A força do ODS 17: colaboração como base de um futuro resiliente

Artigo publicado originalmente no portal Um Só Planeta

por Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias no IDIS ; e Marcel Fukayama é Co-fundador Sistema B Brasil e Conselheiro no IDIS.

A coletividade sempre foi um valor importante para o avanço da sociedade. Não à toa, compõe o imaginário popular em contos e fábulas infantis, e por meio ditados como ‘a união faz a força’. Não é de se surpreender o esforço quase intuitivo dos adultos de fazer jovens aprenderem desde cedo a importância da coletividade, já que a vida em sociedade é intrinsecamente ligada à colaboração e ao apoio mútuo. O princípio, por mais básico que soe, precisa ser constantemente reforçado, para que cheguemos a resoluções comuns para problemas de todos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) pensou nisso ao delimitar os dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O conceito é visto em peso justamente no ODS 17 – Parcerias e meios de implementação, que indica a importância de parcerias como um meio para acelerar e garantir o desenvolvimento sustentável. Justamente o último ODS da base que fomenta e fortalece todos os outros.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entretanto, revelam que, dos 24 indicadores monitorados pelo Brasil relacionados ao ODS 17, apenas seis foram totalmente desenvolvidos até o momento, enquanto treze estão em fase de construção ou análise. Com apenas seis anos para o alcance das metas da Agenda 2030, é nas parcerias que poderíamos encontrar parte das soluções que faltam, unindo recursos, conhecimentos e experiências.

A construção de pontes entre governos, empresas e sociedade civil organizada gera forças para enfrentar desafios que, individualmente, seriam intransponíveis. Pensemos, por exemplo, na filantropia estratégica. Como o próprio nome sugere, trata-se da alocação de recursos privados para benefício público, de forma estratégica. Esses recursos fortalecem iniciativas e soluções que nem sempre seriam viáveis apenas pelo braço estatal, além de serem mais flexíveis, possibilitando a adoção de abordagens experimentais e o desenvolvimento de soluções criativas para problemas complexos. A prática, por si só, já é muito poderosa no âmbito do impacto social.

Acontece que a filantropia estratégica pode ser ainda mais eficaz quando respaldada por parcerias sólidas de outros setores, ao invés de apenas permanecer fechada em si mesma. Colaborações potencializam os impactos das iniciativas, tornando-as mais duradouras e sustentáveis.

Enquanto os governos detêm o poder regulatório e os recursos do setor público, as organizações filantrópicas contribuem com uma visão estratégica, agilidade e recursos privados que impulsionam o impacto social. A sociedade civil, por sua vez, traz uma perspectiva direta da comunidade, guiando o direcionamento final dos recursos e garantindo que as soluções sejam verdadeiramente alinhadas com as necessidades da população atendida.

Um dos exemplos que evidencia o sucesso desse tipo de parceria é o Juntos Pela Saúde. Lançado em 2023, o Programa é uma iniciativa do BNDES, gerido pelo IDIS. Em parceria com doadores privados, o Juntos Pela Saúde reúne recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A perspectiva é que, até 2026, sejam destinados aproximadamente R$ 200 milhões não reembolsáveis (R$ 100 milhões da iniciativa privada e R$ 100 milhões do BNDES) para projetos de saúde que visem beneficiar atividades de atendimento às populações que vivem nestas regiões do país, incluindo os serviços da atenção primária; a média e a alta complexidades; os serviços de urgência e emergência e o apoio diagnóstico. A cada real doado por outras instituições, o BNDES aporta outro real, em um modelo de matchfunding.

O desafio não é simples, uma vez que a gestão desses multi-stakeholders é complexa. Para o alcance do objetivo do Juntos pela Saúde, foi necessária a construção de diversas dessas pontes entre iniciativa privada, setor público (secretarias de saúde dos municípios, estados e ministério da saúde) e organizações da sociedade civil que ficarão responsáveis por executar os projetos apoiados pelo programa. Até o momento, o programa já direcionou cerca de R$ 96 milhões em recursos, destinados a três projetos que, juntos, chegarão a mais de 300 municípios.

Outro grande exemplo brasileiro de incidência coletiva e que atua em rede em busca de mudanças estruturais é o movimento global Catalyst 2030, formado por cerca de 127 empreendedores e inovadores sociais mobilizados em acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O grupo passou a fazer parte em 2023 do Comitê da Estratégia Nacional para Economia de Impacto (ENIMPACTO), a quem apresentou uma carta com propostas de como a rede pode contribuir ainda mais com políticas públicas e avançar nas soluções.

Uma referência adicional evidencia como a parceria entre os setores empresarial e social podem criar novos paradigmas. Em 2023, três Empresas B: a incorporadora MagikJC, a securitizadora Grupo Gaia e orquestradora Din4mo, criaram o Sistema Organizado para Moradia Acessível (SOMA), uma organização sem fins lucrativos que busca oferecer habitação de interesse social em centros urbanos.

O SOMA levantou 15 milhões numa operação na B3 em um certificado de recebível imobiliário (CRI) com investidores como Gerdau, Votorantim, Dexco, Movida e P4 Engenharia. O recurso viabilizou a construção de um prédio no Largo do Arouche e agora está provendo locação social a famílias em situação de vulnerabilidade.

Reconhecendo o papel essencial do trabalho conjunto e da união de esforços e recursos, podemos avançar em direção a um futuro mais inclusivo, equitativo e regenerativo.

Iniciativa criada pelo Catalyst 2030 Brasil é destaque na Folha de São Paulo

O Fundo Catalisador é uma iniciativa colaborativa inédita no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que busca financiar projetos colaborativos em prol desse desenvolvimento. A iniciativa foi destaque na Folha de S.Paulo que compartilha os aprendizados da primeira ação de financiamento do movimento global Catalyst 2030 no Brasil.

Com apoio técnico do IDIS o fundo teve como foco o ODS 6, ligado a água e saneamento. Após seleção de diversas iniciativas colaborativas inscritas, o projeto vencedor foi o de “Acesso à água potável para Mundurukus”, que visa fornecer água potável para cerca de 3.000 indígenas na região do baixo Tapajós.

O fundo teve o apoio da Ambev AMA que destinará até R$ 200 mil para a iniciativa colaborativa escolhida que inclui as organizações Associação de Mulheres Wakoborun, Associação Paririp, DSEI Rio Tapajós, Projeto Saúde e Alegria e Water is Life.

A partir dos resultados obtidos, sete aprendizados destacaram-se como iniciativas passíveis de serem replicadas, incluindo manter o objetivo em foco, estabelecer uma governança clara, envolver especialistas, engajar os financiadores, promover uma comunicação clara, registrar os aprendizados e compartilhar conhecimento.

Confira a matéria completa na Folha de S.Paulo.

Imagem mostra 9 participantes em uma vídeo chamada do google meet; sete pessoas estão com as câmeras ativadas

Reunião do grupo vencedor do primeiro desafio do fundo, relacionado ao ODS 6 – Água e Saneamento; o projeto vencedor foi o ‘Acesso à água potável para Mundurukus’

Sobre o CATALYST 2030

O Catalyst 2030 é um movimento global, presente em mais de 195 países. O IDIS é uma das organizações que integra o movimento no Brasil.

Sobre o catalyst 2023 brasil

Catalyst 2030 é uma rede global de empreendedores sociais que trabalham por meio da colaboração para acelerar a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Em novembro de 2019, um grupo, de principais empreendedores sociais se reuniu com o objetivo de criar Catalyst 2023 Brasil. Após receber sua primeira concessão em 2021, o Capítulo foi lançado e começou a operar com o apoio administrativo do Secretariado. Atualmente, existem quase 100 empreendedores sociais mobilizados e conectados em torno da causa urgente dos ODS. Ao longo de 2021, várias ações e projetos surgiram do Catalyst Brasil, e já há muitos planos para 2022.

Desafio Fundo Catalisador 2030: Conheça o Projeto vencedor!

“Acesso à água potável para os Mundurukus” é o vencedor do edital do Desafio Fundo Catalisador 2030.

 

Pioneiro para ações colaborativas de impacto social ambiental realizado pelo Catalyst 2030 Brasil, ele foi apresentado pela Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun, do projeto Saúde e Alegria, Water is Life, DSEI Rio Tapajós e Associação Indígena Pariri.

 

O projeto receberá R$200 mil, resultado do aporte feito pela água AMA, produto social da Ambev, para realizar ações que promovam o acesso à água potável (ODS #6) para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

 

Ele prevê a distribuição de filtros para o povo indígena Munduruku no Pará, tornando potável a água de rios, igarapés, cacimbas e pluviais.

 

 

SOBRE CATALYST 2030

Movimento global de empreendedores sociais e inovadores sociais de diferentes setores, que compartilham o objetivo de criar abordagens inovadoras e centradas nas pessoas para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Unindo forças com comunidades, governos, empresas e outras organizações, o Catalyst 2030 foi lançado em 2020, no Fórum Econômico Mundial, inicialmente pela Ashoka, Schwab Foundation, Skoll Foundation e Echoing Green. Hoje, o movimento  reúne, no âmbito global, mais de 500 empreendedores sociais em 195 países, impactando 1 bilhão de vidas e gerenciando US$ 2 bilhões em fundos alinhados aos ODS. Mais informações clique aqui.

Financiamento da Mudança de Sistemas: Lições de Financiadores no Brasil

Em 16 de dezembro de 2022, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Catalyst 2030 co-realizaram o terceiro encontro de uma série de conversas globais com investidores sociais e filantropos  sobre o futuro da mudança dos sistemas de financiamento. Esta série reúne financiadores dentro de um país ou região para partilhar o feedback específico do contexto sobre os dez princípios apresentados na Carta Urgente para mudanças nas práticas de financiamento.

A Carta, escrita pelos membros do Catalyst 2030, entre empreendedores sociais e membros de OSCs, descreve dez apelos-chave para os financiadores considerarem nas suas práticas de atribuição de recursos, incluindo: conceder financiamento plurianual, financiamento sem restrições, investir no desenvolvimento organizacional, e criar relações transformadoras ao invés de transacionais. Leia a lista completa de princípios na carta aqui.

Este encontro reuniu filantropos brasileiros e organizações que realizam investimento social privado para discutir como estes princípios poderiam funcionar na prática, e o impacto que teriam na Filantropia Brasileira e na sociedade civil. Agradecemos imensamente a todos os que participaram nesta discussão e que estão contribuindo para  um diálogo aberto e inclusivo para melhorar a filantropia para todos. 

Aqui estão cinco pontos-chave da conversa:

Reconhecer o impacto do contexto nacional e das suas restrições  

Grantmakers, ou seja, organizações que aportam recursos a terceiros, em geral, têm diretrizes para a realização de seu investimento social privado. Se por um lado, essas regras contribuem para a transparência sobre a destinação dos recursos, por outro, limitam a capacidade de oferecerem  financiamento sem restrições e de forma flexível. Este cenário limita a adoção deste princípio, dado que exigiria uma mudança de atitude e de paradigmas dos dois lados. Esta inflexibilidade também afeta a capacidade dos financiadores para apoiar a capacitação institucional ou a criação de redes, uma vez que as restrições regulamentares exigem que os financiadores-parceiros sigam os processos tradicionais de due diligence e acreditação.

 

Fomentar a colaboração em todo o setor

Embora esse desafio não seja exclusivo do Brasil, o grupo discutiu a necessidade de maior colaboração entre investidores sociais e atores da sociedade civil no país. Isso requer uma mudança de comportamento e mentalidade em todo o setor; afastar-se do trabalho isolado e intensificar a colaboração e parcerias entre financiadores, beneficiários e partes interessadas intersetoriais para alcançar mudanças sistêmicas.

Oferecer aos filantropos múltiplos pontos de acesso que reconheçam a variedade de sua maturidade

Abraçar estes dez princípios será uma jornada diferente para cada organização. É importante respeitar a diferença de maturidade entre os filantropos, as diferentes estratégias de investimento, e as diferentes regulamentações e disposições estatutárias e operacionais que podem ter impacto nesta jornada. O grupo sugeriu ter em conta os diferentes pontos de entrada de cada financiador e avaliá-los em conformidade, assegurando que a força e a evolução da resposta de um financiador é reconhecida a partir da individualidade de cada um deles.

 

Considerar outras ferramentas (tais como uma pontuação) para ajudar os financiadores a melhorar as suas práticas

É fundamental considerar quais os instrumentos e recursos que somos capazes de oferecer a fim de  estimular investidores sociais a abraçarem estes princípios. Isto poderia incluir por exemplo, a criação de um sistema de classificação e auto avaliação para indicar o seu progresso no sentido de adotarem estes princípios. Desta forma, os financiadores não só obteriam uma classificação, mas também compreenderiam em que áreas podem melhorar. Devemos reconhecer o fato de que fazer uma doação vai além do seu valor social. Criar um ranking público no qual as empresas são reconhecidas pelas suas contribuições e por seu  legado pode mobilizar outros financiadores para aderirem ao movimento, tornando estes princípios uma inovação para o ecossistema filantrópico no Brasil..

 

Reconhecer que esta caminhada pode levar tempo e que financiadores devem ser apoiados ao longo do caminho

A filantropia, como um setor, é relativamente recente no Brasil. É importante reconhecer este fato e o tempo necessário para trazer os financiadores nesta jornada de aprendizagens antes de serem capazes de adotar plenamente estes princípios. Por conseguinte, o grupo discutiu a importância de respeitar a caminhada de cada investidor social e de celebrar o progresso ao longo do caminho. Documentar este progresso e criar uma comunidade para a troca de boas práticas poderia contribuir para que financiadores, a longo prazo, mudem suas práticas e adotem os princípios sugeridos. Isto requer o estabelecimento de ecossistemas fortes de financiadores que possam colaborar entre si, partilhar conhecimentos e crescer como um setor.

Quais os próximos passos? 

Esta iniciativa envolve encontros com filantropos e investidores sociais para coletar feedbacks sobre os princípios para as práticas de doação em diferentes países e contextos regionais. Nossa próxima parada nesta jornada é com financiadores na África. Fique ligado para ouvir as principais conclusões desta conversa.

Empreendedores sociais pedem compromisso de candidatos com a Agenda 2030

Catalyst 2030 Brasil divulga carta aberta para incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na gestão pública

Empreendedores sociais de todo Brasil publicaram uma carta aberta para candidatos e candidatas a cargos públicos em disputa nessas eleições. No documento, elencam oito compromissos e ações concretas para fortalecer a Agenda 2030 na gestão pública.

A ação foi organizada pelo Catalyst 2030 Brasil, rede global que atua em rede para tornar o mundo melhor e mais justo para todos e, com a carta, apresenta sugestões  criar ambiente e condições para acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até o momento, a iniciativa já conta com mais de sessenta assinaturas de organizações e empreendedores de impacto.

Nós do IDIS, somos membros fundadores do Catalyst 2030 e assinamos a carta. Convidamos você a participar também desse movimento. No contexto brasileiro são muitos os temas que precisam ser endereçados e apenas por meio da colaboração e fortalecimento dessas metas, isso é possível.

“Estamos diante de inúmeros desafios. A agenda dos ODS nos orienta na direção da solução de problemas que precisamos resolver urgentemente. Não temos tempo a perder e precisamos que todas as lideranças públicas estejam engajadas em colaboração com o setor privado e com a sociedade civil organizada”, argumenta Erika Sanchez Saez, membro do Catalyst 2030 BR e Diretora Executiva do Instituto ACP.

Clique aqui e acesse à carta 

Ou confira o conteúdo na íntegra abaixo.

Carta de Compromisso com a Agenda 2030 e os 17 ODS aos Candidatos e Candidatas das Eleições 2022

As pessoas e organizações signatárias desta carta se dirigem aos candidatos e às candidatas das eleições de 2022 para pedir o seu apoio e compromisso com os principais desafios coletivos tão bem traduzidos pela Agenda 2030, por meio dos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Somos um grupo de empreendedores de impacto, intra-empreendedores, inovadores e empreendedores sociais que, por meio do capítulo brasileiro do Movimento Global Catalyst 2030, promove  soluções inovadoras e a colaboração como estratégia fundamental e transversal para o alcance dos ODS em todo o planeta. O Movimento surgiu no Fórum Econômico Mundial, a partir da articulação de organizações internacionais como Ashoka, Skoll Foundation e Schwab Foundation, e reúne empreendedores sociais em 197 países que, juntos, impactam positivamente a vida de mais de 2 bilhões de pessoas. Continue lendo

Um convite urgente para mudar as práticas de financiamento

 

O Catalyst 2030, rede global que atua em rede para tornar o mundo melhor e mais justo para todos, lançou uma carta aberta destinada a doadores e financiadores de organizações não-governamentais com um apelo para mudanças em suas práticas, tornando-as mais eficazes e melhorando o impacto social sustentável. 

A ação tem como objetivo reunir 1.000 assinaturas em todo o mundo, chamando atenção a esta importante questão. Até 25 de maio, mais de 500 organizações de 60 países já haviam assinado a petição.

Nós do IDIS, assinamos a carta e convidamos você, membro de uma organização não-governamental, a se juntar a nós neste chamamento. Esta é uma oportunidade para acelerar a mudança social, tornando as práticas de financiamento mais eficazes para o setor. 

“Para ter alguma esperança de tornar o mundo um lugar melhor, trabalhando para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, devemos enfrentar de forma mais eficaz as causas dos problemas por meio de mudanças transformadoras nos sistemas. Um número crescente de financiadores e organizações percebeu que agora é a hora de avançar no progresso global e encontrar novas maneiras de apoiar a mudança, mudando as práticas e normas atuais de financiamento no setor social”. Catalyst 2030.  #ShiftingFundingPractices

 

Conheça o site da iniciativa.

 

CONHEÇA A CARTA ABERTA E ASSINE VOCÊ TAMBÉM

Um Convite Urgente para Mudar as Práticas de Financiamento

Estamos agora numa fase da nossa viagem civilizacional onde o nosso mundo enfrenta um conjunto de desafios globais em cascata e interrelacionados que ameaçam o futuro das pessoas e do planeta.  Desde a pobreza endêmica, a desigualdade racial e de gênero, a extinção de espécies, e o desmatamento, até o fascismo crescente, e a crise climática, a combinação destes desafios concorrentes e sobrepostos sinaliza a necessidade urgente de transformar fundamentalmente os sistemas entrincheirados subjacentes a estes grandes problemas. Para termos alguma esperança de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e inverter a trajetória destrutiva que as pessoas e o planeta enfrentam, temos de abordar com mais eficácia as causas profundas de problemas complexos, em vez de tratar os sintomas.  Isto é possível se transformarmos políticas, práticas, costumes, mentalidades, dinâmicas de poder e fluxos de recursos para alcançar um impacto duradouro ao nível local, nacional, e global.  Este é o trabalho conhecido como mudança de sistemas.  É uma perspectiva abrangente à mudança social que procura abordar as características complexas, em grande escala e profundas, das questões sociais.   Um aspecto chave da mudança de sistemas é a colaboração sustentada.  A verdadeira mudança de sistemas ocorre quando múltiplos atores entre setores, disciplinas e grupos sociais – incluindo financiadores e líderes de movimento – trabalham em conjunto para objetivos comuns ao longo de prazos prolongados.Embora encorajemos os financiadores a explorar diferentes oportunidades de financiamento de projetos que possam conduzir ao bem social, incluindo os que oferecem algum retorno financeiro aos investidores, a realização de mudanças eficazes nos sistemas, em particular os muitos aspectos que necessitam de financiamento de doações, exigirá uma poderosa mudança em relação às abordagens filantrópicas tradicionais onde:

1 – os financiadores tendem a confiar nos conhecimentos empresariais e acadêmicos para compreender o impacto social em vez de centrarem a liderança e a experiência vivida daqueles que estão mais próximos das questões que procuramos abordar;
2 –
a maior parte do financiamento é direcionado para aliviar os sintomas de sistemas falidos e não para o trabalho a longo prazo de compreensão, abordagem e mobilização da mudança para abordar as causas profundas;
3 –
o financiamento específico do projeto é concedido em loteamentos de curto prazo, o que também envolve frequentemente papelada excessiva, dinâmica de poder transacional, e uma dependência excessiva em métricas com curto espaço de tempo para avaliar o sucesso; e
4 –
processos e critérios de candidatura podem levar a uma concorrência inútil entre organizações em vez de incentivar os tipos de colaborações necessárias para mudar os sistemas.Um número crescente de financiadores e organizações estão descobrindo que existe uma oportunidade em tempo real para avançar no progresso global e modelar novas formas de apoiar a mudança através da transformação das atuais práticas de financiamento do setor social.  Estas mudanças necessárias abrangem múltiplos tipos de financiadores, incluindo financiamento de filantropia privada, governos, e organismos multilaterais.  Os seguintes princípios descrevem o que nós, um grande grupo de organizações da sociedade civil e inovadores para a mudança de sistema, bem como muitos líderes do pensamento filantrópico, acreditamos ser as práticas mais críticas e eficazes que os financiadores precisar adotar à medida em que lidamos com os problemas complexos que o nosso mundo enfrenta atualmente.  Convidamo-los a considerar a adoção das práticas transformadoras de financiamento abaixo indicadas.  Dado o poderoso papel dos financiadores e doadores em influenciar o trabalho e o âmbito das organizações que trabalham com questões sistêmicas, estas mudanças permitirão e capacitarão melhor o sector social e fomentarão colaborações multisetoriais que trabalham para os tipos de mudanças de sistemas que são urgentemente necessárias.  

PRINCÍPIOS

1 – Dê Financiamento Plurianual e Irrestrito: Abordar as causas profundas dos problemas sistêmicos interligados requer uma adaptação e aprendizagem contínuas a longo prazo. Contar com organizações que tem fundos operacionais gerais durante vários anos (pelo menos três a cinco anos, e de preferência mais tempo) permitem-lhes a flexibilidade necessária para adotarem a abordagem iterativa e a longo prazo para enfrentar grandes problemas sistêmicos, complexos e de longo prazo.  Este tipo de investimento flexível liberta as organizações para se adaptarem às mudanças nas condições e permite que as organizações sem fins lucrativos se concentrem no seu trabalho de missão crítica em vez de se concentrarem na origem das doações do próximo ano.  Se um financiador só pode oferecer doações restritas a projetos, torná-las plurianuais e garantir que cobrem os custos reais diretos (incluindo salários do pessoal) e indiretos da entrega do impacto (tais como alugueis de escritórios e equipamento).  Considerar providenciar mais do que o suficiente para que estes custos permitam que as organizações sem fins lucrativos aumentem um excedente e reservas.

2 – Investir na Capacitação.  Boas ideias não são suficientes.  Ajude os seus parceiros de programa a construir a capacidade organizacional central e a responder ao que eles dizem que mais precisam.  As organizações sem fins lucrativos precisam construir um conjunto diversificado de capacidades, seja na sua organização ou através dos seus parceiros, para trazer força coletiva e sustentabilidade ao seu trabalho ao longo do tempo.  Os financiadores que impõem restrições aos custos gerais limitam a capacidade das organizações para alcançar um impacto social ótimo.

3 – Redes de Fundos: As redes são ferramentas nas nossas caixas de equipamentos de mudança social que apoiam as partes interessadas a tomar medidas de colaboração e a desenvolver iniciativas estratégicas que incluem múltiplos atores que fazem parte da solução.  As redes são também uma excelente fonte de capacitação para os participantes, incentivando a colaboração, experimentando novas abordagens, e permitindo que as correções de curso aconteçam de forma mais rápida e eficiente.  Investir em infraestrutura e capacidade de coordenação das organizações para colaborar, construir redes, e trabalhar em conjunto de forma mais eficiente e eficaz.

4 – Criar Relações Transformativas ao invés de Transacionais: Precisamos evoluir a partir das relações de poder corrosivo que têm caracterizado muitas interações entre financiadores e beneficiários até hoje. Para alcançar a mudança transformacional, precisamos praticar um modelo de parceria em que todos nós trazemos ativos e doações para a mudança em questão. O dinheiro é um desses ativos, tal como o conhecimento da comunidade, o poder das pessoas, as relações, os conhecimentos, o poder econômico e o poder político. O trabalho eficaz de mudança dos sistemas depende de todos estes trunfos.  Requer também sensibilidade partilhada para ouvir, aprender, humildade, e colaboração. Os financiadores podem abdicar de parte do seu poder para construir o nosso poder coletivo para o impacto.

5 – Construir e Partilhar Poder: Os líderes sem fins lucrativos e de movimento não têm estado tradicionalmente presentes em salas onde governos e empresas tomam grandes decisões estruturais. Isto é especialmente verdade para organizações lideradas por pessoas negras, indígenas e de outras etnias, bem como para as lideradas por mulheres, jovens e pessoas com deficiência.  Os financiadores podem ajudar a reequilibrar estas injustiças. Podem consegui-lo através da partilha do poder com e da construção de poder para o setor social, dando mais recursos diretamente a nível local à organizações com liderança local e propriedade local, e fazendo investimentos mais robustos em organizações conduzidas por líderes de cor próximos.  É necessário conceber estruturas e espaços mais inclusivos para a tomada de decisões. Estes espaços devem encorajar o apoio geral ao funcionamento e ao desenvolvimento de capacidades para ajudar os líderes a ganhar políticas e práticas que façam avançar os ODS na sua arena de influência.  É também importante que os financiadores estejam abertos ao financiamento de novos empresários sociais e jovens empresários em início de carreira.

6 – Sejam transparentes e reativos: Traga humildade à sua concessão e reconheça os desequilíbrios de poder nas suas relações com os parceiros do programa. Comunique a sua viagem de equidade com os seus beneficiários. Seja absolutamente claro quanto às suas prioridades e expectativas.  Seja rápido a dizer não, se não for um bom ajuste, e responda em tempo hábil. A urgência dos nossos desafios não exige menos de todos nós.

7 – Simplificar e agilizar a papelada: As organizações sem fins lucrativos passam muito tempo redigindo propostas de doações, relatórios para satisfazer os requisitos dos financiadores, ao mesmo tempo que realizam o difícil trabalho de alteração dos sistemas e cumprem as condições regulamentares. Os financiadores podem ajudar a devolver tempo, simplificando os processos de candidatura, coordenando com outros doadores a due diligence e relatórios, e alinhando os relatórios com uma mentalidade de mudança de sistemas.  A elaboração de relatórios sobre o trabalho de mudança de sistemas é muitas vezes mais complexa e matizada do que a listagem de resultados a curto prazo ligados a projetos individuais. Como métodos adicionais de avaliação do impacto, os financiadores podem estar mais abertos a histórias como exemplos de progresso. Podem perguntar aos beneficiários quais as mudanças no sistema veem ao longo do tempo, e podem falar com os beneficiários sobre o que está funcionando nos seus esforços e o que não está.

8 – Oferecer apoio para além do cheque: Os financiadores têm mais para oferecer do que apenas dinheiro. Seja um conector.  Faça ligações úteis para os parceiros beneficiários a outros possíveis financiadores e organizações de pares, seja curioso e atento às suas necessidades, e crie oportunidades para os mostra-los e mostrar seu trabalho em canais a que tenha acesso.  Apoie redes que construam ligações fortes e forneçam plataformas de colaboração em vez de competição.

9 – Colaborar com outros financiadores: Tal como as organizações sem fins lucrativos precisam tecer redes para alcançar escala, os financiadores precisam construir ecossistemas de investidores no trabalho de mudança de sistemas. Partilhar conhecimentos, conexões e expertise com outros doadores; aumentar a eficiência através de ações coordenadas; abrir portas para os seus beneficiários e caminhar juntos como parceiros.  Ligue-se aos financiadores que estão investindo em áreas semelhantes e responsabilizem-se uns aos outros por pensarem amplamente sobre o seu ecossistema de financiamento e por terem a intenção de incluir líderes e organizações que, histórica e sistemicamente, têm tido dificuldades em acessar os fundos dos doadores.

10 – Adote uma Mentalidade Sistêmica em suas Doações: Os financiadores devem abraçar uma mudança de mentalidade dos sistemas com os seus beneficiários para abordar o(s) problema(s) prioritário(s) escolhido(s).  O objetivo geral é mudar significativamente as condições que mantêm o problema no lugar.  Isto implica identificar, compreender, e abordar as causas profundas do(s) problema(s) que está(ão) a abordando.  Esta mentalidade estende-se também a pensar de forma diferente sobre a avaliação e compreensão do impacto num horizonte a mais longo prazo.  Muitos financiadores podem apontar para alguns destes princípios onde estão liderando ou fazendo progressos.  No entanto, um progresso parcial, embora valha a pena, não será suficiente se quisermos responder à urgência das complexas necessidades às quais nos deparamos.  Apelamos aos líderes do setor filantrópico e aos diferentes tipos de financiadores para que se comprometam a adotar todos estes princípios de forma significativa dentro das suas organizações, de modo que o nosso compromisso partilhado e a nossa capacidade de alcançar uma mudança social duradoura seja acelerada.Especificamente, pedimos aos financiadores que se comprometam com os seguintes passos concretos e práticos para mostrar o seu apoio a estes princípios:

1 – Tomemos o Diagnóstico do Financiador/Doador sobre a mudança dos sistemas de financiamento, encontrado aqui https://bit.ly/3qLJTt1. Esta é uma ferramenta abrangente concebida para apoiar e informar a trajetória de mudança para mais filantropia baseada em mudanças de sistemas.  Desenvolva ações concretas que tomarão como base as recomendações da ferramenta, trabalhe para melhorar a sua pontuação durante o próximo ano ou dois, e comprometa-se a retomar o Diagnóstico de Financiador/Doador para avaliar o seu progresso.

2. Faça mudanças para os elementos-chave da mudança dos sistemas de financiamento, tais como o aumento do financiamento concedido a grupos que utilizam abordagens de mudança de sistemas, o aumento do percentual das suas doações que fornecem apoio central sem restrições, e o aumento do percentual das suas doações que são compromissos de financiamento plurianuais.

3. Revisite e racionalize os seus processos de concessão de doações.  Identifique pelo menos uma forma de incorporar mais perspectivas ou informações de líderes próximos para ajudar a moldar as suas decisões de doações.

4. Responsabilize-se por estes princípios, convidando regularmente os seus beneficiários a darem o seu feedback, quer seja através de uma pesquisa anônima aos beneficiários que desenvolve, um Relatório de Percepção do Beneficiário, uma pesquisa aos funcionários, ou outros mecanismos de feedback que crie para convidar a participação.   *Muitos dos princípios desta carta são derivados de três fontes: Embracing Complexity, um relatório colaborativo da Catalyst 2030, Ashoka e McKinsey & Company que refletiu as perspectivas de muitos empresários sociais em todo o mundo; The Trust Based Philanthropy Project; e os princípios da Filantropia Baseada na Equidade Racial.Estamos ansiosos para trabalhar com você em nossa jornada compartilhada para criar soluções duradouras para muitos dos maiores problemas que as pessoas e o planeta enfrentam hoje.

 

Você concorda com esses princípios? Assine já. 

 

O IDIS é membro fundador do Catalyst 2030 Brasil.

Movimento global “Healing Trees” promove plantio de árvores em homenagem às vítimas da Covid-19

No último sábado (12/03), houve o lançamento do movimento Healing Trees, no Brasil, grupos de voluntários fizeram plantio de árvores em São Paulo e no Rio de Janeiro.  Cem mudas de árvores nativas da Mata Atlântica passaram a integrar um memorial verde em homenagem às vítimas da Covid-19 no Brasil e no mundo.

Desde o início da pandemia em 2020, muitas pessoas perderam entes queridos e o mundo se viu em uma situação nunca antes esperada. O Brasil sozinho passou a representar 10% de todas as mortes pela doença no mundo.

A ideia da iniciativa do Healing Trees é ser um símbolo de esperança e vida para o mundo daqui em diante, uma forma também de respeitar e vivenciar o luto de tantas pessoas que foram perdidas. Até o momento, o movimento registra 487 mil árvores plantadas em todo o mundo.

No Brasil, a ação foi puxada pelo Catalyst 2030 Brasil e o Catalyst 2030, movimento também global para aceleração dos ODSs, atualmente liderado no país por Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Você encontra uma matéria detalhada da ação na Folha de São Paulo clicando aqui.

Desafios da colaboração entre empreendedores sociais

Agenda comum, liderança e diálogo são pontos fundamentais para ONGs e negócios sociais ajudarem a atingir objetivos da ONU

 

Vivemos em uma sociedade desigual e que coloca em risco a sobrevivência dos seres que aqui habitam. Precisamos repensar o consumo e nossas relações humanas e organizacionais.

Este anseio pode ser endereçado se trabalharmos pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), movimento liderado pela ONU para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir que as pessoas desfrutem de paz e de prosperidade.

Mas precisamos atuar já e juntos, para que esses objetivos sejam atingidos em 2030, e não em 2093, como se projeta se continuarmos a agir da mesma maneira.

Em um momento em que desafios foram acentuados pela pandemia, a polarização e crise de confiança nas instituições dificultam a união em torno de agendas prioritárias. Por isso, a colaboração se torna ainda mais vital.

Para promover a colaboração e catalisar condições para acelerar a implantação dos ODS, surge o movimento Catalyst 2030 no mundo, que conta com um capítulo brasileiro.

O movimento acredita que um caminho promissor é a colaboração entre empreendedores sociais, ou seja, líderes de ONGs e negócios de impacto.

Contudo, apesar do alinhamento de propósito para a geração de impactos socioambientais destes líderes, é preciso reconhecer alguns desafios que devem ser superados para que a colaboração potencialize os atributos de diferentes visões em projetos conjuntos.

ONGs e negócios de impacto podem apresentar ritmos, repertórios e competências diversas. Desta forma, as capacidades operacionais precisam ser compreendidas em suas especificidades, e as prioridades bem estruturadas. Diferenças metodológicas e processuais precisam ser equalizadas no processo colaborativo.

Neste tipo de arranjo, há que se observar ainda a governança da colaboração, evitando conflitos de interlocução, e as diferentes abordagens comunicacionais, cuidando para que o projeto tenha uma voz própria que represente, de forma colaborativa, o conjunto das iniciativas realizadoras.

E, por fim, o desafio do financiamento, comum a quaisquer empreendedores sociais, pode se tornar uma oportunidade de ampliação das possibilidades, uma vez que ONGs e negócios sociais podem acessar uma maior diversidade de fontes.

Somente unindo forças nesse momento de reconstrução do mundo e das organizações é que podemos encontrar uma saída para que consigamos atingir os ODS em colaboração.

A implementação dos ODS alinhados com a estratégia não somente nos fortalece para resolvermos os problemas socioambientais mais rapidamente no mundo, mas também intensifica a relação entre todos os setores através da comunicação de uma linguagem comum e global.

Também promove inovação no desenvolvimento de soluções socioambientais, favorece a atração de novos talentos comprometidos com a causa e de investimentos a longo prazo.

Na prática, estabelecer agendas de colaboração entre ONGs e negócios de impacto para promover impacto coordenado e sustentável depende de uma visão ampla sobre pontos de atenção que não podem ser deixados de lado.

AGENDA COMUM

É fundamental que haja clareza sobre as ODS que busca atingir, e a estratégia que será utilizada em torno disso se aproveitando das fortalezas de cada iniciativa envolvida. Muitas vezes, uma boa discussão sobre o plano de trabalho antecipa problemas em momentos futuros.

LIDERANÇA E COLABORAÇÃO

A governança da colaboração precisa estar alinhada e estruturada: a interlocução deve ser única e o fluxo interno de conhecimento deve escoar na direção correta, evitando uma descentralização que prejudique o resultado.

Os times devem ter claras as maneiras de interagir entre si, e o ritmo de trabalho deve respeitar as limitações e possibilidades de todos os envolvidos.

ESCUTA E DIÁLOGO

Nada mais importante em processos de colaboração do que a oportunidade de se aprender com experiências diversas. ONGs e negócios de impacto trazem repertórios complementares que, unidos, podem gerar soluções poderosas –e nesse contexto, a escuta e a troca se tornam ferramentas poderosas para o sucesso da colaboração.

 

Por Larissa Gurjão (SIB Impact), Paula Brandão (Baluarte Cultura), Paula Fabiani (IDIS) e Rodrigo Pipponzi (MOL)

Este artigo foi publicado originalmente pela Folha de São Paulo.