Fundo vai fortalecer o protagonismo de quem vive a Maré

Fazia todo o sentido que, a partir de uma trajetória histórica atuando para criar uma agenda estruturante no campo dos direitos para os mais de 140 mil moradores do Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, a Redes da Maré criasse um fundo patrimonial. Assim, em 2022, o Fundo Comunitário da Maré foi lançado, com o objetivo de cuidar do legado que a organização construiu nos últimos 26 anos (e vai continuar construindo!) e de fortalecer o protagonismo de outros líderes e iniciativas sociais desse território.

Criada da mobilização comunitária a partir dos anos 80 e formalizada em 2007, a Redes da Maré tem como missão tecer as redes necessárias para que os direitos da população do conjunto de 16 favelas do complexo sejam efetivados. O trabalho acontece a partir da mobilização da população local e da articulação de uma ampla rede de parceiros, como universidades, órgãos públicos e também iniciativa privada.

Evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, na Casa Preta da Maré. Foto: Patrick Marinho

Através de cinco eixos de trabalho – arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação –, a organização produz conhecimento, projetos e ações. Em 2022, mais de 7,9 mil moradores foram beneficiados diretamente.

“A Maré é maior que 96% dos municípios brasileiros e pode ser considerada uma cidade de médio porte. Olhando para a complexidade da região e população, que sofre muitas violações de direitos individuais e coletivos, entendemos que precisávamos construir algo robusto. Assim, há quatro anos começamos a estruturar um fundo que pudesse aprofundar essa agenda que a organização já trabalha, mas que precisa de uma dimensão de investimentos bem maior do que temos hoje”, conta a fundadora e diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva.

 

Eliana Sousa Lima em fórum sobre segurança pública na Maré

Para atingir esse objetivo, a Redes da Maré quer apoiar o ecossistema de organizações e coletivos locais com investimento financeiro e compartilhamento de sua expertise, fortalecendo o setor social do território com conhecimento e se adaptando para perseguir esses objetivos:

“Vamos fomentar a sociedade civil nessas agendas que precisam de mais investimentos que uma única organização pode fazer.  Queremos compartilhar as tecnologias sociais que fomos desenvolvendo ao longo destes anos com estes grupos, contribuir na formação de boas lideranças para saberem elaborar um projeto e defendê-lo, para fazerem uso claro e transparente dos recursos”, explica Eliana.

A prática de grantmaking – o financiamento de projetos sociais já existentes – é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

O Fundo Comunitário da Maré foi construído a partir da orientação técnica de um Conselho de Investimento, formado por três economistas que aconselham a Redes da Maré não somente sobre o uso dos recursos, mas especialmente sobre como investir e fazer o dinheiro crescer. Estão previstas metas distribuídas em quatro fases:

 

“Almejamos chegar a R$ 100 milhões e, para isso, fizemos um escalonamento a partir de quatro metas. Atingimos a primeira, de R$ 20 milhões, em um ano. Estamos iniciando agora a meta seguinte, de R$ 30 milhões. O plano é que o fundo funcione plenamente, apoiando projetos sociais do território, ao fim desta segunda fase”, explica Eliana, ressaltando que, para alavancar o fundo, a Redes da Maré fez um mapeamento de potenciais doadores em todo o Brasil e que, até o momento, as doações são de empresas e fundações, mas pessoas físicas também podem doar.

 

O Fundo Comunitário é uma forma de garantir também a continuidade de projetos importantes, como o Centro de Artes da Maré, concebido em conjunto com a coreógrafa Lia Rodrigues, que hoje abriga, além de uma companhia de dança, outros projetos.

Há também o projeto De Olho na Maré, do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, que mantém uma articulação com a Defensoria Pública, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Para a efetivação de direitos básicos, um importante projeto é o Espaço Normal, que recebe pessoas usuárias de drogas, muitas vezes sem residência fixa e com dificuldades para emitir documentos e acessar serviços de saúde.

Visita da Open Society Foundations no Espaço Normal. Foto : Douglas Lopes / Redes da Maré.

“Nosso entendimento é que o Fundo Comunitário é o reflexo de que a Redes da Maré está em constante amadurecimento e mudança, se apropriando de sua experiência, trajetória e história para seguir renovada e atual”, conclui a fundadora da organização.

Informações do Território 

  • Território de atuação: Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, constitui-se de várias favelas e sub-bairros, com casas e conjuntos habitacionais. Considerado o maior complexo de favelas da cidade do Rio de Janeiro, com baixíssimos índices de desenvolvimento, estende-se por uma área de 800 mil metros quadrados, cortada pela Avenida Brasil, pela Linha Vermelha e pela Linha Amarela. Reúne os seguintes bairros: Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Parque Maré, Nova Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque União, Conjunto Esperança, Conjunto Vila do Pinheiro, Vila do João, Salsa e Merengue, Marcílio Dias, Roquete Pinto, Praia de Ramos, Bento Ribeiro Dantas e Mandacaru.
  • População estimada: 140 mil moradores.
  • Desafios regionais: Educação, saúde, lazer, cultura, adensamento urbano e especialmente segurança pública. A violência armada nos territórios da Maré afeta significativamente a vida dos moradores – além das violações de direitos individuais (vida, integridade física, liberdade e até propriedade), impõe obstáculos também ao acesso a direitos sociais e coletivos, como o direito à educação e à saúde.
  • Informações Gerais relevantes de acordo com o case:
    • IDHM – No ano 2000 (dado mais recente), era de 0,722, o 123º colocado no município do Rio de Janeiro.
    • Causas prioritárias mapeadas pela FIC – O trabalho da Redes se organiza em cinco eixos estruturantes: arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação.

 

A Redes da Maré integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre o Fundo Comunitário e a Redes da Maré? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Gincana de doação entre colaboradores do IDIS arrecada quase R$ 24 mil

Em celebração ao Dia de Doar, a equipe IDIS aceitou o desafio de participar de uma campanha de doação para Fundações e Institutos comunitários (FICs) participantes do programa Transformando Territórios. Divididos em 5 grupos, cada um ficou responsável por arrecadar doações que seriam dobradas devido a um matching realizado pelo programa.

Foto do 2º Seminário Transformando Territórios

Ao longo de 2 semanas, os colaboradores do IDIS acionaram amigos, colegas e familiares seja por meio de vídeos nas redes sociais ou até mesmo a mensagens individuais solicitando doações para a organização apadrinhada. Ao total foram R$ 23.806,00 arrecadados em formato de matching entre 163 pessoas mobilizadas.

As organizações beneficiadas foram: Instituto Comunitário Manaura, Instituto Baixada Maranhense, Instituto Comunitário de Sergipe, FUNDAES – Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo e Fundo comunitário Perifasul M’Boi.

“A experiência da gincana foi incrível. Foi uma ótima forma de apoiar as organizações nas suas campanhas, aproximar nossa equipe do trabalho das FICs e, principalmente, fomentar a cultura de doação no nosso entorno”, comenta Whilla Castelhano, gerente do programa Transformando Territórios.

Marina Negrão, analista de comunicação e uma das organizadoras da iniciativa, destaca o aspecto colaborativo da iniciativa. “Trabalhar em grupo com pessoas de fora do seu dia a dia faz com que novos desafios apareceram e novas oportunidades de interações. Essa experiência com certeza auxilia a todos os envolvidos!”, acredita.

 

Fundo Jequi: promovendo o protagonismo comunitário no Médio Jequitinhonha

Um dos subsolos mais ricos do Brasil, área de exploração de lítio, pedras preciosas, com diversidade de atrativos culturais nas áreas de música, arte e artesanato. Com tantas potencialidades, o território do Médio Jequitinhonha, que reúne mais de 287 mil habitantes em 19 municípios no nordeste de Minas Gerais, tem Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) entre muito baixos e baixos, sendo os maiores desafios a segurança hídrica e alimentar. A experiência da articulação de organizações sociais durante a pandemia foi a mola propulsora para começar a transformar essa realidade: em 2020, começa a nascer o Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha – Fundo Comunitário Jequi.

 

Atividades com escolas publicas no viveiro do CPCD

 

Criado em Araçuaí (MG), o Instituto é uma coalizão formada por 16 organizações parceiras, incluindo a prefeitura do município, com um objetivo comum: promover o protagonismo comunitário ao alavancar ações de desenvolvimento e inovação de forma plena, perene e inclusiva para o território. A gestora de projetos sociais Flávia Mota, uma das fundadoras e Presidente do Jequi, explica que, no Médio Jequitinhonha, cerca de metade da população vive em áreas rurais.

 

“O instituto fará a gestão de um fundo comunitário, que será implementado em 2024, com a função de mobilizar, captar, articular, gerenciar e coordenar investimentos, recursos materiais e financeiros, e formações diversas, para fortalecer não somente as organizações da sociedade civil do território, mas também grupos, lideranças comunitárias, coletivos, startups, oferecendo sustentabilidade a programas e projetos inovadores e de interesse comunitário.”

 

Ser uma instituição local é um dos princípios das Fundações e Institutos Comunitários (FICs), isto é, são as organizações que se dedicam à melhoria da qualidade de vida de

comunidades situadas em uma região geográfica bem delimitada, da qual a FIC é originária e está estabelecida.

Flávia também é Diretora Executiva do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), organização fundada há 39 anos em Belo Horizonte e que também atua em Araçuaí, há 25 anos. O CPCD é a instituição propulsora do Fundo Jequi. Ela conta que, na pandemia, organizações locais se uniram para enfrentar o problema da fome na região, mas, com ações isoladas, nem sempre as entregas de alimentos estavam chegando às pessoas mais vulneráveis, por conta das dificuldades de acesso às estradas de áreas rurais e também à informação.

Atividade de distribuição de mudas

 

“O CPCD resgatou então o Empório Solidário, uma tecnologia social criada pela organização que já foi reconhecida e premiada pela Fundação Banco do Brasil. É um minimercado onde as famílias cadastradas têm uma cota de alimentos e podem ir mensalmente fazer suas retiradas. Elas usam carrinhos de supermercado e apresentam um cartão de beneficiário, podendo buscar os produtos aos poucos. A gente extrapola um pouco as limitações da cesta básica e proporciona a aquisição de produtos como um achocolatado ou kits de higiene, por exemplo. Durante os dois anos de pandemia, ele funcionou com recursos do Itaú Social”, conta Flávia.

 

A estratégia do Jequi, explica a presidente do novo Fundo, é o engajamento de pessoas e instituições em torno de uma mesma causa: dar potência a projetos exitosos (como o do Empório Social) e a políticas públicas efetivas e estar a serviço do desenvolvimento integral e sustentável da região. As 16 organizações locais que compõem o fundo formam a assembleia e votam na diretoria – formada por oito lideranças voluntárias das instituições parceiras.

“A gente tinha o sonho de ter um Fundo Patrimonial e, quando iniciamos a parceria com o Programa Transformando Territórios, do IDIS, fizemos inúmeras reuniões para discutir o formato. Decidimos começar com um Fundo Comunitário e pelo município de Araçuaí, que tem 34 mil habitantes e em torno de 85 comunidades rurais, para depois expandir para os demais municípios do Médio Jequitinhonha. Araçuaí é uma cidade polo, diversos municípios do entorno dependem dela para hospital e comércio”, explica ela.

 

Para apoiar pessoas e projetos, Flávia diz que o Jequi fará não editais, mas “editodos”:

 

“Sabemos as dificuldades de cumprir todos os requisitos para se encaixar em editais. Queremos apoiar justamente coletivos ainda não formalizados e lideranças comunitárias com um capital semente para investirem na criação de organizações sociais. Como contrapartida, os selecionados vão participar de oficinas de formação para que eles possam gerir projetos com eficiência e até participar de outros editais”, conta a gestora, destacando que o Fundo Jequi está firmando uma parceria para o desenvolvimento de diversas ações – desde mapear os projetos sociais do território a fazer a formação das organizações apoiadas, passando pela captação de recursos.

 

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Vale do Médio Jequitinhonha
  • População estimada: 287 mil pessoas – sendo 128 mil na área rural
  • IDH – muito baixo (0,000-0,499)/baixo (0,500-0,599)
  • Causas prioritárias mapeadas pela FIC: Segurança alimentar e hídrica.
  • Desafios regionais: Acesso à água tratada, fome, falta de acessibilidade pelas estradas rurais como uma das principais causas da pobreza entre a população rural.

 

 

O Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

O site do Fundo Jequi está em desenvolvimento, em breve estará disponível em www.fundojequi.org.br.

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PerifaSul M´Boi Mirim: o fundo 100% criado pela e para a periferia

Em meio à efervescente e vibrante periferia da zona sul de São Paulo, nasce uma iniciativa para estabelecer uma forma permanente de arrecadar recursos e investimentos que impulsionem o desenvolvimento local: o Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim (FCP M’Boi Mirim). Este é um fundo brasileiro 100% criado pela e para uma periferia e gerido por lideranças sociais locais. O projeto visionário tem o respaldo da Fundação ABH, instituição familiar que, desde 2015, apoia diversos projetos e iniciativas sociais na região.

A história do fundo começa no início de 2021, quando a Fundação ABH conduziu uma pesquisa com os moradores da periferia sul para entender quais eram as temáticas sociais que mereciam ser trabalhadas com destaque até 2050. Esse processo foi chamado de PerifaSul 2050, conta Marina Fay, diretora executiva da Fundação ABH.

 

“Com base na pesquisa, foi iniciada uma série de oficinas com temáticas como educação, equidade racial, direitos humanos, inclusão tecnológica, comunicação e raízes culturais. O objetivo era validar os resultados e planejar ações que contribuíssem diretamente para a superação dos desafios de cada temática escolhida. Ao longo desse processo, ficou clara a força e importância do coletivo”, ressalta Marina.

 

 

No início de 2022, a Fundação ABH, junto com os participantes dos grupos de trabalho, identificou ativistas de diversas causas no território e os convidou para integrar um Comitê Construtivo. Esses ativistas representam organizações e coletivos dos distritos do Campo Limpo, Capela do Socorro, Capão Redondo, Cidade Ademar, Jardim Ângela, Jardim São Luiz e Parelheiros. No total, são 11 participantes, além de Marina Fay, diretora executiva da Fundação ABH.

Todo esse engajamento resultou, no início de 2023, na constituição do Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim, totalmente formado por lideranças comunitárias locais, refletindo um dos princípios das Fundações e Institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para FICs do IDIS, a definição desta característica é:

Representada por membros da comunidade: Possuem instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, são responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

As atuais gestoras do fundo são Naiara Padial Corso, publicitária de formação que optou por uma transição de carreira buscando um trabalho com propósito, e que lhe permitisse estar mais próxima da realidade do seu território, e Alânia Cerqueira, produtora cultural com uma vasta experiencia em iniciativas socioculturais e fundadora da Macambira Sociocultural. Juntas, elas uniram suas experiências e assumiram a gestão desta iniciativa inédita. Alânia detalha como está sendo o processo de criação de uma fundação comunitária:

 

“O conceito de FIC, até então, era só um conceito para nós. Como fazer isso de forma colaborativa e coordenada? Como potencializar a captação de diferentes recursos – não só financeiro, mas também de redes e de infraestrutura? Assim, instituímos um calendário de encontros para alinharmos todas essas questões”.

 

A escolha do território de atuação – M´Boi Mirim – integrado pelos bairros Jardim Ângela e Jardim São Luiz –  aconteceu quase no final do processo da pesquisa PerifaSul. O Comitê passou meses observando as subprefeituras que compõem a Zona Sul, refletindo cuidadosamente sobre suas características antes de tomar essa decisão.

Das cinco subprefeituras de São Paulo com o maior número de favelas, três estão localizadas na periferia sul da cidade. M’Boi Mirim é uma delas, com 42.350 casas em favelas. Além disso, a subprefeitura da região apresenta uma grande diversidade de necessidades e potencial de desenvolvimento, além de ser familiar a grande parte dos integrantes do Comitê, um campo fértil para a atuação em rede. A área também reúne movimentos culturais muito fortes e abriga duas fábricas de cultura, a do Capão Redondo e a do Jardim São Luís.

 

“Escolher M´Boi Mirim foi o que fez mais sentido. Inclusive, foi uma decisão unânime entre todas as lideranças de todos os distritos. Estamos numa curva de aprendizado e a ideia é replicar a iniciativa para outras regiões. Provavelmente, o próximo local será Parelheiros. A decisão não foi difícil nem excludente”, assegura Marina, da Fundação ABH.

 

O FCP M’Boi Mirim nasceu com um capital semente de R$ 200 mil, valor aportado pela Fundação ABH. O fundo busca captar recursos financeiros por meio de doações, parcerias e investimentos. No modelo escolhido pelo FCP M´Boi Mirim, essas doações foram investidas para gerar rendimentos que possam ser utilizados no desenvolvimento do território ano após ano. A primeira meta da organização já foi alcançada: em junho, o Fundo M´Boi Mirim lançou um edital para distribuir até R$ 4 mil a 10 projetos sociais ou culturais da região do M´Boi Mirim com a temática ‘Presença Digital’. Os recursos foram destinados a ações para ampliar a presença digital das iniciativas periféricas, incluindo atividades como a criação de logomarcas, portfólios digitais, vídeos institucionais, identidade visual e manutenção de sites.

 

“Na pandemia, percebemos nossas vulnerabilidades em nos conectar virtualmente. Já existiam pesquisas, mas não estávamos tão atentos a isso. Veio a pandemia e nos tirou, dentre tantas outras coisas, a rua. O único espaço possível era o virtual, e foi aí que percebemos que não tínhamos nada, estávamos excluídos. Demoramos muito para conseguir sanar, ainda que de maneira precária, as nossas conectividades – até para distribuir máscaras de proteção, cestas básicas. Vimos a exclusão reverberar na educação, na saúde, nos colocando numa situação de violência”, conta Alânia, gestora do fundo.

 

O edital foi construído com a intenção de ser o mais simples possível, com o objetivo de atingir e respaldar iniciativas sociais, pessoas físicas e coletivos do território que enfrentam dificuldade de acessar os recursos de maneira tradicional. Agora, conta a gestora, o edital está em fase de execução: “Nossa expectativa é de que essa iniciativa será provocadora, trará identidade e relacionamento para, aí sim, o Fundo M´Boi Mirim se tornar uma referência e ganhar visibilidade. E, futuramente, será o Fundo Capão Redondo, Campo Limpo, Parelheiros e por aí vai”, destaca Alânia.

Paralelamente, o grupo PerifaSul 2050 vinha desenvolvendo, com financiamento da ABH, o Mapa da Periferia Sul, lançado em 2022:

 

“É uma plataforma georreferenciada colaborativa, onde organizações sociais formais e não formais, além das empresas locais, podem se inscrever, para termos uma base de dados, mostrar todas as potências da região e atuarmos colaborativamente. São mais de 30 filtros, possibilitando que se possa encontrar uma agulha no palheiro”, destaca Marina da Fundação ABH.

 

Atualmente o Fundo M’Boi Mirim está buscando outras formas de captação, lançando sua primeira campanha na Benfeitoria. A campanha é realizada com o matchfunding do Programa Transformando Territórios, impulsionado a arrecadação. Isso significa que a cada um real de apoio a uma campanha, o Fundo do Programa Transformando Territórios investe mais um real.

A campanha permanece válida até o dia 8 de dezembro de 2023, e tem como objetivo reunir recursos para criar um novo edital que apoie mais projetos realizados por organizações locais da periferia Sul. Como forma de incentivar doações, são oferecidas diversas recompensas para os doadores, envolvendo-os no território e na atuação do Fundo M´Boi Mirim. As recompensas abrangem desde rodas de sambas, oficinas de grafites até café da manhã na organização e tours pelos projetos que o Fundo apoia.

Dessa forma, o FCP M’BOI se destaca como mais do que um fundo de investimento; é a manifestação da determinação do coletivo em reduzir a desigualdade social e capacitar a periferia.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: M´Boi Mirim é um território no extremo sul de São Paulo que integra os distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, numa área de 62 km. O nome curioso é de origem tupi e vem do rio que corre na região: Rio M’Boi Mirim é o “rio das cobras pequenas”.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundo Comunitário PerifaSul M´Boi Mirim;
  • Nome e cargo da principal liderança: Alânia Cerqueira, Sidinéia Chagas e Naiara Padial;
  • População estimada: Cerca de 650 mil pessoas;
  • Número de OSCs do território: Plataforma de mapeamento em fase de testes;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Desenvolvimento comunitário, abrangendo áreas como educação, saúde, cultura, esporte, empreendedorismo, entre outras.

O Fundo Comunitário Perifasul M´Boi Mirim integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o Fundo Comunitário Perifasul M´Boi Mirim? Acesse o site da Fundação ABH.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

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Manauara: a cidade de Manaus sob o olhar comunitário

Fomentar o protagonismo de mulheres é contribuir para melhorar a condição de vida não só delas, mas de todos que as cercam. Parte deste princípio o Fundo Icamiabas, que acaba de ser lançado pela Manauara Associação Comunitária, que atua para promover o desenvolvimento comunitário na cidade de Manaus, Amazonas. A proposta do fundo é fornecer apoio financeiro e humano, de forma descomplicada e contínua, para lideranças femininas que trabalham em prol de outras mulheres nas periferias da capital amazonense.

Os fundadores da Manauara Ricardo Anderáos, Giselle Mascarenhas e Célia Petit, visitando o Igarapé do Gigante, na comunidade da Redenção, Zona Oeste de Manaus

Foi às margens dos 7 km de extensão do Rio Igarapé do Gigante – que nasce cristalino em meio à floresta nativa e se depara com os problemas ambientais da urbanidade – que teve início o diálogo entre organizações sociais e lideranças comunitárias da Zona Oeste de Manaus. Assim começa, em 2020, uma aliança não apenas para despoluir a bacia hidrográfica, que corta vários bairros de Manaus, mas também para transformar a vida de quem vive às suas margens. São mais de 160 mil famílias manauaras vivendo em situação de extrema pobreza, correspondendo a cerca de 445 mil pessoas nesta situação (19,7% de sua população).

A partir de um mapeamento do campo social da cidade, que identificou os principais ativistas, organizações sociais e demandas do território, em 2021, alguns integrantes deste grupo começam a se estruturar no formato de um instituto comunitário e, em 2022, com apoio e capital semente do IDIS, a Manauara é fundada. Dois dos seis fundadores são os diretores da iniciativa: Ricardo Anderáos e Celia Petit, ambos sócios da Oré Inovação em Impacto Social e criadores da Aliança pelo Igarapé do Gigante.

Membros da Manauara e ativistas locais, junto com o Secretário do Meio Ambiente de Manaus Antonio Stroski e assessores, em plantio de árvores nativas às margens do Igarapé do Gigante, no Dia do Meio Ambiente

O primeiro edital de apoio a projetos foi lançado ainda em 2022, com o tema  “Água, Saúde e Biodiversidade na Microbacia do Igarapé do Gigante”. O edital teve como vencedores os projetos “Mulheres Gigantes” e “Viveiro de Árvores Nativas Parque Mosaico Amazônia“ que, juntos, receberam cerca de R$ 150 mil.

Ser um grantmaker local, isto é, ser uma financiadora do setor social do território em que atuam, é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

Captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.

 

SELEÇÃO A PARTIR DE BUSCA ATIVA

Com o primeiro edital, veio o entendimento da necessidade de estimular o protagonismo de mulheres líderes locais em um formato mais simples, sem a necessidade de inscrição em editais, conta Ricardo Anderáos. Assim, foi lançado o Fundo Icamiabas, que selecionará três mulheres em um processo permanente de busca ativa, baseado em entrevistas cruzadas (metodologia snowball mapping).

 

“Já selecionamos a primeira liderança e neste momento estamos buscando a segunda e terceira beneficiárias. O processo pode levar até 3 meses”, conta Ricardo.

 

“O foco da Manauara é o desenvolvimento comunitário de Manaus, atuando através da comunidade e para a comunidade, a partir de processos de escuta ativa que nos capacitam a apoiar as causas mais importantes para a cidade, como geração de renda, prevenção à gravidez na adolescência, combate à prostituição, atividades esportivas, culturais e de apoio escolar para adolescentes e cuidados com a saúde para toda a população”, explica.

 

No Fundo Icamiabas, estão previstos repasses mensais de pequenos valores via cartão de débito recarregável, com a destinação dos recursos definida num plano de ação acordado verbalmente com as lideranças femininas. Os recursos estão sendo captados junto a filantropos, empresas e grupos de mulheres da alta sociedade de Manaus, além de uma campanha de matchfunding que será lançada na Benfeitoria, com aporte do IDIS para impulsionar a arrecadação.

Célia Petit e Ricardo Anderáos, fundadores da Manauara, com Dona Alda (ao centro), líder comunitária da Zona Leste de Manaus e primeira beneficiária do Fundo Icamiabas.

Para garantir a transparência, extratos do fundo e do cartão de cada beneficiária serão publicados regularmente no site da Manauara, assim como as fotos das iniciativas, de forma a documentar as atividades. O número de beneficiárias e os valores que elas receberão serão variáveis, a depender da captação do fundo, com um teto de R$ 5 mil/mês por 12 meses.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: cidade de Manaus (AM)
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Manauara Associação Comunitária
  • Principais lideranças Celia Petit e Ricardo Anderáos
  • População estimada: Aproximadamente 2,4 milhões de pessoas
  • Número de OSCs no território: cerca de 200, segundo o Fundo de Promoção Social do Amazonas
  • Desafios regionais: Geração de renda, prevenção à gravidez na adolescência, combate à prostituição, atividades para manter as crianças fora das ruas, atividades esportivas, culturais e de apoio escolar para adolescentes e cuidados com a saúde
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Multitemáticos, com olhar para redes femininas de apoio mútuo em periferias.

    A Associação Comunitária Manauara integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Associação Comunitária Manauara? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

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Seminário Transformando Territórios reúne mais de 30 lideranças comunitárias do Brasil

Aprender entre os pares foi o objetivo do Seminário Transformando Territórios, realizado em setembro, em São Paulo. Participaram representantes de Fundações e Instituto Comunitários (FICs) integrantes do Programa Transformando Territórios, projeto de impacto realizado pelo IDIS em parceria com a C.S. Mott Foundation. Com visitas a projetos apoiados, palestras, capacitações e eventos com investidores sociais e filantropos, foi possível aprofundar a compreensão de um tema fundamental: o poder de transformação dessas organizações no Brasil.

Na segunda edição, o evento teve a participação de mais de 60 pessoas, incluindo lideranças das FICs, filantropos, parceiros e apoiadores comprometidos com essa causa.

 

“Foram 3 dias importantes para conexões, benchmarking e ampliação de visões, processos e possibilidades”, resumiu um dos participantes.

 

“O Seminário foi muito especial, principalmente por ser muito participativo. Acredito nessa construção coletiva para o Transformando Territórios nos próximos anos”, comentou outro participante, de forma anônima, nas avaliações do evento.

 

Inspiração e exemplo: uma visita ao Instituto Cacimba em São Miguel Paulista

É impossível ir à São Miguel Paulista e passar despercebido das ações apoiadas pelo Instituto Cacimba. A organização está no programa Transformando Territórios desde 2020, sendo uma das primeiras FICs da cidade de São Paulo. O Cacimba foi criado com o apoio do Programa e respaldado na sólida confiança que o líder comunitário Hermes de Souza possuía na região. Desde então, Hermes de Souza tem ocupado a direção do Instituto. Saiba mais sobre essa história aqui. Mostrando a importância de inspirar ação, a programação do Seminário começou por aqui.

Ao longo do dia, diversos projetos sociais apoiados pelo Cacimba na região puderam ser conhecidos. Muitos deles receberam orientação do líder Hermes de Souza e agora são apoiados pelo Instituto.

 

Aprendizado e formação: uma constante

No período da tarde, o grupo participou do workshop  “Diversidade e Direitos Humanos”, oferecido por Clara Serva, sócia da área de empresas e Direitos Humanos do TozziniFreire Advogados, e Maria Paula Bonifácio Custódio, advogada da área.

Entre os momentos de troca de experiências e intervalos, houve apresentações culturais de dança por projetos do Instituto NUA, ministrados por pessoas do território.

No segundo dia do Seminário, palestras e rodas de conversas destacaram a relevância e atuações das FICs em seus territórios, e muitas experiências puderam ser trocadas. O encontro aconteceu na sede da Comunitas, que apoia institucionalmente o Transformando Territórios.

Confira os destaques dos quatro painéis que integraram o evento.

Painel 1: Grandes impactos a partir de pequenas doações: potencializando mudanças com contribuições significativas

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Elio Raymundo (presidente da Rede de Organizações do Bem), Thais Almeida (secretária executiva do Instituto Espraiada), Alânia Cerqueira (líder do Fundo Comunitário M’Boi), e como moderadora, Pâmela Ribeiro (coordenadora de Projetos Especiais do GIFE).

A mesa trouxe novas perspectivas sobre como o apoio a pequenas iniciativas locais pode gerar grandes transformações sociais e ambientais, destacando o potencial dos fundos voltados aos microprojetos e do capital semente para o fortalecimento comunitário, sobretudo em regiões em que os recursos são concentrados em grandes organizações.

Elio Raymundo, presidente da Rede do Bem que atua na região metropolitana do Rio de Janeiro, destacou como projetos que recebem pequenos apoios financeiros conseguem promover “resultados inesperados” de desenvolvimento local. O cerne da questão, entretanto é que, para ele só é possível por meio da confiança nas organizações e lideranças que fazem a diferença em seus territórios e da simplicidade nos processos de contrapartida.

Painel 2: Fortalecendo vínculos: construindo relações sustentáveis com o território

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Hermes de Sousa (diretor do Instituto Cacimba), Ana Paolo Vieira (conselheira da FUNDAES), Flávia Mota presidenta do Fundo Comunitário JEQUI), e como moderadora Lúcia Dellagnelo (embaixadora do Programa Transformando Territórios).

Partindo da necessidade de criar laços, Hermes trouxe para o debate a questão da confiança para fortalecer parcerias e construir com o território. Segundo ele, “a confiança em si mesmo leva a confiança no outro” e isso institui a regeneração da confiança.  A chave para ter relações sustentáveis segundo sua experiência é “envolver e trabalhar com a comunidade e não para a comunidade”. Para atingir esse objetivo, é necessário entrar na mesma linguagem, e adaptar a linguagem em cada espaço, até mesmo na construção dos editais, os quais hoje o Instituto Cacimba também tornaram mais inclusivos com a possibilidade de inscrição por vídeos e áudios, além do formato escrito.

Painel 3: Unindo forças: colaborações com o setor público e empresas para transformação comunitária

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Eliane Macari (presidenta da FEAV), Jair Resende (superintendente na Fundação FEAC), Célia Petit (presidenta da Associação Manauara), e como moderadora Patrícia Loyola (diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas).

A parceria entre as fundações que se dedicam às cidades vizinhas – Valinhos e Campinas -, FEAV e FEAC, respectivamente, também demonstraram a força da colaboração entre si e em territórios de atuação. Como compartilhou Jair Resende, da FEAC, como mais de 60 anos de história a FEAC continua a missão de estimular o setor social e vem apoiando o desenvolvimento da FEAV, no desenvolvimento da organização vizinha de município ao doar um imóvel centenário para constituição do fundo patrimonial da FEAV. O apoio mútuo é um exemplo a ser seguido e mostra a potência em prol da transformação comunitária nesse território.

Painel 4: Unindo forças: filantropia comunitária para justiça social

 Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Diane Pereira (presidenta do Instituto Comunitário Baixada Maranhense), Gisele Ribeiro (presidenta da Associação Redes da Maré), Willian Narzetti (gerente executivo do ICOM), e como moderadora Mônica de Roure (vice-presidente e diretora de relações institucionais do BrazilFoundation)

No âmbito das potencialidades, Diane apontou a necessidade de estar dentro do território para que a filantropia comunitária entenda a possibilidades, as pessoas e a terra de uma região em distintas situações.  Ela acredita que “considerar que existe potencialidade, quando o rio está cheio, pois é bom para regar as plantas, e quando está vazio é bom pra passar o boi para outras regiões. É preciso pensar que desenvolvimento é ver abundância e não escassez”. A representante do Instituto Baixada ainda afirma que é necessária uma rede de pessoas para que não só se compreender a abundância, mas também de materializar a mudança social.

No terceiro e último dia, os participantes tiveram a oportunidade de participar do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Saiba mais aqui.

Texto produzido por Alexandra Teles, Ana Beatriz Pedreira e Leticia dos Santos, todas da equipe do IDIS. 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em transformandoterritorios.org.br

Em Manaus, IDIS realiza visita a organização participante do programa Transformando Territórios

Felipe Groba, gerente do programa Transformando Territórios, visitou a Manauara Associação Comunitária em Manaus. Durante a visita, o IDIS ofereceu apoio em reuniões de relacionamento, captação e planejamento, além de visita a projetos sociais apoiados pelo Manauara na cidade

A organização faz parte do programa Transformando Territórios, realizado pelo IDIS para fortalecer institutos e fundações comunitárias pelo Brasil.

Em um desses encontros, realizado no INDT – Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, reuniram-se empresários, filantropos, líderes sociais e membros da Governança do Manauara, oportunidade na qual foi apresentado o propósito do Fundo Icamiabas, que tem por objetivo reunir recursos filantrópicos para apoiar mulheres guerreiras de Manaus, que causam impacto direto em comunidades da cidade.

Em outra ocasião, Felipe visitou o Reuna, projeto liderado por Dona Cristina na comunidade da Redenção, na Zona Oeste de Manaus, e apoiado pelo primeiro edital do Manauara.

“Manaus é uma cidade com enormes desafios, e a visita ao Manauara e projetos apoiados mostrou a potência da FIC para agitar a filantropia local. O Fundo Icamiabas coloca os holofotes sobre as mulheres guerreiras de Manaus, que atuam no dia a dia para superar questões que vão da fome e da gravidez na adolescência à falta de saneamento básico e de oportunidades de emprego formal. Com uma governança diversa e uma visão de futuro para a cidade, o Manauara irá – sem dúvida – contribuir para a cultura de doação local e para o engajamento de empresas e famílias manauaras com os desafios socioambientais do território.”, afirma Felipe Groba.

 

ICOM: criando pontes para o desenvolvimento comunitário local

Em dezembro de 2022, com as tempestades que atingiram o estado de Santa Catarina, foi declarada situação de calamidade pública em inúmeros municípios. A Grande Florianópolis foi fortemente atingida pela catástrofe, especialmente as áreas de maior vulnerabilidade social. Com a reputação e a legitimidade de quem atua na região há quase duas décadas, o Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) criou prontamente o Fundo Emergencial de Chuvas.

 

Promovendo o desenvolvimento comunitário em toda a área metropolitana da cidade Florianópolis, que inclui 13 municípios catarinenses e cerca de 1,2 milhão de habitantes, o ICOM atua em três frentes, sempre trabalhando em rede e respeitando o protagonismo das organizações de base:

 

  • apoio a empresas e indivíduos para que possam fazer investimentos sociais e doações com alto impacto social;
  • produção e disseminação de conhecimento;
  • fortalecimento de organizações da sociedade civil.

 

“Como uma das primeiras fundações comunitárias do país, com um diálogo estabelecido com as comunidades locais, o ICOM tem como característica essencial responder de maneira rápida às demandas emergenciais do território”, destaca o gerente-executivo do ICOM, Willian Narzetti, lembrando que em outros momentos de crise, como em 2008, 2018 e 2020, a organização criou e foi responsável por outros fundos de reconstrução em decorrência de fortes chuvas pelo estado.

 

Fundamental para a mobilização em situações emergenciais, esta modalidade de fundos são só uma parte da estratégia do ICOM para criação de novas pontes entre atores locais, por meio do fomento à doação e ao investimento social privado. Em 2018, a organização criou o importante Fundo de Impacto para Justiça Social, formado por uma rede de pessoas e organizações que doam sistematicamente para reduzir as desigualdades sociais na Grande Florianópolis. Entre as causas apoiadas por esta iniciativa, estão a equidade racial, a equidade de gênero, a prevenção e o enfrentamento à violência contra a mulher e a defesa dos direitos da população LGBTQIA+. A seleção das organizações do território beneficiadas para receber apoio técnico e financeiro acontece por meio de editais públicos.

Além disso, o ICOM constitui fundos filantrópicos para empresas, apoiando na definição de causas e públicos beneficiários, levantamento de indicadores, mapeamento de iniciativas, apoio para as OSCs selecionadas para a execução dos projetos e relatório de resultados.

 

“Várias empresas da Grande Florianópolis que incorporam a agenda ESG (do inglês, ambiental, social e governança), encontram no ICOM um canal para realizar seu investimento social de forma refletida, sistemática e monitorada. O ICOM é a área de responsabilidade socioambiental delas”, explica Narzetti.

 

Prover serviços para doadores é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs) que, como profundos conhecedores da realidade local, oferecem respostas assertivas para as demandas do território, atuando em rede junto às organizações sociais, poder público e investidores. Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

 

“Oferecem serviços adaptados aos interesses e a capacidade de contribuição dos doadores, auxiliando-os a alcançarem seus objetivos filantrópicos. São responsáveis também por fomentar a cultura de doação no território e, potencialmente, são instrumentos poderosos para receber legados”.

 

CRIAÇÃO DO ICOM E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

 

A história do ICOM começa em 2005, a partir da reunião de um grupo de mulheres – profissionais liberais, empresárias, professoras universitárias, lideranças do terceiro setor e profissionais com experiência no setor público – inspiradas pelo movimento das fundações comunitárias em outros países. Fazia parte do grupo, Lucia Dellagnelo, fundadora do ICOM e embaixadora do programa Transformando Territórios. À época, o conhecimento sobre fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil ainda era embrionário, mas isso não as impediu de seguir com esta missão.

 

O cerne da primeira visão das fundadoras e do Conselho Deliberativo envolvia o desejo de constituir uma organização inovadora de base local, capaz de articular e criar sinergia entre o trabalho de pessoas e projetos que atuavam na área social na Grande Florianópolis. O objetivo era atuar e ser participante da corrente global de fundações comunitárias.

 

Assim, em 2006, era lançado o primeiro diagnóstico de atuação do terceiro setor no território chamado “Mapeamento das ONGs de Florianópolis” que, por sua vez, verificou uma grande fragilidade dessas instituições. Sendo assim, o Projeto Fortalecer, desenvolvido entre os anos de 2007 e 2008, foi a primeira ação de apoio técnico do ICOM e serviu de subsídio à construção de um Plano de Desenvolvimento Institucional, ampliando a capacidade de ação de organizações da região.

 

 

Para identificar questões prioritárias da comunidade e orientar ações para a melhoria da qualidade de vida da população, por exemplo, o ICOM realiza o estudo “Sinais Vitais” desde 2008. Já são nove edições, abrangendo os principais municípios da Grande Florianópolis. Na edição de 2022, por exemplo, o relatório apontou que Santa Catarina esteve entre os destinos mais procurados por migrantes no país, principalmente em busca de trabalho, com 9,19% do total de pedidos de Registro Nacional Migratório em 2021.

 

Em 2020, ano mais desafiador vivido pela nossa geração, por conta da pandemia de Covid-19, a organização criou o Banco Comunitário da Grande Florianópolis, o primeiro de Santa Catarina a operar neste modelo. Com apoio financeiro inédito do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT/SC) e ao lado de parceiros, o Banco Comunitário chegou a ter 5 unidades e mais de mil famílias foram beneficiadas com moedas sociais. Este modelo, ao mesmo tempo que apoiava as famílias, também fortalecia pequenos comerciantes locais em um período delicado de crise econômica.

 

Parceiro de longa data do IDIS e da Charles Mott Foundation, o ICOM é uma das fundações e institutos comunitários que integram o programa Transformando Territórios.

 

“Acreditamos que podemos transformar juntos a nossa realidade. Participar do programa Transformando Territórios significa aprender novas formas de trabalhar e de fortalecer nossas comunidades, inspirar, entender o que está acontecendo no Brasil e no mundo e pensar em rede no campo social como um todo”, comenta Narzetti. 

Equipe do ICOM

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: 13 municípios na Grande Florianópolis.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM.
  • Nome e cargo da principal liderança Willian Narzetti, gerente-executivo.
  • População estimada: 1,2 milhão de pessoas.
  • Número de OSCs do território: 2.640 organizações.
  • Desafios regionais: Florianópolis sofre, assim como várias regiões brasileiras, com o agravamento da desigualdade social pós-pandemia. Também são desafios para a região, uma agenda de desenvolvimento urbano consolidada que alinhe ecossistemas já existentes na região, investimentos em arte e cultura, promoção da inovação para além do setor tecnológico e desastres naturais que agravam ainda mais a qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Porém a região apresenta grandes potencialidades ao abrigar duas das principais incubadoras do país e sistemas educacionais de ponta.

 

O ICOM integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o ICOM? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Guarda-chuvas, para-raios e cisternas para uma filantropia mais transformadora

Texto originalmente publicado na Folha de São Paulo em 19/05/2023

por Felipe Groba, Gerente de Projetos no IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Pouco conhecidas no Brasil, FICs se destacam por intermediação independente entre investidores e organizações sociais

Imagine se existisse no Brasil um mecanismo que permitisse  empresas e indivíduos destinarem recursos para emergências e endereçar questões socioambientais de alta complexidade em um determinado território, sem riscos de conformidade legal e que, além disso, servisse também de instrumento para defender causas e políticas públicas de modo legítimo e sem partidarismos. Imagine se esse mesmo mecanismo fosse capaz de fomentar a cultura de doação local e fortalecer organizações sociais e coletivos locais.

Esses mecanismos existem.  São cerca de 20 no México, 201 no Canadá e mais de 900 nos Estados Unidos – alguns com mais de 100 anos de história – e são comumente chamados de Fundações ou Institutos Comunitários, ou FICs. As FICs são organizações da sociedade civil independentes que atuam fortalecendo a filantropia local, captando recursos junto a empresas e indivíduos e alocando-os de modo estratégico para que organizações sociais formais e informais se desenvolvam, fortaleçam sua atuação e executem seus projetos. Geram, assim, impacto em um território específico.

Visita da equipe IDIS a ‘Tabôa’, Serra Grande, na Bahia

O Brasil conta hoje com 14 organizações operando nesse modelo em 10 estados. Nesse grupo, existem organizações já consolidadas como a Fundação FEAC de Campinas, o Instituto Baixada Maranhense e o ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis, e também organizações mais jovens, como a FEAV, com atuação em Valinhos, o Instituto Cacimba, na região de São Miguel Paulista (periferia de São Paulo), a Manauara Associação Comunitária e o recém-formado ICOSE – Instituto Comunitário do Sergipe. Todas elas integram o Programa Transformando Territórios, lançado em 2021 pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, financiado pela Charles Stewart Mott Foundation e com apoio institucional da Brazil Foundation e do GIFE.

Visita da equipe IDIS a Redes do Bem, organização comunitária no Rio de Janeiro

A maior parte das FICs brasileiras já conta com fundos filantrópicos constituídos para captar e distribuir recursos para organizações e iniciativas de seus territórios. Além disso, elas fomentam campanhas como o ‘Dia de Doar’, iniciativas para o engajamento de voluntários e promovem cursos e capacitações para líderes sociais locais. Algumas delas atuam também como porta-vozes das demais Organizações da Sociedade Civil (OSCs) do território perante o poder público na defesa do fortalecimento e regulamentação de fundos de direitos, do desbloqueio de recursos e no advocacy por mudanças legislativas. A legitimidade para ativar a filantropia e representar o setor social do território vem do fato de não ser vocação das FICs operarem projetos diretamente, sendo seu papel o de canalizar recursos para as organizações que operam na ponta com os beneficiários, assim, as FICs tornam-se aliadas das OSCs locais e não competidoras.

 

 

As experiências bem sucedidas têm provocado algumas mudanças no setor. Segundo pesquisa BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo, publicada anualmente pela Comunitas, 38% das Empresas contempladas indicaram algum grau de prioridade para apoios às FICs no biênio 2022/2023, enquanto 86% das Fundações e Institutos Corporativos atribuíram prioridade média ou alta. Dentro do setor industrial, 75% dos respondentes afirmam ter introduzido ou fortalecido as FICs em sua estratégia de investimento social (contra 20% no setor de serviços), confirmando a tendência da indústria extrativista e de transformação de buscar soluções socioambientais locais, visando mitigar suas externalidades negativas e potencializar suas externalidades positivas, em consonância com as boas práticas ESG (sociais, ambientais e de governança).

O potencial das FICs como canalizadoras de investimentos sociais locais vem, sobretudo, do estabelecimento de uma governança robusta, diversa e perene, assim como uma  abordagem sistêmica baseada no diagnóstico das potencialidades e necessidades locais, construída através da escuta das diferentes vozes da sociedade civil local e da constante interlocução com as organizações que atuam em prol do território. Essas características dão match com o que as empresas esperam para fortalecer a atuação com organizações sem fins lucrativos. Segundo a BISC, 90% das empresas apontam a “maior evidência do sucesso (resultados, impacto) das parcerias” como um fator determinante para o fortalecimento da relação, enquanto 80% indicam a “necessidade da empresa de atuar em rede”. E essas, são justamente  algumas das principais características das FICs.

Cabe notar que as FICs são, antes de tudo, importantes intermediárias entre doadores e OSCs, buscando atender aos interesses filantrópicos dos doadores, mas sempre de olho nas demandas do território. Um exemplo disto são os DAFs – Donor Advised Funds, ainda pouco populares no Brasil, que funcionam como “contas correntes de filantropia” de indivíduos e empresas, administradas pelas FICs, que ficam responsáveis por investir esses recursos no mercado de capitais e repassá-los às organizações sociais de acordo com as preferências dos doadores. Essa possibilidade de acumular recursos para direcioná-los futuramente é análoga às cisternas, que armazenam água visando a utilização em momentos estratégicos ou de maior necessidade.

Ao consolidarem e gerirem doações de terceiros, as FICs ficam encarregadas de toda a diligência, acompanhamento e prestação de contas sobre o uso desses recursos, permitindo, por exemplo, que grandes empresas financiem projetos e organizações menores e até mesmo movimentos e coletivos informais, pois a FIC estará ali atuando como um “pára-raio” de compliance, mitigando riscos para os doadores ao serem a donatária direta dessas empresas. Feita a diligência na recepção dos recursos, caberá à FIC mentorar os doadores quanto ao uso estratégico desses recursos, tendo como base o seu amplo conhecimento do território, de suas demandas e potencialidades, de suas organizações e líderes.

Por fim mas não menos importante, essa visão privilegiada do território e construída em bases democráticas e de confiança mútua permite às FICs servirem como porta-vozes para que o setor social local lute por direitos e visibilidade, empreenda campanhas de mobilização social ou até faça incidência por mudanças em políticas públicas, sem estarem diretamente expostas perante autoridades. A FIC atua então como um ‘guarda-chuva’ para que as lideranças sociais não se molhem no jogo político e de poder desnecessariamente.

Esse conjunto de características faz das Fundações e Institutos Comunitários mecanismos potentes para uma filantropia mais ativa, efetiva e duradoura em um território, seja ele um bairro, uma cidade, um estado ou mesmo um território que compartilhe afinidades e identidades socioambientais.

Instituto Cacimba: a materialização do “nós por nós”

Ser membro de uma comunidade é uma característica valiosa para se ter um olhar estratégico para a tomada de decisões do território. Esta tem sido a base da governança do Instituto Cacimba, que atua com foco inicial do bairro de União de Vila Nova, na região de São Miguel Paulista, zona leste da cidade de São Paulo, por meio de apoio, promoção e financiamento de projetos e de Organizações da Sociedade Civil (OSCs) locais. É a materialização do “nós por nós”, lema de um povo que, historicamente excluído, sempre teve que contar consigo mesmo.

Feira da UniRoça, um dos projetos apoiados pelo Instituto Cacimba

Terceiro maior bairro periférico de São Paulo, com cerca de 45 mil habitantes, a União de Vila Nova já carregou também o título de segundo mais violento da capital, registrando altos índices de homicídios e pessoas vivendo em situação de extrema miséria. Um novo desenvolvimento começou em 2002, por meio da comunhão entre poder público, com obras de infraestrutura, e organizações da sociedade civil, com projetos para promover prosperidade social e econômica na região.

A partir das conversas entre lideranças locais e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), o Projeto de Urbanização Pantanal investiu na comunidade, não só com a construção de moradias, redes de água e esgoto, energia elétrica, pavimentação e iluminação pública, mas também de escolas, parques e até um Viveiro-Escola, administrado por um coletivo de mulheres locais.

COMO FOI CRIADO O INSTITUTO CACIMBA

O cearense Hermes de Sousa chegou em União de Vila Nova no ano 2000 e percebeu o potencial dos moradores que viviam da coleta de material reciclável no lixão a céu aberto que existia na comunidade. Promotor da arte como ferramenta de inclusão social, decidiu atuar na região, dando aulas gratuitas de escultura em madeira retirada dos dejetos. Em 2005, ele fundava oficialmente o Instituto Nova União da Arte (NUA), vindo a se tornar uma importante liderança comunitária do território.

Hermes, fundador do Instituto Cacimba

Na busca por novas maneiras de trabalhar na região e atender suas demandas prioritárias, como inclusão produtiva, educação e cultura -, Hermes fundou em 2022 o Instituto Cacimba, que se apresenta como um Instituto Comunitário. Uma organização que visa o desenvolvimento comunitário do território de São Miguel Paulista – iniciando suas atividades com foco na União de Vila Nova – a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para iniciativas sociais, atuando em rede com o poder público e a sociedade civil, identificando demandas prioritárias e envolvendo a comunidade no processo decisório de investimento de recursos.

Um dos principais desafios de uma Fundação ou Instituto Comunitário é dar representatividade e voz ao território, de forma democrática, acessível, transparente e que abranja a pluralidade de vozes locais em sua governança. É um desafio grande articular tantos atores e conhecimentos em uma organização recém-criada, unindo a democratização do espaço com decisões estratégicas.

A representatividade da comunidade na governança do Instituto e um dos 9 princípios que guiam o papel e operação deste modelo de organizações. Sua diretriz é:

Possuir instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, serão responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

O Instituto Cacimba abordou este tema de forma inovadora, empreendendo esforços para incentivar a participação da comunidade, respeitando seus saberes e história. Saindo dos padrões tradicionais de governança de uma organização social, o Instituto trouxe inovação, formando conselhos e instâncias estratégicas que vão além dos usuais. O primeiro a ser formado foi o Conselho Comunitário, composto por cinco lideranças atuantes da região, dando voz às organizações locais. Valorizando a ancestralidade local, também foi criado o Conselho das Avós, composto por três mulheres com mais de 60 anos, protagonistas na história do território e que atuam em projetos sociais da região. E por fim, há o Conselho da Juventude, integrado por três jovens transformadores locais, que trazem a visão das novas gerações, contribuindo com novos diálogos e abordagens

“Entendemos que a gestão compartilhada é o que vai promover a escuta ativa e a participação de fato da comunidade. Porque não queremos que o Instituto Cacimba atue pelo seu próprio entendimento. Queremos fortalecer as organizações e os coletivos locais para que possamos, juntos, levantar dados que nos orientem sobre as problemáticas e potencialidades do território e promover novos projetos”, ressalta Hermes de Sousa.

Ainda são poucas as Fundações e Institutos Comunitários presentes no Brasil, mas nos últimos dois anos, houve um aumento significativo, em parte promovido pelo Programa Transformando Territórios – iniciativa do IDIS e da Charles Stewart Mott Foundation – do qual o Instituto Cacimba faz parte desde o início da sua formação.

ORGANIZAÇÕES E PROJETOS APOIADOS PELO INSTITUTO CACIMBA

Em seu primeiro ano de operação, o Instituto Cacimba captou R$ 240 mil, dos quais destinou R$ 130 mil para projetos sociais. Entre os projetos apoiados estão alguns promovidos pelo NUA, como a Agência de Comunicação NUA, que faz a formação de jovens aprendizes para a produção de conteúdo multiplataforma – criação de sites, filmagens e edição de vídeos, por exemplo – , em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul (UnicSul), que confere uma certificação aos participantes.

Agência de Comunicação – NUA

A UniDiversidade das Kebradas, que integra a Aliança das Ecodiversidades, é mais uma iniciativa que recebeu o suporte do Cacimba. Enxergando além dos muros da formalidade acadêmica, a universidade livre oferece oportunidade para trocas de experiências e aprendizados práticos entre líderes comunitários a partir de projetos reais que respondem a dilemas sociais e ambientais.

Outro projeto apoiado é a UniRoça – UniDiversidade da Roça, um centro de formação em meio rural, com alojamento, que tem como público-alvo homens em situação de rua. O programa, promovido pela Associação Morada dos Vencedores, alinha reinserção social, projeto de vida e aquisição de habilidades produtivas em áreas como apicultura, piscicultura e agricultura orgânica.

UniRoça, um dos projetos apoiados pelo Instituto Cacimba

Entre os projetos em desenvolvimento está a Pousada Social, que vai fomentar o turismo solidário de base comunitária e empregar mulheres e jovens locais. A pousada está sendo implantada em um prédio na região que passa por obras e tem previsão de abrir para o público em junho de 2023.

Construção da Pousada Social

Em fase de captação de recursos, estão a criação de um cartão comunitário pré-pago para 400 famílias em alta vulnerabilidade e o desenvolvimento de uma plataforma de comércio de produtos e serviços locais, que poderão ser adquiridos com o próprio cartão, com descontos.

Outra proposta é a abertura de editais de seleção de iniciativas locais de nano e micro empreendedorismo feminino para investimento com capital semente.

A origem destes projetos que promovem o aquecimento da economia local está na pandemia de Covid-19, quando foi criado o Fundo Cacimba, em março de 2020. Os recursos captados foram usados para apoiar famílias com a compra de alimentos, além de medicamentos, material de higiene e outras necessidades. Se na crise humanitária, o ativismo cívico salvou vidas em União de Vila Nova, agora, com o Instituto Cacimba, a força comunitária do território poderá ser maior que nunca.

Informações do Território 

  • Território de atuação: União de Vila Nova, favela localizada no distrito de São Miguel Paulista.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Cacimba
  • Nome e cargo da principal liderança Antônio Hermes de Sousa, diretor-presidente
  • População estimada: União de Vila Nova é a terceira maior favela de São Paulo, com cerca de 45 mil pessoas. Cerca de 500 mil pessoas moram no distrito de São Miguel Paulista.
  • Número de OSCs do território: 27 organizações em São Miguel Paulista
  • Desafios regionais: A pobreza e a desigualdade, características estruturais que acompanham o desenvolvimento brasileiro, na União de Vila Nova estiveram associadas, nos últimos anos, com um processo de crescente desemprego e precarização das relações de trabalho. Com isso, parcela significativa da população apresenta insuficiência ou insegurança de renda.
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: inclusão produtiva, educação, cultura e meio ambiente.

O Instituto Cacimba integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o Instituto Cacimba? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Participe do evento | Instituto e Fundação Comunitária: conceitos e como formar uma

Participe do evento online e gratuito e saiba mais sobre este modelo que tem se desenvolvido cada vez mais no Brasil

 

Com o objetivo de apoiar a criação e o desenvolvimento de novas Fundações e Institutos Comunitários (FICs), o IDIS promove um evento online gratuito no dia 29 de março, quarta-feira, para a apresentação do conceito.  A reunião marca também o lançamento da chamada para novas organizações e  líderes comunitários participarem do programa Transformando Territórios, projeto do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar o modelo no país.

 

Conheça os palestrantes:

  • Felipe Insunza Groba, Gerente de Projetos do IDIS e do programa Transformando Territórios;
  • Eliane Macari, Presidente da FEAV – organização participante do Programa Transformando Territórios.

 


29 de março , das 16h às 17h30
Inscrições pelo Sympla

Venha saber mais sobre esse modelo inovador de impacto social.
Inscreva-se aqui.


Confira o vídeo na íntegra do Evento clicando AQUI!

 

UM POUCO SOBRE O CONCEITO

Fundações e Institutos Comunitários (FICs) são associações que atuam em prol do desenvolvimento comunitário de um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto social positivo para o desenvolvimento da região. Estas são protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento.

Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, não implementam projetos – financiam projetos e iniciativas sociais de outras organizações em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região. Além disto, FICs fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

O Transformando Territórios apoia o desenvolvimento destas organizações por meio de formações, materiais didáticos voltados para a temática, palestras nacionais e internacionais, consultorias individuais, viagens e recursos financeiros.

 

COMO PARTICIPAR DO TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

Lançado em 2020, o Transformando Territórios hoje tem 13 iniciativas participantes. Nesta chamada, buscamos novos candidatos para integrar nossa rede. No processo seletivo serão avaliadas algumas características:

 

  • Atuação em um território geográfico delimitado, preferencialmente nos seguintes Estados: Pará, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Paraná, com população entre 200.000 ou 5.000.000 de habitantes;

 

  • Para líderes comunitários: participação de ao menos 4 pessoas interessada em participar da construção e atividades da FIC;

 

  • Para organizações já constituídas e que queiram converter-se em uma FIC: ter interesse em atuar em múltiplas causas e não desenvolver projetos e/ou atividades que possuam relação direta com os beneficiários.

O Programa Transformando Territórios está seu segundo ciclo. Em 2022, apoiou a estruturação de dez novas organizações.


 

Assista esse e outros vídeos na nossa playlist do programa Transformando Territórios.

Saiba como doar para Institutos e Fundações Comunitárias

Institutos e Fundações comunitárias são associações que atuam em um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento dessa região. 

O objetivo é promover a interlocução entre as organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público.

No Brasil, o IDIS, em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation, realiza o programa Transformando Territórios que apoia o fortalecimento e a criação de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil. 

Sabia que você pode ajudar algumas das organizações participantes com doações?

Saiba mais sobre o Transformando Territórios.

Conheça algumas das organizações participantes do Transformando Territórios e doe!

 

BAHIA

Tabôa Fortalecimento Comunitário - Civic & Social Organization - Overview, Competitors, and Employees | Apollo.ioTabôaAtua na região de Serra Grande, município de Uruçuca, Sul da Bahia, fortalecendo a comunidade pelo acesso a conhecimentos, recursos financeiros e estímulo à cooperação, para que pessoas, negócios e organizações sejam sustentáveis. A atividade é realizada a partir do fomento de iniciativas de base comunitária e empreendimentos socioeconômicos.

 

MARANHÃO

Fundação Baixada – Fundação Comunitária da Baixada MaranhenseInstituto Baixada Atua na criação de condições materiais para realização de transformações em comunidades vulneráveis da Baixada Maranhense, via captação de recursos, fortalecimento de organizações comunitárias e doações.

ESPÍRITO SANTO

Home | Fundaes - Federação das Fundações e Associações do ...

FUNDAES (Federação do Terceiro Setor do Estado do Espírito Santo) Congrega as entidades do Terceiro Setor Capixaba, e representa as suas filiadas, buscando uma profissionalização do setor no estado

 

 

RIO DE JANEIRO

Rede de Organizações do BemRede de Organizações do Bem – A Rede de Organizações do Bem iniciou suas atividades em 2012, atuando no financiamento de projetos, investindo na formação e apoio das organizações na região metropolitana do Rio de Janeiro e realizando um levantamento das OSCs do território. Desde então, a Rede tem se especializado na realização de editais para micro apoios financeiros e formações.

SÃO PAULO

Fundação ABHFundação ABH Tem o papel de potencializar a atuação de iniciativas sociais, como coletivos, movimentos, organizações e lideranças comunitárias na periferia sul da cidade de São Paulo por meio de investimentos financeiros, geração de conhecimento e formação de redes. 

 

FEAV: Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos Formado por um grupo de entidades assistenciais da cidade de Valinhos no interior de São Paulo, visa o engajamento, consenso e a troca de experiência com a sociedade. A partir do conhecimento gerado nesta troca, a FEAV busca fortalecer a representatividade dos desejos populares junto ao poder público.

 

 

Fundação FEAC » Empoderamos pessoas - Impulsionamos organizações - Potencializamos territórios

Fundação FEAC – Tem como missão a promoção humana, a assistência e o bem-estar social, com prioridade à criança e ao adolescente, em Campinas. Para alcançar esses objetivos, concentra sua ação socioeducativa em três dimensões: empoderamento de populações vulneráveis, potencialização de territórios e impulsionamento de empresas, causas e pessoas.

 

SANTA CATARINA

Home - ICOM - Instituto Comunitário da Grande FlorianópolisICOM: Instituto Comunitário Grande Florianópolis Apoia empresas e indivíduos para que possam fazer investimentos sociais e doações com alto impacto social. Ao mesmo tempo, auxilia organizações da sociedade civil a terem uma gestão mais eficiente e a servirem como canais de participação dos cidadãos para melhorarem a qualidade de vida na Grande Florianópolis e em Santa Catarina.

Você já ouviu falar em Institutos e Fundações Comunitárias?

O conceito de Fundação Comunitária surgiu nos Estados Unidos, mais precisamente em Cleveland/Ohio, em 1914, como uma solução para a dificuldade que os bancos encontravam em satisfazer o desejo de seus clientes de doar parte de seus recursos para organizações filantrópicas em testamento, pois não havia regras específicas para isso. Desde então, se espalhou pelos Estados Unidos tornou-se popular em outros países da América do Norte, Europa e mais recentemente, na África. De acordo com o Community Foundation Atlas, atualmente existem mais de 1.800 Fundações Comunitárias no mundo, que movimentam anualmente mais de USD 5 bilhões.

Mas o que são Institutos ou Fundações Comunitárias? Certamente você conhece ou já ouviu falar de organizações não governamentais (ONGs) que lutam em prol de uma causa como saúde, combate à fome, educação, meio ambiente, etc. Diferente das ONGs tradicionais, os Institutos ou Fundações Comunitárias atuam em um território geográfico específico, seja este um bairro, distrito ou até uma cidade ou região, e trabalham na solução dos problemas prioritários daquela localidade, ou seja, são multi-temáticos.

Os Institutos e Fundações Comunitárias se diferem também em outros princípios como:

  • Não executam projetos sociais, seu objetivo é apoiar financeiramente e tecnicamente iniciativas no território em que atuam;
  • Constroem conexões, capacidade e confiança dentro do território;
  • Servem como ponte entre os diversos atores de dentro e fora da localidade;
  • São gestoras de doação e doadores;
  • Buscam a construção de fundos temáticos e fundos patrimoniais para garantir perenidade de investimento no território;
  • Sua governança tem membros do território em sua composição.

Os Institutos e Fundações Comunitárias têm um modelo de organização social que fomenta o protagonismo local e empodera a comunidade reduzindo desigualdades, promovendo o desenvolvimento local sustentável e agindo como interlocutora dos diversos stakeholders (parte interessadas).

INSTITUTOS E FUNDAÇÕES COMUNITÁRIAS NO BRASIL

Hoje, no Brasil, apenas três organizações operam neste modelo: o Instituto Comunitário Grande Florianópolis, o Tabôa – Desenvolvimento Comunitário e o Instituto Baixada Maranhense.  Entendendo a importância deste tipo de instituição para o desenvolvimento social inclusivo, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation, criou o programa Transformando Territórios, que vem fomentando a criação de mais Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, desde 2018.

Você já ouviu falar em Institutos e Fundações Comunitárias?

Evento – Fundação ABH (antes da pandemia de Covid-19)

Uma das organizações participantes é a Fundação ABH, que atua na periferia sul da cidade de São Paulo com o objetivo de gerar sustentabilidade e trazer investimento de maneira perene para a região, tendo sempre atores da comunidade envolvidos na concepção e desenvolvimento de todos as iniciativas que realiza. Com apoio do IDIS e do Programa Transformando Territórios, em 2021, a Fundação ABH criou o projeto PerifaSul 2050, que está sendo construído por meio de um processo colaborativo e empoderador, onde são identificadas as temáticas prioritárias para o território em curto, médio e longo prazo, junto aos atores locais. É um projeto ambicioso, pois vai além da construção de um plano, ele fomenta o protagonismo local, a construção de relações de confiança e cria uma visão e objetivos comuns para a região.

Para a Fundação ABH, é fundamental a participação e o envolvimento das pessoas do território. Se todos se percebem como parte do processo, entendendo seu papel e como podem contribuir para alcançar os objetivos em comum, a comunidade se torna protagonista na construção de soluções, na inovação de seus fazeres e o resultado desse processo pode ser exponencial.

O PerifaSul 2050 já identificou as três causas “guarda-chuva” prioritárias para o território: Inclusão Produtiva; Desenvolvimento Comunitário e Vida Digna e Bem-Estar. Estas causas contemplam ainda subtemas que são abordados e discutidos em cada reunião. A cada oficina, os atores sociais traçam atividades, metas, objetivos e os resultados esperados. André Benelli, participante do PerifaSul 2050 e membro do coletivo Fora de Frequência, reforça o foco no desenvolvimento local: “Acredito que todos os temas escolhidos são de extrema relevância e, de certa forma, todos estão associados com direitos básicos da vida em sociedade. Com isso, proporcionar ações que melhorem todos esses campos sociais, é contribuir e muito com o desenvolvimento humano no território sul da cidade de São Paulo”.

Transformando Territórios e Fundação ABH

Evento – Fundação ABH (antes da pandemia de Covid-19)

Assim como a Fundação ABH outras organizações estão se desenvolvendo como Institutos ou Fundações Comunitárias e participando desta mudança no cenário do terceiro setor e da filantropia social. O Programa Transformando Territórios está atuando em parceria com organizações em São Paulo, Minas Gerais, Amazônia, Rio de Janeiro, entre outros.

Saiba mais sobre o Programa Transformando Territórios.

Por Marina Fay, Diretora-Executiva da Fundação ABH, e Paula Fabiani, CEO do IDIS

 

IDIS marca presença em evento sobre filantropia comunitária no Maranhão

Em viagem ao Maranhão, Paula Fabiani, CEO do IDIS, Whilla Castelhano, coordenadora do programa Transformando Territórios (TT), e Hermes de Sousa, fundador do Instituto Comunitário Cacimba, organização participante do TT, estiveram em um evento promovido pelo Instituto Baixada Maranhense com o objetivo de engajar e falar sobre filantropia comunitária e desenvolvimento comunitário na região.

A organização trabalha dentro do modelo de uma fundação comunitária para promover e desenvolver a comunidade e apoiar outras instituições desse território. Diferente das OSCs tradicionais, as Fundações ou Institutos Comunitários (FICs) atuam em um território geográfico específico, seja este um bairro, distrito ou até uma cidade ou região, e trabalham na solução dos problemas prioritários daquela localidade, ou seja, são multi-temáticos.

Saiba mais sobre esse modelo aqui.

Em uma série de eventos, incluindo um jantar solidário, o Baixada Maranhense aproveitou a presença de representantes do setor empresarial da região, beneficiários dos projetos sociais e sociedade civil e demonstrou suas potencialidades e apresentou seus projetos. Paula Fabiani falou na abertura evento para as mais de 80 convidados, incluindo empresários, doadores, filantropos e beneficiários. No encontro, foi lançada a Solidárias, plataforma de investimento e doação para projetos sociais e estímulo ao empreendedorismo local que integram a rede da Baixada Maranhense, desenvolvida pelo próprio Instituto.

Paula Fabiani, Whilla Castelhano, Erika Saez (Instituto ACP) e Hermes de Sousa (Instituto Cacimba) no lançamento da plataforma Solidárias

Visitas de campo marcaram os dias seguintes. O grupo realizou uma trilha na comunidade quilombola da Ilha do Cajual. “É incrível o engajamento e a força das mulheres neste grupo”, comenta Paula. Também visitaram um projeto de produção de cerâmica.

Em uma roda de conversa, os participantes partilharam saberes e conheceram ainda mais sobre a atuação do Instituto junto de participantes de vários países da América Latina.

O Instituto Baixada Maranhense participa do programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Conheça mais sobre:

O apoio à filantropia comunitária: a importância da sustentabilidade a longo prazo

A filantropia comunitária é uma estratégia baseada no reconhecimento e na valorização do papel das comunidades locais, das suas lideranças e dos seus ativos, na promoção de ações coletivas voltadas para alcançar o desenvolvimento sustentável de um determinado território e das suas populações, de acordo com as suas necessidades e potencialidades

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Luis Norberto Pascoal no Seminário IDIS Transformando Territórios. Foto: André Porto

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

 

“O apoio à filantropia comunitária” foi o painel que abriu o evento, mediado por Paula Fabiani (CEO do IDIS), com a participação de Antônio Carlos Pipponzi (Presidente do Conselho de Administração da RaiaDrogasil) e Luis Norberto Pascoal (Conselheiro da Fundação FEAC e fundador da Fundação Educar).

Luis Norberto Pascoal, Paula Fabiani e Antonio Carlos Pipponzi

Pipponzi destacou que, atualmente, existe uma grande expectativa que empresas apoiem organizações engajadas com questões sociais – como é o caso das FICs – Fundações e Institutos Comunitários. De acordo com ele, não há mais espaço para que as empresas entreguem apenas resultados financeiros. Para seguirem existindo, é necessário gerarem resultados positivos para a sociedade.

“A filosofia de doação é construída aos pouquinhos, tanto nos indivíduos quanto nas empresas. Ao olharmos os problemas, a nossa responsabilidade aumenta e não se pode abandonar o processo de filantropia, ela se torna hábito e as coisas mudam a longo prazo conforme o tempo passa”, acrescentou Pipponzi.

Pascoal destacou em sua fala a reflexão que para encontrarmos soluções reais para o país é preciso construir valor dentro de territórios, com parcerias entre instituições comunitárias, setor público e privado – precisam atuar em conjunto para que haja uma solução completa.

 

Assista ao painel completo através do vídeo abaixo:

 

Apoiar os territórios comunitários é legitimar suas atividades e criar um ambiente mais autônomo

As Fundações e Institutos Comunitários (FICs) atuam em prol do desenvolvimento de um território geográfico através das OSCs – Organizações da Sociedade Civil – locais, criando uma rede de relacionamento e parcerias locais.

Tais relações são baseadas no reconhecimento e na valorização do papel das comunidades locais, das suas lideranças e dos seus ativos na promoção de ações coletivas voltadas para alcançar o desenvolvimento sustentável de cada região.

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

Seminário IDIS Transformando Territórios. Em 21 de maio de 2022. Ed. Ruth Cardoso, SP. Foto: André Porto

Uma das mesas do evento discutiu justamente “A importância do engajamento e parcerias nos territórios”, na qual participaram do debate Cássio França (Secretário Geral do GIFE) e Mônica de Roure (Diretora Executiva da BrazilFoundation) e Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios). Logo de cara todos os palestrantes já concordaram que apoiar territórios é legitimar as atividades daquele lugar para que se crie um ambiente autônomo.

Mônica de Roure, Beatriz Johannpeter e Cássio França

Os painelistas destacaram, principalmente, a importância de combater a pobreza. “Não se pode normalizar a pobreza e os problemas sociais do Brasil. Se não reduzirmos a pobreza, que é o primeiro passo e mais importante, todos os outros problemas também irão regredir”, destacou França.

Cássio França no Seminário IDIS Transformando Territórios.

De acordo com o Censo GIFE 2020, o volume total de investimento social das organizações contempladas foi de R$ 5,3 bilhões, o que representa 63% a mais do que o previsto para 2020, que era de R$ 3,3 bilhões. O nível de doações durante a pandemia demonstrou o quanto é possível que os diversos atores sociais ajudem e doem além do que já vem sendo feito. Segundo a mesa, o grande desafio agora será manter o crescimento do investimento social privado.

Nesse contexto, tiveram grande atuação e importância as lideranças comunitárias que, por estarem inseridas nos territórios, puderam agir de forma ágil e eficiente, destinando os recursos da melhor forma.

Assista à palestra completa através do vídeo abaixo

 

 

Fundações e Institutos Comunitários têm extrema importância para a agenda pública

Institutos e Fundações comunitárias têm se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região.

Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Lúcia Dellagnelo no Seminário IDIS Transformando Territórios.

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

No seminário, discutiu-se a respeito da relação das Fundações e Institutos Comunitários com a Agenda pública, compreendendo a necessidade de articulação e escuta por parte dessas fundações para garantir a concretude de agendas públicas necessárias para a comunidade

 

Lúcia Dellagnelo, Patrícia Loyola e Eliana SousaDebatendo o assunto estiveram Lúcia Dellagnelo (Fundadora e conselheira do Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e Eliana Sousa (Diretora Fundadora da Associação Redes da Maré e Líder participante do Programa Transformando Territórios), mediadas por Patrícia Loyola (Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas). As painelistas destacaram, principalmente, a ideia de que fundos comunitários surgem para formar um legado nos territórios onde estão inseridos, mantendo as mudanças e melhorias para gerações futuras.

Seminário IDIS Transformando Territórios.

O grande destaque do painel veio do debate sobre a importância de se compreender o que os territórios necessitam antes de filantropos ou empresas realizarem doações diretas. A criação de fundos comunitários por FICs foi apontada como uma solução. Elas seriam as receptoras dos recursos e responsáveis pela gestão e distribuição. Segundo Dellagnelo, essas instituições ‘ponte’ apoiam a estrutura social, conhecem o contexto das organizações de base e o que a população efetivamente necessita.

As perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários no país

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Em maio desse ano, IDIS e Mott reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Helena Monteiro, Shannon Lawder, Nicholas Deychakiwsky e Mamo Mohapi

Presentes no evento Nicholas Deychakiwsky (Senior Program Officer da C.S. Mott Foundation), Shannon Lawder (Director of the Civil Society Program daC.S. Mott Foundation) e Mamo Mohapi (Program Officer da C.S.Mott Foundation) e Helena Monteiro (Diretora Executiva do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) debateram em um painel as perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários. 

Mamo Mohapi (Program Officer da C.S.Mott Foundation) no Seminário IDIS Transformando Territórios.

Nicholas destacou que as FICs têm o papel de compreender o que é necessário na sociedade e território, ponto que, muitas vezes, o 2º Setor (as empresas) acha que sabe mais por ter mais dinheiro. Mas, na realidade é um conhecimento que o 3º setor possui muito mais, justamente por essa proximidade com o território, ou seja, com as pessoas que ali vivem.

Helena Monteiro (Diretora Executiva do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) no Seminário IDIS Transformando Territórios.

Ele acrescentou, ainda, que o sistema como o conhecemos atualmente irá ruir se não olharmos para o que o terceiro setor já vem fazendo e resolvendo há tanto tempo com mais atenção. “É importante construir capacidade e confiança nos territórios, garantindo a perenidade de suas ações e evolução de sua comunidade”, disse o representante da Mott Foundation.

 

O evento contou ainda com outros três painéis discutindo temáticas variadas em torno da filantropia comunitária e sua evolução no país. Confira a palestra na íntegra e o evento completo abaixo:

 

Organizações comunitárias participam de encontro do Transformando Territórios em São Paulo

Mais de 20 líderes de fundações e institutos comunitários (FICs) de oito estados, participantes do programa Transformando Territórios, viajaram a São Paulo para três dias de programação, incluindo oficinas, seminário e visitas durante o mês maio. Também estiveram com parceiros, doadores e embaixadores do Programa, além de representantes da C.S. Mott Foundation, organização americana que assina a autoria do programa com o IDIS.

Lançado em 2020, com o objetivo de fomentar a criação de FICs no Brasil, o Transformando Territórios vinha promovendo encontros exclusivamente online entre os participantes, em função das restrições impostas pela pandemia. No encontro promovido no dia 18, estes líderes tiveram a oportunidade de se conhecerem pessoalmente,  trocar experiências e estreitar laços. A primeira atividade,  foi uma visita a Fundação FEAC e o FEAV – Fórum da Entidades Assistenciais de Valinhos, localizadas na cidade de Campinas e Valinhos, respectivamente, interior do estado de São Paulo. Ambas entidades, a partir do ingresso no Transformando Territórios, realizaram a mudança no modelo de operação para o de FIC, que é um dos objetivos do Programa. Durante a visita, os participantes puderam conhecer como foi esse processo para a FEAV e FEAC e ver na prática como têm se organizado.

Jair Resende, da FEAC

 

De volta à cidade de São Paulo, tiveram no dia 19, um workshop na sede do Instituto Jatobás. Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, conduziu uma dinâmica para que os líderes se conhecessem e interagissem. Houve também um momento para autoavaliação e troca de conhecimento sobre atividades e rotinas que estão realizando nos respectivos territórios e uma palestra sobre ‘Captação de Recursos para Grantmakers’, com o especialista e consultor Michel Freller.

Michel Freller em atividade

Michel Freller em atividade sobre captação de recursos para organizações participantes do Transformando Territórios

(foto seminário) O terceiro dia do encontro foi dedicado ao Seminário Transformando Territórios, encontro aberto a um público mais amplo de interessados no tema. Em quatro painéis, especialistas compartilharam suas percepções sobre a importância do modelo, seus desafios e perspectivas para o Brasil. Saiba mais sobre o Seminário e assista aos vídeos aqui.

“Reunir estas lideranças, promover trocas e fortalecer esta rede foi potente e mostrou que estamos seguindo na direção certa. No próximo biênio, temos como objetivo fortalecer estas FICs”, comenta Whilla Castelhano, coordenadora do Transformando Territórios no IDIS.

Saiba mais sobre o Transformando Territórios e FICs e acesse o site do projeto:

 

 

 

Festival ABCR 2022: Confira a participação do IDIS

O Festival ABCR 2022, a maior conferência de captação de recursos da América Latina, traz em sua décima quarta edição o tema “diálogos para a retomada”. 

O evento será realizado nos dias 27 e 28 de junho, em São Paulo e contará com mais de 50 palestras de 5 diferentes eixos temáticos: Gestão e Captação de Recursos, o papel do captador, inovação e redes de captação, comunicação e engajamento e, por fim, ferramentas e fontes de captação de recursos. 

As palestras “10 Respostas objetivas para dúvidas frequentes sobre fundos patrimoniais” e “Transformando Territórios: captando recursos junto à comunidade” serão conduzidas por especialistas membros da equipe IDIS. Confira:

Para responder dúvidas frequentes sobre fundos patrimoniais, Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS e Paula Gonçalo, analista de projetos do IDIS, conduzirão a sessão “10 Respostas objetivas para dúvidas frequentes sobre Fundos Patrimoniais”. Ambas possuem vasta experiência com projetos de fundos patrimoniais e recentemente, colaboraram com sua experiência e conhecimento para a publicação  Panorama dos Fundos Patrimoniais no Brasil

Para falar da captação de recursos para projetos comunitários, Whilla Castelhano, coordenadora de projetos do IDIS, irá participar da sessão “Transformando Territórios: Captando Recursos junto à comunidade”. Whilla lidera o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. 

Este é um evento pago e presencial. As inscrições podem ser feitas no site: festivalabcr.org.br/inscricoes/

Todos os protocolos de segurança serão respeitados durante o evento, com o distanciamento mínimo necessário e a obrigatoriedade de vacinação completa para os participantes.

Sobre a ABCR

A ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos, fundada em 1999, é uma associação civil sem fins lucrativos, que atua pela promoção da sustentabilidade do Terceiro Setor e pelo desenvolvimento da captação de recursos das organizações da sociedade civil. Atualmente nossa rede de associados é composta por mais de 400 membros em quase todos os Estados do país.

 

IDIS 2022: vamos juntos!

Com energias renovadas, muitos planos e disposição, entramos em 2022 prontos para inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto!

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Hoje, compartilho alguns dos principais projetos para o ano que inicia. E por acreditar no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista, convido todos para a atuação em parceria. Vamos juntos sonhar mais, criar mais, transformar mais!

Combater os efeitos da pandemia ainda é urgente. Em 2020, respondemos criando o Fundo Emergencial para a Saúde e fortalecendo o SUS, em 2021, o foco foi o programa Redes para a Inclusão Produtiva, em parceria com o Sebrae SP, e neste ano, reunimos parceiros para lançar o Fundo de Conectividade para escolas da rede pública de ensino, visando dar aos alunos uma estrutura mais adequada para o momento que vivemos. Também nos dedicaremos ao Transformando Territórios, programa de desenvolvimento de institutos e fundações comunitárias por meio do qual, com o apoio da Mott Foundation, investiremos R$ 1 milhão no fomento de iniciativas, e seguiremos na liderança da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, atuando para melhorar o ambiente regulatório para este importante mecanismo de sustentabilidade para causas e organizações.

Entre os projetos de Conhecimento, destaco o mapeamento de tendências da filantropia que lançaremos ainda no início deste ano, além da realização do 11º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que pretendemos realizar em formato híbrido, com sessões presenciais e transmissão ao vivo. Teremos duas publicações sobre Fundos Patrimoniais no Brasil, que nos permitirão entender com mais exatidão o panorama no País, um estudo sobre modelos emergentes de doação, desenvolvido em parceria com a Lilly School of Philanthropy, e o apoio à realização da Pesquisa Voluntariado no Brasil 2001+20.

Por meio da consultoria, vamos manter a realização de projetos customizados para famílias, empresas e organizações da sociedade civil, os apoiando em sua trajetória de investimento social. O suporte para o planejamento estratégico deve se manter forte, e a tendência mostra que há crescente demanda por apoio técnico em áreas como criação de fundos patrimoniais, gestão da doação e avaliação de impacto.

A agenda ESG, por fim, deve seguir ganhando relevância. No ano passado, participamos ativamente da criação do Pacto de Promoção da Equidade Racial e nosso foco será no fortalecimento do pilar SOCIAL, contribuindo ao debate e à produção de conhecimento, por meio de artigos, notas técnicas e eventos, e oferecendo consultoria àqueles que pretendem evoluir nesta pauta.

Internamente, investiremos em processos e no desenvolvimento de nossa equipe, nosso maior ativo!

Os dozes meses parecem pouco, mas não estamos sós. É colaborando uns com os outros e criando pontes que chegaremos mais longe e mais rápido. Será um ano de grandes projetos, de muito impacto e de colaboração!

Um feliz 2022 para todos nós!

Paula Fabiani

1 milhão de reais em matching para desenvolvimento de organizações comunitárias

Com 14 organizações participantes e 1 milhão de reais captados com a Charles Stewart Mott Foundation para matching de recursos locais, o Transformando Territórios está encerrando 2021 com grandes avanços e planos ainda maiores para 2022. O projeto, realizado pelo IDIS, teve início em 2020 com apoio da fundação americana e tem como objetivo fomentar e apoiar o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários no Brasil.

Apesar das grandes dificuldades e mudanças causadas pela pandemia da COVID-19 ao longo dos últimos quase dois anos, o Transformando Territórios continuou as atividades junto a um grupo de 20 lideranças interessadas no desenvolvimento de uma organização comunitária em seus territórios, acreditando que este modelo operacional poderá trazer as mudanças e avanços necessários para a filantropia local.

Entre as ações deste ano, estão workshops, palestras, consultorias individuais e em grupo, fortalecendo e apoiando estes líderes para o desenvolvimento destas organizações. Ao todo, 12 encontros foram realizados ao longo do ano e mais de 200 pessoas foram impactadas.

Para fortalecer as organizações participantes do programa, serão disponibilizados o R$ 1 milhão da Mott Foundation. A doação será em formato de matching, ou seja, para cada 1 real captado por estas organizações a Mott Foundation doa 1 real para elas. Entre os doadores locais, estão o Instituto ACP, que selecionou três organizações para receberem aportes financeiros com atividades de desenvolvimento institucional, e pessoas físicas como José Luiz Setúbal, Teresa Bracher e Flavio Bitelman.

TransformandoTerritorios_BeatrizJohannpeterPara disseminar o conceito da filantropia comunitária e engajar doadores, o Transformando Territórios conta com cinco embaixadores: Beatriz Johannpeter, Helena Monteiro, José Luiz Egydio Setúbal, Lúcia Dellagnelo e Maria Alice (Neca) Setúbal. Ao longo do ano, com apoio do IDIS e da Levisky Legado, dois embaixadores e a filantropa Betty Feffer promoveram eventos para um número restrito de convidados, que puderam debater o tema, conhecer exemplos práticos e planejar estratégias de apoio.

Com planos para 2022, além da continuidade das consultorias, palestras e workshops, o IDIS planeja um seminário com as organizações participantes, apoiadores e embaixadores, além da produção de uma publicação sobre a trajetória deste Programa.

Para conhecer mais sobre as organizações, embaixadores e novidades, acesse o site do Programa Transformando Territórios.

IDIS participa de primeiro Simpósio Global de Filantropia

O Simpósio Global de Filantropia, promovido pela Charities Aid Foundation (CAF), reuniu integrantes da sociedade civil que atuam e fortalecem a filantropia em diferentes partes do mundo. O evento aconteceu no dia 9 de novembro ao longo de 19 horas e reuniu representantes de 10 países, sendo eles: África do Sul, Austrália, Brasil, Bulgária, Canadá, Estados Unidos, índia, Inglaterra, Rússia e Turquia. Com o foco em doadores, o encontro abordou não só a tendência internacional como também a percepção local nos diferentes continentes. Dentre os temas debatidos estão a filantropia de impacto, empoderamento negro, confiança e mecanismos de doação internacional. 

Representante da CAF no Brasil, o IDIS marcou presença no Simpósio e conduziu dois debates relevantes para a filantropia brasileira. Aprofundando o tema da colaboração entre empresas e organizações da sociedade civil, a mesa ‘Empresas Grantmakers: impacto social por meio do apoio a OSCs’ contou com a participação de Daniela Grelin, diretora do Instituto Avon, e Paulo Eduardo Batista, diretor executivo do Instituto Mosaic. A conversa foi moderada por Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS. No segundo painel, Eliane Sousa Silva, fundadora e diretora da Redes da Maré e Erika Sanchez, diretora executiva do Instituto ACP foram convidadas para integrar a mesa ‘Transformando Territórios: investimento para o desenvolvimento local’, mediada por Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS.

 

Empresas Grantmakers: impacto social por meio do apoio a OSCs

A preocupação com impacto social tem crescido entre as empresas e as ações voltadas para a transformação social passam a ser pensadas como parte do plano estratégico de crescimento no meio corporativo. O apoio a projetos de organizações da sociedade civil é uma das maneiras pela qual esta dinâmica tem sido organizada. Empresas que apoiam OSCs e/ou financiam projetos sociais já existentes são denominadas grantmakers e para integrar a conversa, convidamos Daniela Grelin do Instituto Avon e Paulo Eduardo Batista do Instituto Mosaic, duas pessoas que estão à frente da atuação social de grandes empresas.

O Instituto Avon atua como uma grantmaker nas causas do câncer de mama buscando levar informação segura e confiável sobre a saúde das mamas a todas as mulheres, e também na violência contra mulheres e meninas por meio da promoção diálogo, estímulo à ação e melhora da qualidade dos serviços oferecidos às mulheres para a construção de relações saudáveis. São quatro os pilares de atuação do Instituto para o empoderamento da mulher: a promoção e divulgação de conhecimento, advocacy, grantmaking e conscientização e engajamento. Daniela enfatizou que um dos requisitos para a transformação social em grande escala é a colaboração. Segundo ela, os entes públicos têm uma atuação muito fragmentada no país e a atuação em rede contribui para suprir esta demanda, destacando para que isso funcione precisa haver confiança mútua entre os colaboradores, que pode ser fortalecida por meio de prestação de contas. 

O Instituto Mosaic é o braço social da Mosaic no Brasil. Ele como missão promover o desenvolvimento mútuo e sustentável nas comunidades, promovendo o bem-estar, a educação de qualidade, a formação de pessoas e o fortalecimento de valores como ética, colaboração e responsabilidade. Paulo contou como se dá essa atuação, começando pelo desenvolvimento local em educação, que promove projetos que envolvem a capacitação de escolas, principalmente professores na primeira infância, seguido dos projetos de reciclagem e alimentação que incentivam a colaboração e o desenvolvimento local. O Edital da Água, projeto que contou com o apoio técnico do IDIS, tem como objetivo promover ações de melhoria da gestão dos recursos hídricos nas comunidades em que a empresa atua. Assim como Daniela, ele também enfatizou a importância do fortalecimento da relação de confiança entre as empresas e as organizações e ressaltou que a prestação de contas não é apenas um relatório, mas também um aprendizado. 

Finalizando, Andra Hanai reforçou: “A relação de confiança construída dos dois lados tem um sucesso maior e potencializa o impacto desse processo”.

 

Transformando Territórios: investimento para o desenvolvimento local

Institutos e fundações comunitárias têm se consolidado cada vez mais internacionalmente como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios. Neste modelo de atuação, o investimento é voltado para uma localidade específica, seja um bairro, uma cidade ou região. Nesse sentido, muitas organizações apostam neste modelo como uma ferramenta de transformação de territórios. 

Eliane Silva, que integrou o painel, está à frente da Redes da Maré, uma instituição da sociedade civil que produz conhecimento, projetos e ações para garantir políticas públicas eficazes para melhorar a vida dos moradores das 16 favelas da Maré, no Rio de Janeiro. Crescida em uma das favelas do Complexo da Maré, Eliane enfatizou que o trabalho coletivo garante a permanência de um trabalho tão robusto quanto o que a organização realiza hoje, em especial o envolvimento da comunidade nos projetos. Falando sobre as ações da organização, ela destacou: “Temos entregas muito concretas, agora temos que pensar nesse estímulo e inspiração para que outros movimentos queiram se engajar, estimular que outras lideranças, outros grupos que querem partilhar de um processo de mudança juntos”.

De acordo com Erika Sanchez, diretora executiva do Instituto ACP, organização que apoia projetos de desenvolvimento organizacional de iniciativas comprometidas em gerar impacto positivo na sociedade, a pandemia trouxe a ação comunitária mais ainda para o centro, pois sua importância ficou evidente e muito clara nas áreas mais vulneráveis do país, comenta. Ela chama atenção para a relevância da construção de relações mais horizontais, da criação de autonomia e confiança na transformação de um território. Para ela, “a sociedade civil brasileira é enorme e tem um papel muito importante nessa construção, por isso a importância de ser fortalecida”. 

O Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS em parceria com a Mott Foundation, surgiu com o objetivo de fortalecer e fomentar institutos e fundações comunitárias no Brasil. Conheça o programa, acesse transformandoterritorios.org.br.

A Charities Aid Foundation (CAF) é uma organização britânica dedicada à filantropia e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir de sua doação. Sua rede global consolidando-se como a maior estrutura de apoio ao investidor social privado, no mundo. Além da sede no Reino Unido, a CAF também atua na África do Sul, Austrália (Good2Give), Brasil (IDIS), Bulgária (BCause), Canadá, Estados Unidos, Índia, Rússia e Turquia (Tusev).

Institutos e fundações comunitárias norteiam conversa no Podcast ‘Aqui se faz, aqui se doa’

O episódio do podcast ‘Aqui se faz, Aqui se doa’ com a participação do IDIS foi voltado para ações e atuação dos institutos e fundações comunitárias, isto é, associações que atuam em prol de um território geográfico limitado, seja este um bairro, uma cidade ou região. Para conhecer mais sobre esse tipo de organização, Eliana Sousa Silva, fundadora e diretora da ONG Redes da Maré, foi entrevistada por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Roberta Faria, do Instituto Mol. O podcast é uma iniciativa do Instituto Mol e este episódio integra a série especial de participações do IDIS.

Convidada para falar do funcionamento desse modelo de ação na prática, Eliana Sousa Silva contou sobre ações e iniciativas da organização no Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Com destaque para a atuação durante o auge da pandemia de COVID-19, foram promovidas ações para a alimentação e pela saúde da população no território.

Confira na íntegra:

“De acordo com o levantamento realizado pelo Community Foundation Atlas, existem mais de 1.800 institutos e fundações comunitárias no mundo e juntas, essas organizações movimentam mais de 5 bilhões de dólares todos os anos. Para fortalecer esse movimento no Brasil, em 2020 o IDIS criou o programa Transformando Territórios, em parceria com a Mott Foundation”, conta Paula sobre o programa Transformando Territórios, criado para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no país.

Saiba mais sobre o programa, acesse transformandoterritorios.org.br

 

 

Instituto Comunitário de Valinhos avança no diagnóstico da região com apoio do IDIS

Com objetivo de estruturar um plano estratégico de ações para o território de Valinhos, cidade da região metropolitana de Campinas, SP, a FEAV – Fórum de Entidades Assistencialistas de Valinhos promoveu um workshop com a participação de lideranças e das 11 entidades de sua rede. A programação acontece dentro do âmbito do Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

A FEAV é uma das 14 organizações participantes do programa e tem avançando rapidamente nas atividades para a formalização de um Instituto Comunitário. No evento, a organização o apresentou o diagnóstico detalhado do mapeamento de demandas e potencialidades do território e das instituições locais, feito com apoio do IDIS, incorporando as sugestões do público. Whilla Castelhano, coordenadora do IDIS no Transformando Territórios, participou também apresentando conceitos e objetivos do Programa.

Workshop FEAV e IDIS - Transformando Territórios

Whilla Castelhano durante Workshop com a FEAV

Entre os próximos passos previstos estão a definição do planejamento estratégico de curto prazo, a partir da priorização de ações, e a definição de um modelo de negócios para que as necessidades sejam endereçadas.

“É preciso conhecer o território de abrangência e verificar os serviços e as demandas apontadas. Agora precisamos avançar, com o envolvimento de todos para que esse projeto se transforme em processo”, destacou Eliane Macari, presidente da FEAV.

Para saber mais sobre o Transformando Territórios e sobre o conceito de Institutos e Fundações Comunitárias, acesse: https://www.idis.org.br/projetos-de-impacto/fundacoes-e-institutos-comunitarios/

Workshop FEAV e IDIS - Transformando Territórios

*As medidas de segurança para a Covid-19 (distanciamento e o uso de máscaras) foram respeitados durante o evento.

 

Veja também: Você já ouviu falar em Institutos e Fundações Comunitárias?

Bibliografia sobre Filantropia Comunitária

A literatura sobre Fundações e Institutos Comunitários é muito vasta e rica, para facilitar a leitura inicial sobre o conceito e referências nacionais sobre o tema separamos estas doze bibliografias.

Filantropia Comunitária: Terreno Fértil para o Desenvolvimento Social. 

Fundações Comunitárias no Brasil: Presente e Futuro

What do we mean by community foundation

Community Philanthropy and a New Model of Development Hodgson

Expandindo e fortalecendo a filantropia comunitária no Brasil.

Community Foundation Atlas

Columbus Survey Results

The New Generation of Community Foundations.

Em Busca do Equilíbrio

Carta de Princípios da Rede Iberoamericana de Fundações Cívidas e Comunitárias.

The Growing Importance of Community Foundations

Keeping the “Community” in Community Foundations

Vídeos sobre Filantropia Comunitária

Para aprender mais sobre Fundações e Institutos Comunitários, separamos alguns vídeos que apresentam o conceito de forma ilustrativa e simples!

 

What is a Community Foundation? – KernFoundationLive

 

 

 

Sample Video: What is a Community Foundation?

 

What is a Community Foundation? – Community Foundation of Madison & Jefferson Co.

 

Community Foundation Atlas – Intro Video

 

UK Community Foundations – The power of Community Foundations

 

Global Fund for Community Foundations (GFCF) – A resposta é local: Como a filantropia comunitária transfere poder e muda o mundo

https://www.youtube.com/watch?v=QA88jnFF5hY&t

 

 

Tot Raval Foundation

 

Atuação filantrópica territorial é destaque no Valor

A filantropia comunitária em territórios é um movimento que vem ganhando espaço no país e é destaque no jornal Valor Econômico. Estas iniciativas que visam ampliar a participação individual e fomentar estratégias de longo prazo para a mudança social em territórios estão sendo aprimoradas nos últimos anos. O trabalho coordenado entre ONGs, fundações, associações de ação social, empresas e universidades se mostra muito mais eficiente na transformação social e vem demostrando grande potencial de impacto.

Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, os esforços que envolvem o conceito mais amplo de filantropia comunitária, representam uma tendência que veio para ficar. Segundo Paula, “a sociedade entendeu que precisa de soluções integradas e locais”. “Este olhar mais sistêmico e com atuações transversais estimula o surgimento das fundações comunitárias”, ressalta.

A atuação das associações leva em conta as realidades de áreas delimitadas, levantando informações socioeconômicas, promovendo saúde, inclusão produtiva e empreendedorismo. Paula cita como exemplos desse modelo de atuação do ICom – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis; o Instituto Comunitário Baixada Maranhense e a Tabôa, associação comunitária criada no sul da Bahia pelo fundador da Natura Guilherme Leal. Todas estas organizações fazem parte do projeto Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Confira o artigo na íntegra.

 

Carta de Princípios para Institutos e Fundações Comunitárias

Saiba os princípios e valores de Institutos e Fundações Comunitárias.

Fundações e Institutos Comunitários (FICs) são organizações que atuam em prol do desenvolvimento comunitário de um determinado território geográfico, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto social positivo para o desenvolvimento do território.

Diferente dos modelos tradicionais de assistência externa ao desenvolvimento comunitário, na qual cidadãos são vistos como beneficiários, as FICs diferenciam-se pela abordagem filantrópica horizontal na qual os cidadãos são coinvestidores e responsáveis pela transformação da própria realidade, estabelecendo uma relação de confiança, transparência e de responsabilidade mútua sobre o bem-estar da comunidade, garantindo a legitimidade das ações promovidas e a defesa dos direitos e interesses comunitários.

Devido ao caráter local de sua atuação e ao protagonismo concedido à comunidade, Institutos e Fundações Comunitárias garantem não apenas a captação e investimento junto à mais diversos territórios, mas também, como profundos conhecedores da realidade local por terem um diálogo estabelecido com a comunidade local, são geralmente as primeiras instituições a responderem às necessidades emergentes do território, direcionando o investimento dos recursos as causas (saúde, sustentabilidade, educação, etc) de maior necessidade do território.

A capacidade em oferecer respostas ágeis e assertivas aos desafios locais, reflete o importante papel desta estrutura institucional para a garantia de direitos e bem-estar social, principalmente diante da eclosão de crises econômicas, sanitárias, ambientais e humanitárias, que evidenciam cada vez mais as desigualdades sociais e a ineficácia do governo em atender a demandas comunitárias urgentes.

Neste sentido, o papel como grantmaker – ou seja, organização distribuidora de recursos – assegura a vitalidade e fortalecimento do setor social  da região, oferecendo às organizações da sociedade civil e coletivos locais tanto o suporte financeiro como também suporte técnico, permitindo a construção de capacidades dessas iniciativas sociais para que sejam capazes de atuar na linha de frente do endereçamento dos mais diversos  desafios sociais.

O sucesso do modelo dos Institutos e Fundações Comunitárias se deve à capacidade em assumir múltiplos papéis exercendo, além do papel de grantmakers e de lideranças comunitárias, a função de articuladoras, capazes de dialogar com o poder público, setor privado, e setor social, de modo a captar e potencializar investimentos na comunidade no longo prazo.

 

VALORES E PRINCÍPIOS

As FICs possuem princípios e valores que norteiam suas ações e atividades. São 9 princípios que guiam as atividades:

  • Instituições locais;

  • Provedoras de apoio institucional e técnico às organizações e iniciativas sociais locais;

  • Multitemáticas

  • Instituições juridicamente estabelecidas, perenes e com visão de longo-prazo

  • Financiadas por fontes de recursos diversas

  • Majoritariamente grantmakers

  • Representadas por membros da comunidade

  • Provedoras de serviços para doadores

 

Além disso, é importante lembrar que as fundações comunitárias  por atuarem na melhoria na qualidade de vida da sociedade e em defesa dos interesses públicos precisam ter alguns valores bem definidos para afirmar sua legitimidade, como a defesa dos valores democráticos e a transparência na comunicação e de dados para criar uma relação de confiança com a comunidade ao seu redor.

Para conhecer mais sobre esses princípios e valores das FICs, confira a Carta de Princípios – Institutos e Fundações Comunitárias.

Incentivo à Filantropia Comunitária – novos passos de uma jornada

Desde sua fundação, em 1999, a Filantropia Comunitária é um tema caro ao IDIS e considerado prioritário para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária. Em parceria com outras organizações e investidores sociais, temos atuado no sentido de promover um movimento de incentivo à prática no Brasil.

Neste ano, somamos a esta trajetória um novo marco – o lançamento da publicação ‘FILANTROPIA COMUNITÁRIA: Terreno fértil para o Desenvolvimento Social’, fruto de um estudo realizado com o apoio da Mott Foundation e que traz detalhes sobre o processo de mapeamento de organizações comunitárias, os resultados da pesquisa e ideias de estratégias para fortalecer o movimento no Brasil. A publicação, já disponível no site do IDIS, foi lançada no dia 31 de maio em São Paulo, na presença de Nick Deychakiwsky e Carlos Rios-Santiago, Diretores de Programas na Mott Foundation, cuja visita teve por objetivo dar continuidade ao processo de fortalecimento do tema no Brasil e de aproximar os investidores sociais do conceito de Filantropia Comunitária.

Durante sua estadia no país, Nick e Carlos visitaram organizações voltadas ao fortalecimento de comunidades locais. Acompanhados por Raquel Altemani, gerente de projetos no IDIS, os representantes da Mott Foundation tiveram a oportunidade de conhecer de perto o trabalho desempenhado pela Fundação Urbe9 (em Campinas-SP), IBEAC – Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário e Fundação ABH (ambas no município de São Paulo), ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (em Florianópolis) e Redes da Maré (no Rio de janeiro). Além disso, também foram realizados encontros com organizações que trabalham pelo desenvolvimento da Filantropia no país, como o GIFE, WINGS e a Rede de Filantropia para a Justiça Social.

A visita também inclui um encontro entre investidores sociais e a fundação americana. Nick descreveu o conceito de Fundações Comunitárias, apresentando o trabalho da Mott e seu interesse em implementar esse modelo de organização ao Brasil. Em seguida, Raquel Altemani comentou sobre os resultados e insights adquiridos ao longo da pesquisa de mapeamento de organizações comunitárias no Estado de São Paulo em 2018, estimulando o debate e o compartilhamento de percepções entre os investidores sociais.

Tivemos também o prazer de participar do evento Expandindo e Fortalecendo a Filantropia Comunitária no Brasil, organizado pela Rede de Filantropia para a Justiça Social. Foi um dia dedicado à troca de experiências entre fundações, institutos e organizações comunitárias, e mais um passo para a consolidação do tema no Brasil. Nessa ocasião, integramos o painel “Pesquisas e Tendências da Filantropia Comunitária no Brasil”, no qual apresentamos nossa experiência com a Mott Foundation. Além disso, pudemos aprender com a visão internacional de Jenny Hodgson, Diretora Executiva do Global Fund for Community Foundations, sobre experiências de Filantropia Comunitária ao redor do mundo, e com a perspectiva de representantes de organizações comunitárias no Brasil – como a Associação Indígena da Comunidade Kisêdjê, Caranguejo Uçá, Instituto Baixada, Rede de Bancos Comunitários da Bahia, Casa Fluminense, ICOM – e representantes de fundações e associações no Brasil comprometidas com o apoio a organizações comunitárias. Dessa forma, as iniciativas e a mobilização de atores engajados no campo da Filantropia Comunitária refletem a relevância do tema não só para a agenda do IDIS, mas para o desenvolvimento do país como um todo.