Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2024 destaca respostas à policrise e uso da IA

Produzido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o relatório apresenta desafios e inspirações para investidores sociais

Reconhecido pela produção de conhecimento, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, apresenta a terceira edição do relatório anual Perspectivas para a Filantropia no Brasil, explicitando movimentos que são importantes para o agora, que se destacam e para os quais filantropos, investidores sociais e todos aqueles que atuam neste campo devem estar atentos.

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As oito perspectivas apresentadas são fruto de um processo coletivo, que reúne diferentes saberes dos profissionais que compõe a equipe do IDIS. O ponto de partida desta edição foi a compreensão de que os desafios que enfrentamos estão cada vez mais complexos e interconectados. Se antes era predominante uma atuação filantrópica baseada em causas especificas, em silos e caixinhas delimitadas, abre-se o olhar para respostas integradas e que contribuem para mudanças estruturantes. Não à toa, a perspectiva ‘Policrise e as respostas da filantropia’ abre o relatório.

Os crescentes compromissos públicos assumidos por empresas, que vão além do lucro e declaram ações concretas e metas de impacto, conectadas à agenda ESG, a expansão de atores ao redor do Brasil, que atuam de forma localizada, e o investimento crescente na promoção de um ambiente regulatório favorável ao nosso setor são abordados também. Proteção do meio ambiente, a questão climática, a promoção da diversidade e o combate à pobreza são causas que não poderiam ficar de fora, assim como inovações no campo da avaliação de impacto, que começa a se beneficiar do blockchain, e a adoção da Inteligência Artificial, que precisa ser encarada como realidade e não como possibilidade.

“A ação filantrópica, ao mesmo tempo que gera mudanças, responde aos desafios de seu tempo. É propositiva e resiliente. É fruto de iniciativas individuas e de criações coletivas. É inovadora, ágil e profunda. Neste projeto, buscamos apresentar uma fotografia mais nítida de nosso horizonte em 2024. É um convite à reflexão e à ação” explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Conheça todas as Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2024 e baixe a publicação completa:

1 – Policrise e as respostas da filantropia
Interdependência entre causas demandam soluções estratégicas e interconectadas

2 – Compromissos com o futuro
Mais do que intenções e declarações públicas: é hora de ação

3 – Brasil no centro das discussões sobre clima e meio ambiente
O protagonismo do poder público e da filantropia nesta agenda global

4 – Potência da Filantropia Regional
Iniciativas filantrópicas avançam em diferentes regiões do Brasil e endereçam desafios locais

5 – Ações para um ambiente regulatório favorável
O foco do investimento filantrópico vai além de causas específicas, beneficiando a infraestrutura do Terceiro Setor

6 – Avaliação de Impacto como aliada na Agenda ESG
A mensuração das ações relacionadas ao pilar Social traz materialidade e contribuem para narrativas de verdadeiro impacto positivo

7 – Governança e diversidade lado a lado
Diferentes origens e perspectivas fortalecem conselhos e levam a melhores decisões

8 – Inteligência Artificial: risco ou oportunidade? Realidade.
A IA veio para ficar e investimento é necessário para que o Terceiro Setor possa aproveitar seu potencial

 

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Instituto Chamex lança edital “Educação com Cidadania” com investimento de até R$ 30 mil por projeto

Organizações de todo o país terão até o dia 18 de abril para inscrever iniciativas com foco na promoção de soluções voltadas para a Educação

O Instituto Chamex, que faz parte da Sylvamo (NYSE: SLVM), a Empresa de Papel do Mundo, com apoio do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), está com inscrições abertas para a 3ª edição do edital Educação com Cidadania. O objetivo é incentivar, por meio da educação, o uso da criatividade como fonte de soluções transformadoras para o mundo e para a sociedade. Serão selecionadas cinco organizações com projetos voltados à educação e os interessados terão até o dia 18 de abril de 2023 para se inscrever pelo site  Prosas na página do Edital com Cidadania .

O processo de seleção é aberto a instituições de todo o país e as entidades contempladas receberão até R$ 30 mil para a implementação e execução dos projetos, que devem ser concluídos em oito meses. O início das atividades está previsto para junho de 2023.

Por acreditar no papel transformador da Educação, o Instituto Chamex quer chegar em todos os cantos do Brasil por meio do apoio a projetos focados na solução dos desafios do sistema educacional, aliando criatividade e inovação nas formas de ensinar, aprender, empreender e educar.

O recurso deve ser utilizado para implementar no território nacional projetos que trabalhem com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4) e submetas, com ações que possam:

  • Estimular a prática da cidadania ativa, promovendo a participação coletiva na busca pelo desenvolvimento e bem-estar social;
  • Despertar pessoas para que sejam mais conscientes, críticas e criativas e aptas a lidar com as questões do nosso tempo;
  • Identificar soluções aos problemas encontrados nas comunidades;
  • Formar e capacitar lideranças para a cidadania ativa, atuando, especialmente, junto a escolas, universidades, comunidades e ao setor público;
  • Articular e mobilizar pessoas para promover ações sociais transformadoras;

Será considerado um diferencial propostas com metodologias replicáveis por outras organizações em outras regiões do país. Além disso, será dado destaque para os projetos que estejam nos municípios de Três Lagoas/MS, Luiz Antônio/SP e Mogi Guaçu/SP, locais onde a Sylvamo possui operações.

Inscrições

As inscrições poderão ser realizadas até 18 de abril pelo site do Prosas.

Em caso de dúvidas ou mais informações, entre em contato pelo e-mail: editalchamex@idis.org.br

Sobre o Instituto Chamex

Criado em 2008, o Instituto Chamex coloca a criatividade como elemento central para a construção de uma educação mais acessível, inclusiva, equitativa e transformadora. O instituto atua em rede com diversos parceiros para incentivar o desenvolvimento de alunos, professores e agentes de educação no ensino infantil, fundamental e médio, apoiando e desenvolvendo projetos que possibilitem um novo futuro para milhares de brasileiros.

O Instituto Chamex faz parte da Sylvamo, produtora de papéis Chamex, Chamequinho e Chambril para impressão e escrita. Segue suas diretrizes de responsabilidade social, sustentabilidade e ética, engajando seus profissionais e apoiando as comunidades. Acredita que a criatividade e a educação podem impulsionar a mudança e acelerar soluções para transformar a vida de muitas pessoas.

Para mais informações, visite institutochamex.com.br.

IDIS apresenta perspectivas e desafios da filantropia no Brasil em 2023

Um ano sempre começa com expectativas de renovação e, mais do que isso, de realização. Colocar em prática projetos, ampliar o conhecimento e desenvolver novos planos. Por meio desta iniciativa, buscamos trazer uma leitura do cenário, identificar ações inspiradoras e apontar caminhos para um investimento social privado mais estratégico e transformador.

Este exercício, feito diariamente pela equipe do IDIS, é compartilhado aqui com o Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2023. Não há a pretensão de traçar um quadro completo da realidade, mas de reunir elementos que contribuam para tomadas de decisões.

“Há exemplos de inovações, de novas metodologias e modelos de financiamento, de parcerias improváveis, de mudanças significativas, de novas formas de fazer diferente o que já estava dando certo. Que este elemento transversal seja também uma fonte de inspiração para você, como já é para nós”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Conheça abaixo as Perspectivas da Filantropia no Brasil:

PERSPECTIVA 1 – A POTENCIA (E A NECESSIDADE) DO DIÁLOGO COMO CONSTRUTOR DE PONTES

As soluções são encontradas na interação, exigem colaboração e contemplam múltiplas demandas e pontos de vista

PERSPECTIVA 2 – muito além de responsabilidade: legado

O que empresas deixam para as próximas gerações

PERSPECTIVA 3 – diversificação das formas de financiamento

Mais que nunca, otimizar e contribuir para a evolução das possíveis fontes de financiamento é necessário para a solução de desafios

PERSPECTIVA 4 – o número não é o ponto final

A  Avaliação de Impacto Social com monetização tem sido cada vez mais debatida e procurada, mas, descoberto o número, qual o próximo passo?

PERSPECTIVA 5 – emergências ambiental e social caminhando lado a lado

A interdependência entre clima, florestas e pessoas

PERSPECTIVA 6 – terceiro setor engajado na promoção de políticas públicas

A sociedade civil organizada fortalece a democracia e acelera mudanças sistêmicas

PERSPECTIVA 7 – fortalecimento da sociedade civil organizada: confiança, governança e transparência

A relevância das OSCs – organizações da sociedade civil cresce conforme aumenta a confiança da população nos trabalhos realizados

PERSPECTIVA 8 – filantropia familiar mostra a sua cara

Indivíduos e famílias assumem compromissos públicos em suas práticas de doação

Caso você queira ler sobre cada uma das perspectivas com as dicas e exemplos, confira abaixo:

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Fórum IDIS 2022: importância da colaboração e a evolução da filantropia

Aconteceu em setembro, em São Paulo, a 11ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Promovido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o evento que busca acelerar soluções por meio das conexões e fomentar a filantropia no país.

Com o tema COLABORAÇÃO, as sessões abordaram assuntos como ESG, transformação territorial, avaliação de impacto, fundos patrimoniais e muito mais. Ao longo do dia, participaram mais de 40 palestrantes do Brasil e internacionais. Estiveram presentes 220 convidados e houve mais de 1.800 visualizações da transmissão ao vivo.

“Foi muito rico poder retornar aos eventos presenciais e promover o Fórum com tantas discussões essenciais para o amadurecimento da filantropia no Brasil”, comentou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

VEJA O ÁLBUM DE FOTOS DO EVENTO

Sozinho se vai rápido. Juntos se vai longe e ainda mais rápido

A abertura do evento teve a participação de Celso Athayde (CUFA), Mônica Sodré (RAPS), Neil Heslop (CAF) e Atila Roque (Fundação Ford). Representantes da sociedade civil, abordaram a importância da colaboração para encontrarmos respostas aos desafios que temos como sociedade e qual é o caminho que, idealmente, devemos percorrer.

A mesa ‘Sozinho se vai rápido. Juntos se vai longe e ainda mais rápido’, logo de cara, já deu tom ao evento que, em toda sua programação buscou diferentes olhares para a colaboração. Celso Athayde destacou o papel fundamental da colaboração em ambientes de desigualdade social, pois “é isso o que mantém a população persistente e evoluindo”. Nesse sentido, a filantropia também possui o papel de viabilizadora desse impacto.

Os palestrantes destacaram que a honestidade, diversidade e empatia são valores necessários para que o trabalho em colaboração seja efetivo, além é claro de um foco real em alcançar objetivos concretos e de longo prazo.

 Assista ao debate:

Ainda trazendo um olhar amplo sobre o tema, Ana Buchaim (B3); Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza e Grupo Mulheres do Brasil); Marcílio Pousada (RaiaDrogasil) e Rodrigo Pipponzi (Grupo MOL e Movimento 1% Brasil) trouxeram a perspectiva coorporativa.

Na plenária ‘ESG: empresas colaborando contra a desigualdade’, o destaque entre os palestrantes foi o debate sobre a importância de as companhias assumirem publicamente compromissos com a sociedade. “É impressionante a força de uma empresa quando elas abraçam uma causa para valer”, destacou Luiza Helena Trajano, e ainda realçou o quanto ainda precisamos estar atentos aos resultados da crise que enfrentamos por conta da Covid-19. “Nós não entendemos ainda o que a Covid fez com a sociedade. O perfil profissional, o perfil das empresas, do consumidor, as prioridades das pessoas“, comentou.

A programação teve ainda a participação dos vencedores de 2021 do ‘Prêmio Empreendedor Social’ da Folha de S. Paulo, que puderam apresentar suas iniciativas e propósitos de atuação. Infelizmente, Stellinha Moraes, da organização Anjos da Tia Stellinha teve um problema de saúde e não pode estar presente.

Conheça um pouco da história de cada um:

Causas e temas

Os participantes do Fórum tiveram a oportunidade de também mergulhar em assuntos mais específicos e, durante a programação, em alguns momentos, puderam se dividir conforme seus interesses.

Assuntos relacionados ao meio ambiente foram abordados em dois momentos distintos, com chamados diretos à ação da comunidade filantrópica.  A bióloga e ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Terixeira, destacou os desafios contemporâneos e os desafios globais que dizem respeito ao meio ambiente e a luta pela redução das desigualdades. “A filantropia tem um papel estruturante e estratégico, que pode nos levar à situação de sair do greenwishing para o greendoing”. A atriz e ativista ambiental Christiane Torloni, por sua vez, trouxe uma mensagem forte, compartilhando o significado da palavra “florestania”. Contou suas ações em prol do meio ambiente e convocou os participantes a agir.

Para debater como o desenvolvimento sistêmico de um território é mais potente e mais longevo com o engajamento da comunidade, subiram ao palco Agustín Landa (Lanza e Alliance Magazine), Fernanda Bombardi (ICE – Instituto de Cidadania Empresarial) e Hermes de Sousa (Instituto Cacimba); moderados por Lúcia Dellagnelo (ICOM e CIEB).

O painel destacou como o modelo de institutos e fundações comunitárias pode contribuir para fortalecer os atores locais ao estabelecer vínculos com públicos externos, fomentando a colaboração, criando conexões de impacto e fomentando uma cultura de doação e colaboração local. Também foi abordado o contexto dos investimentos de impacto, que levam a força dos negócios de impacto para apoiar o desenvolvimento de um território, demonstrando que com a colaboração é possível ajudar e construir mudanças perenes em territórios com grandes vulnerabilidades.

A sessão ‘Cultura Avaliativa: gestão estratégica para impacto positivo’, por sua vez, discutiu os benefícios e desafios das avaliações de impacto como parte integrante da cultura das organizações, trazendo o ponto de vista de financiadores e projetos beneficiados.

Louize Oliveira, do Instituto Sicoob e uma das palestrantes da mesa destacou que o processo avaliativo foi muito rico para a empresa e todos os stakeholders envolvidos em suas iniciativas sociais.  “Durante todo o percurso avaliativo notamos que o ganho de valor estava além da mensuração do impacto gerado, bastante importante, mas também na geração de conhecimento e reconstrução dos processos do que a empresa já vem fazendo”.

O evento trouxe também o debate sobre novas formas de doação e filantropia e de que maneira o mercado vem inovando nesse sentido. As mesas ‘Plataformas amplificando impacto’ e ‘Fundos filantrópicos: colaboração multissetorial’ trataram disso.

A primeira apresentou diferentes perspectivas, formatos e plataformas, e como eles podem gerar um ambiente favorável para a colaboração e doação. Com a participação de Flavia Rosso (iFood), João Paulo Pacífico (Grupo GAIA) e Mafoane (Meta) e mediados por Carlos Pignatari (Ambev) os convidados ressaltaram o quanto as alternativas de modelos de financiamento para a atuação filantrópica são necessárias para evoluirmos no impacto social.

No painel de Fundos Filantrópicos: colaboração multissetorial, o debate girou em torno da conceitualização da temática, trazendo exemplos de diferentes arranjos que contribuem para a sustentabilidade de causas e organizações apresentando cases dos palestrantes que já trabalham com o mecanismo. Mediados por Renata Biselli (Santander), estiveram na mesa Daniela Grelin (Instituto Avon), Fabio Lesbaupin (Estímulo 2020) e Osmar Lima (BNDES)

A interação e as conversas se intensificaram durante o almoço, quando 18 especialistas foram anfitriões de mesas temáticas. Entre os temas debatidos, a equidade racial, ações para o atingimento dos ODSs, estratégias para a filantropia familiar, mecanismos de resposta à situações emergenciais, criptofilantropia, e muito mais.

Interpretação do passado e olhares para o futuro

A entrevistada da tradicional sessão “Em conversa com…” foi Sonali Patel, sócia do Bridgespan, grupo responsável por intermediar a doação de USD 17 milhões de MacKenzie Scott a 16 organizações brasileiras, em março deste ano. Sonali abordou  as mudanças que tem observado na forma como os filantropos estão fazendo seus investimentos sociais. Ela acredita que a colaboração entre filantropos vem crescendo – eles trocam conhecimento e confiam mais nas organizações onde fazem seus investimentos.

Cassio França (GIFE), Giovanni Harvey (Fundo Baobá para Equidade Racial), Donzelina Barroso (Rockfeller Philanthropy Advisors) e Georgia Pessoa (Instituto Humanize) trouxeram o debate de como, no ecossistema filantrópico, há entes que contribuem para acelerar e potencializar interações, criando as condições mais favoráveis para ações transformadoras. Metodologias e mecanismos fortes possuem esse importante papel.

“Os negócios como eram feitos já não funcionam mais. Isso exige uma mudança de mentalidade e habilidades para que doadores, filantropos e instituições possam colaborar de forma estratégica e sistêmica”, destacou Donzelina na mesa ‘Metodologias e redes para o fortalecimento da filantropia’.

Fechando a programação do dia, Atti Worku (African Visionary Fund), Carola Matarazzo (Movimento Bem Maior), Matthew Bishop (Catalyst 2030) e Benjamin Bellegy (WINGS), abordaram ‘Desafios e perspectivas para a filantropia sob a ótica da colaboração’.

“Os negócios estão aprendendo a colaborar melhor em prol do impacto social, mesmo no mercado competitivo”, destacou Matthew; “Acredito que todas as instituições atualmente precisam estar muito atentas a qual seu propósito, seus objetivos claros e responsabilidade. Demonstrando que a entrega não é apenas material, mas que pensa no impacto positivo para a sociedade”, acrescentou.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma realização do IDIS com parceria do Global Philanthropy Forum e a CAF – Charities Aid Foundation. Esta edição teve apoio prata da Ford Foundation; apoio bronze de Ambev, B3 Social, BNP Paribas Asset Management, Fundação Arymax, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Movimento Bem Maior, Raia Drogasil e Santander. A revista Alliance foi a parceria de mídia.

Investimento Social: seis passos para estruturá-lo em uma empresa

Em agosto de 2019, o Business Roundtable, grupo formado pelos CEOs das cem maiores companhias norte-americanas, declarou que, na sua visão, o propósito de uma empresa não era somente proporcionar lucro a seus acionistas. O propósito de uma empresa é também entregar valor aos seus clientes, investir em seus funcionários, lidar de forma justa com os fornecedores e apoiar as comunidades em que atuam. Em resumo, as empresas devem ir além de seus números, e impactar positivamente a sociedade.

Esta declaração histórica é o resultado de uma longa caminhada que, no Brasil, começou há cerca de quatro décadas e evolui por meio de diversos conceitos que vão desde responsabilidade social até ESG, passando pelo investimento social corporativo.

Saiba mais sobre estes conceitos

Independentemente dos rótulos, o importante é a percepção de que empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para melhorar a sociedade na qual atuam e da qual retiram os recursos para sua existência.

E como fazer isso de forma que traga benefícios concretos para todos?

O primeiro passo é admitir que problemas socioambientais são complexos e que, normalmente, as empresas não sabem lidar com eles, portanto, é necessário dedicação antes decidir o que fazer.

Escolha do foco de investimento social para atuação

O ideal é começar tentando identificar em qual faixa do imenso espectro de problemas sociais a empresa tem maior possibilidade de contribuir. Considere nesta análise os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e como é possível apoiar o cumprimento das metas estabelecidas na Agenda 2030.

A resposta pode estar ligada ao setor de atividade da firma. Por exemplo, um fabricante de alimentos provavelmente tem capacidade para atuar no combate á fome. Um banco pode contribuir com ações de educação financeira.

Ou ela pode ter relação com a estrutura de operação. Um distribuidor de bebidas pode contribuir com sua capilaridade, enquanto uma escola pode ceder seu espaço ocioso para alguma atividade.

Há ainda a possibilidade da atuação vir do local onde a empresa está instalada e até mesmo da comunidade onde se encontram seus fornecedores ou clientes.

O importante aqui é que exista um vínculo, uma razão ao se escolher uma causa ou uma região para ser adotada, porque é essa ligação que vai dar sentido ao investimento social e vai envolver toda a cadeia de stakeholders, desde os sócios.

Pensando no ESG, essa escolha é chamada de “materialidade”. Ou seja, algo que diga respeito realmente a onde/quem/ o que a empresa atinge de uma forma ou de outra.

Nota técnica: ESG e o “S” brasileiro

Diagnóstico do problema

Uma vez escolhida a causa ou o foco de atuação, vem a etapa de diagnóstico. Ela serve para compreender quais os principais problemas existentes nesse foco, quais tentativas de solução já foram experimentadas e quem são as pessoas e organizações envolvidas com essas questões.

Muitos investidores sociais perdem tempo e dinheiro porque acreditam ter a solução para alguma situação, sem, na verdade, conhecer a realidade das pessoas ou local que sofrem com aquele problema.

Portanto, é necessário estudar bem o problema que se quer atacar. E isso serve para qualquer tamanho de investimento social. Mesmo uma iniciativa pequena, deve ser bem concebida para surtir efeito e, quem sabe, tornar-se um grande projeto!

Definição do projeto de impacto social a ser realizado

Após entender o problema a ser atacado, chegou a hora de definir qual a intervenção a ser realizada. Para qualquer questão que tenha sido escolhida, existirão diversas abordagens possíveis.

O combate à fome não se restringe à doação de alimentos. Ele pode ser feito por meio de capacitação para o emprego, de educação para melhor utilização de alimentos ou estímulo à produção de alimentos mais baratos.

O melhor é optar pelo caminho mais viável dentro das condições da empresa e que traga mais impactos positivos para os beneficiários.

Ao final desta etapa é necessário ter as respostas para as seguintes perguntas:

  • O que vai ser feito?
  • Como vai ser feito?
  • Onde vai ser feito?
  • Quando vai ser feito?
  • Quanto vai custar?
  • Quais resultados queremos atingir?
  • Quais indicadores serão monitorados?

Fazer com as próprias mãos ou apoiar quem já faz?

Esta é outra decisão importante. Como a empresa vai conduzir sua ação social? Vai realizar ela própria ou vai optar por apoiar organizações sociais que já trabalham com a causa ou na comunidade escolhida?

Na verdade, estamos buscando a resposta para a pergunta: quem vai fazer?

Se a empresa vai operacionalizar as ações sociais, será preciso destacar ou contratar pessoas e criar uma célula dentro da companhia com essa responsabilidade, exigindo uma estrutura robusta. Ela estabelecerá uma ligação próxima com os beneficiários e terá maior controle sobre os resultados alcançados.

Se a empresa optar por apoiar organizações do Terceiro Setor para realizarem a ação social, não precisará fazer modificações internas profundas. Em compensação, haverá menos controle sobre a operação e resultados.

Como saber se deu certo?

Depois de todo esforço e dedicação para a realização de uma ação social, é fundamental saber se a intervenção gerou impactos positivos aos beneficiários. Recomenda-se que, antes de começar algum projeto, já se defina quais são as metas a serem perseguidas, quais os indicadores que dirão se elas foram alcançadas ou não e quais os processos que integrarão a avaliação. Fomentar a cultura avaliativa é desejável. O processo mostrará onde estão as fortalezas e onde há espaços para melhorias.

Convide todo mundo para participar

Um projeto social é uma iniciativa que deixa todo mundo entusiasmado. Equipe internas, fornecedores, parceiros, clientes, investidores, comunidade. Por isso, é muito importante contar para todos eles o que será feito e convidá-los a fazer parte. Eles podem dar ideias para melhorar o projeto, podem fazer doações para complementar a verba, podem realizar trabalho voluntário, podem ajudar a divulgar e mais uma série de coisas que nem sequer conseguimos imaginar. E ainda que não se engajem diretamente, podem reconhecer o valor da ação e recompensar a empresas pela atitude.

Com estas seis etapas, empresas se colocam na direção correta para honrar o propósito que se espera de uma empresa atualmente. O IDIS apoia investidores sociais privados em toda esta jornada. Conheça nossos serviços e algumas histórias de sucesso.

IDIS apresenta perspectivas e desafios da filantropia no Brasil em 2022

Um dos grandes nomes da filantropia da história, Andrew Carnegie disse, no século XIX, que era mais fácil fazer fortuna do que doar dinheiro de forma inteligente.

Passado mais de um século dessa declaração, os filantropos contemporâneos se deparam, atualmente com uma sociedade muito mais complexa, com problemas multifacetados e um desafio ainda maior para resolver para quem e como fazer suas doações.

Buscando, então, contribuir com a tomada de decisão dos filantropos, o IDIS preparou o artigo Perspectivas para a Filantropia Brasileira’. A seleção dos tópicos foi feita a partir da vasta experiência do IDIS no apoio a investidores sociais privados. Isso, além da vivência dos últimos dois anos, que trouxeram muitas mudanças nas demandas e expectativas no campo da filantropia.

Baixe agora as 8 tendências completas. 

O documento traz oito perspectivas relevantes e que devem ser considerados pelos filantropos na hora de planejar suas doações. “Cada perspectiva é uma janela para uma paisagem onde algo importante está acontecendo e o filantropo pode traçar um cenário a partir delas, agregando seus elementos próprios”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Além de apresentar cada tendência e explicar os motivos para ela ter sido escolhida, o artigo também cita exemplos nos quais se pode enxergar ela na prática.

Conheça abaixo as Perspectivas da Filantropia no Brasil:

PERSPECTIVA 1 – Mais grantmakers, menos projetos próprios

A filantropia ganha relevância em seu papel de financiadora das organizações da sociedade civil que buscam a solução para os problemas complexos.

PERSPECTIVA 2 – Emergência x longo prazo

A filantropia estratégica se vê no impasse entre as necessidades de curto prazo e o olhar para o futuro.

PERSPECTIVA 3 – Causas que se fortaleceram

Mesmo em meio à crise sanitária e econômica, a força de algumas causas não se abalou. Elas ganham novos formatos e se mostram mais importantes do que nunca.

PERSPECTIVA 4 – A comunidade como célula mater da filantropia

Nos momentos mais difíceis, os problemas se concentram nas comunidades, assim como as soluções.

PERSPECTIVA 5 – Atuação colaborativa e em parceria

Chegamos mais longe quando caminhamos juntos e, contrariando o ditado, chegamos mais rápido também.

PERSPECTIVA 6 – Empresas mais engajadas

Experiência da pandemia e pressão de investidores e consumidores levam empresas a aumentar as doações.

PERSPECTIVA 7 – Já não é só o capital filantrópico que gera impacto

A possibilidade de conciliar lucro com impacto positivo é cada vez mais atraente para novos e antigos investidores.

PERSPECTIVA 8 – O desembarque da Geração Z

Os Millenials já estão deixando sua marca na filantropia. E agora, o que esperar da Geração Z?

Paula Fabiani passa a integrar comitê social do BTG Soma, programa de aceleração de OSCs do BTG

O BTG Pactual é o maior Banco de Investimentos da América Latina e, há dois anos, lançou o BTG Soma – programa de aceleração social que oferece a Organizações da Sociedade Civil (OSCs). São mais de 80 horas de capacitação, mentorias e workshops. Após duas turmas, 16 organizações já foram aceleradas e a terceira edição já tem as instituições selecionadas para o programa.

Após cuidadosa análise, 10 instituições foram, assim, escolhidas com critérios como liderança, demanda de gestão, intenção e possibilidade de expansão e região de atuação.

São elas: ASCAI – Associação da Criança e do Adolescente de Itaobim; Instituto Cultural In-Cena; Instituto Afroamérica; Instituto Socioambiental; CEDAPS – Centro de Promoção da Saúde; Giral – Desenvolvimento Humano e Local; Cidadão pró-mundo; Associação Vida e Arte; Crepúsculo BH e Vivenda Da Criança.

Neste ano, do mesmo modo que as anteriores, a terceira edição que já está em andamento e tem foco em OSCs de 6 estados do país. Além disso, a iniciativa ainda pretende lançar uma quarta turma, focada em ações relacionadas ao Meio Ambiente. Outra novidade é o comitê social consultivo fixo que terá papel fundamental ao longo da aceleração. São 5 experts do terceiro setor, entre eles, Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para Desenvolvimento do Investimento Social. 

Juntam-se à Paula no comitê Ana Fontes, empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora; David Hertz chef e empreendedor social, cofundador da Gastromotiva; Rodrigo Pipponzi, cofundador da Editora Mol e Instituto Mol, e Will Landers, sócio do BTG Pactual e presidente do Conselho da Brazil Foundation.

Para conhecer mais sobre as instituições selecionadas clique aqui.

ESG e o “S” brasileiro: quais os pontos que mais necessitam de atenção

A pauta ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, no português, Ambiental, Social e Governança) ganha a cada ano mais espaço entre investidores e empresas. Mas o que vem sendo mensurado de fato? Com detalhes da pauta ainda em definição pelo mundo, estudos apontam uma falta de padrões consistentes, principalmente sociais. O “S” é, inclusive, apontado como o mais difícil de se analisar e incorporar a estratégias corporativas, isto de acordo com 51% dos investidores entrevistados pelo BNP Paribas – um dos maiores bancos da Europa.

No caso brasileiro, a pauta ESG vem sendo absorvida absorvida por investidores, reguladores e empresas, a partir do modelo dos Estados Unidos e países europeus. Entretanto, para que o movimento seja efetivo é necessário estabelecer uma visão do “S” que considere as especificidades e prioridades do nosso país. Nesta Nota Técnica, elaborada por Renato Rebelo, diretor de Projetos do IDIS, apresentamos dados e conceitos refletindo o que mais necessita de atenção quando pensamos em pautas sociais em ESG.

Para acessar a nota completa basta acessar abaixo ou clicar aqui.

IDIS reúne comunidade filantrópica e aprofunda debate sobre o ‘Capital e a Humanidade’

Conheça os destaques da edição especial do 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Com céu azul e clima de celebração, aconteceu a edição presencial do 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Ao longo de uma manhã, os convidados voltaram a se encontrar depois de um longo período de contato exclusivamente online, e conversar sobre os desafios que se apresentam e como enfrentá-los a partir da perspectiva da filantropia estratégica. “Com a população cada vez mais vacinada, ousamos reunir nossa comunidade. Para a segurança de todos, optamos por um local aberto e público limitado a 50 pessoas*. A sociedade e o meio ambiente exigem ação e saímos com as energias renovadas e com esperança para seguirmos em frente”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

*A comprovação da vacinação contra COVID-19 era exigida para entrada no evento e o uso de máscaras durante as sessões era obrigatório para a plateia.

Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social na abertura da edição especial do 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais – Foto: André  Porto

Tema transversal de todas as sessões, “Capital e a Humanidade” é um assunto que tem ocupado o centro dos debates em diversos setores e continentes. Manifestações ao redor do mundo exigem mudanças no modelo atual, que produz inequidades e destrói os recursos naturais. Surgem movimentos como Imperative 21, campanha que pretende redefinir o capitalismo para maximizar o bem-estar compartilhado em um planeta saudável. O Fórum Econômico de Davos apontou a necessidade de um compromisso novo do capital, e a pandemia de Covid-19 explicitou o poder da colaboração entre os diversos setores e a filantropia.

 

Contexto Brasil: desenvolvimento e filantropia

Maílson da Nóbrega (Foto: André Porto)

O evento abriu com a sessão Contexto Brasil: desenvolvimento e filantropia, com a participação do economista e ex-Ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega e a moderação de Marcia Groszmann, líder de Investimentos para Instituições Financeiras Brasileiras no BID Invest. A importância crescente do investimento social corporativo, o fortalecimento da cultura de doação no Brasil e a necessidade de mudanças na legislação para a destinação de recursos de privatizações e conceções para Fundos Patrimoniais foram os destaques da fala de Maílson. Além da leitura como especialista, falou também a partir de sua experiência como voluntário no GRAAC – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, que, segundo ele, é um exemplo do poder transformador das organizações da sociedade civil. Márcia destacou também a importância da mensuração de impacto, demanda cada vez maior dos investidores.

A programação seguiu com três mesas temáticas, que abordaram assuntos bastante contemporâneos, sempre pautados por pesquisas e dados. Confira a matéria completa aqui.

 

 O capital e equidade de gênero

 

Palestrantes da mesa ‘O capital e equidade de gênero’ – Foto: André Porto

Na sessão ‘O capital e equidade de gênero, Sônia Hess, vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil e fundadora e idealizadora do Fundo Dona de Mim, e Amalia Fischer, CEO do ELAS + Doar para Transformar, compartilharam seus pontos de vista como articuladoras da sociedade civil e destacaram como tem acontecido o engajamento de empresas. A moderação foi de Marcia Kalvon Woods, assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal.

Confira o resumo da mesa e a gravação na íntegra aqui.

 

O papel das empresas na Equidade Racial

 

Hélio Santos, presidente do Conselho do Pacto de Promoção da Equidade Racial – Foto: André Porto

Para debater ‘O papel das empresas na Equidade Racial, sob moderação de Flavia Regina de Souza, sócia de Mattos Filho Advogados, foram convidados o professor Hélio Santos, presidente do Conselho do Pacto de Promoção da Equidade Racial e Presidente do Conselho da Oxfam Brasil, que contextualizou bem a questão e destacou o papel inovador do Pacto, e Edvaldo Vieira, CEO da Amil, que trouxe sua experiência como empresário e o caminho que tem trilhado para a construção de um ambiente mais diverso e inclusivo.

Confira o resumo da mesa e o vídeo na íntegra aqui.

 

Redes pelo clima: novos modelos de desenvolvimento para o Brasil e a Amazônia

Palestrantes da mesa Redes pelo clima: novos modelos de desenvolvimento para o Brasil e a Amazônia Foto: André Porto

O encerramento foi marcado pelo painel ‘Redes pelo clima: novos modelos de desenvolvimento para o Brasil e a Amazônia, que trouxe os destaques da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, realizada na semana anterior. Renata Piazzon, gerente do programa de mudanças climáticas do Instituto Arapyaú, e Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, deixaram claro que a solução de problemas complexos como a questão da Amazônia passa pela articulação de atores de toda sociedade – empresas, governos, academia, sociedade civil devem atuar juntos.

Confira o resumo e a sessão na íntegra aqui.

confira as discussões

Para saber mais sobre cada uma das sessões, leia as matérias sobre cada uma delas. A gravação de todas também está disponível no perfil IDIS_Noticias no YouTube.

Ao final do evento, dois pontos ficaram bastante evidentes. O primeiro é que a agenda ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança) não é apenas uma moda. Ela veio para ficar e aos poucos, traduzimos para o Brasil não só a sigla, mas também seus significados a partir da realidade e desafios locais. O outro, é a importância crescente do papel da sociedade civil neste momento turbulento do país, e tem se fortalecido e agregado atores. As conquistas podem não acontecer na velocidade que almejamos, mas são contínuas e perceptíveis em todos temas discutidos.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais aconteceu em 17 de novembro de 2021, no Jockey Club de São Paulo. Esta é uma realização do IDIS, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e esta edição teve apoio prata do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, e apoio bronze da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior. Esta foi uma edição especial, que aprofundou as conversas iniciadas no evento online realizado em junho do mesmo ano (saiba mais aqui).

Iniciativa Social Corporativa é tema de evento promovido pela Latimpacto junto ao IDIS

Em mais um Café Virtual promovido pela Latimpacto em parceria com o IDIS, a temática central foi sobre o tema de investimento social corporativo. Com a presença de especialistas no tema, o debate propôs explicar o alinhamento estratégico empresarial a partir de diferentes experiências e perspectivas, ressaltando a importância da destinação de recursos na transformação social a longo prazo.

Abrindo a discussão, Juan Ferreira, diretor de programas da Latimpacto, introduz o que é e quais organizações fazem parte da Latimpacto, assim como seus propósitos e objetivos. Ele ressalta a relevância da geração de uma rede de organizações que possam compartilhar a visão de competência e colaboração especialmente em impacto social e ambiental.

Para trazer a experiência prática do planejamento estratégico de uma Iniciativa Social Corporativa, participaram do evento Giuliana Ortega, diretora de sustentabilidade da RD – Raia Drograsil, João Machado, presidente do conselho administrativo da Fundação Ageas e Lina Maria Montoya, gerente de impacto e inovação social da Fundação Grupo Bancolombia

Inicialmente, João Machado apresenta criação e atuação da Fundação Ageas, uma organização que faz parte de uma  iniciativa pública do governo português criada em 2014, que tem dois objetivos, o de aumentar o empreendedorismo social no país como forma respostas para os problemas sociais e o segundo objetivo visa contribuir para o fomento do mercado para o investimento social e de impacto. Com a missão de contribuir para a criação de comunidades mais resilientes e inclusivas, a atuação da fundação se dá em três diferentes focos: saúde, envelhecimento e exclusão social. Explicando o plano de Filantropia Estratégica criado em 2021 na fundação, João enfatizou as prioridades para a Venture Philanthropy (teoria da mudança), que entre os focos de alinhamento estão voltadas para: ações para a redução de doenças crônicas (prevenção e gestão), democratização do acesso aos serviços de saúde, a redução da solidão extrema e do isolamento e a empregabilidade de pessoas com incapacidade física/mental. Segundo o representante, “a Venture Philanthropy pode ser um caminho viável para melhorar o impacto”, reforça.

Giuliana Ortega, responsável pela agenda de sustentabilidade e de investimento social da RD, trouxe os objetivos e a ação social da empresa. O objetivo da RD é cuidar da saúde e do bem estar das pessoas em todos os momentos da vida e a empresa tem perspectivas de expansão dessa atuação por meio de diferentes abordagens. A estratégia de negócios da empresa inspirou a estratégia de sustentabilidade construída com base na ambição de ser o grupo que mais contribui para uma sociedade mais saudável no Brasil até 2030. Pessoas mais saudáveis, negócios mais saudáveis e um planeta mais saudável são os três pilares que estruturam essa estratégia. O Investimento Social a RD possui três grandes metas de longo prazo, dentre elas, impactar positivamente a vida de 3 milhões de pessoas em vulnerabilidade social por meio dos projetos de saúde integral, desenvolver a força de trabalho com ações voluntárias e investir 1% do lucro líquido em projetos de saúde integral. Segundo Giuliana, “as estratégias de negócios e as estratégias de sustentabilidade se retroalimentam e o Investimento Social está totalmente integrado nesta agenda”.

“É totalmente possível o alinhamento temático e ele traz sinergias e ganhos, tanto para os negócios, quanto para o investimento social e para sustentabilidade, mas é muito importante entendermos que o foco do investimento social é sempre o público, o bem comum, a sociedade, a comunidade numa empresa”, completa.

Você pode conferir em detalhes os objetivos e metas para o desenvolvimento sustentável da empresa acessando caminharjuntos.com.br 

Por último, Lina destrincha o histórico e a estratégia de Investimento Social da Fundação Bancolombia. Com foco em promover o desenvolvimento econômico sustentável na ruralidade colombiana para garantir o bem estar de todos, a fundação nutre uma relação de longo prazo a ser desenvolvida em 3 frentes que alinham a fundação com os atores sociais a serem transformados. Visando oferecer o fortalecimento e estruturação estratégica de modelos de negócio, como a inversão estratégica, conexões, educação financeira entre outras competências.

Ao final do evento, Paula Fabiani, CEO do IDIS, ressalta a importância do Investimento Social Corporativo como um mecanismo de transformação dentro da agenda ESG.

“Nós acreditamos muito na força do Venture Philanthropy e acho que temos uma oportunidade muito importante com a agenda ESG que chega com muita força junto aos gestores de recursos e cobrando das empresas um posicionamento junto a esses três temas” ressalta.

Confira a live na íntegra:

 

A PARCERIA

Ao compreender o ecossistema brasileiro e os aspectos socioeconômicos e desafios do país, o IDIS se torna um embaixador ativo da Latimpacto, apoiando a promoção do investimento para impacto mais estratégico no país. A parceria inclui a realização de eventos, a produção de artigos e publicações, capacitações, além da participação no Conselho da Latimpacto. “O IDIS, desde a sua fundação, tem como missão mapear e promover as novas formas de se pensar e fazer investimento social privado no país, articulando parcerias estratégicas com atores importantes do setor. A parceria com a Latimpacto reflete essa trajetória e abrirá portas para maior interlocução e acesso a novos atores e práticas do ecossistema global de impacto”, comenta Renato Rebelo, diretor de projetos do IDIS.

 

IDIS promove curso Avaliação de Impacto SROI: conceitos e práticas

Há um interesse crescente sobre avaliação de impacto. Empresas e filantropos desejam saber se os investimentos feitos estão gerando transformações e organizações sociais querem entender como podem gerar ainda mais benefícios socioambientais. Por isso, em outubro, o IDIS oferecerá o curso Avaliação de Impacto SROI: conceitos e práticas. Interessados já pode fazer sua inscrição.

Com 12 horas de duração, divididas em 4 encontros semanais, o curso abordará conceitos gerais de avaliação, concentrando-se nos elementos que compõe o protocolo SROI (Social Return on Investment ou Retorno Social do Investimento). Entre os tópicos, Teoria da Mudança, Pesquisa Qualitativa e Quantitativa, Monetização, Mapa de Impacto, Relatórios, Devolutivas e Comunicação.

O curso será online e realizado por meio de plataforma de EAD. Os encontros serão ao vivo, com gravação disponibilizada posteriormente aos alunos do curso. O valor para participação será de R$ 1.900, com vagas limitadas a 30 participantes.

As aulas serão ministradas por profissionais do IDIS, entre eles a CEO Paula Fabiani, e as gerentes e especialistas em avaliação Laís Faleiros e Raquel Altemani, todas capacitadas pela organização inglesa Social Value. Casos práticos de projetos realizados pelo IDIS para organizações como Amigos do Bem, CEAP, Gerando Falcões, Fundação Sicredi, Santa Marcelina Cultura (Programa Guri), Petrobrás, Sesc, entre outros serão usados para ilustrar as aulas.

O ‘SROI – Social Return on Investment’, ou Retorno Social sobre Investimento, é um protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade com essa iniciativa. Trata-se de uma ferramenta poderosa de mensuração, que além de trazer a monetização do impacto social, integra dados qualitativos e quantitativos capturando a percepção dos beneficiários.

Faça sua inscrição no curso: https://bit.ly/cursosroi

Em agosto, realizamos um evento para explicar do que se trata a abordagem, com a participação de representantes da Gerando Falcões e da Fundação Sicredi. Assista aqui:

 

Nesta sessão, selecionamos artigos, publicações e vídeos sobre avaliação de impacto e SROI. Confira!

#Conhecimento: Avaliação de Impacto e SROI

 

 

Conheça os ganhadores do Edital da Água 2021 da Mosaic Fertilizantes

No Dia Mundial dos Oceanos, celebrado no último dia 8, a Mosaic Fertilizantes e o Instituto Mosaic divulgaram a lista de projetos contemplados pelo Edital da Água 2021, que contou com o apoio técnico do IDIS. O objetivo do edital é promover ações de melhoria da gestão dos recursos hídricos nas comunidades em que a empresa atua e, para isso, foram selecionadas 15 iniciativas capazes de contribuir com o ODS 6 – água potável e saneamento.

Nessa terceira edição do Edital, foram recebidas 70 inscrições de 57 organizações da sociedade civil diferentes e de 8 universidades, demonstrando uma maior capilaridade do Edital da Água dentro do terceiro setor em relação às edições anteriores, uma grande conquista para a Mosaic Fertilizantes e para o Instituto Mosaic, que buscam também fortalecer o desenvolvimento das organizações da sociedade civil nas regiões em que atua.

As organizações inscritas passaram por um processo de validação institucional conduzida pelo IDIS e as iniciativas foram avaliadas por uma banca de especialistas na temática de recursos hídricos. O resultado foi a seleção de 15 vencedoras, que irão receber um apoio de até R$ 45 mil cada para implementarem seus projetos.

Conheça as organizações contempladas:⠀

1- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campo Grande (MS)

2- Associação Quilombola de Patioba – Japaratuba (SE)

3- Associação Cerrado Vivo (CERVIVO) – Patrocínio (MG)

4- Associação de Turismo Rural Ecológico e Aventura de Araxá e região – Araxá (MG)

5- Engenheiros sem fronteiras – Brasil – Patos de Minas (MG)

6- Humana Brasil – Candeias (BA)

7- Universidade de Uberaba (Uniube) – Uberaba (MG)

8- Centro de Integração Social da Mulher Vida Mulher Viva – Catalão (GO)

9- UNESP – Registro (SP)

10- Associação Renovar de Tecnologia e soluções para o Agronegócio, Meio Ambiente e Topografia – Alfenas (MG)

11- Instituto Agronelli de Desenvolvimento Social – Uberaba (MG)

12- Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Conquista – APAE –Conquista (MG)

13- Instituto Consciência e Ação – Araxá (MG)

14- ONG Corrente do Bem – Tapira (MG)

15- Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Uberaba – APAE – Uberaba (MG)

O que o relatório OXFAM 2019 tem a dizer para famílias filantropas brasileiras?

Por Ruth Goldberg*

O ‘Tempo de Cuidar, relatório da OXFAM Internacional, divulgado em paralelo ao Fórum Econômico de Davos em janeiro de 2020, conseguiu, novamente, chocar o mundo. Ele destaca o grande fosso que existe no mundo em termos de distribuição de riqueza (em 2019, os bilionários do mundo que somam apenas 2.153 pessoas, detinham juntos mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas) e os desafios ligados aos extremos de riqueza que coexistem com uma enorme pobreza, com foco no trabalho de cuidado (não remunerado, mal pago e realizado por mulheres e meninas em todo o mundo), que perpetua as desigualdades de gênero e econômica em praticamente todos os países. Ele chama a atenção sobre o modelo vigente, que, a despeito de todos os esforços, continua produzindo desigualdades e injustiças. Mas mudando o ponto de vista e tentando enxergar do lado daqueles que têm mais recursos, o relatório pode servir como excelente guia para ajudar numa tomada de decisão.

Um dos maiores dilemas a serem vencidos por indivíduos e famílias que querem contribuir com a solução dos problemas brasileiros investindo em projetos socioambientais é a definição da causa ou das causas para a sua atuação. Seja atuando apenas como doadores (os chamados grantmakers), ou como operadores diretos dos projetos, a escolha da área de atuação é sempre muito complexa e polêmica.

Entre as razões para essa dificuldade, podemos destacar o uso da lógica racional em contraponto com a emoção, decorrente sobretudo do diálogo intergeracional nas famílias, a necessidade de alinhamento e visão de futuro entre seus membros e por fim, a escassa fonte de dados e informações que garantam uma atuação mais eficaz e alinhada com desafios de longo prazo.

Tendo em vista a importância do trabalho de cuidado (relacionado à atenção às crianças, idosos, pessoas com doenças e deficiências físicas e mentais, trabalhos domésticos), tão essencial para nossas sociedades e portanto para o Brasil, o relatório apresenta soluções estratégicas para reversão deste quadro, baseadas principalmente em ações conjuntas, integradas entre sociedade civil e governos, que abrangem o desenvolvimento de sistemas de cuidado, ações de redistribuição, serviços gratuitos e alteração nas políticas de tributação.

Estudo desenvolvido em 2019 pelo Founders Pledge (www.founderspledge.com), com apoio do PAF – Philantropy Advisory Fellowship para uma organização filantrópica familiar brasileira, pautado na lógica de otimizar o investimento filantrópico versus o impacto social, utilizou um modelo baseado em evidências para elencar áreas de atuação prioritárias que garantam maior eficácia no investimento social no Brasil para os próximos 30-50 anos. Elencou uma lista de nove áreas de intervenção para geração de relevante impacto no Brasil: eficácia em programas governamentais, doenças do envelhecimento, inclusão produtiva, saúde mental, violência interpessoal, política fiscal, primeira infância, eficiência energética e energia limpa e saneamento.

Os atores da filantropia familiar (investidores sociais individuais ou famílias) têm que lidar com uma realidade social muito complexa e com uma variedade enorme de possibilidades (e necessidades) para intervenção. Qualquer que seja a área de atuação escolhida para o investimento social feito por indivíduos ou famílias, as transformações mais estruturantes e necessárias só se darão se houver uma forte articulação entre sociedade civil e governos, alianças e parcerias locais, nacionais e internacionais, adoção de critérios de eficiência, eficácia e efetividade e potente trabalho de advocacy em nome das diversas causas.

Para aqueles interessados em saber um pouco sobre como começar uma atividade filantropa em família, recomendo a leitura da folheto ‘Seu Roteiro para a Filantropia’, publicado pela Rockefeller Philanthropy Advisors e traduzido e publicado em português pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

* Ruth Goldberg é Consultora Associada do IDIS Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Artigo originalmente publicado em 19/02/20, no Blog do Fausto Macedo, no Estadão

É hora de enfrentar a desigualdade crescente

Por André Rodrigues de Lara*

Vivemos em um mundo extremamente desigual, que vem aprofundando essa desigualdade ano após ano, o que comprova que o sistema econômico e fiscal vigente está estruturado para elevar a concentração de renda. O relatório “Tempo de Cuidar” da Oxfam, organização da sociedade civil que atua no combate à desigualdade, pobreza e injustiça social, lançado às vésperas do Fórum Econômico Mundial deste ano, trás dados estarrecedores da desigualdade no mundo. Em 2019, apenas 2.153 indivíduos mais ricos do mundo detinham mais riqueza que 4,6 bilhões de pessoas. Os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riquezas que todas as mulheres que vivem na África. Se todas as pessoas do mundo empilhassem seus recursos financeiros em notas de 100 dólares e sentassem em cima, a maior parte da humanidade ficaria sentada no nível do chão, as pessoas de classe média de um país rico ficariam sentadas no nível de uma cadeira enquanto os dois homens mais ricos do mundo estariam sentados além da estratosfera, no espaço sideral. Embora todos essas comparações sejam alarmantes, o dado que mais me impressionou foi que o valor monetário global do trabalho de cuidado não remunerado prestado em sua maioria por meninas, adolescentes e mulheres é de pelo menos US$10,8 trilhões por ano, isso significa que se essa riqueza fosse gerada por um país seria a terceira maior economia do mundo, bem perto do PIB chinês. Esse montante não pago a essas mulheres e meninas sustenta parte da economia mundial e a maior parte dessa fatia está indo para os mais ricos. São mais de 12,5 bilhões de horas de cuidados diárias em tarefas como cozinhar, limpar, buscar água e lenha, cuidar de idosos, outras crianças ou parentes debilitados entre outras atividades que são essenciais.

Esse cenário de desigualdades vem se aprofundando ao longo dos anos e cada ente da sociedade (indivíduos, organizações, empresas e governo) tem seu papel no combate a esta situação. Um primeiro passo é ampliar a consciência, entender o que está acontecendo, como esse mecanismo está estruturado e os impactos que essa desigualdade profunda trás, e trará cada vez mais, para o mundo e consequentemente para si e para o seu entorno. A partir dessa reflexão, podemos compreender como nossos diferentes papéis – eleitor, consumidor, empregado, empregador ou cidadão – influenciam essa dinâmica, para então traçar um plano para mudar hábitos e atitudes que causem efeitos positivos no mundo que desejamos viver.

A mesma reflexão serve também para empresas e organizações. Ao avaliarem sua estratégia de negócio, sua atuação, sua cadeia de valor, seu entorno, suas relações com o poder público e suas ambições de futuro, devem incluir nessa análise metas claras não mais de mitigação de danos, mas sim de efetivos esforços para causar um impacto positivo, trazendo benefícios para a sociedade. Talvez você se pergunte: “Mas por que uma empresa deve pensar em causar impacto positivo se já gera empregos e paga seus impostos?”, minha pequena contribuição para esclarecer esse questionamento é que além da sua intrínseca responsabilidade social e necessidade de licença social para operar, devemos entender que hoje é uma estratégia de sobrevivência contribuir para um mundo mais equilibrado e justo  ambiental, social e economicamente. Os impactos econômicos da desigualdade e dos desequilíbrios ambientais afetarão as empresas. Os mercados consumidores, mão de obra qualificada, acesso a recursos e insumos e legislações cada vez mais rigorosas são alguns dos fatores ligados à desigualdade e aos impactos ambientais que as empresas terão que lidar. Todos nós temos uma decisão a tomar, que papel queremos ter na solução deste problema? É preciso agir para reduzir a desigualdade.
* André Rodrigues de Lara é Gerente de Projetos no IDIS

Confira os vídeos do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais de 2019

“Força das Comunidades” foi o tema do 8º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado em setembro de 2019 pelo IDIS. Ao longo de 10 horas de programação, foram realizadas doze sessões e todas elas serão disponibilizadas no canal do IDIS no YouTube.

O evento, exclusivo para convidados, reuniu mais de 300 participantes, entre filantropos, representantes de empresas, institutos, fundações e governos, e 52 palestrantes. Com um tema complexo e importante como esse, o Fórum buscou reunir pontos de vista locais e globais e diferentes experiências para estimular a reflexão acerca do papel dos cidadãos e as soluções que geram o bem comum.

Escolhemos as atividades melhor avaliadas pela audiência para iniciar a divulgação dos conteúdos. Inscreva-se em nosso canal e receba notificações quando os demais estiverem disponíveis.

Sessão Dinâmica: Precisamos mobilizar todo mundo; com Edgard Gouveia, Game Master na Epic Journey

Inclusão, diversidade e equidade: forças de mudança em nossas comunidades

Com Flávia Regina de Souza Oliveira, Sócia de Mattos Filho Advogados; Marcos Panassol, Sócio e Líder de Capital Humano da PwC Brasil; Maíra Liguori, Diretora do Think Olga; Mariana Almeida, Superintendente da Fundação Tide Setúbal; e moderação de Mafoane Odara, Gerente no Instituto Avon.

• Empresas com propósito e comprometidas com a sustentabilidade

Com Juliana Azevedo, Presidente na Procter & Gamble Brasil; Matthew Govier, Diretor Executivo da Accenture Strategy; Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil; e moderação de Gabriella Bighetti, CEO da United Way Brasil. Essa sessão teve o apoio da BNP Paribas Asset Management.

• Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2019

Em poucos minutos, imagens e depoimentos dos organizadores, palestrantes, parceiros e participantes.

Realizado desde 2012, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.000 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Esta é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e do Global Philanthropy Forum (GPF). Neste ano, contou com a parceria institucional da United Way. Também comprometidos, a Fundação Telefonica Vivo foi a parceira ouro do projeto, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a Fundação Mott e o Santander, parceiros prata, e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e o escritório de advocacia Mattos Filho, parceiros bronze.

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

IDIS 2020: Catalisador de Iniciativas

Pensar sobre aonde se quer chegar e planejar as atividades e recursos necessários para atingir os objetivos de forma coerente e sustentável é o que recomendamos a todos nossos parceiros, e no IDIS, não poderíamos fazer diferente. Em outubro, iniciamos nosso processo de planejamento estratégico para 2020.

Usando como base o plano trienal, desenvolvido em 2017, envolvemos toda a equipe do IDIS, que olhou para os resultados alcançados e projetos desenvolvidos neste ano, e traçou o plano para concretizar nosso novo posicionamento – IDIS: CATALISADOR DE INICIATIVAS. Por meio dele, reforçamos nosso compromisso com a idealização e o implementação de iniciativas que promovam o Investimento Social Privado no Brasil. Gerar e disseminar conhecimento, influenciar e representar o setor e idealizar, estruturar e implantar projetos próprios, passam a ser, dessa forma, nossos principais pilares de atuação.

Entre os principais projetos para o próximo ano, estão o fortalecimento da cultura de doação, por meio da campanha Descubra Sua Causa; a agenda dos Fundos Patrimoniais, com o avanço do trabalho de advocacy desempenhado na Coalização pelos Fundos Filantrópicos; a valorização da cultura de avaliação; e a promoção de parcerias intra e intersetoriais para a resolução de problemas sociais complexos. Ações específicas serão realizadas também no sentido de qualificar e ampliar a Filantropia Familiar e a Filantropia Comunitária. Seguiremos apoiando iniciativas de famílias, empresas, institutos e ONGs, por meio de atividades de consultoria, em todas as fases de seu investimento – do planejamento estratégico, passando pela gestão das doações, até a avaliação de impacto; e provendo o único Fórum no Brasil destinado exclusivamente a filantropos e investidores sociais.

Aspectos relacionados à comunicação institucional e gestão também foram discutidos. Para dar mais concretude ao novo posicionamento, foi planejada a atualização da marca. Especificamente em relação à sustentabilidade, avançamos no plano de constituição de um Fundo Estruturante, lançado na celebração dos 20 anos do IDIS, em setembro de 2019.

O planejamento, que ainda será validado por nosso Conselho Deliberativo, traça o caminho que seguiremos no próximo ano. Acreditamos na força do investimento social privado para criar um futuro mais justo e solidário, melhorando a vidas das pessoas. Por um 2020 com mais impacto!

Força das Comunidades – Protagonismo, Mobilização e Transformação

 

Comunidades. Pessoas unidas pela geografia, ligadas pelo território que ocupam. Coletivos que se formam a partir de afinidades, ideais, interesses, causas. A tecnologia potencializando e dando escala às conexões.

O poder transformador está em estabelecer um percurso de dentro para fora, ou seja, a partir da demanda da comunidade surgem iniciativas e soluções próprias que favorecem o bem comum – e que podem contar com apoios externos, desde que conectados com os interesses e prioridades do grupo. Cidadãos assumem o controle de suas histórias e exercem sua cidadania. Mais do que nunca, é preciso reconhecer a força das comunidades e criar condições para que possam florescer.

Esse fenômeno cresce no Brasil e na América Latina, especialmente nesse momento de turbulência, desconfiança e preocupação com o ambiente democrático. O indivíduo experimenta sua capacidade de mobilização para gerar mudanças. Paradoxalmente, não se trata de um movimento individual. A sociedade civil e suas comunidades se fortalecem quando governos, filantropos e investidores sociais, tanto familiares quanto corporativos, olham para elas e as ouvem. Pensam suas ações com elas e não para elas. A boa notícia é que há um desejo genuíno para que esta aproximação aconteça e há muitos exemplos positivos e inspiradores.

A Primavera X propõe uma gincana para jovens, que realizam mutirões comunitários em prol do cuidado com a água em todo o Brasil. A LALA – Latin American Leadership Academy vai além, e oferece um programa de desenvolvimento de liderança a jovens que querem fazer a diferença em suas comunidades. Empresas se comprometem com causas, se engajam em torno de temas como diversidade, igualdade e equidade – mudam práticas internas, influenciam suas cadeias de outros segmentos, apoiam organizações da sociedade civil. Governos criam programas que consideram e estimulam os saberes e protagonismo locais e estabelecem mecanismos regulatórios, como a recente Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, no Brasil, que favorece a sustentabilidade de longo prazo de instituições. As petições promovidas por meio da plataforma Change.org permitem com que demandas da sociedade cheguem a tomadores de decisões. Segundo a organização, 25.000 petições são realizadas por mês no mundo todo e a cada uma hora, uma delas é vitoriosa, seja alterando uma lei, uma prática corporativa ou uma decisão de alguém com poder institucional e impactando diretamente a vida de milhares ou milhões de pessoas.

Não por acaso, neste setembro, escolhemos o tema ‘Força das Comunidades’ para o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, evento anual promovido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, que reuniu mais de 300 filantropos, representantes de empresas, institutos, fundações e governos. Mais do que um dia para troca de conhecimentos e experiências, foi um chamamento. Para construirmos um futuro mais justo e solidário, é preciso que todos façam a sua parte. É preciso acreditar na força das comunidades, protagonistas de suas histórias, capazes de mobilizar pessoas e recursos e de provocar a transformação social que desejamos ver. Vamos juntos?

 

Por Luisa Gerbase de Lima, Gerente de Comunicação no IDIS em artigo originalmente publicado no blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 20 de setembro de 2019. O IDIS é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável e contribui mensalmente com histórias relacionadas ao Investimento Social Privado.

IDIS: 20 anos acreditando na força do investimento social privado

Em setembro de 2019 o IDIS completa 20 anos de história, de dedicação, de aprendizados e de conquistas. Neste mês, iniciamos uma celebração que se estenderá ao longo do ano e que incluirá novos projetos, o lançamento de uma nova marca e a criação de um fundo estruturante para a promoção da filantropia brasileira. O aniversário foi brindado em um coquetel com alguns dos parceiros, colegas e amigos que fizeram e fazem parte de nossa trajetória. Veja aqui as fotos.

Nossas principais realizações e depoimentos de parceiros foram reunidos na publicação especial IDIS 20 anos, que convidamos todos a ler. Em um vídeo, destacamos os principais marcos.

O IDIS nasceu do sonho de um dos mais importantes profissionais do terceiro setor brasileiro. Marcos Kisil, ou Doutor Marcos Kisil como é comumente chamado devido a sua formação médica, idealizou e criou uma organização capaz de gerar conhecimentos e aplicar técnicas para apoiar investidores sociais, ampliando as relações entre estes e os empreendedores sociais. Fundou o IDIS em 1999, uma organização sem fins lucrativos que tem a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto.

Muitos ouviram o chamado do Marcos e se uniram a este sonho. Ao longo dos anos, passaram pelo IDIS centenas de pessoas entre colaboradores, voluntários, conselheiros, clientes e parceiros que juntos contribuíram para a construção de um Brasil mais justo e solidário, ampliaram seus conhecimentos e suas ambições de transformar o mundo à sua volta e aos quais também homenageamos.

O Brasil e o mundo mudaram muito nesses últimos 20 anos e o ecossistema do investimento social privado também. Estamos presenciando a emergência de uma filantropia conectada, aberta e ágil, somando forças com a filantropia tradicional, que tem uma valiosa experiência acumulada a oferecer. Sempre queremos acompanhar e entender as transformações. Nossos debates vão desde como levar projetos à escala, como viabilizar parcerias com empresas e o poder público, até blockchain na cultura de doação, crowdfunding, finanças sociais, venture philanthropy e outros mecanismos para a promoção da cultura de doação e da transformação social.

Gostamos de nos enxergar como um catalisador de iniciativas de investimento social privado.  Buscamos novos caminhos para ampliar nossa força positiva na sociedade, dialogando com os protagonistas do investimento social privado e outros atores que podem colaborar com agendas de impacto social, como os governos, as organizações multilaterais e os indivíduos. Esperamos que nossa história inspire outras histórias, e que seja um trampolim para o futuro. Nós seguimos sonhando.

Está só começando!

 

Instituto Cyrela lança edital com apoio do IDIS

Guiados pela crença de que os espaços importam e que ambientes de qualidade podem influenciar positivamente uma ação social, o Instituto Cyrela criou, em 2015, o Programa RenovAção, um edital que tem como objetivo transformar espaços de instituições que realizam um relevante trabalho social. Neste ano, selecionará uma instituição social atuante no município de São Paulo (SP), e que faça atendimento direto a crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. Ela será premiada com até R$ 100 mil para tirar do papel um projeto de construção ou reforma de espaços. O período de inscrições vai de 1 a 25 de agosto.

Em sua quinta edição, o programa RenovAção já premiou 9 organizações sociais. Especialista em investimento social privado, o IDIS atua como apoiador técnico do RenovAção desde sua concepção. É responsável pela elaboração do regulamento do concurso, pelo recebimento das inscrições, pela gestão da banca examinadora de seleção dos finalistas e ainda pelo monitoramento da aplicação do recurso recebido pela organização vencedora. “Inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto é nossa missão e é gratificante ver organizações assumindo compromissos de longo prazo com uma causa”, comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

O regulamento do edital e as orientações para inscrição estão disponíveis no site do Programa RenovAção – www.programarenovacao.org.

Qual é o impacto que você causa no mundo?

Por Raquel Altemani, gerente de projetos no IDIS

Uma das tendências no campo do investimento social é o aumento do interesse das organizações em avaliarem o impacto social de seus projetos e programas.

Afinal, o que é avaliação de impacto e por que uma organização deveria recorrer a esse tipo de estudo? A avaliação de impacto é um processo realizado para descobrir se o projeto realmente provocou a mudança que pretendia. Não é para medir o que foi feito, mas sim as consequências do que foi feito. Por exemplo, um programa de atendimento a gestantes viabiliza várias consultas de pré-natal, mas seu objetivo final é promover a saúde da mãe e do bebê. Portanto, o seu impacto não será avaliado pela quantidade de consultas de pré-natal feitas, senão pelos indicadores de saúde das mães e bebês atendidos. Um programa de contraturno escolar oferece aulas de reforço para alunos em condições de vulnerabilidade. Seu impacto não será avaliado pela quantidade de aulas de reforço que foram dadas, senão pela evolução do desempenho escolar dos estudantes.

Nesse sentido, a avaliação de impacto pode ser entendida como um processo de reflexão. Assim como na nossa vida paramos para refletir sobre as consequências de nossas escolhas e sobre o quanto nossas decisões têm nos aproximado ou afastado de nossos objetivos, os estudos de avaliação de impacto buscam responder as mesmas dúvidas para os programas sociais.

Muitos esforços e recursos são investidos para que um programa seja implementado e mantido e, para não navegar em águas escuras, é preciso criar mecanismos para verificar se as transformações sociais desejadas estão de fato sendo alcançadas. A avaliação de impacto permite identificar eventuais erros de estratégia e realizar ajustes para potencializar o impacto que queremos criar no mundo. Programas sociais são organismos vivos e devem ser permanentemente aprimorados ao longo de sua trajetória com base no processo de aprendizagem das organizações que os mantêm e nas mudanças na própria realidade e contexto do país. Abordagens que funcionavam há cinco anos podem não surtir o mesmo efeito hoje. Portanto, é preciso criar momentos de reflexão estruturada para entender o que está funcionando da maneira que esperamos e o que pode ser aprimorado para termos o maior impacto social possível a partir dos recursos disponíveis.

Além da satisfação de saber o quanto sua atividade transformou a realidade, quanto mais uma organização dispõe de evidências concretas e objetivas para compartilhar sobre as mudanças positivas geradas pelo seu trabalho, maior é a sua capacidade de atrair investidores e parceiros que podem potencializar e aumentar a escala do impacto que se busca obter.

No entanto, mesmo com o ganho de espaço e visibilidade dos estudos de avaliação de impacto entre as organizações, a grande maioria das notícias sobre programas sociais ainda se restringem a informações sobre o número de pessoas atendidas, o número de famílias alcançadas, o número de jovens formados, como mencionei no início do texto. Esses são apenas os ‘resultados’. Os estudos de avaliação de impacto aprofundam a análise bem além dos resultados, explorando as relações de causa e consequência entre as atividades de determinado projeto ou programa social e todos os desdobramentos, diretos e indiretos, de curto prazo ou de longo prazo, que acontecem na vida das pessoas a partir de sua participação na iniciativa.

Isso pode ser bastante complexo, sobretudo em programas que trabalham aspectos intangíveis e abstratos, como, por exemplo, a autoestima, a capacidade de sociabilização, a disposição para sonhar e traçar objetivos e tantos outros. Ainda que sejam impactos facilmente percebidos, são elementos difíceis de se traduzir em números. No entanto, existem várias organizações ao redor do mundo que se dedicam a desenvolver metodologias para traduzir e mensurar impactos intangíveis em indicadores concretos. Uma delas é a organização britânica Social Value*, que há mais de 10 anos se dedica a estabelecer técnicas para mensurar o valor de elementos não comercializáveis, ou seja, métodos para estimar o valor que pessoas atribuem a coisas que não podem ser compradas ou vendidas.

Independentemente dos desafios envolvidos, identificar, mensurar e analisar os impactos de programas sociais é sempre uma medida positiva e recomendável. Entender as transformações decorrentes dos esforços realizados, além de muito gratificante, é uma ferramenta fundamental para a gestão e a tomada de decisão dentro das organizações.

 

Se interessa pelo tema? Leia também a publicação Avaliação de Impacto Social – metodologias e reflexões.

* http://www.socialvalueuk.org/

Artigo originalmente publicado no blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 18 de julho de 2019. O IDIS é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável e contribui mensalmente com histórias relacionadas ao Investimento Social Privado.

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos pede esclarecimento sobre tributação federal de Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições, solicitou esclarecimentos sobre benefícios fiscais para Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais (OGPF) na Lei 13.800/19 que regulamenta os fundos filantrópicos no Brasil. Em carta aberta apresentada ao Ministério da Economia e à Receita Federa, a Coalizão solicita o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social, e também o reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público.
Conheça na íntegra a carta aberta apresentada ao ministério da Economia e receita federal apresentada pela Coalização pelos Fundos Filantrópicos, um movimento coordenado pelo IDIS Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social.

 

CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DA ECONOMIA E RECEITA FEDERAL
Ref: Tributação federal das Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais (OGFP)

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições abaixo-assinadas, vem manifestar publicamente a necessidade de esclarecimento na Lei 13.800/19, sem as quais, a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil não alcançará seu potencial de contribuição para a sociedade.
Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham por causas, como educação, saúde, assistência, cultura, direitos humanos, meio ambiente e esportes, entre outras causas de interesse público. Organizações se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que se estruturem e desenvolvam suas atividades de forma sustentável e contínua, realizando transformações importantes em áreas estratégicas.
Com a finalidade de atingirmos maior adesão à lei, solicitamos esclarecimento sobre o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social (art. 12, Lei 9.532 e art. 13, III MP 2.158-35) e reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público (art. 15, Lei 9.532 e , art. 13, IV, MP 2.158-35). Os tributos abrangidos são: IRPJ IOF, ITR, PIS, COFINS e CSLL. Para as instituições de educação e assistência social, a imunidade do IRPJ alcança o IRRF.
Além disso, é importante esclarecer que a OGFP pode investir financeiramente, de acordo com a Lei 13.800, sem impedimento ao exercício de seu direito à imunidade ou isenção.
Por fim, nos colocamos à disposição para qualquer contribuição que se faça necessária no processo, inclusive na redação das modificações no texto da lei.
São Paulo, 11 de março de 2019
COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)

Primeira edição do ‘Diálogos do Poder Público com Investidores Sociais’ incentiva o desenvolvimento de parcerias para a solução de desafios nas áreas de Saúde e Desenvolvimento Social

No Brasil, muitas vezes percebemos distanciamento e falta de articulação entre instâncias governamentais e organizações da sociedade civil, em especial os investidores sociais privados. Para contribuir com a transformação dessa realidade, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, criou o programa ‘Diálogos do Poder Público com Investidores Sociais’, com o apoio da Fundação José Egydio Setúbal. “Fortalecer a confiança e trabalhar em cooperação são importantes aspectos para o desenvolvimento do país” justifica Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.


A primeira atividade desta primeira edição do ‘Diálogos’, que teve como foco as áreas de Saúde e Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, aconteceu no dia 27 de junho e consistiu em um encontro entre representantes do Governo e da Sociedade Civil, incluindo investidores sociais, organizações sem fins lucrativos, especialistas e acadêmicos. Compartilharam seus desafios o Presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo, Filipe Sabará, que apresentou o programa Praça da Cidadania, a Secretária Estadual do Desenvolvimento Social, Celia Parnes, e o coordenador de regiões de saúde da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Osmar Mikio Moriwaki. Os 50 convidados presentes foram, então, estimulados a identificar sinergias de atuação e gerar propostas para trabalho conjunto. Entre os temas identificados estão a qualificação da cobertura vacinal e a segurança alimentar.

A iniciativa prevê ainda mais 3 etapas. A próxima será um diagnóstico profundo, a ser produzido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir das ideias geradas no encontro inicial. A partir do diagnóstico, será elaborado um plano de ação que permita colocar em prática a solução prevista. “Este programa nasce com a intenção de ser replicado em outras áreas e em outros municípios e estados. A experiência vai gerar aprendizados para que possamos alcançar o impacto que queremos ver” completa Fabiani. Toda a experiência, por fim, será registrada em uma publicação a ser compartilhada com o público.

O evento de lançamento teve apoio institucional do Centro Ruth Cardoso, do GIFE e da Charities Aid Foundation (CAF).

Ação de advocacy do IDIS para a regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil é destaque em publicação global

Em junho de 2019, a ‘WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support’ lançou o relatório ‘Estudos de Casos de Impacto: Estimulando um ambiente promotor da filantropia e da sociedade civil’. Nesta coleção, ilustra como organizações de apoio à filantropia implementaram estratégias de sucesso para promover um ambiente propício para que a sociedade civil e a filantropia prosperem. Por meio de oito casos de diferentes países, a WINGS dá luz a experiências que muitas vezes permanecem nos bastidores. A publicação também apresenta artigos especializados do International Center for Not-for-Profit Law (ICNL), Forus e CIVICUS. Apesar dos desafios de encolhimento do espaço para a sociedade civil ou falta de ambiente fiscal favorável, essas organizações são criativas e têm um enorme impacto positivo. Nesse sentido, o relatório é tanto uma fonte de inspiração quanto um chamamento à ação.

A experiência de advocacy do IDIS no âmbito da regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil é uma das histórias apresentadas. Aqui, trazemos o conteúdo na íntegra, em português. O relatório completo está disponível no site da WINGS.

Visão geral

Até recentemente, não havia legislação que apoiasse a criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos (Endowments) no Brasil. Consequentemente, poucos estímulos existiam e havia apenas um pequeno número de fundos dessa natureza para apoiar Organizações da Sociedade Civil (OSCs). A existência de uma lei para os Fundos Patrimoniais se mostrava relevante para o desenvolvimento deste mecanismo no país. Para isso, em parceria com outras organizações, o IDIS liderou um movimento de advocacy com uma forte produção de conhecimento local, reunindo instituições e profissionais em torno desta causa. Oito anos após o início deste processo, em janeiro de 2019, uma lei foi finalmente promulgada.

Dada a importância dos Fundos Patrimoniais para o crescimento da filantropia em muitos países, esta conquista deve proporcionar um grande impulso à cultura de doação do Brasil.

Contexto

Apesar de Fundos Patrimoniais serem um mecanismo bem conhecido e usualmente aplicado em países da Europa ou América do Norte, eles estão apenas começando a serem implantados em outros lugares.

Alguns dos maiores Endowments do mundo podem ser encontrados nos Estados Unidos e no Reino Unido. Exemplos dos mais relevantes são a ‘Fundação Bill e Melinda Gates’, com um patrimônio avaliado em mais de US $ 50 bilhões, o fundo patrimonial da Universidade de Harvard, avaliado em mais de US$ 37 bilhões e o fundo da Wellcome Trust, avaliado em mais de US$ 30 bilhões.

Nas economias emergentes, essa também emerge como uma tendência com exemplos como a ‘Fundação Mohammed Bin Rashid Al Maktoum’, nos Emirados Árabes Unidos, com US $ 10 bilhões, e na Índia, a ‘Fundação Azim Premji’, que soma US$ 21 bilhões.

No Brasil, até 2019, não havia legislação que regulamentasse esse tipo de mecanismo, ainda que houvesse alguns poucos fundos estabelecidos, como da Fundação Bradesco e da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, ambas ligadas a uma instituição financeira quando fundadas. Até então, não havia um ambiente legal favorável à criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos, tornando a alternativa pouco atraente a investidores.

Realizações

Para mudar este cenário, o IDIS, representante da Charities Aid Foundation (CAF) no Brasil, assumiu o tema como prioritário em sua agenda e buscou criar uma rede de apoio para o desenvolvimento de uma lei nacional de Fundos Patrimoniais. Os pilares inovadores deste movimento incluem uma estratégia dupla de educação e de advocacy. Neste sentido, o IDIS adotou as ações-chave listadas:

1. Lançamento do livro “Fundos Patrimoniais – Criação e Gestão no Brasil”, em 2012, com o apoio da Fundação Vale e da Fundação Ford. Foi o primeiro livro a abordar esse assunto no Brasil e continua sendo uma referência para organizações, filantropos, acadêmicos, gestores de fundos e reguladores.

2. Criação de grupo de estudos e realização de encontros, que resultaram na elaboração de uma proposta de lei para Fundos Patrimoniais Filantrópicos, com base nas melhores práticas internacionais. Entre 2012 e 2013, o IDIS criou o Grupo de Estudos de Endowments com o GIFE, a Endowments do Brasil e o JP Morgan. O grupo contou com 90 membros, entre advogados, executivos do Terceiro Setor, promotores públicos, acadêmicos, entre outros.

3. Desenvolvimento de publicações sobre Fundos Filantrópicos. Em 2016, em parceria com a Levisky Negócios & Cultura e PLKC Advogados, com patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, o IDIS lançou uma série de guias sobre o tema – 1. ‘Conceitos e benefícios dos Endowments como mecanismo de financiamento à cultura’; 2 – ‘Orientações e informações ao poder público: aspectos de regulação e tributação’; 3 – ‘Orientações práticas para implementação de Endowments em instituições culturais’. Também foi traduzido um livro importante sobre filantropia e doações – ‘Filantropização via Privatização’ (PtP) – de autoria do professor Lester M. Salamon, da Universidade John Hopkins, além da produção de diversos artigos sobre o tema.

4. Criação de estratégia de advocacy com parceiros da sociedade civil e do setor privado ligados à filantropia. O grupo definiu princípios fundamentais para uma boa legislação que beneficiaria as OSCs, a filantropia e os investidores sociais. Estes incluíram:

  • Ampla abrangência, contemplando diversas causas sociais e organizações sem fins lucrativos que podem constituir Fundos Patrimoniais Filantrópicos
  • Existência de incentivos fiscais
  • Regras de governança e transparência baseadas nas melhores práticas internacionais

5. Reuniões com representantes do Congresso e autoridades governamentais em vários departamentos, incluindo a Secretaria Geral da Presidência, representantes da Câmara dos Deputados, Senado Federal, BID, BNDES, Ministério da Educação, Cultura e Economia. Ao longo de seis anos, o IDIS sediou eventos e promoveu diálogos que resultaram em 11 projetos de Lei no Congresso Nacional que buscavam regulamentar os Fundos Patrimoniais no Brasil.

6. Criação e coordenação da Coalizão de Fundos Filantrópicos, fortalecendo as etapas finais do movimento pela regulamentação dos endowments. Lideradas pelo IDIS e com assessoria jurídica do PLKC Advogados, organizações relevantes se uniram como apoiadoras do movimento: Associação Paulista de Fundações (APF), Cebraf, GIFE, Humanitas 360 e Levisky. Com a adesão de mais de 60 organizações, a Coalizão foi lançada no Congresso Nacional em 2018.

Desafios

O caminho que levou à aprovação da legislação foi longo e imprevisível e o IDIS precisava estar preparado e, ao mesmo tempo, ser flexível. Em 2018, por exemplo, uma infeliz catástrofe – o incêndio que destruiu mais de 90% dos arquivos do Museu Nacional do Brasil –, foi um catalisador para a ação do governo. Michel Temer, presidente na época, assinou uma Medida Provisória para garantir que museus, universidades, outras instituições públicas e organizações sem fins lucrativos possam se beneficiar da criação de Fundos Patrimoniais, melhorando sua sustentabilidade no longo prazo. O IDIS, em nome da Coalizão, divulgou uma nota pública declarando apoio à medida e destacando a importância da inclusão de todas as causas e organizações sociais na abrangência da Lei.

O sucesso de uma ação de advocacy depende, em grande parte de agilidade organizacional. Identificar representantes-chave do governo que poderiam impulsionar a iniciativa é muito importante, mas a capacidade de responder rapidamente a oportunidades que surgem no processo com alternativas concretas, é crucial. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS esteve sempre diretamente envolvida e foi realizado um investimento dedicado ao tema nos últimos 3 anos para contribuiu com o sucesso da estratégia.

O que foi alcançado

No início de 2019, oito anos depois do início da atuação do IDIS, o governo brasileiro aprovou a Medida Provisória, transformando-a na Lei 13.800, a “Lei dos Fundos Patrimoniais”.

  • A regulamentação impulsionará a criação de Fundos Patrimoniais, em especial as OSCs culturais, como museus e orquestras, que se beneficiarão de incentivos fiscais.
  • Liderada pelo IDIS, a coalizão se mostrou uma forte estratégia com a adesão de cada vez mais apoiadores da sociedade civil. O tema tornou-se um compromisso fundamental da sociedade civil, a coalizão hoje conta com mais de 70 parceiros e apoiadores para a causa representantes de todos os setores.
  • A Lei estabelece as bases para um impacto de longo prazo. Se as maiores fortunas do Brasil doassem 1% de seus ativos para fundos patrimoniais, teríamos US $ 1,2 bilhão destinado a causas.

Aprendizados

  • As organizações devem estar atentas a eventos externos que podem gerar oportunidades de apoio político – neste caso, a tragédia do incêndio em um museu;
  • Conquistar a aprovação de uma nova lei leva tempo. Uma ação de advocacy bem-sucedida depende de agilidade e perseverança, assim como de disponibilidade ao longo do processo para responder a eventos e oportunidades à medida que surgem;
  • Construir uma base sólida de conhecimento, com referências internacionais, é importante;
  • Criar uma ampla coalizão foi o aspecto crítico inovador que levou ao sucesso.

 

*Estudo de caso originalmente publicado no WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support: Impact Case Studies: Promoting an enabling environment for philanthropy and civil society

Como podemos aumentar a participação cívica?

2ª Artigo da série

Em agosto deste ano, o IDIS publicou o artigo ‘O que leva as pessoas a apoiarem organizações da sociedade civil? ’, primeiro texto baseado dissertação de mestrado de Economia do aluno do Insper, Rubens Sanghikian, que buscou compreender, por meio de análise das estatísticas existentes, como é possível aumentar a participação cívica.

No primeiro artigo, ele explorou quais são as características individuais que mais interferem para estimular ou inibir a participação cívica. Neste artigo, ele amplia o olhar e apresenta quais são as características de um país que podem afetar o nível de participação cívica de sua população.

Qual o perfil de um país que apoia organizações da sociedade civil?

Por Rubens Sanghikian, mestre em economia pelo Insper

A fonte dos dados desse artigo é a minha tese de mestrado em Economia, elaborada sob a orientação da professora Drª Regina Madalozzo

No primeiro artigo apresentei o perfil de um indivíduo com alta probabilidade de apoiar uma organização da sociedade civil. Vimos que o perfil de um apoiador seria o de uma pessoa que confia nas pessoas, com alta instrução e alta classe social, que gosta de política, tem religião e com alto acesso à informação. Neste segundo artigo discutirei quais são as características de países que têm alta participação da população em atividades como doação, trabalho voluntário e ajuda a desconhecidos.

Através de um amplo levantamento da literatura, selecionei as principais características que podem impactar o nível de participação em doações trabalho voluntário e ajuda a desconhecidos. Utilizei dados da pesquisa World Giving Index, publicada desde 2010 pela Charities Aid Foundation, representada no Brasil pelo IDIS, e conduzida anualmente pela Gallup. Meu estudo tem o propósito de complementar a análise sobre participação cívica, sob a perspectiva de países e não de indivíduos, como vimos no artigo 1.

A pesquisa realiza as seguintes perguntas para entrevistados em mais de 140 países, considerando apenas se esses atos foram realizados no último mês:

• “Doou dinheiro para uma organização social?”.
• “Fez trabalho voluntário ou doou tempo para uma organização?”
• “Ajudou um estranho, ou alguém que você não conhecia que precisava ajuda?”.

Baseando-se nas respostas, a pesquisa cria três indicadores para os países que são: porcentagem da população que realizou doação, porcentagem que fez trabalho voluntário e porcentagem que ajudou um desconhecido.

Através da revisão bibliográfica e de modelos econométricos, consegui identificar os principais fatores que afetam a taxa de participação da população de um país. Os resultados dizem respeito ao efeito médio de vários países, mas tudo indica que se aplicam bastante bem à sociedade brasileira.

Principais resultados:

1) PIB per capita:
O modelo aponta que quanto maior o PIB per capita de um país, maior a participação em doação, porém não tem efeito sobre trabalho voluntário e ajuda a desconhecidos, corroborando as evidências do levantamento literário realizado por Bekkers e Wiepking (2012). Encontrei que 10% de aumento no PIB per capita aumenta em média 0,67% da participação em doações de um país. Vale a pena destacar que este efeito é uma média e não leva em conta participação por classe social.

No Brasil, a Pesquisa Doação Brasil realizada pelo IDIS, indica que a prática da doação aumenta com a renda até 15 salários mínimos, apresentando uma queda na participação da doação para indivíduos que ganham mais de 15 salários mínimos no Brasil.

2) Índice de percepção de corrupção:
Já o aumento da transparência, medido pelo índice de percepção de corrupção, faz com que o engajamento aumente em todas as atividades, principalmente na doação em dinheiro. Um ponto de melhora no indicador de percepção de corrupção aumenta a participação, em média, 0,38% para doação, 0,12% para trabalho voluntário e 0,24% para ajuda a desconhecidos. Encontra-se mais uma evidência que falta de confiança reduz a participação cívica da população, em linha com o trabalho de Evers e Gesthizen (2011) e o resultado apresentado no artigo 1.

3) Desigualdade social:
O quociente de desigualdade humana impacta apenas as doações, de forma inversa, ou seja, quanto menor a desigualdade social, maior a prática de doação. Apesar do aumento da desigualdade social aumentar a percepção de necessidade dos indivíduos, ela aumenta também a distância social e dificulta a empatia entre grupos de renda muito diferentes. Principalmente, a desigualdade muitas vezes está relacionada a alto nível de pobreza e alta concentração de renda. De acordo com Andreoni, Nikiforakis e Stoop (2017), dificuldade financeira diminui a capacidade dos mais pobres realizarem uma atitude altruísta envolvendo dinheiro, e se um país possui muitas pessoas nesta situação, a participação tende a diminuir. Uma diminuição de 0,01 no quociente, que vai de zero a um, aumentaria em média 0,57% a participação em doações.

4) Anos de Educação:
Quanto maior o nível educacional maior a probabilidade de uma pessoa fazer trabalho voluntário. A educação aumenta a percepção dos problemas existentes no mundo, além de dar ideias de como solucioná-los, motivando as pessoas a ajudar. Estima-se que um ano a mais de educação aumenta, em média, 2,2% a participação em trabalho voluntário, porém não impacta doações e ajuda a desconhecidos.

5) Porcentagem da população acima de 65 anos:
Constatei o crescimento do grupo de idosos em uma sociedade provoca queda do engajamento cívico. Estimei que 1% a mais da população nesta faixa etária reduz a participação na doação, em média, 1,37%. Já para trabalho voluntário reduz, em média, 0,92% e ajuda a desconhecidos 0,85%. Os modelos apresentados neste trabalho apresentam evidência de redução nas atividades cívicas em grupos de idade mais avançada, também relatado nos trabalhos apresentados por Bekkers e Wiepking (2011) que mostram queda na doação.

O relatório Volunteering and Older Adults (2013) levanta uma série de barreiras para pessoas em idade mais avançada fazerem trabalhos voluntários, tais como transporte, saúde, custos, acesso à informação sobre instituições, barreiras culturais e experiências negativas no passado nessas atividades. Tudo isso impacta negativamente a probabilidade de fazer trabalho voluntário. Esses fatores também devem impactar negativamente outras atividades cívicas como doação, ajuda a desconhecidos e associação voluntária.

6) Gastos do governo em porcentagem do PIB:
Essa é uma questão muito discutida: se o gasto do governo inibe a participação na sociedade civil. Quando maior o gasto, as pessoas poderiam argumentar que é maior a responsabilidade do governo em prover os serviços e resolver os problemas sociais. Porém, não encontrei esta relação para participação, entretanto, há forte evidência na literatura que há redução no valor doado quando os gastos do governo são altos, por exemplo, no estudo de Andreoni (1993).

Tabela resumo:

Conclusão:

A importância deste estudo é que ele ajuda a identificar características que aumentam ou diminuem a participação de pessoas na sociedade civil, podendo auxiliar no direcionamento de políticas públicas para o seu fortalecimento. Um país com alto PIB per capita, baixa corrupção, baixa desigualdade social e alto nível educacional tende a ter grande participação da sua população na vida cívica.

Um ponto que eu acredito ser muito interessante e muitas vezes não abordado, é a participação do público da terceira idade na vida cívica. Com o envelhecimento da população mundial, há um impacto negativo na sociedade civil.  Se altos gastos dos idosos, problemas de locomoção e experiências negativas no passado podem inibir a participação deles, devemos focar na solução desses desafios para engajá-los. Há forte evidência na literatura que idosos que realizam trabalho voluntário possuem menos depressão, maior satisfação e maior estimativa de sua expectativa de vida.

No próximo artigo da série, apresentarei como podemos aumentar a captação de recursos utilizando a teoria sobre nudges, desenvolvida pelo economista, ganhador do prêmio Nobel, Richard Thaler.

Referências:

ANDREONI, J. An experimental Test of the Public-Goods Crowding-Out Hypothesis. The American Economic Review, v. 83, n.5, p. 1317-1327, 1993.

ANDREONI, J.; NIKIFORAKIS N; STOOP, J. Are the rich more selfish than the poor, or do they just have more money? A natural field experiment. NBER Working Paper, n. w23229, 2017.

BEKKERS, R.; WIEPKING P. Who gives? A literature review of predictors of charitable giving. Part One: Religion, education, age and socialization. Voluntary Sector Review, v. 2, n. 3, p.337-365, 2011.

BEKKERS, R.; WIEPKING P. Who gives? A literature review of predictors of charitable giving. Part Two: Gender, family composition and income. Voluntary Sector Review, v. 3, n. 2, p.217-245, 2012.

EVERS, A.; GESTHUIZEN M. The impact of generalized and institutional trust on donating to activist, leisure, and interest organizations: individual and contextual effects. International Journal of Nonprofit and Voluntary Sector Marketing, v. 16, p. 381-392, 2011.

Pesquisa Doação Brasil. São Paulo: Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, 2016. Disponível em: http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/wp-content/uploads/2016/10/PBD_IDIS_Sumario_2016.pdf. Acesso: 30 de julho de 2018.

SANGHIKIAN, Rubens. Participação cívica: associação, doação e trabalho voluntário. 2017. 44 f. Dissertação (Mestrado profissional em economia) – Instituto de Ensino e Pesquisa – INSPER, São Paulo, 2017.

VOLUNTEERING AND OLDER ADULTS. Ottawa: Volunteer Canada, 2013. Disponível em: <https://volunteer.ca/content/volunteering-and-older-adults-final-report>. Acesso em: 12 de nov. 2017.
WORLD GIVING INDEX. Kings Hill: Charities Aid Foundation, 2011-2016. Disponível em: https://www.cafonline.org/about-us/publications. Acesso em: 18 de jun. 2017.

 

 

Edital reforma refeitório e espaço para brincar

O Instituto Cyrela, que acaba de receber o Prêmio Master Imobiliário, é parceiro do IDIS há  seis anos. Neste mês, mais um edital do Instituto, realizado com apoio técnico do IDIS, foi finalizado com sucesso. O projeto RenovAção Kids teve suas obras concluídas. E as duas organizações vencedoras foram Lar Amor, Luz e Esperança da Criança (LALEC) e Núcleo Educacional da Santa Casa de Diadema, dentre 20 que se candidataram.

O Edital selecionou duas organizações da sociedade civil que promovessem transformação social com foco na infância. Cada uma recebeu R$ 100 mil para realizar a reforma de um espaço já existente ou construção de um novo, tornando os projetos mais eficazes. As obras aconteceram entre setembro do ano passado e junho este ano.

No LALEC foi feita uma reforma no espaço para brincadeiras das crianças, com adição de novos brinquedos e móveis, para tornar mais confortável e aconchegante o dia-a-dia dos pequenos.

Já na Santa Casa de Diadema, a obra foi a ampliação da área construída do refeitório das crianças, possibilitando um ambiente mais agradável e estimulante aos beneficiários do projeto.

Este é o quarto edital que o Instituto Cyrela e o IDIS realizam juntos e é sempre uma grande satisfação ver quanto a transformação do espaço físico contribui para melhorar a qualidade das iniciativas sociais. Para o IDIS é uma honra e privilégio atuar em projetos assim, que transformam a vida das pessoas diariamente.

Novo espaço para brincar do LALEC

 

Refeitório na Santa Casa de Diadema  depois de reformado

O Fórum 2018 está chegando e vamos falar sobre o impacto da tecnologia!

Não há dúvidas que a tecnologia, cada dia mais desenvolvida, permeia todas as nossas atividades. Ela foi um divisor de águas em nossa sociedade e seu impacto no nosso dia-a-dia é inegável. Porém, será que ela veio para aumentar ou diminuir as desigualdades?

Esse é questionamento que o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2018 vai colocar. O tema desse ano será ‘Impacto da Tecnologia’ e a discussão vai girar em torno de como a filantropia pode tirar o melhor da tecnologia e ainda contribuir para reduzir os efeitos negativos gerados por essa rápida transformação.

A programação irá contar com grandes nomes como Michael Green, autor de ‘Filantrocapitalismo’ e criador do Social Progress Index, um índice que avalia o grau de desenvolvimento de um país pelas condições de vida que ele oferece para sua população. Além dele, Rhodri Davies, pesquisador da Charities Aid Foundation, especializado em filantropia e tecnologia, Jake Garcia, Vice-presidente para Dados e Estratégias do Foundation Center e Alexandre Dietrich, executivo da IBM, responsável pelo projeto Watson na América Latina.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é a versão brasileira do Global Philanthropy Forum (GPF) e visa trazer novas possibilidades ao mundo da filantropia, fomentar diferentes discussões e movimentar o setor. O evento acontecerá no dia 12 de setembro, e é um evento fechado para 200 convidados. As palestras serão disponibilizadas posteriormente em nosso canal do Youtube.

Para acompanhar novidades sobre o evento é só acessar o site: https://www.idis.org.br/forum/

Está no ar o Relatório de Atividades 2017 do IDIS!

Em 2017, o IDIS chegou à maioridade, completou 18 anos! Ao longo de nossa história foram mais de 300 programas e projetos de investimento social privado. Essa trajetória nos permitiu estar entre as 100 Melhores ONGs do país, segundo a Revista Época e o Instituto Doar. Este também foi um ano de grandes mudanças internas para o IDIS, tivemos o fim do processo sucessório da presidência, e nosso fundador dr. Marcos Kisil passou a integrar o Conselho Deliberativo. 

 
O Relatório destaca as realizações e os eventos mais importantes do ano em nosso Instituto, como a finalização do projeto Tecnologias Sociais do Amazonas (TSA), que reduziu drasticamente o número de crianças com anemia ferropriva nas comunidades ribeirinhas do Amazonas. Conseguimos reduzir o índice de 36% para apenas 2,8%! Além das nossas publicações e nosso tão tradicional Fórum de Filantropos e Investidores Sociais, que com o tema Sucesso, procurou contribuir para que todos sejam bem-sucedidos no Investimento Social Privado.

 
O IDIS agradece a todos que fizeram parte dessa história, e convida à leitura do nosso relatório anual, onde todos os detalhes desse ano tão importante para nós são contados. Que 2018 seja um ano ainda melhor!

 
Para ler na íntegra o Relatório Anual de 2017 do IDIS, acesse: https://www.idis.org.br/wp-content/uploads/2018/06/relatorio-anual-2017-idis.pdf

Fundador do IDIS é reconhecido como um dos 8 profissionais mais influentes do mundo da filantropia

O fundador do IDIS, Dr. Marcos Kisil, foi reconhecido pela Alliance Magazine, a principal revista sobre filantropia e investimento social do mundo, como um dos oito profissionais mais influentes do setor Filantrópico em escala global. O fundador do IDIS é o único latino-americano da lista.

Na edição de junho da revista, Andrew Milner, editor associado da Alliance Magazine, levou aos leitores uma reportagem sobre os perfis fundamentais para o desenvolvimento de infraestrutura filantrópica. Os oito profissionais foram escolhidos com base nas grandes contribuições que fizeram internacionalmente e em seus respectivos países.

Fonte: Alliance Magazine

Infraestrutura filantrópica é tudo que molda, que permeia as ações do setor. É o esqueleto que conduz o desenvolvimento da filantropia, e a torna cada dia mais eficiente. São considerados itens estruturantes: avaliação e monitoramento, capacitações em áreas temáticas da organização, auditorias, apoio na seleção de projetos, entre outros temas.

Os perfis tinham as seguintes características semelhantes:

– Pioneiros em investimento social
– Fundadores ou sócio fundadores de organizações respeitadas no meio da Filantropia
– Trouxeram um novo olhar para a Filantropia

 

Veja o perfil do Dr. Marcos Kisil:

Médico de formação, Marcos Kisil trabalhou como consultor da Organização Pan-Americana da Saúde antes de se tornar diretor dos Programas Latino-Americano e Caribenho na Fudação W. K. Kellogg, em Michigan, nos Estados Unidos. Em 1999, ele deixou a Kellogg para fundar o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), umas das principais organizações de apoio à filantropia no Brasil, a qual, em parceria com o Fórum Global de Filantropia, mantém o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. A ideia por trás do IDIS é prover apoio técnico a companhias, comunidades, famílias e indivíduos que querem exercer investimento social privado (o nome mais adotado para filantropia na América Latina) de modo estratégico e inovador. O IDIS também procura sistematizar modelos de intervenção social que contribuam para a redução das desigualdades sociais no Brasil. Kisil também esteve envolvido em outras organizações de infraestrutura, como membro do conselho do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), do Worldwide Initiative in Grantmaking Support –WINGS, da Resource Alliance, e membro do conselho editorial da Alliance e de outras publicações (tradução realizada pela equipe da Universidade de São Paulo – Faculdade de Saúde Pública)

Tecnologias Sociais no Amazonas: resultados superam índice da OMS e fortalecem compromisso do IDIS e parceiros pelo desenvolvimento social

Aplicado a partir de março de 2017, o projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA) alcançou, em menos de um ano, números que mostram que estamos no caminho certo para alcançar o objetivo proposto: melhorar as condições de vida das comunidades da região amazônica. O projeto, desenvolvido pelo IDIS, foi implementado em parceria com a Universidade Estadual do Amazonas, Secretaria de Saúde do Amazonas e os governos locais, e financiado pela Fundação Banco do Brasil.

Entre dados tão animadores, o mais surpreendente é a taxa de prevalência de anemia por carência de ferro nas crianças dos municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara: de 36% para 2,8% – abaixo do índice de 5% estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nomeada Hb, a tecnologia permite o diagnóstico rápido por meio de um aparelho, tratamento e controle da anemia ferropriva. Essa é uma das 3 tecnologias aplicadas na região e que integram o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil. As outras são o Banheiro Ecológico Ribeirinho e a Desinfecção Solar de Água – todas de baixo custo. Clique aqui para acessar o Infográfico TSA!

Hb: Combate à anemia ferropriva – A tecnologia social Hb é um aparelho portátil, preciso e de baixo-custo para diagnosticar a anemia ferropriva em estudantes da rede pública. Além de diagnosticar a deficiência nutricional, um software determina a prescrição recomendada para o tratamento por meio de suplementação de sulfato ferroso e vermífugos.  Na implementação do projeto, somente no município de Borba, 60% das crianças foram diagnosticadas com anemia, confirmando as hipóteses sobre problemas de saúde relacionadas à falta de água tratada e saneamento básico na região. A anemia ferropriva é um dos tipos mais comuns de deficiência nutricional no mundo. Segundo a OMS, afeta 25% da população global – e no Brasil, a  incidência é de aproximadamente 35%.

SODIS: Purificação Solar da Água – Com exposição à radiação UV-A solar e temperatura alta para neutralizar elementos patogênicos, a tecnologia SODIS (sigla em inglês para Purificação Solar da Água) melhora a qualidade microbiológica da água potável. Sendo o consumo de água imprópria uma das principais causas de diarreia e doenças correlatas na região do Amazonas, a aplicação dessa tecnologia é uma forma eficaz, barata e rápida para reduzir os casos de enfermidades de veiculação hídrica. A OMS, a UNICEF e a Cruz-Vermelha recomendam a tecnologia SODIS como método para tratar água potável nos países em desenvolvimento. No Brasil, a solução foi implementada pela primeira vez  através do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas.

Banheiro Ecológico Ribeirinho – Solução de saneamento descentralizado, o banheiro ecológico consiste em um pequeno cômodo de madeira, equipado com um vaso sanitário e uma estrutura impermeável (barril de plástico) para a coleta de dejetos. Nas regiões ribeirinhas, onde as comunidades vivem em casas suspensas, o uso de fossas sépticas é impossibilitado devido aos períodos de alagamentos e enchentes. Por isso, o banheiro ecológico  fica instalado acima do nível do solo, evitando, assim, a contaminação de cursos de água superficiais e subterraneos.

Projeto TSA é apresentado em Paris. Clique na imagem para assistir ao video.

Exatamente esses resultados do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas foram apresentados em Paris no dia 23 de março, durante o  netFWD Annual Meeting, promovido pela OECD (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A Gerente de Projetos do IDIS, Andrea Hanai, explicou a parceria e implementação das tecnologias, contextualizando a situação da região amazônica, onde a dispersão da população torna muito difícil a construção de sistemas de tratamento centralizado de esgoto; a água contaminada é a realidade da maioria das comunidades ribeirinhas; e a anemia é constante no quadro de saúde de crianças e gestantes.

IDIS inicia novas avaliações de impacto social utilizando a metodologia SROI

Foto by André Sefano. www.andrestefano.com

Qual o impacto que estamos causando? Como medir a eficiência e eficácia das políticas e programas sociais? Como mensurar os efeitos do projeto sobre os beneficiários? No que podemos melhorar? Esses e outros questionamentos estão cada vez mais presentes entre os investidores sociais e a necessidade de avaliação de impacto ganha mais importância.

Há algumas metodologias e ferramentas específicas disponíveis para a área social e uma das mais completas é a Social Return on Investment (SROI) ou Retorno Social sobre Investimento – análise de custo-benefício reconhecida pelo Cabinet Office do Reino Unido. A presidente do IDIS, Paula Fabiani é única brasileira capacitada pela New Economics Foundation (NEF) a aplicar o SROI no Brasil e o IDIS já realizou algumas avaliações SROI de importantes projetos sociais.

Neste segundo semestre de 2017, a equipe do IDIS está trabalhando intensamente em duas avaliações SROI de projetos com foco em desenvolvimento pessoal e profissional de jovens. A primeira delas é para o Programa de Formação de Formação de Palhaço para Jovens da ONG Doutores da Alegria, e a outra análise é do projeto iCANamy, do Instituto Conceição Moura.

“O SROI é uma ferramenta de mensuração de avaliação que pode ajudar as fundações, companhias e ONGs a terem uma compreensão mais profunda do impacto dos seus programas filantrópicos. Ao mensurar esses resultados e traduzi-los para termos monetários claros e simples, o SROI fortalece organizações para provar o real valor de seus programas sociais” explica Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

Doutores da Alegria Criado há 13 anos na cidade de São Paulo, o Programa de Formação de Palhaço para Jovens da Associação Doutores da Alegria oferece gratuitamente formação artística profissionalizante para jovens de 17 a 23 anos em situação de vulnerabilidade e risco social, com foco na autonomia de criação e inserção no mercado de trabalho artístico. O curso possui carga horária de 2 mil horas com duração de dois anos e meio e provê conhecimentos práticos e teóricos para que os jovens possam seguir carreira artística e implementar projetos sociais e culturais nas comunidades onde moram, promovendo acesso à cultura e à transformação social. Desde sua criação, já atendeu 180 jovens, sendo que 80% dos formados conseguiram colocação no mercado de trabalho artístico.

A primeira etapa da avaliação foi validada pela equipe da Associação Doutores da Alegria no dia 20 de outubro durante um workshop: a sistematização da Teoria de Mudança do projeto. A Teoria da Mudança é um mapa que traduz, organiza e estrutura mudanças pretendidas por uma iniciativa social. É essencial para o estudo, pois torna visível os objetivos iniciais esperados. As próximas etapas são mapear os resultados do projeto, estabelecer os indicadores, valorar e entender o impacto e, por fim, calcular o SROI.

Projeto iCANamy Baseado em metodologia desenvolvida pelo Grupo Base 5, o projeto iCANamy busca estimular adolescentes e jovens a criarem maior consciência sobre a própria capacidade de mudar a realidade de suas vidas e de sua comunidade através de uma atitude proativa. A iniciativa é realizada pelo Instituto Conceição Moura na cidade pernambucana de Belo Jardim. Concebido e mantido pelo Grupo Moura (Baterias Moura) há 15 anos, o Instituto desenvolve diversos projetos nas áreas de educação, meio ambiente e cultura.

 

No dia 18 de outubro, a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, e a coordenadora de Planejamento do IDIS, Raquel Altemani visitaram o projeto iCANamy e fizeram entrevistas com a equipe do Instituto e com os beneficiários e familiares para a construção de Teoria da Mudança que deverá ser validada nas próximas semanas. E nos dias 20 e 21 de novembro terá início a etapa qualitativa da avaliação: serão feitos grupos focais para aprofundar a visão do impacto nos beneficiários e para ajudar a quantificá-lo.

“A análise SROI é especial por conseguir avaliar aspectos intangíveis das ações sociais. E para além dos custos do investimento, a metodologia contabiliza todos os resultados considerados como relevantes pelos diferentes grupos de interesse”, comenta a coordenadora de Planejamento do IDIS, Raquel Altemani. Para conhecer as avaliações já realizadas pelo IDIS clique aqui.

VI Fórum de Filantropos propõe olhar para os sucessos

Todos os brasileiros sabem que estamos atravessando um duro processo de depuração que, ainda que possa render frutos positivos no longo prazo, nos obriga a conviver com um longo período de crise. Exatamente devido ao cenário negativo é que o VI Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais propõe uma mudança de olhar: queremos abrir espaço para aqueles que, apesar das dificuldades, continuam investindo no Brasil, trabalhando duro e colhendo sucessos. Vamos provocar conversas inspiradoras, trocas de conhecimentos, e surgimento de novas ideias para seguir em frente.

Vamos conversar sobre como o sucesso é construído, avaliado e compreendido. Atingir escala é sinônimo de êxito para o investimento social? Ou sucesso só vem junto com políticas públicas? Bons resultados para um investidor familiar é o mesmo que para um investidor corporativo? Alinhamento ao negócio leva ao sucesso? Como perenizar as conquistas? Essas e outras perguntas norteiam a agenda da sexta edição do Fórum, promovido pelo IDIS e considerado o mais importante evento brasileiro voltado à comunidade filantrópica.

As palestras, mesas temáticas e diálogos vão abordar a questão do sucesso a partir das perspectivas do investidor comunitário, familiar e empresarial e também em diferentes abordagens. “Vamos falar de atuação para solucionar problemas sociais complexos, níveis de escala, avaliação de impacto, constituição de fundos patrimoniais e diversos outros assuntos”, explica a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbuttel. O Fórum vai levar casos de sucesso no investimento social no Brasil e na América Latina com o intuito de inspirar os filantropos e atores sociais do setor presentes no Fórum.

Até o momento, já estão confirmados os seguintes palestrantes:

– Alex Seibel, fundador da ARCAH, organização social que resgata moradores de rua por meio de soluções sistêmicas, baseadas na permacultura e na economia circular.
– Ana Maria Diniz, presidente do conselho do Instituto Península, braço social dos negócios de sua família e instituição mantenedora do Singularidades. É uma das fundadoras do movimento Todos Pela Educação e conselheira da ONG Parceiros da Educação.
– Luiz Alberto Oliveira, curador do Museu do Amanhã. Inaugurado em dezembro do ano passado, o Museu do Amanhã foca nas constantes mudanças vividas pela sociedade atual e nos novos caminhos para o futuro.
– Neca Setúbal, doutora em Psicologia da Educação pela PUC-SP e mestre em Ciência Política pela USP é fundadora da Fundação Tide Setubal e do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária).
– Roberto Klabin, é vice-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica.

E pelo segundo ano consecutivo os vencedores do Prêmio Empreendedor Social, da Folha de S. Paulo, apresentarão os seus empreendimentos exitosos: Carlos Pereira criou o Livox, um aplicativo de comunicação alternativa para tablets e smartphones que permite pessoas com deficiência se comunicarem e se alfabetizarem; Nina Valentini é uma das fundadoras do Instituto Arredondar que atua como uma forma de captação de doações individuais e distribuição para organizações sociais; Jonas Lessa e Lucas Corvacho, do negócio social Retalhar, que oferece serviço de descarte correto de resíduos têxteis.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é a versão brasileira do Global Philanthropy Forum (GPF). Tem como objetivos formar e fomentar uma comunidade de filantropos no Brasil, trazer novos conhecimentos sobre o tema e abrir um espaço para experiências e novas tendências do setor. O evento é fechado para 200 convidados e será realizado no dia 5 de outubro em São Paulo.

Acompanhe as novidades do Fórum em: idis.org.br/forum

Projeto vencedor vai beneficiar diretamente 500 crianças

Segundo dados de 2014 do Conselho Federal de Odontologia (CFO), 20% dos brasileiros não vão ao dentista por falta de recursos financeiros, 68% não sabem que têm direito a tratamento público e 16 milhões de pessoas já perderam todos os dentes. O problema tem consequências que vão muito além do campo da Saúde. Fecha-se um círculo de pobreza: a pessoa não cuida dos dentes por não ter dinheiro; perde os dentes; não consegue emprego; e continua sem cuidar dos dentes. Para os jovens, a condição impacta também no convívio social.

Nesse contexto, nasceu a iniciativa Dentista do Bem, da instituição Turma do Bem (TdB), que oferece tratamento odontológico para crianças e jovens de baixa renda entre 11 e 17 anos. A assistência é feita por meio do trabalho voluntário de cirurgiões-dentistas que atendem no próprio consultório. O projeto foi o vencedor do edital Envolver, iniciativa do Instituto Cyrela Commercial Properties (Instituto CCP), que contou com apoio técnico do IDIS, e vai receber o prêmio de R$ 100 mil para potencializar sua atuação. O edital era voltado para ações sociais realizadas no entorno do Shopping Cidade São Paulo, localizado na Avenida Paulista, região da Bela Vista, em São Paulo.

Serão identificados 500 jovens em situação de vulnerabilidade social, com alto índice de comprometimento odontológico e encaminhados para tratamento nas proximidades do shopping – empreendimento administrado pela Cyrela Commercial Properties (CCP). O Instituto CCP é uma organização social sem fins lucrativos, criada e mantida para a gestão das ações de responsabilidade social da companhia.

O Dentista do Bem conta com voluntários espalhados em 1,5 mil municípios brasileiros, além de 12 países da América Latina e Portugal. A TdB faz a ligação entre todos os envolvidos no projeto (o jovem beneficiado, sua família, a escola, o cirurgião-dentista voluntário) e ainda o acompanhamento dos atendimentos. Na região do Shopping Cidade São Paulo, a TdB possui cadastrados 171 dentistas voluntários. A iniciativa é considerada uma das maiores redes de voluntariado especializado do mundo.

IDIS realiza a 5º edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais

idis-evento-66Ao som do quinteto de sopros do Instituto Baccarelli teve início o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais em São Paulo no último dia 6 de outubro. O evento reuniu cerca de 200 participantes entre eles a CEO do Global Philanthropy Forum, Jane Wales; o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra; o CEO da Charities Aid Foundation America, Ted Hart; o CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne; a gerente executiva do Instituto Ayrton Senna, Inês Miskalo; o criador do #givingtuesday, Henry Timms; entre outros.

O tema escolhido nesta edição foi “A Iniciativa Individual e a Nova Economia” e as plenárias foram norteadas pelo desafio de repensar o atual modelo econômico em busca de alternativas mais inclusivas e ambientalmente sustentáveis. Foram discutidas questões como shared value, o papel da filantropia na agenda social do governo, novos negócios com impacto socioambiental positivo, cases inovadores de empreendedorismo social e o espírito olímpico e a responsabilidade individual.

Para a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, a escolha do tema foi estratégica. “Cada um de nós precisa se colocar à disposição do benefício de todos para encontrarmos saídas para questões como o esgotamento do modelo de consumo e a desigualdade social para que as crianças, que são nosso futuro, tenham seu desenvolvimento pleno assegurado”, explica.

A palestra de abertura, “As Fronteiras do Capitalismo” foi com o economista e escritor Eduardo Giannetti da Fonseca. “Estamos aqui para diminuir a distância entre o mundo ideal e o mundo real. Fazer filantropia é ter uma disposição para ajudar a transformar uma realidade”, disse na abertura dos trabalhos.

Na plenária “A filantropia como valor familiar”, foi anunciada a criação do The Giving Pledge Brasil pelo IDIS com o apoio do fundador da Cyrela, Elie Horn. O programa já existe nos Estados Unidos e foi criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett para reunir bilionários dispostos a doar parte de suas fortunas ao longo da vida para investir em causas sociais. “Para nós, foi muito importante tornar pública o nosso compromisso com o Giving Pledge. Não quero morrer pobre de ações, temos que sempre fazer o bem. A gente só escolhe na vida entre fazer o bem e o mal”, disse o empresário durante a sessão. Ele e a esposa, Suzy Horn, falaram da experiência e a importância dos valores filantrópicos defendidos pela família. O fundador da Cyrela também anunciou a doação de R$ 2 milhões por ano durante 10 anos para a criação de uma campanha e realização de ações de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes.

Durante o Fórum, foi lançado o livro “Pesquisa Doação Brasil”, que traz dados inéditos e detalhados da pesquisa realizada pelo IDIS/Gallup e parceiros e inclui três análises distintas sobre os resultados que mostram o perfil do doador brasileiro. Outra publicação lançada foi o guia “Investimento de Impacto: uma introdução”. Com o apoio do Instituto Sabin, o IDIS fez a tradução e a publicação deste segundo volume da coleção “Seu Roteiro para Filantropia”, produzida originalmente pela Rockefeller Philantropy Advisors. As publicações estão disponíveis para download no site do IDIS.

O encerramento do Fórum contou com a participação da fundadora do Instituto Esporte & Educação, Ana Moser, e do presidente do Conselho da Fundação Gol de Letra, Raí Souza Vieira de Oliveira em uma plenária que convidou os participantes a refletirem sobre o espírito olímpico e a responsabilidade individual. O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e do Global Philanthropy Forum (GPF).

Confira o álbum de fotos do evento.

IDIS participa de discussões sobre cultura de doação e avaliação de impacto no Congresso GIFE

IMG_2968Em março, o IDIS foi convidado a relatar suas experiências em dois encontros temáticos realizados dentro da programação aberta do Congresso GIFE. A presidente do IDIS, Paula Fabiani, participou do encontro Retorno financeiro do Investimento social: metodologias para medir impacto para o negócio e para a sociedade ao lado do Instituto Votorantim, Fundação Bunge e da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). O objetivo da sessão foi apresentar metodologias de avaliação a partir de cases concretos de aplicação e influenciar um novo olhar sobre os impactos no desenvolvimento da sociedade e na tomada de decisão do negócio para suas prioridades de investimento social. Paula Fabiani apresentou o potencial do Retorno Social do Investimento (SROI), uma metodologia trazida para o Brasil pelo IDIS que faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos. “O SROI permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado. É uma ferramenta criteriosa e útil”, aponta Paula.

A diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbüttel, apresentou os resultados preliminares da Pesquisa Doação Brasil no encontro Culturas de doação: práticas e aprendizados, moderada pelo WINGS e com a participação de outras organizações internacionais. O objetivo foi aprofundar o conhecimento sobre cultura de doação em diversos países dentro de um contexto de mudança de entendimento de Investimento Social Privado (ISP) e filantropia.  Esta sessão faz parte de uma discussão global para identificar tendências e documentar casos, em um esforço conjunto para avançar na compreensão sobre o ISP em suas diferentes formas. “Em parceria com outras organizações, o IDIS está realizando uma pesquisa nacional que vai mapear o comportamento do brasileiro em relação à doação. Os resultados servirão para nortear estratégias para promover a cultura de doação no Brasil”, informa Andrea.

O Congresso GIFE é um encontro sobre investimento social e reúne lideranças de investidores sociais do país, além de dirigentes de organizações da sociedade civil, acadêmicos, consultores e representantes de governos, proporcionando um espaço para aprendizado, relacionamento e troca de experiências. Neste ano, o Congresso foi realizado em São Paulo entre os dias 30 de março a 1º de abril tendo como tema central o sentido público do investimento social privado.

IDIS está organizando delegação brasileira para o Global Philanthropy Forum

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‘People on the move’, isto é, pessoas em movimento, é o tema transversal do Global Philanthropy Forum deste ano, que acontecerá entre os dias 4 e 6 de abril, em Redwood, cidade da Califórnia, EUA.

Considerado um dos mais importantes eventos mundiais da Filantropia, o Fórum vai debater os três principais fatores que influenciam o fenômeno migratório que está transformando o planeta: a busca por segurança, a busca por trabalho e a busca por um sentido na vida.

O tema está em linha com a dura realidade que preocupa quase todas as nações, e o encontro conta a presença de filantropos, internacionais, doadores de fundações familiares e executivos de fundações empresariais, públicas ou privadas com base nos EUA e no exterior.

Saiba mais sobre o Global Philanthropy Forum: http://philanthropyforum.org.

Paula Fabiani e Heródoto Barbeiro conversam sobre Filantropia

A criação de uma cultura de doação no Brasil vai ganhando espaço na pauta. Um esforço que tem no IDIS um braço importante. A presidente do Instituto, Paula Fabiani, esteve, no final do ano passado na Record News. Num bate papo com o apresentador Heródoto Barbeiro, esse foi um dos temas. Além disso, as doações, os impostos que impactam o setor, o futuro da filantropia, as leis de incentivo e os cases de sucesso foram tema da conversa.

Clique aqui para assistir à entrevista.

 

Heródoto e Paula Fabiani

 

 

Filantropia em tempos de crise

Logo Fórum 2015O IDIS realizou, em novembro deste ano o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, cujo tema transversal foi “Filantropia em tempos de crise”. Um tema atual tratado com um olhar diferente. Tivemos um dia inteiro de discussões sobre como investidores sociais podem usar seus recursos e experiências bem sucedidas para ajudar o Brasil a sair fortalecido do difícil momento que está atravessando.  O sucesso do Fórum e a presença de tantos parceiros e pessoas interessadas em fazer o bem só reforça o nosso desejo de trabalhar, cada vez mais, pelo resgate de valores no país.

Veja aqui a opinião de alguns palestrantes.

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A exceção que virou regra

Logo Fórum 2015A diretora -presidente do IDIS, Paula Fabiani, chamou empresários e filantropos para se unirem contra a crise e por um país mais correto e justo. Paula, no seu discurso de boas-vindas ao IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, lembrou que o momento pelo qual passamos requer atenção não apenas pelas questões econômicas, mas pela exposição global de práticas das quais não temos motivos para nos orgulhar. A corrupção endêmica praticamente, é o oposto do que ser quer para o país.

“Hoje a exceção virou regra”, lembrou a presidente, que alertou que os filantropos não podem assistir quietos os agravamentos sociais e as rupturas de valores que estamos presenciando, e que é preciso, mais do que nunca, a união de forças.

 

Assista à mensagem de Paula Fabiani

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Como e o que pensam os jovens filantropos

Logo Fórum 2015O que as novas gerações estão trazendo em termos de transformação para a filantropia brasileira? O que pensam esses jovens que estão hoje à frente de instituições sejam mais antigas ou que surgiram mais recentemente, mas que têm um forte viés familiar? Como mudar e trazer novas ideias e enfrentar os desafios para seguir adiante e ao mesmo tempo resgatar valores importantes que se perderam diante da atual crise que vivemos?

Esses temas foram debatidos no painel “O olhar da próxima geração de filantropos”, durante o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais . O mediador foi o Secretário Geral do GIFE, André Degenszajn, que recebeu Inês Mindlin Lafer, diretora do Instituto Betty e Jacob Lafer, Eduarda Penido Della Vecchia, diretora da Fundação Lúcia e Pelerson Penido e Raphael Klein, fundador do Instituto Samuel Klein.

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Grandes filantropos, grandes palestras

Logo Fórum 2015O tema proposto pelo IDIS neste IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, ‘Filantropia em Tempos de Crise’, suscitou muitas discussões sobre o futuro das instituições filantrópicas, sobre o papel das novas gerações de filantropos e o poder de mobilização da sociedade para ajudar mudar o cenário do Brasil em um momento de crise como o atual. Como bem disse a diretora do Global Philanthropy Forum, Suzy Antounian, “…nas crises surgem oportunidades para mudanças estratégicas”.  Aqui estão algumas das questões levantadas durante o encontro para a nossa reflexão e que mostram os desafios que temos pela frente não apenas para superar as adversidades, mas também para buscarmos a consolidação de uma cultura de doação no país.

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Daniel Feffer, vice-presidente da Suzano Holding: “Empresas que estão começando agora dificilmente se preocupam com responsabilidade social. Elas precisam se sustentar primeiro”, diz Feffer.

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Afonso Carrillo, filantropo guatemalteco e fundador do do Movimento MelmportaGuate, se mostrou encantado com o Brasil. “É um grande povo, um país maravilhoso …não podemos esperar por novas crises. É hora de agir, mas sei que não é fácil. Temos que resgatar valores e princípios”.

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Elie Horn, presidente do Instituto Cyrela, falou sobre como promover a filantropia: “Conscientizando os ricos. Sem dinheiro não se faz nada”.

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Guilherme Leal, co-presidente do Conselho da Natura, disse que um dos problemas que enfrentamos, é que o Brasil não estimula você a ser filantropo: “A filantropia é essencial, mas é absolutamente insuficiente”, diz. “O que faz um jovem mudar o rumo da vida? É querer ser milionário. Isso é muito pouco!”.

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Paula Fabiani fala sobre cultura de doação na Bandnews FM

Paula 1 _2014A coluna A Política Nossa de Cada De Cada Dia, da rádio BandNews FM, aborda histórias de pessoas e grupos que contribuem para uma sociedade melhor e que vai muito além de exercer o direito do voto.

Na edição do último dia 24 de agosto, a entrevistada da coluna foi Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, que comenta sobre o papel fundamental do setor privado na diminuição das desigualdades.

Apesar dos brasileiros serem considerados solidários, a posição do país ainda está aquém em relação ao hábito de doação para causas sociais, por isso, Paula Fabiani enfatiza a como  é de fundamental importância estabelecer uma cultura de doação no Brasil.

Você pode ouvir a entrevista completa aqui. Confira!

Doações nos EUA crescem e superam, pela primeira vez, os níveis pré-recessão

Foi lançado nesta terça-feira, nos Estados Unidos, o relatório Giving USA de filantropia de 2015. Feito pelo The Giving Institute, ele também marca o 60º aniversário da publicação, que é a mais antiga e a mais completa em relatar a filantropia no país.

O relatório assinala 2014 como um ano recorde em filantropia. As doações subiram 7,1% em relação a 2013, atingindo o valor de US$ 358,38 bilhões, assim chegando, pela primeira vez, a valores acima dos níveis pré-recessão. Oito setores filantrópicos superaram picos anteriores estabelecidos em 2007, enquanto somente um, que lida com ações internacionais, teve declínio de 2 %.

No geral, este foi o quinto ano consecutivo de crescimento da filantropia nos Estados Unidos. À medida que a economia cresceu, a filantropia também cresceu, porém sempre mais do que o PIB. Em 2014, esse crescimento foi 2,1% acima do PIB americano.

As Mega-Doações continuaram a crescer, sendo responsáveis por um terço do aumento das doações por doadores individuais. Suas motivações continuam a manter um padrão “coração/cabeça”, no sentido que resultam de ações humanitárias de caráter assistencialista, bem como de ações estrategicamente planejadas e executadas para transformar a qualidade de vida de indivíduos e da sociedade.

As campanhas de doação cresceram em popularidade por meio de diferentes formatos, como #GivingTuesday e Ice Bucket Challenge, e pelos exitosos esforços de grandes universidades em assegurar o apoio de doadores em compromissos de múltiplos anos.

As doações on-line continuaram a crescer, porém mostrando, por sua competitividade, que algumas organizações souberam planejar melhor e executar as suas ações de captação de recursos.

As doações às fundações, especialmente comunitárias, também cresceram de maneira importante for meio de fundos designados pelo doador para propósitos específicos, e que garantem sua participação no processo decisório de como e para quem devem ser distribuídas.

Em resumo, os resultados de 2014 nos Estados Unidos nos mostram a importante relação entre o PIB e a doação, bem como o papel estratégico que o ato de doar assumiu na cultura americana como instrumento permanente de apoio à mudança social.

Por Marcos Kisil
Fundador do IDIS

CLIQUE NA IMAGEM PARA VISUALIZAR O INFOGRÁFICO FEITO PELO BENEFACTOR GROUP

 

Dia Mundial da Justiça Social: Rádio ONU convida o Idis para falar sobre o papel do Investimento Social Privado

As Nações Unidas celebraram o Dia Mundial para Justiça Social neste 20 de fevereiro, com o secretário-geral Ban Ki-moon destacando que todos merecem uma vida digna, com respeito aos direitos humanos.

Mas o que é exatamente justiça social? A Rádio ONU ouviu a diretora-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social: “Envolve pessoas em situação de vulnerabilidade, como a pobreza e até mesmo a falta de saneamento, falta de acesso aos serviços básicos.”
Paula Fabiani foi entrevistada por Leda Letra. A especialista explica ainda a responsabilidade das empresas e do cidadão comum para a justiça social e avalia que o Brasil tem muito espaço para melhorar no setor de investimentos sociais. Ouça a entrevista concedida por Paula Fabiani.

Forbes-Insight divulga as principais tendências do investimento social mundial

De acordo com estudo 2015 BNP Paribas Individual Philanthropy Index, encomendado pela Forbes-Insight, braço da famosa revista norte-americana, as cinco principais tendências do investimento social mundial em 2015 são as seguintes.

  1. Impact Investment (apontado por 52% dos entrevistados)
  2. Filantropia colaborativa (51%)
  3. Compartilhamento de dados, práticas e expertises (51%)
  4. Atacar as raízes dos problemas sociais (48%)
  5. Venture philanthropy (45%)

A colaboração e o compartilhamento  estão entre as cinco tendências para o investimento social privado neste ano, citadas por 51% dos entrevistados. Ambas, analisa a Forbes, refletem o ambiente de fragmentação do setor, com pulverização de um grande número de organizações.

Podem ser resumidas numa frase do executivo-chefe Gerry Salole, do European Foundation Centre, citada pela publicação: “Não tenho problema com o grande número de organizações, desde que elas conversem umas com as outras”.

Desde 2012, o IDIS tem tido um papel relevante no incentivo desse diálogo com a realização do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. O evento anual abre espaço para troca de experiências, discussão de temas pertinentes ao campo e exposição de boas práticas do setor.

Um pouco à frente de colaboração e compartilhamento, a sondagem apontou o investimento de impacto como a tendência mais citada pelos filantropos (52%). Esta é outra área que também tem se expandido no Brasil – e foi um dos temas tratados no primeiro fórum organizado pelo IDIS.

Em quarto lugar, 48% dos entrevistados apontaram a tendência de lidar com as raízes dos problemas, em vez de tratar apenas das consequências. Uma abordagem convencional sobre o sem-teto, por exemplo, seria “fornecer serviços diretos, como contribuir com abrigos ou programas de alimentação”, diz a revista. Já um enfoque de “mudança sistêmica” detectaria o que está levando as pessoas a morar na rua e o que seria preciso fazer para que isso não acontecesse mais.

A quinta tendência, indicada por 45% dos filantropos, é a venture philanthropy, que une os objetivos sociais da filantropia com a estrutura de capital típica dos venture investments, no qual o investidor social se torna sócio de uma parte do projeto. “Este tipo de filantropia pode ser muito efetiva em certas áreas intensivas em capital, como as pesquisas médicas”, afirma a Forbes.

Foco: elé é fundamental para que o Investimento social privado dê resultados concretos

Fazer investimento social privado (ISP) não é apenas assinar cheques ou criar ações pontuais, sem continuidade. Uma transformação duradoura requer estratégia muito bem definida, que potencialize ao máximo os efeitos dos recursos. Foco, portando, é fundamental.

Algumas dicas para acertar o alvo estão num breve manual elaborado pelo IDIS, intitulado “Como definir o foco do investimento social corporativo”.

O documento recomenda que o processo comece com uma análise benfeita da própria companhia. “É importante levantar não apenas as doações, projetos e programas sociais da empresa, mas também seus patrocínios, para avaliar se, mesmo que de forma inconsciente, a empresa já tem uma lógica de apoio, porém ainda não explicitada”, recomenda a publicação.

Num segundo momento, o foco deve se voltar para fora: as necessidades socioambientais da região em que a empresa está instalada ou as ações dos concorrentes. “Se ela tem planta industrial, é interessante escutar a comunidade em que está inserida, tentando entender suas características e necessidades. Se é do ramo do varejo, pode montar uma pesquisa junto a seus consumidores, para identificar que causas os clientes gostariam que ela apoiasse”, exemplifica o texto do IDIS.

Vale lembrar que mesmo instituições que já fazem investimento social privado podem aprender muito com um trabalho de avaliação periódica de suas atividades. Por vezes, elas precisam estar abertas a mudanças (http://idis.org.br/organizacoes-da-sociedade-civil-precisam-estar-abertas-a-mudancas/) para aperfeiçoar sua atuação e, se necessário, adotar uma linha de ISP mais estratégica e efetiva.

O manual é apenas um ponto de partida. Fazer mudanças ou estruturar do zero um investimento social privado exige ajuda de especialistas experientes e acostumados com as pedras que muitas vezes surgem no caminho. E o IDIS pode ajudá-lo neste caminho. Fale conosco no http://idis.org.br/contato/

Os Principais Erros do Investimento Social

A alocação estratégica e voluntária de recursos privados para fins públicos (Investimento Social Privado) está presente na pauta das empresas. Mas estar atento para a questão não significa realizar ações de forma efetiva e impacto positivo. Confira os erros mais comuns, que devem ser evitados.

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Investimento Social Privado deve voltar a se preocupar com inovação

O que o sistema nacional de atendimento de emergência dos Estados Unidos – o 911 tão falado nos filmes – e um dos primeiros laboratórios de pesquisa sobre Aids têm em comum? Ambos foram criados com financiamento de recursos filantrópicos. O espírito de inovação por trás desses investimentos, no entanto, parece ter ficado no passado: hoje os filantropos procuram direcionar seus recursos para ações seguras. O desafio é fazer com que parte desse dinheiro volte para projetos mais arriscados, mas com grande capacidade de mudança.

Dois membros do Monitor Institute, iniciativa da consultoria Deloitte, mergulharam fundo nesta questão em um artigo no site da Stanford Social Innovation Review. Gabriel Kasper e Justin Marcoux diagnosticaram o problema, mostraram possíveis soluções para que a filantropia retome seu caráter inovador e abordaram um projeto lançado para recolocar o tema na agenda do investimento social privado.

Para os autores, a radicalização da filantropia estratégica fez com que os investidores procurassem projetos com resultados cada vez mais certos e mensuráveis. “Os financiadores estão às vezes tratando os financiados como empregados, pagos apenas para executar planos pré-definidos”, escrevem. Com isso, os temas complexos são deixados de lado.

O artigo usa um dos cases de maior sucesso nos últimos anos como exemplo: as redes ou véus protetores de cama, distribuídos na África para diminuir a incidência de malária ao afastar o mosquito transmissor. É uma iniciativa muito barata e de retorno quase imediato. Mas, aponta o texto, a Fundação Bill & Melinda Gates está buscando uma solução mais radical e definitiva: uma alteração genética para que os mosquitos não transmitam a doença. É um projeto arriscado e de resultado incerto, mas, se bem-sucedido, terá resultados de grande impacto.

Uma frase citada pelos autores, do ex-diretor da Agência de Projetos de Pesquisas Avançadas do Departamento de Energia dos Estados Unidos, Eric Toone, representa bem o que está em jogo: “Quando se faz inovação, a primeira questão não é ‘isso vai funcionar?’, mas sim ‘faria diferença se isso funcionasse?’”. Kasper e Marcoux explicam: “Financiadores da inovação trocam a probabilidade de sucesso por um potencial maior de impacto”.

A questão toda passa por uma redefinição da ideia de risco. Para os autores, tanto as empresas quanto o governo têm pouca margem para arriscar-se: os primeiros por deverem explicações a seus acionistas; os segundos, a seus eleitores. Em comparação, investidores sociais têm “discrição extraordinária para experimentar e tentar coisas novas”.

Kasper e Marcoux descrevem em detalhes cinco passos, citando exemplos, para que o investimento social privado possa reencontrar o caminho da inovação: achar novas soluções; selecionar aquelas com maior potencial de transformação; apoiar as selecionadas; medir o impacto; dar escala ao projeto.

O objetivo da inovação, no entanto, não deve ser seguido cegamente. Assim, escrevem os autores, “em questões nas quais já existam soluções funcionando, às vezes é mais importante colocar foco na escala e melhora de abordagens já conhecidas do que experimentar novas abordagens”. Ou seja, não se deve abandonar o que já existe para buscar algo inovador. A rede que afasta o mosquito deve conviver com o projeto para alterar a genética do inseto.

Até por isso, notam Kasper e Marcoux, a inovação não é uma alternativa à filantropia estratégica. “Ao contrário, financiar a inovação é parte da filantropia estratégica.” Ou seja, apenas uma parte dos recursos deve ser destinada à inovação, mantendo o resto em ações comprovadas e seguras.

Cabe a cada organização, portanto, encontrar o equilíbrio entre a quantidade de recursos para financiar inovação e para manter atividades já estabelecidas. E, como concluem os autores, “abraçar a exploração, a experimentação e o risco pode, na verdade, ajudar a filantropia estratégica a encontrar o equilíbrio correto e fazer um trabalho ainda melhor no tratamento dos problemas sociais mais urgentes do mundo”.

Investimento Social Desenvolve Não Só Quem Recebe, Mas Também Quem Faz

O investimento social privado (ISP) tem efeitos não só sobre os beneficiários de suas ações, mas também sobre aqueles que praticam a filantropia. Essa foi uma das conclusões a que chegaram os participantes do Encontro de Investidores Sociais de Santa Catarina, organizado pelo IDIS e pelo Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICom) em 6 de novembro, na capital catarinense. O evento foi o último das três reuniões regionais com investidores sociais programadas para 2013 – os anteriores aconteceram em Minas Gerais e Pernambuco.

“O foco do Encontro foi o investimento social privado como garantidor da liberdade do indivíduo e de sua possibilidade de autorrealização”, afirmou o gerente executivo do ICom, Anderson Giovani, em entrevista depois do evento. Ele participou da mesa “Impacto do ISP: mudando a vida das pessoas”, que também contou com a presença do gerente geral de programas da Fundação Amazonas Sustentável, Leandro Pinheiro, e foi moderada pela professora da Universidade do Estado de Santa Catarina, Paula Schommer.

Giovani também destacou a importância que o evento deu ao outro lado do investimento social privado: o daqueles que o praticam. “Falou-se do investimento social privado para além da técnica, pois ficamos sabendo também como os investidores se sentem como membros da comunidade em que atuam.”

O Encontro trouxe pessoas que “entendem que não é só doar, é preciso também se ver no outro”, disse o gerente de comunicação do IDIS, João Paulo Vergueiro. Ele citou, como exemplo, a fala do presidente da construtora Pedra Branca, Valério Gomes Neto: “É uma pessoa que se reconhece não só como empresário, mas também como investidor social comprometido.”

Gomes Neto participou da mesa “Impacto do ISP: desenvolvendo a economia”. Esteve ao lado do diretor financeiro do Instituto Vilson Groh, Leo Mauro Xavier Filho, moderada pela presidente do conselho deliberativo do ICom, Lucia Dellagnelo.

Vergueiro mencionou também a última mesa, “Diálogos do bem: motivação para fazer a diferença”, que trouxe Alice Kuerten (Instituto Guga Kuerten) e o Padre Vilson Groh. “Eles mostraram que existem pessoas que saem da lógica do investimento financeiro e investem algo ainda mais caro, que é a própria vida”, ressaltou Giovani.

Investimento comunitário
O Encontro acabou discutindo profundamente o investimento comunitário. Para Vergueiro, a existência do ICom fez com que em Florianópolis exista um “entendimento já mais estabelecido de o que é investimento social e comunitário, permitindo um debate mais profundo quanto às ações”.

Esse foi o foco, inclusive, da mesa “Impacto do ISP: fortalecendo comunidades”, que reuniu Lucia Dellagnelo e o cientista social , atualmente consultor da Agência de Desenvolvimento Ecos da Mata, Marcelo Dino Fraccaro, em conversa mediada por Marcos Kisil, diretor-presidente do IDIS. “No investimento comunitário, a comunidade lida com questões pertinentes a ela mesma, e o investimento social privado tem a oportunidade de testar novas formas de melhorar a vida das pessoas”.

O Encontro de Investidores Sociais de Santa Catarina contou com a parceria institucional da Charities Aid Foundation (CAF) e apoio financeiro da Rockefeller Foundation. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) de Santa Catarina também foram parceiros do evento.

Caso você tenha interesse em nos ajudar a levar o Encontro para a sua região em 2014, entre em contato pelo e-mail comunicacao@idis.org.br.