ICOM: criando pontes para o desenvolvimento comunitário local

Em dezembro de 2022, com as tempestades que atingiram o estado de Santa Catarina, foi declarada situação de calamidade pública em inúmeros municípios. A Grande Florianópolis foi fortemente atingida pela catástrofe, especialmente as áreas de maior vulnerabilidade social. Com a reputação e a legitimidade de quem atua na região há quase duas décadas, o Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) criou prontamente o Fundo Emergencial de Chuvas.

 

Promovendo o desenvolvimento comunitário em toda a área metropolitana da cidade Florianópolis, que inclui 13 municípios catarinenses e cerca de 1,2 milhão de habitantes, o ICOM atua em três frentes, sempre trabalhando em rede e respeitando o protagonismo das organizações de base:

 

  • apoio a empresas e indivíduos para que possam fazer investimentos sociais e doações com alto impacto social;
  • produção e disseminação de conhecimento;
  • fortalecimento de organizações da sociedade civil.

 

“Como uma das primeiras fundações comunitárias do país, com um diálogo estabelecido com as comunidades locais, o ICOM tem como característica essencial responder de maneira rápida às demandas emergenciais do território”, destaca o gerente-executivo do ICOM, Willian Narzetti, lembrando que em outros momentos de crise, como em 2008, 2018 e 2020, a organização criou e foi responsável por outros fundos de reconstrução em decorrência de fortes chuvas pelo estado.

 

Fundamental para a mobilização em situações emergenciais, esta modalidade de fundos são só uma parte da estratégia do ICOM para criação de novas pontes entre atores locais, por meio do fomento à doação e ao investimento social privado. Em 2018, a organização criou o importante Fundo de Impacto para Justiça Social, formado por uma rede de pessoas e organizações que doam sistematicamente para reduzir as desigualdades sociais na Grande Florianópolis. Entre as causas apoiadas por esta iniciativa, estão a equidade racial, a equidade de gênero, a prevenção e o enfrentamento à violência contra a mulher e a defesa dos direitos da população LGBTQIA+. A seleção das organizações do território beneficiadas para receber apoio técnico e financeiro acontece por meio de editais públicos.

Além disso, o ICOM constitui fundos filantrópicos para empresas, apoiando na definição de causas e públicos beneficiários, levantamento de indicadores, mapeamento de iniciativas, apoio para as OSCs selecionadas para a execução dos projetos e relatório de resultados.

 

“Várias empresas da Grande Florianópolis que incorporam a agenda ESG (do inglês, ambiental, social e governança), encontram no ICOM um canal para realizar seu investimento social de forma refletida, sistemática e monitorada. O ICOM é a área de responsabilidade socioambiental delas”, explica Narzetti.

 

Prover serviços para doadores é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs) que, como profundos conhecedores da realidade local, oferecem respostas assertivas para as demandas do território, atuando em rede junto às organizações sociais, poder público e investidores. Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

 

“Oferecem serviços adaptados aos interesses e a capacidade de contribuição dos doadores, auxiliando-os a alcançarem seus objetivos filantrópicos. São responsáveis também por fomentar a cultura de doação no território e, potencialmente, são instrumentos poderosos para receber legados”.

 

CRIAÇÃO DO ICOM E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

 

A história do ICOM começa em 2005, a partir da reunião de um grupo de mulheres – profissionais liberais, empresárias, professoras universitárias, lideranças do terceiro setor e profissionais com experiência no setor público – inspiradas pelo movimento das fundações comunitárias em outros países. Fazia parte do grupo, Lucia Dellagnelo, fundadora do ICOM e embaixadora do programa Transformando Territórios. À época, o conhecimento sobre fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil ainda era embrionário, mas isso não as impediu de seguir com esta missão.

 

O cerne da primeira visão das fundadoras e do Conselho Deliberativo envolvia o desejo de constituir uma organização inovadora de base local, capaz de articular e criar sinergia entre o trabalho de pessoas e projetos que atuavam na área social na Grande Florianópolis. O objetivo era atuar e ser participante da corrente global de fundações comunitárias.

 

Assim, em 2006, era lançado o primeiro diagnóstico de atuação do terceiro setor no território chamado “Mapeamento das ONGs de Florianópolis” que, por sua vez, verificou uma grande fragilidade dessas instituições. Sendo assim, o Projeto Fortalecer, desenvolvido entre os anos de 2007 e 2008, foi a primeira ação de apoio técnico do ICOM e serviu de subsídio à construção de um Plano de Desenvolvimento Institucional, ampliando a capacidade de ação de organizações da região.

 

 

Para identificar questões prioritárias da comunidade e orientar ações para a melhoria da qualidade de vida da população, por exemplo, o ICOM realiza o estudo “Sinais Vitais” desde 2008. Já são nove edições, abrangendo os principais municípios da Grande Florianópolis. Na edição de 2022, por exemplo, o relatório apontou que Santa Catarina esteve entre os destinos mais procurados por migrantes no país, principalmente em busca de trabalho, com 9,19% do total de pedidos de Registro Nacional Migratório em 2021.

 

Em 2020, ano mais desafiador vivido pela nossa geração, por conta da pandemia de Covid-19, a organização criou o Banco Comunitário da Grande Florianópolis, o primeiro de Santa Catarina a operar neste modelo. Com apoio financeiro inédito do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT/SC) e ao lado de parceiros, o Banco Comunitário chegou a ter 5 unidades e mais de mil famílias foram beneficiadas com moedas sociais. Este modelo, ao mesmo tempo que apoiava as famílias, também fortalecia pequenos comerciantes locais em um período delicado de crise econômica.

 

Parceiro de longa data do IDIS e da Charles Mott Foundation, o ICOM é uma das fundações e institutos comunitários que integram o programa Transformando Territórios.

 

“Acreditamos que podemos transformar juntos a nossa realidade. Participar do programa Transformando Territórios significa aprender novas formas de trabalhar e de fortalecer nossas comunidades, inspirar, entender o que está acontecendo no Brasil e no mundo e pensar em rede no campo social como um todo”, comenta Narzetti. 

Equipe do ICOM

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: 13 municípios na Grande Florianópolis.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM.
  • Nome e cargo da principal liderança Willian Narzetti, gerente-executivo.
  • População estimada: 1,2 milhão de pessoas.
  • Número de OSCs do território: 2.640 organizações.
  • Desafios regionais: Florianópolis sofre, assim como várias regiões brasileiras, com o agravamento da desigualdade social pós-pandemia. Também são desafios para a região, uma agenda de desenvolvimento urbano consolidada que alinhe ecossistemas já existentes na região, investimentos em arte e cultura, promoção da inovação para além do setor tecnológico e desastres naturais que agravam ainda mais a qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Porém a região apresenta grandes potencialidades ao abrigar duas das principais incubadoras do país e sistemas educacionais de ponta.

 

O ICOM integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o ICOM? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Financiamento da Mudança de Sistemas: Lições de Financiadores no Brasil

Em 16 de dezembro de 2022, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Catalyst 2030 co-realizaram o terceiro encontro de uma série de conversas globais com investidores sociais e filantropos  sobre o futuro da mudança dos sistemas de financiamento. Esta série reúne financiadores dentro de um país ou região para partilhar o feedback específico do contexto sobre os dez princípios apresentados na Carta Urgente para mudanças nas práticas de financiamento.

A Carta, escrita pelos membros do Catalyst 2030, entre empreendedores sociais e membros de OSCs, descreve dez apelos-chave para os financiadores considerarem nas suas práticas de atribuição de recursos, incluindo: conceder financiamento plurianual, financiamento sem restrições, investir no desenvolvimento organizacional, e criar relações transformadoras ao invés de transacionais. Leia a lista completa de princípios na carta aqui.

Este encontro reuniu filantropos brasileiros e organizações que realizam investimento social privado para discutir como estes princípios poderiam funcionar na prática, e o impacto que teriam na Filantropia Brasileira e na sociedade civil. Agradecemos imensamente a todos os que participaram nesta discussão e que estão contribuindo para  um diálogo aberto e inclusivo para melhorar a filantropia para todos. 

Aqui estão cinco pontos-chave da conversa:

Reconhecer o impacto do contexto nacional e das suas restrições  

Grantmakers, ou seja, organizações que aportam recursos a terceiros, em geral, têm diretrizes para a realização de seu investimento social privado. Se por um lado, essas regras contribuem para a transparência sobre a destinação dos recursos, por outro, limitam a capacidade de oferecerem  financiamento sem restrições e de forma flexível. Este cenário limita a adoção deste princípio, dado que exigiria uma mudança de atitude e de paradigmas dos dois lados. Esta inflexibilidade também afeta a capacidade dos financiadores para apoiar a capacitação institucional ou a criação de redes, uma vez que as restrições regulamentares exigem que os financiadores-parceiros sigam os processos tradicionais de due diligence e acreditação.

 

Fomentar a colaboração em todo o setor

Embora esse desafio não seja exclusivo do Brasil, o grupo discutiu a necessidade de maior colaboração entre investidores sociais e atores da sociedade civil no país. Isso requer uma mudança de comportamento e mentalidade em todo o setor; afastar-se do trabalho isolado e intensificar a colaboração e parcerias entre financiadores, beneficiários e partes interessadas intersetoriais para alcançar mudanças sistêmicas.

Oferecer aos filantropos múltiplos pontos de acesso que reconheçam a variedade de sua maturidade

Abraçar estes dez princípios será uma jornada diferente para cada organização. É importante respeitar a diferença de maturidade entre os filantropos, as diferentes estratégias de investimento, e as diferentes regulamentações e disposições estatutárias e operacionais que podem ter impacto nesta jornada. O grupo sugeriu ter em conta os diferentes pontos de entrada de cada financiador e avaliá-los em conformidade, assegurando que a força e a evolução da resposta de um financiador é reconhecida a partir da individualidade de cada um deles.

 

Considerar outras ferramentas (tais como uma pontuação) para ajudar os financiadores a melhorar as suas práticas

É fundamental considerar quais os instrumentos e recursos que somos capazes de oferecer a fim de  estimular investidores sociais a abraçarem estes princípios. Isto poderia incluir por exemplo, a criação de um sistema de classificação e auto avaliação para indicar o seu progresso no sentido de adotarem estes princípios. Desta forma, os financiadores não só obteriam uma classificação, mas também compreenderiam em que áreas podem melhorar. Devemos reconhecer o fato de que fazer uma doação vai além do seu valor social. Criar um ranking público no qual as empresas são reconhecidas pelas suas contribuições e por seu  legado pode mobilizar outros financiadores para aderirem ao movimento, tornando estes princípios uma inovação para o ecossistema filantrópico no Brasil..

 

Reconhecer que esta caminhada pode levar tempo e que financiadores devem ser apoiados ao longo do caminho

A filantropia, como um setor, é relativamente recente no Brasil. É importante reconhecer este fato e o tempo necessário para trazer os financiadores nesta jornada de aprendizagens antes de serem capazes de adotar plenamente estes princípios. Por conseguinte, o grupo discutiu a importância de respeitar a caminhada de cada investidor social e de celebrar o progresso ao longo do caminho. Documentar este progresso e criar uma comunidade para a troca de boas práticas poderia contribuir para que financiadores, a longo prazo, mudem suas práticas e adotem os princípios sugeridos. Isto requer o estabelecimento de ecossistemas fortes de financiadores que possam colaborar entre si, partilhar conhecimentos e crescer como um setor.

Quais os próximos passos? 

Esta iniciativa envolve encontros com filantropos e investidores sociais para coletar feedbacks sobre os princípios para as práticas de doação em diferentes países e contextos regionais. Nossa próxima parada nesta jornada é com financiadores na África. Fique ligado para ouvir as principais conclusões desta conversa.

Qual a diferença entre associações, institutos e fundações?

Além dos termos utilizados para designar os tipos de organização e/ou seus títulos jurídicos, algumas outras classificações são comumente utilizadas em referência a entidades do terceiro setor. Entende o que são e a diferença entre associações, institutos e fundações.

Uma Associação é definida por um grupo de pessoas, sem fins lucrativos, unidas em um objetivo comum relacionada a alguma causa socioambiental. Juridicamente, a exigência para o funcionamento de uma associação é a elaboração de um Estatuto Social registrado formalmente em um Cartório de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas.

O Estatuto Social é um importante documento, que deve refletir efetivamente os objetivos da OSC, sua forma e área de atuação, estrutura de funcionamento, regras de governança, sucessão, limites de responsabilidade patrimonial dos administradores, o modo de constituição do seu patrimônio, forma de prestação de contas, natureza jurídica, enquadramento tributário e se está sujeita ao controle externo de órgãos públicos.

Por sua vez, as Fundações são patrimônios constituídos para beneficiar uma causa. De acordo com o Código Civil, artigo 62, é necessário que o criador da Fundação, antes da sua instituição, especifique formalmente o destino do patrimônio. Elas podem ser criadas por empresas, indivíduos ou pelo poder público. O registro oficial é realizado também pelo Ministério Público.

As Fundações, como é o caso das associações, devem também dar frutos destinados ao desenvolvimento de causas socioambientais de interesse público e possuir, obrigatoriamente, um Estatuto Social.

Por fim, o termo Instituto não é uma classificação oficial, mas uma nomenclatura genérica. A palavra não consta na legislação brasileira e, portanto, não possui um enquadramento jurídico. O termo pode ser utilizado livremente como nome fantasia em qualquer organização do terceiro setor.

Conheça as Associações, Fundações e Institutos com quem o IDIS já trabalhou! 

IDIS é eleito a melhor ONG de filantropia de 2022

Eficiência e excelência em gestão são fatores-chave para que organizações sociais alcancem impactos maiores nas causas que defendem. O Prêmio Melhores ONGs avalia boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento, e pela primeira vez, o IDIS recebeu o título de melhor ONG de Filantropia, Voluntariado e Apoio a Organizações da Sociedade Civil do Brasil. Além do prêmio na categoria especial, pelo quarto ano, o IDIS também foi reconhecido como uma das 100 melhores ONGs.

“Receber os Prêmios me deixa muito emocionada e realizada! Fizemos muitos investimentos em pessoas, processos e ferramentas para fortalecer o IDIS e nossos projetos. Terminar o ano com esta notícia reforça que estamos na direção correta”, conta Paula Fabiani, CEO do IDIS. “Isso é fruto da dedicação da nossa equipe e conselho, além da confiança depositada por nossos parceiros”, completa. 

Entre os destaques estão a sistematização do acompanhamento do planejamento estratégico, o monitoramento constante de indicadores, o investimento em plataformas de gestão financeira e CRM, a criação de um comitê de diversidade e inclusão e o crescente investimento em treinamento e desenvolvimento da equipe. O resultado foi a ampliação de projetos de consultoria com novos clientes e o fortalecimento de relacionamentos com quem já era da casa; o fortalecimento de projetos próprios como o Advocacy pelos Fundos Patrimoniais e o Transformando Territórios, e importantes produções no campo do conhecimento, como a realização da Pesquisa Voluntariado 2021, o Panorama dos Fundos Patrimoniais, o Seminário ESG e o Investimento Social Privado;  e o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Luisa Lima, gerente de comunicação na premiação do Melhores ONGs 2022, realizada em 25 de novembro na cidade de São Paulo

A seleção do prêmio é feita a partir de uma rigorosa avaliação realizada pelo Instituto “O Mundo que Queremos”, pelo “Instituto Doar” e pelo “Ambev VOA”, com apoio de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Instituto Humanize e da Fundação Toyota do Brasil. 

Parabenizamos a todas as organizações que trabalham todos os dias em prol do desenvolvimento socioeconômico nas mais distintas causas e regiões do Brasil e que também receberam o reconhecimento. 

Confira a lista completa aqui.

Assista a premiação:

 

Investimento Social: seis passos para estruturá-lo em uma empresa

Em agosto de 2019, o Business Roundtable, grupo formado pelos CEOs das cem maiores companhias norte-americanas, declarou que, na sua visão, o propósito de uma empresa não era somente proporcionar lucro a seus acionistas. O propósito de uma empresa é também entregar valor aos seus clientes, investir em seus funcionários, lidar de forma justa com os fornecedores e apoiar as comunidades em que atuam. Em resumo, as empresas devem ir além de seus números, e impactar positivamente a sociedade.

Esta declaração histórica é o resultado de uma longa caminhada que, no Brasil, começou há cerca de quatro décadas e evolui por meio de diversos conceitos que vão desde responsabilidade social até ESG, passando pelo investimento social corporativo.

Saiba mais sobre estes conceitos

Independentemente dos rótulos, o importante é a percepção de que empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para melhorar a sociedade na qual atuam e da qual retiram os recursos para sua existência.

E como fazer isso de forma que traga benefícios concretos para todos?

O primeiro passo é admitir que problemas socioambientais são complexos e que, normalmente, as empresas não sabem lidar com eles, portanto, é necessário dedicação antes decidir o que fazer.

Escolha do foco de investimento social para atuação

O ideal é começar tentando identificar em qual faixa do imenso espectro de problemas sociais a empresa tem maior possibilidade de contribuir. Considere nesta análise os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e como é possível apoiar o cumprimento das metas estabelecidas na Agenda 2030.

A resposta pode estar ligada ao setor de atividade da firma. Por exemplo, um fabricante de alimentos provavelmente tem capacidade para atuar no combate á fome. Um banco pode contribuir com ações de educação financeira.

Ou ela pode ter relação com a estrutura de operação. Um distribuidor de bebidas pode contribuir com sua capilaridade, enquanto uma escola pode ceder seu espaço ocioso para alguma atividade.

Há ainda a possibilidade da atuação vir do local onde a empresa está instalada e até mesmo da comunidade onde se encontram seus fornecedores ou clientes.

O importante aqui é que exista um vínculo, uma razão ao se escolher uma causa ou uma região para ser adotada, porque é essa ligação que vai dar sentido ao investimento social e vai envolver toda a cadeia de stakeholders, desde os sócios.

Pensando no ESG, essa escolha é chamada de “materialidade”. Ou seja, algo que diga respeito realmente a onde/quem/ o que a empresa atinge de uma forma ou de outra.

Nota técnica: ESG e o “S” brasileiro

Diagnóstico do problema

Uma vez escolhida a causa ou o foco de atuação, vem a etapa de diagnóstico. Ela serve para compreender quais os principais problemas existentes nesse foco, quais tentativas de solução já foram experimentadas e quem são as pessoas e organizações envolvidas com essas questões.

Muitos investidores sociais perdem tempo e dinheiro porque acreditam ter a solução para alguma situação, sem, na verdade, conhecer a realidade das pessoas ou local que sofrem com aquele problema.

Portanto, é necessário estudar bem o problema que se quer atacar. E isso serve para qualquer tamanho de investimento social. Mesmo uma iniciativa pequena, deve ser bem concebida para surtir efeito e, quem sabe, tornar-se um grande projeto!

Definição do projeto de impacto social a ser realizado

Após entender o problema a ser atacado, chegou a hora de definir qual a intervenção a ser realizada. Para qualquer questão que tenha sido escolhida, existirão diversas abordagens possíveis.

O combate à fome não se restringe à doação de alimentos. Ele pode ser feito por meio de capacitação para o emprego, de educação para melhor utilização de alimentos ou estímulo à produção de alimentos mais baratos.

O melhor é optar pelo caminho mais viável dentro das condições da empresa e que traga mais impactos positivos para os beneficiários.

Ao final desta etapa é necessário ter as respostas para as seguintes perguntas:

  • O que vai ser feito?
  • Como vai ser feito?
  • Onde vai ser feito?
  • Quando vai ser feito?
  • Quanto vai custar?
  • Quais resultados queremos atingir?
  • Quais indicadores serão monitorados?

Fazer com as próprias mãos ou apoiar quem já faz?

Esta é outra decisão importante. Como a empresa vai conduzir sua ação social? Vai realizar ela própria ou vai optar por apoiar organizações sociais que já trabalham com a causa ou na comunidade escolhida?

Na verdade, estamos buscando a resposta para a pergunta: quem vai fazer?

Se a empresa vai operacionalizar as ações sociais, será preciso destacar ou contratar pessoas e criar uma célula dentro da companhia com essa responsabilidade, exigindo uma estrutura robusta. Ela estabelecerá uma ligação próxima com os beneficiários e terá maior controle sobre os resultados alcançados.

Se a empresa optar por apoiar organizações do Terceiro Setor para realizarem a ação social, não precisará fazer modificações internas profundas. Em compensação, haverá menos controle sobre a operação e resultados.

Como saber se deu certo?

Depois de todo esforço e dedicação para a realização de uma ação social, é fundamental saber se a intervenção gerou impactos positivos aos beneficiários. Recomenda-se que, antes de começar algum projeto, já se defina quais são as metas a serem perseguidas, quais os indicadores que dirão se elas foram alcançadas ou não e quais os processos que integrarão a avaliação. Fomentar a cultura avaliativa é desejável. O processo mostrará onde estão as fortalezas e onde há espaços para melhorias.

Convide todo mundo para participar

Um projeto social é uma iniciativa que deixa todo mundo entusiasmado. Equipe internas, fornecedores, parceiros, clientes, investidores, comunidade. Por isso, é muito importante contar para todos eles o que será feito e convidá-los a fazer parte. Eles podem dar ideias para melhorar o projeto, podem fazer doações para complementar a verba, podem realizar trabalho voluntário, podem ajudar a divulgar e mais uma série de coisas que nem sequer conseguimos imaginar. E ainda que não se engajem diretamente, podem reconhecer o valor da ação e recompensar a empresas pela atitude.

Com estas seis etapas, empresas se colocam na direção correta para honrar o propósito que se espera de uma empresa atualmente. O IDIS apoia investidores sociais privados em toda esta jornada. Conheça nossos serviços e algumas histórias de sucesso.

IDIS está entre as primeiras organizações do mundo certificadas pela CAF America

A credencial digital é uma iniciativa da representante norte americana da Charities Aid Foundation; o objetivo é validar OSCs do mundo para receberem investimentos estadunidenses

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é o representante no Brasil, desde 2005, da Charities Aid Foundation (CAF), organização britânica dedicada à filantropia e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir de suas doações.

 

Em dezembro de 2021, o IDIS recebeu da CAF America, um dos escritórios parceiros da rede CAF International, um inédito selo digital, que reconhece sua idoneidade e trabalho exemplar realizado no Brasil. A certificação representa a investidores norte-americanos a segurança de que somos uma organização da sociedade civil sólida e avaliada em relação a risco de fraude, lavagem de dinheiro ou outras atividades ilícitas.

 

Com o objetivo de crescer o número de organizações validadas internacionalmente, a CAF America contará com o envolvimento de parceiros locais. Com vasta experiência neste tipo de validações de OSCs no Brasil, o IDIS, a partir de seu escritório em São Paulo, se envolverá neste processo como agente validador, atendendo também os clientes internacionais da CAF que atuam na região e oferecendo serviços globais aos investidores sociais privados brasileiros.

 

Para saber mais, clique aqui.

Queda de doações é destaque no Jornal Nacional

A diminuição de mobilizações solidárias está deixando muitas famílias desamparadas neste período precário de crise econômica. A queda de doações de cestas básicas para comunidades carentes, em especial no primeiro mês do ano, evidencia o prejuízo que muitas famílias estão enfrentando e reforça a necessidade e importância das doações.

A Pesquisa Doação Brasil 2020 revelou uma queda no número de doações no país. Em 2015, o percentual da população que havia realizado algum tipo de doação foi de 77%, já em 2020, o percentual caiu para em 66%. O mesmo ocorreu para doações para organizações/iniciativas socioambientais, a redução foi de 46% para 37%. Diante desses dados não é difícil perceber a relevância de uma mobilização da sociedade, de empresas e grandes corporações, assim como a criação de políticas públicas que visem mudar essa realidade.

Convidada para comentar a situação, Paula Fabiani, CEO do IDIS, reflete:

“Acho que é necessário que a sociedade tenha mais campanhas de engajamento das empresas e o próprio governo tenha políticas públicas para promover e cobrar a participação das corporações e também das médias e pequenas”.

Assista aqui a notícia na íntegra.

 

IDIS participa de primeiro Simpósio Global de Filantropia

O Simpósio Global de Filantropia, promovido pela Charities Aid Foundation (CAF), reuniu integrantes da sociedade civil que atuam e fortalecem a filantropia em diferentes partes do mundo. O evento aconteceu no dia 9 de novembro ao longo de 19 horas e reuniu representantes de 10 países, sendo eles: África do Sul, Austrália, Brasil, Bulgária, Canadá, Estados Unidos, índia, Inglaterra, Rússia e Turquia. Com o foco em doadores, o encontro abordou não só a tendência internacional como também a percepção local nos diferentes continentes. Dentre os temas debatidos estão a filantropia de impacto, empoderamento negro, confiança e mecanismos de doação internacional. 

Representante da CAF no Brasil, o IDIS marcou presença no Simpósio e conduziu dois debates relevantes para a filantropia brasileira. Aprofundando o tema da colaboração entre empresas e organizações da sociedade civil, a mesa ‘Empresas Grantmakers: impacto social por meio do apoio a OSCs’ contou com a participação de Daniela Grelin, diretora do Instituto Avon, e Paulo Eduardo Batista, diretor executivo do Instituto Mosaic. A conversa foi moderada por Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS. No segundo painel, Eliane Sousa Silva, fundadora e diretora da Redes da Maré e Erika Sanchez, diretora executiva do Instituto ACP foram convidadas para integrar a mesa ‘Transformando Territórios: investimento para o desenvolvimento local’, mediada por Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS.

 

Empresas Grantmakers: impacto social por meio do apoio a OSCs

A preocupação com impacto social tem crescido entre as empresas e as ações voltadas para a transformação social passam a ser pensadas como parte do plano estratégico de crescimento no meio corporativo. O apoio a projetos de organizações da sociedade civil é uma das maneiras pela qual esta dinâmica tem sido organizada. Empresas que apoiam OSCs e/ou financiam projetos sociais já existentes são denominadas grantmakers e para integrar a conversa, convidamos Daniela Grelin do Instituto Avon e Paulo Eduardo Batista do Instituto Mosaic, duas pessoas que estão à frente da atuação social de grandes empresas.

O Instituto Avon atua como uma grantmaker nas causas do câncer de mama buscando levar informação segura e confiável sobre a saúde das mamas a todas as mulheres, e também na violência contra mulheres e meninas por meio da promoção diálogo, estímulo à ação e melhora da qualidade dos serviços oferecidos às mulheres para a construção de relações saudáveis. São quatro os pilares de atuação do Instituto para o empoderamento da mulher: a promoção e divulgação de conhecimento, advocacy, grantmaking e conscientização e engajamento. Daniela enfatizou que um dos requisitos para a transformação social em grande escala é a colaboração. Segundo ela, os entes públicos têm uma atuação muito fragmentada no país e a atuação em rede contribui para suprir esta demanda, destacando para que isso funcione precisa haver confiança mútua entre os colaboradores, que pode ser fortalecida por meio de prestação de contas. 

O Instituto Mosaic é o braço social da Mosaic no Brasil. Ele como missão promover o desenvolvimento mútuo e sustentável nas comunidades, promovendo o bem-estar, a educação de qualidade, a formação de pessoas e o fortalecimento de valores como ética, colaboração e responsabilidade. Paulo contou como se dá essa atuação, começando pelo desenvolvimento local em educação, que promove projetos que envolvem a capacitação de escolas, principalmente professores na primeira infância, seguido dos projetos de reciclagem e alimentação que incentivam a colaboração e o desenvolvimento local. O Edital da Água, projeto que contou com o apoio técnico do IDIS, tem como objetivo promover ações de melhoria da gestão dos recursos hídricos nas comunidades em que a empresa atua. Assim como Daniela, ele também enfatizou a importância do fortalecimento da relação de confiança entre as empresas e as organizações e ressaltou que a prestação de contas não é apenas um relatório, mas também um aprendizado. 

Finalizando, Andra Hanai reforçou: “A relação de confiança construída dos dois lados tem um sucesso maior e potencializa o impacto desse processo”.

 

Transformando Territórios: investimento para o desenvolvimento local

Institutos e fundações comunitárias têm se consolidado cada vez mais internacionalmente como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios. Neste modelo de atuação, o investimento é voltado para uma localidade específica, seja um bairro, uma cidade ou região. Nesse sentido, muitas organizações apostam neste modelo como uma ferramenta de transformação de territórios. 

Eliane Silva, que integrou o painel, está à frente da Redes da Maré, uma instituição da sociedade civil que produz conhecimento, projetos e ações para garantir políticas públicas eficazes para melhorar a vida dos moradores das 16 favelas da Maré, no Rio de Janeiro. Crescida em uma das favelas do Complexo da Maré, Eliane enfatizou que o trabalho coletivo garante a permanência de um trabalho tão robusto quanto o que a organização realiza hoje, em especial o envolvimento da comunidade nos projetos. Falando sobre as ações da organização, ela destacou: “Temos entregas muito concretas, agora temos que pensar nesse estímulo e inspiração para que outros movimentos queiram se engajar, estimular que outras lideranças, outros grupos que querem partilhar de um processo de mudança juntos”.

De acordo com Erika Sanchez, diretora executiva do Instituto ACP, organização que apoia projetos de desenvolvimento organizacional de iniciativas comprometidas em gerar impacto positivo na sociedade, a pandemia trouxe a ação comunitária mais ainda para o centro, pois sua importância ficou evidente e muito clara nas áreas mais vulneráveis do país, comenta. Ela chama atenção para a relevância da construção de relações mais horizontais, da criação de autonomia e confiança na transformação de um território. Para ela, “a sociedade civil brasileira é enorme e tem um papel muito importante nessa construção, por isso a importância de ser fortalecida”. 

O Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS em parceria com a Mott Foundation, surgiu com o objetivo de fortalecer e fomentar institutos e fundações comunitárias no Brasil. Conheça o programa, acesse transformandoterritorios.org.br.

A Charities Aid Foundation (CAF) é uma organização britânica dedicada à filantropia e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir de sua doação. Sua rede global consolidando-se como a maior estrutura de apoio ao investidor social privado, no mundo. Além da sede no Reino Unido, a CAF também atua na África do Sul, Austrália (Good2Give), Brasil (IDIS), Bulgária (BCause), Canadá, Estados Unidos, Índia, Rússia e Turquia (Tusev).

Oportunidade para Consultor(a) Externo(a) em Projeto de Rede de OSCs

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social está com uma oportunidade para profissional com experiência em projetos de rede junto a Organizações da Sociedade Civil (OSCs).

 

A pessoa será responsável pelo apoio na implementação das ações do projeto, envolvendo:

• Contato e interação com organizações sociais.
• Relacionamento e articulação com cliente e parceiros.
• Preparação de materiais para realização de reuniões, workshops presenciais e mentorias online.
• Apoio, condução e sistematização de reuniões, workshops presenciais e mentorias online.
• Elaboração de relatórios.
• Monitoramento, acompanhamento e análise de coletas quantitativas e qualitativas de dados.
• Zelar pela ética e valores institucionais do IDIS.

 

REQUISITOS DO CARGO

INSTRUÇÃO E EXPERIÊNCIA

Formação superior completa e experiência mínima de 3 anos em gestão de projetos e/ou projetos de fortalecimento de redes de OSCs e em relacionamento institucional com instituições e atores dos setores públicos e/ou privados.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Conhecimento teórico e experiência prévia em projetos de rede de OSCs e inclusão produtiva.
• Experiência em sistematizar e analisar informações e dados.
• Habilidade para elaborar relatórios.
• Excel e Power Point intermediário/avançado.
• Habilidades comportamentais para manter bom relacionamento com equipe e clientes, bem como com outros parceiros estratégicos do IDIS.

COMPETÊNCIAS

Iniciativa, planejamento, organização, capacidade para solucionar problemas, boa redação, capacidade analítica e bom relacionamento interpessoal.

VAGA

Tipo de contratação: PJ
Remuneração a combinar
Local de trabalho: Remoto e com disponibilidade para viajar quando a pandemia permitir.

ORIENTAÇÕES PARA PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO SELETIVO:

Preencher o formulário disponível em bit.ly/idisvaga7_ e anexar o CV no campo indicado ao final.

O prazo para o envio do formulário é 01 de junho.

NOTA TÉCNICA: 10 dicas para verificar a confiabilidade de uma OSC

O brasileiro é um povo solidário e, cada vez mais, reconhece a importância das organizações da sociedade civil (OSCs) para o enfrentamento de nossos desafios sociais.

Repetidas pesquisas, entretanto, demonstram que nossos níveis de doação poderiam ser maiores se superadas algumas barreiras, entre elas, a desconfiança que muitas pessoas nutrem em relação às OSCs.

Para ajudar a mudar este quadro, elaboramos essa lista de dicas, um passo a passo para a validação básica de organizações sociais.