podem ajudar empresas a avançarem na maneira como medem o sucesso de suas iniciativas e de suas contribuições para o desenvolvimento sustentável e redução de riscos não financeiros, hoje ainda muito pautadas por frameworks insuficientes, que avaliam somente processo e nível de compliance.

Do ponto de vista das organizações da sociedade civil, o desafio é outro: traduzir a importância do trabalho realizado e seus resultados em uma linguagem que agregue valor para o relatório de sustentabilidade das empresas. A capacidade de comunicar de forma clara esses resultados pode ser o diferencial para aumentar a qualidade e a profundidade do relacionamento com as partes interessadas.

Uma maneira de aproximar essas duas pontas, no contexto das empresas, é por meio de uma teoria de mudança que estabeleça de forma clara a conexão entre o impacto esperado e as ações realizadas, assim como critérios de seleção de projetos e elementos que contribuam para a comunicação dos compromissos públicos e resultados obtidos.

 

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

 

Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Entre em contato conosco para contar sua história ou dar os próximos passos de sua organização nesta jornada através do e-mail comunicacao@idis.org.br

Como empresas estão promovendo o diálogo e engajamento de seus stakeholders?

Como o investimento social privado pode desempenhar um papel significativo nos processos de mapeamento e gestão de stakeholders? E no relacionamento com a comunidade e ampliação do impacto social positivo de uma empresa?

Não há fórmula pronta para uma estratégia de investimento social, e a ascensão da agenda ESG trouxe novos desafios e oportunidades para empresas que desejam promover o benefício público por meio da alocação de recursos próprios.

Nesse segundo artigo da série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’, conheça três exemplos que mostram como empresas podem, na prática, potencializar sua atuação social.


Sicoob: Investimento Social que produz Inteligência Social

Estar próximo das comunidades é uma marca do cooperativismo de crédito. Essa prática vem ganhando força nos últimos anos e, em 2022, o número total de cooperados no Brasil passou a marca de 15 milhões, um crescimento de 14,5% em relação ao ano anterior, segundo dados do Banco Central (BC). As cooperativas de crédito operam em mais de metade dos municípios do país e possuem considerável carteira composta por micro e pequenas empresas e produtores rurais, promovendo, desta forma, a inclusão financeira.

Um exemplo de cooperativa de crédito é o Sicoob, que possui 7,5 milhões de cooperados em 338 cooperativas singulares. “O relacionamento próximo às comunidades é um diferencial essencial para o Cooperativismo de Crédito. Por isso, nossa diretriz central, presente no planejamento do Sicoob, é Cidadania e Sustentabilidade, abordagem que orienta as diretrizes sistêmicas da nossa responsabilidade social, ambiental e climática, guiando-nos para que o crescimento dos negócios e a prosperidade da sociedade caminhem juntos”, destaca Luiz Edson Feltrim, Superintendente do Instituto Sicoob.

“As cooperativas singulares protagonizam o diálogo com as comunidades em seus territórios de atuação e são responsáveis por levantarem insumos para a formulação das diretrizes estratégicas sistêmicas, incluindo também o Investimento Social”, continua.

Essa proximidade com as comunidades reflete não só o propósito do sistema cooperativista, mas também suas iniciativas de investimento social, estruturadas desde 2004 por meio de entidade estratégica, o Instituto Sicoob, que tem como missão a difusão da cultura cooperativista e contribuição para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades. A relação entre Sistema e Instituto é horizontal: “o Instituto Sicoob participa de todo o processo do planejamento estratégico do Sicoob, pois a organização entende que o investimento social é ferramenta fundamental para cumprir o papel do Cooperativismo Financeiro na Cidadania Financeira, sobretudo para contribuir com a promoção da inclusão e da educação financeira” continua Feltrim.

Na prática, há contribuições claras do Instituto Sicoob à agenda ESG da organização, respondendo diretamente a três temas materiais (cooperativismo, comunidades e cidadania financeira), e contribuindo efetivamente para a estratégia do negócio. “Os critérios ESG legitimam o investimento social como parte estratégica dos negócios. Nesse sentido, temos enxergado a oportunidade de nos posicionar internamente como a área que promove inteligência social para o negócio e contribui diretamente para o posicionamento da organização no mercado como protagonista na Agenda ESG”, conclui Feltrim.

 

Ambev: foco em executar metas ambiciosas

Inteligência social e contribuição para a estratégia de negócio também são o norte da atuação de impacto positivo da Ambev, empresa brasileira do setor de bebidas com atuação em 16 países e mais de 30 mil colaboradores. “Temos dentro de casa uma agenda ESG robusta com metas ambiciosas para os próximos anos. Nossos pilares de atuação estão intimamente ligados à sustentabilidade do negócio. Uma das principais mudanças que atravessamos, além da evolução cultural, foi trazer a escuta ativa, inovação e tecnologia para cada frente de atuação da companhia”, afirma Carlos Pignatari, Diretor de Impacto Social da Ambev.

Um exemplo dessa ambição é a meta de alcançar 1 milhão de pessoas, até 2025, em projetos que buscam levar água potável para pessoas que não têm acesso. Até o momento, mais de R$ 9 milhões foram investidos em 115 projetos sociais, por meio da água AMA – primeiro produto social da Ambev, que tem todo o lucro destinado a esses programas. Mais de 600 mil pessoas já foram impactadas, colocando a empresa em linha para atingir sua meta.

Outra ambição é a inclusão de 5 milhões de pessoas no mercado produtivo até 2032, por meio da plataforma Bora.

“Estamos investindo em iniciativas focadas em inclusão produtiva que impulsionam o acesso a uma rede de conexões, conhecimento e empoderamento financeiro para os brasileiros. O projeto, alinhado ao ODS 8, nasceu como a representação do nosso compromisso com a sociedade e está em total sinergia com o novo capítulo de transformação da Ambev. Além disso, nosso CEO é o embaixador da ODS 8 e nos estimula sempre a buscar formas de apoiar esse objetivo”, explica Pignatari.

Esses dois exemplos se relacionam diretamente à estratégia da empresa. “Estamos sempre atentos às principais necessidades da sociedade e buscamos sempre reforçar nossa escuta ativa para proporcionar soluções para os problemas que nosso ecossistema enfrenta. E esse ecossistema começa com o agricultor, passa pelos nossos colaboradores e pelas comunidades onde estamos inseridos, pelos donos e donas de bar e pelos mercados, parceiros, até chegar aos milhões de consumidores brasileiros”, conta o executivo. Uma leitura rápida dos programas pilotos oferecidos na plataforma Bora demonstra essa conexão, com o oferecimento de trilhas de conhecimento para a formação de profissionais para atuarem em bares, hotéis e restaurantes, por exemplo; ou a promoção da conexão de empreendedoras com negócios locais e rede Ambev em São Luís – MA e Recife – PE, por meio de parceria com a Rede Mulher Empreendedora (RME).

 

RD: fortalecendo o diálogo em prol do impacto

O grupo RD tem um portfólio integrado de ativos focados na saúde e no bem-estar: RD Farmácias (Droga Raia e Drogasil), RD Serviços (4Bio Medicamentos Especiais, Univers, plataforma de gestão de saúde, Stix Programa de Pontos e Fidelidade e RD Marcas (Needs, Natz, Caretech, Bwell e Nutrigood).

O objetivo da atuação social do grupo RD é contribuir para a saúde integral de pessoas em situação de vulnerabilidade, para que vivam mais e melhor. Desta forma, a empresa atua em quatro pilares: saúde física e mental, saúde social, saúde ambiental e saúde integral das comunidades, organizadas pela Teoria da Mudança, que define a estratégia de investimento social do grupo.

A partir dessa estrutura organizacional, torna-se viável a alocação de recursos, que, somente em 2022, atingiu a quantia de R$ 29,5 milhões, em projetos alinhados com os objetivos estratégicos do grupo. Esses objetivos incluem, entre outros aspectos, a conformidade com políticas públicas e o foco no apoio a aceleradoras de negócios de impacto.

“Nós procuramos manter um relacionamento próximo e de longo prazo com as organizações sociais que apoiamos. Além das visitas frequentes e do envolvimento do nosso voluntariado, as organizações são chamadas para apoiar nos processos importantes como a construção de um painel de indicadores e alteração no processo de apoio via leis de incentivo”, afirma Maria Izabel Toro, Gerente Executiva de Investimento Social.

Estratégia, ações consistentes e transparência fazem o investimento social do grupo se destaca. Mas no centro desses fatores está o diálogo com a comunidade.

 

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 


Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Entre em contato conosco para contar sua história ou dar os próximos passos de sua organização nesta jornada através do e-mail comunicacao@idis.org.br

Como construir parcerias mais estratégicas e inclusivas entre organizações sociais e empresas?

O potencial de parcerias entre organizações da sociedade civil e empresas é enorme. O olhar para a sustentabilidade empresarial, em todas as suas dimensões, pode ajudar empresas a buscarem uma relação mais transparente e efetiva com a sociedade civil organizada, além de contribuírem entre si por meio do desenvolvimento de ferramentas de gestão e estratégias. Atentas a este movimento, as organizações da sociedade civil aprimoraram sua capacidade de articulação em rede, assim como a apresentação clara do impacto de suas ações.

Nesse terceiro artigo da série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’, conheça iniciativas bem-sucedidas na construção de parcerias estratégicas e inclusivas entre organizações sociais e empresa

 

Parceiros da Educação: movimentos em prol da construção coletiva

Com 19 anos de atividade, a Parceiros da Educação possui números expressivos em sua atuação em prol da educação, tendo impactado mais de 700 escolas públicas, 900 mil estudantes e 75 mil professores. A organização atua por meio de quatro pilares prioritários: pedagógico, com vista à evolução da qualidade da educação; gestão, direcionado às equipes gestoras nas escolas; comunitário, com ênfase na corresponsabilidade das famílias em relação à educação; e infraestrutura, por meio de investimentos diretos nos espaços pedagógicos.

Mesmo com essa atuação já estabelecida, a organização continua buscando maneiras de potencializar seu impacto. Segundo o diretor geral Rafael Machiaverni, “nos últimos anos, nosso orçamento praticamente triplicou devido ao envolvimento e apoio de empresas em nossos projetos e na causa”. Ele destaca alguns fatores-chave para esse crescimento: em primeiro lugar, a capacidade de demonstrar resultados claros e objetivos do investimento social realizado pela empresa e a diferença que o trabalho promove na sociedade.

Em segundo lugar, destaca-se o envolvimento do parceiro na ação como parte presente e não apenas como investidor de recursos, vivenciando os projetos e entrando em contato com beneficiados. “Percebe-se o amadurecimento das empresas com relação ao investimento social de médio e longo prazo e planos estratégicos, alinhados às suas estratégias ESG”, destaca também Rafael.

O crescimento do investimento social privado em educação é uma tendência que pode ser observada na pesquisa BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo. Em 2021, entre as empresas que compõe a Rede BISC, o investimento em educação ocupou a segunda posição, ficando atrás apenas de patrocínios de eventos culturais, recuperando o espaço de destaque que ocupava antes da pandemia e que durante o período mais agudo da crise foi temporariamente ocupado por investimentos em saúde.

Algumas das lições da Parceiros da Educação podem ser valiosas, inclusive, para organizações que atuam com diferentes causas e focos.

“Nos últimos anos, temos percebido que as empresas têm se organizado com relação às áreas de atuação de seu investimento social, com um aumento no foco específico. Além disso, nota-se uma maior atenção e acompanhamento dos resultados de projetos apoiados. Por outro lado, há uma iniciativa de proporcionar momentos de formação em gestão para as organizações apoiadas como forma de melhoria da qualidade dos serviços, além de aumento do prazo de parceira com os projetos sociais, visando impacto social estrutural e não somente ações pontuais”, afirma Rafael.

Com o apoio mais estratégico do setor privado e o aumento da capacidade de execução do terceiro setor, é possível pensar em soluções cada vez mais coletivas para desafios comuns. A sociedade civil organizada possui como uma de suas maiores potencialidades a propensão à atuação em rede ressaltado também pelo Parceiros da Educação com a ‘Frente pela Educação Paulista’. Essa iniciativa foi articulada com a participação de mais de 30 organizações, colaborando na construção de um documento que norteia a implantação de ações que fortalecerão políticas públicas da educação, visando resultados efetivos de melhora da qualidade do ensino público.

“Avaliamos essa construção coletiva como muito positiva. Saberes diversos, cada qual com sua especialidade, contribuindo para a construção de um plano de ação e investimento de médio e longo prazo com foco na causa, com tempo de investimento que seja suficiente para alcançar resultados de impacto, e não apenas ações pulverizadas e pontuais”, conclui Rafael Machiaverni.

Práticas de monitoramento e avaliação possuirão cada vez mais um papel fundamental no relacionamento entre OSCs e seus parceiros. Essa relação também pode ser fortalecida com um maior envolvimento das empresas na implementação e planejamento das atividades. Por fim, as parcerias caminham para uma visão de longo prazo e numa atuação em rede, com mais contribuições e visões sendo construídas em conjunto por atores especializados.

 

Suzano: relacionamento estratégico com os territórios

Com o propósito de contribuir para impulsionar o desenvolvimento social das áreas vizinhas às suas operações, a Suzano, em parceria com outros atores, prioriza o fortalecimento das relações com as comunidades e do investimento em educação, oportunidades de trabalho e geração de renda. Em 2022, a atuação social da empresa atingiu mais de 47 mil pessoas, envolvendo seis frentes adaptadas às características regionais: extrativismo sustentável, reciclagem inclusiva, empreendedorismo, redes de abastecimento, acesso a emprego e cadeia de valor Suzano.

“A estratégia de ‘territórios resilientes’ une a necessidade de aprimorar o relacionamento com as comunidades do entorno das nossas operações com a possibilidade de contribuir para que as famílias deixem a condição de pobreza monetária, a partir de projetos de geração de renda. A seleção de projetos e identificação de organizações sociais parceiras se dá pelo processo de editais abertos, mapeamento de oportunidades no território e parcerias com instituições alinhadas à mesma agenda social”, explica Giordano.

As diretrizes para essa atuação foram consolidadas em uma Teoria de Mudança (TdM), formulada em 2022, que definiu um compromisso de retirada de 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030. O método torna visível o caminho necessário para se alcançar uma transformação social real a curto prazo (1-2 anos), médio prazo (5 anos) e longo prazo (10 anos). O primeiro passo na aplicação da TdM é admitir a existência de um problema social. Em seguida, são estabelecidos um propósito e uma visão de impacto. O investimento social da empresa, então, foi direcionado para atingir esse público em situação de vulnerabilidade socioeconômica, e a iniciativa possui um papel relevante na estratégia de sustentabilidade da empresa como um todo.

“Entre os oito temas materiais da Suzano, temos o Desenvolvimento Territorial, onde conflitos com comunidades, incluindo populações indígenas e tradicionais, podem afetar a capacidade de uma empresa de operar em algumas regiões, resultar em ações regulatórias e pode causar impactos de marca. Por outro lado, as empresas podem proporcionar benefícios às partes interessadas da comunidade por meio de oportunidades de emprego, compartilhamento de receita e aumento do comércio. As organizações podem adotar várias estratégias de engajamento comunitário para gerenciar os riscos e oportunidades associadas aos direitos da comunidade e seus interesses, tais como manter relações positivas com as partes interessadas locais e acomodar as necessidades das comunidades”, afirma Giordano. “Esse tema material é o plano de fundo para nossa estratégia social que tem como pilares o relacionamento com as comunidades e os compromissos de contribuir para reduzir a pobreza e melhorar a educação nos territórios de atuação da companhia”, conclui.

O relacionamento com organizações da sociedade civil, dentro desta lógica, passa a ser ainda mais estratégico. A partir de um Manual Corporativo de Gestão do Relacionamento com Comunidades, que orienta toda a companhia quanto às diretrizes para assegurar a legitimidade social do negócio, por meio da interação com as comunidades vizinhas, a empresa estabelece algumas ferramentas e fluxos específicos, como:

1. Rotina e instrumentos de identificação e caracterização das comunidades;

2.Mecanismos para incorporação das informações e demandas oriundas da comunidade no processo decisório das operações da empresa (por exemplo, Diálogo Operacional – DO, que são encontros agendados com as comunidades antes das operações da Suzano, visando antecipar informações sobre as operações, receber sugestões e orientações, identificar possíveis impactos e, consequentemente definir ações mitigatórias; e Matrizes de Aspectos e Impactos Sociais das operações da Suzano, que incluem possíveis impactos negativos das operações, assim como todas as ações preventivas e mitigatórias relacionadas a eles) e;

3.Consulta e Engajamento Comunitário, focada no desenvolvimento de estratégias de fortalecimento das instituições sociais locais, contribuindo diretamente com o desenvolvimento territorial.

“Nas comunidades que são caracterizadas como de alta prioridade, considerando critérios de vulnerabilidade socioeconômica, impacto gerado pelas atividades da empresa e importância da localidade para o negócio, são estruturadas iniciativas customizadas. A definição da iniciativa mais indicada para cada comunidade é feita de maneira conjunta com os moradores e/ou associações locais. Importante destacar que, além do processo de implantação de iniciativas, podemos também fortalecer iniciativas já existentes nas localidades”, explica Giordano.

O perfil das organizações apoiadas nesse cenário também passa por mudanças. “Ao mesmo tempo em que o volume de repasse de recursos foi ampliado, o foco passa a ser mais direcionado a organizações que trabalham especificamente com projetos de geração de renda, visando o alcance dos compromissos sociais de longo prazo estabelecidos pela empresa. Além disso, o perfil das organizações que recebem esses recursos também está mudando, diminuindo a concentração de recursos em organizações rurais e de base comunitária, para um equilíbrio do investimento entre essas organizações de base, e em organizações mais maduras, que inclusive apoiam diretamente no fortalecimento institucional das demais”, finaliza Giordano.

A inclusão do investimento social de uma empresa tanto na formulação, quanto como resposta aos temas considerados estratégicos pode produzir insights valiosos para a gestão da sustentabilidade empresarial. Quando essa resposta estratégica se desdobra em metas públicas, que, por sua vez, se desdobram em uma estratégia de implementação que considera o contexto local e o envolvimento de atores relevantes nos territórios, o investimento social privado não só se torna mais estratégico, como passa a gerar ainda mais valor socioambiental para diversos stakeholders.

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

 

Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

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Por que é importante que o terceiro setor se comunique com a Geração Z?

Por Luisa Lima e Lavínia Xavier

A cultura de doação é caracterizada pelo hábito das pessoas em contribuir com recursos, tempo ou talentos para causas e organizações que beneficiam a coletividade. Sua construção é um processo gradual, moldado ao longo do tempo pelas mudanças, novas demandas socioambientais e, sobretudo, pela participação ativa da sociedade e sua confiança de que essas doações farão, de fato, a diferença.

A juventude desempenha um papel essencial na edificação dessa cultura, trazendo consigo energia, criatividade e perspectivas inovadoras sobre formas de engajamento cívico e filantrópico. O estudo ‘Future of Giving’, conduzido pela sparks&honey, aponta que os jovens buscam mais significado em suas doações e desejam apoiar organizações que gerem impacto sustentável a longo prazo, indicando que o propósito e o sentimento de contribuir positivamente têm mais valor para o grupo do que para qualquer outra geração.

O acesso à informação instantânea pela internet e redes sociais aproxima os jovens aos eventos e desafios globais. Além disso, a educação e sensibilização sobre essas questões estão cada vez mais presentes no cotidiano. À medida que as novas gerações naturalmente desenvolvem uma consciência mais aguçada das questões socioambientais que afetam o mundo, tendem também a desempenharem um papel mais ativo na construção e manutenção de uma cultura de doação de longo prazo.

A Pesquisa Doação Brasil 2022, promovida pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos, revelou que 84% dos jovens pertencentes à faixa etária de 18 a 27 anos, conhecida como ‘Geração Z’, efetuaram algum tipo de doação em 2022. Esse dado demonstra um aumento significativo em relação ao levantamento de 2020, no qual 63% dos respondentes dessa mesma faixa declaravam ter realizado doações. As formas mais comuns de doação incluem a contribuição de bens materiais (76%), seguida por doações em dinheiro (43%) e doações de tempo/trabalho voluntário (30%). A Geração Z tende a doar proporcionalmente mais por meio do trabalho voluntário do que o restante da população e menos em dinheiro. Essa discrepância pode ser atribuída à menor renda média desse público se comparado a gerações mais maduras.

A pesquisa também revela que os jovens que fazem doações têm uma tendência significativa a promover ou contribuir de alguma forma para campanhas de arrecadação ou mobilização. Este dado foi confirmado por 7 em cada 10 jovens doadores em 2022, sendo que 20% deles afirmam ter feito isso em mais de uma ocasião. O grupo também demonstra um otimismo maior em relação às Organizações Não Governamentais (ONGs), quando comparados à população em geral. Entre os jovens, 73% concordam que as ONGs desempenham um papel fundamental no combate aos problemas socioambientais, e 83% concordam com a afirmação de que ‘as ONGs dependem da colaboração de pessoas e empresas para obter recursos e funcionar’.

Além disso, mais do que o presente, na Pesquisa Doação Brasil 2022, 52% dos doadores da Geração Z não apenas afirmaram planejar continuar suas doações, como também acreditam que doarão mais em comparação com o ano anterior. Essa abertura indica uma oportunidade para as organizações filantrópicas de se envolverem com a Geração Z.

Algumas iniciativas já compreenderam o potencial da juventude no engajamento com causas socioambientais. Nos Estados Unidos, a DoSomething, autodenominada como um centro de ativismo que inspira os jovens a mudar o mundo, conseguiu motivar milhões deles em todos os estados norte-americanos e em mais 189 países a agirem em prol das questões que afetam suas comunidades. De acordo com a própria organização, esses esforços resultaram em conquistas como o registro de 415 mil novos eleitores nas eleições americanas.

Outro exemplo é a parceria entre o TikTok e a iniciativa britânica Blue Cross, dedicada ao bem-estar animal. A organização recebia uma doação de 1 dólar para cada vídeo compartilhado com a hashtag #PetBFF. A campanha atingiu mais de 500 bilhões de visualizações apenas durante seu ano de lançamento, em 2019. No Brasil, é interessante notar que as mídias sociais desempenham um papel relevante nas decisões de doação, com 25% dos jovens admitindo sua influência nesse processo, em comparação com 17% da população geral. Entre as plataformas mais influentes para o público estão o Instagram (89%), Facebook (37%) e TikTok (13%).

Por aqui, a organização TETO, dedicada à melhoria das condições de moradia, se destaca por seu sólido programa de voluntariado que atrai muitos jovens e universitários, inclusive com um pilar específico voltado para grupos escolares. O ambiente escolar e universitário desempenha um papel significativo na motivação dos jovens a fazerem doações e se envolverem em causas sociais, conforme também demonstra a Pesquisa Doação Brasil. 18% dos respondentes da Geração Z afirmam serem influenciados por campanhas realizadas em seus locais de trabalho, escolas ou faculdades, em comparação com 14% da população em geral.

Esses exemplos evidenciam como a conexão com a juventude e a como a identificação de tendências de comportamento podem gerar resultados, criar oportunidades para o envolvimento ativo do grupo, fortalecendo o terceiro setor e criar uma cultura de doação mais robusta.

É verdade que, apesar de alguns exemplos promissores, ainda são relativamente escassas as organizações e iniciativas do terceiro setor que têm se empenhado ativamente na captação e comunicação direta com o público mais jovem, especialmente no Brasil. Isso pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo desafios específicos na identificação das melhores estratégias de comunicação para a Geração Z, bem como a limitação de recursos humanos nas organizações, que frequentemente operam com equipes enxutas.

No entanto, é fundamental que se reconheça a relevância da oportunidade que o terceiro setor possui para envolver mais pessoas e angariar mais recursos ao direcionar seus esforços de comunicação para a Geração Z. É necessário observar de perto o comportamento, as motivações e as tendências desse grupo.

É importante que o terceiro setor brasileiro esteja atento e aberto a se adaptar e se conectar efetivamente com a Geração Z, aproveitando todo o seu potencial. O compromisso dessa geração com causas sociais, aliado à sua proficiência tecnológica, abre novas portas para a inovação e para gerar um impacto significativo. Os jovens de hoje representam o futuro do terceiro setor, e não deveriam precisar esperar para que seu potencial seja reconhecido e demandado.

Rede de Organizações do Bem: capacitação e microfinanciamentos para pequenos projetos deslancharem

O ano era 2012 quando a Agência do Bem – organização social fundada em 2005 em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, abriu uma nova frente de ação, agora como entidade articuladora, chamada de Rede de Organizações do Bem. Logo a Rede se expandiu e hoje oferece conhecimento e financiamento para projetos locais dentro de várias comunidades no estado do Rio de Janeiro.

A Rede do Bem promove fóruns temáticos, abertos e gratuitos, incluindo ciclos de capacitação e editais de financiamento a microprojetos sociais. De 2012 a 2023, mais de 800 instituições já participaram de ações promovidas pela Rede de Organizações do Bem do Rio de Janeiro. Em 2023, 355 instituições estavam cadastradas e, considerando a participação dos fóruns (24º e 25º) e dos editais realizados no ano (11º Microprojetos e 2º Bem Mentoria), o número de organizações participantes da Rede totalizou 517.

Equipe da Rede do Bem com as lideranças dos projetos vencedores do 11º Edital de Microprojetos, que oferece apoio financeiro para fortalecer organizações de base comunitária

O empreendedor social Alan Maia, fundador da Agência do Bem e da Rede de Organizações do Bem, explica que os “microgrants”, ou microfinanciamentos, são uma das tecnologias sociais mais importantes desenvolvidas pela Rede. Toda essa mecânica, explica ele, foi construída com base no binômio confiança-simplicidade:

“Partimos do pressuposto de que o perfil das organizações que apoiamos são pequenas, e sabemos que lidam com muitas dificuldades no cotidiano para manter atividades nos territórios. Quando se cria processos muito complexos, que são o padrão nesses tempos de compliance, acabamos por excluir grande parte dessas organizações que não têm recursos humanos para se dedicar a essa extensa burocracia. Mas isso não significa que não há parâmetros de integridade e transparência. Temos um processo que é simplificado, com dados cadastrais e basicamente três perguntas – sobre o trabalho, a história da instituição e como ela pretende aplicar o recurso financeiro – questões que todas as lideranças comunitárias são capazes de responder”.

 

A Rede do Bem realiza um esforço contínuo para aprimorar seu processo e tornar seu edital cada vez mais inclusivo. A participação no Programa Transformando Territórios, que apoia Fundações e Institutos Comunitários, em especial, desempenha um papel importante ao proporcionar à Rede valiosos conhecimentos sobre a democratização da filantropia e como promover a filantropia comunitária.

Alan ressalta que, depois de 11 anos e dezenas de processos já realizados com essa fórmula, a experiência mostra que a estratégia de “microgrants” não deixa nada a desejar aos editais padrão:

“É uma iniciativa totalmente bem-sucedida que já vem sendo replicada por outras organizações, algumas delas inclusive do próprio Programa Transformando Territórios”.

A prática de grantmaking, o financiamento de projetos sociais já existentes, é um dos princípios das Fundações e Institutos Comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

A abertura periódica dos editais de apoio, que financiam microprojetos das mais diversas causas, é possível graças à sólida rede de patrocinadores institucionais. São empresas de pequeno, médio e grande porte, para as quais a Rede é mais que um destino de doações, é uma parceira estratégica para realização de programas de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, explica a diretora-executiva Cláudia França.

“Lá em 2005, no começo de tudo, a própria Agência do Bem recebeu um microfinanciamento para a recém-criada Escola de Música e Cidadania. Com esse recurso, conseguiu estruturar o projeto, que hoje está presente em 28 localidades, no Brasil e em Portugal. Por isso, sabemos muito bem que esse micro recurso pode se multiplicar”, destaca França.

24º Fórum da Rede do Bem, no Rio de Janeiro: os encontros temáticos e periódicos têm o objetivo de criar oportunidades de ação conjunta

A primeira forma de uma organização “chegar” à Rede do Bem é participar dos fóruns, que são encontros temáticos e periódicos com o objetivo de criar oportunidades de ação conjunta e pensar agendas comuns e estratégicas para essas entidades. Nestes eventos, abertos e gratuitos, são realizadas palestras de temas caros à gestão de entidades do terceiro setor, tais como captação de recursos, elaboração de projetos, monitoramento e avaliação de programas sociais, entre muitos outros.

“Quem participa dos fóruns, ganha pontos nas concorrências via editais, pois sabemos que o conhecimento pode ser o diferencial para eles executarem os projetos”, diz Cláudia.

Além das capacitações em fóruns, a Agência do Bem seleciona, via edital, lideranças sociais e comunitárias para receberem mentorias dos seus técnicos e diretores, em encontros presenciais, ao longo de meses de trabalho conjunto, promovendo a troca de experiências, revisão de processos de gestão, implementação de novas ferramentas e a criação de novas soluções e projetos institucionais.

 

A diretora executiva da Rede de Organizações do Bem com lideranças selecionadas no Edital de Mentoria, que oferece a lideranças comunitárias ferramentas práticas para a aceleração de projetos

“A gente observa que existem muitas organizações comunitárias com um patrimônio relevante, mas com poucos recursos – não só financeiros ou humanos, mas de boas práticas de gestão de projetos e de metodologias de prestação de contas, por exemplo – e aí surgiu a vontade de levar esse conhecimento para o maior número possível de organizações”, conta Cláudia.

A Rede de Organizações do Bem Rio de Janeiro integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
  • De 2012 a 2023 – mais de 800 organizações beneficiadas por ações da Rede no Estado do Rio.

 

Quer saber mais sobre a Rede de Organizações do Bem? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Fundo vai fortalecer o protagonismo de quem vive a Maré

Fazia todo o sentido que, a partir de uma trajetória histórica atuando para criar uma agenda estruturante no campo dos direitos para os mais de 140 mil moradores do Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, a Redes da Maré criasse um fundo patrimonial. Assim, em 2022, o Fundo Comunitário da Maré foi lançado, com o objetivo de cuidar do legado que a organização construiu nos últimos 26 anos (e vai continuar construindo!) e de fortalecer o protagonismo de outros líderes e iniciativas sociais desse território.

Criada da mobilização comunitária a partir dos anos 80 e formalizada em 2007, a Redes da Maré tem como missão tecer as redes necessárias para que os direitos da população do conjunto de 16 favelas do complexo sejam efetivados. O trabalho acontece a partir da mobilização da população local e da articulação de uma ampla rede de parceiros, como universidades, órgãos públicos e também iniciativa privada.

Evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, na Casa Preta da Maré. Foto: Patrick Marinho

Através de cinco eixos de trabalho – arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação –, a organização produz conhecimento, projetos e ações. Em 2022, mais de 7,9 mil moradores foram beneficiados diretamente.

“A Maré é maior que 96% dos municípios brasileiros e pode ser considerada uma cidade de médio porte. Olhando para a complexidade da região e população, que sofre muitas violações de direitos individuais e coletivos, entendemos que precisávamos construir algo robusto. Assim, há quatro anos começamos a estruturar um fundo que pudesse aprofundar essa agenda que a organização já trabalha, mas que precisa de uma dimensão de investimentos bem maior do que temos hoje”, conta a fundadora e diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva.

 

Eliana Sousa Lima em fórum sobre segurança pública na Maré

Para atingir esse objetivo, a Redes da Maré quer apoiar o ecossistema de organizações e coletivos locais com investimento financeiro e compartilhamento de sua expertise, fortalecendo o setor social do território com conhecimento e se adaptando para perseguir esses objetivos:

“Vamos fomentar a sociedade civil nessas agendas que precisam de mais investimentos que uma única organização pode fazer.  Queremos compartilhar as tecnologias sociais que fomos desenvolvendo ao longo destes anos com estes grupos, contribuir na formação de boas lideranças para saberem elaborar um projeto e defendê-lo, para fazerem uso claro e transparente dos recursos”, explica Eliana.

A prática de grantmaking – o financiamento de projetos sociais já existentes – é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

O Fundo Comunitário da Maré foi construído a partir da orientação técnica de um Conselho de Investimento, formado por três economistas que aconselham a Redes da Maré não somente sobre o uso dos recursos, mas especialmente sobre como investir e fazer o dinheiro crescer. Estão previstas metas distribuídas em quatro fases:

 

“Almejamos chegar a R$ 100 milhões e, para isso, fizemos um escalonamento a partir de quatro metas. Atingimos a primeira, de R$ 20 milhões, em um ano. Estamos iniciando agora a meta seguinte, de R$ 30 milhões. O plano é que o fundo funcione plenamente, apoiando projetos sociais do território, ao fim desta segunda fase”, explica Eliana, ressaltando que, para alavancar o fundo, a Redes da Maré fez um mapeamento de potenciais doadores em todo o Brasil e que, até o momento, as doações são de empresas e fundações, mas pessoas físicas também podem doar.

 

O Fundo Comunitário é uma forma de garantir também a continuidade de projetos importantes, como o Centro de Artes da Maré, concebido em conjunto com a coreógrafa Lia Rodrigues, que hoje abriga, além de uma companhia de dança, outros projetos.

Há também o projeto De Olho na Maré, do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, que mantém uma articulação com a Defensoria Pública, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Para a efetivação de direitos básicos, um importante projeto é o Espaço Normal, que recebe pessoas usuárias de drogas, muitas vezes sem residência fixa e com dificuldades para emitir documentos e acessar serviços de saúde.

Visita da Open Society Foundations no Espaço Normal. Foto : Douglas Lopes / Redes da Maré.

“Nosso entendimento é que o Fundo Comunitário é o reflexo de que a Redes da Maré está em constante amadurecimento e mudança, se apropriando de sua experiência, trajetória e história para seguir renovada e atual”, conclui a fundadora da organização.

Informações do Território 

  • Território de atuação: Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, constitui-se de várias favelas e sub-bairros, com casas e conjuntos habitacionais. Considerado o maior complexo de favelas da cidade do Rio de Janeiro, com baixíssimos índices de desenvolvimento, estende-se por uma área de 800 mil metros quadrados, cortada pela Avenida Brasil, pela Linha Vermelha e pela Linha Amarela. Reúne os seguintes bairros: Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Parque Maré, Nova Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque União, Conjunto Esperança, Conjunto Vila do Pinheiro, Vila do João, Salsa e Merengue, Marcílio Dias, Roquete Pinto, Praia de Ramos, Bento Ribeiro Dantas e Mandacaru.
  • População estimada: 140 mil moradores.
  • Desafios regionais: Educação, saúde, lazer, cultura, adensamento urbano e especialmente segurança pública. A violência armada nos territórios da Maré afeta significativamente a vida dos moradores – além das violações de direitos individuais (vida, integridade física, liberdade e até propriedade), impõe obstáculos também ao acesso a direitos sociais e coletivos, como o direito à educação e à saúde.
  • Informações Gerais relevantes de acordo com o case:
    • IDHM – No ano 2000 (dado mais recente), era de 0,722, o 123º colocado no município do Rio de Janeiro.
    • Causas prioritárias mapeadas pela FIC – O trabalho da Redes se organiza em cinco eixos estruturantes: arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação.

 

A Redes da Maré integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre o Fundo Comunitário e a Redes da Maré? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Iniciativa destina R$ 20 milhões para atenção primária em cidades com déficit de médicos do Norte e Nordeste

Inscreva-se até 14 de março!

Por meio da iniciativa Juntos pela Saúde, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a associação civil independente Umane vão destinar até R$ 20 milhões para projetos de Atenção Primária em Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS) em municípios com menos de um médico a cada mil habitantes do Norte e Nordeste. A iniciativa deve beneficiar mais de 1.400 cidades das duas regiões.

Selecionados por meio de edital, os projetos devem apresentar soluções baseadas nos fundamentos das redes de atenção à saúde, com capacidade de impactar processos de atenção primária. As iniciativas devem combinar o uso de dados, novas tecnologias, saúde digital e inovação.

Principal porta de entrada do SUS, a APS promove atendimento preventivo de doenças e solução de casos médicos de baixa gravidade, assim como faz o direcionamento de pacientes com diagnóstico de maior complexidade para níveis superiores de atendimento. Segundo dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) do Ministério da Saúde, somente em 2023 foram realizados 69,7 milhões de atendimentos individuais e 101,6 milhões de procedimentos de APS na região Nordeste. Na região Norte, no mesmo período, foram 17,8 milhões de atendimentos e 32,6 milhões de procedimentos.

Para a chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde do BNDES, Carla Reis, ao somar capital público e privado para fortalecer a saúde pública, o modelo traz um ganho extraordinário para todos os envolvidos, sobretudo para quem está na ponta, beneficiando-se dos serviços oferecidos pelo SUS. “Com o apoio da Umane esperamos apoiar projetos estruturantes para fortalecer a atenção primária nos municípios mais carentes. O modelo de matchfunding é uma ferramenta poderosa para multiplicar o investimento público e ampliar o impacto socioambiental da filantropia”, disse.

Projetos elegíveis 

Projetos com conclusão prevista até junho de 2026 podem solicitar apoio financeiro igual ou maior ao valor mínimo individual de R$ 2 milhões. Entre os itens financiáveis estão investimentos fixos, como obras civis, instalações, aquisição de máquinas e equipamentos nacionais (credenciados na linha BNDES Finame), além de capacitação e treinamento.

Os proponentes precisam ser órgãos ou instituições prestadoras de serviços de saúde do SUS, pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, sediadas no país, com finalidade institucional compatível com os objetivos da iniciativa. As propostas poderão ser enviadas, a partir da primeira semana de janeiro de 2024, através do site (clique aqui) da iniciativa.

A iniciativa 

O apoio do BNDES ao Juntos pela Saúde é feito a partir de um investimento de matchfunding: a cada real doado por outras instituições, o Banco aporta outro real. Neste edital, o BNDES aportará R$ 10 milhões, duplicando o valor doado pela Umane. O Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS) ficará responsável pela gestão dos recursos, pela captação e pela seleção de projetos.

“Apoiar o Juntos pela Saúde fortalece nosso objetivo como instituição, de fomentar a ampliação do acesso à saúde e a resolutividade do sistema. Nossa visão é a de ter a Umane contribuindo para reduzir as desigualdades no acesso à saúde, somando os saberes e inovações locais e regionais com o potencial da organização de processos de trabalho, do uso de dados e da tecnologia”, diz a superintendente geral da empresa, Thais Junqueira.

Para a CEO do IDIS, Paula Fabiani, unir esforços em prol de objetivos comuns é a grande força do matchfunding:

“A chegada da Umane é motivo de celebração para nós. Fortalecer o SUS nas regiões brasileiras que mais precisam é um desafio grande e a necessidade de apoiar estas áreas é urgente. A construção da parceria entre IDIS, BNDES e Umane, junto do lançamento deste primeiro edital, representam um passo fundamental rumo às transformações que almejamos”.

 

Cursos gratuitos na Escola Aberta do Terceiro Setor

Há 10 anos, a Escola Aberta do Terceiro Setor vem trabalhando na democratização do conhecimento para fortalecimento da sociedade civil. A geração de conhecimento é um dos tripés de atuação do IDIS bem como essa disseminação de conhecimento.

Ao longo desse tempo, IDIS e Escola Aberta sempre estiveram próximos criando conteúdos. Confira abaixo alguns cursos gratuitos e inscreva-se gratuitamente:

 

A contribuição do terceiro setor no desenvolvimento do país é realidade em vários países e cada vez mais evidente no Brasil, exigindo cada vez mais profissionais qualificados que estejam aptos a fortalecer o setor por meio de uma gestão eficiente e transparente. O curso de Gestão tem a premissa de que os conceitos e experiências bem-sucedidas devem ser replicadas e inovadas. O aluno terá condições de entender as variáveis que permeiam a gestão de uma organização social e implantar os conceitos e técnicas que serão apresentados no curso.

 

A gestão financeira está diretamente relacionada a sustentabilidade das organizações sociais. O curso apresentará aspectos essenciais para uma gestão transparente e sustentável a longo prazo, convidando o aluno a implantar no seu cotidiano as ações que permitirão gerar informações e dados financeiros à sociedade, doadores, parceiros.

 

Paula Fabiani, CEO do IDIS (Instituto de Desenvolvimento para o Investimento Social) conversa a respeito da importância e dos principais aspectos que envolvem a estruturação e a gestão dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

 

  • ESG: o que o terceiro setor precisa saber?
    ESG é uma sigla em inglês que significa environmental, social and governance. São as práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização.
    E embora profundamente debatido, e cada vez mais aplicado ao segundo setor, o ESG também deve ser entendido como pauta urgente para as organizações da sociedade civil.
    Marcos Kisil, fundador do IDIS –Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Socia, e Rachel Carneiro, da Ideal Social, apresentam o histórico e o conceito do ESG, o que cabe ao Terceiro Setor compreender sobre o tema e como a aplicabilidade dessas práticas pode ser relevante para a gestão e a captação de recursos nas OSCs.

 

  • Captação de recursos no exterior: Canadá e Estados Unidos
    Este minicurso faz parte do treinamento on-line diz respeito ao tema de captação de recursos nos EUA e Canadá, com destaque para os procedimentos e melhores práticas para captar recursos nestes países.As aulas são ministradas por Jessie Krafft e Ted Hart, da Charities Aid Foundation, que durante o curso vão explicar o que é Fundo de Amigos, como acontece a preparação de validação por doadores e também a diferença entre Determinação de Equivalência e Responsabilidade da Despesa.

 

Conheça nossas publicações SOBRE ALGUNS DESSES TEMAS

Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil

O Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil é uma iniciativa do IDIS e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos para o acompanhamento de endowments em atividade no Brasil.

Os dados foram obtidos a partir de questionários respondidos por gestores destes fundos ou por meio da consulta pública em sites ou veículos de imprensa.

A atualização é constante. Para passar a integrar o levantamento ou modificar algum dado, gestores de fundos patrimoniais podem preencher o questionário oficial. Solicite o link escrevendo para comunicacao@idis.org.br

Veja também a tabela completa para análise e acesso a outros dados sobre os fundos patrimoniais mapeados.

Atualmente o Brasil possui 106 fundos patrimoniais ativos cujo patrimônio total informado é de R$ 118.970.607.528.

Monitor IDIS dE Fundos Patrimoniais no Brasil – levantamento completo

 

 

 

Nome 

Ano da criação

Patrimônio

Data da coleta da informação

Amigos Direito UERJ 2022 Não informado 2023
Associação Escola Panamericana de Porto Alegre 2022 R$ 15.000.000 2023
Associação Fundo Patrimonial do ITA 2023  Não informado 2024
Associação Gestora do Fundo Patrimonial em Apoio à Faculdade de Direito da UFRGS 2021  Não informado 2023
Centro Infantil Boldrini 2020  Não informado 2023
C de Cultura 2008  Não informado 2023
Chronos (USP São Carlos – comunidade) 2021 R$ 1.600.000 2023
Conecta EAUFBA (Escola de Administração da UFBA) 2021 R$ 100.000 2021
Endowment Afesu 2018 R$ 595.984 2024
Endeavor Brasil 2012 R$ 35.345.207 2021
Endowment da FEAC 1964 R$ 175.000.000 2021
Endowments do Brasil – Fundo Trans Casa Chama 2022 Não informado 2023
Endowment Direito GV 2012 R$ 3.500.000 2021
Endowment FMUSP 2015 R$ 234.440 2022
Endowment Instituto Acaia 2016 R$ 400.000.000 2022
Endowment Instituto Rodrigo Mendes 2014 R$ 35.829.175 2024
Endowment PUC-Rio 2019 R$ 2.868.367 2022
Endowment Sempre FEA (FEAUSP – alunos) 2020 R$ 9.885.000 2024
FLUPP (Fundação Lúcia e Pellerson Penido)  2011 R$ 3.500.000 2021
Fonte Endowment 2023 Não informado 2024
Fundação Abrinq R$ 7.300.000 2023
Fundação Carlos Chagas 1964 Não informado 2024
Fundação do Câncer R$ 34.649.000 2023
Fundação Antonio e Helena Zerrenner INB 1936 R$ 40.000.000.000 2023
Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep)  2008 R$ 22.479.000 2024
Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec)  2021 R$ 186.476 2024
Fundação Coppetec 2019 R$ 347.000 2024
Fundação Estudar 2011 Não informado 2023
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza 1996 R$ 25.785.000 2023
Fundação Maria Emilia Não informado 2024
Fundação Lia Maria Aguiar – FLMA 2021 R$ 900.000.000 2024
Fundação Uniselva 2002 R$ 512.884 2024
Fundo Amanhã (Administração UFRGS) 2022 R$ 1.354.500 2024
Fundo Areguá 2016 R$ 7.600.000 2021
Fundo Artigo 220 (Revista Piauí) 2021 R$ 350.000.000 2024
Fundo Baobá 2016 R$ 118.000.000 2023
Fundo Betinho – Ação da Cidadania 2023 R$ 45.000.000 2023
Fundo Brasil de Direitos Humanos  2005 R$ 16.076.500 2024
Fundo Catarina 2021 R$ 2.000.000 2023
Fundo Comunitário da Maré – FCM 2022 Não informado 2023
Fundo de Apoio ao Jornalismo Investigativo – F/ABRAJI  2016 Não informado 2024
Fundo Centenário (Escola de Engenharia da UFRGS) 2017 R$ 2.700.000 2023
Fundo de Bolsas do Insper 2004 R$ 32.000.000 2021
Fundo de Endowment do Instituto Líderes do Amanhã 2019 Não informado 2024
Fundo de Investimento da FALM (Fundação André e Lúcia Maggi) 2017 R$ 13.900.000 2023
Fundo FICA 2015 R$ 150.000 2024
Fundo Figueira 1964 Não informado 2024
Fundo FAS (Fundação Amazônia Sustentável) 2008 R$ 52.727.000 2024
Fundo Fundação ABH 2015 R$ 2.130.000 2021
Fundo Fundação Itaú para Educação e Cultura 2000 R$ 4.203.667.000 2023
Fundo Future 2023 R$ 1.600.000 2023
Fundo Gerações 2008 R$ 2.646.000 2021
Fundo Patrimonial ACTC – Casa do Coração
2022 R$ 22.628.315 2023
Fundo Patrimonial Amigos da Poli (Escola Politécnica da USP) 2012 R$ 50.000.000 2024
Fundo Patrimonial Amigos do Hospital do Fundão (RJ) 2016 Não informado 2023
Fundo Patrimonial Amigos da Univali 2019 R$ 86.024 2023
Fundo Patrimonial Amigos do Brasil Central 2019 R$ 50.000 2022
Fundo Patrimonial ASA (Associação Santo Agostinho) 2018 R$ 25.000.000 2021
Fundo Patrimonial Associação Projeto Gauss – FPPG 2019 R$ 2.700.00 2023
Fundo Patrimonial BrazilFoundation 2010 R$ 1.902.133 2021
Fundo Patrimonial CEAP 2018 R$ 124.933 2024
Fundo Patrimonial da Fundação Banco do Brasil 2008 R$ 226.800.000 2021
Fundo Patrimonial da Fundação Bradesco 1956 R$ 65.511.000.000 2021
Fundo Patrimonial da Fundação Grupo Volkswagen 2002 R$ 202.300.000 2021
Fundo Patrimonial da Fundação José Luiz Egydio Setubal 2016 R$ 202.000.000 2021
Fundo Patrimonial da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal 1965 R$ 590.538.000 2024
Fundo Patrimonial da Fundação Romi 1999 R$ 85.000.000 2021
Fundo Patrimonial da UFC 2023 Não informado 2023
Fundo Patrimonial da USP 2021 R$ 26.000.000 2024
Fundo Patrimonial do CPCD 2021 R$ 1.000.000 2021
Fundo Patrimonial do IMS 1995 R$ 1.250.000.000 2021
Fundo Patrimonial do Instituto Alana 2013 R$ 424.779.167 2021
Fundo Patrimonial do Instituto Ayrton Senna 2017 R$ 153.000.000 2022
Fundo Patrimonial FEAUSP (gestores) 2016 R$ 1.235.889 2024
Fundo Patrimonial Fundação Tide Setubal 2010 R$ 117.312.694 2021
Fundo Patrimonial Ibirapitanga 2017 R$ 377.000.000 2021
Fundo Patrimonial Instituto Reciclar 2013 R$ 6.200.000 2021
Fundo Patrimonial OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de SP)  2006 R$ 48.400.000 2021
Fundo Patrimonial Parceiros da Educação 2023 R$ 26.000.000 2023
Fundo Patrimonial Serrapilheira 2018 R$ 600.000.000 2021
Fundo Perpetuidade SOS Mata Atlântica 2006 R$ 68.000.000 2021
Fundo Rogério Jonas Zylbersztajn 2019 R$ 165.000.000 2023
FUTURE – Fundo Territórios Unidos por Recursos para a Educação 2023 R$ 1.600.000 2024
iGMK – Instituto George Mark Klabin 1993 R$ 10.139.498 2023
Indeed 2023 Não informado 2023
Instituto Dara 2008 R$ 17.334.000 2023
Instituto Jô Clemente R$ 99.089.000 2024
Instituto Merula Steagall 2021 R$ 1.300.000 2024
Instituto Natura R$ 162.000 2024
Instituto Unibanco 2009 Não informado 2023
IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas 2007 R$ 13.671.000 2022
Liga Solidária 2020 R$ 83.000.000 2024
Lumina (Unicamp – reitoria) 2020 R$ 500.000 2021
MASP Endowment 2017 R$ 19.799.518 2024
Organização Gestora de Fundo Patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Sírio-Libanês 2021 Não informado 2023
Patronos (Unicamp – alunos) 2020 R$ 1.792.928 2024
PDR – Purpose Driven Resources 2023 R$ 72.000.000 2024
Primatera Fundo Patrimonial 2023 R$ 33.392 2024
Prospera Unesp 2021 R$ 1.000.000 2023
Reditus (UFRJ – alunos) 2022 R$ 10.000.000 2022
Rio Endowment 2022 Não informado 2023
Semear 2022 Não informado 2024
Sempre Sanfran (Faculdade de Direito USP – alunos) 2022 R$ 14.000.000 2022
Stickel 1993 R$ 13.000.000 2021
Umane 2016 R$ 1.900.000.000 2021
WimBelemDowment 2021 R$ 1.000.000 2021

Acesse e baixe a planilha completa com a fonte dos dados.

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Denise Carvalho é destacada pela Social Value Internacional

A gerente sênior de Monitoramento e Avaliação do IDIS, Denise Carvalho, recebeu o destaque de “Spotlight of the Month” da rede internacional de avaliação de impacto Social Value International. A rede atualmente está presente em 60 países com participação de pessoas e organizações, entre elas o IDIS.

” A ODS17 é crucial para a a rede, pois as parcerias impulsionam o impacto coletivo. A colaboração é essencial para a nossa rede, promovendo diversas especialidades e recursos. Através da nossa parceria, buscamos amplificar a inovação social, avançando em soluções sustentáveis e avaliando coletivamente o impacto social para um futuro melhor”, comenta Carvalho em entrevista a Social Value.

Recentemente, a equipe do IDIS passou por treinamentos na metodologia SROI (Social Return on Investment ou Retorno Social sobre o Investimento em português) e faz parte da série de treinamentos realizados.

Crianças e jovens também podem (e querem) salvar o planeta!

Estudo ‘3 coisas que eu quero mudar no mundo’ e Pesquisa Doação Brasil mostram crescente tomada de consciência social das novas gerações

De acordo com a 4ª edição da pesquisa 3 Coisas que eu Quero Melhorar no Mundo, promovida pela plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade, desde 2020 existe um aumento gradativo e contínuo de tomada de consciência social pelas novas gerações.

Utilizando a metodologia de respostas abertas para a pergunta: “quais são as 3 coisas que eu quero melhorar no mundo”, a pesquisa ouviu crianças e jovens até 18 anos, em todo o Brasil, e efetivou análises quantitativas e qualitativas dos dados inclusive com rankings regionais para compreender as diferentes percepções e demandas de acordo com a realidade vivenciada. No comparativo da edição 2023 com as edições anteriores, o que se mantém sempre em primeiro lugar é a preocupação em melhorar a educação e o direito de estudar.

Questões emergenciais como acabar com a fome e a insegurança alimentar, acabar com a violência e ter mais segurança, acabar com desemprego, mais saúde para todos e resolver o acesso ao saneamento básico, entre outras, convivem com desafios estruturais como acabar com a desigualdade socioeconômica e com a pobreza, resolver o desafio das pessoas em situação de rua, investir mais em ciência, tecnologia, cultura e leitura, por exemplo.

As novas gerações identificam também o que permanentemente merece atenção, como o fim do preconceito e do racismo, a valorização dos direitos humanos e dos direitos das mulheres e das crianças, além de cuidar da natureza e respeitar o meio ambiente, estar em alerta com as queimadas, o desmatamento e o aquecimento global, reduzir a poluição, ampliar processos de reciclagem, cuidar dos direitos dos animais. E projetam como perspectivas para uma convivência mais harmoniosa entre todos mais respeito e tolerância, mais amor e empatia, mais gentileza, solidariedade e generosidade e, em tempos de preocupação com a saúde mental, mencionada pela primeira vez nos quatro anos de estudo, mais qualidade de vida, felicidade, passeios, jogos e brincadeiras em um mundo com mais paz e menos guerras.

“As crianças e jovens estão percebendo, precocemente, que o ‘mundo melhor’, com mais dignidade e senso comunitário para uma convivência mais harmoniosa entre todos, depende de muitas resoluções concretas que precisam ser tomadas o quanto antes. O futuro é altamente dependente da saúde do planeta e das pessoas hoje e, cada vez mais cedo, as crianças estão percebendo a complexidade das interdependências que muitas lideranças, nos mais diversos âmbitos, ou não enxergam ou não estão interessadas em enxergar”, pontua Marina Pechlivanis, idealizadora da Educação para Gentileza e Generosidade.

De acordo com a Pesquisa Doação Brasil 2022, promovida pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos, revelou que 84% dos jovens pertencentes à faixa etária de 18 a 27 anos, conhecida como ‘Geração Z’, efetuaram algum tipo de doação em 2022. Esse dado demonstra um aumento significativo em relação ao levantamento de 2020, no qual 63% dos respondentes dessa mesma faixa declaravam ter realizado doações. As formas mais comuns de doação incluem a contribuição de bens materiais (76%), seguida por doações em dinheiro (43%) e doações de tempo/trabalho voluntário (30%). A Geração Z tende a doar proporcionalmente mais por meio do trabalho voluntário do que o restante da população e menos em dinheiro. Essa discrepância pode ser atribuída à menor renda média desse público se comparado a gerações mais maduras.

A pesquisa também revela que os jovens que fazem doações têm uma tendência significativa a promover ou contribuir de alguma forma para campanhas de arrecadação ou mobilização. Este dado foi confirmado por 7 em cada 10 jovens doadores em 2022, sendo que 20% deles afirmam ter feito isso em mais de uma ocasião. O grupo também demonstra um otimismo maior em relação às Organizações Não Governamentais (ONGs), quando comparados à população em geral. Entre os jovens, 73% concordam que as ONGs desempenham um papel fundamental no combate aos problemas socioambientais, e 83% concordam com a afirmação de que ‘as ONGs dependem da colaboração de pessoas e empresas para obter recursos e funcionar’. Além disso, mais do que o presente, na Pesquisa Doação Brasil 2022, 52% dos doadores da Geração Z não apenas afirmaram planejar continuar suas doações, como também acreditam que doarão mais em comparação com o ano anterior. Essa abertura indica uma oportunidade valiosa para as organizações filantrópicas de se envolverem com a Geração Z.

 “O acesso à informação instantânea pela internet e redes sociais aproxima os jovens aos eventos e desafios globais. Além disso, a educação e sensibilização sobre essas questões estão cada vez mais presentes no cotidiano. À medida que as novas gerações naturalmente desenvolvem uma consciência mais aguçada das questões socioambientais que afetam o mundo, tendem também a se engajarem mais no futuro.Afirma Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS.

 

Sobre a Educação para Gentileza e Generosidade

Considerando a educação como um caminho viável para a conscientização e a transformação social, a primeira plataforma brasileira de Educação para Gentileza e Generosidade oferece gratuitamente soluções sistêmicas integrativas, interdisciplinares e interpúblicos com base nos 7PEGG. Para as escolas, metodologia com 26 planos de aula adaptados da renomada Learning to Give e adequados à nova BNCC, curso de formação de professores e prêmio. Para as famílias, vídeos, leituras e atividades para melhorar o convívio e desenvolver virtudes humanitárias. Para jovens lideranças sociais, eventos e oportunidades de conexão e visibilidade. Para a sociedade, estudos e pesquisas inéditos com crianças e jovens. Para ambientes de trabalho, dinâmicas de desenvolvimento humano para programas de treinamentos e materiais de comunicação e ambientação, além do Manual de Conhecimento e Autoconhecimento e o Teste dos 7 Princípios. Tudo programado para ser descomplicado, acolhedor e acessível, facilitando a multiplicação e a implementação. Entre os apoiadores-mantenedores estão o Movimento Bem Maior e a Fundação José Luiz Egydio Setúbal.


Sobre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.

 

Texto originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor em 19/12/2023

Gincana de doação entre colaboradores do IDIS arrecada quase R$ 24 mil

Em celebração ao Dia de Doar, a equipe IDIS aceitou o desafio de participar de uma campanha de doação para Fundações e Institutos comunitários (FICs) participantes do programa Transformando Territórios. Divididos em 5 grupos, cada um ficou responsável por arrecadar doações que seriam dobradas devido a um matching realizado pelo programa.

Foto do 2º Seminário Transformando Territórios

Ao longo de 2 semanas, os colaboradores do IDIS acionaram amigos, colegas e familiares seja por meio de vídeos nas redes sociais ou até mesmo a mensagens individuais solicitando doações para a organização apadrinhada. Ao total foram R$ 23.806,00 arrecadados em formato de matching entre 163 pessoas mobilizadas.

As organizações beneficiadas foram: Instituto Comunitário Manaura, Instituto Baixada Maranhense, Instituto Comunitário de Sergipe, FUNDAES – Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo e Fundo comunitário Perifasul M’Boi.

“A experiência da gincana foi incrível. Foi uma ótima forma de apoiar as organizações nas suas campanhas, aproximar nossa equipe do trabalho das FICs e, principalmente, fomentar a cultura de doação no nosso entorno”, comenta Whilla Castelhano, gerente do programa Transformando Territórios.

Marina Negrão, analista de comunicação e uma das organizadoras da iniciativa, destaca o aspecto colaborativo da iniciativa. “Trabalhar em grupo com pessoas de fora do seu dia a dia faz com que novos desafios apareceram e novas oportunidades de interações. Essa experiência com certeza auxilia a todos os envolvidos!”, acredita.

 

Doar nos faz mais humanos

Por Paula Fabiani e Luisa Lima, respectivamente CEO e gerente de comunicação e conhecimento no IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Brasil cai no ranking global de generosidade e é preciso ir além do óbvio para entender motivos

Pessoas passando fome, educação de má qualidade, temporais levando casas e vidas, animais abandonados. De quem é a responsabilidade por resolver estas questões? Alguns podem dizer que exclusivamente dos governos. Outros, implicam também empresas e ONGs. Mas as mudanças apenas acontecerão na velocidade que precisamos, quando cada indivíduo também se perceber como parte da solução.

Eu e você, cada um de nós, temos a possibilidade de contribuir de diversas formas. De acordo com o recém-lançado World Giving Index, o ranking global de generosidade promovido pela Charities Aid Foundation e lançado no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em todo o mundo, 4,2 bilhões de pessoas ajudaram alguém que não conheciam, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma organização social no ano passado.

Entre 142 nações, Indonésia, Ucrânia e Quênia lideram o ranking. O Brasil aparece na 89ª posição, depois de ocupar a 18ª apenas um ano antes. Enquanto esses comportamentos se mantiveram estáveis na maioria dos países, o Brasil foi na contramão e apresentou reduções. O percentual de brasileiros que reportaram ter realizado uma doação caiu de 41% em 2021 para 26% em 2022, doação de tempo (voluntariado) foi de 25% para 21%, e ajuda a um desconhecido, a forma mais básica de solidariedade, recuou de 76% para 64% entre os respondentes.

A diversidade de perfis entre os países bem posicionados não nos permite dizer que o engajamento é maior em função do grau de desenvolvimento econômico, religião ou continente a que pertence. Dentre os dez mais bem colocados há países de várias partes do mundo e com diferentes religiões praticadas. Apenas três dos dez países mais solidários estão entre as maiores economias do mundo, e a Libéria, um dos países mais pobres do mundo aparece em quarto lugar no ranking. É preciso ir além do óbvio para entender o que contribui para o fortalecimento da cultura de doação.

Um ponto já foi mencionado – os cidadãos devem se perceber como parte da mudança. De acordo com a Pesquisa Doação Brasil 2022, estudo do IDIS acerca do comportamento do doador individual, 93% dos respondentes reconheceram que pessoas comuns são também responsáveis por resolver os problemas sociais e ambientais no Brasil. Sete anos antes, apenas 61% concordaram com a afirmação. Apesar da doação informal também ser importante, ela é potencializada quando é feita a organizações sociais, as ONGs, pois elas têm em sua atuação a atenção a causas e territórios e podem agir de forma sistemática. A confiança no trabalho dessas organizações, dessa forma, é um outro fator determinante.

No Brasil, o protagonismo das ONGs no período da pandemia e a visibilidade que ganharam na mídia, contribuíram para um crescimento acentuado em sua confiança. Passado o efeito da pandemia, segundo a Pesquisa, os níveis caíram, mas ainda assim, ficaram em 2022 em um patamar superior a 2015. Somado a isso, é necessário que exista uma infraestrutura que conecte doadores a organizações, como plataformas, redes, coalizões, meios de pagamento, consultorias, capacitações e legislações que facilitem e incentivem o ato da doação. No caso da Ucrânia, que vinha ganhando posições no World Giving Index desde 2019 e ocupa agora a segunda posição, foi determinante haver um ecossistema constituído para receber as doações e atuar com agilidade quando a guerra, infelizmente, teve início.

Outros aspectos que também têm influência são o nível de satisfação das pessoas com a vida de forma geral – quanto mais felizes, mais doadores, com destaque aos habitantes dos países nórdicos – e o nível de segurança em relação ao futuro – em épocas de eleições conturbadas ou crises econômicas, as pessoas tendem a ficarem mais cautelosas e doarem menos, e isso pode explicar, em partes, a queda do Brasil no ranking.

Doar é se conectar com os seres vivos que nos cercam, estejam eles do outro lado da rua ou do outro lado do país. Doar é praticar a nossa humanidade: doar nos faz mais humanos. Governos, empresas, ONGs e cada um de nós deve se comprometer a espalhar essa prática e a agir. Que isso faça parte de nós e da cultura do nosso Brasil.

 

 

Artigo originalmente publicado pela Folha de S. Paulo na coluna “Papo de Responsa” em 14/12/2023

Retrospectiva IDIS 2023: ousadia e impacto

A ousadia é inerente ao ser humano, mas deve ser desenvolvida, experimentada e aprimorada. Este foi o tema não apenas do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, mas também reflete a jornada do IDIS ao longo do ano. Precisamos de coragem, criatividade, planejamento e persistência para enfrentar desafios e assumir riscos. Com muito orgulho e gratidão pelo ano que passou, afirmo que, em 2023, o IDIS foi mais ousado que nunca!

Foi neste ano que teve início o grandioso Juntos pela Saúde, um projeto de impacto em parceria com o BNDES com o objetivo de destinar, até 2026, R$200 milhões para fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do país. Em apenas um ano de atuação, conquistamos quatro importantes apoiadores e estão em ação três projetos que abrangem quase 300 municípios. A experiência nos qualificou para a assinatura de mais um grande contrato no campo da gestão da doação, que em breve poderá ser divulgado!

Para impulsionar a filantropia corporativa, também estruturamos em parceria com o Grupo MOL o Compromisso 1%. Empresas de qualquer porte e com balanço auditado poderão participar, basta se comprometerem com a doação anual de pelo menos 1% de seu lucro líquido para organizações da sociedade civil. Contamos com a participação de muitas organizações neste planejamento e no ano que vem, será oficialmente lançado.

Em 2023, nossa equipe de consultoria conduziu 54 projetos, abrangendo áreas como planejamento estratégico, estruturação e gestão de fundos patrimoniais, gestão de doações e avaliação de impacto. Incluímos, também, oficialmente em nossa oferta, serviços relacionados à agenda ESG e sua relação com o Investimento Social Privado. 

Investimos no aprimoramento do processo de avaliação de nossos serviços pelos clientes e obtivemos ainda mais retornos sobre a percepção dos projetos concluídos. A nota média alcançada ao longo de todo ano manteve-se superior a 9, com um alto índice de recomendação, demonstrando o comprometimento do time também com a qualidade de tudo que é entregue.  

Progredimos em nossos projetos de impacto, fortalecendo nossa contribuição para o ecossistema filantrópico. Além do já citado  ‘Juntos Pela Saúde, expandimos o programa Transformando Territórios, dedicado ao fomento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil. A partir de uma chamada pública, cinco novas organizações passaram a integrar o programa, totalizando 17 participantes. Em setembro, reunimos todos em São Paulo, para o  2° Seminário Transformando Territórios

 

À frente da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, seguimos nossa jornada para a melhoria do ambiente regulatório para os fundos patrimoniais, com uma agenda intensa junto a parlamentares em Brasília. Uma das principais pautas de nosso advocacy neste ano dizia respeito à regulamentação para que recursos proveniente de incentivos fiscais possam também ser destinados a fundos patrimoniais. No início de abril, tivemos uma vitória. A Instrução Normativa 1/2023 do Ministério da Cultura regulamentou o uso de incentivos fiscais destinados à Lei Federal de Cultura, popularmente conhecida como “Lei Rouanet”, para fundos patrimoniais voltados à área da cultura. Em agosto, avançou também o Projeto de Lei 2440/2023, que busca utilizar os incentivos fiscais já existentes na legislação brasileira para estimular doações a fundos patrimoniais filantrópicos de todas as causas. Ele foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura do Senado e agora está em análise na Comissão de Assuntos Econômicos. Ainda no campo de políticas públicas, o IDIS também apoiou esforços para incluir as pautas do setor sem fins lucrativos na Reforma Tributária que tramita no governo.

No campo do conhecimento, lançamos 49 produtos ao longo do ano, com mais de 93 mil pessoas alcançadas. Entre os destaques, a segunda edição do relatório Perspectivas da Filantropia no Brasil, a publicação Arquétipos da Filantropia, em parceria com a Rockefeller Philanthropy Advisors, a realização da Pesquisa Doação Brasil 2022, o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022, além de artigos, notas técnicas e textos informativos dos mais variados assuntos, e com muitas vozes do IDIS compartilhando seus saberes. Foram também muitos eventos realizados, quando pudemos reunir inúmeras pessoas. 

O destaque, mais uma vez, foi o Fórum Brasileiros de Filantropos e Investidores Sociais, com mais de 1.200 participantes presenciais e online. E não posso deixar de mencionar o encontro que realizamos em Recife, em parceria com a Family Business Network, para falar sobre investimento social privado e impacto. Foi um marco da retomada de nossa agenda regional.

Já agora no finalzinho do ano, o Descubra Sua Causa, projeto desenvolvido pelo IDIS e que agora está sob gestão do Instituto MOL, recebeu o troféu prata de Melhor Design na categoria Design para Impacto Social / Prosperidade.  Ficamos felizes ao ver ele crescendo e sendo reconhecido. 

Conectados ao mundo, levamos novamente uma delegação ao Global Philanthropy Forum, participamos do mais importante encontro europeu sobre filantropia, o Philea Forum, do Shift the Power Global Summit, do Impact Minds, realizado pela Latimpacto, e do WINGS Forum, realizado no Quênia e no qual também fomos palestrantes. Além disso, estive na primeira semana de junho na Conferência de Liderança da Rede Global da Charities Aid Foundation – (CAF), que reuniu representantes das organizações parceiras em Londres, onde está localizada a sede da organização. A novidade é que em 2023 novos membros passaram a integrar a rede, que até então era composta por representantes na África do Sul, Bulgária, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Índia, Nova Zelândia e Turquia.

A ousadia trouxe reconhecimentos. O IDIS foi listado entre as melhores ONGs brasileiras pelo The Dot Good, e conquistamos o selo Great Place to Work, certificação que reflete nosso compromisso em criar um ambiente de trabalho positivo, inclusivo, transparente e ético, promovendo o bem-estar dos colaboradores, fornecedores e parceiros.

Em quatro anos, registramos um crescimento em nossa receita de 156% e a equipe passou de 13 para 48 pessoas. Hoje temos, oficialmente, um programa de estágio para todas as áreas e aprofundamos o debate e as ações relacionadas à diversidade e à inclusão. Nosso comitê se dedicou à escuta e ao conhecimento sobre outras práticas e, aqui, entre as ações que realizou, destaque ao letramento sobre Branquitude, com Cida Bento, e o segundo censo IDIS.

Mas ousar sem responsabilidade não é possível. Foi um ano que exigiu a implantação de novos processos operacionais, financeiros e de gestão de pessoas. Refletimos sobre políticas internas e também sobre o IDIS e nosso posicionamento, buscando manter o crescimento sustentável e alinhado à nossa cultura e objetivos. Planejamos, executamos, revisamos a rota, dialogamos, fortalecemos parcerias. E assim, fomos mais longe. 

QuerIDIS, conselheiros, parceiros, apoiadores, familiares: nosso muito obrigada! Cada um de vocês é parte dessa história. 

Em 2024, o IDIS completa 25 anos e será um momento para celebrar. Sigamos juntos!

Paula Fabiani, CEO do IDIS

Fundo Jequi: promovendo o protagonismo comunitário no Médio Jequitinhonha

Um dos subsolos mais ricos do Brasil, área de exploração de lítio, pedras preciosas, com diversidade de atrativos culturais nas áreas de música, arte e artesanato. Com tantas potencialidades, o território do Médio Jequitinhonha, que reúne mais de 287 mil habitantes em 19 municípios no nordeste de Minas Gerais, tem Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) entre muito baixos e baixos, sendo os maiores desafios a segurança hídrica e alimentar. A experiência da articulação de organizações sociais durante a pandemia foi a mola propulsora para começar a transformar essa realidade: em 2020, começa a nascer o Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha – Fundo Comunitário Jequi.

 

Atividades com escolas publicas no viveiro do CPCD

 

Criado em Araçuaí (MG), o Instituto é uma coalizão formada por 16 organizações parceiras, incluindo a prefeitura do município, com um objetivo comum: promover o protagonismo comunitário ao alavancar ações de desenvolvimento e inovação de forma plena, perene e inclusiva para o território. A gestora de projetos sociais Flávia Mota, uma das fundadoras e Presidente do Jequi, explica que, no Médio Jequitinhonha, cerca de metade da população vive em áreas rurais.

 

“O instituto fará a gestão de um fundo comunitário, que será implementado em 2024, com a função de mobilizar, captar, articular, gerenciar e coordenar investimentos, recursos materiais e financeiros, e formações diversas, para fortalecer não somente as organizações da sociedade civil do território, mas também grupos, lideranças comunitárias, coletivos, startups, oferecendo sustentabilidade a programas e projetos inovadores e de interesse comunitário.”

 

Ser uma instituição local é um dos princípios das Fundações e Institutos Comunitários (FICs), isto é, são as organizações que se dedicam à melhoria da qualidade de vida de

comunidades situadas em uma região geográfica bem delimitada, da qual a FIC é originária e está estabelecida.

Flávia também é Diretora Executiva do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), organização fundada há 39 anos em Belo Horizonte e que também atua em Araçuaí, há 25 anos. O CPCD é a instituição propulsora do Fundo Jequi. Ela conta que, na pandemia, organizações locais se uniram para enfrentar o problema da fome na região, mas, com ações isoladas, nem sempre as entregas de alimentos estavam chegando às pessoas mais vulneráveis, por conta das dificuldades de acesso às estradas de áreas rurais e também à informação.

Atividade de distribuição de mudas

 

“O CPCD resgatou então o Empório Solidário, uma tecnologia social criada pela organização que já foi reconhecida e premiada pela Fundação Banco do Brasil. É um minimercado onde as famílias cadastradas têm uma cota de alimentos e podem ir mensalmente fazer suas retiradas. Elas usam carrinhos de supermercado e apresentam um cartão de beneficiário, podendo buscar os produtos aos poucos. A gente extrapola um pouco as limitações da cesta básica e proporciona a aquisição de produtos como um achocolatado ou kits de higiene, por exemplo. Durante os dois anos de pandemia, ele funcionou com recursos do Itaú Social”, conta Flávia.

 

A estratégia do Jequi, explica a presidente do novo Fundo, é o engajamento de pessoas e instituições em torno de uma mesma causa: dar potência a projetos exitosos (como o do Empório Social) e a políticas públicas efetivas e estar a serviço do desenvolvimento integral e sustentável da região. As 16 organizações locais que compõem o fundo formam a assembleia e votam na diretoria – formada por oito lideranças voluntárias das instituições parceiras.

“A gente tinha o sonho de ter um Fundo Patrimonial e, quando iniciamos a parceria com o Programa Transformando Territórios, do IDIS, fizemos inúmeras reuniões para discutir o formato. Decidimos começar com um Fundo Comunitário e pelo município de Araçuaí, que tem 34 mil habitantes e em torno de 85 comunidades rurais, para depois expandir para os demais municípios do Médio Jequitinhonha. Araçuaí é uma cidade polo, diversos municípios do entorno dependem dela para hospital e comércio”, explica ela.

 

Para apoiar pessoas e projetos, Flávia diz que o Jequi fará não editais, mas “editodos”:

 

“Sabemos as dificuldades de cumprir todos os requisitos para se encaixar em editais. Queremos apoiar justamente coletivos ainda não formalizados e lideranças comunitárias com um capital semente para investirem na criação de organizações sociais. Como contrapartida, os selecionados vão participar de oficinas de formação para que eles possam gerir projetos com eficiência e até participar de outros editais”, conta a gestora, destacando que o Fundo Jequi está firmando uma parceria para o desenvolvimento de diversas ações – desde mapear os projetos sociais do território a fazer a formação das organizações apoiadas, passando pela captação de recursos.

 

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Vale do Médio Jequitinhonha
  • População estimada: 287 mil pessoas – sendo 128 mil na área rural
  • IDH – muito baixo (0,000-0,499)/baixo (0,500-0,599)
  • Causas prioritárias mapeadas pela FIC: Segurança alimentar e hídrica.
  • Desafios regionais: Acesso à água tratada, fome, falta de acessibilidade pelas estradas rurais como uma das principais causas da pobreza entre a população rural.

 

 

O Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

O site do Fundo Jequi está em desenvolvimento, em breve estará disponível em www.fundojequi.org.br.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Juntos pela Saúde fecha ano com perspectiva de atendimento a 300 municípios

Em 2023, o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, veio ao mundo. Com o objetivo de fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o Programa apoia projetos de saúde que atuam em localidades com vazios assistenciais, e prioriza os municípios com menos de 1 médico por mil habitantes. O apoio financeiro oferecido a esses projetos baseia-se na lógica do matchfunding, um modelo de captação conhecido como “turbinado”, em função da sua estratégia de multiplicação das doações captadas.

Na prática, a iniciativa do BNDES funciona da seguinte forma: a cada real doado por organizações parceiras, o BNDES coloca mais R$1,00, dobrando o valor que será repassado aos projetos de saúde. O objetivo é que, até 2026, sejam destinados aproximadamente R$200 milhões para esses projetos, que podem ser contemplados por meio de editais públicos – a serem divulgados no site oficial do Juntos pela Saúde – ou por fomento estruturado.

Para as duas situações, há um processo de validação das organizações e, posteriormente, os projetos passam por diferentes instâncias de avaliação compostas por especialistas, até chegar no Comitê de Validação onde os apoiadores confirmarão o investimento. Para receber o apoio, os projetos precisam focar sua atuação nos municípios prioritários nas regiões Norte e Nordeste e ter como objetivo beneficiar ações e serviços públicos de saúde no âmbito do SUS.

Para saber mais sobre a seleção de novos projetos, clique aqui.

Até o momento, o Juntos pela Saúde conta com quatro importantes apoiadores, além do BNDES, e possui três projetos de amplo alcance que, juntos, chegarão a quase 300 municípios, e que visam o aperfeiçoamento de processos de gestão e atendimento do SUS em suas Unidades Básicas de Saúde, por meio do acesso à ferramentas tecnológicas, infraestrutura e formação de profissionais.

 

Conheça os três primeiros projetos contemplados pelo Juntos pela Saúde e que já estão em execução:

 

CICLO SAÚDE PROTEÇÃO SOCIAL

Ciclo Saúde Proteção Social é uma iniciativa do Cedaps e da Fundação Vale, que visa contribuir para o fortalecimento da Atenção Básica (AB) do Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando sua capacidade de diagnóstico, planejamento, operacionalização, monitoramento e avaliação de seus serviços por meio de Planos de Trabalho Compartilhados com a gestão pública, orientados pelas necessidades de saúde das populações locais.

Atualmente, está presente em 8 municípios do Pará e, por meio da parceria com o Programa Juntos pela Saúde, será iniciado em 24 municípios do Maranhão. Também fazem parte desta parceria a Wheaton Precious Metals, BNDES e IDIS.

Até 2026, estima-se que o projeto alcance 396 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 55 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e uma média de 5.000 profissionais, com o objetivo de apoiar e fortalecer Unidades Básicas de Saúde dos municípios participantes, com foco na proteção social e na promoção da saúde individual e coletiva da população.

“A parceria com o Juntos pela Saúde permite a expansão das atividades do Programa Ciclo Saúde Proteção Social para 32 municípios do Maranhão e do Pará, ampliando nossa atuação no Norte e Nordeste brasileiro. O foco é o aprimoramento da gestão pública e a criação de uma agenda de formação para profissionais de saúde, e de modo complementar para a assistência social e outras parcerias intersetoriais possíveis nos municípios. A metodologia base do Programa, chamada Construção Compartilhada de Soluções Locais, nos permite envolver e engajar as equipes no desenvolvimento de ações focalizadas nas necessidades locais, fortalecendo os vínculos entre as unidades de saúde e a comunidade.” Katia Edmundo, Diretora Executiva do Cedaps.

 

“O Fundo Juntos pela Saúde ajuda a potencializar o investimento social em territórios que demandam um olhar especial para o acesso à saúde de qualidade. Por meio da parceria, fomos capazes de levar o Ciclo Saúde Proteção Social para 32 municípios em que já atuamos com projetos de educação no Pará e no Maranhão. Em parceria com as secretarias municipais, esperamos colaborar de forma estruturante para a melhoria dos serviços públicos e beneficiar toda a população.” Pâmella De-Cnop – Diretora Executiva da Fundação Vale.

 

Para saber mais sobre a iniciativa, clique aqui.

IMPULSO PREVINE

O Projeto, idealizado pela organização sem fins lucrativos ImpulsoGov, é uma solução digital que centraliza em uma plataforma de dados, análises e recomendações sobre o programa de financiamento federal da Atenção Primária, para apresentá-los de forma rápida e descomplicada aos gestores de saúde.

No âmbito do Juntos pela Saúde, o projeto conta com apoio financeiro do Instituto Dynamo e da Umane, cujo contrato está em vias de formalização.

Por meio do apoio financeiro do Instituto Dynamo, o Impulso Previne irá investir na expansão das soluções focadas desenvolvimento no indicador de exames citopatológicos e dar acesso para 19 municípios, validados pelo Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Já o recurso proveniente da Umane – que está em vias de formalização – será direcionado ao desenvolvimento do indicador de vacinas, criação da aplicação de mensageria e expansão para 240 municípios.

A solução permite, por exemplo, monitorar a realização do exame preventivo do câncer de colo de útero, disponibilizado gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Com ela, gestores locais dos municípios atendidos poderão aprimorar suas estratégias de prevenção à doença, que registra 17 mil casos novos anualmente, conforme dados de 2023 do INCA.

Vale ressaltar, ainda, que a plataforma Impulso Previne trabalha com outros indicadores da Atenção Primária à Saúde e oferece apoio gratuito a municípios, a fim de contribuir para uma melhor gestão e monitoramento da situação de saúde das populações locais.

“O câncer do colo do útero é evitável e altamente curável na fase inicial, mas o risco de morte cresce significativamente em estágios avançados. O exame preventivo é a principal medida de rastreamento dessa doença, no entanto, os profissionais de saúde pública enfrentam dificuldades para saber quem está com ele em dia. Nossas ferramentas transformam os dados do SUS em listas descomplicadas, para que os profissionais saibam quem são as pessoas com o exame pendente e possam buscá-las”, afirma Isabel Opice, diretora de operações da ImpulsoGov.

 

Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

PAINEL DE INDICADORES DE SAÚDE MENTAL

Idealizado pela ImpulsoGov, o projeto visa ampliar o acesso a dados e informações simplificadas para gestores de saúde mental de municípios do Norte e Nordeste do Brasil. Com apoio financeiro do Grupo RD – dentro do âmbito do Juntos pela Saúde – a iniciativa se propõe a desenvolver, implementar e aprimorar um painel de dados e indicadores de saúde mental pela gestão da secretaria municipal de saúde do município. Com isso, busca garantir o acesso da população a um atendimento mais qualificado e eficiente.

O projeto “Painel de Indicadores em Saúde Mental” conta com a parceria do Instituto Cactus, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo ampliar o debate e os cuidados em prevenção de doenças e promoção da saúde mental. Desde a sua versão inicial em Aracaju (SE), o Instituto Cactus é co-idealizador e financiador do projeto, e continua apoiando a sua ampliação para outros municípios.

“Não existem padrões estabelecidos para avaliar a qualidade dos serviços oferecidos pelas Redes de Atenção Psicossocial e muitas vezes os gestores não têm acesso a informações como o perfil das pessoas atendidas na rede do município e quais serviços elas frequentam. Nosso objetivo com a Plataforma de Indicadores de Saúde Mental é facilitar o acesso a informações confiáveis para esses profissionais, auxiliando na tomada de decisões e contribuindo para a melhoria dos serviços de saúde mental”, afirma Daniela Krausz, gerente de projetos de Saúde Mental na ImpulsoGov.

 

Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

IDIS participa de encontro com famílias empresárias em Recife

O IDIS esteve presente em Recife para facilitar a sessão “Impacto: como famílias empresárias podem contribuir para o desenvolvimento socioambiental no Brasil”, parte do Encontro FBN Recife. A iniciativa faz parte da agenda regional do Instituto de disseminar conhecimento e gerar debates sobre o Investimento Social Privado, Filantropia Familiar e cultura de doação em mais regiões brasileiras, para além dos locais onde já temos atuação.

Ao longo do ano de 2023, intensificamos o relacionamento com atores estratégicos de diferentes estados, buscando enriquecer com diferentes saberes a expertise que vem sendo construída pelo IDIS ao longo desses 24 anos.

O Encontro na cidade de Recife – PE, foi promovido pela Family Business Network Brasil, a maior organização de famílias empresarias do mundo que promove a sustentabilidade desses modelos de negócio. A programação total do evento foi exclusiva para empresários parte da rede, porém a sessão promovida e realizada pelo IDIS foi aberta a outras pessoas, parte do ecossistema filantrópico da região.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, facilitou uma conversa ao lado de Mariana Moura, presidente do conselho de família da Baterias Moura e vice-presidente do Grupo Conceição Moura; e Helena Brennand, membro do Conselho de sócios e presidente do Conselho de Família do Grupo Cornélio Brennand.

Na oportunidade, Paula Fabiani apresentou aos convidados um pouco do contexto de Investimento Social Privado onde destacou diferentes modelos possíveis de atuação de famílias empresárias com impacto socioambiental, além de recomendações para aqueles que querem começar na jornada filantrópica.

 

 

Como definir o foco do investimento social corporativo?

Num contexto de recursos limitados, definir o foco do investimento social corporativo é fundamental para fazer melhor uso desses recursos e ampliar o impacto positivo das ações sociais desenvolvidas.

Quando a empresa define em que área vai investir, concentra seus recursos e esforços em torno de determinada causa, evitando a pulverização de sua atuação e eventual perda de benefício que poderia advir dos recursos investidos. Por outro lado, a acolhida ou não aos pedidos de apoio, é facilitada, já que a corporação desenvolve argumentos precisos, profissionais e respeitosos, para justificar ao demandante o motivo da recusa.

Mas definir o foco do investimento social corporativo não é tarefa simples, sobretudo num país como o Brasil, onde se acumulou progressivamente uma dívida social com relação a diferentes necessidades da população. Assim, definir um foco representa a necessidade de se explorar diferentes possíveis necessidades do agente financiador. A corporação deve buscar um mínimo de alinhamento do foco com sua própria operação, determinando se atuará em toda ou qualquer comunidade, onde sua planta está situada, ou nos lugares em que tem ponto de venda. Precisa avaliar se dará atenção a
algum grupo populacional específico (como mulher, adolescente, criança, idosos) ou se optará por uma área temática – como saúde, educação, geração de empregos.

Texto originalmente publicado em ‘Foco investimento social corporativo’ em 2007. 

Publicada em maio de 2007, a nota técnica explica a importância da definição do foco do investimento social corporativo e seu processo de construção. Também descreve o que a empresa deve observar na hora de estabelecer o foco de um programa de Marketing Relacionado a Causas.

Isso exige da empresa a tomada de decisões de caráter estratégico, alinhadas com seus valores e compromissos, com seu histórico de atuação social, com as expectativas de seus líderes, e com as necessidades das comunidades. Também exige uma definição do valor agregado que a empresa quer dar a sua marca e imagem, o que pede uma busca por conhecer com que diferenciais ela se apresentará junto aos diversos públicos de interesse, e por como deseja ser vista quando comparada
aos seus concorrentes. Sendo assim, a definição do foco demanda um olhar para dentro da própria corporação e para o contexto no qual ela está inserida, de forma que, nesse processo, seja possível identificar a “vocação” da empresa para sua atuação social.

Como operacionalizar uma decisão de foco: olhar para dentro

Como explica Paola Marinoni, o primeiro passo dessa importante decisão é identificar quais as ações sociais já realizadas pela empresa. “Não se deve jogar fora o passado da empresa. A causa a ser apoiada deve vir de dentro para fora. É, portanto, fundamental organizar o histórico das ações sociais, identificando em que iniciativas o dinheiro foi depositado, e de forma bastante ampla”. Assim, é importante levantar não apenas as doações, projetos e programas sociais
da empresa, mas também seus patrocínios, para avaliar se, mesmo que de forma inconsciente, a empresa já tem uma lógica de apoio, porém ainda não explicitada.
A definição de foco para o apoio externo deve ser coerente com as práticas organizacionais da empresa para o público interno. Não teria lógica, por exemplo, defender um foco em diversidade se a empresa não a pratica com seus próprios recursos humanos. Ou, como Paola Marinoni diz, “não adianta criar um programa de apoio a minorias étnicas se, internamente, na política de contratação de pessoal, a diversidade não é assumida como um valor. Isso significaria correr o risco de dar um tiro no próprio pé”.

Nesse sentido, a especialista defende que pode ser interessante criar um projeto social interno, voltado para os funcionários, e, só depois de a empresa fazer sua “lição de casa”, abrir o foco para a comunidade. “O investimento social corporativo não pode, de forma alguma, servir como ferramenta para amenizar os problemas internos da empresa. Quanto mais o investimento for uma extensão do
comportamento gerencial e uma extensão dos negócios, dos valores e princípios da empresa, melhor”, pondera a gerente.

O ideal, portanto, é que a ação de investimento social esteja o mais inserida possível na empresa, envolvendo todos os funcionários, pois isso aumenta a chance de bons resultados. Uma estratégia interessante pode ser observar se os colaboradores da empresa desenvolvem atividades voluntárias. Uma pesquisa junto aos funcionários pode revelar se há foco nessas iniciativas, que poderia ser assumido pela empresa. Com isso, a causa apoiada pela empresa já nasceria disseminada entre os funcionários.

Sem esquecer, evidentemente, o papel das lideranças da empresa nesse processo, que devem ser reunidas para explicitar a visão que têm em relação à atuação social. Esse momento deve ser usado para construir um consenso entre opiniões muitas vezes divergentes. Portanto uma assessoria externa pode ter um papel importante de facilitador nessa tomada de decisão, fazendo quem que ela esteja alinhada com os diferentes elementos explicitados, e que fazem parte da vida da empresa.

Um último ponto a ser observado dentro da empresa é como seu know-how pode ser usado nas  ações sociais. Se a corporação é forte na área comercial, pode criar um programa de geração de renda via empreendedorismo; se tem grande capacidade de planejamento, pode apoiar o fortalecimento de organizações sociais.

Definindo foco com olhar o “para fora”

Além de observar seus elementos internos, a empresa deve olhar para fora de si. Se ela tem planta industrial, por exemplo, é interessante escutar a comunidade em que está inserida, tentando entender suas características e necessidades. Se é do ramo do varejo, pode montar uma pesquisa junto a seus consumidores, para identificar que causas os clientes gostariam que ela apoiasse ou com quais delas eles gostariam de se engajar.

A concorrência também deve ser foco de atenção por parte da empresa. Se o objetivo dela é obter um diferencial de marca, ela não deve apoiar causas já sustentadas pelos concorrentes, sobretudo quando eles têm uma imagem bastante consolidada junto a uma determinada causa. Em outros casos, no entanto, o investidor social pode avaliar que vale a pena trabalhar de forma colaborativa com a concorrência. Exemplo disso é quando empresas se unem para realizar pesquisas conjuntas visando ao melhor aproveitamento do solo ou à preservação de florestas.

Conhecer as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioambiental também é importante nesse processo. É fundamental verificar se as políticas são boas, mas não estão sendo implantadas, e se existem políticas locais nas regiões em que as empresas estão presentes. A partir disso, a empresa pode avaliar se seu o foco pode funcionar como catalisador ou facilitador da implementação dessas políticas, permitindo que certos grupos populacionais se beneficiem o que já existe.

Durante o mapeamento interno e externo, as lideranças vão amadurecendo e descobrindo a própria vocação da empresa. Assim, tornam-se aptas para tomar decisões conscientes e coerentes com o negócio, não apenas baseadas na intuição ou na opinião pessoal de alguma destas lideranças. Mas é importante ainda destacar que delimitar o foco da empresa não significa apenas definir a área de atuação. É necessário fazer recortes mais específicos.

Se o foco programático é educação, é preciso resolver se serão apoiadas atividades de educação infantil, ensino fundamental ou médio; de educação formal ou complementar; para crianças e  adolescentes ou para jovens e adultos. Também é preciso saber o que será apoiado na área da educação: capacitação de professores, infraestrutura, bolsas para estudantes, apoio para as famílias? E o delimitar o foco geográfico, avaliando se a empresa vai investir na comunidade em que está inserida, na cidade, na região ou no país.

O foco de um programa de MRC

Quando se pretende definir o foco de um programa de Marketing Relacionado a Causas (MRC), o recorte deve ser ainda mais preciso, conforme explica Márcia Woods. O MRC é uma parceria comercial entre uma empresa e uma causa/organização da sociedade civil, que utiliza o poder de suas marcas para vender um produto, ideia ou serviço que trará benefício mútuo. Sendo assim, é uma forma de investimento social corporativo, que está intimamente relacionado à estratégia do negócio, pois envolve um produto, sua
comunicação e marketing, seus clientes, sua reputação e marca.

Por ser uma forma muito eficiente de comunicar os valores de responsabilidade social de uma empresa, apoiando a construção da sua reputação, a causa para um programa de MRC deve ser distinta da concorrência, tornando-se também um sendo diferencial de mercado. Como um de seus objetivos é sensibilizar e mobilizar os consumidores para a causa apoiada pela empresa, a consulta aos clientes ganha maior relevância, já que é preciso encontrar a causa certa – não só para a corporação de forma geral, mas também para o produto que participará do programa.

Depois de fazer o levantamento junto às diversas fontes de informação (consumidores, lideranças, histórico da empresa, ações dos funcionários, concorrência etc), é interessante estabelecer critérios para avaliar qual a causa que mais se encaixa com o negócio da empresa. O MRC pressupõe um compromisso público assumido pela empresa, portanto é necessário avaliar se a causa terá resultados facilmente mensuráveis, se ela é pouco abraçada por outras empresas, se tem apelo de mídia, se tem coerência com a política de sustentabilidade da empresa, e se tem perenidade.
A partir desses critérios, é mais fácil eliminar as causas não condizentes com a estratégia da empresa. Sem esquecer que todo esse processo deve estar baseado em dados estatísticos sobre a relevância da causa no âmbito nacional e a real possibilidade de a empresa provocar a transformação social.

Texto originalmente publicado em ‘Foco investimento social corporativo’ em 2007. 

 

 

Desempenho de fundos patrimoniais: aspectos basilares e perspectivas futuras

Por Leticia Santos, analista de projetos no IDIS

Na sua segunda edição, o Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais destaca-se como a principal referência sobre o mecanismo no Brasil, proporcionando visibilidade e estimulando debates sobre o tema. Descubra os principais tópicos discutidos durante o evento de lançamento desta publicação.

Com o crescimento das doações aos fundos patrimoniais, totalizando R$ 330 milhões em 2022 – quase o dobro em relação ao ano anterior (R$ 174 milhões), segundo o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais – e o ritmo acelerado de criação desses fundos no Brasil desde a implementação da Lei 13.800/2019, é essencial fortalecer o compromisso com estruturas de gestão mais robustas e inovadoras. Isso garantirá que os fundos patrimoniais possam apoiar efetivamente suas instituições e/ou causas de interesse diante dos desafios.

Para compartilhar suas experiências em diversas áreas da gestão de fundos patrimoniais, Carolina Barrios, responsável pelo Fundo Patrimonial na Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Márcia Woods, Assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, e Patricia Valente Stireli, presidente do Conselho de Administração da Organização Gestora do Fundo Patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês, reuniram-se sob a moderação de Andrea Hanai, gerente de projeto do IDIS, durante o lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais de 2022.

Do ponto de vista da governança de fundos patrimoniais, Marcia Woods destaca que “não há como um endowment não possuir uma estrutura de governança robusta”. Essa abordagem é essencial para gerir o patrimônio e direcionar seus rendimentos de maneira eficaz. Woods ressalta a importância da composição e do perfil dos órgãos de governança, enfatizando a necessidade de envolver diversos grupos ligados à causa ou instituição apoiada pelo fundo patrimonial na tomada de decisão. Isso inclui mulheres, pessoas negras e jovens, buscando tornar as práticas e atuações dos fundos patrimoniais mais inclusivas e relevantes.

Apesar do crescente impacto das doações no aumento do patrimônio líquido dos fundos patrimoniais, conforme evidenciado na publicação, a captação de recursos permanece um desafio comum para a maioria dos endowments. Nesse contexto, Patricia Valente Stireli compartilhou as estratégias adotadas para atingir o objetivo de acumulação de recursos no fundo patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês. Para ela, estabelecer uma estrutura independente em relação à instituição apoiada, ter um propósito bem definido e manter transparência são fundamentais para construir relacionamentos sólidos com doadores.

Instigada por Andrea Hanai, coautora do artigo ‘Uma nova fronteira para os endowments brasileiros’, Carolina Barrios compartilhou suas perspectivas sobre uma abordagem inovadora para os fundos patrimoniais: a implementação de políticas de investimento responsável ou direcionadas a causas específicas.

“Como podemos atuar com mais intencionalidade para incorporar o investimento de impacto em nossas decisões de portfólio? Além de aderir aos princípios de investimento responsável, estamos considerando qual é o nosso papel, como podemos influenciar outras fundações e como podemos instigar nossos gestores e alocadores a terem um olhar mais atento e específico sobre esse tema, gerando discussões e novas alternativas de investimento”, indaga Barrios.

Diego Martins, da Pragma Gestão de Patrimônio, e Ilan Ryfer, da 1618 Investimentos, ressaltam a importância de incorporar critérios de responsabilidade socioambiental, governança e sustentabilidade como diretrizes abrangentes para todo o portfólio de investimentos. Eles enfatizam que o estabelecimento de métricas de avaliação dos investimentos, por meio de compromissos claros, é imprescindível.

A mesa de discussão abordou aspectos relevantes relacionados às boas práticas e às perspectivas futuras no âmbito dos fundos patrimoniais, especialmente no que diz respeito à governança, ao fluxo de caixa e à alocação de investimentos financeiros.

Confira a discussão na íntegra:

Compromisso para o futuro

por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Rodrigo Pipponzi, confundador e co-CEO do Grupo MOL

Imagine uma instituição com sólido trabalho no combate à desigualdade social que, mesmo após vários anos de funcionamento e desenvolvendo projetos relevantes para a comunidade, se vê constantemente em sufoco financeiro e sempre à beira de fechar as portas. Até que, em meio à pandemia da Covid-19, ela viu as doações, ainda que emergenciais, alavancarem iniciativas importantes e, enfim, teve um respiro para seguir lutando por causas que beneficiam diversas pessoas, direta ou indiretamente.

Eis que, no entanto, esse patamar volta a cair, flertando com os índices pré-pandemia. Se pensarmos no enfrentamento à pobreza: é possível realmente transformar realidades com tantas oscilações em investimentos?

Essa não foi – nem é – uma realidade distante para muitas das mais de 800 mil organizações da sociedade civil presentes hoje no Brasil. Divulgado recentemente, o Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), estudo conduzido pela Comunitas, traz justamente o retrato do pico de investimento social corporativo (ISC) em 2020, seguido por consecutivas quedas nos anos seguintes.

Se no ano inicial da pandemia a mediana do percentual de ISC em relação ao lucro líquido das empresas pesquisadas ultrapassava os 2%, em 2022 esse índice é menor que 1%.

Fonte: BISC 2023

Mas então como manter o patamar observado em tempos emergenciais? De que forma esse ponto fora da curva pode se transformar em curva e fomentar ainda mais um setor que, segundo recente estudo da Fipe encomendado pelo Movimento por uma Cultura de Doação, representa 4,27% do PIB do Brasil?

Para construir a resposta a essa pergunta é preciso de fato um olhar não só para a atuação dos governos, mas sim das empresas. A Pesquisa Doação Brasil 2022, coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, mostra que as companhias são vistas como uma das principais responsáveis pela solução de problemas socioambientais.

Cabe aqui lembrar que hoje as mesmas empresas que carregam esse “peso” também estão cada vez mais comprometidas com a temática e a agenda ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança), mas o S da sigla é ainda um desafio.

A The ESG Global Survey, pesquisa divulgada pelo BNP Paribas em 2021, mostra que, para 51% dos entrevistados, o pilar social é o componente mais desafiador, já que os dados são mais difíceis de se obter e há uma grande falta de normalização em torno das métricas sociais. Então o que fazer para tornar as iniciativas relacionadas ao pilar S mais palpáveis?

É comum que, ao analisar e divulgar as iniciativas relacionadas à esfera social, as empresas olhem mais para dentro de casa e implementem ações que equacionem questões como diversidade e equidade de gênero ou raça.

Não obstante sejam ações relevantes e urgentes, é necessário também olhar para fora das organizações e entender o S como um bom balizador de responsabilidade e investimento social corporativo, inclusive com a possibilidade de fornecer dados consistentes de impacto social.

E nesse contexto o terceiro setor desempenha papel fundamental, já que temos no Brasil instituições sérias que trabalham há muito tempo e de forma impactante com o componente social. Assim, financiar a atuação e o fortalecimento dessas iniciativas é o que vai garantir a transformação social no médio e longo prazo –e de forma mais eficaz que ações internas isoladas.

Todo esse pano de fundo leva Grupo MOL e IDIS à apresentação de um novo projeto: o Compromisso 1%, uma iniciativa que incentiva empresas a se comprometerem com a doação anual de pelo menos 1% de seu lucro líquido para organizações da sociedade civil. Empresas de qualquer porte e com balanço auditado poderão participar e a ideia é criar um movimento de inspiração para líderes corporativos que possa mudar o patamar de doações empresariais no Brasil.

As organizações que assinarem esse compromisso público de força e engajamento social estarão juntas em um esforço para garantir um patamar de doações acima do 1%, não só atrelado a emergências. Essa será uma jornada viável e uma construção ativa para que o investimento social seja sistemático, sustentável e estratégico ao longo do tempo.

E aqui os benefícios são claros, não só reputacionais ou ao trazer melhorias para a comunidade, mas também em termos de engajamento de funcionários e alinhamento com os propósitos de cada empresa.

O Compromisso 1% é um projeto ambicioso e de impacto, capaz de impulsionar e acelerar a forma com que empresas se comprometem com o presente e futuro da sociedade, investindo para fortalecer projetos relevantes que precisam de recursos para seguirem sua caminhada.

Nossa meta é que os próximos levantamentos do setor mostrem justamente uma nova realidade, a se firmar ao longo dos anos, de que o percentual de investimento social corporativo em relação ao lucro líquido esteja já em patamar próximo de 2%. E isso não só em momentos de emergência, mas sim como a expressão de uma escolha consciente e estratégica de país e sociedade.


Texto originalmente publicado no BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo) 2023 e Folha de São Paulo em 16/11/2023.

PerifaSul M´Boi Mirim: o fundo 100% criado pela e para a periferia

Em meio à efervescente e vibrante periferia da zona sul de São Paulo, nasce uma iniciativa para estabelecer uma forma permanente de arrecadar recursos e investimentos que impulsionem o desenvolvimento local: o Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim (FCP M’Boi Mirim). Este é um fundo brasileiro 100% criado pela e para uma periferia e gerido por lideranças sociais locais. O projeto visionário tem o respaldo da Fundação ABH, instituição familiar que, desde 2015, apoia diversos projetos e iniciativas sociais na região.

A história do fundo começa no início de 2021, quando a Fundação ABH conduziu uma pesquisa com os moradores da periferia sul para entender quais eram as temáticas sociais que mereciam ser trabalhadas com destaque até 2050. Esse processo foi chamado de PerifaSul 2050, conta Marina Fay, diretora executiva da Fundação ABH.

 

“Com base na pesquisa, foi iniciada uma série de oficinas com temáticas como educação, equidade racial, direitos humanos, inclusão tecnológica, comunicação e raízes culturais. O objetivo era validar os resultados e planejar ações que contribuíssem diretamente para a superação dos desafios de cada temática escolhida. Ao longo desse processo, ficou clara a força e importância do coletivo”, ressalta Marina.

 

 

No início de 2022, a Fundação ABH, junto com os participantes dos grupos de trabalho, identificou ativistas de diversas causas no território e os convidou para integrar um Comitê Construtivo. Esses ativistas representam organizações e coletivos dos distritos do Campo Limpo, Capela do Socorro, Capão Redondo, Cidade Ademar, Jardim Ângela, Jardim São Luiz e Parelheiros. No total, são 11 participantes, além de Marina Fay, diretora executiva da Fundação ABH.

Todo esse engajamento resultou, no início de 2023, na constituição do Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim, totalmente formado por lideranças comunitárias locais, refletindo um dos princípios das Fundações e Institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para FICs do IDIS, a definição desta característica é:

Representada por membros da comunidade: Possuem instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, são responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

As atuais gestoras do fundo são Naiara Padial Corso, publicitária de formação que optou por uma transição de carreira buscando um trabalho com propósito, e que lhe permitisse estar mais próxima da realidade do seu território, e Alânia Cerqueira, produtora cultural com uma vasta experiencia em iniciativas socioculturais e fundadora da Macambira Sociocultural. Juntas, elas uniram suas experiências e assumiram a gestão desta iniciativa inédita. Alânia detalha como está sendo o processo de criação de uma fundação comunitária:

 

“O conceito de FIC, até então, era só um conceito para nós. Como fazer isso de forma colaborativa e coordenada? Como potencializar a captação de diferentes recursos – não só financeiro, mas também de redes e de infraestrutura? Assim, instituímos um calendário de encontros para alinharmos todas essas questões”.

 

A escolha do território de atuação – M´Boi Mirim – integrado pelos bairros Jardim Ângela e Jardim São Luiz –  aconteceu quase no final do processo da pesquisa PerifaSul. O Comitê passou meses observando as subprefeituras que compõem a Zona Sul, refletindo cuidadosamente sobre suas características antes de tomar essa decisão.

Das cinco subprefeituras de São Paulo com o maior número de favelas, três estão localizadas na periferia sul da cidade. M’Boi Mirim é uma delas, com 42.350 casas em favelas. Além disso, a subprefeitura da região apresenta uma grande diversidade de necessidades e potencial de desenvolvimento, além de ser familiar a grande parte dos integrantes do Comitê, um campo fértil para a atuação em rede. A área também reúne movimentos culturais muito fortes e abriga duas fábricas de cultura, a do Capão Redondo e a do Jardim São Luís.

 

“Escolher M´Boi Mirim foi o que fez mais sentido. Inclusive, foi uma decisão unânime entre todas as lideranças de todos os distritos. Estamos numa curva de aprendizado e a ideia é replicar a iniciativa para outras regiões. Provavelmente, o próximo local será Parelheiros. A decisão não foi difícil nem excludente”, assegura Marina, da Fundação ABH.

 

O FCP M’Boi Mirim nasceu com um capital semente de R$ 200 mil, valor aportado pela Fundação ABH. O fundo busca captar recursos financeiros por meio de doações, parcerias e investimentos. No modelo escolhido pelo FCP M´Boi Mirim, essas doações foram investidas para gerar rendimentos que possam ser utilizados no desenvolvimento do território ano após ano. A primeira meta da organização já foi alcançada: em junho, o Fundo M´Boi Mirim lançou um edital para distribuir até R$ 4 mil a 10 projetos sociais ou culturais da região do M´Boi Mirim com a temática ‘Presença Digital’. Os recursos foram destinados a ações para ampliar a presença digital das iniciativas periféricas, incluindo atividades como a criação de logomarcas, portfólios digitais, vídeos institucionais, identidade visual e manutenção de sites.

 

“Na pandemia, percebemos nossas vulnerabilidades em nos conectar virtualmente. Já existiam pesquisas, mas não estávamos tão atentos a isso. Veio a pandemia e nos tirou, dentre tantas outras coisas, a rua. O único espaço possível era o virtual, e foi aí que percebemos que não tínhamos nada, estávamos excluídos. Demoramos muito para conseguir sanar, ainda que de maneira precária, as nossas conectividades – até para distribuir máscaras de proteção, cestas básicas. Vimos a exclusão reverberar na educação, na saúde, nos colocando numa situação de violência”, conta Alânia, gestora do fundo.

 

O edital foi construído com a intenção de ser o mais simples possível, com o objetivo de atingir e respaldar iniciativas sociais, pessoas físicas e coletivos do território que enfrentam dificuldade de acessar os recursos de maneira tradicional. Agora, conta a gestora, o edital está em fase de execução: “Nossa expectativa é de que essa iniciativa será provocadora, trará identidade e relacionamento para, aí sim, o Fundo M´Boi Mirim se tornar uma referência e ganhar visibilidade. E, futuramente, será o Fundo Capão Redondo, Campo Limpo, Parelheiros e por aí vai”, destaca Alânia.

Paralelamente, o grupo PerifaSul 2050 vinha desenvolvendo, com financiamento da ABH, o Mapa da Periferia Sul, lançado em 2022:

 

“É uma plataforma georreferenciada colaborativa, onde organizações sociais formais e não formais, além das empresas locais, podem se inscrever, para termos uma base de dados, mostrar todas as potências da região e atuarmos colaborativamente. São mais de 30 filtros, possibilitando que se possa encontrar uma agulha no palheiro”, destaca Marina da Fundação ABH.

 

Atualmente o Fundo M’Boi Mirim está buscando outras formas de captação, lançando sua primeira campanha na Benfeitoria. A campanha é realizada com o matchfunding do Programa Transformando Territórios, impulsionado a arrecadação. Isso significa que a cada um real de apoio a uma campanha, o Fundo do Programa Transformando Territórios investe mais um real.

A campanha permanece válida até o dia 8 de dezembro de 2023, e tem como objetivo reunir recursos para criar um novo edital que apoie mais projetos realizados por organizações locais da periferia Sul. Como forma de incentivar doações, são oferecidas diversas recompensas para os doadores, envolvendo-os no território e na atuação do Fundo M´Boi Mirim. As recompensas abrangem desde rodas de sambas, oficinas de grafites até café da manhã na organização e tours pelos projetos que o Fundo apoia.

Dessa forma, o FCP M’BOI se destaca como mais do que um fundo de investimento; é a manifestação da determinação do coletivo em reduzir a desigualdade social e capacitar a periferia.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: M´Boi Mirim é um território no extremo sul de São Paulo que integra os distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, numa área de 62 km. O nome curioso é de origem tupi e vem do rio que corre na região: Rio M’Boi Mirim é o “rio das cobras pequenas”.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundo Comunitário PerifaSul M´Boi Mirim;
  • Nome e cargo da principal liderança: Alânia Cerqueira, Sidinéia Chagas e Naiara Padial;
  • População estimada: Cerca de 650 mil pessoas;
  • Número de OSCs do território: Plataforma de mapeamento em fase de testes;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Desenvolvimento comunitário, abrangendo áreas como educação, saúde, cultura, esporte, empreendedorismo, entre outras.

O Fundo Comunitário Perifasul M´Boi Mirim integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o Fundo Comunitário Perifasul M´Boi Mirim? Acesse o site da Fundação ABH.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Vagas de estágio em consultoria em projetos no IDIS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem novas oportunidades para estagiários nas áreas:

  • Consultoria em geral;
  • Monitoramento e Avaliação;
  • Gestão de Doação;
  • Projeto junto a Fundações e Instituições comunitárias (Transformando Territórios).

Os estagiários são responsáveis por dar suporte à execução das atividades conduzidas e apoiadas pelo IDIS, garantindo cumprimento de prazos, qualidade nos produtos desenvolvidos e serviços prestados. Leia com atenção as instruções sobre o processo de seleção e os requisitos para participação.

Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

RESPONSABILIDADES E OPORTUNIDADES

  • Realizar pesquisas de conceitos, referências que enriqueçam os projetos e tragam embasamento para os produtos desenvolvidos;
  • Organizar, ler e analisar documentos e elaborar relatórios e apresentações, incluindo a sistematização dos aprendizados e conclusões;
  • Apoiar a coleta de dados quantitativos e qualitativos necessários para a execução dos projetos
  • Apoiar a elaboração de propostas para potenciais clientes e parceiros;
  • Participar de reuniões periódicas para manter a equipe alinhada com o planejamento estratégico e missão da organização.

REQUISITOS

  • Ter interesse no terceiro setor, nos temas de investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade, ESG e áreas afins;
  • Estar cursando o penúltimo ano da faculdade, ter ao menos 2 anos para se formar, não importa o curso;
  • Domínio do pacote Office (Word, Excel, Power Point) e internet;
  • Disponibilidade para atuação presencial no escritório do IDIS, em São Paulo

BENEFÍCIOS

  • Bolsa auxílio: R$ 1.500,00
  • Vale-transporte
  • Vale Alimentação e refeição
  • Seguro de vida
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off de aniversário

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 4 de dezembro de 2023.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos. Serão priorizadas vagas candidaturas de pessoas pretas e pardas.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

 

               

Avaliação de impacto para inclusão produtiva: Metodologias, desafios e limitações

Artigo publicado originalmente na Revista Brasileira de Avaliação – Edição Especial Inclusão Produtiva

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Denise Carvalho, Gerente de Monitoramento e Avaliação do IDIS

A inclusão produtiva é um componente essencial das sociedades contemporâneas. O trabalho tem um papel fundamental na vida de grande parte dos indivíduos, e a geração de renda está diretamente ligada à qualidade de vida de uma família. Entretanto, muitos jovens e adultos em idade ativa enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho, que ocorre tanto pela via do trabalho assalariado quanto pela geração de negócios autônomos individuais e coletivos. Para superar essas barreiras e promover a inclusão produtiva, empresas, governos e sociedade civil têm trabalhado juntos, criando políticas públicas, programas de capacitação e iniciativas de diversidade e inclusão. Este tema tem se destacado cada vez mais como objeto de estudos na área de avaliação, uma vez que as políticas e programas voltados para a promoção da inclusão no mercado de trabalho podem ser aprimorados a partir de seu monitoramento e avaliação de resultados e impactos.

A avaliação de impacto é uma prática já disseminada e adotada amplamente como ferramenta de tomada de decisão em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Inglaterra. No Brasil, ainda apresenta uma aplicação menos destacada, especialmente em decorrência da complexidade e do tempo e custos envolvidos. Entretanto, vemos avanços nos últimos anos, sendo cada vez mais valorizada e aplicada, em especial no contexto do Terceiro Setor¹. Essa prática permite que sejam mensurados os efeitos gerados por projetos e ações dessas organizações, além de ser um importante instrumento para tomada de decisões e aprimoramento de estratégias. Mensurar o impacto é, portanto, o caminho para se desenhar intervenções cada vez mais eficazes e ajudar a edificar sociedades mais justas e sustentáveis.

A Avaliação de Impacto difere de outras formas de avaliação de projetos devido a sua busca por elementos que possibilitem estabelecer uma relação de causa e efeito entre a intervenção e seus impactos. Essa relação de causa (intervenção) e efeito (impacto) é chamada de ‘inferência causal’, ou ‘laços de causalidade’².

Na busca por elementos que possibilitem estabelecer uma relação de causa e efeito –
“inferência causal” – entre a intervenção e seus impactos, existem diversos métodos avaliativos que podem ser aplicados. Alguns desses métodos incluem análise de custo-benefício, análise de custo-efetividade, análise de retorno sobre investimento, análise de impacto social, entre outros. A escolha do método deve ser coerente com a amplitude, duração e objetivos estratégicos do investimento socioambiental, conforme detalhado na Nota Técnica Metodologias de Avaliação Custo-Benefício³. Neste artigo, iremos explorar, entre os métodos avaliativos, o Retorno Social do Investimento (SROI, na sigla em inglês), método de análise custo benefício que vem sendo adotado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social⁴, para avaliar o impacto social gerado por ações socioambientais. Abordaremos, ainda, os principais benefícios, desafios e limitações para avaliar o impacto social de projetos e programas de inclusão produtiva, bem como as principais tendências e abordagens para o futuro.

O SROI é um protocolo emergente que tem ganhado destaque nos últimos anos como uma ferramenta eficaz para avaliar o retorno social do investimento. Foi criado em meados dos anos 1990 por uma organização britânica chamada The Roberts Enterprise Development Fund (REDF), fundada por George R. Roberts⁶. O objetivo da REDF era apoiar iniciativas de negócios sociais que oferecessem oportunidades de trabalho e gerassem impacto social positivo em comunidades vulneráveis. Nesse sentido, foi desenvolvido como uma forma de avaliar o impacto social gerado pelas organizações sem fins lucrativos apoiadas pelo fundo, considerando tanto os resultados tangíveis como intangíveis.

O protocolo se tornou cada vez mais popular nos anos seguintes, especialmente pelo papel fundamental desempenhado pela Social Value UK⁷ na sua evolução e difusão, sendo adotado por outras organizações ao redor do mundo como uma forma de medir e comunicar o valor social gerado pelas suas atividades.

Hoje em dia, o SROI é amplamente utilizado como uma ferramenta de avaliação de impacto social e financeiro de iniciativas de negócios sociais e de organizações sem fins lucrativos. Ela tem como premissa que projetos e programas devem ser avaliados não apenas pelo retorno financeiro, mas também pelo valor social e ambiental que geram para a comunidade, ou seja, o impacto gerado nas vidas das pessoas, nos bens e serviços públicos, no meio ambiente, entre outros. O SROI utiliza métodos qualitativos e quantitativos em sua jornada avaliativa e valoriza a escuta do público beneficiário em seu processo. No contexto brasileiro, a aplicação do SROI tem crescido em diversas áreas, incluindo os projetos voltados para a inclusão produtiva, tema importante para promoção de desenvolvimento econômico e social, e uma das principais formas de combate à pobreza e desigualdade. Dessa forma, a mensuração do impacto gerado por projetos de inclusão produtiva se torna essencial para avaliação da eficácia e efetividade dessas iniciativas. Vale ressaltar que a aplicação do SROI para avaliação de projetos de inclusão produtiva no Brasil ainda pode ser expandida.

Apesar de existirem alguns estudos e iniciativas nesse sentido, ainda há um grande potencial a ser explorado. Para isso, é fundamental que organizações que atuam com inclusão produtiva incorporem em suas práticas a mensuração do impacto gerado por seus projetos.

Um exemplo ilustrativo no Brasil é a avaliação de Impacto SROI conduzida pelo IDIS para os Amigos do Bem⁸ – organização que atende 150 mil pessoas no sertão nordestino, o semiárido mais populoso do mundo, e que conta com mais de 11 mil voluntários. A avaliação apontou para uma relação de R$ 6,45 em benefícios para a sociedade para cada R$ 1,00 investido pela organização, considerando investimentos realizados no período de 2012 a 2021. O que vale destacar é que esse resultado foi puxado, sobretudo, pela frente de inclusão produtiva, responsável por 37% do resultado. Os impactos nessa frente ocorrem por meio de programas de qualificação profissional, emprego direto em plantas produtivas da organização e em suas atividades meio, assim como o impacto indireto na economia local. Chama a atenção a decisão estratégica dos Amigos do Bem em maximizar o número de postos de trabalho gerados, evitando a mecanização de atividades, e assim contar com as externalidades positivas do emprego em uma região marcada pela seca, agricultura familiar de baixa produtividade e ocupações informais, muitas vezes em condições precárias de trabalho.

Dentre algumas das externalidades positivas aferidas nota-se a redução da violência doméstica, do consumo de álcool e da taxa de natalidade local. Cabe notar, por outro lado, a importância dos demais programas da organização – nas frentes de educação, saúde, habitação, acesso à água e infraestrutura – em proverem as bases para que a inclusão produtiva se efetive e perdure. Nesse sentido, a geração de emprego e renda torna-se o ponto complementar e final para a emancipação socioeconômica dos beneficiários dos Amigos do Bem, que ao longo dos anos são envolvidos por uma jornada de desenvolvimento humano que vai da participação em programas de complementação escolar e de mudança de mentalidade ao acesso a atendimento médico, água, alimentação e condições dignas de moradia.

Conforme demonstrado acima, a aplicação do SROI em projetos de inclusão produtiva
no Brasil pode trazer diversos benefícios. Primeiramente, essa técnica permite que
sejam identificados e mensurados os resultados gerados por esses projetos, de forma a representar sua efetividade e eficácia. Além disso, a avaliação de impacto por meio do SROI pode ajudar a demonstrar a importância e o valor social gerado por projetos de inclusão produtiva, o que pode ser útil para atração de recursos⁹ e engajamento de stakeholders¹⁰, contribuindo para a construção da estratégica de comunicação da organização.

Outro exemplo interessante de SROI de projeto voltado para a inclusão produtiva é o a
avaliação da atuação do CEAP¹¹.

As necessidades dos investidores sociais envolvidos na iniciativa também devem ser
consideradas numa avaliação de impacto. No entanto, não se deve perder de vista os
objetivos da avaliação, que deve buscar analisar a contribuição da iniciativa para o alcance dos objetivos propostos, bem como obter uma visão ampla e objetiva da iniciativa e identificar pontos de melhoria para ampliar o impacto e Nesse sentido, é importante que a avaliação seja conduzida de forma independente e imparcial, visando o interesse geral da iniciativa e dos beneficiários envolvidos, além de ser conduzida com transparência e ética, garantindo assim a confiança dos investidores ao identificar a eficácia do projeto ou programa avaliado.

Outro benefício da aplicação do SROI em projetos de inclusão produtiva é a possibilidade de identificar lacunas e oportunidades de melhoria nessas iniciativas. Por meio da mensuração do impacto gerado, é possível identificar quais aspectos dos projetos estão funcionando bem e quais precisam ser aprimorados. Isso pode levar a um aperfeiçoamento das práticas e estratégias de inclusão produtiva, tornando-as mais efetivas e eficazes, ampliando assim não apenas seus resultados, mas principalmente os impactos gerados para seus beneficiários e para a sociedade.

No entanto, a aplicação do SROI em projetos de inclusão produtiva no Brasil apresenta desafios e possui limitações. Um dos principais é a necessidade de se obter dados confiáveis e precisos para a mensuração do valor social gerado pelos projetos. Isso pode ser um fator limitante, especialmente em regiões remotas ou em comunidades mais vulneráveis, onde a coleta de dados pode ser mais difícil. Além disso, a falta de conhecimento e capacitação em relação à aplicação do SROI também pode ser um obstáculo para sua implementação.

Para superar esses desafios, é fundamental que as organizações que atuam com inclusão produtiva invistam em capacitação e formação de suas equipes, bem como na coleta de dados precisos e confiáveis. Além disso, é de grande importância que haja uma cultura de avaliação de impacto e mensuração do valor social gerado, de forma a tornar essa prática uma parte integrante do planejamento e execução de projetos de inclusão produtiva, ou projetos de qualquer natureza. Outro ponto importante é a necessidade de se estabelecer parcerias e colaborações entre organizações que atuam com inclusão produtiva e outros atores da sociedade, como universidades, institutos de pesquisa e empresas. Essas parcerias podem contribuir para a geração de dados mais precisos e confiáveis, bem como para a disseminação do conhecimento em relação à aplicação do SROI.

Um outro desafio importante de destacar se refere à dificuldade de se avaliar, de maneira rigorosa e precisa num custo acessível, projetos que envolvem mudanças complexas e de longo prazo. No entanto, mesmo nesses casos, é importante não perder o olhar avaliativo, pois existem maneiras simples e pouco custosas de se olhar para o impacto gerado. Uma abordagem possível é a utilização de indicadores de processo, que medem o progresso em relação às atividades planejadas, mesmo que não sejam capazes de medir o impacto real. Além disso, as avaliações qualitativas, como entrevistas e grupos focais, podem fornecer informações valiosas sobre a percepção dos beneficiários e as mudanças comportamentais que foram observadas. Por fim, é possível também utilizar uma abordagem de comparação, confrontando os resultados observados com um grupo de controle (pode ser mais custoso, no entanto) ou com resultados anteriores, para identificar as mudanças que ocorreram. Mesmo que algumas dessas abordagens não forneçam uma avaliação tão rigorosa e precisa, elas ainda são importantes para monitorar o progresso e garantir que o projeto caminhe na direção certa.

A escuta dos beneficiários é outro desafio, mas é um aspecto fundamental da avaliação
de impacto social, uma vez que são as pessoas o foco direto ou indireto dessas avaliações. A percepção dos beneficiários é crucial para entender o impacto que um projeto ou programa está causando em suas vidas, bem como se suas necessidades e expectativas estão sendo atendidas.

Além disso, essa escuta é uma forma de identificar a responsabilização dos projetos e
programas, uma vez que os beneficiários podem fornecer feedback sobre a qualidade dos serviços prestados e a efetividade das intervenções. Ela pode ser realizada por meio de diferentes métodos, como entrevistas individuais, grupos focais, pesquisas e outras técnicas participativas, sempre de forma ética e respeitando a diversidade cultural, garantindo que os beneficiários possam fornecer feedback de forma livre e segura.

Nesse sentido, a avaliação de impacto social também deve considerar a perspectiva de temas transversais, como raça e gênero, para garantir que as intervenções tenham uma abordagem inclusiva e não reproduzam desigualdades sociais. Ao incorporar a perspectiva de gênero e raça na avaliação, é possível identificar se as intervenções estão tendo impactos diferentes em diferentes grupos, permitindo a correção de desigualdades e de injustiças sociais. Além disso, a consideração desses temas transversais é fundamental para que os projetos e programas considerem as necessidades e perspectivas de todos os envolvidos, independentemente de sua identidade de gênero ou raça. Por fim, a incorporação desses temas também ajuda a
promover a conscientização e o engajamento em torno da promoção da igualdade de gênero e racial, um objetivo fundamental da avaliação de impacto social.

O uso de metodologias avaliativas complementares é uma estratégia que também pode gerar resultados interessantes e contributivos na avaliação de impacto social. O uso de diferentes métodos e técnicas, como avaliações qualitativas e quantitativas, pode fornecer uma visão mais completa e precisa dos impactos de um projeto ou programa, bem como de seus fatores de sucesso e desafios. Por exemplo, a combinação de avaliações qualitativas, como grupos focais e entrevistas, com avaliações quantitativas, como pesquisas, pode ajudar a obter informações sobre a efetividade de um projeto ou programa, bem como sobre as percepções e experiências dos beneficiários. Além disso, a utilização de abordagens participativas e de
engajamento dos beneficiários pode ajudar a aumentar a transparência e a responsabilidade do projeto ou programa, além de promover o envolvimento dos beneficiários na melhoria contínua do mesmo. A utilização de metodologias avaliativas complementares é uma forma de aumentar a precisão e a relevância das avaliações de impacto social, gerando resultados mais interessantes e contributivos. O SROI faz uso dessa estratégia uma vez que utiliza métodos qualitativos e quantitativos em seu processo avaliativo.

O campo da avaliação de impacto social está em constante evolução, e novos métodos e tecnologias estão sendo desenvolvidos para melhorar a coleta e análise de dados. Atualmente, há uma pluralidade de métodos disponíveis para avaliar o impacto social de um projeto ou programa, e a escolha do método depende das características do projeto, dos objetivos da avaliação e recursos disponíveis para sua realização. Além disso, a tecnologia tem desempenhado um papel importante no processo de avaliação, permitindo a coleta de dados em tempo real e a análise de grandes quantidades de informações. A inteligência artificial (AI) e outras tecnologias de análise de dados estão sendo cada vez mais utilizadas para melhorar a precisão e eficiência da avaliação de impacto social. No entanto, é importante lembrar que a avaliação de impacto social é uma atividade complexa que envolve a consideração de diversos fatores, e a tecnologia deve ser utilizada com cuidado e sempre em conjunto com outras ferramentas e métodos de avaliação.

Em suma, o SROI é uma técnica avaliativa que apresenta um grande potencial para avaliação de impacto de projetos sociais, incluindo os de inclusão produtiva no Brasil. Permite identificar quais intervenções são mais efetivas em promover a inclusão produtiva, quais as barreiras que ainda precisam ser superadas e quais os grupos que ainda estão sendo excluídos. Além disso, é fundamental que as organizações e a sociedade reconheçam os benefícios da avaliação de impacto de iniciativas de inclusão produtiva, e invistam em estratégias efetivas para promovê-la. Apesar dos desafios mencionados, o processo avaliativo pode trazer diversos benefícios para além da apresentação dos resultados e impacto, como a demonstração do valor social gerado, identificação de lacunas e oportunidades de melhoria. É fundamental que as organizações que atuam com inclusão produtiva invistam em capacitação, coleta de
dados precisos e estabelecimento de parcerias para tornar a avaliação de impacto uma prática integrante de seus projetos. Assim, poderão contribuir ainda mais para o desenvolvimento econômico e social do país, de forma sustentável e inclusiva.

NOTAS

¹O terceiro setor é formado por organizações sem fins lucrativos que atuam em prol do interesse público e buscam solucionar problemas sociais, ambientais e culturais. Entre as principais organizações que compõem o terceiro setor, estão: Organizações não governamentais (ONGs); Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs); Fundações e Institutos, Cooperativas, entre outros. Essas organizações atuam de forma complementar aos setores público e privado, prestando serviços e desenvolvendo projetos em áreas onde estes setores não conseguem atuar de forma eficiente ou eficaz.
²Fabiani et al. (2018).
³Faleiros (2021).
⁴O IDIS é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalha junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Mais informações, acesse o site (IDIS, 2023b).
⁵IDIS (2022b, 2023a).
⁶Buffett & Eimicke (2018).
⁷Para mais informações sobre a o protocolo SROI, consultar o website da Social Value UK (2023).
⁸8 IDIS (2022a).
⁹IDIS (2021).
¹⁰Stakeholders são indivíduos ou grupos que possuem interesse, direito ou impacto numa intervenção (programa, política ou projeto). Eles podem incluir, mas não se limitam a beneficiários diretos e indiretos do projeto, parceiros locais, governos, organizações da sociedade civil e doadores. A identificação e a gestão adequada dos
stakeholders são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o sucesso do projeto, já que suas necessidades e expectativas devem ser atendidas e equilibradas para garantir a sua aceitação e engajamento.
¹¹IDIS (2018).

Vaga de estágio em Gestão de Pessoas no IDIS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estagiário na área de Gestão de Pessoas.

Os estagiários são responsáveis por dar suporte à execução das atividades conduzidas e apoiadas pelo IDIS, garantindo cumprimento de prazos, qualidade nos produtos desenvolvidos e serviços prestados. Leia com atenção as instruções sobre o processo de seleção e os requisitos para participação.

Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

responsabilidades e oportunidades

  • Acompanhamento e organização do processo de avaliação de desempenho
  • Acompanhamento e organização das integrações (onboarding)
  • Organização da agenda de treinamentos
  • Análise de currículos, marcação de entrevistas, entrevistas e uso da plataforma de seleção
  • Rotina de admissão e rescisão
  • Rotina de fechamento de folha

requisitos

  • Graduação em Administração, de Empresas, Psicologia, Recursos Humanos ou áreas correlatas
  • Estar cursando o penúltimo ano da faculdade, ter ao menos 2 anos para se formar
  • Conhecimento de pacote Office (Excel e PowerPoint)
  • Interesse no terceiro setor e temas como investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade
  • Disponibilidade para atuação presencial no escritório do IDIS, em São Paulo.

BENEFÍCIOS

  • Bolsa auxílio: R$ 1.500,00
  • Vale-transporte
  • Vale Alimentação e refeição
  • Seguro de vida
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off de aniversário

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 4 de dezembro de 2023.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos. Serão priorizadas vagas candidaturas de pessoas pretas e pardas.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

 

               

Vaga de estágio em comunicação no IDIS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estagiário na área de Comunicação.

Os estagiários são responsáveis por dar suporte à execução das atividades conduzidas e apoiadas pelo IDIS, garantindo cumprimento de prazos, qualidade nos produtos desenvolvidos e serviços prestados. Leia com atenção as instruções sobre o processo de seleção e os requisitos para participação.

Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

Responsabilidades e oportunidades

  • Apoio em ações de comunicação institucional
  • Atualização do site e mídias sociais
  • Análise de métricas de redes sociais e site e produção de relatórios
  • Pesquisa de conteúdo relacionado a temáticas de interesse da organização
  • Organização e atualização de mailings
  • Desenvolvimento de apresentações em Power Point
  • Suporte na produção de eventos
  • Redação, revisão e edição de textos

requisitos

  • Cursar carreiras relacionadas à Comunicação, como Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda
  • Ter ao menos 1 ano ainda para se formar
  • Domínio do pacote Office (Word, PowerPoint, Excel) e internet
  • Facilidade para trabalhar em equipe
  • Familiaridade com mídias sociais (Facebook, LinkedIn, Instagram, Youtube e Twitter)
  • Boa redação
  • Interesse no terceiro setor e temas como investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade

BENEFÍCIOS

  • Bolsa auxílio: R$ 1.500,00
  • Vale-transporte
  • Vale Alimentação e refeição
  • Seguro de vida
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off de aniversário

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 4 de dezembro de 2023.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos. Serão priorizadas vagas candidaturas de pessoas pretas e pardas.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

 

               

Brasil cai para a 89ª posição no World Giving Index, com queda em todos os indicadores

Em todo o mundo, 4,2 bilhões de pessoas ajudaram alguém que não conheciam, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma boa causa. Indonésia, Ucrânia e Quênia lideram o ranking

Pelo sexto ano consecutivo, o país mais generoso do mundo é a Indonésia. Em segundo lugar, está a Ucrânia, que estava na décima posição no ano passado e vigésima dois anos antes. Apenas três dos 10 países melhor colocados estão entre as maiores economias do mundo (Indonésia, Estados Unidos e Canadá), enquanto um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do mundo, a Libéria, aparece em quarto lugar.

 

O World Giving Index é uma das maiores pesquisas sobre doação já produzidas, com milhões de pessoas entrevistadas em todo o mundo desde 2009. Nesta edição, inclui dados de 142 países, onde as pessoas foram questionadas se realizaram, no último mês, três tipos de ações: ajuda a um desconhecido, doação em dinheiro ou voluntariado. Os dados foram coletados ao longo de 2022. Trata-se de uma iniciativa da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

 

Depois de figurar entre as 20 nações mais generosas no ranking, o Brasil caiu para a posição 89. Houve queda em todos os indicadores, sendo a mais acentuada a de doações para ONGs, que passou de 41% para 26%. A ajuda a estranhos foi praticada por 64% dos respondentes em 2022, contra 76% no ano anterior. O voluntariado caiu de 25%, em 2021, para 21%. A pontuação média ficou em 37%. Apesar do Brasil ter ocupado posições melhores no ranking em anos anteriores, esta foi a segunda maior pontuação do país desde o lançamento do índice, em 2009.

 

De acordo com Paula Fabiani, CEO do IDIS, A edição anterior refletia ainda os impactos da pandemia, quando a generosidade estava em alta e, as formas de participação, seja por meio de doações ou voluntariado, estavam mais evidentes. A queda da cobertura destes temas na mídia, somado ao empobrecimento da população e ao clima de incerteza e desconfiança comum em períodos de eleição, contribuíram para diminuição da participação da população na prática da doação”.

 

Fabiani pondera que no período houve também movimentações importantes em outros países, em especial referentes ao aumento de doações, que os levaram a ganharem posições melhores.

 

 

Os dados do World Giving Index 2023 mostram os fatores que influenciam a generosidade em todo o mundo:

  • A média global da solidariedade, assim como a média de cada uma das três variáveis, apresenta estabilidade em relação ao ano anterior. A estimativa é de que 4,2 bilhões de pessoas praticaram algum ato, o correspondente a 72% da população mundial adulta.
  • As pessoas que avaliaram sua vida em termos positivos foram mais propensas a terem feito um ato de generosidade, com alguns dos países mais felizes do mundo ficando no top 10 de doações de dinheiro (Suécia, Dinamarca, Holanda e Islândia).
  • Os imigrantes são mais propensos a doar do que os nascidos no próprio país (43% vs 39%), particularmente na Europa, no Oriente Médio e no Norte da África. Aqueles que dizem ter nascido em outro país tendem a ter uma pontuação média mais alta do que os nascidos no país na maioria das regiões. Nas Américas, o achado se confirma e a diferença é de 46% para 41%.

 

De acordo com Neil Heslop OBE, CEO da Charities Aid Foundation, “O World Giving Index nos dá razões para otimismo em um momento de grande instabilidade. A generosidade é inata ao comportamento humano e nos une a todos como uma comunidade global. A diversidade de países que lideram o índice destaca isso: eles cobrem o espectro da riqueza e do desenvolvimento econômico, da geografia, da língua, da religião e da cultura. Doar é construir uma conexão com aqueles que nos cercam, estejam eles do outro lado da rua ou do outro lado do mundo. É por isso que pedimos aos governos que façam mais para encorajar aqueles que podem dar dinheiro e tempo, e promover organizações da sociedade civil vibrantes e resilientes, que enfrentam desafios socioambientais e o impacto de conflitos e deslocamentos populacionais”

 

Top 10 países no World Giving Index 2023

1. Indonésia
2. Ucrânia
3. Quênia
4. Libéria
5. Estados Unidos
6. Myanmar
7. Kuaite
8. Canadá
9. Nigéria
10. Nova Zelândia

Posição do Brasil no ranking: 89

 

CONFIRA A PUBLICAÇÃO EM INGLÊS

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Sobre a CAF – Charities Aid Foundation e o World Giving Index

A Charities Aid Foundation é uma organização social britânica que tem como missão acelerar o progresso da sociedade rumo a um futuro justo e sustentável para todos, contribuindo para que pessoas e empresas possam fazer a diferença nas causas que são importantes para si. Por meio da rede CAF International, está presente em todos os continentes, sendo o IDIS o representante na América Latina.

O CAF World Giving Index é baseado em dados da World View World Poll da Gallup, que é um projeto de pesquisa realizado em mais de 100 países. Para obter informações detalhadas sobre a metodologia do World Poll, clique aqui.

 

Sobre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.

Investimento Social Privado e Responsabilidade Social Corporativa: aproximações entre as práticas

por Letícia Santos e Paloma Pitre, ambas analistas de projetos no IDIS

O investimento de empresas em projetos socioambientais tem aumentado, refletindo uma tendência crescente de adoção de práticas sustentáveis. Algumas empresas optam até mesmo por desenvolver programas de impacto próprios, demonstrando um comprometimento ainda mais direto com práticas de responsabilidade socioambiental. De acordo com dados do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) da Comunitas, em 2022, 40% das empresas acompanhadas pela pesquisa registraram um aumento em seus investimentos sociais. Destaca-se, especialmente, o crescimento dos aportes financeiros das empresas em iniciativas socioambientais, em relação ao seu lucro bruto. No período em questão, foram destinados R$ 4 bilhões voluntários para projetos sociais.

Esse fenômeno pode ser atribuído, entre outros fatores, à crescente pressão por parte de consumidores e investidores, que estão cada vez mais exigentes em relação às práticas socioambientais das empresas. Segundo a Pesquisa Doação Brasil 2022, 44% da população leva em consideração se as marcas e empresas fazem investimento social e/ou apoiam causas, ao decidir comprar um produto ou contratar um serviço.

No entanto, as razões não se limitam apenas a esse aspecto. Ocorre, igualmente, o fenômeno da conscientização por parte das próprias empresas sobre a necessidade de contribuírem positivamente para as comunidades em que estão inseridas.

Diante desse cenário, é importante compreender as diversas maneiras pelas quais as empresas interagem com o campo socioambiental. Neste artigo, discorremos sobre a responsabilidade das empresas na gestão de seus impactos e as oportunidades para ampliar os valores proporcionados à sociedade.

 

As diferentes formas de empresas contribuírem com o campo socioambiental

Os esforços em prol do desenvolvimento ou financiamento de iniciativas socioambientais podem ser justificados tanto pela responsabilidade da empresa em mitigar danos ou impactos negativo, comportamento que representa a forma mais fundamental de envolvimento esperada, quanto por investimentos voluntários alinhados com o propósito da empresa.

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é caracterizada pelo comprometimento das empresas em reduzir riscos e danos potenciais decorrentes do desempenho de suas atividades em determinados territórios ou ecossistemas. Assim, a responsabilidade social emerge como um elemento básico que se espera de empresas que buscam condutas corporativas adequadas.

Uma prática amplamente adotada no campo da responsabilidade social corporativa é a realização do chamado due diligence (devida diligência, em tradução livre). A due diligence, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), abrange esforços para identificar quais são os possíveis impactos negativos relacionados à atividade empresarial em áreas como direitos trabalhistas, direitos humanos, meio ambiente, transparência, entre outras. O objetivo é desenvolver estratégias de prevenção, mitigação e remediação de danos.

Já o Investimento Social Privado (ISP) representa esforços voluntários das empresas em alocar recursos para contribuir positivamente para o impacto socioambiental. São muitas as formas de realizar esse tipo de investimento, seja por meio do desenvolvimento de iniciativas próprias ou pelo repasse de recursos para ações e projetos desenvolvidos por terceiros.

Idealmente, o ISP busca a geração de maior impacto nas áreas de sustentabilidade em que a empresa possui maior potencial de contribuição. Para identificar pontos de sinergia entre o negócio e as oportunidades de investimento social, é importante conhecer os principais indicadores sociais e ambientais dos locais em que a empresa atua, os elementos chave de sua cadeia de produção, o perfil do beneficiário do programa, entre outros aspectos relevantes.

Uma das possibilidades para se buscar maior integração entre o social e o propósito corporativo é a adoção do modelo de Empresas B ou Benefit Corporations. O Movimento B tem reunido diversas empresas em um novo paradigma corporativo, cujo foco está na promoção de impactos socioambientais positivos. Alinhado aos mesmos princípios da responsabilidade social, esse movimento introduz um novo modelo econômico, no qual as empresas certificadas com o Selo B se comprometem a impulsionar melhorias contínuas em suas práticas, tendo a governança e a sustentabilidade socioambiental como parte integrante do propósito do negócio. Atualmente, há 286 Empresas B registradas no Brasil.

Nota-se, portanto, a existência de um espectro amplo no campo de ações socioambientais corporativas, que vai desde a realização das ações mínimas esperadas (responsabilidades), passa pelos investimentos voluntários e avança até a geração intencional de impacto socioambiental positivo, pensados como um dos pilares estratégicos e gerenciais da empresa.

 

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Integrações e aproximações entre Responsabilidade Social Corporativa e Investimento Social Privado

Em meio aos diversos graus de maturidade e envolvimento com as causas sociais e ambientais, nota-se que as empresas podem se encontrar alinhadas a diferentes espectros do impacto social e ambiental. De qualquer forma, a presença e a preocupação das empresas não apenas com o impacto que geram, mas também com a sociedade em que operam, e de que maneira podem contribuir para promover melhorias nessa sociedade, são tendências em ascensão.

Assim, as iniciativas de ISP e de RSC não devem ser compreendidas como excludentes entre si. Pelo contrário, é esperado e recomendado que elas se complementem. Nesse sentido, por exemplo, um processo de due diligence pode ser utilizado não somente para antever riscos do negócio, mas também para identificar áreas de investimento por meio do ISP.

A coerência nesse alinhamento é importante, uma vez que o conhecimento da empresa sobre o campo temático no qual está investindo pode tornar a alocação mais eficaz, além de se integrar ao planejamento estratégico e, consequentemente, facilitar a captação de recursos para projetos futuros. A tendência é que as práticas de ISP e RSC, embora conceitualmente distintas, se aproximem cada vez mais, convergindo para os objetivos intrínsecos das empresas.

IDIS lança segunda edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais analisando 59 endowments brasileiros

A publicação mostra o aumento das doações destinadas aos endowments e apresenta o crescimento dos recursos revertidos a projetos socioambientais

Baixe aqui a publicação completa.

Em sua segunda edição, o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, realização do IDIS – Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, teve a participação de 59 fundos patrimoniais, constituindo uma amostra quase 50% maior do que a do ano anterior, com 40 respondentes. O patrimônio somado dos fundos que integram o levantamento também é substancialmente maior – R$ 13 bilhões em 2021 vs R$ 123 bilhões em 2022. A série histórica contempla dados de 2019 a 2022 e a publicação traz artigos de especialistas que contribuem para a interpretação dos achados. O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, assina o prefácio.

O crescimento do número de respondentes garante um retrato ainda mais completo dos fundos patrimoniais no Brasil e reafirma o Anuário com uma referência nacional para gestores de endowments. De acordo com mapeamento realizado pela organização, há hoje no Brasil 86 fundos ativos:

“Os mais de 90 gráficos trazem ao leitor parâmetros e estabelecem benchmarkings para a atuação de gestores. Nosso desejo é que o Anuário seja um efetivo instrumento para a tomada de decisões e que a série histórica contribua para uma leitura da evolução da pauta dos fundos patrimoniais no Brasil e das influências externas”, declara Paula Fabiani, CEO do IDIS

A análise da amostra apurou que, depois de uma forte baixa nas entradas para os fundos em 2021, o ano de 2022 trouxe uma recuperação das doações recebidas, que quase dobraram (R$ 174 milhões vs R$ 330 milhões). Entretanto, as doações continuam muito concentradas em poucos fundos. Em 2022, apenas três fundos receberam 64% do volume total de doações. Em 2021, a concentração foi de 53%.

Mesmo com a oscilação das doações, o volume de resgates não teve grande variação entre 2021 e 2022, passando de R$ 324 milhões para R$ 340 milhões. Como a premissa de um fundo patrimonial é que o principal, ou seja, o patrimônio, seja preservado, e apenas os rendimentos sejam destinados às despesas operacionais e repasses à causa, a performance financeira é um fator chave, para além das doações. Por outro lado, a regra tem certa flexibilidade em fundos jovens ou com patrimônios ainda baixos, que estão em fase de estruturação. Nota-se que em 2022, R$ 248 milhões foram destinados para o financiamento de projetos socioambientais.

A Educação é o maior polo de atração para fundos patrimoniais seguida de Ciência & Tecnologia e Saúde. Olhando sob o ponto de vista das organizações beneficiadas, mais de um terço (35%) são instituições educacionais. 

Os endowments brasileiros ainda são majoritariamente executores, ou seja, ao menos 90% são destinadas à realização de projetos próprios. Mais da metade (51%) dos fundos da amostra se enquadram nesse modelo. Aqueles que se consideram essencialmente financiadores, ou seja, que fazem o apoio a projetos de outras organizações, representam 24% da amostra.

A alocação dos investimentos dos fundos patrimoniais continua fortemente concentrada em ativos de renda fixa, que se mantiveram no patamar de 70% (74% em 2020, 73% em 2021 e 75% em 2022). Uma possível leitura é que o comportamento estável dos gestores está vinculado às regras de alocação de recursos contidas nas políticas de investimentos.

A rentabilidade nominal dos fundos patrimoniais se recuperou em 2022, depois de um ano de queda. Esse desempenho é comum a todas as faixas de patrimônio. No dado agregado, a rentabilidade média de 2020 foi de 6,0%, seguida por 3,4% em 2021 e 8,3% em 2022.

A primeira lei que regulamentou os fundos patrimoniais no Brasil data de 2019. Sua sanção contribuiu para dar visibilidade ao mecanismo e acelerou sua adoção. Ainda assim, como a adesão à lei não é obrigatória, a quantidade de fundos que declaram seguir o modelo estabelecido pela Lei 13.800/19 ainda é relativamente baixa – 29% (17 dos 59 integrantes) da amostra. O motivo mais frequente da não adesão é o fato de os fundos terem sido criados antes da sanção da Lei (33%). As demais razões apontadas por maior número de gestores são: o alto custo para manutenção de duas instituições (14%), falta de incentivo fiscal à doação (12%) e governança complexa (10%).

A amostra analisada mostrou que os fundos patrimoniais tendem a ter uma governança bem estruturada. Quase a totalidade (90%) possui Conselho de Administração, sendo que 72% deles contam com membros independentes. Setenta e um por cento mantêm Conselhos Fiscais e 70%, Comitês de Investimento.

Os gestores dos fundos patrimoniais continuam considerando que o maior desafio é a captação de recursos, apontada por quase a metade deles (48%). Em seguida aparecem a rentabilidade (17%) e a consolidação do próprio fundo (14%). Ainda assim, mostram-se otimistas. 70% dos respondentes declararam a perspectiva de ampliação do patrimônio a partir de novas doações para o fundo em 2023.

A respeito dos desafios enfrentados pelos gestores dos fundos patrimoniais, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, afirmou no prefácio do Anuário:

“A despeito de expressivos passos na consolidação dos fundos patrimoniais, não podem ser desconsiderados os percalços de ordem financeira para lhes conferir uma gestão eficiente no atual cenário de retomada de sucessivas crises econômicas. Os seus administradores, consectariamente, necessitam de informações seguras, que lhes deem subsídios para (i) a tomada de decisões estratégicas, (ii) realização do controle de riscos, (iii) atração de investimentos rentáveis, (iv) avaliação do custo-benefício de novas práticas, (v) bem como a fixação de parâmetros sólidos de governança e transparência. Vem em boa hora, nesse contexto, a nova edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais”.

ARTIGOS

 

Baixe aqui a publicação completa.

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Esta é uma realização do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos. Apoiam a publicação, 1618 Investimentos, ASA – Associação Santo Agostinho, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Pragma Gestão de Patrimônio, Banco Santander, Umane e Wright Capital Wealth Management.

Sobre o IDIS e Coalizão pelos Fundos Filantrópicos

Há mais de uma década, o IDIS dedica-se a fortalecer a pauta dos fundos patrimoniais no Brasil, com a produção de conhecimento, advocacy, e a liderança da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial que reúne mais de uma centena de signatários. Entre as conquistas da rede, está a sanção, em janeiro de 2019, da Lei 13.800/19, conhecida como Lei dos Fundos Patrimoniais, e segue ativa buscando o aprimoramento da legislação em questões mais específicas.

O IDIS também oferece consultoria para a criação de endowments, com participação em projetos para ASA – Associação Santo Agostinho, Hospital AC Camargo, Ibram, MAR – Museu de Arte do Rio, Unicamp, Unesp, entre outros.

Mais sobre fundos patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, clique aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Perspectivas para os Fundos Patrimoniais no Brasil

Por Carolina Learth, Sr. Head de Negócios de Impacto Social no Santander Brasil

Em minha jornada recente como responsável por negócios envolvendo o Terceiro Setor, tive a oportunidade de mergulhar a fundo no universo dos endowments no Brasil. Esse conhecimento veio se somar aos mais de 17 anos dedicados ao campo da Sustentabilidade, incluindo a pauta de investimento social privado, que tive a alegria de liderar nos últimos anos.

No Santander Brasil, iniciamos nossa atuação em endowments no ano de 2020 e desde então, temos avançado na interação com basicamente três grupos de clientes:

1)  os interessados em saber do que se trata esse tal fundo patrimonial;

2)  os que já decidiram criar seu fundo, mas não sabem como;

3)  os que já possuem endowments.

Alguém me perguntaria…há algo de comum entre eles? A resposta é sim – os questionamentos. Em geral, são sempre as mesmas questões e que têm a ver com os desafios de quem vai implementar ou gerenciar um fundo de investimento, que tem como principal objetivo buscar a perenidade de causas e propósitos de uma instituição e cujos rendimentos irão garantir no longo prazo, sua atuação e o tão sonhado legado. Governança, captação de recursos e tributação compõem a lista de itens de maior dúvida das instituições.

Em 2019, a Lei 13.800 se tornou a referência para a implementação dos fundos patrimoniais no Brasil. Ela trouxe como parâmetros a segregação contábil, administrativa e financeira do patrimônio do fundo e das instituições apoiadas, evitando que problemas financeiros, trabalhistas e fiscais ocorridos nas instituições apoiadas, por exemplo, afetem seus ativos. A nova legislação também previu parâmetros específicos de governança, buscando endereçar a perpetuidade dos fundos e a profissionalização da gestão, mas, infelizmente, não trouxe incentivos fiscais para quem doa.

Observando todos estes elementos, posso dizer que iniciar ou gerenciar um fundo patrimonial no Brasil é um desafio por alguns motivos:

1)  O desafio de estruturar a governança da OGFP – Organização Gestora do Fundo Patrimonial. Na maioria das vezes não é um conhecimento que está instalado nas organizações, carece de apoio externo e enfrenta resistências internas dentro da própria gestão;

 

2)  A criação de um estatuto que busque de fato impactar, direcionando recursos que alcancem os indicadores esperados, a longo prazo. Criar este documento envolve decisões que vão muito além da definição da causa. Por exemplo: definir que a universidade doará bolsas de estudo orientadas para diversidade e inclusão pode ser o primeiro passo, mas como distribuir as cotas entre os públicos vulneráveis? Quais são os dados que embasam essa decisão? Aqui me parece um trabalho árduo de gestão para que se possa tomar decisões estruturadas;

 

3)  Enfrentar o “bicho de sete cabeças” da captação. Item apontado como um dos grandes desafios pela pesquisa e corroborado pela conversa com grande parte das organizações com quem nos relacionamos e que já tem um fundo patrimonial. Muitos não têm exatamente uma estratégia para tal e como resultado os fundos não crescem, outros “hibernam” por anos sem entradas significativas de recursos. Há ainda aqueles que perdem recursos, em um claro conflito entre a governança da Instituição e a gestão da OGFP;

 

4)  Não menos importante, é preciso perseverar e vencer todos os itens acima, sem qualquer incentivo fiscal.

Há diferentes motivos para uma organização decidir iniciar um endowment com todo este esforço, mas a primeira palavra que me vem à cabeça é LEGADO. Meu principal conselho para famílias filantropas, hospitais, universidades, igrejas, fundações e ONGs é que caso seu propósito não seja esse, nem comece. Fundos patrimoniais não são investimentos comuns, não são fundos de reserva e não são caixa. Tampouco devem ser confundidos com a gestão financeira das organizações de origem. Este é um princípio fundamental para quem quer começar e ser bem-sucedido na jornada. O fato é que poucos ainda têm esse entendimento.

Em um país de vulnerabilidades, escolher causas que impactem a sociedade de forma lúcida e estruturada é fundamental. Para que os fundos patrimoniais ganhem tração no Brasil será preciso:

1)  Ampliar a cultura de doação e da gratidão;

2)  Preparar profissionais especialistas para apoiar as OGFPs, principalmente nas áreas jurídica e de gestão;

3)  Desenvolver soluções de captação específicas para endowments por especialistas que já atendem o terceiro setor;

4)  Ter mais serviços financeiros especializados na gestão dos fundos;

5)  Evoluir sistematicamente em mecanismos prestação de contas buscando a vinculação de doadores;

6)  Fortalecer os esforços de advocacy no tema de incentivos tributários.

Temos muito pela frente, mas também muito para celebrar. Claramente há um aumento no interesse pelo tema e um mercado em evolução nos próximos anos. Como banco de referência para muitas famílias (wealth management) e clientes dos setores de saúde, educação e terceiro setor, temos um terreno fértil para estimular a filantropia estratégica, aumentando a capacidade de olhar para o longo prazo como forma de perpetuar memórias, projetos e negócios de impacto.

Deixo aqui meu abraço a todos os que colaboraram com o IDIS neste belo trabalho de referência para a evolução dos fundos patrimoniais no Brasil, a quem temos orgulho de chamar de parceiros.

Artigo originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022

 

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Governança: elemento-chave para a gestão de Fundos Patrimoniais

Por José Luiz Egydio Setúbal e Márcia Kalvon Woods, presidente do Conselho Superior e assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal

Considerando que fundos patrimoniais são reservas financeiras criadas com o objetivo de proporcionar robustez, autonomia e sustentabilidade a instituições filantrópicas, com o propósito de fortalecer sua atuação, servindo sua missão no longo prazo e buscando garantir a perenidade da instituição, devem ser administrados de acordo com princípios de boa governança, com ênfase na responsabilidade fiduciária, transparência e prestação de contas. 

Observar de que maneira os recursos dos fundos patrimoniais são gerenciados, supervisionados e alinhados com a missão da entidade que os instituiu, por meio da implementação de um conjunto de diretrizes, princípios e práticas que regulam as interações entre os Conselhos, a equipe executiva e outros órgãos de fiscalização, é de importância fundamental para garantir sua efetividade.

A governança é essencial para o sucesso dos fundos patrimoniais, pois eles garantem a continuidade e o impacto das iniciativas filantrópicas, fornecendo uma base sólida para a tomada de decisão.


Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) a boa prática da governança traz cinco princípios que são:

Integridade: Praticar e promover o aprimoramento da cultura ética na organização, evitando decisões sob a influência de conflitos de interesses, mantendo a coerência entre discurso e ação e preservando a lealdade à organização e o cuidado com suas partes interessadas (públicos estratégicos), com a sociedade em geral e com o meio ambiente.

Transparência: Disponibilizar, para as partes interessadas (públicos estratégicos), informações verdadeiras, tempestivas, coerentes, claras e relevantes, sejam elas positivas ou negativas, e não apenas aquelas exigidas por leis ou regulamentos. Essas informações não devem restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os fatores ambiental, social e de governança. A promoção da transparência favorece o desenvolvimento dos negócios e estimula um ambiente de confiança para o relacionamento de todas as partes interessadas (públicos estratégicos).

Equidade: Tratar todos os sócios e demais partes interessadas de maneira justa, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas, como indivíduos ou coletivamente. A equidade pressupõe uma abordagem diferenciada conforme as relações e demandas de cada parte interessada com a organização, motivada pelo senso de justiça, respeito, diversidade, inclusão, pluralismo e igualdade de direitos e oportunidades.

Responsabilização: Desempenhar suas funções com diligência, independência e com vistas à geração de valor sustentável no longo prazo, assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos e omissões. Além disso, prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, cientes de que suas decisões podem não apenas responsabilizá-los individualmente, como impactar a organização, suas partes interessadas (públicos estratégicos) e o meio ambiente.

Sustentabilidade: Zelar pela viabilidade econômico-financeira da organização, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e operações, e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural, reputacional) no curto, médio e longo prazos. Nessa perspectiva, compreender que as organizações atuam em uma relação de interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental, fortalecendo seu protagonismo e suas responsabilidades perante a sociedade.


Esses princípios, quando aplicados de forma adequada, resultam em um ambiente de confiança e melhor desempenho organizacional. Em se tratando de fundos patrimoniais filantrópicos, a estrutura de governança assume papéis importantes para além da responsabilidade fiduciária, incluindo também a estratégia de gestão e utilização dos recursos para que esteja alinhada e a serviço da sua missão. 

A nossa Fundação tem como propósito “uma infância saudável para uma sociedade melhor” e atua como uma holding social composta pelo Hospital Infantil Sabará, Instituto PENSI, entidade voltada para ensino e pesquisa em saúde infantil, e a própria Fundação, com suas ações de filantropia estratégica e advocacy

Parte do patrimônio instituidor é o Hospital Infantil Sabará que, no modelo idealizado, é o gerador de recursos financeiros para a Fundação e seu resultado financeiro positivo alimenta o fundo patrimonial, com gestão autônoma e supervisionada pelo Conselho Superior. 

Do patrimônio total do fundo, uma porcentagem é alocada para o Instituto PENSI, que tem como objetivo institucional gerar conhecimento em saúde infantil por meio de pesquisas, disseminar conhecimento em ações de ensino e educação, realizar projetos sociais e capacitar voluntários para trabalhar em organizações de saúde. 

Outra parte dos recursos é destinada para o custeio de sua administração e os projetos de advocacy em saúde infantil, pesquisa em filantropia e promoção da cultura de doação. Buscamos com nosso fundo patrimonial a perenidade, para que as instituições do grupo se devolvam e atuem com excelência e para que possamos praticar o advocacy da saúde na infância com autonomia. 

Durante a pandemia de Covid-19, ter uma governança bem estruturada e comprometida com a instituição foi fundamental para que, frente a um contexto de múltiplas crises sem precedente, pudéssemos monitorar o desempenho do grupo e do fundo patrimonial, garantindo o bom funcionamento dos projetos em andamento e deliberando sobre a utilização de recursos adicionais do fundo patrimonial para ajuda assistencial emergencial, que não é uma filosofia institucional. Também pudemos praticar uma política de manutenção dos empregos do hospital, apesar da grande diminuição do fluxo de pacientes.

Ainda neste período, a Ford Foundation surpreendeu todo o setor filantrópico com a emissão de 1 bilhão de dólares em ‘social bonds’, sendo uma fundação com um fundo patrimonial de 16 bilhões de dólares. Tivemos a honra de ter Darren Walker, presidente da Fundação Ford, em uma aula magna no nosso 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil, que além de falar sobre a atuação da fundação em prol da justiça social, relatou este episódio. A volatilidade significativa nos mercados de capitais resultou numa redução dos fundos patrimoniais de fundações e universidades, incluindo o da Ford. Dada a incerteza, os profissionais de investimento argumentam contra a liquidação de ativos, uma vez que estão comprometidos com a responsabilidade fiduciária de estabilidade no longo prazo e crescimento de capital para futuras doações. À luz disto, Darren Walker sugeriu a oferta de dívida de longo prazo ao Conselho. Após inúmeras reuniões de revisão de análises financeiras e cenários de desempenho de mercado, os conselheiros da Ford aprovaram uma oferta de dívida de 30 anos ou mais. Essa sofisticação em alternativa de dispender recursos em um momento tão crítico só foi possível porque a Fundação Ford tem uma governança estruturada que exerce, em sua plenitude, os princípios que determinam uma boa prática aliada ao compromisso institucional com sua causa de justiça social. 

Nosso fundo patrimonial, apesar de não ter sido constituído na forma da Lei nº 13.800/2019, está previsto em estatuto de nossa Fundação desde o ano 2010, quando ela foi instituída. Considerando a origem familiar da Fundação, temos uma estrutura de governança composta por um Conselho Superior com até́ onze membros, com equilíbrio em número de conselheiros externos e familiares, e de diversidade de gênero. O Conselho Fiscal é constituído por cinco membros e atua independentemente, reportando suas avaliações ao Conselho Superior. O Hospital Infantil Sabará́ também possui um Conselho Deliberativo, composto por sete membros, três integrantes do Conselho Superior e quatro membros independentes. 

Nós asseguramos total transparência quanto às nossas ações, iniciativas e resultados financeiros, sujeitos a auditoria externa, e disponibilizados no site da Fundação.

Entendemos que a Lei nº 13.800/2019 proporcionou avanços importantes para os fundos filantrópicos, com sua regulamentação, trazendo contornos claros sobre sua definição e sendo uma referência para prática de boa governança de fundos patrimoniais. Entretanto, como detectado no levantamento deste Anuário, sua implantação ainda é restrita a fundos patrimoniais maiores e se vê com mais frequência em fundos ligados à gestão pública. 

Independentemente de a constituição do fundo ser aderente ou não aos requisitos da Lei n° 13.800/2019, estabelecer uma boa governança é imprescindível para o sucesso de qualquer instituição. 

Artigo originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022

 

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Prefácio Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais 2022

Por Luiz Fux, Ministro do Supremo Tribunal Federal

Aprendemos da sabedoria judaica a lição de que não se pode deixar de fazer
o bem a quem dele precisa, estando em nossas mãos a capacidade de fazê-lo.
(Mishlê 3:27)

Deveras, a exegese deste provérbio milenar espelha a histórica
preocupação humanitária de designar a realização da justiça solidária
(tzedaka) como um dever de toda a coletividade.

Na sociedade contemporânea, especialmente no contexto brasileiro, o
fenômeno da institucionalização da caridade estimulou o envolvimento de
entidades públicas e do Terceiro Setor para conferir uma feição estrutural a
esse ideal, compondo a sistemática da prestação de serviços beneficentes.
Tornou-se imprescindível, assim, a participação do Estado, mas também de
instituições privadas, a exemplo das Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público (OSCIPs), Organizações Não Governamentais (ONGs),
fundações e associações de caráter filantrópico. Tais exemplos, que integram
o referido Terceiro Setor, são responsáveis pela realização de atividades de
capilaridade nacional, o que pode ser comprovado pelo impressionante dado
de que representam aproximadamente 4,27% do PIB brasileiro¹

Sem embargo, a experiência pátria revela que a garantia da
sustentabilidade e operabilidade para a execução dessas atividades de
cunho social surge, sem sombra de dúvidas, como um dos principais
desafios enfrentados pelos gestores públicos e privados no Brasil. Diante
desse quadro, avultam os chamados fundos patrimoniais, que formam uma
relevante alternativa para a resolução do problema do subfinanciamento da
atividade filantrópica e estatal, já inveterado nas discussões nacionais.

Essa modalidade, também denominada de endowments, ganhou roupagem
jurídica a partir do advento da Lei 13.800/2019, disciplinando “a
constituição de fundos patrimoniais com o objetivo de arrecadar, gerir e
destinar doações de pessoas físicas e jurídicas privadas para programas,
projetos e demais finalidades de interesse público”, como a educação,
ciência, tecnologia, pesquisa e inovação, cultura, saúde, meio ambiente,
assistência social, desporto, segurança pública, direitos humanos, dentre
outras (art. 1º, caput e par. único).

A despeito desse expressivo passo na consolidação dos fundos
patrimoniais, não podem ser desconsiderados os percalços de ordem
financeira para lhes conferir uma gestão eficiente no atual cenário de
retomada de sucessivas crises econômicas. Os seus administradores,
consectariamente, necessitam de informações seguras, que lhes deem
subsídios para (i) a tomada de decisões estratégicas, (ii) realização do
controle de riscos, (iii) atração de investimentos rentáveis, (iv) avaliação do
custo-benefício de novas práticas, (v) bem como a fixação de parâmetros
sólidos de governança e transparência.

Vem em boa hora, nesse contexto, a nova edição do Anuário de
Desempenho de Fundos Patrimoniais, realizado pelo Instituto para o
Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), com o importante apoio
de diversas organizações.

Trata-se de publicação que cumpre, com êxito, a sua nobre função: a partir
da análise de extenso repositório de dados e informações, orienta e auxilia os
gestores dos fundos patrimoniais em seu laborioso mister de gerenciamento
dos recursos oriundos da prática de um ato de consciência filantrópica. Doar
a um fundo patrimonial significa destinar um recurso de que se dispõe para
uma causa, um ideal. É, em suma, um ato de fé na humanidade.

A imensa responsabilidade social de que se reveste a condução desses
ativos econômicos simboliza a grandeza do propósito que imbuiu a
realização da presente publicação, que segue a ratio da lição proverbial
mencionada no início deste prefácio: criar condições para a promoção da
justiça caridosa ao nosso próximo.

Os nossos sinceros cumprimentos pela notável iniciativa e os votos de
boa leitura!

Prefácio originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022

 

Acesse agora a publicação completa do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais!

 

 


¹Cf. a pesquisa: “A importância do terceiro setor para o PIB no Brasil e em suas regiões”, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE – USP). São Paulo, 2023, p. 70.

 

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Não existe longo prazo sem Sustentabilidade

Por Fernanda Camargo, sócia fundadora da Wright Capital Wealth Management

O Fundo Patrimonial é uma fonte de recurso de longo prazo, capaz de tornar as organizações sociais mais independentes da captação por projetos e de perenizar a atuação social. É um conjunto de ativos oriundos de doações privadas, geridos com o objetivo de obtenção de receitas, que serão utilizadas para fomentar as atividades de interesse público. O dinheiro das doações, chamado de principal, permanece preservado, sendo apenas as receitas geradas a partir do investimento do principal empregadas nas atividades de interesse público.

O objetivo do Fundo Patrimonial é preservar o valor real de seu patrimônio na perpetuidade e gerar recursos recorrentes para sustentar financeiramente seu propósito. Os Fundos Patrimoniais devem, portanto, ser autossustentáveis, utilizando parte da rentabilidade auferida de seu próprio patrimônio, e não depender de novas doações e patrocínios.

Se estamos falando da preservação de recursos para a perpetuidade, não seria importante olhar para as externalidades que os investimentos geram? Muitos desses fundos existem para financiar uma universidade, um hospital ou uma causa. Não seria importante saber se os investimentos do Fundo Patrimonial podem estar gerando externalidades que são justamente aquelas que o fundo quer combater?

Mas aí vem a questão. Será que olhar para tais externalidades estaria dentro do dever fiduciário do gestor do Fundo Patrimonial? Os gestores de Fundos Patrimoniais devem atuar sempre no melhor interesse do Fundo Patrimonial, respeitar o dever fiduciário, e assim adotar políticas de investimento que levem em consideração critérios Ambientais, Sociais e de Governança. Mas, será que tais critérios geram retornos positivos ou reduzem risco?

Em setembro de 2015, o PRI, UNEP/Fi, UNEP Inquiry e UN Global Compact lançaram o relatório “O Dever Fiduciário do Século 21”. Esse relatório conclui que “é uma quebra do dever fiduciário não levar em consideração todos os drivers de valor de longo prazo, incluindo ASG (Ambiental, Social e Governança, na tradução da sigla ESG)”.

Está cada vez mais claro que o gestor prudente, que respeita seu dever fiduciário, deve incluir os critérios ESG na alocação e isso não representa uma violação do dever de lealdade. Pelo contrário: a incorporação de tais critérios no processo de investimentos ajuda na redução de riscos do portfólio, consequentemente aumentando as chances de obtenção de melhores retornos ajustados ao risco ao longo do tempo.

Os gestores do Fundo Patrimonial devem ser capazes de mostrar que identificaram e avaliaram os riscos aos quais os portfólios sob sua responsabilidade estão expostos. Esses riscos incluem aqueles associados a questões de sustentabilidade, como as mudanças climáticas, o colapso da biodiversidade ou a instabilidade social, que podem ser financeiramente significativos. Dada sua natureza sistêmica, por definição, estes riscos não podem ser mitigados simplesmente pela diversificação da carteira.

Neste contexto, investimento responsável é uma abordagem de investimento que reconhece explicitamente a importância para o investidor dos fatores ESG, da saúde de longo prazo e da estabilidade do mercado como um todo para sua carteira. Ela reconhece que a geração de retorno sustentável de longo prazo depende de sistemas econômicos e ambientais estáveis, funcionais e bem geridos.

O investimento responsável diferencia-se das abordagens convencionais de investimento de duas maneiras.  A primeira é que os prazos são importantes; o objetivo é a geração de retorno de investimento sustentável de longo prazo, e não apenas de curto prazo. A segunda é que isso exige que os investidores estejam atentos a fatores contextuais mais abrangentes, incluindo a estabilidade e a saúde dos sistemas econômicos e ambientais e a evolução dos valores e das expectativas das sociedades das quais fazem parte.

Uma forma de investimento responsável é a baseada em ‘filtros negativos’ — critérios de exclusão de setores ou empresas do universo passível de investimento por problemas ESG. Trata-se de uma estratégia de investimento que exclui do portfólio ramos de atuação e companhias que impactam negativamente a sociedade e o meio ambiente, como tabaco, mineração, petróleo, álcool e armas, por exemplo. Outras abordagens são:

 

       Ativismo Acionário, que se baseia no uso do poder dos acionistas para influenciar o comportamento da empresa no que tange à abordagem ESG, o que vai desde o engajamento nos órgãos societários da companhia até o exercício do poder de voto e;

•        Integração ESG, que leva em consideração fatores ambientais, sociais e de governança na análise e tomada de decisão de investimentos, com o objetivo de melhorar os retornos ajustados ao risco no longo prazo. Empresas de qualquer setor podem ser avaliadas sob a ótica ESG, do financeiro ao de óleo e gás, sendo que os investidores responsáveis focam em setores e empresas que apresentam alto desempenho nos fatores ESG.

 

Na questão ambiental, por exemplo, quando falamos de alocação de longo prazo, não podemos deixar de levar em consideração a transição para a economia de baixo carbono e, por isso, é importante considerar os riscos e as oportunidades atrelados às mudanças climáticas. Neste caso, um primeiro passo é considerar os riscos climáticos nas avaliações de investimento e monitorar os ativos investidos a partir de informações públicas disponíveis. A atuação também pode envolver diálogos colaborativos com os fundos investidos ou empresas, contribuindo para a elaboração de metas e planos de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Ao mesmo tempo, entender a transição climática do ponto de vista não apenas de eficiência, mas também do impacto real desse processo, é fundamental. Num país tão desigual como o Brasil, não podemos deixar de endereçar o S (social) do ESG. A emergência climática aumenta a vulnerabilidade de milhões de pessoas. Quando investimos em empresas com uma boa avaliação no que tange a direitos humanos ou políticas sociais, devemos buscar entender o que isso significa, como é medido, quais os resultados, as melhorias, e quem está sendo afetado. No longo prazo, se não olharmos para a questão social, a desigualdade crescente é um dos maiores riscos.

Para ajudar os investidores (ou asset owners), o PRI criou 6 princípios voluntários que servem como objetivos a serem alcançados. Oferecem uma gama de ações possíveis para a incorporação das questões ESG. O objetivo dos Princípios é compreender as implicações do investimento sobre temas ambientais, sociais e de governança, além de oferecer suporte para os signatários na integração desses temas com suas decisões de investimento e propriedade de ativos.

No modelo de engajamento, o PRI sugere alguns passos a investidores ao articularem suas posições:

1. Priorizar questões de sustentabilidade e identificar riscos e oportunidades financeiramente materiais considerando os seus compromissos de sustentabilidade existentes através de uma avaliação descendente dos riscos de sustentabilidade mais significativos ou de uma avaliação ascendente dos resultados associados ao investimento e;

2. Utilizar objetivos e limites de sustentabilidade globais relevantes como referência para garantir níveis adequados de ambição. Uma forma de começar é publicar compromissos com a integração ESG e o investimento responsável, incluindo explicações sobre como tais compromissos se alinham com os deveres fiduciários, implementar esses compromissos de maneira efetiva nos processos de investimento, monitorar como os gestores (internos e externos) de investimento estão acompanhando estes compromissos, publicar relatórios para os beneficiários sobre como estes compromissos foram implementados e seus resultados, garantir que os administradores, conselheiros e executivos possuam os recursos e o conhecimento necessários para responsabilizar os gestores e consultores de investimento sobre a integração ESG, exigir que as companhias prestem contas de maneira robusta, confiável e detalhada tanto sobre sua gestão de questões ESG quanto da importância financeira dessas questões e engajar os governantes e reguladores em assuntos relacionados ao desempenho de longo prazo, incluindo relatórios corporativos mais robustos.

A observação e a incorporação de critérios ESG nos investimentos do Fundo Patrimonial, naturalmente, não garantem, por si só, a perenidade de seu patrimônio. Porém, assim como com outros aspectos fundamentais para a construção do portfólio do Fundo, como o padrão e o percentual de gastos, o perfil de risco e o contexto macroeconômico e jurídico da entidade à qual se destina, respeitá-los é respeitar a sustentabilidade financeira de seu propósito.

Apesar de apenas 30% dos fundos da amostra terem política de investimento responsável e 10% ainda não terem conseguido implementá-la em sua totalidade, percebe-se que uma grande parte dos endowments — quase a metade — declarou a intenção de adotar, futuramente, uma política de investimento responsável. 

Esse dado mostra que a questão do investimento responsável está presente, de algum modo, entre os gestores de 78% dos fundos patrimoniais, o que é uma parcela significativa. 

Artigo originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022

 

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Fundos Patrimoniais e o almoço grátis

Por Ilan Ryfer, sócio da 1618 Investimentos

Existe um antigo ditado, ou “regra”, no mercado financeiro: “não existe almoço grátis”. O significado desse ditado, para aqueles não versados nas minúcias de finanças, é que não se pode obter retornos maiores sem incorrer em riscos mais altos. Em outras palavras, risco e retorno são dois lados de uma mesma moeda, onde para se obter mais de um (retorno), deve-se aceitar mais do outro (risco).

Entretanto, como toda regra tem sua exceção (sempre me perguntei qual a exceção à regra que toda regra tem sua exceção…), existe um único almoço grátis nos mercados financeiros, descoberto por Harry Markowitz nos anos 50: diversificação! Ao desenvolver a teoria moderna de portfólios, Markowitz provou, através da análise de média-variância, que é possível obter portfólios mais rentáveis sem adicionar risco, ou reduzir o risco de um portfólio sem abrir mão do retorno. A mágica vem do processo de diversificação da carteira. Funciona mais ou menos assim…

Imagine primeiramente um mundo onde num dia ou faz sol ou chove. Imagine que nesse mundo existe somente um tipo de investimento, vamos chamar de “guarda-chuva”, que te rende 15% no dia que chove e -5% no dia em que faz sol. Se a probabilidade de chuva fosse de 50%, em metade dos dias você ganharia 15% e na outra metade perderia 5%, obtendo um retorno diário esperado de 5%. Só que todo dia ou você ganha 15% ou perde 5%, numa gangorra de retornos. O quadro abaixo resume o mundo acima.

Imagine agora que existe um outro investimento, vamos chamar de “barraca de praia”, que rende 15% no dia de sol e -5% no dia de chuva. Estranhamente, ou não, esse investimento tem o mesmo retorno diário esperado do “guarda-chuva”, de 5%. Só que ele ganha dinheiro nos dias que o outro perde, e vice-versa. Vamos adicionar esse investimento no nosso quadro.

Se você tivesse R$100 reais para investir e pudesse escolher somente um desses investimentos, independente do que escolhesse, ganharia R$15 com 50% de chance e perderia R$5 com 50% de chance. Mas e se pudesse aplicar um pouco em cada um deles? E se investisse exatos R$50 em cada um? E se pudesse diversificaaaaar (imagine essa última palavra beeeem esticada)…

Independentemente do que aparecesse no Climatempo ou seu aplicativo preferido, você iria ganhar R$7,5 num deles (R$50 * 15%) e perderia R$2,5 (R$50 * -5%) no outro, obtendo exatos R$5. Seu retorno esperado diário sobre os R$100 investidos seria 5%. Só que, nesse caso, em nenhum dia você teria perda. A variação diária dos seus retornos seria bem menor que se investisse somente em “guarda-chuva” ou somente em “barraca de praia”. E como em finanças o conceito de risco é equivalente a incerteza dos retornos, o portfólio diversificado, no qual você tem lucro certo todos os dias, seria menos arriscado que o não diversificado, apesar de ambos terem o mesmo retorno diário esperado. Capisce?

Esse foi um dos momentos “Eureka” para os fundos patrimoniais, vivenciado primeiramente por David Swensen, gestor por anos do fundo patrimonial da Universidade de Yale, e autor do livro “Pioneering Portfolio Management”, até hoje a Bíblia da gestão dos fundos patrimoniais. Até Swensen mudar o mundo da gestão de fundos patrimoniais, por quase um século o modelo de investimento dos endowments americanos foi 40% em títulos de renda fixa americana e 60% em ações americanas.

Influenciado pelos ensinamentos de Harry Markowitz e James Tobin (ambos ganhadores do prêmio Nobel e o último mentor de Swensen em Yale), o fundo patrimonial de Yale começou um processo de diversificação em outras classes de ativos, alternando seu portfólio de acordo com as perspectivas econômicas de longo prazo. Isso tornou o fundo de Yale o mais rentável entre seus pares, iniciando um processo generalizado de mudança na filosofia de gestão.

Outro adágio comum em mercado financeiro é que iliquidez é um fator de risco, e como já discutimos no início do texto, mais risco deveria vir acompanhado de maior retorno esperado. Ou seja, para investirmos em ativos de menor liquidez, exigimos um retorno maior, ou o que em finanças chamamos de “prêmio de risco”.

Depois de Swensen mudar a forma de gerir fundos patrimoniais, vários gestores perceberam que não necessitavam de tanta liquidez imediata, uma vez que tinham previsão estável de dispêndio. Dessa forma passaram a diversificar cada vez mais em ativos “ilíquidos”, como fundos de Private Equity, Venture Capital, imóveis, fundos de Timber (madeira), entre outros. Os assim chamados “ativos alternativos” passaram a compor crescentemente as carteiras dos fundos, mais uma vez gerando um retorno mais alto com riscos menores, devido àdiversificação promovida, bem como à adição do prêmio de risco.

Fonte: Investing Like the Harvard and Yale Endowment Funds – CAIA 2017

Alocação de ativos dos maiores fundos patrimoniais dos Estados Unidos (patrimônio líquido acima de US$ 1 bilhão em 2016)

Dessa forma, a gestão dos fundos patrimoniais nos Estados Unidos mudou filosoficamente e se aproximou mais dos objetivos que atualmente são considerados fundamentais:

  1.       Preservação de Capital no Longo Prazo: Os fundos patrimoniais têm uma missão de longo prazo, muitas vezes buscando sustentar uma instituição indefinidamente. A diversificação ajuda a proteger o capital desses fundos, uma vez que a exposição a diferentes classes de ativos reduz o risco de perdas significativas em qualquer setor ou classe de ativos. Isso permite que o patrimônio seja preservado e cresça ao longo do tempo.
  2.       Geração de Renda Sustentável: Muitas organizações dependem da renda gerada pelos fundos patrimoniais para cumprir suas missões e financiar suas operações. Investimentos de longo prazo em ativos que geram renda, como ações pagadoras de dividendos e títulos de renda fixa, são essenciais para garantir um fluxo constante de recursos ao longo do tempo.
  3.       Retorno Real no Longo Prazo: Os investimentos de longo prazo têm o potencial de gerar retornos reais sólidos, uma vez que o tempo permite que os efeitos do crescimento composto se manifestem. Isso significa que o patrimônio real do fundo pode crescer substancialmente ao longo de décadas.
  4.       Redução de Volatilidade: A diversificação também ajuda a reduzir a volatilidade da carteira de investimentos. Quando os fundos patrimoniais têm metas de longo prazo, eles podem manter investimentos em classes de ativos menos voláteis, que proporcionam estabilidade, mesmo em mercados turbulentos.
  5.       Proteção contra Inflação: Investir a longo prazo também ajuda a proteger contra o impacto da inflação. Os investimentos em ações e ativos reais, como imóveis e commodities, tendem a superar a inflação ao longo do tempo, garantindo que o poder de compra do fundo seja mantido.
  6.       Resistência a Ciclos Econômicos: Ao diversificar amplamente em diferentes ativos e classes de ativos, os fundos patrimoniais estão mais bem preparados para resistir a mudanças econômicas e ciclos de mercado adversos. Isso é especialmente importante para instituições que dependem da estabilidade financeira a longo prazo.

Os fundos patrimoniais brasileiros, ainda em sua infância, podem beber desse conhecimento e experiência de décadas dos fundos americanos, acelerando sua evolução. Só o tempo, e diversas edições do presente Anuário, provarão se isso foi feito. 

Artigo originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022

 

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O cenário macroeconômico em 2022 e as implicações para gestores de fundos patrimoniais

Por Diego Martins, sócio da Pragma Gestão de Patrimônio

Os leitores da edição anterior deste anuário certamente se lembrarão de como finalizamos a análise de mercado para 2021, destacando que a inflação local não dera trégua até o final daquele ano. E o tempo nos mostrou que ainda não havíamos chegado ao pico. Depois de encerrar 2021 a 10,1%, o IPCA continuou a subir em janelas acumuladas de 12 meses até abril de 2022, quando atingiu a marca de 12,1%, e permaneceu acima dos 11% até o final do 1º semestre.

Diante da dinâmica inflacionária, o Banco Central do Brasil manteve sua política de aperto monetário iniciada em março de 2021. Nessa esteira, a taxa de juros SELIC, que já havia saltado de 2,0% para 9,25% ao longo de 2021, continuou subindo ao longo de 2022 até atingir a marca dos 13,75% na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (COPOM) – e permaneceu estável a partir daí até o final do ano.

Como é de se esperar em momentos de política monetária restritiva, o 1º semestre de 2022 foi marcado pela retração dos chamados ativos de risco. A começar pelos títulos de renda fixa (excluídos os pós-fixados), que naturalmente sofrem com a subida de juros: tanto o IRFM (índice que agrega os títulos públicos pré-fixados) quanto o IMA-B (indicador do mercado de títulos públicos atrelados à inflação) tinham retornos abaixo do CDI e da inflação até junho daquele ano.

Já a bolsa brasileira encerrou o 1º semestre caindo 6% quando medida pelo IBOVESPA. Mas esse número negativo, por si só, conta apenas parte da história. Não podemos nos esquecer que em fevereiro/2022 a Rússia invadiu a Ucrânia, trazendo volatilidade para os mercados internacionais, principalmente no que tange preços de commodities energéticas e agrícolas. Como uma externalidade positiva, a bolsa brasileira, altamente concentrada em empresas ligadas a commodities, acabou se beneficiando do movimento de preços internacionais – e em abril de 2022 ela atingiu o seu pico no ano, valorizando quase 16%.

No entanto, essa euforia positiva durou pouco, pressionada pelas altas taxas de juros locais, assim como pela entrada dos Estados Unidos e, posteriormente, da Europa no clube dos países com políticas monetárias restritivas. A inflação, que naquele momento encontrava seu pico no Brasil, ainda mostrava suas garras em outras partes do mundo.

Assim entrávamos na segunda metade do ano: vendo alguma luz no ‘fim do túnel’ da política monetária no mercado local, mas com grandes incertezas pairando nos mercados internacionais. De fato, a desaceleração seguida pelo fim do aumento de juros locais trouxe algum alívio para os ativos domésticos entre julho e outubro. Nessa janela, a bolsa subiu quase 18%, enquanto os títulos públicos pré-fixados valorizaram quase 6%. Até mesmo a inflação deu sinais fortes de alívio, com três meses seguidos de deflação.

Contudo, a euforia durou pouco. Após o resultado das eleições presidenciais brasileiras, o mercado passou a refletir negativamente àsincertezas envolvidas na composição do novo governo e aos efeitos expansionistas da PEC da Transição (Proposta de Emenda Constitucional que permitiu o aumento de gastos do governo). Com isso, a Renda Variável local devolveu parte dos seus ganhos, encerrando o ano com alta de 4,7% – valendo aqui destacar que, não fosse o peso dos papéis ligados a commodities nos índices locais, a bolsa teria registrado queda da ordem de -5% no ano.

Do lado da Renda Fixa, a despeito dos retornos positivos para os títulos pré-fixados (+8,8%) e atrelados à inflação (+6,4%), ambos fecharam o ano abaixo do CDI, que acumulou alta de 12,4% em 2022. E, por fim, se no ano passado a diversificação internacional foi a única boia de salvação para os portfólios dos endowments, nesse ano ela levou o destaque negativo: bolsas internacionais caíram, em Reais, -23,5% em 2022.

Em suma, tivemos mais um ano desafiador para a gestão de fundos patrimoniais no Brasil. Basta notarmos que, exceto o CDI, nenhuma outra classe de ativo entregou retornos reais relevantes, com bolsas local e internacional auferindo perdas reais. Esse cenário se refletiu nos resultados dos fundos patrimoniais: aqueles mais conservadores, com alocações relevantes em Renda Fixa, conseguiram entregar retornos reais positivos, ainda que aquém dos almejados 5% ao ano. Já os mais arrojados, com alocações maiores em bolsa, acabaram sofrendo mais um ano com baixos retornos.

Artigo originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022

 

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Uma nova fronteira para os endowments brasileiros

Por Andrea Hanai e Felipe Insunza Groba, gerentes de projeto no IDIS

Nos últimos anos, temos testemunhado avanços notáveis na criação e crescimento de fundos patrimoniais filantrópicos no Brasil, também conhecidos como endowments. O Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022, pesquisa recém-publicada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, coletou informações 59 fundos patrimoniais em atividade no país, 20 dos quais criados a partir de 2019, ano de aprovação da Lei 13.800/19, primeiro marco legal brasileiro em torno desse tema.

Esses 59 fundos direcionaram, em 2022, um total de quase R$ 340 milhões em benefício de instituições e causas de interesse público. Para se ter uma ideia, esse montante é equivalente a 2,65% do total doado por indivíduos (de acordo com dados da Pesquisa Doação Brasil 2022, do IDIS) e a 8,3% do total doado por empresas (segundo o Benchmarking do Investimento Social Corporativo – BISC) no Brasil.

Além da contribuição crescente dos fundos patrimoniais para o apoio ao desenvolvimento socioambiental, vem chamando cada vez mais atenção o volume de recursos acumulados nessas estruturas, que atingiram um patrimônio total de R$ 123 bilhões, sendo que 5 delas já possuem patrimônio acima de R$ 500 milhões e 12 detêm patrimônios variando entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões, o que demonstra seu potencial de participação no mercado de gestão de ativos ou asset managements brasileiros.

De acordo com o Anuário, grande parte dos recursos acumulados encontram-se investidos em ativos de perfil mais conservador (renda fixa) e de maior liquidez (até 30 dias) o que contraria a tendência entre os maiores endowments americanos, de alocação de parcela importante dos investimentos nos chamados “ativos alternativos” de menor liquidez (private equity, venture capital, ativos reais como imóveis e fazendas produtivas, entre outros).

Indo mais além na diversificação do portfólio de ativos, alguns endowments pelo mundo têm sido pioneiros na intencionalidade de causar impacto positivo por meio dos seus investimentos financeiros. No Canadá, o Investment Readiness Program (IRP) – uma iniciativa da Community Foundations of Canada, que congrega as mais de 200 organizações de base comunitária, totalizando mais de USD 4,7 bilhões em ativos – fomenta que os fundos patrimoniais invistam seus recursos alavancando (por meio de empréstimos e equity, por exemplo) negócios, cooperativas e iniciativas sociais que se proponham a resolver problemas sociais, culturais e ambientais pelo país.

Essas organizações acreditam que é possível gerar impactos positivos não só com as destinações derivadas dos rendimentos dos fundos, mas também através do investimento de seus endowments. A Ford Foundation, uma das maiores fundações privadas dos Estados Unidos, já alocava em 2020 cerca de 13% de seu endowment de USD 16 bilhões entre investimentos relacionados à missão (Mission-Related Investments -MRI) e investimentos relacionados a programas (Program-Related Investments) realizando, por exemplo, empréstimos acessíveis para a construção e provisão de moradias populares e investimentos em fundos que investem em biotechs e health-techs que aumentem o acesso a produtos e serviços de saúde para populações de baixa renda no sul global.

A literatura econômica nos ensina que ser pioneiro tem suas vantagens, muitas vezes recompensando os vanguardistas com reconhecimento, lucros elevados e longevos. No entanto, também destaca os benefícios de “pegar carona” no conhecimento adquirido por outros, aproveitando a sabedoria acumulada e evitando os obstáculos já enfrentados e superados pelos desbravadores. Para os endowments brasileiros, essa pode ser a vocação: combinar a coragem de adotar estratégias de investimento de impacto com a sabedoria de aprender com aqueles que já trilharam esse caminho. E já vemos movimentos promissores nesse sentido: criado em 2022 por iniciativa de membros da família Gerdau, o Instituto Helda Gerdau tem 20% de seu fundo patrimonial investido em negócios de impacto socioambiental. Para além disso, com os proventos do fundo patrimonial, o Instituto fomenta o ecossistema de negócios de impacto no Brasil e, mais intensamente, em Porto Alegre.

É importante reconhecer que a adoção de estratégias de investimento responsável e de impacto depende da maturidade do mercado financeiro, da relativa diversidade e liquidez dos ativos e da resiliência da governança dos endowments em rebater potenciais contestações sobre a rentabilidade de curto prazo, que desconsideram o componente de impacto socioambiental gerado pelo portfólio de ativos adotado. Esses fatores podem fazer com que nem todos os fundos patrimoniais filantrópicos tenham as mesmas condições e recursos para implementar essas estratégias. No entanto, essa parece ser uma tendência e os gestores de fundos patrimoniais que optarem pela não adoção dessa estratégia assumirão o risco de crescente escrutínio por parte da sociedade civil.

Além disso, caso seja definida a adoção dessa estratégia, a transição deve ser avaliada e planejada, levando em consideração as circunstâncias específicas de cada fundo e o perfil de seus atuais e potenciais doadores.

Em um contexto de desafios sociais e ambientais cada vez mais urgentes, é hora de ousar e convocar os maiores fundos patrimoniais, que em sua maioria já passaram da fase mais intensiva de acumulação e captação de recursos, para abraçarem estratégias de investimento responsável e de impacto. Para além disso, é fundamental que os endowments compartilhem suas experiências, casos de sucesso e aprendizados, para que se consolidem as boas práticas de investimento e gestão dentro dessas modalidades, inspirando e dando suporte técnico para fundos patrimoniais que ousem seguir o mesmo caminho de impacto.

Artigo originalmente publicado no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022


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Entrada de novos grupos de iniciativa no programa Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, o desenvolvimento e o fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

As FICs são organizações que atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais de múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades do território. Além disso, fortalecem o setor social da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Em 2020, o Programa Transformando Território recebeu 12 organizações e líderes que almejavam desenvolver este modelo de organização para atuar em suas regiões. Ao final do Programa, 10 novas FICs surgiram, atuando em diferentes territórios em 5 estados.

Em 2023, o Programa se dedicou em um novo esforço de encontrar novos líderes e organizações para atuarem neste modelo. Através de uma chamada pública, encontros e pesquisa ativa, 5 novos grupos de iniciativa entraram no Programa em agosto de 2023.

Cada nova organização e liderança trazem perspectivas, conhecimentos e territórios novos, contribuindo para o desenvolvimento do Programa em cenários tão plurais.

Ao participar do Programa cada organização definirá sua trilha de desenvolvimento, com metas, objetivos e esforços alinhados com seus territórios, conhecimento e história.  A partir de amplos diálogos, reuniões e encontros, o Programa define uma estratégia de apoio para cada organização, respeitando os saberes, demandas e potenciais locais.

Dito isso, algumas das principais atividades realizadas pelo Programa são consultorias, mentorias, capacitações, cursos, aporte financeiro e viagens de intercâmbio entre as organizações. Além de buscar dar visibilidade a todas essas organizações e difundir o debate sobre filantropia comunitária no Brasil.

Abaixo, uma breve descrição de cada um dos novos grupos de iniciativa do Programa Transformando Territórios.

 

Instituto Comunitário de Sergipe – ICOSE

O ICOSE é uma organização que tem por missão promover o fortalecimento do protagonismo das comunidades locais e a atuação em rede, visando o desenvolvimento justo, solidário e sustentável no Estado de Sergipe.

A sua principal missão é identificar, apoiar e assessorar as organizações do terceiro setor e iniciativas de pessoas físicas que atuem na comunidade de forma responsável e, promover o intercâmbio e parceria entre as organizações da sociedade civil com os órgãos públicos, privados e pessoas físicas fortalecendo a comunidade sergipana.

A organização está em seu primeiro ano de atuação, iniciando seus projetos para a cidade de Aracajú e buscando a formação de mulheres empreendedoras e campanhas de solidariedade em escolas da cidade.

Atualmente o ICOSE está realizando uma campanha de arrecadação no site da Benfeitoria, para projetos que tem como objetivo o empoderamento da mulher sergipana, SAIBA MAIS!

 

Rede Paraty

A Rede Paraty surgiu da necessidade de haver uma maior articulação entre o setor social na cidade de Paraty e fortalecer essas iniciativas sociais tão importantes para o território da cidade de Paraty.

A partir de uma pesquisa realizada pela Taiamá Foundation e outros atores locais, foi realizado o desenvolvimento de um diagnóstico socioeducacional e a elaboração de uma teoria da mudança para a cidade de Paraty. O que permitiu mapear as prioridades locais e as organizações no território.

Desse mapeamento sobre as demandas sociais da cidade, um grupo de OSCs da cidade muito bem articulado expressaram o desejo de desenvolver um Instituto Comunitário, para alavancar o impacto socioambiental do território, ampliar o diálogo com o poder público e a cultura de doação local.

 

Associação Nossa Cidade

A Associação Nossa Cidade (ANC), fundada em 2014, tem como objetivo promover um mundo melhor através da filantropia comunitária, já tendo financiado quase 100 projetos por meio de várias abordagens, incluindo Patrocínio Fiscal, Círculo de Doações e gestão do Fundo Regenerativo Brumadinho.

Essas diversas experiências permitiram que a associação desenvolvesse uma tecnologia social para implantação de fundos comunitários em pequenos territórios, chamados de FuSo (Fundos Sociais Nossa Cidade).

A partir deste amplo conhecimento sobre diferentes territórios, atividades de grantmaking e articulação local, o Nossa Cidade se formaliza como um Instituto Comunitário para atuar na região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

Mundaú

A Mundaú está sendo fundada pelo líder comunitário Carlos Jorge, fundador do Instituto Mandaver. Com grande representatividade no território e engajado com os desafios de Alagoas, Carlos Jorge impulsiona a Mundaú para transformar organizações e diferentes realidades em Alagoas.

Ela surge com o propósito de operar como um Instituto Comunitário para o estado promovendo o desenvolvimento comunitário do território, buscando maior engajamento dos atores locais, doadores e organizações sociais para aumentar a cultura de doação local.

Atualmente o Instituto dedica seus esforços para a cidade de Maceió, planejando um evento de lançamento em dezembro deste ano envolvendo diversas organizações locais.

Promovendo capacitações, conhecimento, empoderando e fortalecendo a sociedade civil, a Mundaú será uma grande propulsora de transformação, inovação e impacto social no estado.

 

Fundação Gerações

A Fundação Gerações é uma entidade da sociedade civil criada em 2008, na cidade de Porto Alegre, em consonância com a sua missão, dedica-se a fomentar iniciativas, processos e projetos sociais que fortaleçam a sociedade gaúcha. Suas três principais áreas de atuação são: Gestão de Investimento Social, Apoio Financeiro a OSC’s e Formações para o Terceiro Setor.

A Fundação é responsável pelo Fundo Gerações, que tem vínculo com a Lei da Solidariedade, que tem o objetivo de apoiar a constituição de fundos patrimoniais para sustentabilidade das organizações do terceiro setor.

Em 2022 a organização passou por um processo de revisão do seu planejamento estratégico, onde compreendeu a sua missão de atuar como Fundação Comunitária e adentrar ao Programa Transformando Territórios. Como primeira iniciativa para este processo de reformulação, a Fundação está constituindo o Fundo Comunitário Porto para Todos, que passará a exercer estas primeiras atividades como FIC.

 

QUEM SOMOS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1999, cuja missão é inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, a partir do trabalho junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

 

A Charles Stewart Mott Foundation é uma organização social grantmaker norte-americana, com sede em Flint (Michigan), fundada em 1926 por Charles Stewart Mott , antigo diretor e acionista da General Motors Corporation. Mais de US$ 3,2 bilhões em ativos alocados para o desenvolvimento de projetos com foco em 4 áreas de atuação: Sociedade civil, educação, meio ambiente e comunidade de Flint. A Mott já apoiou organizações em mais de 62 países e em 2019 distribuiu US$ 133 milhões em grants.

Fundação FEAC: seis décadas impulsionando organizações, territórios e pessoas

Como uma organização mantém um modelo de ação social inovador por quase 60 anos? A história da Fundação FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas começa no início dos anos 1960, quando as organizações

Jovem Chef – FEAC

sociais campinenses enfrentavam dificuldades econômicas e decidiram atuar de forma integrada e articulada para promover a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Em 2024 a FEAC completará seis décadas desenvolvendo e apoiando soluções reais para os desafios das comunidades mais vulneráveis da região de Campinas.

Um dos fundadores da FEAC, Eduardo Pimentel, teve a ideia de reunir as entidades sob um mesmo guarda-chuva, criar um fundo único e mais eficiente de captação de recursos e realizar apoio e suporte administrativo a outras entidades. Com a iniciativa bem-sucedida, a FEAC foi oficializada em 1964 e seguiu com o propósito de apoio institucional às organizações, tendo como bússola a busca do desenvolvimento integral e do respeito à cidadania plena das crianças e dos adolescentes.

O projeto alcançou novos rumos quando o casal Odila e Lafayette Álvaro, no mesmo ano de criação da organização, decidiram doar a Fazenda Brandina a esse grupo de instituições. No final dos anos 70, quando um grupo imobiliário quis comprar a terra, a FEAC decidiu não só vender o terreno, mas sim tornar-se sócia do shopping que seria construído na região. Naquele momento deu-se início ao que viria a se tornar um endowment ou fundo patrimonial, uma importante fonte de financiamento para organizações do terceiro setor da região.

Assim, as atividades da FEAC são financiadas por recursos próprios, gerados pela administração do próprio patrimônio, especialmente as locações imobiliárias. A partir desses recursos a FEAC realiza a prática de grantmaking – , ou seja, financia iniciativas e projetos de organizações locais. Essa característica é uma das principais atividades de uma Fundação ou Instituto Comunitário.

Na Carta de Princípios para FICs, define-se que:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

 

Os investimentos são destinados a viabilizar projetos que tenham relação com os objetivos da FEAC em seis áreas programáticas, divididas em três dimensões:

 

  • 1) Empoderar pessoas (Acolhimento afetivo, Educação, Juventudes, Mobilização para autonomia e Primeira Infância em foco);
  • 2) Potencializar territórios (Fortalecimento de vínculos);
  • 3) Impulsionar organizações (Cidadania Ativa e Qualificação da gestão de OSCs     Cidadania e Impacto Social).

 

Em um olhar retrospectivo, percebemos que a FEAC já nasce como uma fundação comunitária em 1964, mesmo sem conhecer esta terminologia para suas atividades.

Urbanizarte, FEAC

 

SUPORTE A PROJETOS ESTRUTURADOS

Jair Resende, superintendente socioeducativo da FEAC

Para garantir a governança efetiva e a sustentabilidade das organizações, dentro do terceiro eixo, a FEAC faz suporte a processos formativos, tendo como um dos principais programas o “Cidadania e Impacto social”, conta o superintendente socioeducativo da FEAC, o paraense Jair Resende:

 

“Impulsionamos as organizações por meio de formações, mentorias, estabelecimento de redes e investimentos, para que tenham mais condições de protagonismo, adotem as melhores práticas de gestão e processos eficientes. Nos últimos tempos, despertados pelo programa Transformando Territórios (TT) do IDIS, temos olhado especialmente para organizações que estão imbuídos na causa do desenvolvimento de territórios”.

 

Em 2022, a Fundação FEAC consolidou um novo modelo de investimento social, a partir de um processo de transformação que teve início quatro anos antes. Antes realizada por meio de apoio institucional, a parceria que a Fundação firma com as organizações parceiras passou a ser realizada por meio de suporte a projetos estruturados.

 

“O ano de 2022 foi o primeiro em que todas as organizações apresentaram as propostas em forma de projetos dentro desse sistema. Isso foi uma grande conquista da FEAC”, afirma Resende.

 

Nesse último ano, foram desenvolvidos 173 projetos em parceria com 127 organizações, um investimento de mais de R$ 25 milhões.

 

“O mais importante é que, com esse sistema, a FEAC conseguiu dimensionar melhor os impactos de suas iniciativas para cumprir o seu papel de impulsionar as transformações nos territórios onde atua”. completa.

 

Entre os editais recentes, estão a apresentação de propostas voltadas à melhoria e transformação dos espaços dos serviços de acolhimento – em que foram selecionados quatro projetos com até R$ 80 mil – e a para organizações atuem com pessoas com deficiência, para apresentação de propostas de projetos visando a acessibilidade arquitetônica – foi apoiado um projeto com até R$ 250 mil.

Além disso, a Fundação FEAC vem realizando, dentro do eixo Cidadania e Impacto Social, um mapeamento dos coletivos de Campinas. O levantamento é feito a partir do cadastro de informações das organizações numa plataforma: a temática em que atuam, se têm sede ou não, onde estão localizadas, o perfil dos membros e quais as dificuldades que enfrentam, dentre outras. Todos estes dados servirão como referências relevantes para parcerias em futuros projetos.

Agricultura Urbana, FEAC

Com uma logística privilegiada e outros recursos singulares, Campinas é hoje uma das cidades mais ricas do país. Entretanto, essa mesma Campinas, oficializada como metrópole pelo IBGE em 2020, apresenta um território de alta desigualdade econômica. Desde a criação da FEAC, a população do município passou de 300 mil para mais de um milhão de habitantes, a vulnerabilidade social também aumentou e a fundação precisou se reinventar algumas vezes para seguir promovendo impacto social positivo na região.

 

UM OLHAR ESTRATÉGICO

Em 2020, a FEAC desenhou as Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS), dando mais racionalidade ao olhar para o território. Antes, a organização trabalhava com 349 áreas de vulnerabilidade espalhadas por Campinas.

 

“Muitas compartilhavam equipamentos como escolas e unidades de saúde. Foi assim que se chegou a uma divisão em 16 REVS, que fizeram com que a fundação olhasse, pela primeira vez, para a área rural de Campinas. Também permitiu observar com mais exatidão as vulnerabilidades dos territórios, possibilitando uma atuação mais estratégica”, explica Resende.

 

Mesmo sendo uma fundação com relativos recursos, o superintendente garante que a FEAC segue em busca de parcerias importantes com empresas e outras organizações para criar e operacionalizar projetos.

 

“A aproximação com o IDIS, através do Transformando Territórios, nos despertou a visão de que a FEAC pode ser um hub de investimento social, ampliando suas parcerias para potencializar o ecossistema;”finaliza Resende.

 

APOIAR UM AO OUTRO PARA CRESCER JUNTOS

A entrada da FEAC no Programa Transformando Territórios, que visa o desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs), proporcionou à organização uma nova oportunidade para expandir conhecimento sobre a filantropia comunitária, abrindo assim novas perspectivas para atuação.

Uma dessas formas de atuação da FEAC é apoiar a formação de novas FICs na região de Campinas. O primeiro case de sucesso dessa atuação é o apoio a FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos que atua no território de Valinhos. Inclusive a FEAV entrou no Programa Transformando Território em 2021, por indicação da FEAC. A participação de ambas no programa também foi o catalisador de uma parceria entre as duas instituições.

Cinemaqui – FEAC

Neste ano, a FEAC como forma de apoio mais expressiva doou um de patrimônios, um histórico casarão localizado na cidade de Valinhos, para a FEAV. Nesses 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário por meio de uma doação tão significativa.

Esta contribuição está alinhada com o novo objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas apoiando iniciativas sociais locais por meio de uma abordagem de longo prazo e de um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região metropolitana. E também inicia um processo pioneiro onde uma fundação comunitária apoia o desenvolvimento de outras FICs nas regiões do entorno. Este é um passo importante e disruptivo que demonstra a importância da parceria e aliança entre FICs para o desenvolvimento dos nossos territórios.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: As áreas de atuação da FEAC abrangem todas as 16 Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS) no município de Campinas. O conceito das REVS foi definido pelo Núcleo de Inteligência Social (NIS) da FEAC, tendo como base dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundação FEAC;
  • Nome e cargo da principal liderança Jair Resende, superintendente socioeducativo;
  • População estimada: 200 mil pessoas em situação de vulnerabilidade. Os projetos da FEAC já atingiram 138.266 beneficiários;
  • Número de OSCs do território: Levantamentos apontam cerca de 200 organizações;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes.

    A Fundação FEAC integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Fundação FEAC? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Espírito comunitário: FEAC doa casarão à FEAV para fortalecer ações sociais em Valinhos

A cooperação para o desenvolvimento é uma das propostas da filantropia comunitária. Visando apoiar a organização parceria de atuação em um território próximo, a FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas anunciou uma grandiosa doação de um majestoso casarão de 800m² em um terreno de 6000m² que fortalecerá significativamente as atividades da FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos, localizada na cidade vizinha à Campinas. Ambas as organizações participam do programa Transformando Territórios do IDIS e atuam de forma próxima neste território no interior de São Paulo na região de Campinas e região metropolitana.

O histórico casarão, construído na década de 20, já serviu como residência da família Bissoto e até subsidiou o outro projeto social, o da Creche da Tia Nair. Agora o edifício com arquitetura rebuscada e espaços amplos será transformado em um centro de apoio a projetos sociais de Valinhos apoiados pela FEAV.

 

 

A FEAV é uma organização sem fins lucrativos que atua como Instituto Comunitário, dedicada a melhorar a qualidade de vida na cidade de Valinhos, por meio de uma abordagem de longo prazo e um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região. Ou seja, atuando neste modelo de organização, a FEAV trabalha como fonte de apoio técnico e financeiro para uma variedade de iniciativas sociais que abrangem diversas causas em seu território, priorizando sempre as necessidades sociais locais a partir de uma escuta ativa da comunidade local.

 

 

Junto de mais 16 organizações do Brasil, a FEAV é uma das organizações integrantes ao Programa Transformando Territórios. Esta é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, desenvolvimento e fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

A parceria entre as duas organizações não é nova e inclusive, a FEAV foi indicada pela FEAC para participar do Transformando Territórios em 2021. Nesse curto período atuando como um Instituto Comunitário, a organização de Valinhos já acumula grandes conquistas e vem realizando um trabalho excelente fortalecendo o setor social do município por meio de capacitações e apoio financeiro. A entrada no Transformando Territórios também foi o catalisador de uma aproximação da parceria entre ambas as instituições.

A FEAC é uma das Fundações Comunitárias mais antigas do Brasil, atuando desde 1964 no território de Campinas. Nos seus 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário. Esta contribuição está alinhada com o objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas.

Agora a diretoria da FEAV, representada pela líder comunitária Eliane Macari, está reunindo os representantes das Organizações da Sociedade Civil da cidade para decidirem juntos quais projetos sociais podem ser implantados no casarão e como transformá-lo num centro de apoio ao setor social de Valinhos.

Essa doação representa o incrível trabalho contínuo da FEAV e da FEAC em apoiar as iniciativas sociais do próprio território, evidenciando como as Fundações e Institutos Comunitários desempenham um papel fundamental no fortalecimento do setor social e na construção de comunidades mais fortes, promovendo um impacto positivo e duradouro onde atuam.

 

“Sabendo que existe uma entidade em Valinhos que atua em modelo similar à FEAC foi natural imaginar a doação. Juntos podemos ser muito mais fortes que cada um atuando de forma isolada. A transferência do patrimônio foi só o primeiro passo de uma história muito bonita daqui pra frente”, afirma Renato Nahas, presidente do Conselho Curador da Fundação FEAC.

 

Essa doação também simboliza o incrível poder de colaboração que o setor social tem entre si e destaca o enorme potencial que poderia ser realizado se houvesse um maior apoio de outros setores. Essa iniciativa será um passo significativo na batalha contra a desigualdade social e na promoção de uma sociedade mais solidária na região de Valinhos.


Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Avaliação de Impacto: desvendando sua importância para as organizações

Denise Carvalho – Gerente Sr. de Monitoramento e Avaliação

Em um mundo em constante evolução, as organizações, sejam elas parte da sociedade civil, empresas ou agências governamentais, têm buscado cada vez mais formas eficazes de medir e compreender o impacto positivo e/ou negativo de suas ações e iniciativas.

A avaliação de impacto surge como uma ferramenta fundamental para essa finalidade. Ela oferece uma análise detalhada e baseada em evidências sobre como as atividades de uma organização afetam as pessoas, as comunidades e o ambiente, buscando compreender o alcance e o efeito de suas ações, programas e projetos. Neste texto, exploraremos o que é a avaliação de impacto, sua importância e como as organizações podem implementá-la de maneira eficaz.

 

O que é Avaliação de Impacto?

A avaliação de impacto é um processo sistemático e rigoroso que busca medir, analisar e entender os efeitos das atividades de uma organização em relação aos seus objetivos e metas. Ela envolve a coleta de dados quantitativos e qualitativos para avaliar como as ações da organização estão contribuindo para mudanças ou transformações – desejadas ou não -, que podem ser de várias naturezas, incluindo social, econômica, ambiental e política.

Os dados qualitativos se referem as informações que ajudam a descrever as características, os tipos e as nuances das informações coletadas. Por exemplo, ao avaliar o impacto de seu projeto em uma comunidade, a organização pode coletar dados qualitativos que descrevem as histórias de vida das pessoas beneficiadas, as experiências que tiveram e as mudanças percebidas em suas vidas. Esses dados nos ajudam a entender a qualidade das interações e as experiências pessoais dos participantes.

Por outro lado, os dados quantitativos envolvem números, medidas e estatísticas que fornecem informações específicas e mensuráveis. No contexto de um projeto social, os dados quantitativos podem incluir informações como o número de famílias beneficiadas, a porcentagem de aumento na taxa de emprego na comunidade ou a quantidade de beneficiários que percebem uma mudança em relação a algum indicador de impacto (habilidades socioemocionais desenvolvidas, autonomia financeira, melhoria na qualidade de vida, entre outros). Esses dados fornecem números claros e objetivos que ajudam a avaliar o alcance e os resultados tangíveis do projeto.

A importância da avaliação de impacto vai além da simples análise de resultados. Ela busca entender as causas dos efeitos observados, identificar os fatores que contribuem ou dificultam o alcance dos objetivos e oferecer insights para a tomada de decisões embasadas (ou baseadas em evidências). Em resumo, a avaliação de impacto não se limita a medir o “o quê”, mas também o “porquê” e o “como” das mudanças resultantes das atividades da organização.

 

Por que a Avaliação de impacto é importante?

A avaliação de impacto desempenha um papel crítico para organizações de diversos setores por várias razões. Dentre elas podemos destacar:

1 – Sintonia com o propósito da organização

Toda organização tem um propósito, uma missão que define sua razão de existir. A avaliação de impacto atua como um mecanismo que mantém as ações das organizações alinhadas com seus objetivos. Ao analisar o impacto das atividades, a organização pode verificar se está cumprindo sua missão de maneira eficaz. Essa avaliação contínua ajuda a evitar desvios estratégicos, garantindo que os recursos e os esforços estejam sempre direcionados para a realização da visão da organização.

2 – Agilidade e resiliência

O mundo é um lugar de constante mudança. A capacidade de adaptação é uma vantagem competitiva significativa. A avaliação de impacto fornece informações oportunas e precisas sobre o desempenho das organizações. Isso permite que estas identifiquem áreas de melhoria ou mudanças necessárias e ajuda na tomada de decisões rápidas e informadas. Em um ambiente em constante evolução, a agilidade e a resiliência tornam-se qualidades essenciais para o sucesso.

3 – Construção de confiança e credibilidade

A confiança é um ativo valioso. As organizações que adotam e entendem a importância da avaliação de impacto demonstram compromisso com a transparência, responsabilidade e excelência de suas operações. Isso não passa despercebido pelos financiadores, doadores, parceiros e pela comunidade em geral. A capacidade de apresentar evidências sólidas do impacto de suas ações cria uma base sólida de confiança e credibilidade. Essa confiança é crucial para manter e cultivar relacionamentos de longo prazo com todas as partes interessadas.

4 – Captação de recursos sustentável

Em um mundo com recursos limitados, é fundamental convencer financiadores e doadores a investir em uma causa ou projeto. A avaliação de impacto fornece uma base sólida para essa persuasão. Organizações que podem documentar e demonstrar o impacto tangível de suas atividades têm uma vantagem significativa na captação de recursos. Elas podem fornecer evidências sólidas de que seus recursos são usados de maneira eficaz e que seus objetivos são alcançados. Isso não apenas atrai financiamento, mas também aumenta a probabilidade de financiamentos recorrentes.

5 – Inovação e aprendizado contínuo

A avaliação de impacto fomenta uma cultura de aprendizado contínuo e melhoria. Ao analisar os resultados, identificar sucessos e áreas de melhoria, as organizações podem inovar e adaptar suas estratégias. Isso é fundamental para a evolução e o aprimoramento contínuo das operações. A capacidade de aprender com a avaliação de impacto leva a um ciclo de inovação que impulsiona o progresso e garante que as organizações continuem atingindo seus objetivos de maneira eficaz.

6 – Amplificação do efeito multiplicador

Uma das características mais interessantes da avaliação de impacto, que destaca sua importância, é seu efeito multiplicador. Quando as organizações compartilham suas descobertas e lições aprendidas por meio de avaliações de impacto, elas contribuem não apenas para seu próprio sucesso, mas também para o progresso de toda a sociedade. O conhecimento compartilhado tem o poder de criar mudanças significativas em um nível mais amplo. À medida que mais organizações se beneficiam de insights valiosos, a sociedade como um todo colhe os frutos de soluções mais eficazes e práticas bem-sucedidas.

 

O poder da avaliação de impacto

Em resumo, a avaliação de impacto é importante para criação de alicerce sólido para no sucesso sustentável das organizações. Ela vai além de uma mera ferramenta de medição e se torna um guia estratégico, um selo de confiabilidade e uma fonte constante de aprendizado.

Implementar a avaliação de impacto pode, de fato, ser desafiador, mas os benefícios que ela oferece superam os possíveis desafios. Portanto, é fundamental que as organizações considerem seriamente a incorporação da avaliação de impacto em suas operações, não apenas como um passo, mas como um compromisso de construção de um futuro mais eficaz e responsável.

 

Quer saber mais sobre o protocolo SROI e como Implementar uma Avaliação de Impacto de maneira eficaz? Acesse:

Protocolo SROI: quando utilizar e como interpretar o índice monetário da avaliação de impacto

Avaliação de impacto e SROI

Mentalidades em evolução: destaques do Global Philanthropy Forum 2023

Aconteceu, em outubro, o Global Philanthropy Forum 2023 em São Francisco. O evento atraiu cerca de 250 participantes e 86 palestrantes ao longo de dois dias e meio de intensa programação. A delegação brasileira, organizada e liderada pelo IDIS, reuniu 13 membros de diferentes organizações do país.

Os debates do evento abordaram temas como a dinâmica de poder entre doadores e beneficiários, a decolonização da filantropia, doações irrestritas, além de causas relacionadas à diversidade, ajuda humanitária e a correlação entre vulnerabilidades socioeconômicas e os impactos das mudanças climáticas.

A sessão de boas-vindas teve a participação de Philip Yun, presidente e CEO do World Affairs/Global Philanthropy Forum, e Gloria Duffy, presidente e CEO do Commonwealth Club of California, que anunciaram a fusão dessas duas organizações. O IDIS foi mencionado durante o discurso, destacando a parceria duradoura e relevante para a filantropia internacional, sendo o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais um dos maiores representantes do evento fora dos Estados Unidos.

No painel ‘Grandes dólares, grande impacto: o que torna as grandes apostas eficazes?’, fundadores e CEOs discutiram o que foi importante para que suas organizações alcançassem a escala e o impacto esperados pela crescente filantropia de recursos substanciais e de uso irrestrito. A conversa enfatizou a necessidade de estruturar as organizações para receber e gerir esses recursos, abordando uma temática que apareceu de maneira contundente durante o evento: a governança.

O painel “Adotando a responsabilidade (accountability) para amplificar as vozes da comunidade” abordou a responsabilidade dos filantropos. Foi destacado que se os executivos das organizações estão mais preocupados com o que o conselho pensa do que com o que os beneficiários pensam de suas decisões, não há responsabilidade (accountability).

Foi levantada também a questão do papel e do perfil pouco diverso dos membros dos conselhos das organizações doadoras. Isso é visto como um dos obstáculos para a construção de relações de confiança com organizações receptoras de recursos e comunidades beneficiadas. “Por séculos valorizamos nossos conselheiros voluntários, sem questionar se estão realmente servindo às nossas organizações e propósitos. Amamos nossos voluntários, mas talvez precisemos reavaliar esse modelo”, afirmou um dos participantes.

Na sessão ‘Capacidade em vez de dinheiro: usando as práticas empresariais para repensar a resposta a emergências’, foi mencionado que 60% das doações in-kind (bens, serviços e transações que não envolvem dinheiro) nas duas primeiras semanas após o choque são inadequadas e não atendem às necessidades das comunidades afetadas. Além disso, 70% dos recursos doados para desastres se perdem na cadeia de entrega, com apenas 30% chegando às mãos dos beneficiários finais. A sessão que abordou esses números foi esclarecedora, enfatizando a importância das organizações possuírem parceiros locais competentes e articulados.

O tema dos recursos livres foi explorado em diversas sessões, juntamente com a questão do desafio da prestação de contas dos recursos irrestritos recebidos, alinhados com a filantropia baseada na confiança. O uso da tecnologia para geração de dados, monitoramento e escalabilidade de projetos também foi um tema recorrente, com uma sessão dedicada inteiramente a explorar o papel da filantropia no apoio ao desenvolvimento de ferramentas responsáveis, seguras e éticas de Inteligência Artificial Generativa.

Outra sessão abordou a importância do envolvimento do governo na efetividade e escalabilidade de projetos. Durante a discussão sobre parcerias com governos, foram destacados desafios, como a diferença de velocidade em comparação às organizações filantrópicas e o risco reputacional associado a essas colaborações.

“Participar do Global Philanthropy Forum 2023 foi uma experiência enriquecedora, que nos permitiu conectar com pessoas de experiências incrivelmente diversas. Acreditamos firmemente que as conversas e conexões estabelecidas no evento têm o potencial de gerar parcerias transformadoras para o futuro”, comentaram Andrea Hanai e Guilherme Sylos, ambos do IDIS.

 

Brasil no GPF

Liderada por Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS, e Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias, a delegação do GPF teve a participação de Carla Duprat (ICE), Caroline Almeida e Giovanni Harvey (Fundo Baobá), Cristiane Sultani (Instituto Beja), Fernanda Quintas e Livia Magro (Liga Solidária), Marco Camargo (Vetor Brasil), Maria Amália Souza (Fundo Casa), Marisa Ohashi (Instituto Alana), Maure Pessanha (Artemisia) e Raphael Mayer (Simbi).

Como parceiros do evento, o IDIS anualmente organiza a viagem, fortalecendo o relacionamento entre os participantes e com a comunidade filantrópica global. Tem interesse em participar? Entre em contato conosco. O próximo GPF ainda não tem data definida, que será divulgada à nossa comunidade assim que for anunciada.

Vem aí ‘Dia de Doar 2023’: participe e doe para Fundações e Institutos Comunitários

 Clique aqui e doe!

Desde 2013, acontece o Dia de Doar no Brasil e neste ano, a 10ª edição vai acontecer em 28 de novembro. O objetivo é incentivar o país a ser mais generoso e solidário, mobilizando pessoas físicas, empresas e campanhas comunitárias para arrecadar recursos e aumentar o impacto positivo de organizações do terceiro setor.

O Dia de Doar estimula a doação de pessoas, empresas e organizações e tem um papel fundamental ao mostrar que todos podem participar, fortalecendo a cultura da doação no cotidiano das pessoas.

Neste ano, o programa Transformando Territórios, que fortalece Fundações e Institutos comunitários (FICs), participa do movimento com uma campanha de matchfunding. Ou seja, a cada R$ 1 doado, o fundo transformando territórios doará mais R$ 1 para as FICs participantes.

 

Com atuação regional, são 6 organizações participantes de distintas regiões do país: 

Conheça esses territórios que transformam realidades por meio de apoio a uma rede de atores e organizações locais. Doe e multiplique o impacto social!

 

A campanha vai até 8 de dezembro. Acesse aqui para doar!

 

O que são Institutos e Fundações Comunitárias?

Institutos e Fundações Comunitárias são organizações da sociedade civil que visam a melhoria da qualidade de vida de populações situadas em regiões geográficas bem delimitadas, a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais, através do desenvolvimento de capacidades e valorização de ativos locais, estas organizações produzem conhecimento, atuam em rede com o poder público e sociedade civil em prol do desenvolvimento territorial.

 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Avaliação de impacto para inclusão produtiva: metodologias, desafios e limitações

A prática de monitoramento e avaliação pode ser uma eficiente ferramenta para a aprendizagem e tomada de decisões em projetos de inclusão produtiva no Brasil. Utilizando métodos avaliativos, como o Retorno Social do Investimento (SROI, na sigla em inglês), é possível compreender o impacto social de projetos e programas e tomar decisões mais assertivas.

No artigo intitulado ‘Avaliação de Impacto para Inclusão Produtiva: Metodologias, Desafios e Limitações’, Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Denise Carvalho, Gerente de Monitoramento e Avaliação do IDIS, exploram os principais benefícios, desafios e limitações enfrentados na avaliação do impacto social de projetos e programas de inclusão produtiva, bem como as tendências e abordagens futuras.

Confira o artigo completo!

O conteúdo desse artigo foi publicado na Revista Brasileira de Avaliação – Edição Especial Inclusão Produtiva, uma publicação que reúne um conjunto inédito de artigos, relatos de experiências, entrevistas e ensaios que discutem a avaliação de políticas públicas e privadas de inclusão produtiva sob perspectivas diversas.

Coordenada pela Rede Brasileira de Avaliação com o apoio da Fundação Arymax, em parceria com a Fundação Tide Setúbal, esta é uma publicação científica que se propõe a fomentar o debate de políticas baseadas em evidências sobre intervenções que se propõem a combater as desigualdades socioeconômicas no Brasil através da geração de trabalho e renda às pessoas economicamente excluídas.

O lançamento da Revista aconteceu na sexta-feira, 27 de outubro, e Paula Fabiani participou como mediadora na mesa ‘Avaliar é preciso: casos práticos de avaliação de programas e políticas’ ao lado de Sérgio Firpo, Secretário de Monitoramento e Avaliação de políticas públicas e Assuntos Econômicos; Paula Pedro, Diretora-Executiva no J-PAL LAC; Wesley Matheus, Diretor Colegiado da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação e João Paulo Bittencourt, Gerente de Educação no Albert Einstein, voluntário do Instituto Proa e coautor do relato “PROA INDEX: avaliação fidedigna na formação profissional online de jovens.

IDIS passa a ser membro do comitê da ENIMPACTO

No último mês, foi lançada a nova ENIMPACTO (Estratégia Nacional da Economia de Impacto), uma importante iniciativa para impulsionar a economia de impacto positivo no Brasil. O projeto, que já existia, passou por uma extensa revisão visando o alinhamento com as diretrizes do novo governo. O evento de lançamento e a primeira reunião do comitê ocorreram em 19 de outubro, com parte dos participantes na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), e parte online. O IDIS esteve presente, representado por Paula Fabiani, CEO da organização.

A Enimpacto se fundamenta em cinco eixos que estabelecem os princípios fundamentais para promover o crescimento e o fortalecimento da economia de impacto no Brasil. Essa abordagem econômica procura equilibrar a busca por lucro financeiro com a promoção de soluções para questões sociais e ambientais.

Cada um desses eixos implica parcerias entre órgãos governamentais federais, entidades do setor privado e organizações da sociedade civil. O IDIS, em colaboração com instituições como o Sistema B, o Instituto Democracia e Sustentabilidade e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, desempenha um papel no pilar dedicado ao desenvolvimento do Ambiente Normativo e Institucional, contribuindo ativamente para a promoção da agenda dos fundos patrimoniais.

Os outros eixos têm como objetivos a ampliação da oferta de capital, o aumento do número de negócios com impacto socioambiental, o fortalecimento de organizações intermediárias e a promoção da colaboração entre os governos estaduais e municipais para impulsionar a economia de impacto.

Durante o evento de lançamento, também foi discutido o Plano Decenal da Enimpacto, que busca impulsionar investimentos públicos e privados em ações voltadas para a resolução de problemas sociais e ambientais. Entre os dias 20 de outubro e 20 de novembro, estará aberta a consulta pública para contribuições aos macro-objetivos, metas e ações dos cinco eixos que compõem o Plano até 2032.

O evento de reunião inaugural contou com a ilustre participação de Muhammad Yunus, o primeiro economista a receber o Prêmio Nobel da Paz. Ele é reconhecido globalmente por criar um sistema de microcrédito voltado para empreendedores de baixa renda, proporcionando acesso a empréstimos em instituições financeiras convencionais.

Participe do lançamento da segunda edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais

INSCREVA-SE PARA ACOMPANHAR O EVENTO

Bastante populares internacionalmente e cada vez mais adotados no Brasil, os fundos patrimoniais se consolidam como mecanismo potente para a sustentabilidade de organizações e causas. Em novembro, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social traz uma nova contribuição no campo do conhecimento e lança a segunda edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, levantamento que reúne dados essenciais para gestores. A iniciativa teve a participação de 59 endowments ativos no Brasil, 50% a mais que a amostra do ano anterior, e apresenta uma série histórica de 2019 a 2022 .

 

Entre os temas abordados na publicação, estão fluxo de caixa, alocação, captação, rendimentos, política de investimento, governança de endowments e perspectivas para o futuro. Cada bloco traz ainda um artigo de um especialista, que contribui para o entendimento e interpretação dos achados. “Há mais de uma década o IDIS investe no avanço desta pauta no Brasil. Além de apoiar diretamente a criação de fundos patrimoniais, promovemos ações para aprimorar o ambiente regulatório, ampliar o conhecimento da sociedade sobre o tema e agora, contribuímos para a profissionalização da gestão”, comenta Andrea Hanai, especialista no tema e gerente de projetos no IDIS.

 

O lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022 acontece no dia 9 de novembro, das 17h às 18h30, em formato online e gratuito. Uma mesa redonda com gestores de fundos patrimoniais ativos será realizada a seguir da apresentação dos dados. Os interessados devem fazer sua inscrição aqui.

INSCREVA-SE

Confira a agenda:

9 de novembro, quinta-feira

17h
Abertura | Paula Fabiani, CEO do IDIS

17h15
Apresentação do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022 | Andréa Wolffenbuttel, consultoria do IDIS, e Felipe Groba, gerente de projetos no IDIS

17h50
Mesa redonda
Debate com a participação de especialistas e gestores de fundos patrimoniais.

Presenças confirmadas:
Carolina Barrios, responsável do Fundo Patrimonial na Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
Márcia Woods, assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal
Patricia Valente Stireli, presidente do Conselho de Administração da Organização Gestora do Fundo Patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês
moderação: Andrea Hanai, gerente do IDIS

 

Esta é uma realização do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, grupo multissetorial liderado pelo IDIS que hoje reúne mais de uma centena de signatários. Esta edição tem o apoio de 1618 Investimentos, ASA – Associação Santo Agostinho, Fundação José Luiz Egydio Setubal, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Pragma Gestão de Patrimônio, Santander e Umane e Wright Capital Wealth Management.

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Folha de São Paulo anuncia vencedores do prêmio Empreendedor Social 2023

Foram divulgados os vencedores da 19ª edição do Prêmio Empreendedor Social do Ano 2023, promovido pela Folha de S. Paulo. A cerimônia de entrega dos prêmios ocorreu no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, e foi apresentada por Cris Guterres e Bruno Gagliasso.

Os cinco premiados foram destacados por suas inovações sociais em áreas que abrangem desde educação e habitação até o acesso à água e a inclusão de mulheres, quilombolas e refugiados. O júri selecionou três vencedores: Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora; Aline Odara, do Fundo Agbara; e Robson Melo, do Estante Mágica. Além disso, houve dois premiados na categoria ‘Escolha do Leitor’: Fernando Rangel, do Refúgio 343, com o maior número de votos do público, e Bruno Sindona, do Sindona, pelo maior volume captado.

Em 2020, Paula Fabiani, CEO do IDIS, foi uma das premiadas por seu trabalho e do IDIS no Fundo Emergencial para a Saúde no combate à Covid-19, contribuindo para o fortalecimento de hospitais filantrópicos.

“Deixo meus parabéns à toda a equipe da Folha de São Paulo pela curadoria de iniciativas tão importantes. Esse palco dado a pessoas e organizações que têm trabalhado por um Brasil melhor é essencial para que sigamos construindo juntos soluções inovadoras para nossos problemas tão complexos”, comenta Paula Fabiani, que também estava presenta na cerimônia de entrega dos prêmios.

 

Equipe do IDIS na cerimônia de entrega de prêmios do 19° Prêmio Empreendedor Social

Atualmente, o IDIS é um dos parceiros institucionais do Prêmio Empreendedor Social desde 2016, e os vencedores têm a oportunidade de palestrar no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, em uma mesa dedicada exclusivamente a essas iniciativas.

Conheça mais sobre a história e o trabalho de cada uma das organizações vencedoras aqui.