Entrelaçando vidas, tecendo o futuro

Por Aline Herrera, analista de projetos do IDIS

Tem um lugar para todos na mesa para promover a mudança social. Foi assim que Julia Brindisi, chefe de Investimentos Filantrópicos para a América do Tony Blair Institute for Global Change (TBI), deu o tom para mesa de encerramento do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2024.

Dando o arremate final nos nós que uniram o evento, o painel final discutiu a colaboração entre diferentes atores e diferentes perspectivas para promover um futuro mais justo e próspero. As convidadas, Grace Maingi, Diretora Executiva da Kenya Community Development Foudation (KCDF); Cláudia Soares Baré, Diretora Executiva do Fundo Podaáli; e a já citada Julia Brindisi, apresentaram diferentes perspectivas e ferramentas que, amarradas, são capazes de potencializar umas as outras.

 

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Governos, comunidades, indivíduos, organizações filantrópicas e populações originárias podem (e devem!) trabalhar juntos para tecer um futuro melhor. A articulação intersetorial foi destacada como elemento chave para a redução das desigualdades e a promoção da justiça social. Para Claudia Baré, a responsabilidade de um desenvolvimento do bem viver é uma responsabilidade de todos nós:

“Nós não estamos tendo o nosso bem viver. E o bem viver não é viver bem somente, o bem viver é fazer com que todos nós, independente de ser povos indígenas, extrativistas, quilombolas ou não indígenas, que todos nós possamos ter uma qualidade de vida para que a gente possa fazer com que todos tenhamos um ar que possamos respirar com qualidade. Mas todas essas responsabilidades são colocadas, são depositadas nos povos indígenas, aos povos indígenas, por conta das florestas, por conta da própria Amazônia, onde nós estamos inseridos. E eu gostaria muito de colocar para vocês que não é uma responsabilidade somente dos povos indígenas, é responsabilidade de todos nós: povos indígenas, os próprios representantes das empresas, das organizações que estão aqui, de todos os cidadãos e principalmente do governo, porque nosso governo brasileiro ele tem sim o dever de garantir nossos direitos que estão ali”, disse Claudia.

Com a filantropia, não é diferente: o espírito de comunidade nos impulsiona a fortalecer juntos um ecossistema que cuida uns dos outros. Grace Maingi afirmou durante a sessão que “a verdadeira filantropia é aquela capaz de promover mudança sistêmica”. Para ela, a filantropia precisa falar a língua das comunidades e se integrar confortavelmente na realidade local, servindo como instrumento de mobilização. Assim, o investimento social pode apoiar pessoas e comunidades para que sejam protagonistas de seus próprios futuros.

Para além de conhecer o trabalho das três organizações presentes, o público do painel de encerramento pôde perceber como o entrelace para uma construção de um futuro melhor passa não só pela colaboração entre diferentes grupos, mas também pela combinação de diferentes ferramentas. Se por um lado o TBI investe em tecnologias avançadas e inteligência artificial para alcançar a equidade, o Fundo Podaáli valoriza os saberes dos povos originários, e a KCDF foca nas comunidades com o mesmo objetivo. Ainda que pareçam abordagens completamente difusas, reuni-las permite aliar inovação e sabedoria ancestral, criando novas perspectivas de desenvolvimento capazes de reinventar relações.

“Em termos do futuro da filantropia, eu acho que é importante nós reconhecermos que a tecnologia vai ser central à inovação. Então, pessoas jovens, o jeito que nós definimos a filantropia tem que fazer sentido para as pessoas que estão trabalhando e vivendo com comunidades, isso não pode ser definido a partir de uma lente de fora, isso precisa ser realmente entendido. Eu acredito muito que somos todos filantropos, de uma forma ou de outra, nós não precisamos ter grandes somas de dinheiro para ser filantropos, tem a ver com dar esperança.

A generosidade não é igual a riqueza que nós temos nos nossos bolsos, mas sim com a riqueza do seu coração, então se você for generoso da sua alma, pode compartilhar. O futuro da filantropia realmente precisa ver uma mudança no sistema. Precisamos ver essas barreiras sistêmicas, senão, vamos continuar naquela ‘roda do hamster’. Se nós não endereçarmos a desigualdade dentro da filantropia estamos simplesmente permitindo que um sistema que não está vendo os desafios do mundo continue, comenta Grace Maingi.

Seja estimulando governos, comunidades ou povos originários, a filantropia mostra seu potencial como ferramenta capaz de gerar transformações sistêmicas. É construindo um modelo de filantropia inclusiva, colaborativa e sensível às realidades locais – temas centrais do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024 – que, juntos, transformamos realidades e desatamos os nós de desigualdade do mundo.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Os nós do S na agenda ESG

Por Gabriel Bianco, gerente de projetos do IDIS

No Brasil, o pilar social (o ‘S’ do ESG) tem ganhado destaque, sendo apontado como prioridade por 72% dos respondentes da pesquisa Panorama ESG 2024, realizada pela Amcham e Humanizadas. A pesquisa abrangeu empresas de médio e grande porte, que juntas somam R$ 756 bilhões em faturamento e empregam 651 mil pessoas, representando 69% da amostra.

Esse foco crescente no pilar social reflete sua importância tanto na mitigação de riscos quanto na criação de vantagens competitivas. Um dos principais componentes dessa agenda é o investimento social privado (ISP), que se revela fundamental para gerar valor e fortalecer os laços com stakeholders. A pesquisa ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG’, conduzida pelo IDIS, reforça essa conexão, ao mostrar que o ISP está entre os dez fatores mais correlacionados com as notas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) de 2022-2024. Esse dado evidencia que empresas com um desempenho sólido em ISP tendem a se destacar no campo da sustentabilidade, especialmente no aspecto social.

Nesse contexto, foi realizado o painel ‘Os nós do S na agenda ESG’ durante o Fórum Brasileiro de Investidores e Filantropos Sociais  2024. O debate abordou temas de relevância para a evolução das práticas sociais nas empresas, contando com a participação de Luciana Morelli, diretora do Office of Equality da Salesforce para América Latina; Liane Freire, fundadora e CEO do Blend Group Brasil; Mônica Gregori, COO do Pacto Global Brasil; e foi moderada por Tarcila Ursini, conselheira de empresas e co-presidente do Sistema B.

 

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Ursini abriu o debate com a seguinte pergunta aos palestrantes: “Como podemos colocar as pessoas e a sociedade no centro das decisões empresariais? Cada palestrante trouxe sua perspectiva sobre como suas organizações estão enfrentando os desafios sociais e promovendo mudanças estruturais, dentro e fora das empresas, por meio da filantropia corporativa e sua integração na agenda ESG.

Luciana Morelli destacou a importância do programa Pledge 1% da Salesforce – uma empresa líder no setor de tecnologia, especializada em ferramentas de CRM e Cloud. Nesse programa, 1% do lucro, do tempo dos colaboradores e dos produtos e serviços são doados para causas socioambientais. Segundo Luciana, esse compromisso é parte fundamental da cultura organizacional da Salesforce e se reflete em ações concretas como voluntariado e doações. Globalmente, já foram doados 730 milhões de dólares por meio do Pledge 1%, com 19 mil empresas signatárias deste modelo de compromisso criado pela Salesforce. Inspirado no Pledge 1%, o IDIS e o Instituto MOL lançaram recentemente o Compromisso 1%.

No Brasil, em dez anos de operação, a Salesforce já doou mais de 60 mil horas de trabalho voluntário e um volume significativo de recursos financeiros para OSCs, incluindo iniciativas de combate à fome, ações humanitárias, promoção da saúde e reflorestamento. Luciana também destacou a responsabilidade social das empresas de tecnologia frente aos rápidos avanços da Inteligência Artificial:

“Como a gente tem certeza de que estamos usando uma linguagem inclusiva em nossos serviços? Para isso, utilizamos nossos próprios grupos de afinidade com pessoas diversas para nos verificarem a acessibilidade e inclusão. Além disso, como diminuir o desemprego estrutural e a falta de conhecimento de pessoas que estão ficando para trás com os avanços da IA? Estamos em um momento de intensas discussões sobre como avançar com esta tecnologia com um olhar de negócio, mas mantendo práticas responsáveis em relação às questões sociais envolvidas nas consequências da IA”.

Luciana também ressaltou os benefícios de atuar com responsabilidade social, diversidade e uma visão de longo prazo, destacando o potencial de justiça social e redução de desigualdades por meio de ações de Diversidade e Inclusão (D&I). Ela trouxe uma declaração de Marc Benioff, fundador da Salesforce: “A empresa não irá tirar o pé do acelerador em ações de D&I”, enfatizando o compromisso da empresa em seguir firme nessa agenda, mesmo diante de um cenário de cortes em departamentos de D&I no setor de tecnologia.

Como mensagem final, Luciana reforçou que, para destravar os ’nós’ do pilar social na agenda ESG, as empresas devem primeiro entender os impactos negativos gerados internamente – seja nos colaboradores, na sociedade ou no meio ambiente – e, em seguida, desenvolver estratégias baseadas em dados e metas. Ela citou o exemplo do compromisso Pledge 1%, que assegura recursos no médio prazo para ações socioambientais, que devem ser mensuradas e, se necessário, ajustadas ao longo do tempo.

Liane Freire, com sua vasta experiência no desenho de projetos de impacto sistêmico intersetoriais, trouxe ao debate três aspectos fundamentais a serem considerados na agenda social: filantropia, finanças e liderança.

Primeiramente, destacou a natureza do recurso filantrópico e suas características. Liberdade, autonomia e rapidez são vantagens do recurso filantrópico, que pode ser utilizado para enfrentar situações emergenciais, calamidades públicas ou mitigar impactos negativos das operações das empresas. Inovação, propósito e legado também são vistos como diferenciais do ISP, uma vez que sua lógica de aplicação deve dialogar com os objetivos estratégicos da empresa, agendas público-privadas e demonstrar resultados ao avaliar o impacto das ações.

Sobre finanças, Liane ressaltou que as soluções de blended finance (finanças mistas) são essenciais para criar escala e resultados de longo prazo. Essa abordagem combina diferentes formas de capital – como filantrópico e comercial – para alavancar investimentos em causas sociais e ambientais. No Brasil, a necessidade de financiamento de projetos de impacto é grande, e o capital garantidor é um dos principais obstáculos para o avanço dessa agenda. Liane apontou que o recurso filantrópico de bancos de desenvolvimento, como o BNDES, é importante para superar essa barreira. Em relação à liderança, ela destacou:

“Para realizar um projeto de sucesso, o que viabiliza o arranjo de complementariedade de recursos é cada um saber o seu lugar, são pessoas, lideranças, que já enxergam a possibilidade de composição de solução de financiamento com outros atores. E digo mais: o Brasil está liderando a pauta de Blended Finance no mundo”.

Mônica Gregori, por sua vez, destacou o crescimento da rede do Pacto Global no Brasil, que hoje é a segunda maior do mundo, com mais de duas mil empresas signatárias e adesão crescente. Por meio dos quatro pilares de atuação do Pacto Global – direitos humanos, meio ambiente, anticorrupção e trabalho – as empresas podem assumir compromissos públicos e participar de 10 movimentos e plataformas de ação, atuando de forma planejada e colaborativa.

Mônica afirmou a importância de as empresas criarem ações eficazes para atingir as metas socioambientais até 2030, contando com o Pacto Global para orientá-las nesses esforços. Ao ser questionada sobre o maior desafio da agenda social, Mônica respondeu:

“Existem muitos nós ainda na agenda ESG, mas diria que nosso maior desafio hoje é como engajar as cadeias de valor nos mesmos compromissos. As empresas por si só são catalisadoras de mudanças ao engajar parceiros em todos os elos da cadeia produtiva. Eu vejo que existe uma grande inquietação das empresas hoje em aprender juntas sobre melhores práticas e como combinar esforços para avançar.”

Em sua fala final, Mônica enfatizou a necessidade de as empresas atuarem com coerência e consistência ao assumirem compromissos ESG, destacando que esses compromissos devem ser incorporados à estratégia central dos negócios e não apenas tratados como iniciativas secundárias. O Pacto Global oferece ferramentas e capacitações, garantindo que ninguém fique para trás na jornada ESG.

O painel concluiu com uma reflexão sobre os principais desafios que ainda precisam ser superados para que o pilar social da agenda ESG avance de forma eficaz no Brasil. Entre os desafios mencionados, destacaram-se a necessidade de maior engajamento das lideranças empresariais por meio de mecanismos de remuneração para acelerar as metas de sustentabilidade, além do fortalecimento da colaboração entre os setores público, privado e filantrópico. As palestrantes também enfatizaram a importância de continuar inovando e ousando, mesmo em tempos de incerteza, para garantir um futuro mais justo e inclusivo.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

O poder da tecnologia no terceiro setor: novos caminhos para a transformação social

Por Ana Paula Otani, analista de projetos no IDIS

 

Nos últimos anos, o avanço da inteligência artificial acrescentou novas camadas de complexidade ao cenário tecnológico, transformando a forma como diversos setores e organizações operam. No terceiro setor, não foi diferente. A revolução tecnológica abriu novas oportunidades para potencializar ações filantrópicas e ampliar o impacto de iniciativas sociais, criando espaços para novas reflexões e estratégias.

Esse tema foi discutido por Luana Genot, fundadora do ID_BR; Daniel Paixão, fundador do Hub Periférico; e Beatriz Johannpeter, diretora do Instituto Helda Gerdau, na sessão ‘Tecnologia como Geradora de Transformações Sociais’, mediada por Alex Pinheiro, cofundador e CEO da Ecossistema SQUARE, durante a 13ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais.

 

Veja a sessão completa em:

 

Fundado em 2016, o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) dedica-se à promoção da equidade racial por meio da implementação de políticas e iniciativas de diversidade e inclusão em empresas, além de ofertar consultoria, treinamentos e desenvolver campanhas focadas no letramento racial e na educação antirracista para instituições públicas, privadas e a sociedade em geral.

Recentemente, com o intuito de ampliar o debate sobre raça e inclusão, a organização lançou a Deb, uma inteligência artificial generativa especialista em inclusão, que permite que qualquer pessoa possa tirar dúvidas sobre a temática a qualquer momento e sem medo de julgamentos.

“Nos últimos anos a gente veio percebendo que muitas pessoas tinham dúvidas muito pessoais [sobre a temática racial], mas nem sempre conseguiam externar isso numa mesa ampla como essa por sentir medo de ser cancelado, de virar chacota, e ter uma exposição negativa. Então, vendo essa possibilidade de escalar esse debate de uma forma personalizada, a gente lançou a Deb”, disse Luana.

Hoje, com mais de 15 mil seguidores no Instagram, a Deb não só ampliou o alcance do debate racial, engajando novas audiências, como também abriu portas para o ID_BR em espaços anteriormente pouco acessíveis.

 “Estive na Patagônia falando sobre a Deb, e estou indo para Tóquio…Com a tecnologia, nós conseguimos chegar em espaços onde, só por sermos enquadrados como ‘diversidade, equidade e inclusão’, a gente não conseguia chegar. A tecnologia tem sido um potencializador para a gente furar a bolha e levar um debate tão importante para o Brasil e para o mundo.”

No entanto, à medida que a tecnologia avança, fica a questão: em que medida essas inovações chegam a territórios vulnerabilizados, onde o acesso à educação e à inclusão digital é limitado? Foi a partir desses questionamentos que Daniel Paixão, um jovem recifense de 23 anos, fundou o Hub Periférico.

“Somos um grupo, um coletivo, uma startup, um ecossistema de pessoas negras e periféricas que unem suas capacidades, suas potencias e talentos para desenvolver tecnologias que impactem nossa realidade, para que juntos possamos criar cada vez mais uma revolução em Pernambuco, no Nordeste, e no Brasil”, conta.

Mesmo estando próximo a um dos maiores parques tecnológicos da América Latina, o Porto Digital, Daniel e seus amigos perceberam que a periferia permanecia à margem dessas oportunidades. Com a união de diferentes personalidades negras e periféricas de Pernambuco, o Hub Periférico vem atuando no incentivo ao desenvolvimento de soluções tecnológicas no Nordeste do Brasil, especialmente no que se refere à inclusão produtiva no setor tecnológico e às mudanças climáticas.

Daniel destacou ainda que o Hub Periférico enxerga a tecnologia de forma ampla, indo além de sua definição tradicional. A organização valoriza e incentiva o desenvolvimento das chamadas tecnologias originárias — soluções inovadoras criadas pelas próprias comunidades, baseadas em suas vivências e necessidades, e que não dependem necessariamente de uma estrutura digital.

Beatriz Johannpeter, diretora do Instituto Helda Gerdau, trouxe para o debate a perspectiva e o papel dos investidores sociais no fortalecimento dessas iniciativas. O instituto tem atuado no apoio a empreendedores periféricos, investindo recursos filantrópicos para impulsionar seus negócios.

Beatriz ressaltou o impacto positivo que a tecnologia pode gerar quando pensada de forma estratégica para o desenvolvimento social, compartilhando sua experiência com o Fundo Regenera RS – fundo filantrópico emergencial lançado para apoiar projetos de reconstrução do Rio Grande do Sul.

“Na época das chuvas, diversos negócios adaptaram suas plataformas de forma imediata para oferecer serviços, inclusive de apoio público como, por exemplo, conectar voluntários a abrigos, e oferecer apoio a saúde mental dos professores. É impressionante como a tecnologia pode ser utilizada em prol do social de tantas maneiras. As oportunidades são imensas, nós temos uma verdadeira mina de ouro à nossa disposição”, falou.

 

Tecnologia e justiça social

A tecnologia tem se mostrado uma ferramenta poderosa para o terceiro setor, no entanto, é importante que essas inovações não fiquem restritas a grupos privilegiados.

“Muitas oportunidades ainda vão surgir com grande potencial de gerar ainda mais inclusão social. Convoco os filantropos a pensarem quais são as inúmeras oportunidades que a gente pode apoiar, com recurso filantrópico, com capacitação, trazendo luz para essas iniciativas”, concluiu Beatriz.

A revolução tecnológica não pode ser apenas sobre avanços técnicos; ela precisa ser sobre pessoas. A tecnologia pode ser a força para a promoção de novos caminhos para a transformação social, mas seu verdadeiro impacto depende de um esforço coletivo. Cabe a cada um de nós – como sociedade, filantropos e líderes – garantir que as inovações tecnológicas não apenas cheguem às comunidades mais vulneráveis, mas também sejam utilizadas para fortalecer seus talentos e vozes. Somente assim, a tecnologia deixará de ser apenas uma ferramenta de inovação para se tornar uma aliada da justiça social.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Escuta e colaboração: criando mudanças sistêmicas com Cristiane Sultani, Ticiana Rolim e Marlene Engelhorn

Por Joana Noffs, analista de projetos no IDIS

Histórias de vida traçam caminhos que, por meio da experiência, podem nos ajudar a enfrentar desafios coletivos complexos. Quando o assunto é filantropia, um dos nós enfrentados é a concentração de recursos e do poder decisório nas mãos de poucos. Como fazer com que mais vozes sejam ouvidas? Quem doa deve falar sobre a prática da filantropia?

Essas foram algumas das questões que permearam a sessão ‘Em conversa com…’ no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2024. Paula Fabiani, CEO do IDIS, convidou três mulheres cujas práticas filantrópicas têm sido destaques em termos de inovação e colaboração para compartilharem um pouco de suas trajetórias: Cristiane Sultani, fundadora do Instituto Beja; Ticiana Rolim, fundadora e presidente da Somos Um; e Marlene Engelhorn, cofundadora do movimento em prol da taxação de grandes fortunas Taxmenow, que participou por vídeo.

A conversa iniciou com o depoimento de Marlene, que trouxe provocações que ajudaram a delinear a pauta debatida. Herdeira de uma fortuna multimilionária, a jovem austríaca optou por doar a maior porção do dinheiro que recebeu na “loteria do nascimento”. A decisão surgiu após ela se questionar como poderia redistribuir sua herança, uma vez que, de acordo com a legislação de seu país, o montante não foi taxado – o que, em seu ponto de vista, seria, por si só, um modo mais democrático e transparente de proceder. A solução encontrada foi a criação de um conselho participativo de 50 pessoas, escolhidas de modo aleatório e de acordo com critérios de representatividade, que destinou mais de 25 milhões de euros a causas escolhidas em deliberação coletiva.

 

Veja o depoimento completo de Marlene

 

Em sua fala, Marlene ressaltou a necessidade de promover mudanças de longo prazo para que as pessoas beneficiadas por doações deixem de depender dos detentores de poder e riquezas para estabelecer um processo decisório participativo na alocação de recursos.

“Pedir às pessoas que são afetadas pela decisão que eu tomo para que elas próprias tomem a decisão. (…) Nós não temos que permanecer filantropos clássicos. Podemos redistribuir o poder. Podemos recuar como detentores de riqueza, aprender a ouvir e nos tornar um entre muitos, como deveria ser em uma democracia”, afirma.

Reforçando a importância de atuar em conjunto e ouvir diferente atores, Cristiane Sultani contou que, em sua trajetória na filantropia, o encontro com pessoas, a escuta e a colaboração foram aspectos-chave que transformaram sua jornada no setor. Desde que fundou o Instituto Beja, em 2021, tem buscado “filantropar”, como gosta de dizer, de modo estratégico e colaborativo, embora reconheça que nem sempre foi capaz de fazê-lo.

O processo de ouvir as demandas do setor, investigar tendências da filantropia global e se inspirar em casos de sucesso a auxiliou em seu processo. Optei por apoiar o próprio ecossistema da filantropia por uma mudança de mindset”, conta;  

 

Cristiane utiliza também seu tempo, influência e habilidades para apoiar ações de advocacy que favoreçam o ambiente regulatório para a filantropia no Brasil, além de apoiar causas como justiça racial e climática. Ela aponta que a escuta durante a articulação com diferentes atores é um elemento central para o desenvolvimento de confiança. Um exemplo é a proximidade com o setor público.

Para Ticiana, a transição de um cargo na empresa da família para a filantropia foi marcado por um inconformismo sempre presente com em relação às desigualdades sociais e com o lugar que ocupava. Me fiz essa pergunta corajosa: qual o meu papel no mundo? O que fazer com esses privilégios? Como vou ser instrumento? Como vou colocar isso à serviço da sociedade?. Influenciada pelo economista e ganhador do Nobel da Paz, Muhammad Yunus, ela optou pelo empreendedorismo social como forma de combater a pobreza, fundando a Somos Um, uma articuladora de negócios de impacto. A escolha também levou em consideração o potencial de inúmeros projetos já existentes, tendo como foco a colaboração.

“Nada sobre nós sem nós”. Esse é um lema dos movimentos que lutam pelos direitos da pessoa com deficiência, que Ticiana usa para ilustrar a importância de incluir aqueles afetados pelas decisões na co-criação de soluções e na atuação conjunta, visando também o ganho de escala do impacto. “A gente desse lugar de privilégio por vezes chega na periferia, ou em algum trabalho desse, cheio de certezas. E eu hoje digo que é arrogância e ignorância de nossa parte.”

Outro desafio que Ticiana, cearense, se impôs foi, por um lado, trazer o Nordeste para o centro do debate filantrópico e, por outro, trazer o debate sobre uma filantropia sistêmica para o Nordeste.

“Eu entendi que eu posso ser ponte, de inspirar pessoas no Nordeste, que o nível de desigualdade é muito alto, e que elas não estão se perguntando por isso. Elas estão fazendo a caridade que é importante, que é urgente, que é necessária, mas ela não vai resolver o problema social porque não leva justiça social, e aí a gente mantém esse lugar de poder, que não é o ideal, que a gente quer exatamente mudar e deixar as pessoas livres, com poder de escolha”.

Ticiana cofundou o Zunne, que impulsiona negócios de impacto social no Norte e no Nordeste, em conjunto com a TRÊ e a Yunnus Negócios Sociais Brasil.

 

Assista a sessão na íntegra

 

Além de ser fundamental ouvir aqueles afetados pelas decisões, falar sobre filantropia de maneira aberta e acessível também foi um aspecto considerado relevante. Ticiana destaca seu papel em inspirar e mobilizar pessoas ao compartilhar suas experiências e iniciativas. Já Cristiane trouxe a importância de discutir abertamente questões como a equidade racial, promovendo narrativas transparentes para engajar mais pessoas nas causas que abraça. Marlene, assertiva em seus posicionamentos, é uma das figuras que coloca em evidência no debate público críticas aos modelos distributivos que agravam e sustentam desigualdades de renda, mas também ambientais, de gênero e de raça. As histórias das três filantropas evidenciam a necessidade de co-criação, participação e colaboração para produzir mudanças duradouras.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Costurando estratégias: dados como matéria prima

Por Ana Beatriz, analista de projetos do IDIS

A produção e o uso de dados são fundamentais para orientar e influenciar boas decisões, ao mesmo tempo em quem representam um enorme desafio, especialmente quando falamos sobre impacto social. Para fomentar esse debate na 13° edição do Fórum e Filantropos e Investidores Sociais, a mesa ‘Costurando estratégias: dados como matéria prima’ moderada por Denise Carvalho, Gerente Sênior de Monitoramento e Avaliação no IDIS, uniu representantes de uma fundação privada, de um fundo socioambiental e de um organismo internacional. Eles relataram suas experiências, compartilharam inovações, e levantaram debates de pontos críticos da área.

 

Veja a sessão completa em:

 

“Os dados quando trazem evidências, e as decisões são tomadas com base na informação, faz uma diferença importante na vida das pessoas”, afirmou Liliana Chopitea, Chefe de Políticas Sociais da UNICEF Brasil, em sua fala inicial. Ao longo de sua participação, ela destaca importância desse debate, reforçando também o poder da atuação da filantropia e do setor privado na geração de evidências e compartilhamento de informações com a sociedade civil e o governo para orientar a tomada de decisões, desmistificando a centralidade do poder público na construção de políticas públicas.

Contribuindo com a perspectiva de uma fundação privado, Uéverson Melato, Business Partner de Investimento Social da Fundação ArcelorMittal, falou sobre a relevância dos dados no momento pré-intervenção para realizar o diagnóstico participativo dos territórios e ampliar o diálogo com a comunidade.

“Em um segundo momento, o monitoramento e a avaliação da intervenção operam como uma estrutura estratégica, além de ser uma ferramenta de projeto, promovendo um alinhamento entre o enfrentamento dos problemas sociais estruturais e a estratégia de negócio”, comenta.

Ampliando a diversidade de funções do uso de dados na transformação social, e evidenciando a importância da geração de evidências, Maria Amália Souza, fundadora e Diretora de Desenvolvimento Estratégico do Fundo Casa Socioambiental, apontou que os dados evidenciaram o nível de impacto de transformação que comunidades tradicionais podem ter na conservação de biomas, atestando a potencialidade do uso de dados na ‘democratização de acesso aos recursos filantrópicos para as comunidades indígenas’.

Os palestrantes também discutiram os desafios na coleta de dados e na geração de evidências, que vão desde questões de acesso, tempo e orçamento até a sensibilidade das temáticas e escolhas metodológicas. Eles destacaram a importância de uma boa comunicação de dados como uma estratégia essencial para a efetiva utilização da informação como orientadora de decisões. Denise contribuiu com essa questão ao aliar comunicação e metodologia: “As metodologias qualitativa e quantitativa juntas possibilita a comunicação e a construção das histórias, o dado quantitativo ele vem para demonstrar a evidência, mas para explicar os ‘comos’ e os porquês a gente precisa do qualitativo”.

Os diferentes atores presentes no painel revelaram a diversidade de oportunidades do uso de dados como matéria prima para a tomada de decisão, bem como a intersecção de diferentes áreas nos benefícios e desafios dessa empreitada. Fica evidente que a geração de informação, quando sucedida por uma comunicação efetiva, é capaz de impulsionar a transformação social e mudar a vida das pessoas.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Falta de coletividade: o grande ‘nó’ a ser desatado pela (e na) filantropia

Por Daniel Barretti, gerente de projetos do IDIS

 

“Qual a diferença entre viver em um mundo que é uma bagunça e em um mundo que está bagunçado?”. Foi assim que Philip Yun, head do Global Philantropy Forum, iniciou a mesa de abertura intitulada ‘Filantropia desatando os nós do mundo’, durante o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024.

 

A ideia é que a sociedade não é uma bagunça em essência, mas sim que a humanidade criou e vive uma grande bagunça planetária. A parte positiva disso é que a bagunça, portanto, é passível de ser arrumada, e a filantropia pode e deve ter uma importante contribuição para isso. Para tanto, ações filantrópicas devem ser ágeis em compreender os atuais desafios e propor soluções para eles na mesma velocidade com que aparecem diante de nós.

Dentre os muitos significados da polissêmica palavra ‘nós’, as falas dos palestrantes apontaram para a ausência de coletividade – talvez o principal desafio com o qual temos de lidar na sociedade contemporânea. Sergio Fausto, Diretor Geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, exemplifica:

“Espaços que deveriam ser plurais e democráticos – a começar pelo nosso congresso – estão longe de serem espaços que privilegiem o debate e o interesse público”.

O ‘nó’ da ausência de coletividade é aquele que implica na falta de diálogo, de pluralidade de pessoas, ideais, habilidades e práticas.

Para Renata Piazzon, Diretora Geral do Instituto Arapyaú, um dos ’nós‘ prioritários a serem desatados na atualidade é o da agenda climática. Entretanto, ele não anda sozinho.

A problemática ambiental está imbricada em uma extrema carência de senso coletivo, onde prevalece o falso dualismo homem-natureza. Segundo a palestrante, a filantropia deve, primeiramente, compreender as questões do clima a partir de uma perspectiva de desenvolvimento integrado onde, por exemplo, ondas de calor, seca e alarmantes focos de incêndio, não sejam uma pauta restrita ao meio ambiente, mas também à agriculta, à saúde pública e à economia. Afinal de contas, é notória a interrelação entre os fenômenos. O cenário de seca severa e de incêndios impacta diretamente na saúde da população, bem como a perda de safras agrícolas. O desdobramento dessa cadeia de causalidade nos leva ainda à elevação de preços dos gêneros alimentícios, à pressão inflacionária e à consequente perda de poder de consumo e empobrecimento da dieta alimentar populacional.

 

Veja a sessão completa em:

 

A filantropia deve promover uma atuação em rede, articulando e mobilizando atores sociais diversos: a conectividade e a coletividade como solução para problemas sistêmicos e complexos. São alguns os exemplos de redes promovidas pelo Instituto Arapyaú: incluem a Coalização Brasil, Clima e Floresta e Agricultura; o MapBiomas; Uma Concertação pela Amazônia, dentre outras.

Se um dos principais ‘nós’ a serem desatados é a ausência de coletividade na sociedade, esse também parece ser um desafio com o qual a própria filantropia precisa lidar.

Cida Bento, co-fundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), reforça a importância da coletividade por meio do estabelecimento de redes, mas vai além ao defender uma mudança na estrutura de poder, trazendo mais diversidade e, consequentemente, pluralidade de vozes e interesses para o campo da filantropia. A busca por soluções e as tomadas de decisão carecem da perspectiva daquela parcela da população historicamente marginalizada, que mais sofre com os desafios sociais, econômicos e ambientais da atualidade.

“[Espaços coletivos e plurais] ajudam a tomada de ação mais consciente e consequentemente a gerar um impacto maior”, complementa Sergio Fausto.

Um movimento denominado ‘filantropia baseada na confiança’ caminha nessa direção ao advogar que financiadores devem estabelecer seus relacionamentos com os parceiros beneficiários a partir de um lugar de confiança e colaboração, em vez de conformidade e controle.

 

Repensando o futuro da filantropia

O educador e filósofo Paulo Freire certa vez disse que era por amar as pessoas e o mundo que ele lutava para que a justiça social se implantasse antes da caridade. Não se trata de desmerecer a caridade em si, mas sim de que, ao fomentar a caridade como consequência de uma estrutura de privilégios, corre-se o grande risco de que ela sirva como instrumento de manutenção, e até mesmo de álibi da desigualdade.

A filantropia diferencia-se da caridade justamente pelo seu caráter estratégico, capaz de melhor alocar qualitativa e quantitativamente os recursos oriundos do capital privado para as causas públicas e coletivas. A questão é nos perguntarmos: ela tem sido efetivamente estratégica? Se o grande ‘nó’ da ausência de coletividade, enfatizado pelos palestrantes, está presente tanto nos problemas atuais da sociedade, quanto na forma como as ações filantrópicas têm ocorrido, isso parece indicar que o setor filantrópico corre o risco de estar, ele também, reproduzindo as relações sociais de poder.

Que a harmonia, a reciprocidade, a coletividade e a pluralidade, possam permear um pensar e um fazer filantrópico mais potente para lidar com os desafios atuais, que são regidos por interesses quase que exclusivamente particulares e econômicos.

Quem sabe, ainda, já não é tempo de repensarmos o sujeito da filantropia (àquele do homem branco, dotado de posses financeiras e certo prestígio profissional). Afinal, parece urgente olharmos ao nosso redor e nos perguntarmos: quem tem mais a doar e quem tem mais a receber e aprender no mundo de hoje?

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Confira os destaques na mídia do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

No dia 4 de setembro, em São Paulo, ocorreu a 13° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, evento promovido anualmente pelo IDIS para debater e fomentar a filantropia estratégica no Brasil. Presencialmente, ao longo do dia, houveram 294 convidados e, através da transmissão ao vivo, mais de 1300 pessoas acompanharam o Fórum também.

Com o tema central ‘Filantropia entre nós, o evento contou com 11 sessões e 10 horas de programação, abordando assuntos como situações emergenciais, uso de dados, filantropia familiar, tecnologia, ESG, policrise e muito mais.

Foto: André Porto e Caio Graça

Veja agora os destaques do Fórum na mídia

Desafios da filantropia brasileira

Em matéria publicada no Observatório do Terceiro Setor foram destacadas as falas de diversos palestrantes do Fórum, reforçando a contribuição do evento para a criação de um olhar mais amplo e realista sobre o cenário e os desafios da filantropia no Brasil. Com uma abordagem abrangente e integrada, o evento proporcionou uma plataforma de troca de ideias e experiências, o que contribui para o fortalecimento das redes da filantropia.

“Não é a filantropia que vai salvar o Brasil ou acabar com a desigualdade, é a capacidade de interagir e fazer a interlocução com diversos setores”, José Luiz Egydio Setúbal, fundador da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, durante o painel ‘Filantropia Familiar: o poder da influência’. 

Leia a matéria completa aqui.

 

O potencial da tecnologia

Em matéria, o Jornal do Commercio de Pernambuco destacou as falas de Daniel Paixão, do Hub-Periférico, na sessão ‘Tecnologia como geradora de transformações sociais’. Este momento também contou com a presença de Beatriz Johannpeter, do Instituto Helda Gerdau, Luana Génot, do ID_BR, além da moderação de Alex Pinheiro, da Ecossistema SQUARE.

“O Nordeste, no Brasil, possui diferentes potencialidades tecnológicas e inovadoras que muitas das vezes são invisibilizadas”, Daniel Paixão.

Paixão ressaltou ainda a necessidade do investimento social privado na criação de oportunidades para aqueles que vivem e atuam nos subúrbios. Foto: André Porto

Leia o texto completo aqui.

 

Os nós da desigualdade

O veículo Alma Preta destacou o primeiro painel do evento, que debateu a ‘Filantropia desatando os nós do mundo’, e a participação de Cida Bento, escritora do livro “O pacto da branquitude” e cofundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). O painel contou ainda com a participação de Renata Piazzon, do Instituto Arapyaú, Sérgio Fausto, da Fundação Fernando Henrique Cardoso, e moderação de Philip Yun, do CCWA e do Global Philantropy Forum.

Trazendo os ‘nós’ como as causas sociais interconectadas, os painelistas debateram e refletiram sobre as desigualdades presentes no Brasil e o potencial da filantropia atuar na dissolução desses nós. Cida destacou a importância da filantropia dialogar com as diferentes realidades do Brasil e atuar de maneira efetiva na redução das desigualdades, sobretudo a racial.

“Nós precisamos que as pessoas negras sejam parte, não só de quem vai receber o apoio dos projetos, mas também de quem pensa em que direção temos que ir”, Cida Bento.

Confira a matéria na íntegra aqui.

 

Entidades filantrópicas e o SUS

A revista Veja trouxe destaque para as falas de Carla Reis, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e responsável pelo Juntos Pela Saúde, durante a sessão ‘Tecendo respostas coletivas para desafios sistêmicos‘. Carla afirmou que cerca de 60% dos atendimentos em alta e média complexidade do SUS são realizados por organizações filantrópicas.

Gerido pelo IDIS, o Juntos pela Saúde alocará aproximadamente R$ 200 milhões em projetos de saúde ao longo de quatro anos, numa lógica em que, a cada R$1 doado por apoiadores, o BNDES adiciona mais um real, alavancando não apenas recursos, mas também o potencial de impacto.

Veja mais detalhes aqui.

Da esquerda para direita: Carla Reis, do BNDES, Luiz Edson Feltrim, do Instituto Sicoob, Sylvia Siqueira, da Open Society Foundations, e Carola Matarazzo, do Movimento Bem Maior. Foto: André Porto

 

Participação da FEAV no Fórum

A Folha de Valinhos fez menção a participação da FEAV (Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos) no Fórum, através da presidente Eliane Macari, que foi anfitriã de mesa durante o almoço temático do evento. Ao lado de Jair Resende, da Fundação FEAC de Campinas, Eliane fez parte da mesa “Laços territoriais e comunitários: relatos de impacto”.

FEAV e FEAC são organizações integrantes do programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation que fomenta institutos e fundações comunitárias em todo o Brasil.

Leia a matéria completa aqui.

 

Um lugar de diálogo

A Folha de São Paulo destacou toda a programação do Fórum e reforçou a importância do evento como um lugar de discussão dos desafios e perspectivas para filantropia global.

“Há 13 anos, este é um espaço ímpar de troca entre os pares no setor filantrópico brasileiro. É uma excelente oportunidade para nos encontrarmos, discutirmos e refletirmos sobre a filantropia de que precisamos para impactar positivamente o mundo em que vivemos”, Paula Fabiani, CEO do IDIS, em entrevista para o veículo.

Veja o texto na íntegra aqui.

Foto: André Porto

 

Destaque internacional

A Alliance magazine, uma das mais importantes revistas de filantropia do mundo e parceira de mídia do Fórum em 2024, destacou algumas das conversas realizadas no evento. O artigo ‘Brazil Philanthropy Forum 2024: untangling the knots of a complex world’, escrito por Kit Muirhead, destaca a discussão da mesa de abertura do evento.

A revista também reproduziu quatro textos de pessoas da equipe IDIS: ‘Falta de coletividade: o grande ‘nó’ a ser desatado pela (e na) filantropia’, de Daniel Barretti, gerente de projetos; ‘Emergência e resiliência: filantropia fortalecendo comunidades’, escrito por Beatriz Barros, estagiária de projetos; ‘Escuta e colaboração: criando mudanças sistêmicas’, feito por Joana Noffs, analista de projetos; e ‘Entrelaçando vidas, tecendo o futuro’, de Aline Herrera, analista de projetos. 

 

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

REALIZAÇÃO E APOIO

A realização é do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation. Em 2024, tivemos apoio master do Movimento Bem Maior; apoio prata da RD Saúde; e apoio bronze da Fundação Grupo Volkswagen, Fundação Itaú, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Aegea Saneamento, Instituto Sicoob e Mott Foundation. O UNICEF Brasil foi apoiador institucional do evento e a Alliance magazine foi parceira de mídia.

Palestra sobre tecnologia do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é destaque em matéria

No dia 4 de setembro, ocorreu a 13ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, organizada pelo IDIS, com o tema norteador ‘Filantropia entre nós’. Nós. Uma palavra com múltiplos significados. Enlaçamentos de fios. Vínculos. Obstáculos. Ou simplesmente, a gente, pronome pessoal, sujeito de uma ação coletiva.

As sessões do evento abordaram os diversos nós que desafiam nossa realidade e o como a filantropia pode colaborar para desatá-los.

Em matéria, o Jornal do Commercio de Pernambuco destacou as falas de Daniel Paixão na sessão ‘Tecnologia como geradora de transformações sociais’. Este momento também contou com a presença de Beatriz Johannpeter | Diretora do Instituto Helda Gerdau; e Luana Génot | Fundadora do ID_BR, além da moderação de Alex Pinheiro | Cofundador & CEO na Ecossistema SQUARE. Paixão explicou o motivo de ter criado o Hub-Periférico e ressaltou a necessidade do investimento social privado na criação de oportunidades para aqueles que vivem e atuam nos subúrbios.

 “A gente percebeu que estávamos na cidade de um dos maiores parques tecnológicos do país, o Porto Digital, mas que a periferia não estava ocupando o seu espaço nele”, conta Daniel Paixão.

Foto da sessão ‘Tecnologia como geradora de transformações sociais’ com Luana Genót, Daniel Paixão, Beatriz Johannpeter e Alex Pinheiro. Foto: André Porto e Caio Graça/IDIS.

Confira a matéria na íntegra aqui.

IDIS 2022: vamos juntos!

Com energias renovadas, muitos planos e disposição, entramos em 2022 prontos para inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto!

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Hoje, compartilho alguns dos principais projetos para o ano que inicia. E por acreditar no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista, convido todos para a atuação em parceria. Vamos juntos sonhar mais, criar mais, transformar mais!

Combater os efeitos da pandemia ainda é urgente. Em 2020, respondemos criando o Fundo Emergencial para a Saúde e fortalecendo o SUS, em 2021, o foco foi o programa Redes para a Inclusão Produtiva, em parceria com o Sebrae SP, e neste ano, reunimos parceiros para lançar o Fundo de Conectividade para escolas da rede pública de ensino, visando dar aos alunos uma estrutura mais adequada para o momento que vivemos. Também nos dedicaremos ao Transformando Territórios, programa de desenvolvimento de institutos e fundações comunitárias por meio do qual, com o apoio da Mott Foundation, investiremos R$ 1 milhão no fomento de iniciativas, e seguiremos na liderança da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, atuando para melhorar o ambiente regulatório para este importante mecanismo de sustentabilidade para causas e organizações.

Entre os projetos de Conhecimento, destaco o mapeamento de tendências da filantropia que lançaremos ainda no início deste ano, além da realização do 11º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que pretendemos realizar em formato híbrido, com sessões presenciais e transmissão ao vivo. Teremos duas publicações sobre Fundos Patrimoniais no Brasil, que nos permitirão entender com mais exatidão o panorama no País, um estudo sobre modelos emergentes de doação, desenvolvido em parceria com a Lilly School of Philanthropy, e o apoio à realização da Pesquisa Voluntariado no Brasil 2001+20.

Por meio da consultoria, vamos manter a realização de projetos customizados para famílias, empresas e organizações da sociedade civil, os apoiando em sua trajetória de investimento social. O suporte para o planejamento estratégico deve se manter forte, e a tendência mostra que há crescente demanda por apoio técnico em áreas como criação de fundos patrimoniais, gestão da doação e avaliação de impacto.

A agenda ESG, por fim, deve seguir ganhando relevância. No ano passado, participamos ativamente da criação do Pacto de Promoção da Equidade Racial e nosso foco será no fortalecimento do pilar SOCIAL, contribuindo ao debate e à produção de conhecimento, por meio de artigos, notas técnicas e eventos, e oferecendo consultoria àqueles que pretendem evoluir nesta pauta.

Internamente, investiremos em processos e no desenvolvimento de nossa equipe, nosso maior ativo!

Os dozes meses parecem pouco, mas não estamos sós. É colaborando uns com os outros e criando pontes que chegaremos mais longe e mais rápido. Será um ano de grandes projetos, de muito impacto e de colaboração!

Um feliz 2022 para todos nós!

Paula Fabiani

#FórumIDIS: O capital e a equidade de gênero

IDIS reúne comunidade filantrópica e aprofunda debate sobre o ‘Capital e a Humanidade’ na edição especial do 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

A crise global ocasionada pela pandemia de COVID-19 acentuou as desigualdades de gênero, evidenciando as dificuldades presentes no cotidiano da vida das mulheres. Para falar sobre essa temática na mesa “O capital e equidade de gênero” no 10º Edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais, convidamos Amalia Fischer, CEO do Elas + Doar para Transformar, Sônia Hess, Vice-Presidente do grupo Mulheres do Brasil e fundadora do Fundo Dona de Mim, com moderação de Marcia Woods, assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. Todas destacaram a necessidade e força da colaboração entre os setores no combate à desigualdade no país.

Sônia Hess integrou a mesa e partindo de sua larga experiência à frente de ações voltadas para equidade de gênero destaca que o trabalho em rede, isto é, a ação coletiva e integrada é essencial na luta pelos direitos das mulheres. O Grupo Mulheres do Brasil é um exemplo desta ação, a iniciativa surgiu em 2013 com 40 mulheres com objetivo de engajar a sociedade na conquista de melhorias para o país. Hoje o grupo conta com quase 100 mil integrantes dentro e fora do país atuando em parceria com diferentes esferas do poder para fomentar a adoção de políticas afirmativas e eliminar as desigualdades de gênero, raça e condição social. “Ainda bem que tem um Fórum falando sobre o capital e a humanidade”, exclama Sônia sobre a importância de debater esse tema transversal entre marcadores sociais e o capital.

Palestrantes na sessão “O capital e equidade de gênero” no 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais | Foto: André Porto

Há uma demanda para que todos se engajem em mentes, coração e políticas públicas na luta por um país mais justo e igualitário, ressalta Amalia Fischer, CEO do Elas + Doar para Transformar. Amalia idealizou um fundo de investimento social voltado exclusivamente para a promoção do protagonismo das mulheres. Ela acredita que investir nas mulheres é um dos caminhos mais rápidos para o desenvolvimento de um país. “A proximidade entre a sociedade civil e as empresas é sempre um ganha-ganha”, aponta reforçando que a promoção da equidade de gênero é fortalecida a partir do momento em que os setores se integram.

Amalia Fischer | Foto: André Porto

Segundo ela, “não podemos enquadrar as OSCs na lógica empresarial, pois são diferentes, mas podemos aprender uns com os outros”. Além disso, reforça que todas as causas sociais devem estar conectadas e o debate de gênero não pode ser desvinculado do debate de raça, uma vez que caminham juntas para a transformação da sociedade.

Marcia Woods, assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, moderou a sessão | Foto: André Porto

Seguindo os protocolos de segurança para prevenção da COVID-19, a edição especial 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais aconteceu em formato presencial. Ao longo de uma manhã, os convidados voltaram a se encontrar depois de um longo período de contato exclusivamente online, e conversar sobre os desafios que se apresentam e como enfrentá-los a partir da perspectiva da filantropia estratégica. “Com a população cada vez mais vacinada, ousamos reunir nossa comunidade. Para a segurança de todos, optamos por um local aberto e público limitado a 50 pessoas. A sociedade e o meio ambiente exigem ação e saímos com as energias renovadas e com esperança para seguirmos em frente” comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS. O tema transversal de todas as sessões foi “Capital e a Humanidade”.

Para saber mais sobre cada uma das sessões, leia as matérias sobre cada uma delas. A gravação de todas também está disponível no perfil IDIS_Noticias no YouTube.

O evento aconteceu em 17 de novembro de 2021, no Jockey Club de São Paulo. Ele é uma realização do IDIS, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e esta edição teve apoio prata do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, e apoio bronze da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior. Esta foi uma edição especial, que aprofundou as conversas iniciadas no evento online realizado em junho do mesmo ano (saiba mais aqui).

 

#FórumIDIS: Conheça os destaques da 10ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Com o tema ‘O Capital e a Humanidade’, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais reuniu 281 participantes nos 22 e 23 de junho. Foram ao todo sete horas de programação, com 49 palestrantes e especialistas, que trouxeram reflexões e experiências práticas sobre este assunto que tem ocupado o centro dos debates em diversos setores e continentes. Manifestações ao redor do mundo exigem mudanças no modelo atual, que produz inequidades e destrói os recursos naturais. Surgem movimentos como Imperative 21, campanha que pretende redefinir o capitalismo para maximizar o bem-estar compartilhado em um planeta saudável. O Fórum Econômico de Davos apontou a necessidade de um compromisso novo do capital, e a pandemia de Covid-19 explicitou o poder da colaboração entre os diversos setores e a filantropia. Foi esta a discussão proposta para esta edição e como destacou Paula Fabiani, CEO do IDIS, na abertura do evento: “O capitalismo precisa ser cheio de afetos, de vacinas, gerador de prosperidade e bem-estar, capaz de enfrentar os efeitos causados pela pandemia”.

Com o desafio de debater o tema homônimo ao evento, a plenária O Capital e a Humanidade (assista aqui) reuniu Fábio Alperowitch (fundador da Fama Investimentos e diretor do Instituto FAMA), Hugo Bethlem (cofundador e presidente do Conselho do Instituto Capitalismo Consciente), Selma Moreira (diretora executiva do Fundo Baobá) e Francine Lemos (diretora executiva do Sistema B Brasil), responsável pela moderação. A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança), os impactos da pandemia do coronavírus e as desigualdades estavam presentes nas falas dos palestrantes. Entre os destaques, a constação de Alperowitch “Elas [as empresas] estão se perguntando se o papel delas é só vender ou envolve algo mais: cuidar dos colaboradores e do entorno sem esquecer-se que a empresa visa rendimento e lucro, e que é possível fazer isso de forma combinada”.

Já na tradicional mesa ‘Em conversa com…’, o entrevistado Jayme Garfinkel, filantropo e ex-presidente da Porto Seguro, inspirou o público ao falar sobre os projetos que desenvolve nas áreas da educação e de reinserção social de egressos do sistema prisional e afirmou: “Não me sentiria humano se eu não fizesse o bem. Se você pode fazer o bem, faça. Esse é o espírito que eu quero passar, cada um tem que fazer sua parte”. (assista aqui)

Na sessão ‘Filantropia Familiar: decisões estratégicas para deixar um legado’, com moderação de Juliana Ramalho (sócia do Mattos Filho Advogados), os palestrantes Inês Lafer (diretora do Instituto Betty e Jacob Lafer) e José Luiz Setúbal (Fundação José Luiz Egydio Setúbal) compartilharam experiências sobre as ações filantrópicas de suas famílias. Também presente na mesa o consultor e especialista em sucessão e empresas familiares Renato Bernhoeft, que ressaltou pontos de atenção na gestão de recursos para o início da filantropia desta natureza.

O painel ‘Colaboração de Impacto’ reuniu atores que, por meio de parcerias, potencializaram ações de impacto social. Como destacou Raphael Mayer, co-Fundador da Simbiose Social e do Movimento Catalyst 2030,  “O impacto colaborativo é uma realidade. A pandemia e todo cenário que estamos vivendo acelera esse processo e deixa mais escancarada as demandas e a certeza de que tanto o setor público quanto as organizações sociais e as empresas precisam agir de forma colaborativa”. Participaram também Juliana de Paula (diretora de Responsabilidade Social do BTG) e Patricia Ellen (secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo). A moderadora da mesa foi Carola Matarazzo presidente do Movimento Bem Maior.

Duas breves sessões encerraram a manhã. Na primeira, ‘Filantropia comunitária territorial: do diagnóstico local ao impacto sistêmico’, Paula Fabiani e Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS, apresentaram o programa Transformando Territórios. Em seguida, no painel Recursos Alternativos para Fundos Patrimoniais, Renata Biselli, head de Sustainable Solutions no Santander, Lidiane Gonçalves, superintendente da Área de Estruturação de Empresas e Desinvestimento do BNDES, e Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados, conversaram sobre como recursos proveniente de multas e acordos de leniência podem ser revertidos para a sustentabilidade de causas e organizações.

O segundo dia do Fórum começou animado, com um set do DJ Alok, que também falou sobre seu recente ingresso na filantropia. A plenária seguinte, ‘Informação, Entretenimento e Ativismo: amplificando causas’ debateu sobre como produções de audiovisual podem abordar temáticas sociais relevantes. Participaram da sessão Ana Paula Brasil, gerente de Valor Social da Globo, Estela Renner, cofundadora da Maria Farinha Filmes, o ator e diretor Lázaro Ramos, Sabrina Wagon, CEO da Elo Company, e Eliane Trindade, editora na Folha de S.Paulo e responsável pela moderação.

Como foco no público corporativo, a sessão ‘Equidade racial: qual a responsabilidade das empresas?’, moderada pelo diretor executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, teve a participação de Cida Bento, co-fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT, Eduardo Alves, sócio na PwC, e Gilberto Costa, diretor executivo do J.P. Morgan. A discussão abordou as mudanças sistêmicas necessárias na sociedade e nas empresas para que as oportunidades sejam equânimes para todas as pessoas.

O impacto gerado por iniciativas de empresas e organizações foi o tema central da sessão ‘Avaliação e o círculo virtuoso da sustentabilidade: meio ambiente, pessoas e economia’. Jéssica Silva Rios, sócia da VOX Capital, Olinta Cardoso, gerente executiva de Responsabilidade Social da Petrobras e Virgilio Viana, superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável, com moderação do gestor de Investimentos da Yunus Negócios Sociais, Luciano Gurgel, aprofundaram a reflexão sobre a temática. A fala de Olinta revela a tônica da mesa “A interdependência hoje se mostra de forma prática e a necessidade da avaliação de impacto passa a fazer parte da gestão de forma efetiva”.

Andreia Rabetim, Gerente de Articulações Intersetoriais e Voluntariado da Vale, Vivianne Naigeborin,  diretora superintendente da Fundação Arymax, Gabriella Bighetti, diretora executiva da United Way Brasil, e Wilson Poit, Diretor-Superintendente do Sebrae SP, foram os convidados para falar no painel ‘Inclusão produtiva: caminho para a redução da pobreza e da desigualdade’, com moderação de Renato Rebelo (diretor de projetos do IDIS). Durante a mesa, além de conceitos, foram apresentados projetos de inclusão produtiva como o Sobre Trilhos, da Fundação Vale, e o Redes para Inclusão Produtiva, do Sebrae SP em parceria com o IDIS.

O plenária de encerramento reuniu palestrante internacionais para debater o tema ‘Descolonizando a Filantropia: equilibrando forças e somando saberes’. Neste painel, Francis Kiwanga, diretor executivo da Foundation for Civil Society (Tanzânia), Neil Heslop OBE, CEO da Charities Aid Foundation (Inglaterra) e Pablo Gabriel Obregón, Presidente da Fundação Mario Santo Domingo e presidente do Conselho da Latimpacto (Colômbia) trouxeram pontos de vista complementares, traçando um cenário verdadeiramente global. A moderação foi feita por Naila Farouky, CEO do Fórum Árabe de Fundações (Egito). “Os tempos estão mudando e há interesse em investir no desenvolvimento das comunidades locais.”, destacou Pablo Obregón.

Ao longo da programação, os participantes também puderam conhecer 15 Empreendedores Sociais da Rede Folha, premiados em 2020 por seus projetos de combate aos efeitos da pandemia.

Confira todas as sessões em nosso canal do YouTube

Em 2021, o Fórum comemorou seu décimo aniversário. Assista aqui o vídeo onde relembrarmos temas, convidados e palestrantes que construíram esta história:

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, oferece um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em 2021, foi realizado em 22 e 23 de junho com o apoio prata da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e apoio bronze de BNP Paribas Asset Management Brasil, Bradesco Private Bank, BTG Pactual, Mattos Filho, Movimento Bem Maior, Santander e Vale. Pela segunda vez, aconteceu de forma virtual para manter o distanciamento social devido à pandemia e possibilitar a participação de filantropos, investidores sociais e executivos de forma segura.

Capital e a Humanidade é o tema do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2021

‘O Capital e a Humanidade’ é o tema transversal do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, assunto que tem ocupado o centro dos debates em diversos setores e continentes. Manifestações ao redor do mundo exigem mudanças no modelo atual, que produz inequidades e destrói os recursos naturais. Surgem movimentos como Imperative 21, campanha que pretende redefinir o capitalismo para maximizar o bem-estar compartilhado em um planeta saudável. O Fórum Econômico de Davos apontou a necessidade de um compromisso novo do capital, e a pandemia de Covid-19 explicitou o poder da colaboração entre os diversos setores e a filantropia. É esta a discussão que propomos nesta edição, que acontecerá de forma online nos dias 22 e 23 de junho, das 9h às 12h30.

Entre os palestrantes, estão Beatriz Azeredo (Globo), Carola Matarazzo (Movimento Bem Maior), Estela Renner (Maria Farinha Filmes),  Fabio Aperowitch (FAMA Investimentos), Francine Lemos (Sistema B), Francis Kiwanga (Tanzânia), Gilberto Costa (J.P. Morgan), Hugo Bethlem (Capitalismo Consciente), Jayme Garfinkel (ex-presidente da Porto Seguro), entre outros. Confira todos os palestrantes confirmados no site do Fórum.

O evento é exclusivo para convidados, mas haverá uma sessão em cada dia transmitida ao vídeo no canal do IDIS do YouTube.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e do Global Philanthropy Forum (GPF) e nesta edição tem como parceiro prata a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, e parceiros bronze a BNP Paribas Asset management, o Bradesco Private Bank, o.Mattos Filho Advogados, o Movimento Bem Maior e o Santander.

 

Veja Também: #FórumIDIS: Conheça os destaques da 10ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

#FórumIDIS: Os rumos da filantropia pós-pandemia em debate

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, organizado pelo IDIS, reuniu 264 participantes virtualmente na edição 2020, que teve como tema “Novos Horizontes – Reflexões para uma filantropia pós-pandemia”. Os assuntos discutidos foram desde fundos filantrópicos, avaliação de impacto, filantropia comunitária, passando pela cultura de doação e socorro às ONGs até a união de grandes bancos em prol da Amazônia.

Para a diretora-presidente do IDIS a capacidade de mobilização da sociedade atingiu outro patamar com a pandemia do novo coronavírus. Paula Fabiani advertiu que “o mundo precisará, mais do que nunca, de uma atuação integrada e colaborativa entre setores para construir caminhos sólidos e cuidar de quem é mais vulnerável”.

O fundador do Gerando Falcões, plataforma de impacto social que apoia o trabalho de outras ONGs que atuam em periferias e favelas de todo o Brasil, foi o exemplo de inspiração para os dois dias do evento. “Minha história está ligada ao primeiro aporte financeiro que recebi”, explicou Edu Lyra, mostrando que o investidor social tem o papel de “puxar” o protagonismo do empreendedor social no Brasil. Lyra também comentou o resultado da enquete “Se você tivesse R$ 1 milhão para arriscar, em qual tipo de solução inovadora você investiria?”, feita junto aos participantes do evento. A maioria das pessoas priorizaria o investimento em educação e inovação. (saiba mais)

Na sessão de abertura do evento, o economista e escritor Eduardo Gianetti teve o desafio de responder à pergunta: como seremos nós e o mundo pós-pandemia? Disse que será muito difícil preservar esse espírito de solidariedade que nos fez presenciar a marca recorde de R$ 6 bilhões em doações no Brasil. Gianetti também ponderou que o auxílio emergencial, do governo federal, é legítimo em momentos de crise, mas não é a resposta para diminuir a pobreza no Brasil. (saiba mais)

Um dos instrumentos utilizados para viabilizar essas doações foram os Fundos Filantrópicos, em especial aqueles emergenciais, que para o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, vieram para ficar. Na mesma sessão, os debatedores reforçaram os Fundos Patrimoniais como instrumento de sustentabilidade de longo prazo para causas e organizações. (saiba mais) Outra ferramenta para ampliar o capital disponível é o Blended Finance. Para Marco Gori, sócio da Din4mo, sem mobilizar o capital privado não há condição de financiar a Agenda 2030, que traz as metas para atingirmos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (OSCs). A sócia do escritório de advocacia Mattos Filho, Flávia Regina de Souza Oliveira, avalia que para os filantropos e investidores financeiros o Blended Finance é inovador e traz a união de diversos capitais por uma única causa: melhorar as questões socioambientais. (saiba mais)

Para a filantropa Beatriz Bracher, fundadora do Instituto Galo da Manhã, a pandemia, ao mesmo tempo que nos isolou, também gerou mais empatia com o próximo. Outro filantropo, Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho administrativo da Raia Drogasil e presidente do conselho do Instituto ACP, acredita que as empresas perceberam, na prática, a importância da doação. (saiba mais)

A sessão que tratou sobre filantropia comunitária trouxe o exemplo das Redes da Maré e os esforços da BrazilFoundation com a conclusão que devemos enxergar em um território não apenas seus desafios, mas suas potencialidades, focando nos talentos locais e as forças que podem contribuir ao seu desenvolvimento. Destacaram, ainda, a ação de organizações em resposta à pandemia. (saiba mais)

Os bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Santander mostraram o esforço conjunto que os unem em prol da conservação da Amazônia. As representantes das três instituições contaram que deixaram os crachás de lado e foram aprender com os experts como ter uma atuação de impacto na região, mobilizando empresas e clientes em favor das comunidades e de ações que contribuem ao desenvolvimento econômico. (saiba mais)

“O brasileiro tem uma boa alma, gosta de ajudar o próximo”, afirmou José Luiz Egydio Setúbal, presidente e instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e vice-presidente do Instituto PENSI, no painel “OSCs na UTI: de onde vem o socorro?”. Em sua fala, entretanto, Setúbal lembrou que os ricos doam proporcionalmente menos do que os brasileiros que têm menos recursos, e isso deveria mudar. Ao lado de Carola Matarazzo, CEO do Movimento Bem Maior, os dois defenderam a importância de uma relação de confiança entre doadores e ONGs. O fortalecimento da cultura de doação permeou a conversa, que contou com a apresentação do documento ‘Por um Brasil + Doador, Sempre’, produzido pelo Movimento por uma Cultura de Doação, do qual Erika Sanchez Saez, moderadora da mesa, é integrante. (saiba mais)

A palestra com o tema ‘Novos horizontes da filantropia no mundo’ encerrou o evento, reunindo Philip Yun, CEO do Global Philanthropy Forum, Matthew Bishop, autor do livro Philanthrocapitalism, e Michael Mapstone, diretor de Relações Externas e Engajamento Global da Charities Aid Foundation (CAF). (saiba mais)

Yun ponderou sobre como tudo está acelerado – e deve se acelerar mais – e dentro desse paradigma ressaltou os novos desafios das mudanças climáticas e da urgência de ações. “Em dez ou quinze anos talvez não tenhamos mais chance de consertar o que é preciso em relação ao clima”, alertou.

Mapstone chamou atenção para a importância da transparência de dados, prestação de contas e maior conscientização sobre as estruturas para garantir respostas ágeis. “A pandemia trouxe uma visão mais clara sobre as desigualdades e injustiças sociais, além de novos modelos de doação. Vamos ver como avançamos e aonde chegaremos com isso”.

Por fim, Bishop disse que os filantropos poderão ter papel importante nas mudanças futuras, principalmente com o uso da tecnologia. “Precisamos ter a coragem de assumir nosso papel e aproveitar a oportunidade; encontrar exemplos que nos inspirem e aprender com os erros do passado”. Ele apresentou o movimento global do qual faz parte, o Catalyst 2030 e que já começa a ser gestado no Brasil. Destacou que colaboração será a palavra de ordem para o atingimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social com o Global Philanthropy Forum. São parceiros ouro desta edição Fundação José Luiz Egydio Setubal e Santander, e parceiros bronze BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Private Bank, Instituto ACP, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior.

O conteúdo de todas as palestras está disponível no canal do IDIS no YouTube, no endereço http://bit.ly/2lIyOKw

Conheça os registros das sessões realizados pela artista gráfica Mila Santoro:

Repercussão na mídia

Conheça as principais matérias inspiradas no Fórum que foram destacada na mída:

Folha de S.Paulo: Fórum sobre o futuro da filantropia reúne lideranças mundiais

Veja.com: ‘Governo se omite de forma criminosa no meio ambiente’, diz Giannetti

Valor Econômico: ‘Blended finance’ turbina capital filantrópico

Mundo do Marketing: Os rumos da filantropia pós-pandemia em debate

#FórumIDIS: Edu Lyra (Gerando Falcões) convida participantes a refletirem sobre seus novos horizontes

Não há dúvidas de que a pandemia fez todos repensarem suas prioridades e responsabilidades. A tônica geral do Fórum 2020 foi apresentar os novos horizontes que se apresentam em diferentes áreas e, nesta sessão, fizemos um convite específico à reflexão – se você tivesse R$ 1 milhão para arriscar, em qual tipo de solução inovadora você investiria?

Conduzida por Edu Lyra, fundador do Gerando Falcões, plataforma de impacto social que trabalha em rede ao apoiar e acelerar o trabalho de outras ONGs que atuam em periferias e favelas de todo o Brasil, a sessão tinha como objetivo mostrar a diversidade de desafios que temos pela frente, mas que é possível gerar a transformação que desejamos ver. Entre as respostas dos participantes, aparecerem questões relacionadas à educação, inovação, desenvolvimento de líderes comunitários, empreendedorismo, geração de emprego e renda, combate à desigualdade, proteção ao meio ambiente, saneamento básico, distribuição de água potável e ressocialização de egressos do sistema penitenciário.

Lyra contou um pouco de sua trajetória aos participantes e cobrou dos investidores sociais o papel de “puxar” o protagonismo do empreendedor social. Na visão dele, a sociedade civil unida ao terceiro setor consegue ampliar o impacto e a capacidade de inovar. “Minha história está ligada ao primeiro investimento que eu recebi, quando queria impactar minha comunidade”, conta. É preciso ter a coragem e a ambição de acabar com a pobreza e é arriscando e cocriando com a periferia.  investir em ideias inovadoras

Assista aqui a participação de Edu Lyra na íntegra:

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social com o Global Philanthropy Forum. São parceiros ouro desta edição Fundação José Luiz Egydio Setubal e Santander, e parceiros bronze BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Private Bank, Instituto ACP, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior.

#FórumIDIS: Novos horizontes da filantropia no mundo

Os impactos que a pandemia provocou no mundo promoveram transformações em diversas áreas, entre elas a filantropia. O debate volta-se agora a buscar oportunidades que possam definir um horizonte melhor para o setor. Neste painel, reunimos lideranças globais para compartilharem suas perspectivas.

“Temos discutido vários temas relacionados às mudanças climáticas, às questões econômicas, à turbulência social. Nada voltará a ser como antes. Os hábitos da sociedade mudaram, e podemos pensar nisso como uma oportunidade ou um problema”, ponderou Philip Yun, presidente e CEO do World Affairs e do Global Philanthropy Forum. Ele lembrou que tudo está se acelerando – não apenas na área tecnológica – e esse crescimento exponencial continuará.

Para Yun, nesse processo é importante dar atenção às mudanças climáticas com urgência porque, acredita, “em dez ou quinze anos talvez não tenhamos mais chance de consertar o que é preciso em relação ao clima”. Por isso, considera esse talvez o maior problema a enfrentar, junto com um aspecto interno que também coloca como uma ameaça: a ansiedade, ampliada pela falta de confiança, de certezas e da polarização política. “Vejo o importante papel da filantropia, para a intersecção do governo com o setor privado, onde alcançaremos avanços. Precisamos trabalhar em conjunto, porque só assim conseguiremos encontrar respostas e acabar com as desigualdades”.

Apesar dos grandes desafios, Yun diz-se otimista, porque vê uma mudança de paradigma num novo sentido. “Nos últimos 50 anos deixamos de nos preocupar tanto com os outros e pensamos em nós mesmos de maneira egoísta. Os mais jovens estão mudando, e isso vai virar; vão pensar na comunidade, no grupo, no todo, e as coisas vão evoluir dessa forma”.

Michael Mapstone, diretor de Relações Externas e Engajamento Global da Charities Aid Foundation (CAF), também aponta as mudanças aceleradas como uma característica atual. Além de destacar toda a ajuda oferecida durante a pandemia, extrapolando os limites que existiam até então, cita como relevante mudança que a fase trouxe a atenção à transparência dos dados e à prestação de contas, além da conscientização sobre a importância de uma boa estrutura que possa garantir respostas mais ágeis. “A pandemia trouxe uma visão maior sobre as desigualdades e injustiças sociais, além de novos modelos de doação. Vamos ver como avançamos e onde chegaremos com isso”. Para ele, o desafio é fazer com que as conquistas se mantenham.

Mapstone situa como prioridade a relação entre os filantropos e o governo, que deve avançar de maneira positiva e construtiva. “O setor público está olhando para o setor filantrópico com novos olhos, como colaboradores. Será um diálogo muito importante entre esses atores, que poderá produzir bons resultados. Devemos também pensar nos incentivos e como o governo poderá apoiar o setor filantrópico”. Ele acha bastante positivo o fortalecimento da estrutura filantrópica nos últimos meses e reforça que com mais investimento em infraestrutura, haverá mais inovação.

Para Matthew Bishop, autor do livro Philanthrocapitalism, os filantropos podem ter um papel importante, de protagonismo, para mudar as coisas para melhor. “Temos a mudança de paradigma em relação ao capitalismo, uma oportunidade incrível de parcerias e coalizões promissoras; precisamos encontrar uma maneira de controlar e vencer a revolução digital, unir o mundo através dela, e não separar mais”, avalia. Ele pontua que a tecnologia pode ser a força do bem, promovendo mudanças maravilhosas. “Precisamos ter a coragem de assumir nosso papel e aproveitar a oportunidade; encontrar exemplos que nos inspirem e aprender com os erros do passado”.  Ele apresentou o movimento global do qual faz parte, o Catalyst 2030 e que já começa a ser gestado no Brasil. Destacou que colaboração será a palavra de ordem para o atingimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

A diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, chamou atenção para a necessidade de dar atenção às mudanças climáticas, que não podem esperar. “Temos que agir em todos os setores; há tantas coisas novas surgindo, tantas incertezas”. Apesar das dificuldades, sente-se esperançosa e acredita que o futuro será promissor. “A raça humana já se mostrou bastante capaz de se adaptar e encontrar soluções para os desafios”.

Assista aqui ao painel completo:

Assista aqui a versão traduzida: https://youtu.be/wh0i6Fja2Ig

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social com o Global Philanthropy Forum. São parceiros ouro desta edição Fundação José Luiz Egydio Setubal e Santander, e parceiros bronze BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Private Bank, Instituto ACP, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior.

Confira os vídeos do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais de 2019

“Força das Comunidades” foi o tema do 8º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado em setembro de 2019 pelo IDIS. Ao longo de 10 horas de programação, foram realizadas doze sessões e todas elas serão disponibilizadas no canal do IDIS no YouTube.

O evento, exclusivo para convidados, reuniu mais de 300 participantes, entre filantropos, representantes de empresas, institutos, fundações e governos, e 52 palestrantes. Com um tema complexo e importante como esse, o Fórum buscou reunir pontos de vista locais e globais e diferentes experiências para estimular a reflexão acerca do papel dos cidadãos e as soluções que geram o bem comum.

Escolhemos as atividades melhor avaliadas pela audiência para iniciar a divulgação dos conteúdos. Inscreva-se em nosso canal e receba notificações quando os demais estiverem disponíveis.

Sessão Dinâmica: Precisamos mobilizar todo mundo; com Edgard Gouveia, Game Master na Epic Journey

Inclusão, diversidade e equidade: forças de mudança em nossas comunidades

Com Flávia Regina de Souza Oliveira, Sócia de Mattos Filho Advogados; Marcos Panassol, Sócio e Líder de Capital Humano da PwC Brasil; Maíra Liguori, Diretora do Think Olga; Mariana Almeida, Superintendente da Fundação Tide Setúbal; e moderação de Mafoane Odara, Gerente no Instituto Avon.

• Empresas com propósito e comprometidas com a sustentabilidade

Com Juliana Azevedo, Presidente na Procter & Gamble Brasil; Matthew Govier, Diretor Executivo da Accenture Strategy; Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil; e moderação de Gabriella Bighetti, CEO da United Way Brasil. Essa sessão teve o apoio da BNP Paribas Asset Management.

• Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2019

Em poucos minutos, imagens e depoimentos dos organizadores, palestrantes, parceiros e participantes.

Realizado desde 2012, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.000 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Esta é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e do Global Philanthropy Forum (GPF). Neste ano, contou com a parceria institucional da United Way. Também comprometidos, a Fundação Telefonica Vivo foi a parceira ouro do projeto, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a Fundação Mott e o Santander, parceiros prata, e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e o escritório de advocacia Mattos Filho, parceiros bronze.

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

IDIS 2020: Catalisador de Iniciativas

Pensar sobre aonde se quer chegar e planejar as atividades e recursos necessários para atingir os objetivos de forma coerente e sustentável é o que recomendamos a todos nossos parceiros, e no IDIS, não poderíamos fazer diferente. Em outubro, iniciamos nosso processo de planejamento estratégico para 2020.

Usando como base o plano trienal, desenvolvido em 2017, envolvemos toda a equipe do IDIS, que olhou para os resultados alcançados e projetos desenvolvidos neste ano, e traçou o plano para concretizar nosso novo posicionamento – IDIS: CATALISADOR DE INICIATIVAS. Por meio dele, reforçamos nosso compromisso com a idealização e o implementação de iniciativas que promovam o Investimento Social Privado no Brasil. Gerar e disseminar conhecimento, influenciar e representar o setor e idealizar, estruturar e implantar projetos próprios, passam a ser, dessa forma, nossos principais pilares de atuação.

Entre os principais projetos para o próximo ano, estão o fortalecimento da cultura de doação, por meio da campanha Descubra Sua Causa; a agenda dos Fundos Patrimoniais, com o avanço do trabalho de advocacy desempenhado na Coalização pelos Fundos Filantrópicos; a valorização da cultura de avaliação; e a promoção de parcerias intra e intersetoriais para a resolução de problemas sociais complexos. Ações específicas serão realizadas também no sentido de qualificar e ampliar a Filantropia Familiar e a Filantropia Comunitária. Seguiremos apoiando iniciativas de famílias, empresas, institutos e ONGs, por meio de atividades de consultoria, em todas as fases de seu investimento – do planejamento estratégico, passando pela gestão das doações, até a avaliação de impacto; e provendo o único Fórum no Brasil destinado exclusivamente a filantropos e investidores sociais.

Aspectos relacionados à comunicação institucional e gestão também foram discutidos. Para dar mais concretude ao novo posicionamento, foi planejada a atualização da marca. Especificamente em relação à sustentabilidade, avançamos no plano de constituição de um Fundo Estruturante, lançado na celebração dos 20 anos do IDIS, em setembro de 2019.

O planejamento, que ainda será validado por nosso Conselho Deliberativo, traça o caminho que seguiremos no próximo ano. Acreditamos na força do investimento social privado para criar um futuro mais justo e solidário, melhorando a vidas das pessoas. Por um 2020 com mais impacto!

Filantropia em tempos de crise

Logo Fórum 2015O IDIS realizou, em novembro deste ano o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, cujo tema transversal foi “Filantropia em tempos de crise”. Um tema atual tratado com um olhar diferente. Tivemos um dia inteiro de discussões sobre como investidores sociais podem usar seus recursos e experiências bem sucedidas para ajudar o Brasil a sair fortalecido do difícil momento que está atravessando.  O sucesso do Fórum e a presença de tantos parceiros e pessoas interessadas em fazer o bem só reforça o nosso desejo de trabalhar, cada vez mais, pelo resgate de valores no país.

Veja aqui a opinião de alguns palestrantes.

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A exceção que virou regra

Logo Fórum 2015A diretora -presidente do IDIS, Paula Fabiani, chamou empresários e filantropos para se unirem contra a crise e por um país mais correto e justo. Paula, no seu discurso de boas-vindas ao IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, lembrou que o momento pelo qual passamos requer atenção não apenas pelas questões econômicas, mas pela exposição global de práticas das quais não temos motivos para nos orgulhar. A corrupção endêmica praticamente, é o oposto do que ser quer para o país.

“Hoje a exceção virou regra”, lembrou a presidente, que alertou que os filantropos não podem assistir quietos os agravamentos sociais e as rupturas de valores que estamos presenciando, e que é preciso, mais do que nunca, a união de forças.

 

Assista à mensagem de Paula Fabiani

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Encontro internacional de investidores sociais alia inovação social e histórias emocionantes

O 3º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, organizado pelo IDIS e pelo Global Philanthropy Forum (GPF), destacou justamente a face mais arrojada do investimento social privado no Brasil e no mundo, sem deixar de lado a importância crucial que as histórias inspiradoras têm para o setor. O evento, cujo tema foi “Inovação e impacto do investimento social privado”, aconteceu em São Paulo, em 6 de novembro, e reuniu alguns dos maiores nomes da filantropia brasileira, além de importantes palestrantes estrangeiros.

III Forum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Durante as boas-vindas, a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, falou sobre a importância da criatividade (um ato individual que exige imaginação ) e da inovação (algo que é coletivo e demanda trabalho).  “A programação foi montada para inspirar reflexão e transformação. Com isso em mente, eu convido todos vocês a pensarem fora da caixa nesta tarde”, diz Paula. A presidente do GPF, Jane Wales, relembrou o começo do fórum no Brasil e destacou a qualidade do evento, dos palestrantes e dos participantes: “O desenvolvimento do Brasil é rápido, mas não inclusivo. O que faz este grupo memorável é que vocês todos compartilham o comprometimento ao desenvolvimento inclusive neste país maravilhoso”.

A mesa “Investimento social familiar” trouxe para o centro do palco as motivações de duas das famílias mais socialmente ativas do país. Beatriz Gerdau Johannpeter e Jorge Gerdau Johannpeter contaram a história do Instituto Gerdau. “O trabalho social é um legado em nossa família, que já está na quinta geração. A criação do instituto foi um marco para garantir a perpetuação de nossos valores”, disse Beatriz, que contou que decidiu seguir pelo trabalho social inspirada pelos problemas de saúde de seu filho.

III Forum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Na mesma mesa, Sandra Regina Mutarelli Setúbal e José Luiz Egydio Setúbal falaram sobre o trabalho da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. “Na nossa família, o investimento social é central. Eu poderia ter participado tanto das ações do Itaú quanto de meus parentes, mas meus irmãos trabalham com educação, e eu queria abordar o tema da saúde”, contou Setúbal, que criou o Instituto Pensi, para pesquisas sobre pediatria.

A programação foi intensa e diversificada. Ao longo do dia, a mesa “Investimento social privado e inovação na Saúde” reuniu a diretora executiva do The End Fund, Ellen Agler, a diretora da Fundação AbbVie, Verónica Arroyave, e o secretário adjunto de Estado da Saúde de São Paulo, Wilson Modesto Pollara, para discutir o papel do setor social privado no setor, como o tratamento de doenças negligenciáveis e precariedade do atendimento hospitalar.

A sessão “Licença social para operar: o impacto do investimento social privado” abordou o tema do Investimento Social Privado na comunidade, uma grande tendência do setor nacional. O diretor do Instituto C&A, Paulo Castro, mediou a mesa, que contou com a gerente do Instituto Holcim, Juliana Cassilha Andrigueto, a diretora executiva do Instituto Coca-Cola, Daniela Redondo, e a diretora de sustentabilidade Juliana de Lavor Lopes, da Amaggi, grupo agroindustrial que criou a Fundação André e Lúcia Maggi.

III Forum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

A inovação também deu o tom da mesa “O papel da tecnologia na ampliação do impacto do investimento social”, mediada pela diretora executiva do Wings, Helena Monteiro. O diretor executivo do Instituto Arapyaú, Marcelo Furtado, o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto, e o presidente da Fundação Banco do Brasil, José Caetano de Andrade Minchillo, explicaram como o uso da tecnologia impacta o trabalho de suas organizações.

A plenária “Arranjos inovadores para o desenvolvimento sustentável”, capitaneada pela associada sênior para a filantropia global na Rockefeller Philanthropy Advisors, Heather Grady, focou no papel que o investimento social privado terá na agenda mundial pós-2015, quando terminam os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – série de metas que os países da ONU se comprometeram a atingir. Participaram da discussão a representante no Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Daniela Carrera, o diretor do Instituto Votorantim, Cloves Carvalho, e o chefe do grupo de Inovações e Alianças para o Desenvolvimento do Pnud, Marcos Neto.

III Forum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Na hora do almoço, os participantes se dividiram em catorze mesas temáticas, conhecendo mais sobre diferentes assuntos relacionados ao investimento social privado.

Logo em seguida, houve um dos momentos mais emocionantes do fórum aconteceu durante a sessão “Em conversa com…”. O primeiro convidado a falar sobre seu trabalho foi o músico Peter Buffet, filho do filantropo bilionário Warren Buffet e copresidente da NoVo Foundation, que trabalha com direitos e meninas e mulheres. Entrevistado por Helena Monteiro, Peter Buffet disse que “a filantropia é uma maneira de ter um propósito na vida para acordar todos os dias”. Ao mesmo tempo, “o melhor mundo seria aquele em que todos tivessem o suficiente e a filantropia não fosse mais necessária”, comentou ele, cuja organização recebeu US$ 1 bilhão de seu pai para aplicar em ações beneficentes.

Na segunda rodada de conversas, Regina Helena Velloso, presidente voluntária do conselho de administração da AACD, e a norte-americana Swanee Hunt, presidente da Hunt Alternatives e criadora do Women Moving Millions contaram como ambas se aproximaram do investimento social privado. Enquanto o pai de Regina era engajado e transmitiu a ela o vírus da solidariedade (“quando era mais nova, meu pai já atuava na AACD e me transmitiu o cargo na entidade como uma das suas maiores heranças”), Hunt veio de uma família humilde que enriqueceu no ramo agrícola e contou que seu pai não valorizava o trabalho solidário. Sua vida mudou quando um de seus irmãos foi diagnosticado como esquizofrênico e sofreu lobotomia, o que a fez trabalhar com doentes mentais. “Ouço muitas coisas sobre investimento de impacto, mas não adianta fazer as coisas se não for visitar os locais. Tem de estar perto das pessoas e olhá-las no olho. A filantropia envolve principalmente amor ao outro, não dinheiro”, disse Hunt, arrancando aplausos da plateia.

III Forum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Para finalizar, o professor Lester Salamon, da Johns Hopkins, apresentou os resultados de sua pesquisa sobre um modelo chamado “philanthropication through privatization”, que teria potencial de canalizar bilhões de dólares para a filantropia. Trata-se da constituição de fundos patrimoniais com parte dos recursos que o Estado recebe pela venda de patrimônio ou concessão de serviços ao setor privado. “Mapeamos 539 casos pelo mundo todo, que garantiram bens num valor total de U$ 139 bilhões para o setor social privado”, disse Salamon. Para comentar o assunto, estiveram presentes o economista brasileiro José Guimar

Esse é o terceiro Brazilian Philanthropy Forum. Segundo Paula Fabiani, a iniciativa, que possui apoio financeiro do Rockefeller Philanthropy Advisors, “tem se consolidado com um importante espaço de discussão e um passo importante para a criação de uma rede de filantropos no país”.