CO-FUNDING, UMA ESTRATÉGIA DE SINERGIA NO INVESTIMENTO SOCIAL

Em artigo, Marcos Kisil, presidente do IDIS, apresenta o co-funding, uma nova forma de contribuir para a transformação social, em que investidores sociais se unem para atuar de maneira estratégica e sinérgica.

Marcos KisilA realidade social brasileira é complexa, as demandas sociais são muitas e os recursos privados destinados a atendê-las são limitados. Diante desse cenário, a criação de parcerias sustentáveis para tornar os investimentos sociais mais eficientes é urgente. Um dos mecanismos para isso é o co-funding, uma forma de fazer de investimento social, que começa a ser adotada no Brasil, com o objetivo de aglutinar recursos e esforços, de forma inteligente, em prol de projetos comunitários.

Mecanismos

Existem três maneiras de realizar co-funding. No primeiro caso, duas ou mais organizações decidem alocar recursos em uma mesma comunidade, mas com objetivos distintos. Assim, por exemplo, uma instituição está preocupada em apoiar os idosos e a outra, as crianças. O fato de existirem dois projetos na comunidade permite uma sinergia local. Os programas podem incitar ações como valorizar a participação comunitária, o desenvolvimento da liderança local ou melhorar o relacionamento entre as organizações que estão recebendo dinheiro. Isso não quer dizer mais ou menos recursos para cada uma delas. É uma oportunidade de se travar um diálogo entre elas para desenvolver as ideias de forma complementar e gerar benefícios sociais decorrentes de oportunidades conjuntas de desenvolvimento, embora com objetivos diferentes.

O segundo tipo de co-funding acontece quando existem dois projetos com foco de atuação similar, mas com preocupações finais diferentes. Para exemplificar, podem-se imaginar duas entidades interessadas em crianças com idades entre 4 e 5 anos, sendo que uma deseja melhorar sua infraestrutura física e outra a qualidade da educação por meio da capacitação dos profissionais. Apesar de serem projetos financiados e gerenciados por grupos distintos, eles se somam no interesse da criança: um novo espaço para uma nova escola de qualidade.

O terceiro movimento ocorre quando duas organizações estão de acordo com o mesmo projeto e, portanto, juntam esforços para realizá-lo. Trata-se da mesma comunidade, do mesmo grupo etário e da mesma proposta de mudança. Nessa situação, existe uma boa simbiose entre os dois doadores. As organizações desde o início trabalham juntas para a fase de diagnóstico situacional, planejamento, desenvolvimento da proposta de trabalho, preparação de orçamento (que contempla claramente o papel de cada um no financiamento das ações), ou no todo do projeto, quando somam seus recursos.

Fruto do acaso

Em geral, quando uma dessas três situações ocorre no Brasil, ela é fruto de um processo casuístico, não planejado. Isso porque a maioria das organizações que atuam como investidores sociais tem o hábito de desenvolver seus próprios projetos – e, especialmente, se elas têm origem empresarial. É comum ver a entidade “A” financiar sua ação, conforme suas necessidades e para apoiar sua imagem institucional. O problema desse tipo de iniciativa é que é facilmente descontinuada. Quem vai querer continuar o financiamento de um programa ou projeto que está ligado à imagem de outra empresa que o apoiou financeiramente antes?

Quando duas organizações trabalham juntas, por outro lado, não existe a “propriedade” do projeto. Como decorrência, as chances de que a ideia seja sustentável e consiga obter novos financiamentos são ampliadas.

Bons exemplos

Algumas experiências de sucesso no co-funding começam a despontar no cenário nacional. O caso mais comum é quando entidades unem-se em torno de uma determinada causa. Aí, existe um conjunto de doadores que não aparecem individualmente, pois estão reunidos não para projetar seu nome ou bandeira de interesse, mas para fazer da causa objeto da sociedade.

Uma área que vem aglutinando múltiplos atores é a educação. O Movimento Todos pela Educação, por exemplo, tem o apoio do Banco Real, da Dpaschoal, da Odebrecht, da Fundação Itaú Social, da Gerdau, do Instituto Camargo Corrêa, da Fundação Bradesco e da Suzano, entre outros. O Fundo Juntos pela Educação, por sua vez, foi criado em 2004, pelo Vitae, Instituto C&A e Instituto Arcor Brasil. Nesse caso, o interessante é que o Vitae saiu da iniciativa, mas os outros dois continuaram, comprovando a sustentabilidade do projeto.

3 passos para o co-funding

Para pensar em co-funding é necessário identificar investidores sociais que estão atuando com o mesmo foco, com especificidades comuns (seja a causa, a área geográfica ou a forma de intervenção) e com o interesse genuíno em ações colaborativas e em parceria. São 3 os passos para uma ação efetiva:

1) Acordar o objectivo: é fundamental definir os propósitos do investimento. Eles devem ser amplos o suficiente para angariar apoiadores, mas específicos o suficiente para ter ações concretas. É importante que as ações estejam alinhadas e claras para o parceiros para que os resultados esperados sejam alcançados.

2) Buscar escala para cumprir os objetivos: é preciso considerar que impacto se está buscando e os fatores críticos de sucesso, avaliar a capacidade de financiamento dos parceiros e, se não for suficiente, avaliar o que pode ser feito.

3) Medir o successo: estabelecer mecanismos para mensurar o êxito da iniciativa em relação aos objetivos propostos, incluindo medidas intermediárias de processo que irão indicar se o projeto está ou não na rota correta. É importante também avaliar como se desenvolve a parceria por meio do co-funding. Os investidores devem apresentar uma posição comum em relação à entidade receptora dos recursos de ambas.
Alguns fatores críticos de sucesso são:

  • Objetivos, métodos e valores comuns e claros;
  • Honestidade em relação ao interesse dos diferentes doadores, da entidade receptora dos recursos, da comunidade a ser atendida em suas necessidades e em todo o processo decisório.
  • Tempo suficiente para acordar a logística e funcionamento da iniciativa;
  • Disponibilidade para comprometer recursos;
  • Persistência na implantação;
  • Relacionamento e fortalecimento das relações pessoais;
  • Comunicação constante e clara.

 
Tendo todos os esses processos e elementos em mente na hora de fazer co-funding, a probabilidade de provocar uma transformação social positiva nas comunidades é alta. Estão todos convidados a tentar!

 

 

Aliança por Recursos

O coordenador no Brasil da Aliança Estratégica The Resource Alliance/Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Rodrigo Alvarez, demonstra alguns dos caminhos a serem percorridos para se aumentar a disponibilidade de recursos para o investimento social no país. No artigo, ele explica como a aliança entre a The Resource Alliance e o IDIS chega para potencializar a mudança. O especialista possui 14 anos de carreira no setor.

Como aumentar o volume de doações no Brasil e atuar estrategicamente para gerar impacto profundo e contínuo no setor social? Para tentar atender a essa demanda iminente e responder à questão, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e a The Resource Alliance estabeleceram uma aliança no país.

Há poucas estatísticas que indiquem a quantidade de recursos que os investidores sociais brasileiros aplicam em projetos socioambientais. De acordo com o cruzamento de dados de pesquisas da Universidade John Hopkins e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), empresas e indivíduos doaram ao chamado terceiro setor R$ 7 bilhões, o que representa meros 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a quantidade de riqueza produzida.

Na América Latina, o nível de aplicação comparado à riqueza local chega a 0,4%. No mundo, é de 0,8%. Pela sua importância no cenário econômico latino-americano e mundial, o Brasil tem alto potencial.

Se analisarmos a evolução das doações, vemos o abismo entre a quantidade de recursos aplicados por empresas e por indivíduos. Ainda segundo as mesmas fontes de dados, as empresas, em 1995, investiram R$ 1 bilhão, enquanto em 2007 o valor saltou para R$ 6 bilhões – aumento de 16% ao ano. Entre os indivíduos, manteve-se sempre no mesmo patamar: R$ 1 bilhão anual.

Uma possível explicação seria o fato de a elite brasileira, detentora em sua maioria de grupos empresariais familiares, canalizarem seus investimentos sociais pelas suas corporações. O cenário legal do país também não é muito favorável à prática: nos Estados Unidos, as heranças direcionadas a fundações familiares ou individuais não pagam imposto sobre a transmissão – se o direcionamento for parental, a taxação é de 50%. Isso talvez ajude a explicar a existência de 75 mil fundações norte-americanas, sendo apenas 3,3% delas corporativas e 90% classificadas como independentes, segundo a organização norte-americana Foundation Center.

No Brasil, o cenário é diferente:

  • De 10% a 20% do total de doações utiliza incentivo fiscal.
  • 75% das doações deduzidas do imposto de renda direcionam-se à cultura, por meio de lei de incentivo.
  • Se os indivíduos usufruíssem plenamente dos incentivos, de acordo com informações da Rceita Federal, estima-se que os recursos vindos desse público passariam de R$ 1 bilhão para R$ 3,9 bilhões por ano.

Assim como o perfil do filantropo evoluiu nas últimas duas décadas – e tende a se aprimorar ainda mais enquanto investidor social –, as organizações da sociedade civil (OSCs) precisam mudar antigas práticas e paradigmas para se perpetuar na nova realidade mundial.

Segundo Mapeamento das Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos (Fasfil), de 2002, das 276 mil OSCs existentes no Brasil, 62% nasceram durantes os anos 90, sendo financiadas prioritariamente pelo Estado, por empresas e pela cooperação internacional.

A partir de 2000, acontece a reviravolta: as grandes empresas passam a ser cada vez mais investidoras sociais privadas, ou seja, encaram a doação como elemento estratégico para o seu negócio e se preocupam cada vez mais em planejar, avaliar impacto e focar resultados. As organizações deixam de receber meras doações e patrocínios e ingressam como parceiras e prestadoras de serviço, executoras de um planejamento pré-determinado.

Os governos, por sua vez, passaram a ser cada vez mais seletivos, exigindo capacidades e habilidades complexas dessas instituições enquanto prestadoras de serviço. A cooperação internacional dá cada vez mais sinais de que diminuirá sua atuação no país, buscando nações mais prioritárias para investimento, como as da África.

Tudo isso leva a crer que uma nova onda de desenvolvimento do terceiro setor se inicia na segunda década do século XXI e, certamente as OSCs terão que reinventar – ou começar a inventar – a forma como mobilizam os recursos para suas causas.

De olho nos fatos, o IDIS e a Resource Alliance direcionam seus esforços para colaborar com a profissionalização da captação de recursos, aliando as necessidades do investidor social às capacidades de atendimento e execução das instituições. Três temas são prioritários: capacitação das OSCs, com oferecimento de cursos de curta e longa duração; fomento ao desenvolvimento de pesquisas sistemáticas; prestação de consultorias; e produção e disseminação de conteúdo sobre o tema.

Onde avançar

Das 276 mil organizações socioambientais brasileiras, apenas 2% possuem mais de 50 funcionários e 77% não remuneram seus profissionais. A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), por exemplo, conta com 500 associados – a maioria trabalha parcialmente na captação de recursos ou está iniciando na área.  AAssociation of Fundraising Professionals (AFP), similar norte-americana, possui cerca de 35 mil filiados.

Na questão da plataforma de intermediários, precisa-se avançar no desenvolvimento de um mercado de fornecedores de serviços para o setor social. Por exemplo, desenvolvimento de consultorias especializadas, formação de profissionais de comunicação e criação de inteligência em marketing direto para potencializar as doações são demandas urgentes e reais para se constituir um mercado ainda incipiente.

Outro ponto é atingir as pessoas em larga escala. Doadores individuais representam de 70% a 80% das doações para o terceiro setor em diversos países. No Brasil, esse montante não chega a 15%.  É possível contar pouco mais de 20 organizações brasileiras realizando campanhas de massa arrecadação de recursos. Mais uma vez, é a capacitação dos profissionais de captação que pode dar início ao fomento desse mercado.

Por esses motivos, nosso foco está em fortalecer a capacidade das instituições como estratégia prioritária e central da parceria. Acreditamos haver um tremendo potencial a ser aproveitado. E cremos que profissionais de mobilização de recursos são os agentes estratégicos capazes de fazer a diferença.

 

 

Assumindo Responsabilidade

Publicado originalmente na revista Caritas, o artigo de Shanta Acharya apresenta uma macro visão sobre o papel do investimento socialmente responsável. Shanta é diretora da Initiative on Foundation and Endowment Asset Management da London Business School.

Fluxos de capital globais têm um impacto significativo no desenvolvimento sustentável, no meio-ambiente e, em última instância, no tipo de sociedade que criamos. É crítico examinarmos nossas prioridades quando investimos e compreender os impactos de longo prazo em todos os aspectos da vida na Terra. Se cada um de nós se tornar mais responsável, os efeitos incrementais poderiam, literalmente, mudar o mundo. É verdade que as corporações e os fundos de pensão possuem um enorme poder, mas estas instituições também devem ser responsáveis perante nós, seus acionistas. O ponto de virada pode ser alcançado se os indivíduos compartilharem a agenda sobre o Investimento em Responsabilidade Social (IRS).

Definições e implementação

Quando nos referimos a IRS, diversas questões surgem com relação às definições e avaliação. O problema das definições – o que nós acreditamos ser ético ou socialmente responsável – é importante porque tais decisões são assuntos para diversas vertentes. Quando um pequeno grupo de trustees de uma organização social ou um grupo de indivíduos (assim como Quakers) concordam sobre o que é ético, ou sabem “qual é a coisa certa a ser feita”, eles também são solicitados para servir o seu grupo de influência sem o compromisso de obter um retorno. Para um grande grupo de investidores, o conceito por si só é frágil com vertentes cognitivas que podem criar armadilhas éticas. Diversos acordos e tratados, alguns internacionais, têm sido estabelecidos, mas o nível de implementação varia. Países desenvolvidos ainda têm que investir adequadamente no monitoramento de questões sobre o IRS. Em países em desenvolvimento, a má gestão e a corrupção freqüentemente resultam no desperdício dos recursos financeiros. A população pobre ao redor do globo não tem participado da criação da riqueza. Ao contrário, a degradação ambiental, a decadência dos serviços públicos e bem-estar social – em muitos casos a inexistência destes serviços – somado à ausência de oportunidades tem afetado a confiança sobre a eficácia do mercado capital global. A história recente tem nos ensinado que a liberalização do mercado pode falhar dramaticamente se o governo responsável, a solidez do mercado financeiro e o papel da lei estão ausentes. Assim que examinamos nosso mundo no século 21, é uma triste realidade que um terço da população ainda viva abaixo da linha de pobreza.

Measurement e valor

Investidores reconhecem a urgente necessidade por uma nova arquitetura ética que se iguale ao novo sistema financeiro global, mas reconhecem a inexistência de um mecanismo eficaz para a implementação e monitoramento. E este é o segundo e mais prejudicial problema: o que não pode ser medido não pode ser gerenciado. A razão pela qual um banqueiro investidor recebe milhões é, simplesmente, devido a sua habilidade para gerar receita para a firma que parece ser mensurável, apesar de que o ponto cego de uma avaliação a curto-prazo tem resultado em erros maciços de julgamento, como a crise a crise sub-prime. Tanto a estrutura de compensação lucrativa relativa na indústria financeira quanto os profissionais exercem influência para agir de maneira não-ética e atrai pessoas com essas tendências de comportamento para auto selecioná-las para entrar nesta indústria. Enquanto uns não podem legislar contra a ganância ou estupidez, nós podemos coletivamente influenciar políticas públicas que não exigem tais comportamentos. Professores, doutores e enfermeiras, entre outros profissionais, têm trabalhado sem expectativa de obter um bônus; mas nós não temos problema em pagar por um gerente de hedg fund 2% a 3% de taxas anuais e 20% a 30% do resultado. Recompensar as pessoas pela sua capacidade de gerar riqueza é significativo; mas recompensar os diretores e presidentes por falhar ou por fazerem o melhor em seus trabalhos é, em minha opinião, um suicídio financeiro. Além de termos sido desapontados pos economistas, acadêmicos, especialistas em investimentos que têm dedicado tempo e dinheiro para desenvolver diferentes estratégias de comércio, nós também não sabemos a melhor maneira de mensurar a contribuição que os professores, enfermeiras, policiais ou bombeiros podem trazer para a sociedade. Nem mesmo sabemos como mensurar uma “boa” empresa. A ausência de informações relevantes representa uma significativa barreira para a nossa habilidade para valorar as coisas. O Produto Interno Bruto (PIB), a mais visível estatística econômica, é a soma das transações econômicas. Mas não é reflexo da saúde financeira, bem-estar social ou questões ambientais. Enquanto alguns países estão produzindo “contas satélites”, medindo o trabalho da casa, o trabalho social e o impacto das atividades no meio ambiente, as evidências são pequenas de que essas estatísticas estão exercendo alguma influência nas políticas públicas. No nível micro, a lista da maioria das folhas do balanço patrimonial  destes pontos cegos é impressionante: eles raramente incluem o valor da marca ou a contabilidade para os recursos intangíveis relacionados a pesquisa e desenvolvimento e ao capital intelectual e, certamente, nunca capitalizaram o valor para os recursos humanos ou para o valor do empreendimento. Relatórios anuais não são suficientes como justificativa para os stakeholders que apóiam a sustentabilidade das empresas a longo prazo como uma entidade econômica e, assim, deixa de revelar a verdadeira fonte do valor da corporação. Transpor a lacuna entre a avaliação das questões sociais e ambientais da análise financeira no processo de investimento é o desafio que os analistas e investidores encaram atualmente. Isto não é para sugerir que pode ser feito. Ao contrário, eu encorajaria investidores “responsáveis” para investir no que eles acreditam: um mercado eficiente depende do crescimento do ativo. Investidores “convictos”, como os gerentes de hedge funds altamente capacitados. E dessa maneira, além de provocar a transformação das atividades de investimento ético em um compromisso sério, também envolverá uma melhor compreensão sobre o que cada um está “engajado”. Como Warren Buffet apontou, nunca invista em algo em que você não tem compreensão. Os investidores reconhecem que há um dividendo da governança corporativa anexa às corporações; eles usualmente comandam um mercado superior de avaliação, têm acesso mais barato ao capital e benefícios de uma base forte de acionistas. O ativismo dos acionistas está se tornando um importante caminho para influenciar as empresas a abordar as questões sociais e de políticas públicas. Desde 2000, fundos de pensão ocupacionais no Reino Unido têm sido responsabilizados pelas suas políticas de ética e de votação assim como pela performance de seus fundos financeiros. A legislação não retira os requisitos para que os trustees tomem decisões para alcançar os melhores interesses para o plano dos beneficiários. A lei endossa a primazia para preservar os interesses financeiros dos beneficiários e as cortes consideram que os trustees das corporações estão sujeitos aos princípios da lei de investimento.

Investimento ético e IRS

Se os investidores optam por marginalizar as corporações indesejadas (como neste caso, por exemplo, com os Comissionários da Igreja que impedem o investimento em companhias cujas receitas são derivadas de negócios associados ao comércio de armas, álcool, tabaco ou jogos) ou engajar ativamente na gestão de companhias que possuem ações em (como é o caso de diversos fundos administrados pelo grupo Hermés, por exemplo), não há razão para não engajar-se ativamente no processo de investimento. Enquanto IRSou investimentos éticos precisam ser diferenciados do “investimento social”, que não é um investimento no sentido financeiro do termo. O Investimento Ético é um investimento no sentido financeiro, e os trustees são obrigados pela lei a atuar adequadamente. O documento de governança de uma organização social geralmente impõe restrições éticas no escopo do poder de investimento da organização. Tais restrições devem, certamente, ser observadas pelos trustees. Usualmente, serão os próprios trustees que decidirão adotar uma política de investimento ética. Ao adotar tal política, a Comissão de Caridade estipulará: “Eles (trustees) precisam ter consciência dos princípios reais que o seu poder de investimento deve ser utilizado para avançar as propostas do conselho e estas propostas serão melhor atendidas buscando o máximo retorno consistente com a prudência comercial. Como o juiz coloca … “A maioria das organizações sociais precisam de dinheiro; e o quanto mais estiver disponível, mais os trustees buscarão realizar”. Uma política de investimento ético é esperada a ser inteiramente consistente com o desejo do investimento de buscar os melhores retornos. Há um ponto de vista que tem crescido de que as companhias que atuam de uma maneira socialmente responsável tem mais chances de oferecer o melhor balanço a longo-prazo entre o risco e o retorno do investimento. Os trustees são livres para adotar qualquer política de investimento ético que eles acreditem que irá resultar em um melhor equilíbrio entre o risco e a recompensa pelo seu trabalho filantrópico. Assim como qualquer outra estratégia de investimento, eles devem ter cuidado ao desempenhar as suas funções; particularmente, eles devem considerar a necessidade em diversificar e devem pedir conselhos quando necessário. Os investidores do setor de filantropia desejam investir os seus recursos de uma maneira responsável refletindo os seus objetivos em um investimento a longo-prazo. Ainda que a insistência em “ser bom” com a garantia de um retorno financeiro pode desnecessariamente confundir a questão. Assim como os hedges funds oferecem riscos atrelados ao retorno, investidores éticos devem ter como objetivo alcançar os aspectos intangíveis e de longo-prazo de serem investidores responsáveis. O risco para um investidor responsável é não ter a coragem da sua convicção ética em desenvolver uma estratégia apropriada de investimento, e não se satisfazer com um baixo retorno se requisitado como o verdadeiro custo para conduzir um negócio de maneira ética.

Investimento Social Estratégico: Integrando o Processo e a Visão

Stephen P. Johnson é vice-presidente da The Philanthropic Initiative, uma organização sem fins lucrativos que, há duas décadas, orienta ações em filantropia estratégica. No artigo escrito exclusivamente para o IDIS, Johnson analisa as bases para doar bem.

Stephen Johnson, TPIInvestimento social estratégico – ou, como é mais conhecida nos Estados Unidos, “filantropia estratégica” – tem diversos significados. No The Philanthropic Initiative, Inc. (TPI) nós acreditamos que o investimento social estratégico tenha os seguintes componentes principais:

  • Doação e voluntariado que combinam “cabeça e coração”
  • Doação e voluntariado que é focado, impulsionador e “mão na massa”
  • Doação e voluntariado que tem o objetivo transformações a longo prazo e sistemáticas

Investidores sociais estratégicos tendem a ser exatamente o que o nome se propõe: que se comportam como investidores de qualquer mercado. Estes investidores são direcionados por uma visão e por valores. Eles conhecem suas metas e objetivos. Eles possuem um processo de validação das organizações em que investem. Eles estão interessados em análise de riscos, mas também estão dispostos a assumir riscos para atingir suas metas. Eles estão interessados em medir o retorno de seus investimentos. E eles estão dispostos a assumir diversos papéis além de financiadores para atingir seus objetivos.

TPI é um organização da sociedade civil que presta serviço de consultoria para indivíduos, famílias, fundações e corporações que queiram fazer investimento social. Fundada em 1989, nossa missão é ampliar o impacto do investimento social na sociedade. Nós temos o compromisso de assessorar nossos clientes a desenvolver e implementar abordagens estratégicas de alto impacto para a filantropia. Como apresentado com mais detalhes no site do TPI, os serviços oferecidos para os doadores incluem planejamento estratégico, facilitação, pesquisa e design programático, e implementação e avaliação de iniciativas estratégicas. Durante os últimos 20 anos, nós trabalhamos com mais de 350 clientes, incluindo um número crescente de doadores que possuem interesses internacionais.

Iniciando o Investimento Social

Os doadores com quem o TPI tem trabalhado ao longo dos anos são sérios com relação ao investimento social estratégico. Nós temos um cliente que freqüentemente nos conta que ganhar dinheiro foi fácil – a conseqüência natural de se fazer algo em que ele é bom. Entretanto, doar “bem” era menos intuitivo e mais difícil. Apoiar a sua universidade, a campanha capital do hospital da região, eram escolhas óbvias para destinar suas doações. E escolhas importantes, mas descobrir maneiras de fazer a diferença na sociedade; de como alinhar seus valores e suas paixões com as suas ações de filantropia; e de como criar estratégias que alavancavam suas doações; de como determinar o impacto de seu investimento; e de como e quando envolver a sua família; estas eram desafios muito mais difíceis para ele.

Por que aqueles que doam tão bem, que buscam mudar o mundo ou suas comunidades, decidem se tornar “investidores inovadores”? Como e com quem eles aprendem a como fazer uma boa doação? Quão importante é um missão filantrópica? Metas e estratégias? Quais são os riscos e oportunidades ao envolver esposa e filhos em sua iniciativa? Qual é a forma de atuação correta para as doações? E onde é possível buscar e encontrar conselho suporte necessário para criar e avançar os programas de doação que satisfazem os interesses e são efetivos?

Muito tem sido escrito sobre essas questões, mas assim como muitos assuntos na Era da Informação, o desafio para adquirir conhecimento e habilidades para se tornar um doador de alto-impacto não é a ausência de informação, mas sim o excesso. O que muitos doadores que estão embarcando na odisséia de doações efetivas realmente precisam são dados – ou ao menos um bom norte – para guiá-los no oceano de uma filantropia e investimento inovadores. Esse artigo tem a intenção de proporcionar aos investidores ferramentas básicas de navegação para aventurar no oceano do investimento social estratégico.

Por que doar?

A pergunta “Por que doar?” parece óbvia até que ela venha a ser aparentemente não óbvia. A resposta é única para cada e todo doador. Algumas vezes o cálculo é muito simples – “Minha esposa faleceu de câncer de mama e eu quero ajudar a encontrar a cura e imortalizar a sua vida extraordinária”. Mas com maior freqüência isto tem se tornado complexo, uma rica mistura de motivações, sonhos e objetivos.

Nos vinte anos de trabalho do TPI com indivíduos e famílias de alto poder aquisitivo,  nós já nos deparamos com temos quase todos os motivos para doar, como a quantidade de nossos doadores. Algumas das motivações mais freqüentes incluem:

  • Legado – Entre alguns doadores, o desejo de criar um legado espiritual como uma forma de equilíbrio ou um complemento para o legado material é forte
  • Comunidade – Muitos doadores se sentem abençoados por sua inteligência, educação, cuidado da família, suporte da comunidade, trabalho árduo, sucesso e sorte. Alguns devem se sentir privilegiados por serem capazes de apoiar suas comunidades com uma parte de sua riqueza. Outros devem se sentir moralmente obrigados a “dar um retorno”. Alguns devem sentir ambas as coisas.
  • Cura – Em hebraico há uma bela frase “tikkun olan,” que significa “para curar o mundo em pedaços”. Há muito a ser curado – fome, moradores sem lar, doenças, negligência infantil, degradação do meio ambiente, e infelizmente, a lista não tem fim.
  • Desafios – Entre os empreendedores, o desafio de resolver um vergonhoso e, aparentemente, problema social sem solução, pode ser a motivação para a filantropia criativa.
  • Família – Agora que o negócio da família foi vendido, quais são as oportunidades para se trabalhar com a família? Para muitos, a filantropia pode funcionar como essa plataforma.
  • Honra – Aqueles que patrocinaram uma sinfonia e bibliotecas e laboratórios de pesquisa em memória da família e amigos, assim o fazem para honrar aqueles que amam.
    Reconhecimento – Para alguns, o desejo se ter o reconhecimento da sociedade, ou estar com as “pessoas certas” é uma importante motivação para doar.
  • Tradição – Em algumas famílias, é uma tradição de muitos anos.
  • Satisfação – Talvez a principal motivação para doar seja somente “sentir-se bem”. Doar faz as pessoas se sentirem bem. Satisfaz superar um desafio, causar impacto, mudar o mundo (e, às vezes, a si mesmo) para o melhor.
    Compreender as motivações para doar é importante. A ausência do entendimento do eu motiva as doações, de que forma atuar, em que foco, e decidir a estratégia; nada mais que uma caminhada aleatória onde todos os caminhos são possíveis.

Algumas questões preliminares

Trabalhando com clientes individuais e familiares que pretende melhorar suas doações ou considerando um novo nível de filantropia, TPI geralmente entrevista o doador e faz as seguintes perguntas:

  • Por que doar?
  • Por que você está interessado em filantropia?
  • Quais são seus valores? Seus objetivos filantrópicos? Suas paixões sobre a sociedade e o mundo em que você vive?
  • O que você espera alcançar com a sua doação?
  • É importante que sua família esteja envolvida com a sua filantropia? Por quê? Como você gostaria que eles se envolvessem?

Considerações Financeiras

  • Quanto você pode doar?
  • Quanto você quer doar agora? Quanto mais tarde? Quanto ao morrer?
  • A decisão de como doar é sensível ao tempo?
  • Você precisa de renda no momento, mas gostaria de beneficiar uma organização filantrópica na sua morte?

Quanto tempo você pode investir em suas ações filantrópicas?

  • Você imagina que sua filantropia será principalmente e exclusivamente a doação de dinheiro, ou você imagina investir quantidade significativa de tempo também?
  • Você se encontra em um momento da vida quando pode investir uma considerável quantidade de tempo em suas ações?
  • Se você fosse criar uma fundação privada você teria a disponibilidade para realizar visitas de campo, participar e gerenciar encontros regulares com o conselho?
  • Você acredita no modelo da “filantropia engajda” trazendo seus conhecimentos profissionais assim como seus ativos financeiros para a governança e operação de uma organização.

Quanto “mão na massa” você pretende ser?

  • Você pretende doar para organizações não-governamentais e ser capaz de dirigir os programas contemplados pela sua doação?
  • Você gostaria de conhecer as pessoas que trabalham com a organização para as quais você pretende destinar suas doações? Encontrá-los em suas bases de trabalho?
  • Você é intolerante com relação às funções administrativas e burocracias? Você prefere delegar essas funções para os outros?

Doando Bem – Qualidades de um Investimento Social Efetivo

No decorrer do trabalho com mais de centenas de clientes ao longo dos anos, TPI descobrir que os doadores que provocam maior impacto e que a partir de suas práticas filantrópicas obtém suas maiores realizações e que são caracterizados por alguns – e raramente, por todos – pelas qualidades a seguir. (Aqui, agradeço a meus colegas Leslie Pine, Melinda Marble e Joe Breiteneicher, que prepararam uma versão preliminar da lista abaixo).

Valores-Direcionadores

O investimento social é geralmente dirigida por fortes valores familiares e pessoais, crenças sobre o que é importante para a vida. Estes valores, e paixões pessoais e familiares que geralmente os acompanham, necessitam de uma orientação para doar. Ao trabalhar com famílias e tentar ajudá-las a identificar seus valores nós geralmente fazemos perguntas como:

  • Quais são os seus valores pessoais/ familiares? O que você e/ou a sua família defende?
  • Quais são os valores que guiam as escolhas que você faz na vida?
  • Como os seus valores estão coerentes com o tipo de doador que você gostaria de ser?
  • Quais são as histórias que você conta em sua família sobre a sua família e seus ancestrais? Que valores eles representam?
  • Quais foram os exemplos de valores que basearam suas decisões sobre as doações passadas?

Pró-atividade

Doadores eficazes são freqüentemente doadores pró-ativos. Suas doações são destinadas de acordo com suas visões e paixões, e não a partir de pedidos dos outros. Esses filantropos decidem o que eles têm interesse em investir, quais as questões e causas a serem combatidas, e depois desenhar estruturas para direcionar esses objetivos.

Focado

TPI uma vez foi descrito pelos membros do seus próprio conselho como os “propagandistas para o foco”. Se é ou não uma “propaganda”, trata-se de um credo. O foco para o investimento social cria a capacidade de concentrar recursos. Ajuda a definir e clarear objetivos filantrópicos. Ter foco possibilita ao doador adquirir conhecimento e inteligência sobre uma questão particular e a avaliar e para avaliar oportunidades de financiamento tendo como pano de fundo este conhecimento. Além disso, foco também ajuda o doador a dizer “não” para os pedidos que não do seu interesse.

O foco vem de diversas maneiras. Pode ser:

  • Programático. Exemplo: erradicando doenças; ajudar os moradores de rua; preservação das florestas
  • Geográfica. Exemplo: a comunidade que foi base para os negócios da família durante gerações
  • Minorias. Exemplo: mulheres, mães solteiras
  • Valores específicos. Exemplo: organizações comprometidas com a preservação das famílias
  • Estratégica. Exemplo: construindo infra-estrutura e capacidade das não-governamentais

Orientado por Meta/ Resultado

Muitos doadores eficazes têm clareza sobre suas metas e resultados esperados, e pedem aos seus parceiros o mesmo. Quando possível, o filantropo desenvolve indicadores concretos e mensuráveis de sucesso para a sua filantropia. Por exemplo, um financiador interessado em promover oportunidades econômicas para a população local deve medir o impacto do financiamento a partir de informações como criação de novas oportunidades de trabalho, crescimento salarial, ou, menos tangível, mas ainda mensurável, desenvolvimento de novos conhecimentos entre os residentes da comunidade.

Baseado em Pesquisa e  Contexto Social

A filantropia mais eficaz envolve uma combinação da “cabeça com o coração”. Enquanto as questões sobre as áreas e objetivos podem ser direcionadas de acordo com a visão e valores, a filantropia estratégica envolve uma pesquisa rigorosa e a análise, por exemplo, das lacunas dos serviços, necessidades, oportunidades, melhores práticas, abordagens eficazes. Equipado com essas ferramentas, os doadores podem determinar a maneira mais eficaz de direcionar os seus recursos para fazer a diferença.

Estratégias e Papéis claramente definidos

Uma vez que a visão está clara e que o foco e os objetivos estão definidos, o próximo passo é selecionar as estratégias que contribuirão para alcançar os objetivos do doador. Ainda, que papéis que o doador gostaria de ter em suas ações filantrópicas? Alguns papéis incluem:

  • Melhoria da Capacidade e infra-estrutura (de organizações, vizinhança, ou até mesmo de campos de interesse)
  • Inovador/ incubador (de novas idéias, programas ou organizações)
  • Disseminador/ replicador (de modelos efetivos e melhores práticas)
  • Agente transformador (da estrutura cultural, social e legal, ou de expectativas, direcionando causas subjacentes e sistemas)
  • Desenvolvimento Comunitário (desenvolver capital humano, social ou físico na área)
  • Crítico ou advogado (de políticas públicas ou sociais)
  • “Venture philanthropist” (apoiar empresários sociais que estão começando ou construindo organizações, ou tentando novas abordagens)
  • Desenvolvimento de líderes (de organizações, escolas ou comunidades)

Os papéis que os financiadores escolhem influenciam a forma que eles vão ativar e que ferramentas vão utilizar: financiamento a projetos, capacitação técnica, articulação de doadores que pensam da mesma maneira, empréstimo para organizações sociais, e/ou mobilização da mídia.

Processo de Validação

Assim como um investidor financeiro, o investidor social prudente condiciona o financiamento de projetos significativos a um processo de validação apropriado, por exemplo, acessar as habilidades da organização para qual a doação será destinada assim como o projeto específico a ser financiado. O processo de validação deve incluir, por exemplo, revisão cuidadosa da proposta, visita de campo, e conferir referências.

Conclusão

Tomar boas decisões sobre as doações é como tomar boas decisões sobre qualquer outro investimento – parte arte, parte ciência. Não existe um processo mágico que garantirá o sucesso de todas as doações ou financiamentos. Mas para aqueles doadores que obtém sucesso no casamento de sua visão e valores com um pensamento provocativo, pesquisa, e processo de validação; o impacto de suas doações pode ser virtualmente ilimitado.

Tornar-se um sábio doador pode levar tempos. Demanda um trabalho árduo, persistência, paciência, disponibilidade para experimentar e, algumas vezes, para falhar. Mas também deve e pode ser divertido – “divertido” não no sentido leviano, mas “divertido” como proveitoso e capaz de trazer alegria. A filantropia, enquanto trabalho sério, não deveria ser tão séria a ponto de se tornar um peso. Se o trabalho parecer opressivo em alguns momentos, não hesite em buscar pares ou parceiros, e ajuda externa.

Talvez o mais importante de tudo, lembre-se: os investidores sociais têm a permissão para sonhar grande sobre o que é importante para o futuro que buscamos para nossos filhos e os filhos de nossos filhos. Estes sonhos, seguidos de maneira ponderada e criativa, são oportunidades reais de filantropia, e eventualmente sua essência. Dinheiro bem investido pode transformar o mundo, e algumas vezes, apenas uma vida por vez.

Ação na Comunidade: Cartilha do BITC Orienta Empresas a Intervirem nas Localidades Onde Atuam

Publicação divulgada em dezembro de 2007 pelo Business in The Community (BiTC) dá dicas de como ser um bom investidor social na comunidade.

Cada vez mais as companhias percebem que, se quiserem se destacar num mercado competitivo, devem conhecer e corresponder às expectativas de seus empregados, consumidores e das comunidades em que atuam.

Reconhecendo a função estratégica que o investimento social corporativo desempenha, a cartilha “Community Impact” disponibiliza informações gerais para os interessados no assunto. A publicação é divida em três partes:Knowledge and expertise; Measurement and recognition; e Programmes for colaborative action.

Para potencializar os efeitos de suas ações, cada empresa deve adotar uma estratégia diferente. Os objetivos delimitados variam de acordo com o papel que ela cumpre na localidade. Porém, independentemente do tamanho ou da natureza da empresa, as características centrais para se tornar um bom investidor permanecem constantes.

A boa convivência com os diversos públicos de relacionamento é um dos termômetros da eficiência da atuação social da empresa. Entender os benefícios para a comunidade e para a própria companhia, além de identificar os assuntos em que é possível intervir são os pontos de partida.

Educação e trabalho e geração de renda foram identificados como os principais temas de investimento social corporativo. Nos primeiros, as empresas auxiliam jovens a alcançarem seus potenciais, por meio de parcerias com escolas. Já os projetos de trabalho e geração de renda, não só agem diretamente sobre a vida da população, como criam novos postos de trabalho, constroem economias locais e ajudam a recuperar áreas carentes.

Uma vez identificado o âmbito de atuação social, os pesquisadores do BiTC orientam as empresas a investirem recursos proporcionais ao tamanho de seu negócio. A cartilha aconselha a alinhar o foco do investimento social à função comercial da empresa.

De acordo com o documento, a intervenção social deve se tornar parte da cultura organizacional da empresa. Para tanto, é preciso capacitar e engajar os funcionários em atividades comunitárias. O estímulo também pode ser estendido aos consumidores e fornecedores.

O intercâmbio de experiências é bem-vindo. Para tanto, é recomendável estar atento às iniciativas filantrópicas de clientes e fornecedores, além de estabelecer parcerias com governos e com o terceiro setor.

Finalmente, monitorar, medir e avaliar os efeitos das ações na comunidade são alguns dos novos desafios das empresas. Somente a partir da avaliação é possível determinar em que sentido o projeto se alinha aos propósitos do investidor. Sem contar que dados objetivos sobre metas e conquistas são informações estratégicas.

Segundo a cartilha, “78% do público em geral quer ouvir sobre os compromissos assumidos pelas empresas em relação a seus consumidores, empregados, comunidades e meio ambiente”.

 

 

Gestão de Conhecimento em Investimento Social é Ferramenta para o Desenvolvimento

A grande quantidade de recursos que instituições dos três setores aplicam em investimento social muitas vezes não surte o efeito pretendido. Segundo Nelson Casarotto Filho e Liana Bettina Alves, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o problema não está na parte técnica da gestão dos projetos, mas na falta de informações em relação aos vetores de desenvolvimento.

No artigo “Sistema compartilhado em gestão do investimento social local: gestão do conhecimento em redes interorganizacionais”, os autores propõem a criação de redes de conhecimento entre os atores filantrópicos, por meio de um sistema tecnológico de computadores em rede. Esse sistema permitiria o compartilhamento de informações entre os diversos atores sociais, o que eles consideram como a base da atuação conjunta em investimento social.

Para Nelson e Liana, a cooperação permite às instituições tornar mais eficiente suas ações, ao alocar recursos de maneira mais estratégica, evitando desperdícios ou esforços duplicados. Segundo o artigo, o sistema de gestão de conhecimento deve conter informações sobre a realidade social, sobre a atuação das organizações sociais, sobre os investimentos que são realizados e sobre os resultados desses investimentos.

Tal mecanismo, que é uma adaptação dos sistemas de gestão do primeiro e segundo setores, seria útil tanto para as empresas, durante a avaliação dos investimentos em responsabilidade social, quanto para a atuação das organizações da sociedade civil.

No artigo, os autores citam o conceito de “Engenharia das Intervenções Regionais”, desenvolvido por Sergio Boisier, pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas (Ipea), e que é de grande serventia para a criação de uma rede horizontal de articulação. O conceito engloba elementos como: conhecimento de gestão de redes, mecanismos de desenvolvimento local, gestão de projetos, engenharia econômica, avaliação de projetos sociais e sistemas de informação.

De acordo com Nelson e Liana, já existe a tecnologia que permite um sistema compartilhado de gestão de conhecimento do investimento social. O maior empecilho reside na criação de mecanismos de articulação e gestão desse sistema. Nivelamento de informações, acesso a indicadores oficiais e uniformização de conceitos são as primeiras medidas que eles julgam fundamentais.

Os sistemas de cooperação, após implementados, devem ser colocados à disposição da sociedade. “Pois do contrário, estariam sendo criados apenas novos núcleos de poder político, quando é preciso que todos os processos que envolvem o desenvolvimento social estejam abertos à participação”, defendem os autores.

O trabalho foi apresentado no Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP) 2006. Leia aqui o texto na íntegra.

 

 

Os Principais Erros do Investimento Social

29/03/2007 – A alocação estratégica e voluntária de recursos privados para fins públicos (Investimento Social Privado) está presente na pauta das empresas. Mas estar atento para a questão não significa realizar ações de forma efetiva e impacto positivo. Confira os erros mais comuns, que devem ser evitados.

Erros do Investimento Social

Pesquisa IDIS de Investimento Social na Comunidade

Realizada entre os dias 14 de setembro e 21 de outubro de 2004, teve o objetivo de identificar para que tipos de ação na comunidade as empresas dirigem seus investimentos, verificar se as ações são avaliadas, de que forma, e dimensionar as perspectivas de ampliação desse tipo de investimento.

Clique aqui para obter o arquivo