Idealizado pelo IDIS e Instituto MOL, o Compromisso 1% busca fomentar a doação de 1% do lucro líquido anual de empresas para organizações da sociedade civil e causas de interesse público. Entre as empresas já confirmadas na adesão ao movimento estão Cyrela, fama re.capital, Gaia Impacto, MOL Impacto, Pantys, PwC, RD Saúde e TozziniFreire Advogados e, além de outras cinco organizações que já estão com o processo de adesão em fase avançada.
Com a adesão das primeiras signatárias no dia de hoje, a campanha já está se tornando destaque na imprensa brasileira. Em matéria publicada hoje, o Valor Econômico reforçou a importância do aumento da filantropia corporativa no país e o seu potencial de transformação social. “Comprovadamente sabemos que a filantropia corporativa gera benefícios […] Por isso, queremos promover essa prática e mover o ponteiro da doação corporativa”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.
“O Compromisso 1% é um projeto ambicioso e de impacto, capaz de impulsionar e acelerar a forma com que empresas se comprometem com o presente e futuro da sociedade, investindo para fortalecer projetos relevantes que precisam de recursos para seguirem sua caminhada”, ressalta Rodrigo Pipponzi, cofundador do Instituto MOL.
Num contexto de recursos limitados, definir o foco do investimento social corporativo é fundamental para fazer melhor uso desses recursos e ampliar o impacto positivo das ações sociais desenvolvidas.
Quando a empresa define em que área vai investir, concentra seus recursos e esforços em torno de determinada causa, evitando a pulverização de sua atuação e eventual perda de benefício que poderia advir dos recursos investidos. Por outro lado, a acolhida ou não aos pedidos de apoio, é facilitada, já que a corporação desenvolve argumentos precisos, profissionais e respeitosos, para justificar ao demandante o motivo da recusa.
Mas definir o foco do investimento social corporativo não é tarefa simples, sobretudo num país como o Brasil, onde se acumulou progressivamente uma dívida social com relação a diferentes necessidades da população. Assim, definir um foco representa a necessidade de se explorar diferentes possíveis necessidades do agente financiador. A corporação deve buscar um mínimo de alinhamento do foco com sua própria operação, determinando se atuará em toda ou qualquer comunidade, onde sua planta está situada, ou nos lugares em que tem ponto de venda. Precisa avaliar se dará atenção a
algum grupo populacional específico (como mulher, adolescente, criança, idosos) ou se optará por uma área temática – como saúde, educação, geração de empregos.
Publicada em maio de 2007, a nota técnica explica a importância da definição do foco do investimento social corporativo e seu processo de construção. Também descreve o que a empresa deve observar na hora de estabelecer o foco de um programa de Marketing Relacionado a Causas.
Isso exige da empresa a tomada de decisões de caráter estratégico, alinhadas com seus valores e compromissos, com seu histórico de atuação social, com as expectativas de seus líderes, e com as necessidades das comunidades. Também exige uma definição do valor agregado que a empresa quer dar a sua marca e imagem, o que pede uma busca por conhecer com que diferenciais ela se apresentará junto aos diversos públicos de interesse, e por como deseja ser vista quando comparada
aos seus concorrentes. Sendo assim, a definição do foco demanda um olhar para dentro da própria corporação e para o contexto no qual ela está inserida, de forma que, nesse processo, seja possível identificar a “vocação” da empresa para sua atuação social.
Como operacionalizar uma decisão de foco: olhar para dentro
Como explica Paola Marinoni, o primeiro passo dessa importante decisão é identificar quais as ações sociais já realizadas pela empresa. “Não se deve jogar fora o passado da empresa. A causa a ser apoiada deve vir de dentro para fora. É, portanto, fundamental organizar o histórico das ações sociais, identificando em que iniciativas o dinheiro foi depositado, e de forma bastante ampla”. Assim, é importante levantar não apenas as doações, projetos e programas sociais
da empresa, mas também seus patrocínios, para avaliar se, mesmo que de forma inconsciente, a empresa já tem uma lógica de apoio, porém ainda não explicitada.
A definição de foco para o apoio externo deve ser coerente com as práticas organizacionais da empresa para o público interno. Não teria lógica, por exemplo, defender um foco em diversidade se a empresa não a pratica com seus próprios recursos humanos. Ou, como Paola Marinoni diz, “não adianta criar um programa de apoio a minorias étnicas se, internamente, na política de contratação de pessoal, a diversidade não é assumida como um valor. Isso significaria correr o risco de dar um tiro no próprio pé”.
Nesse sentido, a especialista defende que pode ser interessante criar um projeto social interno, voltado para os funcionários, e, só depois de a empresa fazer sua “lição de casa”, abrir o foco para a comunidade. “O investimento social corporativo não pode, de forma alguma, servir como ferramenta para amenizar os problemas internos da empresa. Quanto mais o investimento for uma extensão do
comportamento gerencial e uma extensão dos negócios, dos valores e princípios da empresa, melhor”, pondera a gerente.
O ideal, portanto, é que a ação de investimento social esteja o mais inserida possível na empresa, envolvendo todos os funcionários, pois isso aumenta a chance de bons resultados. Uma estratégia interessante pode ser observar se os colaboradores da empresa desenvolvem atividades voluntárias. Uma pesquisa junto aos funcionários pode revelar se há foco nessas iniciativas, que poderia ser assumido pela empresa. Com isso, a causa apoiada pela empresa já nasceria disseminada entre os funcionários.
Sem esquecer, evidentemente, o papel das lideranças da empresa nesse processo, que devem ser reunidas para explicitar a visão que têm em relação à atuação social. Esse momento deve ser usado para construir um consenso entre opiniões muitas vezes divergentes. Portanto uma assessoria externa pode ter um papel importante de facilitador nessa tomada de decisão, fazendo quem que ela esteja alinhada com os diferentes elementos explicitados, e que fazem parte da vida da empresa.
Um último ponto a ser observado dentro da empresa é como seu know-how pode ser usado nas ações sociais. Se a corporação é forte na área comercial, pode criar um programa de geração de renda via empreendedorismo; se tem grande capacidade de planejamento, pode apoiar o fortalecimento de organizações sociais.
Definindo foco com olhar o “para fora”
Além de observar seus elementos internos, a empresa deve olhar para fora de si. Se ela tem planta industrial, por exemplo, é interessante escutar a comunidade em que está inserida, tentando entender suas características e necessidades. Se é do ramo do varejo, pode montar uma pesquisa junto a seus consumidores, para identificar que causas os clientes gostariam que ela apoiasse ou com quais delas eles gostariam de se engajar.
A concorrência também deve ser foco de atenção por parte da empresa. Se o objetivo dela é obter um diferencial de marca, ela não deve apoiar causas já sustentadas pelos concorrentes, sobretudo quando eles têm uma imagem bastante consolidada junto a uma determinada causa. Em outros casos, no entanto, o investidor social pode avaliar que vale a pena trabalhar de forma colaborativa com a concorrência. Exemplo disso é quando empresas se unem para realizar pesquisas conjuntas visando ao melhor aproveitamento do solo ou à preservação de florestas.
Conhecer as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioambiental também é importante nesse processo. É fundamental verificar se as políticas são boas, mas não estão sendo implantadas, e se existem políticas locais nas regiões em que as empresas estão presentes. A partir disso, a empresa pode avaliar se seu o foco pode funcionar como catalisador ou facilitador da implementação dessas políticas, permitindo que certos grupos populacionais se beneficiem o que já existe.
Durante o mapeamento interno e externo, as lideranças vão amadurecendo e descobrindo a própria vocação da empresa. Assim, tornam-se aptas para tomar decisões conscientes e coerentes com o negócio, não apenas baseadas na intuição ou na opinião pessoal de alguma destas lideranças. Mas é importante ainda destacar que delimitar o foco da empresa não significa apenas definir a área de atuação. É necessário fazer recortes mais específicos.
Se o foco programático é educação, é preciso resolver se serão apoiadas atividades de educação infantil, ensino fundamental ou médio; de educação formal ou complementar; para crianças e adolescentes ou para jovens e adultos. Também é preciso saber o que será apoiado na área da educação: capacitação de professores, infraestrutura, bolsas para estudantes, apoio para as famílias? E o delimitar o foco geográfico, avaliando se a empresa vai investir na comunidade em que está inserida, na cidade, na região ou no país.
O foco de um programa de MRC
Quando se pretende definir o foco de um programa de Marketing Relacionado a Causas (MRC), o recorte deve ser ainda mais preciso, conforme explica Márcia Woods. O MRC é uma parceria comercial entre uma empresa e uma causa/organização da sociedade civil, que utiliza o poder de suas marcas para vender um produto, ideia ou serviço que trará benefício mútuo. Sendo assim, é uma forma de investimento social corporativo, que está intimamente relacionado à estratégia do negócio, pois envolve um produto, sua
comunicação e marketing, seus clientes, sua reputação e marca.
Por ser uma forma muito eficiente de comunicar os valores de responsabilidade social de uma empresa, apoiando a construção da sua reputação, a causa para um programa de MRC deve ser distinta da concorrência, tornando-se também um sendo diferencial de mercado. Como um de seus objetivos é sensibilizar e mobilizar os consumidores para a causa apoiada pela empresa, a consulta aos clientes ganha maior relevância, já que é preciso encontrar a causa certa – não só para a corporação de forma geral, mas também para o produto que participará do programa.
Depois de fazer o levantamento junto às diversas fontes de informação (consumidores, lideranças, histórico da empresa, ações dos funcionários, concorrência etc), é interessante estabelecer critérios para avaliar qual a causa que mais se encaixa com o negócio da empresa. O MRC pressupõe um compromisso público assumido pela empresa, portanto é necessário avaliar se a causa terá resultados facilmente mensuráveis, se ela é pouco abraçada por outras empresas, se tem apelo de mídia, se tem coerência com a política de sustentabilidade da empresa, e se tem perenidade.
A partir desses critérios, é mais fácil eliminar as causas não condizentes com a estratégia da empresa. Sem esquecer que todo esse processo deve estar baseado em dados estatísticos sobre a relevância da causa no âmbito nacional e a real possibilidade de a empresa provocar a transformação social.
Em agosto de 2019, o Business Roundtable, grupo formado pelos CEOs das cem maiores companhias norte-americanas, declarou que, na sua visão, o propósito de uma empresa não era somente proporcionar lucro a seus acionistas. O propósito de uma empresa é também entregar valor aos seus clientes, investir em seus funcionários, lidar de forma justa com os fornecedores e apoiar as comunidades em que atuam. Em resumo, as empresas devem ir além de seus números, e impactar positivamente a sociedade.
Esta declaração histórica é o resultado de uma longa caminhada que, no Brasil, começou há cerca de quatro décadas e evolui por meio de diversos conceitos que vão desde responsabilidade social até ESG, passando pelo investimento social corporativo.
Independentemente dos rótulos, o importante é a percepção de que empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para melhorar a sociedade na qual atuam e da qual retiram os recursos para sua existência.
E como fazer isso de forma que traga benefícios concretos para todos?
O primeiro passo é admitir que problemas socioambientais são complexos e que, normalmente, as empresas não sabem lidar com eles, portanto, é necessário dedicação antes decidir o que fazer.
Escolha do foco de investimento social para atuação
O ideal é começar tentando identificar em qual faixa do imenso espectro de problemas sociais a empresa tem maior possibilidade de contribuir. Considere nesta análise os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e como é possível apoiar o cumprimento das metas estabelecidas na Agenda 2030.
A resposta pode estar ligada ao setor de atividade da firma. Por exemplo, um fabricante de alimentos provavelmente tem capacidade para atuar no combate á fome. Um banco pode contribuir com ações de educação financeira.
Ou ela pode ter relação com a estrutura de operação. Um distribuidor de bebidas pode contribuir com sua capilaridade, enquanto uma escola pode ceder seu espaço ocioso para alguma atividade.
Há ainda a possibilidade da atuação vir do local onde a empresa está instalada e até mesmo da comunidade onde se encontram seus fornecedores ou clientes.
O importante aqui é que exista um vínculo, uma razão ao se escolher uma causa ou uma região para ser adotada, porque é essa ligação que vai dar sentido ao investimento social e vai envolver toda a cadeia de stakeholders, desde os sócios.
Pensando no ESG, essa escolha é chamada de “materialidade”. Ou seja, algo que diga respeito realmente a onde/quem/ o que a empresa atinge de uma forma ou de outra.
Uma vez escolhida a causa ou o foco de atuação, vem a etapa de diagnóstico. Ela serve para compreender quais os principais problemas existentes nesse foco, quais tentativas de solução já foram experimentadas e quem são as pessoas e organizações envolvidas com essas questões.
Muitos investidores sociais perdem tempo e dinheiro porque acreditam ter a solução para alguma situação, sem, na verdade, conhecer a realidade das pessoas ou local que sofrem com aquele problema.
Portanto, é necessário estudar bem o problema que se quer atacar. E isso serve para qualquer tamanho de investimento social. Mesmo uma iniciativa pequena, deve ser bem concebida para surtir efeito e, quem sabe, tornar-se um grande projeto!
Definição do projeto de impacto social a ser realizado
Após entender o problema a ser atacado, chegou a hora de definir qual a intervenção a ser realizada. Para qualquer questão que tenha sido escolhida, existirão diversas abordagens possíveis.
O combate à fome não se restringe à doação de alimentos. Ele pode ser feito por meio de capacitação para o emprego, de educação para melhor utilização de alimentos ou estímulo à produção de alimentos mais baratos.
O melhor é optar pelo caminho mais viável dentro das condições da empresa e que traga mais impactos positivos para os beneficiários.
Ao final desta etapa é necessário ter as respostas para as seguintes perguntas:
O que vai ser feito?
Como vai ser feito?
Onde vai ser feito?
Quando vai ser feito?
Quanto vai custar?
Quais resultados queremos atingir?
Quais indicadores serão monitorados?
Fazer com as próprias mãos ou apoiar quem já faz?
Esta é outra decisão importante. Como a empresa vai conduzir sua ação social? Vai realizar ela própria ou vai optar por apoiar organizações sociais que já trabalham com a causa ou na comunidade escolhida?
Na verdade, estamos buscando a resposta para a pergunta: quem vai fazer?
Se a empresa vai operacionalizar as ações sociais, será preciso destacar ou contratar pessoas e criar uma célula dentro da companhia com essa responsabilidade, exigindo uma estrutura robusta. Ela estabelecerá uma ligação próxima com os beneficiários e terá maior controle sobre os resultados alcançados.
Se a empresa optar por apoiar organizações do Terceiro Setor para realizarem a ação social, não precisará fazer modificações internas profundas. Em compensação, haverá menos controle sobre a operação e resultados.
Como saber se deu certo?
Depois de todo esforço e dedicação para a realização de uma ação social, é fundamental saber se a intervenção gerou impactos positivos aos beneficiários. Recomenda-se que, antes de começar algum projeto, já se defina quais são as metas a serem perseguidas, quais os indicadores que dirão se elas foram alcançadas ou não e quais os processos que integrarão a avaliação. Fomentar a cultura avaliativa é desejável. O processo mostrará onde estão as fortalezas e onde há espaços para melhorias.
Convide todo mundo para participar
Um projeto social é uma iniciativa que deixa todo mundo entusiasmado. Equipe internas, fornecedores, parceiros, clientes, investidores, comunidade. Por isso, é muito importante contar para todos eles o que será feito e convidá-los a fazer parte. Eles podem dar ideias para melhorar o projeto, podem fazer doações para complementar a verba, podem realizar trabalho voluntário, podem ajudar a divulgar e mais uma série de coisas que nem sequer conseguimos imaginar. E ainda que não se engajem diretamente, podem reconhecer o valor da ação e recompensar a empresas pela atitude.
Com estas seis etapas, empresas se colocam na direção correta para honrar o propósito que se espera de uma empresa atualmente. O IDIS apoia investidores sociais privados em toda esta jornada. Conheça nossos serviços e algumas histórias de sucesso.
A pauta ESG(sigla para Environmental, Social and Governance, no português, Ambiental, Social e Governança) ganha a cada ano mais espaço entre investidores e empresas. Mas o que vem sendo mensurado de fato? Com detalhes da pauta ainda em definição pelo mundo, estudos apontam uma falta de padrões consistentes, principalmente sociais. O “S” é, inclusive, apontado como o mais difícil de se analisar e incorporar a estratégias corporativas, isto de acordo com 51% dos investidores entrevistados pelo BNP Paribas – um dos maiores bancos da Europa.
No caso brasileiro, a pauta ESG vem sendo absorvida absorvida por investidores, reguladores e empresas, a partir do modelo dos Estados Unidos e países europeus. Entretanto, para que o movimento seja efetivo é necessário estabelecer uma visão do “S” que considere as especificidades e prioridades do nosso país. Nesta Nota Técnica, elaborada por Renato Rebelo, diretor de Projetos do IDIS, apresentamos dados e conceitos refletindo o que mais necessita de atenção quando pensamos em pautas sociais em ESG.
Para acessar a nota completa basta acessar abaixo ou clicar aqui.
Reunindo especialistas do investimento social corporativo, evento realizado pelo IDIS e Latimpacto trará reflexões e aprendizados sobre a importância dessa destinação de recursos na promoção de transformação social de longo prazo. Além de também compartilharem como, por meio de suas próprias operações ou veículos sociais corporativos, também estão alavancando recursos empresarias-financeiros e não-financeiros.
Quando
_ 21 de outubro
_11h da manhã (horário de Brasília)
O evento será transmitido pelo Zoom e contará com tradução para o Português e Espanhol.
Ao compreender o ecossistema brasileiro e os aspectos socioeconômicos e desafios do país, o IDIS se tornou, em maio de 2021, embaixador ativo da Latimpacto, apoiando a promoção do investimento para impacto mais estratégico no Brasil. A parceria inclui a realização de eventos, a produção de artigos e publicações, capacitações, além da participação no Conselho da Latimpacto. Buscando sedimentar o conceito junto a toda equipe do IDIS, em agosto, foi realizada uma Master Class e ao longo de duas horas a Latimpacto compartilhou os principais conceitos relacionado aVenture Philanthropy e por meio de cases, ajudou a esclarecer como acontece na prática.
‘Solidariedade’ e ‘doação’ foram palavras muito citadas nos momentos do auge da pandemia de Covid-19, pois foram esses dois conceitos, somados às diversas iniciativas do Terceiro Setor, que garantiram a sobrevivência de milhares de pessoas, vítimas, diretas ou não, do Coronavírus.
Mas, na medida em que o sentimento de emergência arrefeceu, essas expressões começaram a minguar junto com o número de casos. Sabemos que sem uma boa dose de impulso, a tendência é que tudo volte ao que era antes, e que a ‘solidariedade’ e a ‘doação’ fiquem, cada vez mais, anestesiadas.
Portanto, estamos em um instante propício, senão necessário, para que as empresas usem a influência que têm sobre seus colaboradores para prolongar, ou talvez até perenizar, o hábito da doação.
Na segunda semana de novembro, o IDIS e a PYXERA Global promoveram um workshop sobre iniciativas solidárias envolvendo colaboradores, reunindo uma audiência online de cerca de 60 representantes de empresas e interessados no assunto. Confira a apresentação completa:
Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, falou sobre Cultura de Doação e o papel das empresas, trazendo dados sobre hábitos de doação individual, investimento social privado e mostrando a potência de quando esses dois universos se encontram no desenvolvimento de ações solidárias com colaboradores.
Fernanda Scur, Partnership Strategist for Collective Impact da PYXERA Global, destacou sobre como é possível quebrar silos e engajar colaboradores em ações de impacto. A representante reforçou: “as empresas podem contribuir para o bem da sociedade ao mesmo tempo que atendem objetivos de negócio, gerando impacto triplo com foco nos colaboradores, nos negócios e na comunidade”.
Histórias que inspiram
O workshop também contou com a participação de Carlos Pignatari, head de Impacto Social da Cervejaria Ambev, Liliane Moura, supervisora de Projetos Sociais do Instituto 3M, e Tomás Carmona, superintendente de Sustentabilidade da SulAmérica, que compartilharam suas experiências no evento.
O workshop foi acompanhado pela artista gráfica Mila Santoro, da Regência Criativa, que registrou todas conversas. Os aprendizados foram sistematizados em uma publicação, que inclui um passo-a-passo para orientar os interessados em engajar o público interno em atividades de solidariedade, mas que não sabem exatamente por onde começar.
Engajar os colaboradores em ações solidárias é uma iniciativa que traz benefícios para muitos. Os resultados possíveis dessa união são diversos, indo além do impacto social gerado. Melhoria do clima organizacional, aumento do sentimento de pertencimento, oportunidade de desenvolvimento de competências, fortalecimento de laços entre colaboradores, aprofundamento do relacionamento com a comunidade da empresa, contribuição à estratégia de impacto e investimento social privado da empresa, contribuição à atração talentos e contribuição à reputação da marca junto a clientes são alguns dos benefícios de ações solidárias envolvendo os colaboradores. Tudo isso sem mencionar a melhora da imagem junto aos clientes. E as pesquisas mostram que consumidores esperam, cada vez mais, que as empresas desempenhem um papel social relevante. O consumidor demanda ações concretas da iniciativa privada, recompensando as marcas que admira e punindo aquelas que não correspondem às expectativas.
O brasileiro é solidário. Doar dinheiro, fazer um trabalho voluntário ou simplesmente ajudar um desconhecido são atitudes que fazem parte de nosso dia a dia . A pandemia que estamos vivendo em 2020 nos mostrou, mais do que nunca, a relevância desse tipo de ação e como precisam ser ampliadas ainda mais.
A experiência do IDIS e da PYXERA Global indica que o setor privado tem um papel fundamental no estímulo e facilitação dessas ações de solidariedade junto a colaboradores, que podem ser realizadas por meio de programas de engajamento desenhados estrategicamente. Essas iniciativas podem ir muito além do engajamento, criando alinhamento interno entre as estratégias de impacto e de negócio, já que as empresas têm também um papel social relevante.
Quando unimos o investimento social empresarial com os anseios individuais, encontramos um campo fértil para ações solidárias de empresas junto ao seu público interno, porque pessoas são movidas por propósitos. Os resultados possíveis dessa união são muitos, indo além do impacto social gerado. Melhoria do clima organizacional, aumento do sentimento de pertencimento, oportunidade de desenvolvimento de competências, fortalecimento de laços entre colaboradores, aprofundamento do relacionamento com a comunidade da empresa, contribuição à estratégia de impacto e investimento social privado da empresa, contribuição à atração talentos e contribuição à reputação da marca junto a clientes são alguns dos benefícios de ações solidárias envolvendo os colaboradores.
As pesquisas mostram que consumidores esperam, cada vez mais, que as empresas desempenhem seu papel social, demandando ações concretas, recompensando as marcas que admiram e punindo aquelas que não correspondem às expectativas . Ou seja, estamos falando do impacto triplo das ações de engajamento: Impacto nos Colaboradores, Impacto no Negócio, e Impacto na Comunidade.
Neste artigo, trazemos recomendações àqueles que desejam estruturar programas, integrando impacto social e engajamento, com dicas que podem ser seguidas por empresas de todos os portes e segmentos de atuação, organizadas em quatro estágios: diagnóstico; ideação e planejamento; execução; e amplificação e aprendizado.
DIAGNÓSTICO
1. Escolha um foco de atuação e descubra sua causa
Os desafios socioambientais no Brasil são inúmeros e complexos. Como decidir, então, qual será o foco de sua atuação? Em geral, é mais proveitoso investir tempo e recursos em um único foco de atuação do que distribuir para vários projetos de diferentes causas, pois o impacto gerado tende a ser maior.
A escolha da causa deve vir de dentro para fora. A causa deve ser coerente com as práticas organizacionais da empresa e com os interesses do público interno. Quanto mais o investimento social privado (ISP) for uma extensão do comportamento gerencial e uma extensão dos negócios, dos valores e dos princípios da empresa, melhor. Para conhecer os desejos dos colaboradores, faça uma pesquisa. Um jeito legal e divertido de fazer este mapeamento é aplicar o teste Descubra sua Causa. E se houver recursos, estender esse mapeamento a fornecedores e clientes permitirá entender ainda com mais detalhes os interesses daqueles que fazem parte de seu ecossistema.
Engajar os colaboradores em ações solidárias pode contribuir para o clima organizacional, para o envolvimento dos colaboradores com a empresa e até para o desenvolvimento de competências. Se estes são objetivos, vale a pena fazer uma pesquisa para definir uma linha de base.
2. Conheça o ecossistema e as necessidades da comunidade
Certo, você já sabe a causa que irá defender, mas antes de começar a agir, é preciso conhecer a fundo o problema que pretende atacar.
Faça uma análise detalhada das necessidades de investimento no foco de atuação escolhido. Identifique as principais demandas sociais relacionadas à causa e avalie como pode contribuir. Não deixe de mapear também quais são os recursos e as pessoas que já contribuem com a causa escolhida e o que pensa a comunidade do entorno.
O bom conhecimento do contexto social levará à construção de uma visão de futuro mais madura e à escolha de um foco de atuação de relevância para o desenvolvimento da comunidade em que a empresa está inserida.
Empresas concorrentes também devem ser foco de atenção. Conheça o que elas estão fazendo e avalie se gostaria de apostar em uma diferenciação ou se há possibilidade para uma atuação conjunta, potencializando o impacto positivo para a causa.
Por fim, conhecer as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioambiental também é importante nesse processo. É fundamental verificar se as políticas são boas, mas não estão sendo implantadas, e se existem políticas locais nas regiões em que a
empresa está presente. A partir disso, é possível avaliar se seu o foco pode funcionar como catalisador ou facilitador da implementação dessas políticas, permitindo que certos grupos populacionais se beneficiem do que já existe.
Esse mapeamento permitirá delimitar o foco de atuação da empresa em relação à causa e o delimitar o foco geográfico, avaliando se o investimento será em uma comunidade específica ou em uma cidade, região ou país.
3. Engaje as lideranças
As informações já foram coletadas. É preciso organizá-las e discuti-las com as lideranças da empresa, para que se tome uma decisão de política corporativa em relação ao ISP e sobre como colaboradores podem ser envolvidos. Os objetivos e práticas devem estar alinhados com as políticas de sustentabilidade e responsabilidade social da empresa e o mapeamento interno e externo permitirão uma tomada de decisão consciente e coerente com o negócio, não apenas baseada na intuição ou na opinião pessoal de alguma dessas lideranças.
Nesse âmbito será possível definir também as questões de governança do projeto. Quem será responsável pela implementação? Que outras áreas devem ser envolvidas e de onde virá o orçamento?
IDEAÇÃO E PLANEJAMENTO
4. Planeje sua intervenção
Qual o público beneficiário e quais os influenciadores? Qual será a estratégia para implementá-la e quais os resultados que se espera alcançar para a causa e para a empresa?
A área responsável por conduzir o projeto deverá responder a essas perguntas, desenhando com detalhes a iniciativa. Deve considerar o orçamento disponível, assim como a infraestrutura e recursos humanos da própria empresa que podem ser aproveitados em prol da causa.
O processo de desenho do programa e planejamento de impacto inclui compartilhar sua visão com a equipe, tomar decisões sobre os principais aspectos do programa e desenvolver estratégia de programa e materiais básicos.
Aqui também será definida a forma como o público interno poderá participar. Ele contribuirá com dinheiro, bens ou tempo? Haverá algum tipo de ‘matching’ da empresa? Em caso de voluntariado, os profissionais serão estimulados a usar conhecimentos técnicos ou gerais? Poderão atuar durante o período de trabalho ou farão as atividades em seu tempo livre?
Exemplos de ações de engajamento:
Programas de voluntariado profissional (pro bono)
Programas de mentorias
Mutirão ou programa contínuo
Estímulo a doações com potencial matching
Payroll giving, quando a doação é descontada diretamente da folha de pagamento
5. Defina indicadores de impacto
A estrutura de mensuração de impacto deve ser definida nesta fase. Para acompanhar os resultados do investimento social e de seu programa de engajamento de colaboradores, defina os indicadores que irão refletir sua efetividade e monitore o projeto desde o início, verificando se os resultados parciais estão indicando a direção certa.
EXECUÇÃO
6. Comunique e mobilize
Trace um plano de comunicação para disseminar a iniciativa entre todos os públicos da empresa – sejam internos ou externos.
Para conscientizar e mobilizar o público interno, uma estratégia interessante é criar um comitê com representantes de diferentes áreas da organização. Você pode também definir ‘sponsors’ de projeto, pessoas com algum nível de influência dentro da empresa que se disponham a fazer esse papel de divulgação. Costuma ser eficiente utilizar os canais de comunicação usuais da empresa, mantendo o fluxo de comunicação constante sobre o programa, em seus diferentes estágios (ex. período de inscrição; divulgação de projetos selecionados; divulgação do andamento; divulgação dos resultados).
7. Implemente a ação
Agora é a hora de botar a mão na massa! Itens a serem executados nessa fase, vão desde a seleção de participantes, desenvolvimento dos projetos em si (seleção de organizações de sociedade civil, apoio aos participantes do programa durante o processo, ações de preparação e reflexão, etc.)
Não deixe de estabelecer maneiras de reconhecer o trabalho voluntário dos participantes do programa. Seja criativo. Os participantes podem receber, por exemplo, camisetas ou sinalizadores de mesa que permitam ser identificados pelos colegas. É recomendável também planejar homenagens em eventos especiais, materiais institucionais, certificados, além de divulgar as atividades, conquistas e resultados em murais internos ou na intranet da empresa. Um bom programa necessita de seus HERÓIS!
8. Monitore e avalie
A partir da estratégia de mensuração definida na fase de diagnóstico, é possível identificar o marco zero, isto é, a situação inicial antes da intervenção. É preciso avaliar o benefício social resultante do investimento em termos qualitativos e quantitativos. Acompanhe também, por exemplo, número de colaboradores envolvidos, horas de trabalho dedicadas ou volume doado, atividades realizadas, número de pessoas beneficiadas, recursos arrecadados e doados.
9. Compartilhe os resultados
Contar as conquistas de um programa, além de ser muito prazeroso, é uma boa prática de transparência e contribui para fortalecer a confiança em ações de impacto.
Lideranças, todos os colaboradores da empresa, profissionais que se engajaram diretamente e organizações impactadas pela ação, acionistas, consumidores, o poder público, a comunidade são alguns dos públicos que podem ter interesse em conhecer o que foi alcançado por meio de sua intervenção. Planeje a comunicação considerando cada um de seus públicos de interesse e fazendo as adaptações necessárias para cada um deles. Essa fase é fundamental para criar uma cultura dentro da empresa sobre o impacto positivo de tais programas e qualificar o processo de tomada de decisão.
Por último: Ouça todos que participaram do processo e prepare-se para o próximo ciclo a partir de lições aprendidas!
Artigo escrito por Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, e Fernanda Scur, Partnership Strategist for Collective Impact da PYXERA Global, Latin America
Vivemos em um mundo extremamente desigual, que vem aprofundando essa desigualdade ano após ano, o que comprova que o sistema econômico e fiscal vigente está estruturado para elevar a concentração de renda. O relatório “Tempo de Cuidar” da Oxfam, organização da sociedade civil que atua no combate à desigualdade, pobreza e injustiça social, lançado às vésperas do Fórum Econômico Mundial deste ano, trás dados estarrecedores da desigualdade no mundo. Em 2019, apenas 2.153 indivíduos mais ricos do mundo detinham mais riqueza que 4,6 bilhões de pessoas. Os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riquezas que todas as mulheres que vivem na África. Se todas as pessoas do mundo empilhassem seus recursos financeiros em notas de 100 dólares e sentassem em cima, a maior parte da humanidade ficaria sentada no nível do chão, as pessoas de classe média de um país rico ficariam sentadas no nível de uma cadeira enquanto os dois homens mais ricos do mundo estariam sentados além da estratosfera, no espaço sideral. Embora todos essas comparações sejam alarmantes, o dado que mais me impressionou foi que o valor monetário global do trabalho de cuidado não remunerado prestado em sua maioria por meninas, adolescentes e mulheres é de pelo menos US$10,8 trilhões por ano, isso significa que se essa riqueza fosse gerada por um país seria a terceira maior economia do mundo, bem perto do PIB chinês. Esse montante não pago a essas mulheres e meninas sustenta parte da economia mundial e a maior parte dessa fatia está indo para os mais ricos. São mais de 12,5 bilhões de horas de cuidados diárias em tarefas como cozinhar, limpar, buscar água e lenha, cuidar de idosos, outras crianças ou parentes debilitados entre outras atividades que são essenciais.
Esse cenário de desigualdades vem se aprofundando ao longo dos anos e cada ente da sociedade (indivíduos, organizações, empresas e governo) tem seu papel no combate a esta situação. Um primeiro passo é ampliar a consciência, entender o que está acontecendo, como esse mecanismo está estruturado e os impactos que essa desigualdade profunda trás, e trará cada vez mais, para o mundo e consequentemente para si e para o seu entorno. A partir dessa reflexão, podemos compreender como nossos diferentes papéis – eleitor, consumidor, empregado, empregador ou cidadão – influenciam essa dinâmica, para então traçar um plano para mudar hábitos e atitudes que causem efeitos positivos no mundo que desejamos viver.
A mesma reflexão serve também para empresas e organizações. Ao avaliarem sua estratégia de negócio, sua atuação, sua cadeia de valor, seu entorno, suas relações com o poder público e suas ambições de futuro, devem incluir nessa análise metas claras não mais de mitigação de danos, mas sim de efetivos esforços para causar um impacto positivo, trazendo benefícios para a sociedade. Talvez você se pergunte: “Mas por que uma empresa deve pensar em causar impacto positivo se já gera empregos e paga seus impostos?”, minha pequena contribuição para esclarecer esse questionamento é que além da sua intrínseca responsabilidade social e necessidade de licença social para operar, devemos entender que hoje é uma estratégia de sobrevivência contribuir para um mundo mais equilibrado e justo ambiental, social e economicamente. Os impactos econômicos da desigualdade e dos desequilíbrios ambientais afetarão as empresas. Os mercados consumidores, mão de obra qualificada, acesso a recursos e insumos e legislações cada vez mais rigorosas são alguns dos fatores ligados à desigualdade e aos impactos ambientais que as empresas terão que lidar. Todos nós temos uma decisão a tomar, que papel queremos ter na solução deste problema? É preciso agir para reduzir a desigualdade.
* André Rodrigues de Lara é Gerente de Projetos no IDIS
Evento na Fiesp debate o investimento social corporativo como instrumento de mudanças sociais e foca na primeira infância para promover o desenvolvimento econômico sustentável.
A Responsabilidade Social Corporativa como geradora de conhecimento e práticas. Cientes dessa força para estabelecer a real imagem de cidadania empresarial, além de agregar valor aos seus produtos e processos, empresários e investidores sociais reunidos no dia 19 de Abril, na Fiesp, em São Paulo, compartilharam experiências e debateram o investimento social corporativo, que nada mais é que a doação de forma voluntária, por parte da empresa, de recursos financeiros, humanos, técnicos, gerenciais ou em espécie voltada para o interesse público. Ao compartilhar essas experiências, enfatizaram a necessidade de planejamento, com o devido monitoramento e avaliação.
Iniciativas reconhecidas como modelos de sucesso foram apresentadas, assim como o retrato do investimento social corporativo no Brasil. E o foco do evento foi mantido na Primeira Infância e como esse investimento pode afetar positivamente a força de trabalho de um País.
Mediado pelo fundador do IDIS, dr. Marcos Kisil, o painel ‘Empresários pela Primeira Infância’ contou com a participação da diretora global da ReadyNation, Sara Watson. A entidade, sem fins lucrativos, atua em escala mundial para o desenvolvimento econômico a partir do investimento na infância e na juventude. Para Sara, os motivos para apoiar a primeira infância são claros: “Existe uma relação direta entre os cinco primeiros anos de vida de uma criança e o desempenho dos funcionários adultos”. Ao lado de Sara Watson estava José Luiz Egydio Setubal, presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, gestora do Hospital Infantil Sabará. “Uma infância saudável gera uma sociedade melhor”, ressalta José Luiz.
O evento foi organizado pelo Conselho Superior de Responsabilidade Social (Consocial) e pelo Comitê de Responsabilidade Social (Cores) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Para saber mais sobre a participação de CEOs, acionistas, diretores, gestores, profissionais de institutos e fundações empresariais, e a troca de experiências proporcionada pelo Seminário de Investimento Social Corporativo e pelo Workshop Construindo o Investimento Social Corporativo, clique AQUI!
Em 1974, um grupo de professores e alunos da Universidade de São Paulo (USP) foi para o Campo Limpo – um dos bairros mais pobres e violentos da cidade – levar recreação e aulas de reforço escolar para as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. As atividades eram ao ar livre, geralmente em uma rua fechada ao trânsito de carros. Era inverno e a garotada usava touca para se proteger do frio.
Assim, surgiu o nome Turma Touca, uma das duas organizações vencedoras do programa RenovAção, promovido pelo Instituto Cyrela com apoio técnico do IDIS. Realizado anualmente, a iniciativa premia, com o financiamento de reformas e construções, as entidades que desenvolvem importantes ações sociais. Em sua terceira edição, o RenovAção recebeu 91 inscrições dos três municípios contemplados pelo edital – São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A outra vencedora foi o Centro de Assistência e Promoção Social (CAPS) Nosso Lar, também de São Paulo, que atende por dia cerca de 4,2 mil moradores da capital paulista com idade de 0 a 59 anos.
O projeto premiado da Turma da Touca é a ampliação de uma sala para a construção de um fraldário, nos parâmetros da norma Padrões Básicos de Qualidade da Educação Infantil Paulistana, da Prefeitura de São Paulo. A instituição quer oferecer atendimento a 36 bebês de 1 a 2 anos. A reforma visa adequar o espaço para a faixa etária, qualificando o acolhimento. A organização atende ainda jovens e adultos em projetos de inclusão social e promoção de cultura. Sua missão é resgatar a cidadania, a dignidade e a melhoria da vida da criança, do jovem e do adulto da periferia de São Paulo com a certeza de que a solidariedade faz a diferença.
Atuar na comunidade com pessoas em situação de vulnerabilidade social também é o trabalho realizado pelo CAPS Nosso Lar, fundado no ano de 1991 e que atualmente possui 24 unidades de atendimento na zona leste de São Paulo. Uma dessas unidades é o Centro Nosso Lar de Educação Profissional (CENLEP) que oferece formação para 600 jovens e adultos. O projeto premiado pelo Instituto Cyrela vai implantar um sistema de refrigeração em três laboratórios de informática e na sala de multimídia, com o intuito de reduzir a manutenção e a reposição dos computadores por conta de superaquecimento e proporcionar maior conforto aos alunos do centro.
“Ter sido contemplada por esse edital vai possibilitar fortalecer nossas ações junto à comunidade local. Sensibilizados com a carência de vagas e ao encontro de nossa missão – mesmo sabendo que não é de nossa responsabilidade o controle de vagas – é dever da nossa instituição contribuir com a redução da enorme demanda de berçário em nossa região. Agradecemos ao IDIS e ao Instituto Cyrela por escolherem com responsabilidade o nosso projeto”, declara Sheila Brunelli, gerente geral da Turma da Touca.
26Desde a primeira edição do programa RenovAção, o IDIS é o responsável pela elaboração do regulamento, pelo recebimento das inscrições e pela organização da banca examinadora de seleção dos finalistas e ainda pelo monitoramento da aplicação do recurso recebido pelas organizações vencedoras. Os projetos vencedores devem iniciar os trabalhos de melhoria de infraestrutura a partir do mês de agosto.
Profissionais da área de projetos do IDIS foram ao Pará, visitar duas cidades: Itaituba, que fica às margens do rio Tapajós, e Barcarena, localizada junto ao rio Pará. Ambas são portos de rios, nos quais a empresa Hidrovias do Brasil (HBSA) mantém operações. Além da ida às instalações da HBSA, Raquel Coimbra e Olivia Castello Branco também foram até as comunidades do entorno dessas cidades para entrar em contato com a realidade local e conhecer melhor os projetos sociais mantidos pela HBSA.
O objetivo dessa viagem foi entrevistar os principais stakeholders da empresa para conhecer as necessidades e os ativos locais que poderiam ser aproveitados e potencializados dentro de uma nova estratégia social da HBSA.
Foram realizadas entrevistas com autoridades do poder executivo e legislativo, Secretarias Municipais de Educação e Assistência Social, líderes comunitários, dentre outros, e visitas a equipamentos como o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), a Escola Estadual Dutra e a Sede Regional da Funai.
A empresa tem se inclinado a contribuir para a educação nos mais variados segmentos das comunidades em que atua, sejam jovens, adultos, idosos, mulheres ou indígenas, que de alguma maneira podem encontrar na educação, empregabilidade e empreendedorismo, instrumentos para melhora das condições de vida.
“Nossa visita ao Pará foi essencial, pois nos permitiu ver de perto a realidade das comunidades e entender suas necessidades mais urgentes. Ficamos surpresas com o alinhamento e a clareza dos entrevistados, que ressaltaram a importância da educação como ferramenta de transformação, focando especialmente na educação profissionalizante”, afirma Olivia, da equipe de Projetos do IDIS.
A HBSA é uma empresa de logística especializada em transporte hidroviário de commodities agrícolas, minérios, produtos siderúrgicos e outras cargas. As operações principais da HBSA no Brasil estão localizadas nos municípios de Itaituba e Barcarena de onde as commodities são transportadas em especial para Ásia e Europa via Canal do Panamá.
Em julho consultores do IDIS reuniram-se com organizações não governamentais dos municípios mineiros de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Serro. A atividade é parte do projeto Fortalecimento da Sociedade Civil dos Municípios da Região da Mina executado pelo IDIS no âmbito do Germinar – programa social desenvolvido pela Anglo American nas cidades de influência direta e indireta do Sistema Minas-Rio. O empreendimento inclui uma mina de minério de ferro e unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas; mineroduto com 529 km de extensão e que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses; e o terminal de minério de ferro do Porto de Açu, no qual a Anglo American é parceira da Prumo Logística com 50% de participação, localizado em São João da Barra (RJ).
Foram realizadas oficinas de um dia e meio em cada uma das cidades com o objetivo de desenvolver a capacidade das ONGs de elaborar um plano de mobilização de recursos alinhado à sua estratégia de ação. A atividade é dividida em duas etapas: na parte teórica são apresentados os elementos que devem fazer parte de um plano de mobilização de recursos (Abordagem e Conversão, Programa de Doação, Cultivo e Relacionamento, Comunicação, Cronograma de Atividades, Back-Office e Infraestrutura, Orçamento e Metas e Indicadores). “E na parte prática fazemos juntos um exercício passo-a-passo de desenvolvimento do plano de mobilização”, explica Raquel Coimbra, diretora de Projetos do IDIS. Essas oficinas são a finalização do ciclo de capacitações do programa Germinar.
Em 2015 o IDIS também apoiou a Anglo American na fase inicial do programa Germinar realizando o diagnóstico local utilizando a metodologia ‘Desenvolvimento Comunitário baseado nos Talentos e Recursos Locais – ABCD (Asset-Based Community Development)’. Na ocasião os consultores do IDIS mapearam 84 organizações atuantes nessas localidades, que participaram de uma capacitação composta de três ciclos: elaboração de projetos sociais, gestão desses projetos e captação de recursos via leis de incentivo fiscal.
Antes de encerrar 2015, o IDIS teve o prazer de comemorar, junto com 31 jovens aprendizes do CEPAC, Associação para Proteção das Crianças e Adolescentes, de Barueri, a conclusão de um projeto de educação financeira, realizado em parceria com a Victoire Brasil Investimentos
Em 2013, a Victoire procurou o IDIS interessada em fazer algum tipo de Investimento Social Privado, mas sem ter um foco definido. Depois de muito trabalho e reflexão, ficou clara a vocação da investidora para compartilhar seu conhecimento sobre gestão de recursos e foi concebido o projeto de educação financeira para jovens que estão entrando na vida profissional, buscando gerar inclusão econômica e social através de práticas de uso consciente do dinheiro e hábitos financeiros saudáveis
No ano antepassado foi feito o projeto-piloto e, em 2015, a capacitação foi realizada diretamente por uma professora especializada, selecionada pelo IDIS, e com o apoio de funcionários da Victoire que foram mentores dos alunos, todos moradores do Parque Imperial, um bairro popular de Barueri, na região metropolitana de São Paulo.
Ao final do curso, que durou quatro semanas, as aulas da professora receberam nota 9,39 por parte dos alunos e todos eles afirmaram que os conteúdos aprendidos contribuirão para suas vidas profissionais. O item mais apreciado foram as dinâmicas desenvolvidas durante as aulas seguidas da Planilha de Orçamento Mensal, que é oferecida. Cem por cento dos pais dos alunos disseram que os filhos apresentaram uma melhora em relação à gestão de suas finanças a partir do início do curso. Já o modelo de mentoria online realizada de forma voluntária pelos funcionários da Victoire, atendeu às expectativas de dois terços do aluno, enquanto o um terço restante esperava mais dessa interação, o que mostra que o modelo ainda precisa ser aprimorado.
Se tudo correr de acordo com o desejo de André Caminada, gestor da Victoire, em 2016, o IDIS terá oportunidade de fazer os ajustes necessários, já que, ao final do projeto, Caminada enviou a seguinte mensagem: “Agradeço ao IDIS e à equipe envolvida, por todo o apoio e pela ajuda para ajustar o projeto ao orçamento que tínhamos. Espero nos vermos em 2016 na continuação desse projeto”.
O IDIS realizou, em novembro deste ano o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, cujo tema transversal foi “Filantropia em tempos de crise”. Um tema atual tratado com um olhar diferente. Tivemos um dia inteiro de discussões sobre como investidores sociais podem usar seus recursos e experiências bem sucedidas para ajudar o Brasil a sair fortalecido do difícil momento que está atravessando. O sucesso do Fórum e a presença de tantos parceiros e pessoas interessadas em fazer o bem só reforça o nosso desejo de trabalhar, cada vez mais, pelo resgate de valores no país.
A diretora -presidente do IDIS, Paula Fabiani, chamou empresários e filantropos para se unirem contra a crise e por um país mais correto e justo. Paula, no seu discurso de boas-vindas ao IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, lembrou que o momento pelo qual passamos requer atenção não apenas pelas questões econômicas, mas pela exposição global de práticas das quais não temos motivos para nos orgulhar. A corrupção endêmica praticamente, é o oposto do que ser quer para o país.
“Hoje a exceção virou regra”, lembrou a presidente, que alertou que os filantropos não podem assistir quietos os agravamentos sociais e as rupturas de valores que estamos presenciando, e que é preciso, mais do que nunca, a união de forças.
O tema proposto pelo IDIS neste IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, ‘Filantropia em Tempos de Crise’, suscitou muitas discussões sobre o futuro das instituições filantrópicas, sobre o papel das novas gerações de filantropos e o poder de mobilização da sociedade para ajudar mudar o cenário do Brasil em um momento de crise como o atual. Como bem disse a diretora do Global Philanthropy Forum, Suzy Antounian, “…nas crises surgem oportunidades para mudanças estratégicas”. Aqui estão algumas das questões levantadas durante o encontro para a nossa reflexão e que mostram os desafios que temos pela frente não apenas para superar as adversidades, mas também para buscarmos a consolidação de uma cultura de doação no país.
Afonso Carrillo, filantropo guatemalteco e fundador do do Movimento MelmportaGuate, se mostrou encantado com o Brasil. “É um grande povo, um país maravilhoso …não podemos esperar por novas crises. É hora de agir, mas sei que não é fácil. Temos que resgatar valores e princípios”.
Guilherme Leal, co-presidente do Conselho da Natura, disse que um dos problemas que enfrentamos, é que o Brasil não estimula você a ser filantropo: “A filantropia é essencial, mas é absolutamente insuficiente”, diz. “O que faz um jovem mudar o rumo da vida? É querer ser milionário. Isso é muito pouco!”.
A coluna A Política Nossa de Cada De Cada Dia, da rádio BandNews FM, aborda histórias de pessoas e grupos que contribuem para uma sociedade melhor e que vai muito além de exercer o direito do voto.
Na edição do último dia 24 de agosto, a entrevistada da coluna foi Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, que comenta sobre o papel fundamental do setor privado na diminuição das desigualdades.
Apesar dos brasileiros serem considerados solidários, a posição do país ainda está aquém em relação ao hábito de doação para causas sociais, por isso, Paula Fabiani enfatiza a como é de fundamental importância estabelecer uma cultura de doação no Brasil.
Você pode ouvir a entrevista completa aqui. Confira!
Funcionária da Solar City explica energia solar para alunos de escola na África
A empresa de energia norte-americana, Solar City, cujo presidente é o empresário Elon Musk, encontrou uma forma inovadora para dar mais energia aos seus funcionários ao levar eletricidade para escolas em países em desenvolvimento.
A SolarCity criou a Fundação GivePower que instala um sistema de iluminação por energia solar em uma escola a cada megawatt de energia que a empresa implanta para seus clientes. Em 2014, a GivePower instalou sistemas de iluminação em 511 escolas na África e na América Central.
E há um bônus para alguns funcionários de melhor desempenho da SolarCity: eles ganham viagens de cinco dias de serviços para instalar o equipamento. A concorrência é dura, pois a SolarCity tem mais de 13 mil funcionários em 80 centros em todo os Estados Unidos e apenas de 10 a 15 são selecionados para cada viagem. Há cerca de quatro viagens por ano.
“Os funcionários realmente se reúnem em torno do significado e do impacto”, diz Hayes Barnard, presidente da fundação.
A Fundação GivePower colabora com outros grupos de ajuda internacional, incluindo o BuildOn, que podem fornecer serviços de tradução e ajudar no gerenciamento da logística.
Ideia do funcionário
Barnard, que entrou na SolarCity há dois anos, diz que sua experiência pessoal ajudando a construir uma escola em um país em desenvolvimento para o BuildOn, o inspirou a sugerir que a Sola City colocasse seu conhecimento de energia solar em prol da causa de iluminação escolar. Eletricidade permite que as crianças estudem mais e que adultos tenham aulas à noite. Isso pode transformar a escola em um centro comunitário.
A SolarCity iniciou seu trabalho social em casos de catástrofe, usando doações da Fundação Musk para construir sistemas de energia solar em áreas devastadas pelo furacão Katrina, no derramamento de petróleo da BP, no desastre nuclear de Fukushima e no furacão Sandy.
De acordo com o Relatório de Impacto do Milênio 2014, os jovens estão interessados em trabalhar para empresas que fornecem oportunidades para que eles que querem ser voluntários.
Lyndon Rive, chefe-executivo da SolarCity, diz que as viagens internacionais têm sido um sucesso com os funcionários, que muitas vezes lhe enviam bilhetes de agradecimento pela experiência, e tem aumentado a retenção de talentos.
É possível monetizarmos o resultado do investimento social e medir seu grau de sucesso?
A avaliação é uma parte crítica do investimento social estratégico. Por isso, o IDIS reuniu dezessete representantes das áreas de responsabilidade social de diversas empresas para debater o tema e apresentar o SROI (Social Return on Investment), uma ferramenta de avaliação de impacto de projetos sociais.
A mensuração dos resultados de projetos sociais ainda é relativamente incipiente no Brasil, apesar de ser estratégica em várias partes do mundo, como no Reino Unido, onde 75% das ONGs medem, de alguma forma, o retorno de seus trabalhos.
A presidente do IDIS, Paula Fabiani, única brasileira capacitada pela New Economics Foundation (NEF) a aplicar o SROI, apresentou o caso da Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP), cujo programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) foi o primeiro projeto no Brasil a quantificar o impacto por meio do SROI.
A avaliação mediu o impacto em crianças entre 0 e 5 anos, suas famílias, professores e cuidadores no município de Roseira, no estado de São Paulo. Foram 3 meses de trabalho intenso, conversando com educadores, crianças, familiares, levantando dados e calculando os valores dos benefícios.
O resultado final mostrou que a cada R$1 investido no programa, foram gerados R$4,08 em benefícios sociais.
“O VIM foi o primeiro caso no Brasil e conseguimos entender e medir o impacto que a ação causou para todo o grupo envolvido. O SROI mostrou-se uma ferramenta estratégica, que combina aspectos quantitativos e qualitativos e pode ser usada para avaliar ou rever resultados. Ele dialoga com os atores e investidores sociais”, explica Paula Fabiani.
Segunda Eduarda Penido Dalla Vecchia, diretora-executiva da FLUPP, o resultado do trabalho gerou a sensação de dinheiro bem investido e do dever mais do que cumprido.
Foi uma manhã de bastante aprendizado e troca de experiências. O IDIS agradece ao Demarest Advogados, que cedeu o espaço, aos palestrantes e convidados.
Ainda há muitas dúvidas e interpretações, por vezes erradas, sobre o que é e qual a importância do Shared Value. O IDIS convidou o Diretor Sênior de Desenvolvimento de Negócios na Charities Aid Foundation (CAF) America, John Holm, para uma conferência online sobre o tema. Um dos maiores nomes no assunto, tendo passado por empresas como IKEA, Subway e Starbucks, John fez uma palestra muito objetiva, chamando as empresas para uma reflexão.
Segundo ele, é preciso entender que Shared Value é uma estratégia de negócios, mais do que uma ação social.
“Trata-se de uma estratégia de negócios rentável que entrega benefícios sociais tangíveis”, explica o diretor da CAF. É importante que a empresa foque na questão social com critérios e faça a escolha correta na hora de investir, sempre pensando na comunidade, mas também na melhoria do seu negócio.
Ele deixou claro que o Shared Value não pretende resolver os problemas do mundo, mas está relacionado a melhorar os ganhos da empresa com os ganhos da sociedade.
Há uma escala de priorização dos temas sociais que pode servir de parâmetro para uma empresa:
Tema Social Genérico – não é significativamente afetado pelas operações de longo prazo da empresa.
Tema Social de Impacto Social na Cadeia de Valor – é significativamente afetado pela atividade da empresa.
Tema Social de Contexto Competitivo – afeta significativamente a competitividade da empresa, na localidade em que atua.
Para facilitar a compreensão, John exemplificou: “se o McDonald’s adotar a causa da malária, será um Tema Social Genérico porque não está diretamente ligado à sua cadeia produtiva; se a Glaxo, uma empresa farmacêutica, adotar esse mesmo tema, será um Impacto Social na Cadeia de Valor, porque tem relação com a atividade da empresa. Mas se a Anglo American adotar este tema na África, onde os funcionários perdem dias de trabalho por estarem com a doença, será um Tema Social de Contexto Competitivo e terá impacto direto na produtividade”, completa.
ONG norte-americana Ready Nation envia carta ao Secretário-Geral da ONU, Ban-Ki-moon, pedindo que Primeira Infância tenha espaço próprio nas Metas do Milênio Pós-2015. Lideranças empresariais assinaram a carta, destacando a importância dos cuidados na Primeira Infância para a preparação de uma geração mais saudável e produtiva. O IDIS articulou o apoio de 4 líderes brasileiros que endossaram a carta, junto com outros 47 grandes líderes do mundo todo. Clique aqui para ler a carta.
As Nações Unidas celebraram o Dia Mundial para Justiça Social neste 20 de fevereiro, com o secretário-geral Ban Ki-moon destacando que todos merecem uma vida digna, com respeito aos direitos humanos.
Mas o que é exatamente justiça social? A Rádio ONU ouviu a diretora-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social: “Envolve pessoas em situação de vulnerabilidade, como a pobreza e até mesmo a falta de saneamento, falta de acesso aos serviços básicos.”
Paula Fabiani foi entrevistada por Leda Letra. A especialista explica ainda a responsabilidade das empresas e do cidadão comum para a justiça social e avalia que o Brasil tem muito espaço para melhorar no setor de investimentos sociais. Ouça a entrevista concedida por Paula Fabiani.
Uma empresa é naturalmente um agregado de pessoas que trabalham por um retorno econômico. Mas por que não mobilizar os trabalhadores também para a busca de um retorno social? A iniciativa privada é um espaço especialmente privilegiado para a criação de projetos de voluntariado.
A principal pesquisa de solidariedade no mundo, o World Giving Index, da organização britânica Charities Aid Foundation, aponta o Brasil como oitavo país em número absoluto de voluntários – um ambiente propício, portanto, para programas corporativos nessa área.
As companhias colhem os frutos do envolvimento dos funcionários em ações sociais, segundo uma monografia apresentada no curso Administração para Organizações do Terceiro Setor, da FGV-SP. A pesquisa analisou as iniciativas de diversos grupos, como Itaú e Philips, e concluiu que “os ganhos indiretos do programa superam os investimentos, pois um funcionário que compreende as ações da empresa passa a respeitá-la pela transparência e se sente parte integrante da companhia e tende a produzir mais e melhor”.
Para ajudar a criação de projetos que consigam efetivamente atuar nos grandes temas nacionais, o IDIS publicou um manual com um passo a passo. O texto defende que iniciativas desse tipo são mais bem-sucedidas quando envolvem todos os escalões da instituição.
Uma sugestão é começar com a formação de um comitê que mapeie ações já existentes, pesquisar os temas que mais interessam aos funcionários e mobilizar aqueles que queiram se tornar voluntários. Num segundo momento, o alto escalão deve ser envolvido, pois é a ele que cabe a decisão de alinhar o programa às diretrizes corporativas e de sustentabilidade do negócio.
O IDIS tem grande experiência em assessorar tanto empresas que querem montar seus planos de voluntariado quanto aquelas que pretendem dar mais efetividade a ações já existentes. Está interessado? Venha conversar conosco (http://idis.org.br/contato/).
Fazer investimento social privado (ISP) não é apenas assinar cheques ou criar ações pontuais, sem continuidade. Uma transformação duradoura requer estratégia muito bem definida, que potencialize ao máximo os efeitos dos recursos. Foco, portando, é fundamental.
O documento recomenda que o processo comece com uma análise benfeita da própria companhia. “É importante levantar não apenas as doações, projetos e programas sociais da empresa, mas também seus patrocínios, para avaliar se, mesmo que de forma inconsciente, a empresa já tem uma lógica de apoio, porém ainda não explicitada”, recomenda a publicação.
Num segundo momento, o foco deve se voltar para fora: as necessidades socioambientais da região em que a empresa está instalada ou as ações dos concorrentes. “Se ela tem planta industrial, é interessante escutar a comunidade em que está inserida, tentando entender suas características e necessidades. Se é do ramo do varejo, pode montar uma pesquisa junto a seus consumidores, para identificar que causas os clientes gostariam que ela apoiasse”, exemplifica o texto do IDIS.
Vale lembrar que mesmo instituições que já fazem investimento social privado podem aprender muito com um trabalho de avaliação periódica de suas atividades. Por vezes, elas precisam estar abertas a mudanças (http://idis.org.br/organizacoes-da-sociedade-civil-precisam-estar-abertas-a-mudancas/) para aperfeiçoar sua atuação e, se necessário, adotar uma linha de ISP mais estratégica e efetiva.
O manual é apenas um ponto de partida. Fazer mudanças ou estruturar do zero um investimento social privado exige ajuda de especialistas experientes e acostumados com as pedras que muitas vezes surgem no caminho. E o IDIS pode ajudá-lo neste caminho. Fale conosco no http://idis.org.br/contato/
Cada vez mais, o investimento social privado deixa de ser apenas uma opção nas grandes empresas e passa a ser necessidade. Os consumidores, sobretudo os mais jovens, esperam que as companhias se engajem em iniciativas que realmente resultem em melhorias socioeconômicas, aponta uma pesquisa da consultoria inglesa Trendwatching. Em um relatório sobre as dez principais tendências de consumo para 2015, a empresa colocou o “branded government” entre elas.
“Atuar nessa área é agir quase como governo, perceber onde o poder público não está atuando e fazer parcerias para ajudar as pessoas”, diz a pesquisadora da Trendwatching no Brasil, Rebeca de Moraes. Mas tais mudanças, frisa o estudo, têm de ser palpáveis.
O estudo menciona dados de um levantamento do MSLGroup – que trabalha com relações públicas – segundo os quais 73% das pessoas nascidas entre 1980 e 2000 (geração chamada de millennials) “não acreditam que o governo consiga resolver sozinho todos os problemas, e 83% deles querem que as empresas se envolvam mais”.
A expectativa de que o setor privado participe mais de questões socioeconômicas de certa forma reflete o fato de que as companhias e as organizações da sociedade civil são mais bem vistas que os governos em pesquisas que captam credibilidade da população. Por exemplo: no Trust Barometer de 2014, índice global da consultoria de relações públicas Edelman Significa, as ONGs ficaram em primeiro lugar, seguidas das empresas e da mídia. O setor público ficou em quarto e último.
No Brasil, segundo a mesma pesquisa, as empresas gozam de ainda mais confiança (primeiro lugar), à frente da mídia e das organizações da sociedade civil. O governo, novamente, está em último. “Esses dados dão espaço para os negócios agirem”, comenta Rebeca.
A atuação social do setor privado, porém, não precisa estar ligada a grandes temas. Mais interessante é detectar problemas atuais que estão impactando a vida das pessoas. “As marcas devem ler jornais para entender quais questões afetam diretamente a sociedade”, continua Rebeca.
Assim, ela ressalta, a ação social não fica restrita apenas aos grandes grupos: “É preciso trabalhar coisas mais visíveis e propor ações pequenas. Não precisa ser a Coca-Cola e ter um departamento enorme: as marcas menores também podem fazer iniciativas localizadas impactantes”.
E impacto é fundamental nesse caso. O público percebe quando um projeto é só publicidade, avalia a pesquisadora. “Se as pessoas veem que o trabalho é apenas marketing e que não causa impacto nenhum na sociedade, as empresas serão malvistas e mal faladas”, diz. A percepção tende a ser mais ou menos esta, como resume o texto da Trendwatching: “Se parece um golpe de relações públicas, é provável que seja mesmo”.
Isso não significa que a empresa não possa se beneficiar de sua ação. O relatório cita um caso da montadora Volvo, que fez parceria com a agência nacional de transportes da Suécia para criar estruturas de abastecimento de veículos elétricos. O projeto inclui um sistema sem fio que alimenta baterias da frota de ônibus elétricos da cidade de Gotemburgo, no sudoeste do país. “A empresa ganha, claro, mas não era prioridade do governo criar o sistema. As pessoas veem com olhos positivos a iniciativa da fabricante”, aponta Rebeca. O estudo faz referência também a um projeto do aplicativo Waze, que fechou acordo de compartilhamento de dados de tráfego com prefeituras para ajudar a melhorar as condições de trânsito.
Falar sobre questões mais imediatas e cotidianas, no entanto, exige ousadia. A pesquisadora da Trendwatching lembra, por exemplo, que os “rolezinhos” de jovens em shoppings de alguns municípios brasileiros, no ano passado, tinham por trás uma identificação forte com marcas de roupas e calçados. Ainda assim, várias delas não tiveram coragem de falar sobre o tema, conforme reportagens registraram na época.
“É muito difícil ver marcas que se pronunciem sobre questões polêmicas: elas têm medo de afastar seus consumidores. Mas há problemas que simplesmente não podem ser ignorados e que devem, na verdade, até mesmo ser abraçados”, defende Rebeca, mencionando as crises de abastecimento de água e energia elétrica e a corrupção.
A nota técnica explica a importância da definição do foco do investimento social corporativo e seu processo de construção. Também descreve o que a empresa deve observar na hora de estabelecer o foco de um programa de Marketing Relacionado a Causas.
As empresas estão cada vez mais preocupadas em abordar temas de caráter social. A criação de institutos e fundações empresariais, e o investimento cada vez maior de dinheiro corporativo em algumas causas, são um sinal claro dessa mudança. A fronteira entre ação privada e ação social está desaparecendo? Esse foi um dos principais tópicos da plenária Transformações do Investimento Social, que abriu o 8º Congresso do Gife, ocorrido em São Paulo entre 19 e 21 de março.
“A lógica da compartimentação não funciona mais, e as empresas incorporam em seu DNA a resolução de problemas sociais”, afirmou um dos membros da mesa, o professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP Ricardo Abramovay. Já a presidente do conselho do Greenpeace Internacional, Ana Toni, deixou claro que tem ressalvas a esse embaralhamento de fronteiras.
Ana levantou vários questionamentos sobre o posicionamento das empresas em relação a problemas sociais. Elas estariam reagindo à pressão da sociedade? Seria uma percepção interna dos problemas? Para ela, o que importa é que “a natureza das empresas limita seu papel social, e não é necessariamente ruim haver fronteiras”.
De certa forma, Lucy Bernholz, professora da Universidade de Stanford, fez coro à afirmação de Ana ao dizer que haveria desafios para a confusão de limites entre empresas e organizações da sociedade civil. “A democracia deve resguardar espaço privado para a ação civil, e a ruptura da sociedade pelos políticos, pelo dinheiro e pelas empresas pode ser um perigo”, comentou.
Abramovay fez questão de dizer que não se trata de “oferecer imagem acrítica” da atuação das empresas, mas sim de que as fundações com atuação social fazem as companhias pensarem nos impactos de suas inovações. “O debate público é algo ao qual as corporações estiveram imunes no século 20, mas hoje até o Greenpeace cobra uma posição das empresas. Há movimento para reintroduzir valores na ciência econômica”, apontou.
Ana reconheceu que a “voz das companhias é fundamental para alguns temas públicos”, ainda que as empresas mantenham-se longe de algumas questões mais polêmicas, como as referentes a defesa de direitos. Ela ainda disse que o Greenpeace só consegue cobrar uma posição das empresas por ser independente delas e de governos.
Sociedade digital
Parte importante do debate girou em torno da chamada “sociedade civil digital”, definida por Lucy como aquela em que recursos digitais são usados para “organizar, criar, distribuir e financiar benefícios públicos”. Segundo a professora de Stanford, o ambiente virtual muda a “maneira como abordamos problemas comuns, como nos voluntariamos, como nos associamos enquanto cidadãos independentes, e como nos organizamos para mudanças e projetos”.
Outro participante da plenária, Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann, lembrou que a era digital muda as formas de governança e o local onde está o conhecimento. “Muita coisa vai ser aprendida com tentativa e erro, o que coloca desafios para o modus operandi das organizações”. Um dos desafios é a rapidez com que as demandas são postas no ambiente digital. “Precisamos de uma institucionalização preparada para responder à velocidade das coisas. A nova geração que está vindo é mais rápida.”.
A alocação de recursos digitais, porém, é desigual, destacou Lucy. O que leva à necessidade de uma discussão importante sobre o ambiente legal em que se dão as novas relações. “Nos Estados Unidos, há um perigo grande de a sociedade civil ser apagada por quem está à frente da regulação do ambiente digital”, disse. Mizne mostrou também preocupações nesse mesmo sentido: “O debate digital passa ao largo da sociedade civil. As empresas estão dominando a discussão”.
A desigualdade se manifesta também entre quem está alfabetizado para usar a rede e quem não está. “A era digital não é uma escolha, ela está aí, e a chance de desigualdade aumentar é enorme”, disse Mizne. Ele apontou quem umas das missões do investimento social privado seria financiar ações nesse campo.
Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a maioria das grandes corporações desenvolve algum tipo de investimento social privado, a ponto de alguns projetos ficarem bem conhecidos do grande público, como a campanha sobre câncer de mama do Instituto Avon ou o McDia Feliz. Lá (e talvez também aqui) há um enorme grupo de empresas sem atuação social: as pequenas e médias.
É de olho nesse público que a norte-americana Rachel Hutchisson, diretora de cidadania corporativa e filantropia da Blackbaud, Inc. –empresa de tecnologia especializada em soluções para o terceiro setor- criou o blog Business Doing Good, com dicas práticas para que pequenos e médios empresários construam seu investimento corporativo do zero.
Em um post de apresentação do site, a própria Rachel deixa claro que a realidade é diferente dentro da pirâmide social corporativa: “Este blog é para o resto de nós, para aqueles que até podem estar informados sobre o que os ‘caras grandes’ estão fazendo, mas precisam de conselhos práticos para construir projetos nos pequenos e médios negócios em que milhões de pessoas trabalham todos os dias”.
Logo de início, Rachel fez uma série de textos que serve praticamente como um passo a passo para que esse nicho de empresários consiga se familiarize com o investimento social privado. Para mostrar a importância do planejamento, a primeira frase da primeira postagem é: “Doar dinheiro é difícil”.
A especialista lembra que muitas empresas acabam doando esporadicamente, conforme chegam pedidos e de acordo com o gosto de seus donos ou dirigentes. Para ser estratégico e realmente realizar o investimento social privado, no entanto, é preciso agir de maneira diferente. O primeiro passo é levantar o valor de tudo o que sua empresa faz para a comunidade, como doações em dinheiro, em produtos e em apoio a eventos.
As etapas seguintes, descritas de modo muito didático nos textos no site, falam sobre como: escolher uma causa, determinar um orçamento para investimento social, definir a estrutura jurídica dentro da qual se vai investir (uma fundação, um instituto…), usar maneiras não tradicionais de expandir suas doações, criar políticas filantrópicas tanto para dentro quanto para fora da empresa, lidar com pedidos de doações.
Atualmente, o blog também está publicando dicas práticas para pequenos e médios empresários que queiram criar programas de voluntariado em seus negócios.
Além de servir como um guia, o Business Doing Good traz conteúdo para quem se interessa por temas ligados ao investimento social privado empresarial. Por exemplo, o blog periodicamente apresenta exemplos de empresas inovadoras em sua ação social, como a 2 Degrees Food, que doa alimentos ao mesmo tempo em que vende barras de cereais.
Os investimentos sociais de empresas no Brasil cresceram 18% entre 2011 e 2012, apesar do fraco desempenho da economia no período. Os dados são da pesquisa Benchmark do Investimento Social Corporativo (Bisc), realizada pela Comunitas, organização da sociedade civil fundada por Ruth Cardoso e voltada à gestão e à pesquisa em responsabilidade corporativa. O volume de recursos somou R$ 2,5 bilhões – o maior desde que o levantamento começou a ser feito, em 2008. Em 2011, o valor havia sido de R$ 2,1 bilhões.
Os investimentos sociais de empresas no Brasil cresceram 18% entre 2011 e 2012, apesar do fraco desempenho da economia no período. Os dados são da pesquisa Benchmark do Investimento Social Corporativo(Bisc), realizada pela Comunitas, organização da sociedade civil fundada por Ruth Cardoso e voltada à gestão e à pesquisa em responsabilidade corporativa. O volume de recursos somou R$ 2,5 bilhões – o maior desde que o levantamento começou a ser feito, em 2008. Em 2011, o valor havia sido de R$ 2,1 bilhões.
Os dados foram colhidos de 224 empresas, 30 fundações empresariais, um instituto independente e uma federação de empresas. Além de contrastar com a economia fraca do período, o aumento superou as expectativas das próprias entidades pesquisadas: 81% investiram mais do que previam na edição anterior da pesquisa.
O bom desempenho “reflete a continuidade de um processo de maior envolvimento das empresas com os investimentos sociais, que se manifesta na menor sensibilidade dos valores aplicados a oscilações anuais no ciclo econômico”, avalia o relatório.
O documento também afirma que os projetos se estendem por um período maior do que o calendário anual, o que significa que os aportes frequentemente se mantêm para dar continuidade à ação social. “Uma vez iniciado, o ritmo do projeto pode exigir a continuidade das aplicações, caso contrário, a paralisação das obras ou a interrupção dos serviços prejudicaria as comunidades e comprometeria o relacionamento das empresas com elas”.
Outro ponto positivo apontado pelo texto é que a proporção do investimento social das empresas no Brasil, em relação ao lucro bruto, permanece acima da registrada por companhias norte-americanas. Em 2012, a porcentagem chegou a 1,37%. Nos Estados Unidos, a fatia é de 1%, segundo o Committee Encouraging Corporate Philantropy. Os números nacionais superam os norte-americanos desde 2009, mas a diferença vem crescendo desde então. Isso ocorre mesmo entre as companhias de pequeno ou médio porte (1,39%).
Os motivos mais citados para injetar recursos na área social são a aproximação com as comunidades (70%), o fortalecimento da imagem e da reputação da empresa (65%) e a melhoria na qualidade de vida dos beneficiários (61%).
Perfil do investimento
Educação e cultura continuam sendo as áreas campeãs de investimentos sociais das empresas analisadas pela pesquisa. Em 2012, 44% dos recursos foram para os dois campos. A educação, sozinha, recebeu R$ 679 milhões – 15% a mais do que em 2008.
A participação dos incentivos fiscais nos investimentos sociais chegou a um patamar histórico, mas ainda se restringe a 25% do total investido pelas organizações pesquisadas. Parte significativa das entidades (30%) não usa incentivo fiscal algum para financiar projetos. Por isso, o relatório conclui que os benefícios tributários “não sustentam os investimentos privados nos volumes observados”. A cultura continua a ser a área que mais recebe apoio público, basicamente em razão da Lei Rouanet, responsável por 59% da verba proveniente de incentivo.
Voluntariado
Parte do relatório debruçou-se sobre os programas de voluntariado das empresas. A maioria delas (73%) afirmou que o principal motivo para incentivar essa prática é engajar os funcionários e fornecedores na linha social definida pela corporação. As companhias entrevistadas disseram que o voluntariado fortalece o espírito de equipe dos colaboradores (88%), faz com que eles se identifiquem com a cultura da corporação (88%) e melhora as relações das empresas com as comunidades (81%).
A principal forma de estímulo a essa prática continuam sendo as “atividades em grupo propostas pelas empresas”: 93% das entrevistadas adotavam essa estratégia. Mas a iniciativa de liberar horas de trabalho para que os empregados se dediquem ao voluntariado cresceu muito: 60% adotam programas desse tipo (eram 35% em 2010 e 37% em 2011).
Também surpreendeu o aumento das doações casadas – em que as empresas doam recursos financeiros na medida em que seus funcionários doam horas para trabalho voluntário: 53% usam essa estratégia (eram 35% em 2010 e 26% em 2011).
A cada 100 empresas brasileiras, 99 são micro ou pequenas (MPEs) – ou seja, faturam até R$ 3,6 milhões ao ano, segundo dados do Sebrae. A participação desse grupo no investimento social, porém, é quase nula. Isso ocorre em razão tanto da falta de cultura de doação quanto da ausência de uma estrutura para esse tipo de prática, avalia o professor Marcelo Aidar, coordenador-adjunto do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP).
“Essas empresas mal dão conta de atender a seus requisitos sociais, como estar de acordo com a legislação ambiental e trabalhista, quanto mais tratar de questões que extrapolam a própria missão delas”, constata. Além disso, “elas não enxergam oportunidades de utilizar o apoio a causas sociais como meio de alavancar seus negócios”.
A visão do professor da FGV é compartilhada pelo secretário-geral do Grupo de Instituto, Fundações e Empresas (Gife), André Degenszajn. “As micro e pequenas empresas não têm um investimento tal que justifique a criação de um corpo profissional para isso”. Para Degenszajn, há, também, no Brasil, a “ideia cultural de que o Estado precisa assumir as funções sociais, de que isso é responsabilidade dele”.
O resultado é que o investimento em causas sociais por micro e pequenos empresários, quando existe, é quase sempre irrelevante. “Fica tudo com cara de doação, mais assistencialista. Não tem uma coisa maior, mais estruturada, mais permanente, como uma prática de gestão”, constata Aidar. “A tendência são atividades mais pontuais. Valores menores levam a menor continuidade de ações e maior dificuldade de construir investimento social mais estratégico”, complementa Degenszajn.
A união faz a força
“Eu, particularmente, não acredito que é necessário ser grande ou ter muito dinheiro para fazer isso”, afirma Aidar. A questão, portanto, é como potencializar os recursos que as micro e pequenas empresas talvez tenham para investir socialmente. A resposta pode estar na união de forças. “As fundações comunitárias são criadas para desenvolver determinada região e têm apoio principalmente de organizações locais, de micro e pequenas empresas, de indivíduos e até do poder público local” explica Degenszajn.
Trata-se, portanto, de uma estratégia que busca unir as poucas forças de diversos atores. As fundações comunitárias “recebem aporte de diversas fontes, conseguem desenvolver prioridades, estratégias de ação e são um tipo de investimento que faz sentido como canal e estratégia para micro e pequenas empresas”, afirma o secretário-geral do Gife.
O impacto desse tipo de ação, segundo Degenszajn, é maior do que pegar todos estes recursos e dispersá-los de forma não estratégica. “É um caminho interessante para pensar investimentos de micro e pequenas empresas, para tentar lidar com os desafios da regularidade, de algo não tão pontual, que é uma das principais dificuldades quando investidores privados decidem atuar na área social.”
Esse é, contudo, um tipo de organização ainda muito pouco estruturada no Brasil, embora bastante comum na Europa e nos Estados Unidos. Um dos poucos exemplos é o Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICom), que mobiliza investidores sociais da região.
Incentivar a cultura
Para Aidar, o desenvolvimento do investimento social das micro e pequenas empresas passa pela educação dos empresários. “Precisa haver uma capacitação para que entendam que investir em causas sociais significa também cuidar da marca, cria valor para seu produto”, diz o professor da FGV. Ele percebe, por exemplo, uma nova mentalidade naqueles que se dedicam a criar os chamados negócios sociais, que buscam suprir algum tipo de demanda social ao mesmo tempo em que geram lucros.
Para Degenszajn, “começa a se consolidar a máxima da Rio 92 de que não existe empresa bem-sucedida em sociedade falida”, o que leva a uma demanda por mais ações sociais por parte dos empresários. O secretário-geral do Gife admite que a tendência é mais forte entre as grandes empresas, mas lembra que as micro e pequenas também têm de cuidar dos impactos negativos que geram.
Até por isso, Aidar afirma que “o negócio não pode mais ser visto de maneira isolada, pois vai ser mais bem-sucedido se pensar em seu entorno”.
A consultora e professora de avaliação de projetos sociais corporativos Maria Cecília Prates Rodrigues analisa o quanto pode ser frágil a metodologia de avaliar os projetos sociais corporativos sob a perspectiva do retorno financeiro, uma vez que os impactos nem sempre podem ser traduzidos em dados monetários confiáveis. Maria Cecília é autora dos livros Ação social das empresas: como avaliar resultados? (FGV, 2005) e Projetos sociais corporativos: como avaliar e tornar essa estratégia eficaz (Atlas, 2010).
Frequentemente vejo as empresas argumentarem que deveriam adotar para os seus projetos sociais a mesma lógica de avaliação utilizada em seus projetos econômicos. Essa lógica baseia-se no fluxo de caixa entre receitas e despesas.
A justificativa para o argumento estaria na objetividade do critério custo-benefício (retorno econômico) que, ao monetizar os impactos sociais, ou benefícios, do projeto e compará-los a seus custos, possibilitaria uma análise sem subjetivismos e “sem paixões”. Uma razão bem ao gosto do setor privado e dos potenciais investidores sociais.
Particularmente, não defendo essa abordagem por um motivo essencial: em projetos sociais, o uso do critério de eficiência, baseado na análise do custo-benefício, só é viável mediante a adoção de uma série de hipóteses. Evidentemente que se deve levar em consideração as experiências e o bom senso do avaliador. Mas há de se reconhecer que, por mais competente que ele seja, existem pressupostos estatisticamente “fortes” e com razoável margem de erro.
Assim, questiono o grau de confiabilidade da estimativa do retorno econômico, devido à sequência de hipóteses que são necessárias para o seu cálculo e a possibilidade de potencialização de erros em cadeia.
Isso pode ser ilustrado com um exemplo bastante simples. Imagine um projeto de reforço escolar para adolescentes que estão no Ensino Médio de uma escola pública, com dificuldade de aprendizagem. Numa avaliação do impacto social entre o público alvo, constatou-se que, em média, os jovens participantes tinham 12% a mais de chance de ingressar na universidade em relação àqueles que não participavam.
É sempre bom lembrar que estimativas como essas já estão sujeitas a alguns erros quase impossíveis de serem tratados estatisticamente. O principal é o fato de que as características dos adolescentes que compõem o “universo do experimento” são, de antemão, distintas daquelas do “universo do controle”. E, nesse caso, não há como julgar com margem de precisão razoável até que ponto foram as características individuais e/ou familiares do conjunto dos adolescentes participantes do projeto que, na realidade, explicaram a sua entrada na universidade – e não propriamente o projeto de reforço escolar, ao qual foi imputado efeito positivo de 12%.
Como se vê, as avaliações sociais de impacto já convivem com uma (primeira) hipótese metodologicamente “forte”: a de que se consegue controlar as diferenças do pré-projeto entre os grupos do experimento e de controle. Mas outros pressupostos ainda devem ser acrescidos para viabilizar a estimativa do retorno financeiro. Voltemos ao exemplo.
Custo-benefício
Baseado em pesquisas de âmbito nacional, a segunda hipótese trata da elevação da renda desses adolescentes que tiveram 12% a mais de chance de ingressar na universidade depois de passar pelo curso de reforço escolar. No Brasil de hoje, quem completa o Ensino Superior recebe, em média, rendimentos três vezes maior do que a pessoa que completa apenas o Ensino Médio.
Considerando que a região em que o projeto foi desenvolvido era relativamente pouco dinâmica, essa hipótese foi adaptada, supondo que o rendimento médio dos jovens com grau universitário seria duas vezes superior ao daqueles com o Ensino Médio. De antemão, não se pode esquecer também dos fatores limitadores desse pressuposto, pois o nível de escolaridade é apenas um dos aspectos que explicam os diferenciais de renda. Outros devem ser considerados, como as conjunturas local e setorial, a formação profissionalizante, as características individuais e as redes de contatos.
Para poder estimar o fluxo de caixa desse projeto social, outras duas suposições devem ser incluídas. A terceira diz respeito à trajetória do benefício: como se daria o recebimento da renda mais elevada por aqueles beneficiários do projeto que completaram a universidade? Para fins de estimativa, foi necessário admitir que isso ocorreria ao longo de toda a vida produtiva do participante, em torno de 35 anos.
Também aqui entram em cena os fatores limitadores de antes. Como garantir que aquele diferencial inicial de renda é capaz de se sustentar ao longo dos 35 anos? Sem falar que o poder de influência da ação social tende a perder força ao longo do tempo, frente a tantos outros fatores circunstanciais na vida das pessoas.
Se, por um lado, os ganhos de rendimento propiciados pelo projeto social estariam distribuídos em 35 anos, por outro, os seus custos de implantação e operacionalização ficaram concentrados na fase inicial, possivelmente nos seus primeiros dois anos. Portanto, para viabilizar a comparação entre as rendas e as despesas geradas, todos os valores foram deslocados para uma única data, de modo a estimar o Valor Presente Líquido (VLP) do projeto. Decorre daí a quarta hipótese, referente ao valor da taxa de desconto adotada (de 6% ao ano) para estimar o fluxo de caixa da ação social.
No exemplo em questão, a expectativa seria de que, ao final da análise, o VPL (ou o retorno econômico) do projeto social ficasse positivo, indicando que os benefícios gerados foram maiores do que os custos incorridos.
Se na análise o VPL ficasse negativo, a primeira medida cautelar dos especialistas seria a de rever os pressupostos adotados para a estimativa do retorno financeiro. Seria possível questionar:
Os impactos sociais do projeto não foram devidamente quantificados (hipótese 1)?
Os critérios adotados para a monetização dos impactos subestimaram os benefícios gerados (hipóteses 2 e 3)?
A taxa de desconto utilizada foi mais elevada do que deveria, penalizando o balanço do projeto (hipótese 4)?
Já no caso de VPL positivo, não seria também o caso de questionar se as hipóteses adotadas não foram por demais generosas, “maquiando” o fluxo final de caixa do projeto?
Diante de todo esse quadro duvidoso, pergunta-se qual a alternativa de avaliação mais adequada. Defendo que, na avaliação de projetos sociais corporativos, o critério da eficácia – baseado na avaliação de impacto ou de outros métodos de aferição dos resultados – consegue propiciar uma visão bastante abrangente sobre as mudanças provocadas junto ao público alvo.
Vale lembrar que a análise de impacto, por si só, já pressupõe procedimentos estatísticos complexos e a adoção de hipóteses “fortes” para contornar os aspectos que podem causar confusão na identificação do impacto.
No exemplo, procurei mostrar que, quando se parte para avaliar o retorno financeiro do projeto com base no critério do custo-benefício, é preciso adotar tantas outras hipóteses para viabilizar a estimativa que, ao final, a margem de erro é muito grande. A confiabilidade na estimativa torna-se tão baixa que o avaliador chega a ganhar “carta branca” para revisar a cadeia dos pressupostos. O alegado argumento da objetividade do critério, então, cai por terra.
Por isso, na avaliação da eficiência dos projetos sociais corporativos – demanda bastante legítima das empresas e dos agentes financiadores –, sugiro a adoção do critério do custo-efetividade, por ser bem mais compatível com a lógica da avaliação social. Pois, nesse caso, não há a necessidade de monetizar os resultados sociais atingidos. O que é feito é comparar os custos unitários incorridos em projetos com objetivos finais e níveis de eficácia semelhantes. A possibilidade de erro torna-se muito menor. Texto de exclusiva responsabilidade da autora. O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) abre espaço para a pluralidade de ideias, mas as opiniões expostas não refletem, obrigatoriamente, o pensamento da instituição e de sua equipe.
11/8/2009 – Na atual conjuntura econômica, com demissões acontecendo em todo o Reino Unido e ao redor do mundo, seria ingênuo simplesmente dizer aos investidores sociais “doe mais”. O relatório Helping Companies Helping Charities, publicado pela CAF em julho, destacou a necessidade de as instituições praticarem o investimento social sem restrições.
Doar eficazmente está relacionado a investir bem e, não necessariamente, mais. Existem maneiras simples que as empresas podem fazer para que o orçamento destinado para a comunidade alcance melhores resultados. Neste artigo, a CAF aponta dez dicas principais para isso ser alcançado:
1. Garanta que o foco do investimento social faça sentido para o negócio
Alinhar o programa comunitário com o negócio da empresa irá ajudar a garantir a promoção do impacto positivo na comunidade e também beneficiar a companhia.
2. Engaje os colaboradores por meio do programa de doação
O investimento social da empresa pode ser significativamente alavancado se for estimulada a cultura de doação dentro da corporação, ou seja, incentivar os colaboradores a se comprometerem pessoalmente com a causa por meio do voluntariado ou mesmo doações via folha de pagamento. Um exemplo de baixo custo de incentivo é fazer com que os funcionários se envolvam na escolha das organizações sociais parceiras. Isso pode ser uma iniciativa para que eles participem do programa comunitário da empresa e ajudem-na a contribuir mais para o mundo.
Veja como a Friends Provident, empresa de produtos financeiros e serviços, e a Guardian Media Group, companhia do setor da mídia, engajaram seus colaboradores no Give As You Earn, programa de doação dos funcionários que desconta o valor diretamente na folha de pagamento. Os textos estão em inglês.
3. Divulgue as organizações sociais para a cadeia de fornecedores e stakeholders
Ao compartilhar com os principais stakeholders (cadeia de abastecimento e sua rede de contato) a iniciativa de apoio da empresa, o impacto será maior e a promoção da filantropia poderá angariar o apoio de novas empresas doadoras.
“A British Telecom está empenhada em compartilhar as melhores práticas bem como trabalhar com os seus stakeholders. Realizamos eventos corporativos para ChildLine com o objetivo de compartilhar aprendizados, incluindo os benefícios para a empresa de se trabalhar com organizações sociais. Embora reconheçamos que a ChildLine é a melhor opção para falar sobre o seu serviço, quem melhor para falar com as empresas sobre as vantagens empresariais do que um parceiro de negócios? Temos apresentado a ChildLine aos novos adeptos e trabalhado de maneira participativa com os fornecedores e clientes para apoiar a ChildLine. Vemos isto como vencer, vencer, vencer, beneficiando a ChildLine, outras organizações e BT.” Beth Courtier, presidente do Programa de Filantropia da empresa de telecomunicações do Reino Unido Bristish Telecom (BT)
4. Garanta os benefícios fiscais
Tanto nas doações corporativas (no Reino Unido ou internacionais), como na captação de recursos dos colaboradores via empresa, a empresa pode utilizar-se de leis de incentivo fiscal para criar um programa social ou destinar os valores. Isso representará mais recursos disponíveis para as organizações sociais que precisam do seu apoio e, consequentemente, mais benefícios fiscais para o doador. Veja como a empresa farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) utiliza os benefícios fiscais em suas doações internacionais. O texto está em inglês.
5. Reduza as restrições que envolvem o dinheiro doado para as organizações sociais
Investimento social sem restrições é raro e precioso. Experimente e estabeleça acordos com as organizações sociais sobre os resultados a serem alcançados, sem restringir o uso da doação. Ou, ainda, certifique-se de que o investimento social está de acordo com o verdadeiro custo do projeto, incluindo um limite para as despesas de gestão do projeto que será apoiado, como custos operacionais e salários. Isso irá demonstrar que, trabalhando com a organização parceira, a empresa poderá ajudá-los a produzir de maneira eficaz a sua missão, utilizando os recursos de forma mais flexível, mesmo em momentos de recessão. Tudo contribuirá para aumentar o impacto global do investimento.
6. Reconheça as competências dos colaboradores de sua organização
“Nós vemos que as nossas melhores parcerias são aquelas realizadas com organizações sociais sólidas e estáveis. Naturalmente, a nossa prioridade é sobre a realização dos resultados acordados, mas nós respeitamos as habilidades de nossos parceiros para gerir essa responsabilidade como entenderem. Então nós incentivamos àqueles que apoiamos a utilizar os nossos recursos da maneira mais eficaz que eles puderem, tanto para a entrega dos resultados, quanto para manutenção e crescimento das próprias organizações.” Matthew Sparkes, gerente de Investimento Global, Linklaters, escritório internacional de advocacia
A pesquisa da CAF mostra que as organizações sociais percebem os setores industriais de forma diferenciada em relação àquilo que têm a oferecer. Sua percepção é construída com base nos pontos fortes e eventuais correções sobre possíveis preconceitos existentes. Ao alavancar os recursos da empresa, a organização social se beneficiará da combinação de competências da companhia que vai além da contribuição em dinheiro. Alguns exemplos: experiência e know-how dos colaboradores, equipamentos de escritório, instalações para reuniões e disponibilidade das empresas para colocarem caixas de coleta de doações.
7. Considere a colaboração de outros parceiros
Contribua com instituições que possuem objetivos comunitários similares que ao da empresa – outras companhias, organizações sociais ou grupos comunitários. O esforço conjunto pode promover um impacto social ainda maior e desenvolver competências sem comprometer o resultado. A parceria entre o Banco Macquarie e a Fundação Cripplegate é um excelente exemplo de colaboração de sucesso. O texto está em inglês.
8. Invista tempo em acordos com as organizações sociais
Elaborar acordos que estabelecem a forma como o relacionamento irá funcionar. Incluir as contribuições da sua empresa, de seus colaboradores bem como da organização social. Tudo isso irá permitir que a empresa estabeleça compromissos (fixos e flexíveis) com a organização social, ajudando a administrar as expectativas de todos. O acordo ajudará a direcionar os envolvidos para objetivos comuns e garantir que os recursos da sua empresa estão sendo utilizados da melhor maneira.
9. Meça o impacto da sua doação, em seguida, reveja e ajuste o que for necessário
Medir o que foi alcançado e o que isso significa para a comunidade, para as organizações que trabalham com a companhia e para o próprio negócio é a chave para o sucesso do programa. Utilize essa informação para rever a atividade, comunicar valores, aprender com a experiência e reforçar o foco do investimento social. Veja como a empresa de tecnologia de materiais Johnson Matthey aumentou o impacto de seus programas de doação. O texto está em inglês.
10. Comunique os seus aprendizados e desafios
Incentive outras empresas a aprender com os sucessos e os desafios experimentados pela sua companhia, utilizando uma comunicação pelo site e por meio de eventos.
A CAF tem uma equipe dedicada a ajudar a empresa a tirar o máximo proveito dos seus recursos disponíveis. Podemos ajudá-lo a avaliar sua atividade atual e obter melhores resultados, permitindo-lhe desenhar e executar o programa comunitário com facilidade. Fonte: Site da CAF
O artigo trata sobre a importância do uso do edital de seleção como ferramenta transparente e pública para escolha de projetos socioambientais que atendam ao interesse do investidor social. O texto é assinado pela equipe de colaboradores do IDIS: Carla Cabrera, Mirza Laranja e Tatiana Akabane van Eyll, gerentes de Projeto.
Já faz algum tempo que as empresas que realizam investimento social corporativo estão mudando de postura em relação à sua prática. Trata-se de um novo paradigma: a troca do modelo de filantropia tradicional para o modelo de investimento social. Nesse novo contexto, a companhia passa a atuar como um financiador que visa a formar parcerias eficientes para atender a uma causa social. Uma das ferramentas para atingir essa meta é o uso do edital de seleção para financiamento de projetos.
No modelo tradicional, ao fazer doação de recursos, uma empresa reage pontualmente a demandas externas. Atua de forma assistencialista e paternalista, atendendo ao interesse de uma só parte, o que pode gerar uma relação de dependência. Embora tenha boas intenções, seu investimento não garante transformação social. Para isso realmente acontecer, o investimento social privado depende de pesquisa focada, planejamento criativo, estratégias predefinidas, execução cuidadosa e monitoramento dos seus resultados. A alocação não se resume apenas a dinheiro, inclui recursos humanos, técnicos e gerenciais para o bem público.
A escolha de atuação da empresa é definida segundo seu objetivo, recursos disponíveis e contexto:
Doadora: coloca recursos segundo a demanda de instituições sociais responsáveis pelo planejamento e execução de projetos próprios
Empreendedora: doa ativamente a organizações que executam projetos e ideias propostas pela empresa
Operadora: elabora e executa iniciativas por ela desenvolvidas
Financiadora: investe recursos tanto de forma ativa quanto reativa a instituições sociais responsáveis pelo planejamento e execução de projetos que sigam a sua linha de interesse.
Em sua estratégia, a empresa pode combinar diferentes modelos de atuação, criando soluções que se mostrem viáveis e eficazes, na busca dos objetivos propostos. Para atuar como financiador, são necessárias algumas competências técnicas, como:
identificação de oportunidades estratégicas de investimento social
escolha de parceiros competentes para o desenvolvimento e implementação de propostas
análise e seleção de propostas
monitoramento e mensuração de resultados
Uma ferramenta muito eficiente para financiar propostas que atendam ao interesse do investidor social é utilizar o edital público. O edital exige um planejamento cuidadoso de todas as etapas do financiamento que, por sua vez, ajudará na elaboração e na implementação de um processo que minimiza riscos e potencializa os recursos.
No planejamento, a empresa:
define seu foco de investimento
cria critérios de seleção das propostas
propõe diretrizes para as propostas
aponta os pré-requisitos necessários para a organização executora
demonstra suas expectativas de resultado e impacto com base em indicadores pré-selecionados
torna explícitos quais serão os processos de monitoramento e avaliação
No documento do edital, a companhia também define modelos, roteiros, questionários e formulários, explicando como deve ser apresentado o planejamento, o orçamento e a prestação de contas. Ao torná-lo público, as organizações interessadas enviam as propostas para o financiador, que as analisará e selecionará conforme a maior proximidade das diretrizes e critérios estabelecidos no edital.
Para as corporações, o uso do edital de seleção traz os seguintes benefícios:
Compartilhamento e publicidade da estratégia de investimento social
Transparência na atuação
Criação de banco de dados de organizações sociais que atuam em sua área de interesse
Acesso a iniciativas e ideias inovadoras
Facilidade na análise dos projetos, uma vez que a estrutura geral para a apresentação das propostas é definida pela empresa no edital
Conhecimento mais profundo dos projetos e das organizações sociais com quem estabelece parceria, favorecendo alianças de qualidade e sustentáveis
Mais exatidão no monitoramento dos projetos e mensuração dos resultados do investimento
Contribuição para o desenvolvimento das instituições sociais envolvidas na seleção
Como se pode perceber, a seleção por meio de edital é um processo que deve ser cuidadosamente planejado, requer disciplina para cumprir adequadamente todas as etapas, além de comunicação clara e eficiente. O esforço traz bons resultados. Foi o que aconteceu com a Nestlé Brasil. Utilizar o edital permitiu à multinacional suíça selecionar de forma pública projetos que estão de acordo com a sua estratégia de atuação social, baseada na nutrição, na saúde e no bem-estar. Desde 1999, a Fundação Nestlé Brasil, braço social da empresa, desenvolve o Programa Nutrir, que leva educação alimentar e incentiva a prática esportiva entre crianças e adolescentes de 4 a 18 anos, moradores de comunidades de baixa renda em todo o país, contribuindo no combate à desnutrição e à obesidade.
Em dez anos, o Programa Nutrir estabeleceu parcerias com organizações sociais, escolas públicas e prefeituras, no intuito de fazer a educação alimentar tornar-se parte da vida dessas crianças. Com a promoção“Nestlé Torce Por Você”, pela primeira vez, selecionou dez propostas de forma pública, com critérios claros, transparentes e num processo que organizações sociais de todo Brasil puderam participar. Cada um dos dez projetos escolhidos recebeu 70 mil reais para a execução. A seleção aconteceu em 2008.
O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) apoiou a Fundação na elaboração do texto do edital, na concepção e desenvolvimento dos modelos do processo de monitoramento dos projetos e realizou a oficina para ajustes nas propostas selecionadas. O Instituto ainda foi responsável por alinhar o contrato, os procedimentos de repasses de recursos e o processo de monitoramento entre a Fundação e as organizações sociais.
Para a Fundação Nestlé Brasil, o grande salto foi conseguir comparar propostas, mobilizar as instituições sociais a apresentar projetos que estivessem alinhados com a sua missão e poder incentivar a troca de experiências entre proposições tão similares que buscam atingir, de certa forma em conjunto, um bem maior.
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