Investimento Social: seis passos para estruturá-lo em uma empresa

Em agosto de 2019, o Business Roundtable, grupo formado pelos CEOs das cem maiores companhias norte-americanas, declarou que, na sua visão, o propósito de uma empresa não era somente proporcionar lucro a seus acionistas. O propósito de uma empresa é também entregar valor aos seus clientes, investir em seus funcionários, lidar de forma justa com os fornecedores e apoiar as comunidades em que atuam. Em resumo, as empresas devem ir além de seus números, e impactar positivamente a sociedade.

Esta declaração histórica é o resultado de uma longa caminhada que, no Brasil, começou há cerca de quatro décadas e evolui por meio de diversos conceitos que vão desde responsabilidade social até ESG, passando pelo investimento social corporativo.

Saiba mais sobre estes conceitos

Independentemente dos rótulos, o importante é a percepção de que empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para melhorar a sociedade na qual atuam e da qual retiram os recursos para sua existência.

E como fazer isso de forma que traga benefícios concretos para todos?

O primeiro passo é admitir que problemas socioambientais são complexos e que, normalmente, as empresas não sabem lidar com eles, portanto, é necessário dedicação antes decidir o que fazer.

Escolha do foco de investimento social para atuação

O ideal é começar tentando identificar em qual faixa do imenso espectro de problemas sociais a empresa tem maior possibilidade de contribuir. Considere nesta análise os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e como é possível apoiar o cumprimento das metas estabelecidas na Agenda 2030.

A resposta pode estar ligada ao setor de atividade da firma. Por exemplo, um fabricante de alimentos provavelmente tem capacidade para atuar no combate á fome. Um banco pode contribuir com ações de educação financeira.

Ou ela pode ter relação com a estrutura de operação. Um distribuidor de bebidas pode contribuir com sua capilaridade, enquanto uma escola pode ceder seu espaço ocioso para alguma atividade.

Há ainda a possibilidade da atuação vir do local onde a empresa está instalada e até mesmo da comunidade onde se encontram seus fornecedores ou clientes.

O importante aqui é que exista um vínculo, uma razão ao se escolher uma causa ou uma região para ser adotada, porque é essa ligação que vai dar sentido ao investimento social e vai envolver toda a cadeia de stakeholders, desde os sócios.

Pensando no ESG, essa escolha é chamada de “materialidade”. Ou seja, algo que diga respeito realmente a onde/quem/ o que a empresa atinge de uma forma ou de outra.

Nota técnica: ESG e o “S” brasileiro

Diagnóstico do problema

Uma vez escolhida a causa ou o foco de atuação, vem a etapa de diagnóstico. Ela serve para compreender quais os principais problemas existentes nesse foco, quais tentativas de solução já foram experimentadas e quem são as pessoas e organizações envolvidas com essas questões.

Muitos investidores sociais perdem tempo e dinheiro porque acreditam ter a solução para alguma situação, sem, na verdade, conhecer a realidade das pessoas ou local que sofrem com aquele problema.

Portanto, é necessário estudar bem o problema que se quer atacar. E isso serve para qualquer tamanho de investimento social. Mesmo uma iniciativa pequena, deve ser bem concebida para surtir efeito e, quem sabe, tornar-se um grande projeto!

Definição do projeto de impacto social a ser realizado

Após entender o problema a ser atacado, chegou a hora de definir qual a intervenção a ser realizada. Para qualquer questão que tenha sido escolhida, existirão diversas abordagens possíveis.

O combate à fome não se restringe à doação de alimentos. Ele pode ser feito por meio de capacitação para o emprego, de educação para melhor utilização de alimentos ou estímulo à produção de alimentos mais baratos.

O melhor é optar pelo caminho mais viável dentro das condições da empresa e que traga mais impactos positivos para os beneficiários.

Ao final desta etapa é necessário ter as respostas para as seguintes perguntas:

  • O que vai ser feito?
  • Como vai ser feito?
  • Onde vai ser feito?
  • Quando vai ser feito?
  • Quanto vai custar?
  • Quais resultados queremos atingir?
  • Quais indicadores serão monitorados?

Fazer com as próprias mãos ou apoiar quem já faz?

Esta é outra decisão importante. Como a empresa vai conduzir sua ação social? Vai realizar ela própria ou vai optar por apoiar organizações sociais que já trabalham com a causa ou na comunidade escolhida?

Na verdade, estamos buscando a resposta para a pergunta: quem vai fazer?

Se a empresa vai operacionalizar as ações sociais, será preciso destacar ou contratar pessoas e criar uma célula dentro da companhia com essa responsabilidade, exigindo uma estrutura robusta. Ela estabelecerá uma ligação próxima com os beneficiários e terá maior controle sobre os resultados alcançados.

Se a empresa optar por apoiar organizações do Terceiro Setor para realizarem a ação social, não precisará fazer modificações internas profundas. Em compensação, haverá menos controle sobre a operação e resultados.

Como saber se deu certo?

Depois de todo esforço e dedicação para a realização de uma ação social, é fundamental saber se a intervenção gerou impactos positivos aos beneficiários. Recomenda-se que, antes de começar algum projeto, já se defina quais são as metas a serem perseguidas, quais os indicadores que dirão se elas foram alcançadas ou não e quais os processos que integrarão a avaliação. Fomentar a cultura avaliativa é desejável. O processo mostrará onde estão as fortalezas e onde há espaços para melhorias.

Convide todo mundo para participar

Um projeto social é uma iniciativa que deixa todo mundo entusiasmado. Equipe internas, fornecedores, parceiros, clientes, investidores, comunidade. Por isso, é muito importante contar para todos eles o que será feito e convidá-los a fazer parte. Eles podem dar ideias para melhorar o projeto, podem fazer doações para complementar a verba, podem realizar trabalho voluntário, podem ajudar a divulgar e mais uma série de coisas que nem sequer conseguimos imaginar. E ainda que não se engajem diretamente, podem reconhecer o valor da ação e recompensar a empresas pela atitude.

Com estas seis etapas, empresas se colocam na direção correta para honrar o propósito que se espera de uma empresa atualmente. O IDIS apoia investidores sociais privados em toda esta jornada. Conheça nossos serviços e algumas histórias de sucesso.

Projeto promove engajamento cidadão junto a professores e alunos de escolas públicas de SP

Instigados pelos desafios impostos pela situação de pandemia de Covid-19 no ambiente escolar, o projeto Engajamento Coletivo, realizado pelo IDIS em parceria com a Eu Ensino/Curiós, promoveu conteúdos e atividades junto a professores e alunos de duas escolas públicas da cidade de São Paulo. Participaram 43 educadores, que recebram formação específica para promover o engajamento coletivo e a cidania junto aos alunos.

O conteúdo foi dividido em 4 módulos: “Ferramentas de apoio ao presencial”; “Habilidades socioemocionais”; “Responsabilidade e Cidadania” e “Projeto de Engajamento Coletivo”. O programa incluiu 30 encontros online síncronos, com mais de 37 horas de formação. Além disso, foram disponibilizadas 72 aulas assíncronas, entregues 12 capítulos instrutivos aos educadores.

As escolas participantes fazem parte da rede da Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo de Ensino Fundamental – Professor Fernando de Azevedo e Escola Municipal de Ensino Fundamental Arquiteto Luis Saia, localizadas na região de São Miguel, Zona Leste de São Paulo.

A metodologia escolhida contribuir também para ampliar as ferramentas dos professores no ensino híbrido, além de trablahar habilidades socioemocionais e temáticas de cidadania, compartilhadas em encontros online em parceria com a Secretaria Municipal da cidade de São Paulo e a consultoria Eu Ensino/Curiós.

Esta etapa foi concluída, com excelente percepção dos participantes. A segunda parte do projeto será realizada durante o mês de junho, encerrando o ciclo de atividades. A partir de agora, as escolas colocarão em prática o planejamento realizado no módulo 4 e, junto aos alunos, farão uma atividade relacionada a algum dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

 

Histórico do projeto

O projeto de Engajamento Coletivo, realizado pelo IDIS, foi concebido com o propósito de desenvolver jovens e educadores em competências e habilidades para se envolverem em mudanças positivas na vida social e política em prol de melhorias no território de forma solidária, corresponsável e cidadã, contribuindo para o avanço da cultura de doação no país.

Implementado em 2019 em duas escolas estaduais de São Paulo, ainda em caráter piloto, precisou ser interrompido quando a pandemia impossibilitou atividades presenciais a partir de março de 2020. Remodelado, retomou as atividades com 43 professores de forma virtual e com novos parceiros após esse tempo de hiato.

O objetivo do projeto, então, passou a ser preparar os educadores (professores e coordenadores pedagógicos) para pautas ligadas ao engajamento coletivo, com base na competência 10 – Responsabilidade e Cidadania, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).