Por que grupos minorizados precisam participar da governança na filantropia?

Artigo publicado originalmente na Exame em 20/11/2024

* Por Viviane Elias Moreira e Andrea Hanai

Viviane Elias Moreira: "É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores." (Leandro Fonseca/Exame)

Viviane Elias Moreira: “É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.” (Leandro Fonseca/Exame)

Estima-se que tomamos aproximadamente 35 mil decisões diariamente, variando das simples às complexas. Embora sempre presente no nosso cotidiano, a tomada de decisão nem sempre é trivial. Nossa escolhas podem ser decisivas para nossas próprias vidas, ou afetar o futuro de nações, de organizações ou a vida de milhares, até milhões de outras pessoas.

Quando entramos na seara das instituições, chegamos a este assunto tão importante, mas ainda subestimado: a Governança. O conceito envolve sistemas, princípios, regras, estruturas e processos que levam pessoas a tomarem decisões mais adequadas, assertivas, sustentáveis, equilibradas, inclusivas e norteadas pela transparência.

Hoje, vamos falar especificamente da governança para o investimento socioambiental. Refletir sobre como são feitas as escolhas sobre a destinação de recursos para este ou aquele projeto ou organização. A provocação proposta neste texto tem a intenção de convocar todos para sairmos de uma zona de conforto que a rotina, ou o privilégio, por vezes nos impõe.

No âmbito da filantropia, é preciso que o setor reconheça a importância da diversidade e inclusão em seus processos, objetivos e propósitos, passando a enxergá-la não apenas como uma responsabilidade moral, mas como um recurso estratégico para uma verdadeira transformação social. Muitas iniciativas filantrópicas já consideram a diversidade como critério para o direcionamento de recursos, bem como muitas organizações da sociedade civil já adotam critérios afirmativos em seus processos de contratação.

Contudo, a inclusão de pessoas de diferentes origens, raças, etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades e crenças em espaços sociais e de trabalho vai além da representatividade, trata-se de criar ambientes em que essas diferentes vozes sejam ativamente ouvidas, estimuladas e valorizadas. E, para isso, a participação deste público nos processos decisórios da governança é fundamental, trazendo consigo a riqueza de decisões estratégicas que levam em conta uma pluralidade de perspectivas, conferindo legitimidade às ações.

Quando grupos sub-representados ganham espaço e são ouvidos de forma estratégica nas decisões em torno da filantropia, há uma redistribuição de oportunidades e de recursos, que impactam positivamente e estão alinhados com a definição moderna de filantropia, indo muito além de doações financeiras para causas sociais, envolvendo um conjunto de ações mais amplo e estruturado que visa o impacto positivo sistêmico e sustentável.

Quando a filantropia assume a diversidade como um valor essencial para a sua realização, o potencial de impacto é ainda maior, e isso reverbera de outras maneiras, seja promovendo mais justiça social, estimulando o desenvolvimento econômico ou impulsionando inovação e competitividade. No Brasil, onde as desigualdades sociais estão profundamente enraizadas em questões de raça, gênero e localização geográfica, fomentar essas práticas têm um exponencial poder de transformação.

Atingir a igualdade em temas de diversidade ainda é algo desafiador em espaços operacionais. E o cenário se torna ainda mais crítico em órgãos deliberativos da governança. Seguindo o ritmo atual, serão necessários cerca de 20 anos para que haja uma paridade entre homens e mulheres na composição dos conselhos deliberativos, por exemplo, de acordo com o Censo GIFE 2022/2023, que ouviu 137 organizações da sociedade civil, em sua maioria ligadas à filantropia familiar e empresarial. No recorte de raça, apesar dos avanços, o percentual de pessoas brancas nos conselhos ainda é de 92%. Negros são 7%, amarelos/orientais, 1% , e há apenas 1 pessoa indígena mapeada neste espaço.

É claro que mudanças na governança de organizações já estabelecidas podem requerer tempo, o que poderia justificar o ritmo lento com o qual grupos minorizados vêm sendo incluídos em instâncias deliberativas. Porém, preocupa o fato de novas organizações da sociedade civil e novos processos decisórios em organizações estabelecidas estarem sendo criados sem que se leve em conta a diversidade e inclusão.

Um estudo recente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), que traz dados de 74 fundos patrimoniais (endowments) no Brasil, revela que temos a presença de pessoas pretas, pardas ou indígenas em apenas 43% das Assembleias Gerais, 36% dos Conselhos Deliberativos, Curadores ou de Administração, e em somente 11% dos Comitês de Investimento. Uma presença numericamente muito baixa, que em nenhuma das instâncias supera 8% dos membros.

Cenário um pouco melhor é o que considera a questão de gênero. As mulheres estão presentes na maior parte dos Conselhos e Comitês, mas ainda assim não chegam a ocupar metade das cadeiras destes órgãos. Por fim, outro aspecto interessante é o fato de que 78% dos fundos patrimoniais (58, entre os 74 da amostra) foram criados a partir de 2010.

A filantropia é umas das maneiras mais eficientes de impulsionar mudanças sistêmicas que não apenas são capazes de reduzir a desigualdade social mas, também, de construir uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, criando um país com oportunidades verdadeiramente iguais para todos.

Se queremos preservar a legitimidade e relevância de nossa filantropia e de nossa sociedade civil organizada, precisamos olhar com mais seriedade, a diversidade e inclusão não somente nas ações e projetos realizados, mas também no processo decisório em torno de nossa estratégia e atuação.

É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.

* Viviane Elias Moreira é conselheira fiscal no Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), e Andrea Hanai é gerente de projetos no IDIS

Estudo aponta correlação entre boas práticas de Investimento Social Privado e Agenda ESG

O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS lança o estudo ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a agenda ESG’, que aponta a correlação existente entre boas práticas de ISP e a Agenda ESG, a partir da análise das notas do Índice de Sustentabilidade Empresarial, o ISE B3, o maior índice de sustentabilidade do país. O levantamento analisou o triênio 2022-2024 das empresas que fazem parte do indicador e, durante o período avaliado, a prática de Investimento Social Privado manteve-se sempre entre os dez tópicos que possuem maior correlação com a nota do ISE B3, o que demonstra que empresas que têm um bom desempenho em ISP tendem a ter bons resultados em sustentabilidade empresarial como um todo.

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A análise dos dados reforça a tese de que é preciso conectar as ações de ISP das empresas com desafios e o propósito das marcas, buscando uma atuação estratégica que considere aspectos materiais do negócio e um bom mapeamento de partes interessadas e diferentes formas de engajá-las.

“Dedicamos esforços para que o estudo também funcionasse como um guia orientador para as empresas avaliarem suas práticas e prioridades de investimento social privado, engajamento de stakeholders e relacionamento com comunidades relacionadas à Agenda ESG. O resultado são dados e informações fundamentais para estimular mudanças que beneficiem não apenas as próprias empresas, mas também os parceiros e as comunidades envolvidas”, explicou Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS.

A performance em ISP e Cidadania Corporativa das empresas respondentes do ISE B3 ocupou a segunda maior correlação em 2022. Em 2023, o ISP apareceu no quinto lugar; e em sexto lugar, em 2024, mantendo-se no topo do ranking. Além disso, as empresas que afirmaram dar importância ao protagonismo de atores locais da sociedade civil em suas ações de ISP demonstraram uma performance consideravelmente superior em comparação com aquelas que não consideram esse aspecto.

Entre as ações de ISP adotadas por empresas, a prática de avaliação de projetos apoiados foi a que apresentou o maior crescimento no triênio, evidenciando sua valorização. Já a garantia de autossuficiência para organizações e auditoria para projetos apoiados são as práticas menos adotadas. O estudo mostra, aliás, que empresas que avaliam o resultado de suas iniciativas de ISP também apresentaram uma performance superior no índice como um todo: Entre 2022 e 2024 houve um aumento significativo nas notas das empresas que dizem avaliar o resultado de iniciativas apoiadas por meio do Investimento Social Privado. A diferença da nota mediana daquelas que não adotam essa prática chega a 20 pontos para mais, entre as organizações que possuem políticas de avaliação.

IDIS leva ESG e Cultura de Doação ao FIFE 2024

Com participantes de todo o Brasil, o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica, ou simplesmente FIFE, foi recebido em 2024 por Belo Horizonte. Havia mais de 1.200 pessoas na capital mineira, mobilizadas durante quatro dias para falar sobre os mais diversos temas que influenciam nosso campo e, claro, para se encontrar. Do convívio e das trocas, surgem reflexões, novas ideias, novos projetos, novas parcerias e novas amizades.

Entre os assuntos de destaques nesta edição, a conexão das OSCs à Agenda ESG, questões relacionadas à comunicação, ao uso da tecnologia, em particular a inteligência artificial, a gestão de voluntariado e avaliação de impacto. E claro, não ficaram de fora mesas que abordaram aspectos jurídicos, contábeis e captação de recursos. Interessante ver a presença do Governo Federal, com representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República. Além de promoverem uma sessão, estiveram em um estande permanente no evento, esclarecendo dúvidas acerca do MIROSC – Marco Regulatório das OSCs e do CONFOCO – Conselho Nacional de Fomento e Colaboração e apresentando as oportunidades para a participação e realização de parcerias entre a Sociedade Civil e o Poder Público.


IDIS no FIFE 2024

Todos os anos, o FIFE abre um edital para receber propostas para a agenda. Neste ano, fomos selecionados para participar de duas sessões.

Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS, esteve no debate ESG e organizações do Terceiro Setor, ao lado de Rodrigo Sêga (Phins), Danilo Tiisel (Social Profit Consultoria) e Edgard Pitta de Almeida (Fundação Don Cabral). Hanai foi bastante enfática em relação à importância da Governança e sobre como as OSCs devem estar preparadas para navegar nestas águas.

Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento, conduziu a sessão Pesquisa Doação Brasil: quanto doam e como pensam os brasileiros. Os dados das edições 2015, 2020 e 2022 foram apresentados com análises sobre a importância de cada um dos achados às organizações que atuam para a promoção da cultura de doação e para as organizações sociais que captam recursos junto a pessoas físicas. A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa do IDIS realizada pela Ipsos e, em 2022, revelou que 36% dos brasileiros acima de 18 anos e com renda familiar superior a um salário mínimo fizeram doações em dinheiro para ONGs, com uma projeção de R$ 12,8 bilhões doados por meio desta modalidade.

O FIFE é idealizado e realizado pela Rede Filantropia desde 2014. Agradecemos a organização pelo convite e parabenizamos por mais este importante evento de nosso setor. A próxima edição acontecerá de 8 a 11 de abril, em Curitiba, e nós já vamos começar a pensar em como poderemos contribuir e em como poderemos aprender ainda mais. Saiba mais no site do evento.

Valoração do impacto social impulsiona o “S” do ESG

Texto publicado originalmente no Valor Econômico

Neste artigo, Denise Carvalho, gerente do IDIS, defende que a mensuração das ações relacionadas ao pilar Social da agenda ESG traz materialidade aos resultados e contribui para narrativas do verdadeiro impacto a longo prazo

Por Denise Carvalho, gerente sênior de monitoramento e avaliação do IDIS

Na sopa de letrinhas do mundo corporativo, o ESG já é uma unanimidade para avaliar e validar se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e com boa governança. São critérios corroborados por metodologias de mensuração de impacto que apontam boas empresas para se investir. Afinal, o ESG está diretamente ligado à sustentabilidade – aqui relacionado à própria viabilidade de existência e geração de lucros dos negócios.

Migrando para o cenário dos investidores sociais, no qual o lucro não é o objetivo fim, o ESG é uma bússola que direciona a atuação estratégica das organizações e abre portas para mensurar o impacto que os projetos desenvolvidos geram nas comunidades atendidas. Mas, como saber se o impacto positivo justifica os investimentos envolvidos?

A mensuração de impacto ambiental, por exemplo, promove diversas relações: quantos hectares deixaram de ser desmatados, quantos gases causadores do efeito estufa deixaram de ser emitidos, quais corpos hídricos foram despoluídos, quantos resíduos deixaram de ser gerados. No social, entretanto, a conta pode ser um pouco diferente.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelos investidores sociais, conforme o próprio ecossistema destaca, é a obtenção de dados de qualidade relacionados ao pilar social da Agenda ESG. Esta percepção foi corroborada pela pesquisa global ESG Global Survey 2023, conduzida pelo BNP Paribas, na qual 71% dos entrevistados apontaram a mensuração dos resultados como a maior preocupação dos investidores. Esta agenda é vista como elemento norteador para as organizações em direção a práticas mais responsáveis, mas, ainda assim, persiste o desafio da padronização e consistência dos dados, particularmente no âmbito social.

Atualmente, as metodologias de avaliação de impacto são capazes de medir, de forma rigorosa, os resultados gerados pelas ações dos projetos sociais. Essas metodologias proporcionam uma análise minuciosa e fundamentada sobre como as atividades de uma organização influenciam pessoas, comunidades e o meio ambiente, buscando compreender a extensão e os efeitos de suas ações, programas e projetos.

Uma avaliação de impacto não se limita a estudar o “o quê”, mas também medir “o quanto”, o “porquê” e o “como” as mudanças ocorrem. Uma vez que as avaliações de impacto estão sempre baseadas em dados e podem apresentar informações em uma linguagem comum, a comunicação dessas análises podem trazer grande visibilidade para a própria organização, além de enriquecer o debate da agenda ESG no mundo corporativo.

Algumas empresas e organizações já reconhecem o potencial das avaliações de impacto como aliadas da Agenda ESG. A Petrobras, por exemplo, vem realizando análises rigorosas em seus diversos projetos sociais e ambientais como parte de seu compromisso com a pauta. Para isso, a empresa iniciou um trabalho de diagnóstico e harmonização de indicadores alinhados com sua estratégia socioambiental, o que permitiu uma identificação mais clara do impacto nas comunidades nas quais opera. Os dados, utilizados com inteligência, permitem o direcionamento estratégico das ações e a ampliação do impacto positivo dos projetos.

Outro aspecto para ficar de olho quando se fala em mensuração dos impactos sociais é a adoção de ferramentas como Inteligência Artificial e blockchain como aliados deste processo, visando garantir ainda mais transparência para os investidores sociais. A natureza descentralizada do blockchain, por exemplo, impede eventuais manipulações de dados, o que aumenta a credibilidade dos relatórios de impacto. Isso permite que os investidores avaliem os resultados socioeconômicos dos projetos financiados de forma mais precisa, segura e eficiente. A fintech Moeda Seeds e a plataforma Banqu são exemplos de organizações que têm realizado trabalho com o apoio dessas ferramentas para aumentar a credibilidade dos dados apresentados.

É por meio da materialização do impacto que os gestores são municiados de dados que permitem a atuação estratégica das organizações, relacionando o valor investido com o retorno social dos projetos. O antídoto para os famosos “washing”.

A avaliação de impacto é fundamental para estabelecer um alicerce sólido para o sucesso sustentável das organizações. Ela transcende a mera medição e se torna um guia estratégico, orientando as empresas em direção a caminhos mais alinhados à agenda ESG. Embora realizar avaliações de impacto possa ser algo desafiador, os benefícios que ela oferece superam, de longe, os possíveis obstáculos.

O que é ESG e como ele se relaciona com o Investimento Social Privado?

Em 2005, durante a conferência Who care wins’ promovida pelo International Finance Corporation (IFC) em conjunto com a ONU, líderes mundiais examinaram o papel de valores ambientais, sociais e de governança para a gestão de ativos e pesquisa financeira. Na ocasião, houve um consenso que esses três fatores desempenham um papel bastante importante no contexto de investimentos de longo prazo.

Assim, ficou oficializado a criação da agenda ESG (em tradução, ambiental, social e governança) e, com ela, a expectativa de que as empresas relatassem suas ações de forma consistente e ativa. A agenda aproximou, por fim, o mercado financeiro ao debate sobre sustentabilidade. Ao mesmo tempo, passou a considerar em suas decisões os riscos que estas pautas podem representar ao valor e à perenidade das organizações privadas.

Nesse artigo, você entende um pouco mais sobre o que é ESG e como ele influencia – e é influenciado – por outras pautas como o Investimento Social Privado (ISP).

 

O que significa ESG?

Apesar de já existir há quase vinte anos, foi em 2020, durante o cenário pandêmico, que a agenda se popularizou, ganhando força especialmente a partir do posicionamento de grandes atores do setor econômico em favor da sustentabilidade corporativa.

Antes de mais nada, é importante esclarecer que quando o assunto é ESG, falamos principalmente das relações entre iniciativa privada e o mercado financeiro. Ou seja, ao considerar investir em uma empresa, investidores passam a incorporar em seu processo de decisão, questões ambientais, sociais e de governança. Os elementos são considerados critérios importantes para avaliar a qualidade do investimento e os riscos não financeiros.

Compreende-se que, dessa forma, empresas passam a dar consideração mais séria à forma como mitigam ou endereçam de maneira mais propositiva os aspectos que afetam todas as partes envolvidas e interessadas em sua atuação; desde colaboradores, a fornecedores e sociedade ao redor. Isso é incorporar a agenda ESG na empresa para que, assim, seja possível alcançar um mundo e sociedade mais sustentáveis.

“Não se trata apenas de identificação, mensuração e gestão de riscos sob perspectiva ampla, mas também de busca ativa pela geração de resultados positivos em todos os âmbitos que circundam a atividade empresarial.”
Guia Prático ESG para Investidores, escritório de advocacia Mattos Filho

Agenda ambiental

O ‘E’ (environmental, em inglês, geralmente traduzido para ambiental ou meio ambiente), foca em ações que visam reduzir e mitigar o impacto ambiental causado pelas empresas, como a gestão eficiente de recursos naturais, mitigação das mudanças climáticas, redução da emissão de carbono, gestão de resíduos, adoção de práticas de produção mais sustentáveis e assim por diante.

Agenda social

Já o ‘S’ da agenda ESG aborda questões relacionadas ao bem-estar das pessoas tanto internamente (colaboradores) quanto nas comunidades em que a empresa opera. Essa letra do tripé busca olhar com cuidado desde questões de saúde e segurança do trabalho, políticas de diversidade e inclusão, relacionamento com a comunidade, até programas de responsabilidade social corporativa, voluntariado e investimento social privado, entre outros temas.

Agenda de governança

Por fim, mas não menos importante, o ‘G’ trata das práticas de governança corporativa. Os princípios de governança corporativa mapeiam práticas relacionadas à integridade, equidade, transparência, accountability (responsabilização) e sustentabilidade das estruturas e práticas de governança de uma empresa. Passando pelos conselhos e comitês de uma organização, até suas políticas de remuneração e prestação de contas.

Como o Investimento Social Privado se aproxima da agenda ESG?

Entende-se por Investimento Social Privado (ISP) ou Filantropia Estratégica, a alocação voluntária e estratégica de recursos privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou gerenciais para o benefício público. Para promover a transformação social, essa doação precisa ser feita com planejamento estratégico ancorado em dados, com indicadores pré-definidos, execução cuidadosa, monitoramento dos resultados e avaliação do seu impacto.

Nesse sentido, quando uma organização define o foco e estratégia de suas doações, compreende-se que essas práticas necessariamente estarão alinhadas ao propósito e valores da instituição, além de conversar com todos os atores que são impactados ou impactam a atuação da empresa. Esses atores, chamamos de stakeholders (ou partes interessadas).

Mas e o ESG, onde entra nisso tudo? Bom, através da filantropia estratégica, as empresas podem direcionar recursos para projetos, organizações da sociedade civil (OSCs) e iniciativas que contribuam para o desenvolvimento socioambiental da comunidade. Como entendemos que o ISP estratégico atua alinhado ao negócio, a agenda ESG atua como uma aliada na formulação dessas práticas, mensurando e mitigando riscos não financeiros.

É uma via de mão dupla. Ao passo que a agenda ESG contribui para decisões mais estratégicas em relação ao ISP; o ISP atua como ponto essencial para atingimento de metas e compromissos ESG.

 

Atuação do IDIS na Agenda ESG

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

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Em 2023, foi oficializada a criação de uma célula ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

O Investimento Social Privado e Investimento estatal na promoção da equidade racial

A busca por equidade racial no país e no ambiente profissional é objeto crescente de debate no Brasil e no mundo. Governos, empresas e organizações da sociedade civil têm se organizado para que a pauta esteja presente nas mais variadas esferas de participação popular, da constituição de partidos políticos e acesso às universidades públicas e colégios privados, até processos seletivos de empresas e nas representações artísticas – todas são esferas capazes de reconstruir o imaginário popular e com grande potencial de empoderamento de grupos subrepresentados.

Além do resgate da identidade negra e do estabelecimento de políticas afirmativas (em universidades, dentro de empresas e instâncias públicas), a baixa qualidade da educação pública é comumente apontada como responsável pela desproporcional representatividade de negros em universidades e cursos de prestígio, e em cargos de
liderança e governança de grandes empresas.

Nos Estados Unidos, em um estudo publicado na Economic Policy Institute, foi estimado um gap salarial médio de 22% para homens negros na comparação com homens brancos e de 11,7% para mulheres negras na comparação com mulheres brancas, mesmo controlando por fatores como educação, anos de experiência e região, indicando a existência de um racismo estrutural persistente no país ao longo do tempo.

No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE) apontou que em 2019 a diferença salarial entre brancos e negros foi de 45% em média. Estudo econométrico publicado pelo BID para o Brasil (Garcia, Ñopo e Salardi, 2009) aponta para um crônico descompasso salarial entre negros e não-negros, também controlando por fatores observáveis (gênero, idade, região e ocupação) e para todos os percentis salariais. Vale ressaltar que para os percentis salariais mais altos a diferença é maior. Os autores atribuem o resultado não só ao racismo estrutural, como também à qualidade da educação pública que cobre proporcionalmente mais negros do que não-negros no Brasil.

Cabe lembrar que a educação de qualidade é hoje considerada um direito humano e também um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 2030) elencados pela ONU, tendo por finalidade a formação de sujeitos cidadãos, com capacidade reflexiva e potencial produtivo para o mercado de trabalho, e colaborando para a diminuição das desigualdades sociais.

Além disso, a educação pública é comumente encarada como reflexo de um projeto de país e uma das principais trilhas para a inclusão social. Reforçando essa compreensão, historicamente no Brasil enraizou-se a percepção de que o acesso à escolarização de qualidade traz como consequência lógica a propensão à ocupação de cargos intelectuais e com maior estabilidade financeira, em oposição a trabalhos braçais e muitas vezes precários. Ainda que problemático, esse paradigma brasileiro só será revertido com a melhoria da educação pública,  a qual o setor privado também deve se envolver por meio do investimento social privado.

Durante a participação do IDIS na concepção do Pacto de Promoção da Equidade Racial, foi produzido um material que se aprofunda justamente nesse assunto, apresentando dados e referências para o fortalecimento da equidade racial, além de formas de mensura-la em empresas e organizações privadas.

Acesse a partir do formulário abaixo:

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Conheça o Pacto de Promoção da Equidade Racial

O Pacto de Promoção da Equidade Racial é uma iniciativa que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais e multinacionais da sociedade civil para o tema.

Seu principal objetivo é propor e implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil e promover sua adoção por empresas e investidores institucionais, contemplando ações que estimulem uma maior equidade racial – muito centrada na adoção de ações afirmativas, na melhoria da qualidade da educação pública e na formação de profissionais negros.

O IDIS, ao lado de outras diversas organizações, é um dos membros fundadores da iniciativa

 

SÉRIE | O Investimento Social Privado e Agenda ESG: sinergias e aprendizados

O que o investimento social privado e a agenda ESG possuem em comum? Qual a relação com a mensuração de impacto? Como a atuação das organizações sociais podem contribuir nesta equação?

Buscando responder a esses e outros questionamentos, Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos,  prepararam a série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

Acesse os três capítulos da série:

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Tem interesse em conhecer mais sobre esses serviços? Entre em contato com comunicacao@idis.org.br

Do planejamento ao monitoramento e avaliação: como instituições podem potencializar seu impacto?

Planejando um Investimento Social Privado estratégico

A partir da alocação voluntária e estratégica de recursos privados para o benefício público, empresas podem ir além do lucro financeiro e contribuir para o desenvolvimento socioambiental sustentável. A agenda ESG é uma poderosa aliada na formulação de práticas de filantropia estratégica, com ênfase na mensuração e mitigação de riscos não financeiros. Por exemplo, uma empresa que possui riscos não financeiros bem mapeados, pode utilizá-los para criar ou aprimorar sua estratégia de investimento social privado, não só mitigando impactos negativos da operação, como também gerando impactos positivos e ampliando o diálogo com públicos de interesse.

Em outras palavras, uma estratégia de investimento social privado alinhada à uma estratégia ESG ajuda a materializar o propósito da organização para seus mais variados stakeholders, gerando resultados tangíveis para a empresa e para a sociedade. Apesar de parecer lógico, esse alinhamento não é tarefa fácil. Em pesquisa realizada pela Amcham e Humanizadas, com 574 CEOS, vice-presidentes, gerentes e implementadores de estratégias ESG, 38% dos respondentes destacaram que o principal desafio na agenda ESG é a dificuldade em mensurar e monitorar indicadores ESG, e 32% indicaram ser a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade.

Como uma estratégia de investimento social privado (ISP) pode ajudar a endereçar esses desafios? Em primeiro lugar, se há clareza quanto aos objetivos e visão de impacto, já existe uma base para práticas de monitoramento e avaliação. Além disso, a definição de causas prioritárias/focos de atuação ajuda a empresa e seus stakeholders (públicos interessados) a elencar prioridades e comunicarem melhor – tanto interna quanto externamente – as ações realizadas, facilitando o entendimento e engajamento de colaboradores e sociedade e contribuindo para ganhos reputacionais, atração e retenção de talentos, entre outros.

A metodologia do IDIS parte da compreensão de que é preciso conectar o conceito e as práticas de ISP ao propósito e valores institucionais, considerando o viés econômico que rege o negócio e a perspectiva dos principais stakeholders em relação ao valor socioambiental a ser criado pela empresa. Este olhar integrado ISP-ESG permite potencializar a capacidade da organização de gerar impacto positivo para a sociedade e valor real em curto, médio e longo prazo para o negócio e sua cadeia de stakeholders.

Aumentando o engajamento de stakeholders

“O propósito de uma empresa é engajar todas suas partes interessadas na criação de valor sustentável. Ao criar tal valor, a empresa não atende somente a acionistas, mas a todas suas partes interessadas – colaboradores(as), clientes, fornecedores(as), comunidades locais e sociedade em geral. A melhor maneira de compreender e equilibrar os interesses divergentes de todas as partes interessadas é por meio de um comprometimento compartilhado com políticas e decisões que fortaleçam a prosperidade da empresa a longo prazo”. O trecho foi extraído do Manifesto de Davos 2020, proposto pelo Fórum Econômico Mundial e que exemplifica os novos paradigmas que regem as corporações na 4ª. Revolução Industrial. 

Novas maneiras de se relacionar com diversas partes interessadas já ocupam espaço central em estratégias eleitorais, de marketing e na criação de produtos. No entanto, observa-se que o investimento social privado nem sempre acompanha essa tendência. Investidores sociais, de maneira geral, ainda utilizam abordagens verticais e centralizadoras na hora de definir seus aportes e estabelecer vínculos com seus públicos.

Apesar de possuírem um escopo de atuação limitado, ao criarem suas estratégias ESG e de Investimento Social Privado, empresas precisam considerar o envolvimento de múltiplos stakeholders. Para cada perfil, para cada desafio, um arranjo diferente, ainda que colaboração e o trabalho em rede surjam como pontos comuns que devem ser considerados.

Ao adotar uma estratégia que envolve e aprofunda os laços com as partes interessadas, uma empresa passa a gerar maiores e melhores resultados para suas ações sociais. Além disso, ela pode se beneficiar de relacionamentos mais estratégicos e duradouros com as comunidades de seu entorno, poder público, tomadores de decisão e influenciadores.

Do ponto de vista das organizações da sociedade civil, é preciso se preparar para um envolvimento mais estratégico com seus parceiros do setor privado, contribuindo de forma programática para o enfrentamento de desafios socioambientais, para além do apoio a projetos pontuais. Embora essa colaboração demande mais esforço no curto prazo, pode levar a laços mais fortes e recursos mais estáveis para a organização.

 

Medindo e comunicando os resultados e impacto

Na hora de mensurar a contribuição e o impacto socioambiental das ações de uma empresa, é necessário estabelecer diretrizes de monitoramento e avaliação. Essas diretrizes não apenas auxiliam a definição e acompanhamento de tópicos materiais, avaliação e comunicação de resultados, como também contribuem para a construção de uma governança de sustentabilidade empresarial que traduza aprendizados em decisões estratégicas, referentes à cultura organizacional, riscos e oportunidades, performance socioambiental, entre outros aspectos.

As práticas de monitoramento e avaliação do investimento social privado podem ajudar empresas a avançarem na maneira como medem o sucesso de suas iniciativas e de suas contribuições para o desenvolvimento sustentável e redução de riscos não financeiros, hoje ainda muito pautadas por frameworks insuficientes, que avaliam somente processo e nível de compliance.

Do ponto de vista das organizações da sociedade civil, o desafio é outro: traduzir a importância do trabalho realizado e seus resultados em uma linguagem que agregue valor para o relatório de sustentabilidade das empresas. A capacidade de comunicar de forma clara esses resultados pode ser o diferencial para aumentar a qualidade e a profundidade do relacionamento com as partes interessadas.

Uma maneira de aproximar essas duas pontas, no contexto das empresas, é por meio de uma teoria de mudança que estabeleça de forma clara a conexão entre o impacto esperado e as ações realizadas, assim como critérios de seleção de projetos e elementos que contribuam para a comunicação dos compromissos públicos e resultados obtidos.

 

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

 

Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Entre em contato conosco para contar sua história ou dar os próximos passos de sua organização nesta jornada através do e-mail comunicacao@idis.org.br

Como empresas estão promovendo o diálogo e engajamento de seus stakeholders?

Como o investimento social privado pode desempenhar um papel significativo nos processos de mapeamento e gestão de stakeholders? E no relacionamento com a comunidade e ampliação do impacto social positivo de uma empresa?

Não há fórmula pronta para uma estratégia de investimento social, e a ascensão da agenda ESG trouxe novos desafios e oportunidades para empresas que desejam promover o benefício público por meio da alocação de recursos próprios.

Nesse segundo artigo da série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’, conheça três exemplos que mostram como empresas podem, na prática, potencializar sua atuação social.


Sicoob: Investimento Social que produz Inteligência Social

Estar próximo das comunidades é uma marca do cooperativismo de crédito. Essa prática vem ganhando força nos últimos anos e, em 2022, o número total de cooperados no Brasil passou a marca de 15 milhões, um crescimento de 14,5% em relação ao ano anterior, segundo dados do Banco Central (BC). As cooperativas de crédito operam em mais de metade dos municípios do país e possuem considerável carteira composta por micro e pequenas empresas e produtores rurais, promovendo, desta forma, a inclusão financeira.

Um exemplo de cooperativa de crédito é o Sicoob, que possui 7,5 milhões de cooperados em 338 cooperativas singulares. “O relacionamento próximo às comunidades é um diferencial essencial para o Cooperativismo de Crédito. Por isso, nossa diretriz central, presente no planejamento do Sicoob, é Cidadania e Sustentabilidade, abordagem que orienta as diretrizes sistêmicas da nossa responsabilidade social, ambiental e climática, guiando-nos para que o crescimento dos negócios e a prosperidade da sociedade caminhem juntos”, destaca Luiz Edson Feltrim, Superintendente do Instituto Sicoob.

“As cooperativas singulares protagonizam o diálogo com as comunidades em seus territórios de atuação e são responsáveis por levantarem insumos para a formulação das diretrizes estratégicas sistêmicas, incluindo também o Investimento Social”, continua.

Essa proximidade com as comunidades reflete não só o propósito do sistema cooperativista, mas também suas iniciativas de investimento social, estruturadas desde 2004 por meio de entidade estratégica, o Instituto Sicoob, que tem como missão a difusão da cultura cooperativista e contribuição para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades. A relação entre Sistema e Instituto é horizontal: “o Instituto Sicoob participa de todo o processo do planejamento estratégico do Sicoob, pois a organização entende que o investimento social é ferramenta fundamental para cumprir o papel do Cooperativismo Financeiro na Cidadania Financeira, sobretudo para contribuir com a promoção da inclusão e da educação financeira” continua Feltrim.

Na prática, há contribuições claras do Instituto Sicoob à agenda ESG da organização, respondendo diretamente a três temas materiais (cooperativismo, comunidades e cidadania financeira), e contribuindo efetivamente para a estratégia do negócio. “Os critérios ESG legitimam o investimento social como parte estratégica dos negócios. Nesse sentido, temos enxergado a oportunidade de nos posicionar internamente como a área que promove inteligência social para o negócio e contribui diretamente para o posicionamento da organização no mercado como protagonista na Agenda ESG”, conclui Feltrim.

 

Ambev: foco em executar metas ambiciosas

Inteligência social e contribuição para a estratégia de negócio também são o norte da atuação de impacto positivo da Ambev, empresa brasileira do setor de bebidas com atuação em 16 países e mais de 30 mil colaboradores. “Temos dentro de casa uma agenda ESG robusta com metas ambiciosas para os próximos anos. Nossos pilares de atuação estão intimamente ligados à sustentabilidade do negócio. Uma das principais mudanças que atravessamos, além da evolução cultural, foi trazer a escuta ativa, inovação e tecnologia para cada frente de atuação da companhia”, afirma Carlos Pignatari, Diretor de Impacto Social da Ambev.

Um exemplo dessa ambição é a meta de alcançar 1 milhão de pessoas, até 2025, em projetos que buscam levar água potável para pessoas que não têm acesso. Até o momento, mais de R$ 9 milhões foram investidos em 115 projetos sociais, por meio da água AMA – primeiro produto social da Ambev, que tem todo o lucro destinado a esses programas. Mais de 600 mil pessoas já foram impactadas, colocando a empresa em linha para atingir sua meta.

Outra ambição é a inclusão de 5 milhões de pessoas no mercado produtivo até 2032, por meio da plataforma Bora.

“Estamos investindo em iniciativas focadas em inclusão produtiva que impulsionam o acesso a uma rede de conexões, conhecimento e empoderamento financeiro para os brasileiros. O projeto, alinhado ao ODS 8, nasceu como a representação do nosso compromisso com a sociedade e está em total sinergia com o novo capítulo de transformação da Ambev. Além disso, nosso CEO é o embaixador da ODS 8 e nos estimula sempre a buscar formas de apoiar esse objetivo”, explica Pignatari.

Esses dois exemplos se relacionam diretamente à estratégia da empresa. “Estamos sempre atentos às principais necessidades da sociedade e buscamos sempre reforçar nossa escuta ativa para proporcionar soluções para os problemas que nosso ecossistema enfrenta. E esse ecossistema começa com o agricultor, passa pelos nossos colaboradores e pelas comunidades onde estamos inseridos, pelos donos e donas de bar e pelos mercados, parceiros, até chegar aos milhões de consumidores brasileiros”, conta o executivo. Uma leitura rápida dos programas pilotos oferecidos na plataforma Bora demonstra essa conexão, com o oferecimento de trilhas de conhecimento para a formação de profissionais para atuarem em bares, hotéis e restaurantes, por exemplo; ou a promoção da conexão de empreendedoras com negócios locais e rede Ambev em São Luís – MA e Recife – PE, por meio de parceria com a Rede Mulher Empreendedora (RME).

 

RD: fortalecendo o diálogo em prol do impacto

O grupo RD tem um portfólio integrado de ativos focados na saúde e no bem-estar: RD Farmácias (Droga Raia e Drogasil), RD Serviços (4Bio Medicamentos Especiais, Univers, plataforma de gestão de saúde, Stix Programa de Pontos e Fidelidade e RD Marcas (Needs, Natz, Caretech, Bwell e Nutrigood).

O objetivo da atuação social do grupo RD é contribuir para a saúde integral de pessoas em situação de vulnerabilidade, para que vivam mais e melhor. Desta forma, a empresa atua em quatro pilares: saúde física e mental, saúde social, saúde ambiental e saúde integral das comunidades, organizadas pela Teoria da Mudança, que define a estratégia de investimento social do grupo.

A partir dessa estrutura organizacional, torna-se viável a alocação de recursos, que, somente em 2022, atingiu a quantia de R$ 29,5 milhões, em projetos alinhados com os objetivos estratégicos do grupo. Esses objetivos incluem, entre outros aspectos, a conformidade com políticas públicas e o foco no apoio a aceleradoras de negócios de impacto.

“Nós procuramos manter um relacionamento próximo e de longo prazo com as organizações sociais que apoiamos. Além das visitas frequentes e do envolvimento do nosso voluntariado, as organizações são chamadas para apoiar nos processos importantes como a construção de um painel de indicadores e alteração no processo de apoio via leis de incentivo”, afirma Maria Izabel Toro, Gerente Executiva de Investimento Social.

Estratégia, ações consistentes e transparência fazem o investimento social do grupo se destaca. Mas no centro desses fatores está o diálogo com a comunidade.

 

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 


Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

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Como construir parcerias mais estratégicas e inclusivas entre organizações sociais e empresas?

O potencial de parcerias entre organizações da sociedade civil e empresas é enorme. O olhar para a sustentabilidade empresarial, em todas as suas dimensões, pode ajudar empresas a buscarem uma relação mais transparente e efetiva com a sociedade civil organizada, além de contribuírem entre si por meio do desenvolvimento de ferramentas de gestão e estratégias. Atentas a este movimento, as organizações da sociedade civil aprimoraram sua capacidade de articulação em rede, assim como a apresentação clara do impacto de suas ações.

Nesse terceiro artigo da série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’, conheça iniciativas bem-sucedidas na construção de parcerias estratégicas e inclusivas entre organizações sociais e empresa

 

Parceiros da Educação: movimentos em prol da construção coletiva

Com 19 anos de atividade, a Parceiros da Educação possui números expressivos em sua atuação em prol da educação, tendo impactado mais de 700 escolas públicas, 900 mil estudantes e 75 mil professores. A organização atua por meio de quatro pilares prioritários: pedagógico, com vista à evolução da qualidade da educação; gestão, direcionado às equipes gestoras nas escolas; comunitário, com ênfase na corresponsabilidade das famílias em relação à educação; e infraestrutura, por meio de investimentos diretos nos espaços pedagógicos.

Mesmo com essa atuação já estabelecida, a organização continua buscando maneiras de potencializar seu impacto. Segundo o diretor geral Rafael Machiaverni, “nos últimos anos, nosso orçamento praticamente triplicou devido ao envolvimento e apoio de empresas em nossos projetos e na causa”. Ele destaca alguns fatores-chave para esse crescimento: em primeiro lugar, a capacidade de demonstrar resultados claros e objetivos do investimento social realizado pela empresa e a diferença que o trabalho promove na sociedade.

Em segundo lugar, destaca-se o envolvimento do parceiro na ação como parte presente e não apenas como investidor de recursos, vivenciando os projetos e entrando em contato com beneficiados. “Percebe-se o amadurecimento das empresas com relação ao investimento social de médio e longo prazo e planos estratégicos, alinhados às suas estratégias ESG”, destaca também Rafael.

O crescimento do investimento social privado em educação é uma tendência que pode ser observada na pesquisa BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo. Em 2021, entre as empresas que compõe a Rede BISC, o investimento em educação ocupou a segunda posição, ficando atrás apenas de patrocínios de eventos culturais, recuperando o espaço de destaque que ocupava antes da pandemia e que durante o período mais agudo da crise foi temporariamente ocupado por investimentos em saúde.

Algumas das lições da Parceiros da Educação podem ser valiosas, inclusive, para organizações que atuam com diferentes causas e focos.

“Nos últimos anos, temos percebido que as empresas têm se organizado com relação às áreas de atuação de seu investimento social, com um aumento no foco específico. Além disso, nota-se uma maior atenção e acompanhamento dos resultados de projetos apoiados. Por outro lado, há uma iniciativa de proporcionar momentos de formação em gestão para as organizações apoiadas como forma de melhoria da qualidade dos serviços, além de aumento do prazo de parceira com os projetos sociais, visando impacto social estrutural e não somente ações pontuais”, afirma Rafael.

Com o apoio mais estratégico do setor privado e o aumento da capacidade de execução do terceiro setor, é possível pensar em soluções cada vez mais coletivas para desafios comuns. A sociedade civil organizada possui como uma de suas maiores potencialidades a propensão à atuação em rede ressaltado também pelo Parceiros da Educação com a ‘Frente pela Educação Paulista’. Essa iniciativa foi articulada com a participação de mais de 30 organizações, colaborando na construção de um documento que norteia a implantação de ações que fortalecerão políticas públicas da educação, visando resultados efetivos de melhora da qualidade do ensino público.

“Avaliamos essa construção coletiva como muito positiva. Saberes diversos, cada qual com sua especialidade, contribuindo para a construção de um plano de ação e investimento de médio e longo prazo com foco na causa, com tempo de investimento que seja suficiente para alcançar resultados de impacto, e não apenas ações pulverizadas e pontuais”, conclui Rafael Machiaverni.

Práticas de monitoramento e avaliação possuirão cada vez mais um papel fundamental no relacionamento entre OSCs e seus parceiros. Essa relação também pode ser fortalecida com um maior envolvimento das empresas na implementação e planejamento das atividades. Por fim, as parcerias caminham para uma visão de longo prazo e numa atuação em rede, com mais contribuições e visões sendo construídas em conjunto por atores especializados.

 

Suzano: relacionamento estratégico com os territórios

Com o propósito de contribuir para impulsionar o desenvolvimento social das áreas vizinhas às suas operações, a Suzano, em parceria com outros atores, prioriza o fortalecimento das relações com as comunidades e do investimento em educação, oportunidades de trabalho e geração de renda. Em 2022, a atuação social da empresa atingiu mais de 47 mil pessoas, envolvendo seis frentes adaptadas às características regionais: extrativismo sustentável, reciclagem inclusiva, empreendedorismo, redes de abastecimento, acesso a emprego e cadeia de valor Suzano.

“A estratégia de ‘territórios resilientes’ une a necessidade de aprimorar o relacionamento com as comunidades do entorno das nossas operações com a possibilidade de contribuir para que as famílias deixem a condição de pobreza monetária, a partir de projetos de geração de renda. A seleção de projetos e identificação de organizações sociais parceiras se dá pelo processo de editais abertos, mapeamento de oportunidades no território e parcerias com instituições alinhadas à mesma agenda social”, explica Giordano.

As diretrizes para essa atuação foram consolidadas em uma Teoria de Mudança (TdM), formulada em 2022, que definiu um compromisso de retirada de 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030. O método torna visível o caminho necessário para se alcançar uma transformação social real a curto prazo (1-2 anos), médio prazo (5 anos) e longo prazo (10 anos). O primeiro passo na aplicação da TdM é admitir a existência de um problema social. Em seguida, são estabelecidos um propósito e uma visão de impacto. O investimento social da empresa, então, foi direcionado para atingir esse público em situação de vulnerabilidade socioeconômica, e a iniciativa possui um papel relevante na estratégia de sustentabilidade da empresa como um todo.

“Entre os oito temas materiais da Suzano, temos o Desenvolvimento Territorial, onde conflitos com comunidades, incluindo populações indígenas e tradicionais, podem afetar a capacidade de uma empresa de operar em algumas regiões, resultar em ações regulatórias e pode causar impactos de marca. Por outro lado, as empresas podem proporcionar benefícios às partes interessadas da comunidade por meio de oportunidades de emprego, compartilhamento de receita e aumento do comércio. As organizações podem adotar várias estratégias de engajamento comunitário para gerenciar os riscos e oportunidades associadas aos direitos da comunidade e seus interesses, tais como manter relações positivas com as partes interessadas locais e acomodar as necessidades das comunidades”, afirma Giordano. “Esse tema material é o plano de fundo para nossa estratégia social que tem como pilares o relacionamento com as comunidades e os compromissos de contribuir para reduzir a pobreza e melhorar a educação nos territórios de atuação da companhia”, conclui.

O relacionamento com organizações da sociedade civil, dentro desta lógica, passa a ser ainda mais estratégico. A partir de um Manual Corporativo de Gestão do Relacionamento com Comunidades, que orienta toda a companhia quanto às diretrizes para assegurar a legitimidade social do negócio, por meio da interação com as comunidades vizinhas, a empresa estabelece algumas ferramentas e fluxos específicos, como:

1. Rotina e instrumentos de identificação e caracterização das comunidades;

2.Mecanismos para incorporação das informações e demandas oriundas da comunidade no processo decisório das operações da empresa (por exemplo, Diálogo Operacional – DO, que são encontros agendados com as comunidades antes das operações da Suzano, visando antecipar informações sobre as operações, receber sugestões e orientações, identificar possíveis impactos e, consequentemente definir ações mitigatórias; e Matrizes de Aspectos e Impactos Sociais das operações da Suzano, que incluem possíveis impactos negativos das operações, assim como todas as ações preventivas e mitigatórias relacionadas a eles) e;

3.Consulta e Engajamento Comunitário, focada no desenvolvimento de estratégias de fortalecimento das instituições sociais locais, contribuindo diretamente com o desenvolvimento territorial.

“Nas comunidades que são caracterizadas como de alta prioridade, considerando critérios de vulnerabilidade socioeconômica, impacto gerado pelas atividades da empresa e importância da localidade para o negócio, são estruturadas iniciativas customizadas. A definição da iniciativa mais indicada para cada comunidade é feita de maneira conjunta com os moradores e/ou associações locais. Importante destacar que, além do processo de implantação de iniciativas, podemos também fortalecer iniciativas já existentes nas localidades”, explica Giordano.

O perfil das organizações apoiadas nesse cenário também passa por mudanças. “Ao mesmo tempo em que o volume de repasse de recursos foi ampliado, o foco passa a ser mais direcionado a organizações que trabalham especificamente com projetos de geração de renda, visando o alcance dos compromissos sociais de longo prazo estabelecidos pela empresa. Além disso, o perfil das organizações que recebem esses recursos também está mudando, diminuindo a concentração de recursos em organizações rurais e de base comunitária, para um equilíbrio do investimento entre essas organizações de base, e em organizações mais maduras, que inclusive apoiam diretamente no fortalecimento institucional das demais”, finaliza Giordano.

A inclusão do investimento social de uma empresa tanto na formulação, quanto como resposta aos temas considerados estratégicos pode produzir insights valiosos para a gestão da sustentabilidade empresarial. Quando essa resposta estratégica se desdobra em metas públicas, que, por sua vez, se desdobram em uma estratégia de implementação que considera o contexto local e o envolvimento de atores relevantes nos territórios, o investimento social privado não só se torna mais estratégico, como passa a gerar ainda mais valor socioambiental para diversos stakeholders.

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

 

Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Entre em contato conosco para contar sua história ou dar os próximos passos de sua organização nesta jornada através do e-mail comunicacao@idis.org.br

O que é Capitalismo de Stakeholders?

As empresas são organismos poderosos e podem, e devem,
usar seus recursos para melhorar a sociedade

 

Um dos grandes economistas da história, Klaus Schwab, sugeriu em 1971 um modelo de capitalismo no qual as empresas deveriam almejar a criação de valor a longo prazo, levando em consideração as necessidades de todos os públicos relacionados ao negócio. Ou seja, o papel das empresas não deveria se resumir apenas ao lucro, mas envolveria também a contribuição ativa ao bem-estar da sociedade.

Este conceito foi nomeado mais tarde por R. Edward Freeman como Capitalismo de Stakeholders (Capitalismo das partes interessadas, em tradução livre). Você já ouviu falar do termo? Entende suas implicações no mundo e nas atuais dinâmicas empresariais? 

Em um mundo envolto de demandas urgentes que exigem, cada vez mais, práticas sustentáveis, a temática torna-se mais relevante a cada dia. E é sobre esse assunto que vamos falar nesse texto!

 

A origem do Capitalismo de Stakeholders

Em 1970, o Nobel da Economia Milton Friedman conceituou o modelo capitalista que seria dominante ao longo das próximas décadas. Ele afirmava que a única responsabilidade social das empresas era a maximização de seus lucros, ou seja, que o dinheiro era o único objetivo a ser cobiçado e alcançado pelos negócios. Este  modelo ficou conhecido como Capitalismo de Shareholders ou Capitalismo de Acionistas.

A resposta de Schwab, na época, não surtiu muito efeito. Nos anos 1970 e 1980, processos de desregulamentação e liberalização dos mercados incentivaram a competição acirrada e a maximização dos lucros em detrimento de outras considerações importantes. O processo envolveu a eliminação e flexibilização de muitas das leis governamentais que controlavam as atividades econômicas, incluindo as que estabeleciam salários mínimos e limites de horas de trabalho. A pressão por lucros a curto prazo muitas vezes se sobrepôs a considerações mais amplas sobre os impactos sociais e ambientais.

Passados 20 anos, o consenso sobre este entendimento acerca do papel das empresas na sociedade começou a entrar em xeque. John Elkington apresentou, em 1994,  o conceito de ‘Triple Bottom Line’ (que no Brasil foi popularizado como o tripé da sustentabilidade ), uma expansão do modelo tradicional de avaliação das empresas, que considera, além de sua dimensão financeira, a performance social e ambiental dos negócios.

 

 

O debate evoluiu com o surgimento do conceito de Capitalismo Consciente, cunhado em 2007 pelo empresário Raj Sisodia e por John Mackey. O Capitalismo Consciente tem uma relação próxima com o Capitalismo de Stakeholders, no entanto, vai além, enfatizando a importância de uma liderança consciente, cultura empresarial e propósito maior na criação de valor para todas as partes interessadas.

Com o crescimento gradativo do entendimento sobre os diferentes papéis que devem ser exercidos por uma empresa, o Capitalismo de Stakeholders passou a ganhar uma aplicação  cada vez mais prática às corporações. Além de olharem para seus lucros, as empresas passaram a encarar práticas de responsabilidade socioambientais junto a seus stakeholders, como papéis inerentes à sua função na sociedade

Em agosto de 2019, o grupo de CEO’s das principais empresas norte-americanas, conhecido como Business Roundtable, divulgou uma declaração afirmando o compromisso de agregar valor para todos os stakeholders, incluindo clientes, trabalhadores, fornecedores e comunidades onde operam. Essa decisão é considerada uma mudança significativa na perspectiva empresarial.

Além disso, a BlackRock, que administra mais de US$ 7 trilhões em investimentos, tem buscado incentivar práticas de gestão que impulsionam a rentabilidade e promovam a responsabilidade corporativa, social e ambiental. Em 2018, a organização recomendou que as empresas se perguntassem: “Que papel desempenhamos na comunidade? Como estamos gerenciando nosso impacto no meio ambiente? Estamos trabalhando para criar uma força de trabalho diversificada?”.

 

 

Segundo a definição do filósofo Robert Freeman, stakeholders são qualquer grupo ou pessoa cujos interesses podem afetar ou ser afetados pelas realizações dos objetivos de uma organização. De maneira simplificada, são todos os grupos que possuem alguma relação, direta ou indireta, com a atuação da empresa.

As empresas desempenham um papel fundamental na sociedade, e sua influência se estende muito além dos limites de suas operações comerciais. Elas empregam pessoas, geram renda, criam produtos e serviços, e possuem um impacto significativo na vida de muitas pessoas e de comunidades. Nesse sentido, as empresas não podem simplesmente buscar maximizar seus lucros sem considerar as consequências de suas ações. É fundamental que os negócios considerem seu relacionamento com o público e sua responsabilidade na cadeia produtiva, para garantir que suas ações tenham um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente.

Os públicos querem ser escutados e desejam que seus pedidos sejam atendidos. Mais do que nunca, buscar essa satisfação é importante para as empresas, não apenas como forma de compreender as demandas mais urgentes da sociedade, mas também como um meio para a conquista de confiança.

No artigo ‘Do corporates have a duty to be trustworthy?’ (em português ‘As empresas têm o dever de ser confiáveis?’), Nikolas Kirby, Andrew Kirton e Aisling Cream apontam uma queda de confiança nas empresas desde a crise global de 2008. Segundo o Edelman Trust Barometer 2023, o nível de confiança  das pessoas no setor privado é de 62% no mundo, o que apesar de ser um número elevado, está longe de ser um consenso.

 

O que caracteriza o Capitalismo de Stakeholders

O Capitalismo de Stakeholders passa a se destacar em um contexto de crescimento da consciência da sociedade sobre questões sociais, ambientais e econômicas, que determinam e influenciam os hábitos de consumo das pessoas.

Os negócios são organismos poderosos e, nessa conjuntura, é inevitável um novo olhar para eles, a fim de apontar e questionar: Afinal, o que é uma boa empresa? De qual empresa eu quero consumir? O que a empresa tem feito para diminuir seu impacto negativo? E assim sucessivamente. 

O equilíbrio entre lucro e sustentabilidade é um dos principais critérios de avaliação a partir da ótica do Capitalismo de Stakeholders. Para definir com mais exatidão o que caracteriza o modelo, foram, então, instituídos 4 pilares:

Princípios de governança – relacionado ao propósito do empresa, comportamento ético, estruturas equilibradas de tomada de decisão e práticas de transparência;

Planeta – análise dos impactos da empresa no meio ambiente;

Pessoas – como o negócio se relaciona com seus colaboradores;

Prosperidade – influência da empresa no bem-estar da sociedade.

Semelhante com algo que temos visto muito atualmente por aí, certo? Como é possível observar, o Capitalismo de Stakeholders possui uma conexão direta com os chamados critérios ‘ESG’ (em português Ambiental, Social e Governança). A prática fornece métricas sistematizadas que ajudam a determinar se as empresas estão, de fato, projetando uma atuação sustentável na sociedade. 

Além disso, o ESG e suas métricas são critérios de extrema relevância para as escolhas dos investidores no mercado financeiro. Um estudo da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) chamado “A agenda ESG e o mercado de capitais”, estima que cerca de 36% dos ativos globais sob gestão estão investidos a partir de algum critério de sustentabilidade.

 

O preço caro de adaptar-se a qualquer custo

Com a crescente demanda de adequação das empresas nas práticas sustentáveis, passamos a observar outro fenômeno, e dessa vez extremamente problemático: os “washings”. O termo se refere às empresas que se colocam como agentes de práticas sustentáveis mas que, na realidade, não seguem bons preceitos de governança e não criam impactos efetivos nos campos social e ambiental.

O conceito se manifesta de formas variadas, podendo ser um greenwashing (relativo ao meio ambiente), socialwashing (relativo às pautas sociais), ou até ESG-washing (abrange as práticas ESG de forma geral). 

Essa fraude de propósito e a adoção de medidas de washings são prejudiciais ao setor filantrópico e a outras iniciativas sérias, já que levanta suspeitas sobre a credibilidade e confiança do setor como um todo. O comportamento também representa,  a um potencial de perda de valor de mercado para as empresas, além de, é claro, ser prejudicial à população, que não será beneficiada da forma como a foi prometida, podendo, inclusive, estar sendo prejudicada.

 

O Capitalismo de Stakeholders hoje

Empresas são o principal agente econômico de nossa sociedade, mas é cada vez mais evidente sua interdependência com os demais. Conforme as  desigualdades sociais e os impactos da mudança climática se agravam, são convocadas a fazer parte da solução. A pandemia de Covid-19, por exemplo, evidenciou uma conexão muito forte entre negócios e sociedade. Um estudo feito pela consultoria PwC indicou que sete em cada dez negócios no mundo foram impactados negativamente pela pandemia. Em contrapartida, de acordo com o Monitor de Doações da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), 85% dos mais de R$ 7 bilhões doados para fazer frente à pandemia de Covid-19 vieram de empresas, um recorde de investimento social privado no país.

A partir dessa mutualidade, o Capitalismo de Stakeholders passou a integrar de maneira natural e cada vez mais constante o mundo empresarial. Porém, o modelo ainda não possuía parâmetros oficiais até pouco tempo. 

Em janeiro de 2020, o Fórum Econômico de Davos atualizou seu manifesto, endossando o conceito. O evento apontou ser essencial refletir sobre estruturas de governança, que garantam o equilíbrio entre as demandas dos vários grupos diretamente interessados em um negócio. Ainda como maneira de sistematizar os requisitos para a adoção do Capitalismo de Stakeholders, o Fórum elaborou um documento chamado de “Measuring Stakeholder Capitalism”(em português Medindo o Capitalismo de Stakeholders), que visa melhorar as formas como as empresas calculam e exibem seu desempenho.

“O objetivo dos negócios não é produzir lucros. O objetivo dos negócios é produzir soluções lucrativas para os problemas das pessoas e do planeta”

                            Colin Mayer da Universidade de Oxford

 

Os princípios ESG potencializam a atuação de instituições do Terceiro Setor, afirma Felipe Groba

O termo, que começou a ser mais comentado durante a pandemia de covid-19, têm ganhado cada vez mais destaque.

 

Apesar de não fazer referência direta às entidades do Terceiro Setor, o termo “ESG” (Governança ambiental, social e corporativa) é de extrema importância para orientar ações dessas instituições, segundo especialistas.

 

“Cada vez mais estamos olhando para esses três pilares e para as organizações sociais. Então, se essas instituições aderirem e usarem mais os princípios da ESG, elas vão ter muito mais resultado”, explica o professor de Estratégia e Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, Pedro Lins.

 

Para ele, é preciso haver uma profissionalização nos processos de governança, gestão e comunicação dessas instituições, seguindo o fluxo do mercado. Isso poderá ser determinante para a sobrevivência da organização e para o sucesso de suas iniciativas.

Por outro lado, as causas pelas quais essas entidades lutam – sociais, ambientais, de governança – nunca serão esgotadas. E nesse sentido, elas conversam diretamente com os princípios ESG, que são fundamentais para os setores público, privado e o Terceiro Setor.

“Em teoria, o ESG não é feito para as organizações da sociedade civil, mas a cobrança das práticas ESG pelos investidores para as empresas, faz com que essas instituições demandem essas mesmas boas práticas de seus parceiros do Terceiro Setor”, destacou Felipe Insunza Groba, gerente de projetos do IDIS.

 

O termo, que começou a ser mais comentado durante a pandemia de covid-19, têm ganhado cada vez mais destaque. E, para ele, as pessoas estão começando a entender melhor o que a sigla significa agora.

 

“Existe uma percepção geral de que o Terceiro Setor é um caminho para a ESG. A sociedade vai começar a cobrar mais coerência do negócio e uma atuação da porta pra fora também”, conclui..

 

— Texto: Umsocial

Colaboração e materialidade: fatores-chave para empresas concretizarem ações sociais da pauta ESG

Por Marcos Alexandre Manoel, Diretor de Projetos do IDIS

Empresas têm o desafio de transformar metas em ações materiais, especialmente quando falamos do ‘S’. Aquelas que o fizerem, sairão na frente

Cada vez mais, empresas são cobradas por sua responsabilidade perante a sociedade, indicando a inevitabilidade de pensar além do lucro. A lógica das avaliações de risco e retorno de aplicações passaram a ter uma nova e importante variável: o impacto em temas de interesse público. Isso se reflete no aumento exponencial de investimentos, que têm buscado componentes de impacto socioambiental em suas práticas.

Nesse movimento é que a pauta ESG vem cada vez mais se fortalecendo e, com ela, novos desafios para as empresas se (re)posicionarem no mercado. Não apenas focando em mitigação de riscos e problemas de curto prazo, mas com uma visão de longo prazo que se torne parte, efetivamente, da cultura e da estratégia de negócio da empresa. E aquelas que fizerem este movimento antes das outras, serão as que definirão a “régua” do mercado.

Segundo a sexta edição da Pesquisa Global com Investidores Institucionais da EY (antiga Ernst & Young), 90% dos grandes gestores respondem que diretrizes ESG devem ser levadas em conta na tomada de decisão sobre os portfólios. Por outro lado, a mesma pesquisa demonstra que 50% dos investidores pesquisados disseram estar preocupados com a falta de foco em questões materiais por parte da atuação ESG das empresas – um aumento de 37% em relação a 2020.

Por definição, materialidade é a “característica do que é material, substancial”, ou seja, não basta as empresas no Brasil estarem atentas ao ESG, é importante encontrar, dentro disso, o que necessita de atenção pensando em modelo de negócio e local de atuação.  Quando falamos de parâmetros ESG, a grande maioria das métricas foram pensadas e feitas em países desenvolvidos. Então, geralmente elas trazem questões “E” (ambientais) mais fortes, e as “S” (sociais), por sua vez, vêm enfraquecidas, uma vez que o bem-estar social nesses locais acompanha o desenvolvimento econômico desses países.

No caso do Brasil, se seguirmos a mesma lógica da Europa ou dos Estados Unidos, o nosso problema com o “S” será maior, tendo em vista os números de desigualdade socioeconômica que atingem a população brasileira. Prova disso, são os dados recentes revelados por um estudo do Banco Mundial. Ao analisar perdas de habilidades do nascimento até os 18 anos, a pesquisa demonstra que as atuais condições de educação e saúde brasileiras só vão permitir o desenvolvimento de 50% do potencial de quem nasceu no ano de 2021. A pesquisa demonstra, ainda, que é como se estivéssemos 60 anos atrás no desenvolvimento social em comparação a países desenvolvidos.

Nesse sentido, se inicialmente cito que não há mais espaço para não pensar além do lucro, no caso brasileiro, urge a necessidade de o investimento privado colocar uma lupa no campo social. O ponto de partida é compreender e mapear riscos e externalidades sociais do setor de atuação. Provavelmente, muitas das questões sociais que precisam de atenção do negócio estarão “do lado de fora” da própria empresa: na cadeia de suprimentos, territórios de atuação e ciclo de vida do produto, por exemplo. Será preciso compreender e aprimorar a materialidade e indicadores dos fatores sociais de cada negócio.

Compreender, entretanto, o que é material para o negócio é um desafio e este não pode ser resolvido sem a colaboração entre setores. As empresas terão que agir de maneira proativa e colaborativa, demostrando para a sociedade e investidores seu comprometimento com transparência e materialidade de suas ações, principalmente as sociais. Nesta trajetória, devem envolver as organizações da sociedade civil (OSCs) e, mais do que isso, aprender com elas.

As empresas que forem capazes de, ao mesmo tempo, compreender a materialidade de seu próprio setor e formar alianças colaborativas, tendem a se diferenciar, se tornar mais competitivas no médio e longo prazo e principalmente transformar metas e intenções em resultados reais, perenes e diretamente conectados aos diferentes interesses de sua cadeia de stakeholders.

Conheça mais conteúdos sobre ESG e investimento social privado aqui.

Conhecimento IDIS: retrospectiva 2022

A geração e disseminação de conhecimento é um dos pilares para o atingimento da missão do IDIS. Por meio de publicações, notas técnicas, artigos, cursos, capacitações e eventos, inspiramos, apoiamos e ampliamos o investimento social privado (ISP) e seu impacto no Brasil.

Em 2022, chegamos a quase 68 mil pessoas por meio de 36 novos conteúdos,  abordando aspectos distintos relacionados ao ISP e Cultura de Doação. A produção foi intensa e envolveu muitas mãos, não só da equipe, mas também de inúmeros especialistas e parceiros que se juntaram a reflexões sobre os nossos tempos e à sistematização de experiências. Agradecemos a todos e todas e também aos nosso apoiadores, que nos permitiram que tirássemos projetos do papel!

Neste artigo, selecionamos os destaques do ano, entendendo que pode ser uma rica fonte de pesquisa. 

Investimento Social Privado

Buscando contribuir com a tomada de decisão dos filantropos, o IDIS lançou a publicação Perspectivas para a Filantropia Brasileira 2022. A seleção dos tópicos foi feita a partir da vasta experiência do IDIS no apoio a investidores sociais privados. O documento traz oito perspectivas relevantes e que devem ser considerados pelos filantropos na hora de planejar suas doações.

 

 

 

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    Destaque neste tema é também o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Sua 11° edição aconteceu em formato híbrido e reuniu 1.125 convidados. Foram 14 sessões ao longo do dia, com a participação de 41 palestrantes e 18 anfitriões de mesas temáticas. Como em outros anos, todo o conteúdo foi gravado e encontra-se disponível em uma playlist em nosso canal do YouTube.

     

    Fórum de Filantropos e Investidores Sociais 2022

     

    Cultura de Doação

    Os voluntários são essenciais para que organizações da sociedade civil atinjam suas missões e, durante a pandemia, fizeram a diferença e impactaram positivamente a vida de milhares de pessoas. Em sua terceira edição, a Pesquisa de Voluntariado no Brasil 2021 buscou responder algumas questões sobre os indivíduos: Qual o perfil do voluntário no Brasil? Em quais atividades atuam? Como a pandemia realmente influenciou a atuação dessas pessoas? Quais as causas que mais recebem atenção do trabalho voluntário?

    Entre os achados, 56% da população adulta diz fazer ou já ter feito alguma atividade voluntária na vida. Em 2011, esse número representava 25% da população e, em 2001, apenas 18%. 

     

     

     

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      Como representantes da CAF no Brasil, o IDIS também trabalhou na adaptação e tradução de conteúdos da organização, como o Brasil Giving Report e o World Giving Index.

      A nova edição do World Giving Index, aqui traduzido como Ranking de Solidariedade, realizado pela Charities Aid Foundation (CAF), cria um ranking a partir de três perguntas: você ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado?. O estudo avalia 119 países e indica seus níveis de solidariedade.

      Neste ano, o Brasil atingiu seu recorde, ocupando a 18° posição no ranking, uma escalada de 36 posições em relação a edição de 2021, quando ocupava a 54° posição. A Indonésia permanece como país mais generoso do mundo pelo quinto ano consecutivo.

       

       

       

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        Filantropia Corporativa e agenda ESG

        Não há dúvida de que a Agenda ESG está em pauta, mas ainda há muitas dúvidas sobre seu pilar social. Em estudo realizado pelo BNP Paribas – um dos maiores bancos da Europa, 51% dos investidores entrevistados indicaram que o “S” é fator mais difícil de se analisar e incorporar a estratégias corporativas. Métricas, protocolos, índices começaram a ser criados e, em 2023, o IDIS somou a este debate, trazendo conteúdos que abordam a relação com o Investimento Social Privado.

        Em maio de 2022, realizamos o 1° Seminário ESG e o Investimento Social Privado. Em uma manhã, foram debatidos temas como parâmetros e indicadores de avaliação, ISP e finanças híbridas. O evento foi transmitido ao vivo e contou com a presença online de 680 pessoas. Você pode assistir todos os debates em nosso canal do Youtube. Confira.

        A nota técnica ESG e o “S” brasileiro apresenta a crescente popularidade da pauta ESG entre investidores e empresas e questiona: se tratando de Brasil, será que estamos pensando na pauta ESG com as especificidades e prioridades que exige o nosso país? Já o artigo O “S” do ESG não rá evoluir sem dialogar com a sociedade civil organizada, publicado originalmente no Valor, complementa as reflexões.

        Filantropia Comunitária

        O IDIS, em parceria com a C.S Mott Foundation, deu continuidade ao programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil.

        Em 2022, a parceria promoveu também o 1° Seminário Transformando Territórios. O evento reuniu um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema: a filantropia comunitária e os desafios e perspectivas para seu desenvolvimento no Brasil.

        Assista todas as sessões aqui.

        Audiência no Seminário Transformando Territórios

        Fundos Patrimoniais

        O IDIS defende a agenda dos fundos patrimoniais há mais de uma década e o investimento na produção de conhecimento é fundamental para o fortalecimento do mecanismo no Brasil.

        A publicação “Panorama dos Fundos Patrimoniais no Brasil” é um levantamento inédito que apresenta dados de 52 fundos patrimoniais ativos e 6 em processo de planejamento ou estruturação espalhados por nove estados e dedicados a 19 causas diferentes. O material foi desenvolvido pelo IDIS, que há mais de uma década tem investido em uma ação de advocacy pela regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil.

        O material surge em contexto de amadurecimento da temática, após a aprovação da Lei que regulamentou os fundos patrimoniais, em janeiro de 2019. Você pode baixar o Panorama dos Fundos Patrimoniais, gratuitamente, aqui.

         

         

         

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          Como seguimento da temática dos Fundos Patrimoniais, o IDIS também publicou, mais tarde em 2022, o “Anuário de Fundos Patrimoniais no Brasil”. A publicação conta com informações inéditas sobre fluxo de caixa (patrimônio, doações recebidas, investimentos na causa e resgates para manutenção própria); alocação dos investimentos; rentabilidade dos investimentos; e estrutura da governança (com dados sobre a presença de membros independentes e participação feminina). Participaram 40 fundos do levantamento.

           

           

           

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            O IDIS também produziu muitos outros conteúdos ao longo de 2022, confira:

            Mais que doador, cidadão

            Legisladores, é hora de fomentar os fundos patrimoniais no Brasil

            Brasil, um país cada vez mais voluntario

            Voluntariado no Brasil, uma década de transformação

            Como entender dados sobre doações de indivíduos no Brasil

            Digital for Good: estudo global sobre modelos emergentes de doação

            O que são ODS e o que eles têm a ver com impacto social

            ESG, RSC e ISP: o que significa e como as siglas se relacionam

            Investimento Social: 6 passos para estruturá-lo em uma empresa

            Com confiança e estratégia, a solidariedade é ainda mais forte!

            Ampliação do uso dos incentivos fiscais pelos doadores

            Filantropia, colaboração e estratégias de longo prazo: perspectivas para o ivestime

             

            Mapeamento destaca organizações dispostas a apoiar empresas na jornada de práticas ESG e Sustentabilidade

            É crescente a demanda de empresas por parceiros que os apoiem em sua jornada de geração de impacto positivo e adoção de práticas ESG e de sustentabilidade.

            Pensando nisso, o Quintessa e o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) lançaram, em parceria, o mapeamento ‘Caminhos para o Impacto Positivo’, com organizações que integram esta cadeia de valor. Entre os destaques, o IDIS, como parceiro nos caminhos de acesso a capital; desenvolvimento humano e de cultura organizacional; estratégia de iniciativas e práticas e mensuração, reporte e certificação.  .

            “Para o IDIS, o envolvimento com a pauta ESG foi um movimento natural. É essencial que o Investimento Social Privado, o engajamento com causas e a relação com as comunidades de empresas se conectem cada vez mais com a estratégia.” comenta Marcos Manoel, diretor de projetos no IDIS.

            No estudo, foram identificadas nove trilhas que as empresas podem seguir para gerar impacto por meio de seus produtos, serviços e/ou operações e 44 organizações que já possuem resultados concretos de implementação foram listadas no material.

             

            Conheça o mapeamento completo e todas as organizações reconhecidas.

            Empreendedores sociais pedem compromisso de candidatos com a Agenda 2030

            Catalyst 2030 Brasil divulga carta aberta para incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na gestão pública

            Empreendedores sociais de todo Brasil publicaram uma carta aberta para candidatos e candidatas a cargos públicos em disputa nessas eleições. No documento, elencam oito compromissos e ações concretas para fortalecer a Agenda 2030 na gestão pública.

            A ação foi organizada pelo Catalyst 2030 Brasil, rede global que atua em rede para tornar o mundo melhor e mais justo para todos e, com a carta, apresenta sugestões  criar ambiente e condições para acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até o momento, a iniciativa já conta com mais de sessenta assinaturas de organizações e empreendedores de impacto.

            Nós do IDIS, somos membros fundadores do Catalyst 2030 e assinamos a carta. Convidamos você a participar também desse movimento. No contexto brasileiro são muitos os temas que precisam ser endereçados e apenas por meio da colaboração e fortalecimento dessas metas, isso é possível.

            “Estamos diante de inúmeros desafios. A agenda dos ODS nos orienta na direção da solução de problemas que precisamos resolver urgentemente. Não temos tempo a perder e precisamos que todas as lideranças públicas estejam engajadas em colaboração com o setor privado e com a sociedade civil organizada”, argumenta Erika Sanchez Saez, membro do Catalyst 2030 BR e Diretora Executiva do Instituto ACP.

            Clique aqui e acesse à carta 

            Ou confira o conteúdo na íntegra abaixo.

            Carta de Compromisso com a Agenda 2030 e os 17 ODS aos Candidatos e Candidatas das Eleições 2022

            As pessoas e organizações signatárias desta carta se dirigem aos candidatos e às candidatas das eleições de 2022 para pedir o seu apoio e compromisso com os principais desafios coletivos tão bem traduzidos pela Agenda 2030, por meio dos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Somos um grupo de empreendedores de impacto, intra-empreendedores, inovadores e empreendedores sociais que, por meio do capítulo brasileiro do Movimento Global Catalyst 2030, promove  soluções inovadoras e a colaboração como estratégia fundamental e transversal para o alcance dos ODS em todo o planeta. O Movimento surgiu no Fórum Econômico Mundial, a partir da articulação de organizações internacionais como Ashoka, Skoll Foundation e Schwab Foundation, e reúne empreendedores sociais em 197 países que, juntos, impactam positivamente a vida de mais de 2 bilhões de pessoas. Continue lendo

            Investimento Social: seis passos para estruturá-lo em uma empresa

            Em agosto de 2019, o Business Roundtable, grupo formado pelos CEOs das cem maiores companhias norte-americanas, declarou que, na sua visão, o propósito de uma empresa não era somente proporcionar lucro a seus acionistas. O propósito de uma empresa é também entregar valor aos seus clientes, investir em seus funcionários, lidar de forma justa com os fornecedores e apoiar as comunidades em que atuam. Em resumo, as empresas devem ir além de seus números, e impactar positivamente a sociedade.

            Esta declaração histórica é o resultado de uma longa caminhada que, no Brasil, começou há cerca de quatro décadas e evolui por meio de diversos conceitos que vão desde responsabilidade social até ESG, passando pelo investimento social corporativo.

            Saiba mais sobre estes conceitos

            Independentemente dos rótulos, o importante é a percepção de que empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para melhorar a sociedade na qual atuam e da qual retiram os recursos para sua existência.

            E como fazer isso de forma que traga benefícios concretos para todos?

            O primeiro passo é admitir que problemas socioambientais são complexos e que, normalmente, as empresas não sabem lidar com eles, portanto, é necessário dedicação antes decidir o que fazer.

            Escolha do foco de investimento social para atuação

            O ideal é começar tentando identificar em qual faixa do imenso espectro de problemas sociais a empresa tem maior possibilidade de contribuir. Considere nesta análise os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e como é possível apoiar o cumprimento das metas estabelecidas na Agenda 2030.

            A resposta pode estar ligada ao setor de atividade da firma. Por exemplo, um fabricante de alimentos provavelmente tem capacidade para atuar no combate á fome. Um banco pode contribuir com ações de educação financeira.

            Ou ela pode ter relação com a estrutura de operação. Um distribuidor de bebidas pode contribuir com sua capilaridade, enquanto uma escola pode ceder seu espaço ocioso para alguma atividade.

            Há ainda a possibilidade da atuação vir do local onde a empresa está instalada e até mesmo da comunidade onde se encontram seus fornecedores ou clientes.

            O importante aqui é que exista um vínculo, uma razão ao se escolher uma causa ou uma região para ser adotada, porque é essa ligação que vai dar sentido ao investimento social e vai envolver toda a cadeia de stakeholders, desde os sócios.

            Pensando no ESG, essa escolha é chamada de “materialidade”. Ou seja, algo que diga respeito realmente a onde/quem/ o que a empresa atinge de uma forma ou de outra.

            Nota técnica: ESG e o “S” brasileiro

            Diagnóstico do problema

            Uma vez escolhida a causa ou o foco de atuação, vem a etapa de diagnóstico. Ela serve para compreender quais os principais problemas existentes nesse foco, quais tentativas de solução já foram experimentadas e quem são as pessoas e organizações envolvidas com essas questões.

            Muitos investidores sociais perdem tempo e dinheiro porque acreditam ter a solução para alguma situação, sem, na verdade, conhecer a realidade das pessoas ou local que sofrem com aquele problema.

            Portanto, é necessário estudar bem o problema que se quer atacar. E isso serve para qualquer tamanho de investimento social. Mesmo uma iniciativa pequena, deve ser bem concebida para surtir efeito e, quem sabe, tornar-se um grande projeto!

            Definição do projeto de impacto social a ser realizado

            Após entender o problema a ser atacado, chegou a hora de definir qual a intervenção a ser realizada. Para qualquer questão que tenha sido escolhida, existirão diversas abordagens possíveis.

            O combate à fome não se restringe à doação de alimentos. Ele pode ser feito por meio de capacitação para o emprego, de educação para melhor utilização de alimentos ou estímulo à produção de alimentos mais baratos.

            O melhor é optar pelo caminho mais viável dentro das condições da empresa e que traga mais impactos positivos para os beneficiários.

            Ao final desta etapa é necessário ter as respostas para as seguintes perguntas:

            • O que vai ser feito?
            • Como vai ser feito?
            • Onde vai ser feito?
            • Quando vai ser feito?
            • Quanto vai custar?
            • Quais resultados queremos atingir?
            • Quais indicadores serão monitorados?

            Fazer com as próprias mãos ou apoiar quem já faz?

            Esta é outra decisão importante. Como a empresa vai conduzir sua ação social? Vai realizar ela própria ou vai optar por apoiar organizações sociais que já trabalham com a causa ou na comunidade escolhida?

            Na verdade, estamos buscando a resposta para a pergunta: quem vai fazer?

            Se a empresa vai operacionalizar as ações sociais, será preciso destacar ou contratar pessoas e criar uma célula dentro da companhia com essa responsabilidade, exigindo uma estrutura robusta. Ela estabelecerá uma ligação próxima com os beneficiários e terá maior controle sobre os resultados alcançados.

            Se a empresa optar por apoiar organizações do Terceiro Setor para realizarem a ação social, não precisará fazer modificações internas profundas. Em compensação, haverá menos controle sobre a operação e resultados.

            Como saber se deu certo?

            Depois de todo esforço e dedicação para a realização de uma ação social, é fundamental saber se a intervenção gerou impactos positivos aos beneficiários. Recomenda-se que, antes de começar algum projeto, já se defina quais são as metas a serem perseguidas, quais os indicadores que dirão se elas foram alcançadas ou não e quais os processos que integrarão a avaliação. Fomentar a cultura avaliativa é desejável. O processo mostrará onde estão as fortalezas e onde há espaços para melhorias.

            Convide todo mundo para participar

            Um projeto social é uma iniciativa que deixa todo mundo entusiasmado. Equipe internas, fornecedores, parceiros, clientes, investidores, comunidade. Por isso, é muito importante contar para todos eles o que será feito e convidá-los a fazer parte. Eles podem dar ideias para melhorar o projeto, podem fazer doações para complementar a verba, podem realizar trabalho voluntário, podem ajudar a divulgar e mais uma série de coisas que nem sequer conseguimos imaginar. E ainda que não se engajem diretamente, podem reconhecer o valor da ação e recompensar a empresas pela atitude.

            Com estas seis etapas, empresas se colocam na direção correta para honrar o propósito que se espera de uma empresa atualmente. O IDIS apoia investidores sociais privados em toda esta jornada. Conheça nossos serviços e algumas histórias de sucesso.

            O poder das empresas no combate à miséria

            A edição de agosto de Época NEGÓCIOS foi lançada como um especial na temática “O papel das empresas no combate à miséria”, na qual há um panorama sobre quais as empresas tem conseguido inovar na busca de resultados que realmente olhem para o ‘S’ (social) da pauta ESG.

            A realidade brasileira não é simples e tampouco as soluções para garantir sua evolução. Recentemente, por exemplo, o Brasil chegou ao número de 33 milhões de pessoas passando fome – o que representa 15% da população. E quando falamos de parâmetros ESG, a grande maioria das métricas foram pensadas e feitas em países desenvolvidos. Então, geralmente elas trazem questões “E” (ambientais) mais fortes, e o “S” (sociais) enfraquecido, uma vez que o bem estar social nesses locais acompanha o desenvolvimento econômico desses países. Ou seja, no caso do Brasil, se seguirmos a mesma lógica da Europa ou dos Estados Unidos, o nosso problema com o “S” será maior, tendo em vista os números de desigualdade socioeconômica que atingem a população brasileira.

            A reportagem da Época apresenta cases de empresas, organizações e personalidades que tem buscado resultados tangíveis para esse S, procurando gerar impacto social positivo através de suas práticas e que, sendo assim, merecem ser observados e replicados.

            O IDIS foi uma das organizações entrevistadas para o especial, sendo referência em filantropia estratégica no Brasil desde sua fundação e ressaltou a importância a necessidade de colaboração entre setores nesse processe de mudanças.

            A reportagem completa pode ser encontrada na versão física da revista, no site época negócios para assinantes ou no App Globo+.

            Capital Natural: formação de novos líderes para o desenvolvimento sustentável

            A rede de televisão BandNews possui um programa semanal, existente desde 2011, chamado “Capital Natural” e, no mês de junho um dos programas tratou sobre como a formação de líderes tem (ou não) absorvido as demandas do nosso tempo. Demandas essas de transformação nos valores e nos modos de conceber e gerir negócios; como as graduações em negócios tem recebido as premissas do desenvolvimento sustentável e etc.

            Participaram do debate Fernanda Carreira, coordenadora do Programa de Formação Integrada do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV de São Paulo, Felipe Gutterres, economista especializado em estratégia CEO da ARARA.IO, primeira fintech verde de financiamento da cadeia de suprimentos e Renato Rebelo, ex-Diretor de Projetos do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS).

            Durante o programa, Renato Rebelo destacou sobre a importância do investimento social para a formação de novos lideres e para a resolução de problemas socioeconômicos do país, ainda que sua mensuração ainda seja um dos grandes desafios para a realidade brasileira.

            Veja a reportagem na íntegra: 

             

            Sociedade à mesa: é hora de decisões compartilhadas na filantropia corporativa

            Por Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social Roberta Faria, Cofundadora e Co-CEO da Editora MOL e Presidente do Instituto MOL

            Já faz algum tempo que as reuniões decisórias das empresas passaram a ser frequentadas por um público diferente dos habituais executivos. Cada vez mais, outros stakeholders (partes interessadas) são convidados a opinar sobre produtos, operações e até mesmo estratégias e posicionamentos. Mas há uma área que permanece bastante fechada e é, justamente, aquela relacionada ao investimento socioambiental corporativo.

            Talvez por ser uma área relativamente nova, que começou a se popularizar nas últimas
            décadas do século XX sob nomes como ‘responsabilidade social corporativa’, ‘filantropia corporativa’ e ‘investimento socioambiental privado’, ela continue definindo suas estratégias dentro de um círculo fechado, no qual poucos atores externos têm voz, quando muito, uma consultoria especializada.

            Soa estranho porque o investimento socioambiental é especificamente o braço de
            relacionamento da empresa com a sociedade, para além do âmbito comercial. Portanto, onde diferentes representantes da sociedade deveriam ter maior potencial de contribuição.

            Uma pesquisa recentemente lançada nos Estados Unidos mostra que empregados e consumidores têm a expectativa de contribuir nas decisões de investimento socioambiental corporativo. Oitenta por cento dos colaboradores entrevistados afirmaram que gostariam de opinar, se fossem convidados. E 78% dos consumidores deram a mesma resposta. Setenta e oito por centos dos colaboradores disseram que preferem trabalhar em uma empresa que seja transparente em relação a seus critérios de decisão sobre a filantropia corporativa, e 73% dos consumidores se declararam mais dispostos a comprar de empresas que peçam sua opinião sobre as práticas de doação corporativa.

            Ao serem mais transparentes a respeito de suas estratégias de investimento socioambiental e ao consultar seus stakeholders sobre as decisões a serem tomadas nesse campo, as empresas se mostrariam mais abertas a atender às necessidades da sociedade acima do interesse comercial próprio.

            Transparência é também uma demanda crescente de investidores, hoje cada vez mais atentos à Agenda ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança). Empresas devem ser claras em relação ao que fazem, ter indicadores e seguir protocolos que permitam uma leitura objetiva por seus públicos. Invariavelmente, a política de investimento socioambiental corporativo é um dos pilares da agenda social.

            A pandemia nos mostrou claramente o quão relevantes foram as doações realizadas por empresas naquele momento. E se quisermos superar as dificuldades sociais, ambientais e econômicas enfrentadas pelo Brasil atualmente, as companhias terão de continuar a contribuir da mesma maneira, isto é, visando ao bem público de uma forma direta, clara e confiando na capacidade das organizações da sociedade civil de realizarem seu trabalho.

            Por sua vez, essas organizações conseguirão focar muito mais em suas atividades, atuando de forma eficiente e aumentando o impacto positivo de seus projetos, contando com o apoio recorrente de seus financiadores. Por isso, a relevância da transparência das empresas em relação a suas práticas de investimento socioambiental e de seu compromisso com a regularidade e com os valores transferidos.

            Analisando os dados apresentados pela pesquisa BISC (Benchmark do Investimento Social Corporativo) nos últimos dez anos, percebemos que o volume total aplicado por empresas em suas ações sociais e ambientais oscila muito, sendo que seu pico, antes da pandemia, havia sido em 2012. De lá, até a chegada da Covid-19, organizações sociais sofreram com sucessivos cortes no investimento social corporativo.

            Em 2020, houve um salto nas doações realizadas por empresas, que saíram de R$2,3 bilhões, em 2019, para R$ 5 bilhões no ano seguinte. O que aconteceu em 2021, ainda não sabemos, mas depoimentos das organizações da sociedade civil confirmam uma queda acentuada nos valores.

            Para criarmos uma sociedade civil forte e atuante, que contribua para a solução dos
            problemas socioambientais e garanta um ambiente democrático para todos, inclusive para a iniciativa privada, todos devem assumir sua responsabilidade no apoio às organizações do Terceiro Setor, com contribuições transparentes e frequentes. Elas serão parceiras e protagonistas na definição de estratégias de investimento, contribuindo para ações cada vez mais ágeis e efetivas.

            Artigo publicado na Folha de São Paulo no dia 13 de julho

            #Conhecimento: ESG e o Investimento Social Privado

            Confira os nossos conteúdos relacionados à ESG e como ele se relaciona com o Investimento Social Privado.

            ARTIGOS

             

            LANÇAMENTO DO ESTUDO “INVESTIMENTO SOCIAL PRIVADO: ESTRATÉGIAS QUE ALAVANCAM A AGENDA ESG”

             

            1º Seminário esg e o investimento social privado: os desafios da agenda social

             

            Tem interesse em conhecer mais sobre nossos serviços? Entre em contato com comunicacao@idis.org.br

            Seminário ESG e o Investimento Social Privado promove manhã de debates e palestras com foco no pilar Social

            Com um público de 680 pessoas, o seminário apresentou 4 painéis com a participação de especialistas 

            A pauta ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, no português, Ambiental, Social e Governança) ganha a cada ano mais espaço entre investidores e empresas. Mas o que vem sendo mensurado de fato? Com detalhes da pauta ainda em definição pelo mundo, estudos apontam uma falta de padrões consistentes, principalmente quando falamos dos aspectos sociais. De acordo com um estudo realizado pelo BNP Paribas, por exemplo, 51% dos investidores consideraram o ‘S’ o mais difícil de analisar e incorporar às estratégias de investimento.

            Pensando nisso, o IDIS – Instituto do Desenvolvimento do Investimento Social promoveu na manhã de 22 de junho, um seminário para debater e aprofundar o assunto. O evento teve como parceiros prata Gerdau e Santander e parceiros bronze Ambev, Bradesco Private Bank e Instituto Órizon.

            Entre os desafios da agenda social, compreendemos que está a compreensão de sua abrangência e a definição de parâmetros e indicadores realmente verdadeiros. Por isso, materialidade, mensuração e integração foram algumas das dimensões que o seminário explorou para abrir o evento logo pela manhã. As demais sessões buscaram iluminar zonas cinzentas e caminhos incertos com exemplos inspiradores de empresas que iniciaram essa jornada. Mais que histórias de conquistas são relatos de aprendizados e de uma certa dose de ousadia.

            Parâmetros e Indicadores “S”: Materialidade, Mensuração e Integração

            Uma pesquisa da BNP Paribas revelou que 51% dos investidores consultados consideraram o ‘S’ o mais difícil de analisar e incorporar às estratégias de investimento. Neste contexto, investidores e empresas têm intensificado seus esforços na busca de soluções para preencher as lacunas ao medir e integrar o “S” às suas decisões de investimento. Dentre os principais desafios, tem-se a forma como se apresentam os relatórios atualmente (conformidades e processos ao invés de efetividade), o volume e inconsistência dos padrões e métricas e a natureza qualitativa de muitas das avaliações sociais.

            Para debater o assunto, o IDIS convidou Eduardo Alves (Sócio na PwC); Fabio Alperowitch (Co-fundador da FAMA Investimentos); Fernanda Camargo (Sócia fundadora da Wright Capital) moderados por Marcos Kawakami (Especialista ESG na BNP Paribas). Confira abaixo, a palestra na íntegra

             

            Protocolo ESG Brasileiro: Pacto pela equidade Racial  

            Seguindo a manhã de palestras, o Seminário abordou as questões raciais e como elas se conectam à agenda ESG.

            Existe uma demanda pela definição de padrões e indicadores que reflitam a realidade local. Um bom exemplo de solução para este desafio é proposto pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial, uma iniciativa da sociedade civil que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil. A articulação da sociedade civil tem se mostrado importante para a construção de agendas que reflitam a realidade nacional e subsidiem investidores com parâmetros e indicadores sociais que os apoiem na avaliação de riscos e criação de valor das empresas.

            Compondo esse importante debate, estiveram Gilberto Carvalho (Dir. Executivo do Pacto de Promoção da Equidade Racial e do J.P Morgan BR), Carla Crippa (VP de Impacto Positivo e Relações Corporativas da Ambev) e Adriana Barbosa (CEO Pretahub e Presidente do Instituto Feira Preta). Abaixo, a palestra completa:

            ISP e ESG: alinhamento dos negócios com a pauta social 

            Outra dor relacionada à pauta ESG diz respeito ao alinhamento dos negócios, seus investimentos sociais privados às métricas que exigem o mercado financeiro para avaliar o ESG.  Compreendendo que a agenda ESG é uma grande oportunidade para repensar a maneira como as empresas planejam e alocam o seu investimento social levando em conta sua capacidade de promover transformações sociais e o alinhamento com o negócio.

            A mudança de chave acontecerá quando essa questão for elevada à estratégia das organizações. Empresas terão que agir de maneira proativa e colaborativa, demonstrando para a sociedade e investidores seu comprometimento, com transparência e materialidade de suas ações sociais.

            Representantes de empresas e institutos que já vem olhando para o assunto, participaram do painel – Daniela Grelin (Diretora Executiva do Instituto Avon), Giuliana Ortega (Dir. de Sustentabilidade na RaiaDrogasil) e Renata Biselli (Head de Impacto Social no Santander), moderadora da mesa.

             

            Finanças híbridas e ESG 

            E fechando a manhã de discussões, a mesa de finanças híbridas trouxe à luz os debates sobre novas formas de filantropia e como elas se relacionam ao ESG

            A criação de veículos financeiros, como Fundos Filantrópicos e Blended Finance, também tem se mostrado um caminho potente para viabilizar projetos de impacto que demandam capital paciente e envolvem diversos grupos de stakeholders. Nesta trajetória, devem envolver as OSCs e, mais do que isso, aprender com elas. Devem colaborar para o desenvolvimento de projetos e criar linhas de investimento direto, pois as OSCs podem ter mais influência e capacidade de execução e transformação junto aos beneficiários que as empresas.

            Tudo isso, apresentado por Carolina Costa (Sócia e Head de Investimentos Blended Finance da Mauá Capital); Paulo Boneff (Head Global de Resp. Social na Gerdau) e Roberto Leuzinger (Conselheiro do Instituto Órizon e Responsável por ESG na Vinci Partners) moderados pelo Diretor de projetos do IDIS, Renato Rebelo.

             

            Para saber um pouco mais sobre nossos parceiros e apoiadores do evento, clique aqui para baixar a brochura do evento.

             

            O ‘S’ do ESG brasileiro não irá evoluir sem dialogar com a sociedade civil organizada

            Por Renato Rebelo, diretor de Projetos do IDIS

            Nota-se nesse assunto uma certa dificuldade de tornar materiais ações e medidas para que o ‘social’ se fortaleça na cultura de empresas e seja, enfim, perene na sociedade. Conheça uma possível solução

            A B3 (Bolsa de Valores no Brasil) anunciou no ano passado que passaria a ter novas regras para o seu Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). As mudanças do ranking partiram principalmente de uma pressão por parte de investidores para que as empresas avaliadas passassem a estar cada vez mais atentas a ações “ESG” (em português, ações “ambientais, sociais e de governança”).

            Outra novidade, foi que a B3 passou a publicar abertamente as notas das organizações participantes do índice. E assim aconteceu no final de janeiro deste ano, quando a bolsa divulgou a lista completa com notas gerais e por dimensões – capital humano; governança corporativa e alta gestão; modelo de negócio e inovação; capital social e meio ambiente – das 73 empresas avaliadas.

            Entre as 10 primeiras colocadas, a dimensão com menor média de avaliação foi a de capital humano, que averigua questões como diversidade e direitos trabalhistas por exemplo; seguido pelo índice de capital social, responsável por tópicos como investimento social privado e relações com a comunidade. Ambos representando, não apenas, mas essencialmente o “S” dentro de “ESG”.

            Nota-se nesse assunto uma certa dificuldade de tornar materiais ações e medidas para que o “S” se fortaleça na cultura de empresas e seja, enfim, perene na sociedade. Uma pesquisa da BNP Paribas (ESG Global 2021) revelou que 51% dos investidores consultados consideraram o “S” o mais difícil de analisar e incorporar às estratégias de investimento. Outra análise, feita pela Global Reporting Initiative (GRI) em parceria com o Deutsche Bank, mostra que apenas 14% das classificações “sociais” compiladas pela GRI são direcionadas a investidores. Em contraste, 97% das classificações ambientais e 80% das classificações de governança têm investidores como seu público principal.

            O que as empresas brasileiras deveriam fazer, então, para evoluir na pauta social em suas práticas ESG?

            A resposta não é simples, e tampouco é única. Entre os caminhos, há na agenda ESG uma grande oportunidade para repensar a maneira como as empresas dialogam, planejam e alocam o seu investimento social levando em conta sua capacidade de promover transformações sociais atreladas ao alinhamento com o negócio.

            O que acontece é que nem sempre as empresas possuem em suas políticas os recursos necessários para lidar com pautas do “S”. E quando elas não suprem lacunas como essa – e o governo também não, é ali onde estão atuantes as organizações da sociedade civil (OSCs). Neste contexto, as empresas devem envolver mais as OSCs em suas iniciativas e, mais do que isso, aprender com elas. Devem colaborar para o desenvolvimento de projetos, manutenção das instituições e criar linhas de investimento direto, uma vez que as OSCs podem ter mais influência e capacidade de execução e transformação junto aos beneficiários do que as empresas.

            Por exemplo, no Brasil vemos com nitidez que nos momentos mais difíceis os problemas se concentram nas populações mais vulneráveis, seja na precariedade do sistema ou na falta de trabalho e renda. Ao mesmo tempo, são também nesses atores onde encontramos as chaves para as soluções. Lição disso são as mobilizações gigantescas conduzidas por líderes comunitários em momentos emergenciais, como as realizadas pela CUFA (Central Única de Favelas) que garantem desde necessidades básicas como alimento até fomento ao empreendedorismo nas favelas em todo o país.

            Esse é um ponto que não pode mais ser invisível. O Censo GIFE 2020 registrou, inclusive, um crescimento de 11 pontos percentuais na quantidade de investidores sociais focados no ‘fortalecimento da sociedade civil’ em relação ao levantamento de 2018. Ao invés de criar projetos novos e internos à empresa, por que não fortalecer e amadurecer cada vez mais organizações que já estão há anos trabalhando e pensando nessas mais variadas questões?

            Este artigo foi publicado originalmente pelo Valor Econômico no dia 02/05.

            O Voluntariado Empresarial no Brasil na última década pelas lentes do censo CBVE

            Por Carolina Muller, Gestora da Secretaria Executiva do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE) e Gerente de Projetos no Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS).

            Os últimos 10 anos foram marcados por uma velocidade sem igual no nosso modo de agir, pensar, sentir, consumir e se movimentar por este planeta. É neste cenário de volatilidade, transformação e imprevisibilidade que vamos aqui falar do voluntariado empresarial corporativo e de sua evolução, considerando nesta análise a série de Censos realizados pelo CBVE – Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial, e que vem, desde 2015, evidenciando um crescimento sustentado e qualificado do voluntariado corporativo empresarial enquanto ferramenta estratégica de desenvolvimento de pessoas, comunidades e instituições. 

            Programas cada vez mais estratégicos, institucionalizados, gerenciados por indicadores próprios e alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), vem dando a tônica de uma rede que cresceu em capacidade de mobilização e com resposta às demandas da sociedade, especialmente diante de cenários emergenciais, como o vivenciado a partir da Covid-19. Momento em que a rede cresceu em 185% o número de pessoas alcançadas pelas suas ações.

            Considerando uma leitura ampla do cenário, o primeiro Censo, em 2015, evidenciou a necessidade de identificação e a disseminação de boas práticas, traduzida como demanda por construção de conhecimento sobre voluntariado empresarial, focado preliminar e principalmente nas múltiplas dimensões e possibilidades do seu fazer. Já em 2016, foi possível perceber movimentos em busca de maior organicidade, alinhamento estratégico e aplicação de ferramentas de gestão, dando início a busca pela definição de processos e instrumentos de monitoramento e avaliação. Uma trajetória ainda em curso, que ganhou forma à medida em que áreas dedicadas à gestão dos programas de voluntariado foram sendo criadas. 

            Neste mesmo tempo, duas grandes tendências surgiram: o alinhamento das ações de voluntariado empresarial aos objetivos estratégicos das empresas; e o crescimento do desenvolvimento de ações voluntárias fora do horário comercial. Nesse cenário, o exercício cada vez maior na construção de sistemas próprios para a gestão das atividades de voluntariado emergiu como tendência significativa de investimentos específicos para resolução das demandas de cada organização, e principalmente, de seus colaboradores – maior valor e motor do voluntariado empresarial. A necessidade de seguir buscando por indicadores de impacto decorrente da ação voluntária ficou evidente, motivando o próprio CBVE a iniciar sua própria jornada de desenvolvimento de indicadores íntegros para qualificar a gestão e melhor apurar resultados dos programas de voluntariado

             Nestes dois períodos – 2015 e 2016 – as áreas de Educação e Geração de Renda concentraram o maior número de atividades de voluntariado da #rede. A pactuação global em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o fortalecimento da perspectiva de interdependência no qual se assentam seguiram alinhando os esforços para o cumprimento da Agenda 2030 e se consolidaram como ponto de partida e também de chegada das ações voluntárias.

            A partir de 2018, quando o Censo passou a ser bianual, o alinhamento dos Programas de Voluntariado e suas ações ao plano estratégico das empresas se fortaleceu. Quase 95% das associadas declararam realizar este alinhamento, passando a ser fundamental que as ações e programas de voluntariado empresarial estejam conectados aos objetivos e planos estratégicos das instituições, como forma de fortalecimento e perenidade das ações, precursor do movimento ESG que vem a ser incorporado nas organizações. 

            E neste aspecto a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 e seu estudo sobre o voluntariado empresarial na última década, elaborado e coordenado por Silvia Naccache traz reflexões para que as empresas, ao cumprirem sua responsabilidade social e metas ESG, também levem essas qualidades aos programas de voluntariado junto a seus colaboradores, destacando o movimento voluntário como deflagrador de soft skills, com destaque para a flexibilidade para lidar com adversidades. Destaque também para o número de voluntários engajados por e em programas de voluntariado corporativos, 15%, dos quais 58% atuam com frequência definida.

            Paralelamente, o surgimento do coronavírus arrastou de uma só vez as corporações ao isolamento social e à necessidade da transformação digital. O voluntariado, tão dependente e alimentado de toques, abraços e olhos nos olhos, precisou se reinventar e redescobrir novas formas de alcançar os mais necessitados.

            Estar em ação mantendo protocolos sanitários foi desafiador, e migrar do presencial para o virtual foi e segue sendo um calibrador de prerrogativas e possibilidades de estar e atuar em um “novo normal”, ainda mais demandante de recursos e intervenções de proteção e promoção social. 

            Agora, com a possibilidade do retorno presencial, intercalando presença e tecnologia em modelos híbridos de operação, seguimos certos de que jamais voltaremos ao que era antes, não sendo possível, nem desejável, ignorar o muito que aprendemos sobre conexão e ganhos de agilidade. Não só pelo alargamento da presença da tecnologia em nossas vidas, mas também pelas emergências humanitárias às quais nos ligamos. 

            Alinhavar o agora a um futuro melhor, garantir o essencial à preservação da vida e da dignidade hoje, garantir assistência humanitária aos que mais precisam, unificaram-se como a demanda prioritária dos programas de voluntariado empresarial, renovando o desafio de pensar a assistência, aqui entendida como garantia de acesso aos mínimos sociais.

            Nessa jornada, como #rede, nos posicionamos como espaço de partilha, que trabalha para #inspirar você, nosso leitor, a também aceitar o desafio de fazer de nosso mundo um lugar melhor! Nesse sentido, seguimos ainda mais próximos, acelerando inovações e aprendizagens no cumprimento do chamado global para não deixar ninguém para trás. 

             

            A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, em sua terceira edição, legitima o trabalho de milhares de voluntários na construção de um Brasil melhor, tanto no presente, quanto para as gerações futuras.

            Este artigo integra uma série de conteúdos escritos à convite dos realizadores da Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, com intuito de analisar e enriquecer os achados do estudo. Não nos responsabilizamos pelas opiniões e conclusões aqui expressadas.

            Acesse o site da Pesquisa Voluntariado no Brasil

            O Futuro do Voluntariado no Brasil: um laboratório de líderes sustentáveis

            Por Ricardo Voltolini, fundador e presidente da Ideia Sustentável – Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade, com atuação em consultoria, educação e gestão de conhecimento em sustentabilidade, ética, diversidade, governança corporativa, responsabilidade social e investimento social privado.

            No final dos anos 1990, quando surgiram os primeiros programas estruturados de voluntariado empresarial no Brasil, houve quem sentenciasse que teriam vida tão breve quanto o movimento de responsabilidade social no qual encontravam abrigo. Entre outras críticas, os céticos da época achavam que não cabia às empresas se “apropriarem” de um ato de vontade dos seus colaboradores (praticado, na maioria das vezes, em horário livre) para turbinar uma imagem de compromisso social. O tempo mostrou que estavam errados. Em duas décadas, o voluntariado nunca deixou de ter espaço na agenda corporativa – isso porque, quando bem conduzido, produz evidentes ganhos para empresas, colaboradores e comunidades.

            Os benefícios para as comunidades são largamente conhecidos. O tempo, o dinheiro e o conhecimento de milhares de homens e mulheres, organizados ou não em movimentos de voluntariado empresarial, têm sido força motriz na melhoria da vida de crianças, pessoas com deficiência, adultos analfabetos, populações de baixa renda sem acesso à saúde, educação, trabalho, alimentação e saneamento básico. Constituem reserva de capital humano, intelectual e social de valor inestimável num país marcado por abismos sociais e econômicos. Formam uma rede de apoio, informal mas eficaz, muitas vezes à margem das políticas públicas.

            Já os benefícios para os colaboradores tendem a ser menos tangíveis. Variam de pessoa para pessoa. E obedecem à mesma subjetividade que determina suas escolhas e motivações. Orientados por princípios religiosos, de cidadania ou mesmo de autogratificação, os indivíduos que se dedicam à atividade voluntária relatam, em comum, um tipo de retorno emocional que não pode ser mensurado por métricas convencionais de impacto. Ajudar o próximo, no entendimento da maioria dos voluntários, é um modo de conferir sentido à vida, alimentar a alma e buscar um estado de felicidade que só se completa quando se consegue diminuir a dor do outro ou fazê-lo feliz.  

            Sobre as benesses para as empresas existe um razoável consenso. Amparada em princípios de solidariedade, altruísmo e cidadania, a ação voluntária equivale a um desejável pulsar de humanidade em organizações que, com o tempo, tornaram-se impessoais e distantes da realidade de suas comunidades. Exercitando-a, as empresas se descobriram mais empáticas. E entenderam, por tabela, que a empatia, além de valor em ascensão no mundo pós-pandemia, ajuda a construir (e fortalecer) vínculos de confiança imprescindíveis para atrair os melhores talentos e ganhar a admiração de clientes em tempos de employer branding e ESG. Empresas são feitas de seres humanos que se mostram mais felizes, integrados e incluídos quando trabalham em organizações humanizadas nas quais se cultua o legítimo interesse pelo bem-estar do outro. Com a crescente mudança nas expectativas das sociedades em relação ao papel das empresas, as pessoas estão mais inclinadas a preferirem se relacionar com corporações íntegras, que pensam e agem como um cidadão decente. Nos dois casos, o voluntariado oferece substrato.

            Estou convicto de que, nesse contexto de ascensão do ESG, o voluntariado corporativo – criterioso, bem gerido e integrado à cultura organizacional – pode ser mais do que as empresas enxergam nele. Vejo-o como uma espécie de laboratório de liderança sustentável num tempo em que líderes sustentáveis são, segundo o Fórum Econômico Mundial, fundamentais para conduzir a transição do business as usual para um modelo de empresa mais ética, transparente, e respeitosa em relação às pessoas e ao meio ambiente. A ação voluntária representa um set contemporâneo para o exercício de competências atitudinais esperadas no século 21, como cuidar de pessoas, promover a diversidade e inclusão, agir com ética (fazer o que é certo do jeito certo) e pensar de forma sistêmica e interdependente.

            Como já escreveu Peter Senge, os melhores líderes de sustentabilidade estão nas “bordas” e não no centro das organizações. Eles só precisam de um ambiente propício para florescerem.

             

            A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, em sua terceira edição, legitima o trabalho de milhares de voluntários na construção de um Brasil melhor, tanto no presente, quanto para as gerações futuras.

            Este artigo integra uma série de conteúdos escritos à convite dos realizadores da Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, com intuito de analisar e enriquecer os achados do estudo e não nos responsabilizamos pelas opiniões e conclusões aqui expressadas.

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            ESG e o “S” brasileiro: quais os pontos que mais necessitam de atenção

            A pauta ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, no português, Ambiental, Social e Governança) ganha a cada ano mais espaço entre investidores e empresas. Mas o que vem sendo mensurado de fato? Com detalhes da pauta ainda em definição pelo mundo, estudos apontam uma falta de padrões consistentes, principalmente sociais. O “S” é, inclusive, apontado como o mais difícil de se analisar e incorporar a estratégias corporativas, isto de acordo com 51% dos investidores entrevistados pelo BNP Paribas – um dos maiores bancos da Europa.

            No caso brasileiro, a pauta ESG vem sendo absorvida absorvida por investidores, reguladores e empresas, a partir do modelo dos Estados Unidos e países europeus. Entretanto, para que o movimento seja efetivo é necessário estabelecer uma visão do “S” que considere as especificidades e prioridades do nosso país. Nesta Nota Técnica, elaborada por Renato Rebelo, diretor de Projetos do IDIS, apresentamos dados e conceitos refletindo o que mais necessita de atenção quando pensamos em pautas sociais em ESG.

            Para acessar a nota completa basta acessar abaixo ou clicar aqui.

            IDIS 2022: vamos juntos!

            Com energias renovadas, muitos planos e disposição, entramos em 2022 prontos para inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto!

            Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Hoje, compartilho alguns dos principais projetos para o ano que inicia. E por acreditar no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista, convido todos para a atuação em parceria. Vamos juntos sonhar mais, criar mais, transformar mais!

            Combater os efeitos da pandemia ainda é urgente. Em 2020, respondemos criando o Fundo Emergencial para a Saúde e fortalecendo o SUS, em 2021, o foco foi o programa Redes para a Inclusão Produtiva, em parceria com o Sebrae SP, e neste ano, reunimos parceiros para lançar o Fundo de Conectividade para escolas da rede pública de ensino, visando dar aos alunos uma estrutura mais adequada para o momento que vivemos. Também nos dedicaremos ao Transformando Territórios, programa de desenvolvimento de institutos e fundações comunitárias por meio do qual, com o apoio da Mott Foundation, investiremos R$ 1 milhão no fomento de iniciativas, e seguiremos na liderança da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, atuando para melhorar o ambiente regulatório para este importante mecanismo de sustentabilidade para causas e organizações.

            Entre os projetos de Conhecimento, destaco o mapeamento de tendências da filantropia que lançaremos ainda no início deste ano, além da realização do 11º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que pretendemos realizar em formato híbrido, com sessões presenciais e transmissão ao vivo. Teremos duas publicações sobre Fundos Patrimoniais no Brasil, que nos permitirão entender com mais exatidão o panorama no País, um estudo sobre modelos emergentes de doação, desenvolvido em parceria com a Lilly School of Philanthropy, e o apoio à realização da Pesquisa Voluntariado no Brasil 2001+20.

            Por meio da consultoria, vamos manter a realização de projetos customizados para famílias, empresas e organizações da sociedade civil, os apoiando em sua trajetória de investimento social. O suporte para o planejamento estratégico deve se manter forte, e a tendência mostra que há crescente demanda por apoio técnico em áreas como criação de fundos patrimoniais, gestão da doação e avaliação de impacto.

            A agenda ESG, por fim, deve seguir ganhando relevância. No ano passado, participamos ativamente da criação do Pacto de Promoção da Equidade Racial e nosso foco será no fortalecimento do pilar SOCIAL, contribuindo ao debate e à produção de conhecimento, por meio de artigos, notas técnicas e eventos, e oferecendo consultoria àqueles que pretendem evoluir nesta pauta.

            Internamente, investiremos em processos e no desenvolvimento de nossa equipe, nosso maior ativo!

            Os dozes meses parecem pouco, mas não estamos sós. É colaborando uns com os outros e criando pontes que chegaremos mais longe e mais rápido. Será um ano de grandes projetos, de muito impacto e de colaboração!

            Um feliz 2022 para todos nós!

            Paula Fabiani

            5 razões para as empresas continuarem doando

            Dois anos após a chegada da pandemia da Covid-19 ao Brasil, sabemos que ela transformou para sempre nossa realidade e trouxe muito sofrimento, mas também provocou uma onda inédita de solidariedade e doações.

            O Monitor das Doações, desenvolvido pela ABCR (Associação Brasileira dos Captadores de Recursos), registra R$ 7,1 bilhões em doações para o combate à pandemia, sendo que 85% desse montante foi aportado por empresas.

            Contudo, os recursos não vieram de forma uniforme ao longo do tempo. No final de 2020, o totalizador já indicava R$ 6,5 bilhões. Ou seja, durante boa parte do ano de 2021, foram reportadas doações de apenas 10% do volume de 2020, mesmo com as condições da pandemia no Brasil voltando a piorar de forma drástica, o auxílio emergencial do governo federal reduzido a um quarto do valor inicial e muitas organizações reportando queda nas doações recebidas.

            A cultura de doação iniciada em 2020 não pode ser passageira, afinal temos uma série de desafios pela frente. Por isso, indicamos cinco razões para que as empresas continuem doando agora e nos próximos anos, fazendo disso uma cultura.

            1. Consumidores preferem empresas que doam e se posicionam sobre questões sociais

            Um primeiro fato a se destacar é que os consumidores querem comprar de empresas engajadas e olham positivamente para empresas que doam para organizações sociais.

            Sete em cada dez brasileiros (71%) afirmam que estariam mais inclinados a comprar um produto ou serviço de uma empresa que doa a causas sociais ou que apoia sua comunidade local.

            As mulheres, em especial, são mais propensas a levar isso em consideração na hora da compra (77% contra 65% dos homens), segundo a Charities Aid Foundation e o IDIS divulgaram no Brazil Giving Report de 2020.

            2. Suas futuras contratações também preferem empresas doadoras e engajadas

            Segundo ponto: as pessoas querem trabalhar em empresas engajadas. Em tempos em que passamos por longos períodos de isolamento social e home office, é ainda mais importante fortalecer o vínculo entre a empresa e seus colaboradores. Mostrar preocupação com os problemas sociais do país e envolver os profissionais em iniciativas de doação podem ser excelentes formas de atrair e reter talentos.

            O trabalho com propósito, principalmente diante de todo o cenário criado desde 2020, é uma demanda. Uma pesquisa global focada em trabalhadores, do IBM – Institute for Business Value, mostrou que quase a metade dos entrevistados (48%) aceitaria um salário mais baixo para trabalhar em empresas ambiental e socialmente responsáveis.

            3. A população quer ser mais solidária e doar mais, mas não sabe como

            Terceiro fator a ser levado em conta: a população quer ser mais solidária, mas não consegue colocar isso em prática. Como doar, para quem, onde?

            Quase a totalidade dos brasileiros (96%) tem o desejo de ser mais solidária, mas pouco mais de um quarto (27%) concretiza essa vontade, especialmente porque não conhece formas e oportunidades.

            As empresas, doando para organizações sociais, têm a chance de ajudar a canalizar essa imensa solidariedade e criar caminhos para que consumidores e colaboradores também possam doar. Comuniquem as doações realizadas. É preciso dar o exemplo a outras empresas e para indivíduos.

            4. Parâmetros ESG

            Em quarto lugar, destaco que cada vez mais as empresas são avaliadas de acordo com os parâmetros ESG (Environmental/Ambiental, Social e Governança). Doar reforça o S.

            Inevitavelmente, o mercado brasileiro vai seguir a tendência de adotar critérios ESG para orientar os investidores. Fazer doações para projetos sociais e ambientais reafirma o posicionamento da empresa e também contribui para o seu desempenho.

            Pesquisas indicam que empresas que doam e com melhores práticas em ESG colhem mais lucros no longo prazo, além do aumento de seu valor de mercado.

            5. A democracia precisa da sociedade civil

            E fecho reforçando que o livre mercado depende da democracia e a democracia depende de uma sociedade civil forte. As empresas quando doam e dão apoio às organizações da sociedade civil, podem ter um ambiente saudável para os negócios, pois elas defendem a democracia, a livre expressão e os direitos civis. Além disso, trabalham por uma sociedade mais forte e equilibrada, ou seja, uma estrutura melhor dentro da qual as empresas podem operar e prosperar.

            Essas são apenas cinco de muitas razões pelas quais convocamos as empresas a readequarem definitivamente o padrão de investimento social que costumam praticar e assumir um compromisso com a solução dos crescentes problemas socioambientais que enfrentamos.

            Subam a régua. Doem mais e melhor. Se não for pelo legítimo desejo de construir um Brasil mais justo e acolhedor para todos, que seja pela certeza de que todo Real doado voltará para a empresa na forma de admiração, valorização e resultados.

            Saiba mais: cultura de doação

            Este artigo foi publicado originalmente pela Folha de S. Paulo.

             

            Brasil tem novo projeto nacional para promover a equidade racial

            Associação de Promoção da Equidade Racial, com amplo apoio da sociedade civil, lança um novo programa inédito no Brasil para reduzir a desigualdade racial nas empresas

             

            Foi lançado hoje o Pacto de Promoção da Equidade Racial para propor e implementar um novo Protocolo ESG Racial no Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais e multinacionais, assim como de importantes agentes da sociedade civil para o tema. O Pacto irá promover a adoção do novo Protocolo por empresas e investidores institucionais com o objetivo de incentivar a adoção de ações afirmativas e a realização de investimento sociais voltados à melhoria da qualidade da educação pública e a formação de profissionais negros.

            O Pacto de Promoção da Equidade Racial, que será gerido pela Associação de Promoção da Equidade Racial, uma entidade privada e sem fins lucrativos, foi desenvolvido durante um ano por um grupo de mais de 140 pessoas, incluindo representantes da comunidade negra, especialistas financeiros e em ESG, acadêmicos, professores, advogados, econometristas, pesquisadores, empresários, profissionais do terceiro setor e líderes de ONGs e entidades.

            O Protocolo ESG Racial é uma iniciativa inédita no mundo e de alto potencial de impacto no curto, médio e longo prazos. Propõe que as empresas trabalhem seus ambientes internos e, simultaneamente, contribuam para a transformação da realidade externa. Ou seja, que invistam na promoção da equidade racial entre seus próprios colaboradores e atuem positivamente nas comunidades nas quais estão inseridas.

            O fator de mudança está no movimento das empresas de incorporarem a questão racial a parâmetros sociais, ambientais e de governança. Os critérios ESG (sigla de Environmental, Social and Governance) que já orientam investidores institucionais quanto a questões ambientais, sociais e de governança e, agora, podem também ser a base da mudança estrutural do Brasil no que tange à equidade de negros no mercado de trabalho em cargos de gestão e de liderança. Investidores e a sociedade estão exigindo das empresas um novo posicionamento com relação essa questão racial, e o projeto proporciona a essas empresas um roteiro claro do que fazer diante dessa nova demanda no Brasil.

            “Após séculos de escravidão e falta de oportunidades sociais e econômicas para a população negra, a sociedade civil e as empresas brasileiras podem (e devem) atacar as consequências negativas desse problema histórico”, diz Gilberto Costa, importante profissional do mercado financeiro e que atuará como Diretor Executivo da Associação.

             

            O projeto considera a relação direta entre sustentabilidade e rentabilidade, destacando que há, sim, uma demanda crescente do setor privado e, em especial, dos investidores institucionais, pela adoção de tais parâmetros. Nessa linha, pesquisas nos EUA indicam que a diversidade pode ter um expressivo efeito sobre a economia. De acordo com o estudo The allocation of talent and U.S. economic growth, 2019, produzido pela Econometrica, a inclusão de negros e mulheres nas ocupações de alta qualificação explicaria cerca de 20% a 40% do crescimento do PIB americano per capita no período compreendido entre 1960 e 2010. Além de gerar resultados financeiros de impacto, com a crescente exigência pública por posturas socialmente responsáveis nas empresas, o investimento em diversidade melhora a reputação corporativa e o relacionamento com clientes e com todos os stakeholders (públicos de interesse).

            Ao promover a adoção do Protocolo por investidores institucionais, o Pacto de Promoção da Equidade Racial impulsionará a adesão voluntária de empresas interessadas em atender às demandas sociais por maior equidade racial, consciência social e transparência. Nesse sentido, contará também com regras de governança que prezam pela representatividade dos distintos stakeholders envolvidos com o tema racial e com a agenda ESG, além de contemplar no Protocolo mecanismos próprios de mensuração do equilíbrio racial (o Índice ESG de Equidade Racial – IEER), de aferição de resultados e certificação por organizações independentes.

            “O que fizemos foi adaptar o Protocolo ESG para a realidade racial brasileira, que é muito diferente daquela encontrada nos países desenvolvidos.  No Brasil, com 56% da população negra, as empresas estão muito atrás na promoção da diversidade racial, principalmente quanto às suas posições de liderança. Nesse sentido, para atender à pauta ESG, não basta apenas às empresas brasileiras adotarem ações afirmativas. Há que se investir no enfrentamento do racismo institucional e, ao mesmo tempo, investir na formação de crianças e jovens negros potencializando o investimento do Estado nas redes públicas”, diz Jair Ribeiro, um dos idealizadores da iniciativa e presidente da Associação Parceiros da Educação. “Acreditamos que com maior participação da sociedade civil podemos, sim, mudar a realidade do país e promover maior equidade racial e social”, complementa.

            “O momento é especialmente propício devido ao advento e a maior relevância de métricas ESG adotadas por investidores em todo o mundo, e aos recentes movimentos no mundo e no Brasil em prol da inclusão racial e contrários a episódios de violência pautados na exclusão racial”, diz o Professor Hélio Santos, Presidente do Conselho da OXFAM Brasil e que foi indicado para a presidência do Conselho da Associação. Segundo ele, o Protocolo ESG Racial será uma grande oportunidade para que as empresas desenvolvam um posicionamento e uma narrativa consistentes com essa nova cobrança da sociedade, bem como apoiem a busca por maior justiça social. “Como resultado, as empresas irão alavancar sua sustentabilidade econômica e social, além de fortemente contribuir para a mudança da realidade brasileira em apenas uma geração”, diz.

            O processo de adesão é totalmente voluntário e gratuito. Os interessados assinarão um Termo de Parceria com a Associação de Promoção da Equidade Racial, manifestando interesse em adotar o novo Protocolo ESG para questões raciais no Brasil com base nas premissas do Pacto de Promoção da Equidade, e calcularão o seu respectivo Índice ESG de Equidade Racial (IEER), com o apoio de uma empresa certificadora. Esse Índice, construído por especialistas, serve para medir o desequilíbrio racial dentro das organizações em termos de renda destinada a profissionais negros, quando comparado ao percentual de negros na população economicamente ativa na região em que a empresa atua.  O Índice pode ser melhorado com a adoção de ações afirmativas e o compromisso de realizar investimentos em equidade racial dentro dos parâmetros do programa.    

            Para simplificar a comunicação do tema com o grande público e investidores, foi adotado um rating, seguindo modelo amplamente reconhecido por empresas e gestoras de ativos financeiros, indo de A++ a H.

            O Índice ESG de Equidade Racial (IEER) será medido em três níveis: N1, N2 e N3 – valendo o Nível 3 como referência para a respectiva empresa:

            IEER_N1 – reflete a condição  atual da empresa, atribuindo maior peso à participação de negros em cargos de liderança

            IEER_N2 – considera a adoção de ações afirmativas, que contemplem o recrutamento, permanência e promoção de profissionais negros, assegurando uma mudança cultural sistêmica nas empresas e

            – IEER_N3 – considera o compromisso com investimentos sociais voltados à formação integral de indivíduos negros, dando preferência programas de melhoria da qualidade da educação pública e a organizações com lideranças negras já atuantes.

            “Em sua concepção, o programa adotou como referência o Índice ESG de Equidade Racial (IEER). Este índice representa uma forma de medir o desequilíbrio entre brancos e negros no mercado de trabalho formal. Com o IEER, será possível avaliar, monitorar e comparar as empresas ao longo do tempo e, isto por si só, tenderá criar um incentivo, endógeno, para que elas se tornem mais comprometidas com a promoção da equidade racial”, afirma Michael França, pesquisador do Insper, membro do Grupo de Construção do Pacto e um dos criadores do índice.

            “Em um mercado corporativo e financeiro que pouco tem debatido questões ambientais e de direitos humanos, é sintomático que a agenda ESG que aqui aporta tenha predominantemente uma pauta internacional e não local, focando quase que exclusivamente na questão climática e igualdade de gênero e deixando questões brasileiras de lado, como a desigualdade social e a inequidade racial. Neste sentido, a adoção do IEER não só joga um holofote ao problema expondo o tamanho do abismo racial, como também constrói soluções estimulando ações afirmativas e investimento social na temática racial no intuito de resolver em definitivo um problema histórico fundamental até então pouco combatido no mundo corporativo”, diz Fábio Alperowitch, Presidente da FAMA Investimentos e membro do Grupo de Construção do Pacto.

            A alocação dos investimentos sociais em equidade racial reflete o objetivo de formar mão de obra negra qualificada ao longo de uma geração, dando preferência por intervenções que apoiem a formação integral de mão de obra negra e sua inserção no mercado de trabalho.  O Protocolo define os ranges quanto à alocação dos investimentos sociais em equidade racial por área, cabendo à gestão das empresas definir onde e como alocá-los.  Esses investimentos serão, por definição, realizados para fora da organização, respeitando as premissas sugeridas no Pacto, que estimulam projetos e programas de promoção da equidade racial através da educação, cidadania e empreendedorismo negro, o que, certamente, resultará em retorno positivo para a sociedade a curto, médio e longo prazos.

             

            E exatamente por reconhecer essa ampla capacidade do Pacto de Promoção da Equidade Racial de impulsionar mudanças realmente significativas na sociedade, o Pacto Global da ONU, a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo com mais de 16 mil membros em 160 países, não apenas endossa o programa como também recomendará o protocolo de ações às empresas associadas. “O Pacto de Promoção da Equidade Racial é um poderoso instrumento para promover mudanças sociais fundamentais para o Brasil. Entendemos que estamos diante de uma excelente oportunidade para Brasil definitivamente adotar novos caminhos e estabelecer o equilíbrio racial como uma premissa básica”, diz Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.

             

            O IDIS colaborou com o planejamento e sistematização do Programa, por meio de consultoria técnica, com participação ativa para a definição de políticas para o investimento social em equidade racial e desenvolvimento do IEER, índice que norteia o Pacto.

            Saiba mais em:pactopelaequidaderacial.org.br

            Contexto

            A desigualdade social é um dos grandes desafios da sociedade brasileira e está profundamente relacionada à questão racial, que é a problemática central desta questão. Segundo dados do IBGE, entre os 10% mais pobres da população brasileira, 78,5% são negros (pretos e pardos) e 20,8% são brancos. Já entre os 10% mais ricos, a situação se inverte: 72,9% são brancos e 24,8% são negros. A ausência de políticas afirmativas de inclusão do negro na economia, o racismo estrutural e a baixa qualidade da educação pública são apontados como fatores causais desses altos índices de desigualdade e da instabilidade social do país.

            A questão da diversidade de gênero tem sido trabalhada pelas empresas ao longo dos últimos anos, com algum sucesso, porém, e principalmente no Brasil com 56% da população negra, estamos muito atrás na promoção da diversidade racial nos quadros de funcionários das empresas de capital nacional ou subsidiárias de multinacionais. Apesar de algumas empresas implantarem programas de ações afirmativas e existirem milhões de profissionais negros qualificados ainda não absorvidos pelo mercado de trabalho, grandes empresas ainda alegam dificuldade na contratação de funcionários e executivos negros para atingir um percentual equivalente à população economicamente ativa da região em que atuam.

            Um dos grandes obstáculos que se apresenta para a formação de profissionais negros é a baixa qualidade da educação pública, que figura entre as piores do mundo segundo dados da OCDE. Nesse sentido, para atender à pauta ESG, não basta apenas às empresas brasileiras adotarem ações afirmativas.  No Brasil, ao contrário de outros países do hemisfério norte, há que se investir na formação de profissionais negros tecnicamente mais preparados para que as empresas possam manter, em todos os níveis hierárquicos do seu quadro de colaboradores, um retrato da população na região em que atuam.

            Segundo o Pacto, a dificuldade é ainda maior nos níveis de alta gerência das empresas, com um percentual muito baixo de negros nessas funções. “Entendemos que cabe à sociedade como um todo, e não apenas do Estado, a responsabilidade de endereçar a questão da desigualdade social racial, bem como a formação de mão de obra negra. A sociedade e o momento histórico no qual vivemos exigem que indivíduos, organizações e empresas assumam uma postura protagonista de antirracismo”, diz Selma Moreira, diretora geral do Fundo Baobá e membro do Grupo de Construção do Pacto.

             

            GRUPO DE CONSTRUÇÃO DO PACTO

            Pessoas físicas que colaboraram diretamente na construção e revisão do Pacto:

            Gilberto Costa – JP Morgan (Coordenador)
            Jair Ribeiro – Parceiros da Educação (Coordenador)

             

            Adriana Barbosa – PretaHub

            Carlo Pereira – Pacto Global

            Carolina Costa – Mauá Investimentos

            Cida Bento – CEERT

            Daniel Teixeira – CEERT

            Eduardo Alves – PWC

            Elizabeth Scheibmayr – Uzoma Diversidade, Educação e Cultura

            Fabio Alperowitch – FAMA Investimentos

            Fabio Coelho – Google

            Felipe Insunza Groba – IDIS

            Guibson Trindade (PMO)

            Gustavo Wernek – Gerdau

             

            Hélio Santos – Oxfam Brasil

            Igor Lima – Instituto Sonho Grande

            Lina Pimentel – Matos Filho Advogados

            Lucas Cavalcanti – Econometrista – Índice ESG de Equidade Racial

            Michael França – Econometrista – Índice ESG de Equidade Racial

            Paula Jancso Fabiani – IDIS

            Rachel Maia – RM Consulting

            Rafael Tavares – Econometrista – Índice ESG de Equidade Racial

            Ricardo Henriques – Instituto Unibanco

            Selma Moreira – Fundo Baobá

            Theo van der Loo – NatuScience

            Thiago Amparo – Advogado

            Wilson Risolia – Fundação Roberto Marinho

             

             

             

             

            GRUPO DE APOIADORES E FUNDADORES DO PACTO

            Pessoas físicas e jurídicas que serão convidadas para serem membros fundadores

            Adriana Barbosa (PretaHub e Feira Preta) – Integrante Grupo de Trabalho; Alan Duarte (ONG Abraço Campeão); Alfredo Pinto (Bain); Ana Diniz (Inst. Península); Ana Karla (ANEPE); André Coutinho (KPMG); Andrea Alvares (Natura); Angélica Souza (PWC); Anna Helena Altenfelder (Cempec); Bete Scheibmayr (Uzoma); Caio Magri (Instituto Ethos); Carlo Pereira (Pacto Global); Carlo Pereira (Pacto Global) – Integrante Grupo de Trabalho; Carlos Ambrosio (Ambima & Avenue); Carlos Donzelli (Magalu); Carlos Magalhães (BRK); Carlos Takahashi (BlackRock); Carlos Terepins; Carolina Costa (Mauá Investimentos) – Integrante Grupo de Trabalho; Célia Parnes (Secretaria do Desenvolvimento Social – SP); Celso Athayde (Favela Holding); Celso Loducca; Celso Prudente (Universidade Federal do Mato Grosso); Christian Olgmeister (Suzano); Cláudia Costin (FGV); Claudia Sender (Gerdau, Telefonica); Daniel Funis (Farfetch); Danielle Almeida (Diasporica); David Velez (Nubank); Edson França (UNEGRO); Edu Lyra (Gerando Falcões); Eduarda Penido Dalla Vechia (Fundação Flupp); Eduardo Alves (PWC); Eduardo Guardia (BTG Asset); Eduardo Mufarej (RenovaBR); Edvaldo Vieira (Amil); Eliane Leite (Paula Sousa); Elizabeth Mac Nicol (B3); Erica Butow (Ensina Brasil); Eugenio Mattar (Localiza); Everton Rodrigues (CFA Society); Fabio Aidar (Colégio Santa Cruz); Fabio Alperowitch (Fama Investimentos) – Integrante Grupo de Trabalho; Fabio Coelho (Google); Felipe Gonzalez (Fund Lemann); Fernanda Camargo (Wright Capital Wealth Mgt); Florian Bartunek (Constellation); Frei David (Educafro); Gilberto Costa (JPM) – Integrante Grupo de Trabalho; Gilvan Bueno Costa (Financier Educação); Giovani Rocha (UPenn); Giovanni Harvey (Fundo Baobá); Glaucimar Peticov (Bradesco); Guibson Trindade (Parceiros da Educação); Guilherme Leal (Natura); Guinle Johannpeter (Gerdau); Gustavo Werneck (Gerdau); Helio Santos (Instituto Brasileiro de Diversidade); Igor Lima (ex- Inst. Sonho Grande) – Integrante Grupo de Trabalho; Isabella Marinho (Instituto Humanize); Ivanir dos Santos (CEAP-RJ); Izabela Murici (Falconi); Jackeline Busnello (Bradesco); Jair Ribeiro (Parceiros da Educação) – Integrante Grupo de Trabalho; James Gulbradsen (NCH Capital); Jan Karsten (Julius Baer); Jandaraci Araujo (Sec. Desenv. Econ. SP); Jéssica Rios (Vox Capital); João Miranda (Votorantim); Joice Toyota (Vetor); José Carlos Doherty (AMBIMA); José Junior (Afro Reggae); José Papa (Trace); José Roberto Marinho (Globo); José Vicente (Zumbi dos Palmares); Juliano Seabra (Banco Mundial); Kellen Julio (Rede Globo); Laio Santos (XP Clear); Laura Mattar (Mattos Filho); Leonardo Dutra (EY); Leonardo Letelier (Sitawi); Liliane Rocha (Kairós); Lina Pimentel e Flavia Oliveira (Mattos Filho) – Integrante Grupo de Trabalho; Luana Génot (IDBR); Luana Ozemela (Dima Consult); Luciana Ribeiro (EB – Capital); Luciene Magalhães (KPMG); Luis Sthulberger (Verde); Luisa Brasuna (Ernest Young); Luiz Fernando Figueiredo (Mauá); Luiz Maia (Brookfield); Luiz Pretti (Amcham); Luiza Hirata (Santander Asset e AMBIMA); Mandalyn Gulbrandsen (BrazilFoundation); Manuela Marquez (RDP); Marcelo Bacci (Suzano); Marcelo Billi (AMBIMA); Marcelo Lyrio; Marcelo Medeiros (Alpargatas); Marcelo Serafim (PRI); Marcelo Tragtenberg (INCT); Marcio Correia (JGP); Marco de Castro (PWC); Marco Fujihara (Fundo Baobá); Marcos Magalhães (ICE); Maria Gal; Marina Mansur (McKinsey); Mário Theodoro (UNB); Marta Pinheiro (XP Investimentos); Masao Ukon (BCG); Matt Klingerman (Escale); Maurício Columbari (PWC); Maurício Pestana (Revista Raça); Mirian Leitão; Neca Setubal (Fundação Tide Setubal); Oded Grajew (Global Compact); Osvaldo Cervi (Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros); Patricia Ellen (Secretaria do Desenvolvimento Econômico); Patrícia Lobaccaro (Mobilize Global NY); Paula Belizia (Google); Paula Fabiani (IDIS); Paulo Batista (Alicerce); Paulo Kakinoff (Gol); Paulo Veras; Pedro Rudge (Leblon Asset); Piero Minardi (Warburg Pincus ABVCAP); Preto Zezé (CUFA); Priscila Cruz (Todos pela Educação); Priscila França (Instituto Equânime); Prof Ivanir dos Santos (UFRJ); Prof. Silvio Luiz de Almeida (FGV, Duke, Inst. Luiz Gama); Rachel Maia (RM Consulting); Rachel Maia (RM Consulting); Rafael Machiaverni (Parceiros da Educação); Raquel Teixeira (SEDUC- SP); Regina Esteves (Comunitas); Renato Ejnisman (Bradesco); Renato Feder (Secretaria Estadual da Educação do Paraná); Renato Meirelles (Inst. Locomotiva); José Marcos da Silva (Deloitte); Renato Souza (PWC); Ricardo Henriques (Inst. Unibanco) – Integrante Grupo de Trabalho; Ricardo Madeira (USP); Roberto Chade (Dotz – Inst. Superação); Rodrigo Dib (Proa); Rogério Mascarenhas (McKiney); Rogerio Monaco (Todos pela Educação); Rossieli Soares (Secretaria Estadual da Educação de São Paulo); Salatiel Barbosa (Banco Regional de Brasília); Selma Moreira (Fundo Baobá) – Integrante Grupo de Trabalho; Silvio Dulinski (WEF); Sonia Quintella (Artesol / Artiz); Tatiana Figueiras (Instituto Ayrton Senna); Tereza Vernaglia (BRK); Thalita Cunha (Blend); Theo van der Loo (NatuScience) – Integrante Grupo de Trabalho; Thiago Amparo (FGV); Thiago Spercel (Machado Meyer); Thiago Thobias (Advogado); Tom Mendes (ID BR); Vanessa Dockhorn (Psicologia Dockhorn); Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna); Vivianne Naigeborin (Arymax); Walter Schalka (Suzano); Wania Sant’Anna (IBASE); Willian Reis (Afro Reggae); Wilson Risolia (Fundação Roberto Marinho) – Integrante Grupo de Trabalho.

             

            Consultores Técnicos e Jurídicos – O projeto possui importantes consultores técnicos e jurídicos, especializados em diversidade, ESG, inclusão e equidade racial como, por exemplo Fabio Garcia; Lorraine Silva; Lucas Cavalcanti; Michael França; Michelle Ratton; Odara Andrade; Sérgio Firpo; Thiago Aparo; IDIS – Instituto para Desenvolvimento do Desenvolvimento Social; Diversidade Corporativa; Uzoma Diversidade, Educação e Cultura. A consultoria jurídica societária é feita pelo escritório Matos Filho Advogados; a consultoria de Resolução ESG é feita pelo Machado e Meyer Advogados.

             

             

            IDIS participa de evento sobre ESG junto do Instituto Capitalismo Consciente e inovabra habitat

            Com o objetivo de se aprofundar no debate sobre a ESG e propor um novo olhar para a sigla, o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) em parceria com o inovabra habitat, ambiente de coinovação do Bradesco, promoverá um evento online e gratuito no dia 9 de junho. O conteúdo será dividido em três momentos, com duração de uma hora cada, com foco nos três temas centrais: Ecossistema Ambiental, Social e Governança. A CEO do IDIS, Paula Fabiani, participa do evento sobre Social às 15h.

            A trilha que dará início ao evento é a de Governança. Na visão de Hugo Bethlem, chairman do ICCB, o termo deveria ser GSE, com Governança em primeiro lugar, para garantir a veracidade, a transparência e a sustentabilidade de todas as ações no Social e, consequentemente, no Ecossistema Ambiental. Para se aprofundar no assunto, Bethlem mediará uma conversa entre Claudinei Elias (CEO e Fundador da Bravo GRC) e Silvio Genesini (conselheiro de administração da brMalls, Anima, Grupo Algar, Hortifruti e Verzani & Sandrini).

             

            “A ampliação da consciência é o primeiro passo para a construção de uma cultura mais inclusiva e de boas práticas, por isso entendemos que a governança é o ponto de partida dessa mudança. É fundamental pensar e agir sempre orientado para o propósito do negócio, não importando a circunstância e acreditar no papel em ‘servir’ os stakeholders gerando oportunidades e riqueza para todos, enquanto trabalha na maximização do retorno ao acionista. É a partir dessas ações de governança que os outros pilares se estruturam dentro das companhias”, explica Bethlem.

             

            O evento também contará com outros grandes speakers que falarão sobre Social e Ecossistema Ambiental, como: Marcelo Pasquini, Superintendente Executivo responsável por Sustentabilidade Corporativa no Bradesco; Rodrigo Pipponzi, diretor executivo da MOL, uma editora de impacto social que em parceria com redes varejistas já doou mais de R$ 38 milhões a dezenas de organizações sociais; Paula Fabiani, CEO do IDIS, que tem sua trajetória marcada pela atuação nos campos da filantropia e cultura de doação; e Marcello Brito, Presidente do Conselho Diretor da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio.

             

            “Ficamos felizes em viabilizar esse encontro, em especial porque o inovabra habitat pretende continuar atraindo startups que possam contribuir com inovação sustentável e expandir o portfólio de habitantes que já atuam dessa forma.  Dar um novo olhar sobre o tema e destacar a importância da construção da consciência como principal pilar para nortear práticas ESG é essencial”, destaca a head do inovabra habitat, Renata Petrovic.

             

            Os interessados em acompanhar o bate-papo podem se inscrever no site, clicando aqui.

             

            AGENDA

            Governança – 10h às 11h

            Claudinei Elias (CEO da Bravo GRC) e Silvio Genesini (conselheiro emérito do ICCB) conversarão sobre a importância da construção da consciência como principal pilar para nortear práticas ESG, com mediação de Hugo Bethlem (presidente do conselho do ICCB).

             

            Social – 15h às 16h

            Painel contará com a presença de Paula Fabiani (CEO do IDIS) e Rodrigo Piponzzi (diretor executivo Editora MOL), com mediação de Daniela Garcia (diretora de operações do ICCB)

             

            Ecossistema Ambiental -18h às 19h

            Painel contará com a presença de Marcello Brito (presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Agronegócio) e de Marcelo Pasquini (Superintendente Executivo de Sustentabilidade Corporativa no Bradesco), com mediação de Dario Neto (diretor geral do ICCB).

             

            Inscreva-se, clicando aqui.