IDIS apresenta perspectivas e desafios da filantropia no Brasil em 2023

Um ano sempre começa com expectativas de renovação e, mais do que isso, de realização. Colocar em prática projetos, ampliar o conhecimento e desenvolver novos planos. Por meio desta iniciativa, buscamos trazer uma leitura do cenário, identificar ações inspiradoras e apontar caminhos para um investimento social privado mais estratégico e transformador.

Este exercício, feito diariamente pela equipe do IDIS, é compartilhado aqui com o Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2023. Não há a pretensão de traçar um quadro completo da realidade, mas de reunir elementos que contribuam para tomadas de decisões.

“Há exemplos de inovações, de novas metodologias e modelos de financiamento, de parcerias improváveis, de mudanças significativas, de novas formas de fazer diferente o que já estava dando certo. Que este elemento transversal seja também uma fonte de inspiração para você, como já é para nós”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Conheça abaixo as Perspectivas da Filantropia no Brasil:

PERSPECTIVA 1 – A POTENCIA (E A NECESSIDADE) DO DIÁLOGO COMO CONSTRUTOR DE PONTES

As soluções são encontradas na interação, exigem colaboração e contemplam múltiplas demandas e pontos de vista

PERSPECTIVA 2 – muito além de responsabilidade: legado

O que empresas deixam para as próximas gerações

PERSPECTIVA 3 – diversificação das formas de financiamento

Mais que nunca, otimizar e contribuir para a evolução das possíveis fontes de financiamento é necessário para a solução de desafios

PERSPECTIVA 4 – o número não é o ponto final

A  Avaliação de Impacto Social com monetização tem sido cada vez mais debatida e procurada, mas, descoberto o número, qual o próximo passo?

PERSPECTIVA 5 – emergências ambiental e social caminhando lado a lado

A interdependência entre clima, florestas e pessoas

PERSPECTIVA 6 – terceiro setor engajado na promoção de políticas públicas

A sociedade civil organizada fortalece a democracia e acelera mudanças sistêmicas

PERSPECTIVA 7 – fortalecimento da sociedade civil organizada: confiança, governança e transparência

A relevância das OSCs – organizações da sociedade civil cresce conforme aumenta a confiança da população nos trabalhos realizados

PERSPECTIVA 8 – filantropia familiar mostra a sua cara

Indivíduos e famílias assumem compromissos públicos em suas práticas de doação

Caso você queira ler sobre cada uma das perspectivas com as dicas e exemplos, confira abaixo:

Captcha obrigatório

Avanço do Brasil no Índice de Solidariedade mostra caminhos para fortalecer filantropia

Texto publicado originalmente no blog do Movimento por uma Cultura de Doação.

No último dia 4 de outubro, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), com apoio da Conexão Captadoras, reuniram ativistas, pesquisadoreas e representantes de organizações da sociedade civil e de empresas para um debate sobre a recente publicação do Índice Global de Solidariedade (WGI, da sigla em inglês ‘World Giving Index’). Divulgado no final do mês de setembro, o índice trouxe o Brasil na 18ª colocação, o que representa um salto de mais de 35 posições entre os 119 países que integram o levantamento. Em 2020, o país figurava na 54ª colocação.

A fim de fomentar o debate sobre o cenário brasileiro, Paula Fabiani, CEO do IDIS, Andrea Wolffenbüttel, membro do comitê coordenador e líder do mandato de Comunicação do MCD, Pamela Ribeiro, coordenadora de projetos especiais no GIFE e membro do comitê coordenador do MCD; e Ana Flavia Godoi, fundadora da Rede Captadoras e consultora sênior de Mobilização de Recursos do Fundo Baobá, apresentaram e refletiram sobre os dados.

Paula Fabiani chamou a atenção para o item ‘Ajuda a um desconhecido’, que apresentou o maior crescimento em nível global dos três tópicos levantados. Isso representa cerca de três bilhões de pessoas, resultando na pontuação mais alta desde a primeira edição da pesquisa, em 2009. Este item saltou de 55%, em 2020, para 62% em 2021. Além da ajuda a um desconhecido, a pesquisa também considera ‘doações de dinheiro a organizações’ e ‘trabalho voluntário’. “Claramente houve um efeito da pandemia, mas outros temas também fizeram as pessoas se engajarem em uma ação, como as mudanças climáticas”, analisou.

Enquanto, na Europa, os países são melhores colocados na doação de dinheiro a organizações, na América Latina a ajuda a um desconhecido teve um desempenho melhor do que a média global, de 40%. Dos 17 países do bloco, apenas Peru (39%), Chile (38%), Panamá e El Salvador (36% cada) ficaram abaixo da média; Brasil e Argentina dividem a liderança, ambos com 47%.

No Brasil, apesar do grande avanço na ajuda a desconhecidos – que foi de 63% para 76% e colocou o país em 11º posição neste item – o índice que mais apresentou crescimento foi a doação a organizações, que avançou 15 pontos percentuais e chegou a 41%.

Mesmo com cautela, Pamela Ribeiro, coordenadora de projetos especiais no GIFE, se mostra otimista com os dados apresentados e indica que eles podem representar um fortalecimento da Cultura de Doação no país. “Quando a gente associa esse crescimento expressivo do engajamento dos brasileiros na doação de dinheiro a outros dados, como o aumento da confiança, isso indica pra gente um futuro bastante promissor”, projetou.

Os dados, na visão de Pamela, podem representar ainda uma ‘resposta dos brasileiros’ ao contexto político e institucional atual. “A retração de políticas públicas e a restrição de acesso aos direitos básicos podem ter estimulado a busca por um caminho alternativo, que é a sociedade civil organizada”, sugeriu a coordenadora.

Por considerar a nova posição do Brasil um lugar ‘poderoso’ e estratégico também para o setor de captação, a fundadora da Conexão Captadoras, Ana Flavia Godoi, destacou a importância de profissionalizar o campo e investir na formação de profissionais e estruturação de setores voltados especificamente para isso. “Quem não tem entendido a captação como um campo profissional pode ter perdido doações nesse período”, sugeriu.

Para Ana Flavia, os números representam mais pessoas praticando a solidariedade e confiando nas organizações, e afirma que “Cabe a nós, do lado de cá, estarmos preparadas para dialogar com essas pessoas e construir uma jornada para esses possíveis doadores. Tendo uma cultura de captação caminhando ao lado da cultura de doação, podemos estimular a construção de uma sociedade civil fortalecida”, explicou.

O evento contou com a participação de mais de 60 pessoas do campo. Andrea Wolffenbüttel, líder do mandato de Comunicação do MCD, destacou a importância do debate para duas das diretrizes criadas pelo MCD para a cultura de doação: Fortalecimento do Ecossistema da Cultura de Doação (Diretriz 5) e Narrativas Engajadoras (Diretriz 2).

“Toda vez que você tem dados e conhece melhor, você consegue entender e discutir com mais propriedade e consegue tomar decisões mais qualificadas. Ter esses dados e discuti-los é fundamental para o fortalecimento do nosso campo. Além disso, é importante termos narrativas que engagem as pessoas na doação; esses dados podem nos ajudar a construir essas narrativas engajadoras”, explicou a jornalista.

Faixa etária e gênero

A última edição do WGI também trouxe dados relacionados à idade e ao gênero dos respondentes. No quesito doação em dinheiro, a faixa que mais se mobilizou foi a de mais de 50 anos, onde aproximadamente 50% afirma ter feito uma doação. A faixa mais jovem (15-29), no entanto, também teve um crescimento acentuado e cada vez mais se aproxima da faixa imediatamente superior, de 30 a 49 anos.

“Uma grande surpresa que tivemos é o público masculino, que vem doando mais recursos. Nós tínhamos a percepção que o público feminino doava mais, e isso foi comprovado pela Pesquisa Doação Brasil, mas nesse último ano a gente teve o público masculino praticando mais a doação de dinheiro que as mullheres”, indicou a dirigente do IDIS, Paula Fabiani.

Para Pamela Ribeiro, essa mudança de posição pode ser um resultado da crise, principalmente social e econômica, enfrentada no país. “A gente sabe que esse tipo de situação afeta muito mais as mulheres, então a doação de dinheiro pode estar sendo impactada por isso”, levanta a hipótese.

No voluntariado, a situação é um pouco diferente, a faixa etária que mais atua nesse quesito é a de 30-49 anos, com desempenho próximo dos 27%, seguida pelas demais, quase empatadas. As mulheres se engajaram mais que os homens nesse tipo de ação, ainda que o registro histórico mostre uma alternância ao longo dos anos.

CEO e Diretor da CAF visitam o Brasil e fortalecem parceria com o IDIS

Durante o mês de setembro, Neil Heslop OBE, CEO da organização britânica Charities Aid Foundation, esteve no Brasil, acompanhado de Derek Ray-Hill, Diretor de Estratégias Internacionais e Serviços Corporativos da CAF.

Neil assumiu o cargo em 2020 e até hoje, em função da pandemia, ainda não tinha tido a oportunidade de vistiar o Brasil e o IDIS, representante da rede internacional na América Latina.

A realização do 11° Fórum Brasileiro para Filantropos e Investidores Sociais foi o motivo ideal. Neil particiou como palestrante da sessão “Sozinho se vai rápido. Juntos se vai longe e ainda mais rápido”, plenária de abertura do evento, debatendo a importância da colaboração para o fortalecimento da filantropia.

Ao longo de uma semana, aprofundaram o conhecimento sobre o ecossistema filantrópico brasileiro e sobre como podemos integrar metodologias e projetos. Em uma conversa especial com a equipe do IDIS, compartilharam os objetivos estratégicos da organização, sua visão para o futuro e prioridades para a atuação da rede global, que envolve o cross border giving, ou seja, o fluxo de doações entre países, e o avanço da integração das práticas de filantropia corporativa à agenda ESG. Também puderam conhecer atores locais, como o Instituto Avon e o Projeto Guri, em São Paulo.

Assista ao painel com a participação de Neil no Fórum IDIS 2022

O IDIS é o representante, no Brasil, da Charities Aid Foundation (CAF), organização britânica dedicada à filantropia e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir de sua doação.

A parceria foi estabelecida em 2005. A partir do nosso escritório em São Paulo, atendemos os clientes internacionais da CAF que atuam na região, oferecemos serviços globais aos investidores sociais privados brasileiros e contribuímos mutuamente para a geração de conhecimento.

A CAF International é hoje a maior estrutura de apoio ao investidor social privado no mundo. Além da sede no Reino Unido, integram a rede representações na África do Sul, Austrália (Good2Give), Brasil (IDIS), Bulgária (BCause), Canadá, Estados Unidos, Índia, Rússia e Turquia (Tusev).

Para saber mais: cafonline.org.

Empreendedores sociais pedem compromisso de candidatos com a Agenda 2030

Catalyst 2030 Brasil divulga carta aberta para incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na gestão pública

Empreendedores sociais de todo Brasil publicaram uma carta aberta para candidatos e candidatas a cargos públicos em disputa nessas eleições. No documento, elencam oito compromissos e ações concretas para fortalecer a Agenda 2030 na gestão pública.

A ação foi organizada pelo Catalyst 2030 Brasil, rede global que atua em rede para tornar o mundo melhor e mais justo para todos e, com a carta, apresenta sugestões  criar ambiente e condições para acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até o momento, a iniciativa já conta com mais de sessenta assinaturas de organizações e empreendedores de impacto.

Nós do IDIS, somos membros fundadores do Catalyst 2030 e assinamos a carta. Convidamos você a participar também desse movimento. No contexto brasileiro são muitos os temas que precisam ser endereçados e apenas por meio da colaboração e fortalecimento dessas metas, isso é possível.

“Estamos diante de inúmeros desafios. A agenda dos ODS nos orienta na direção da solução de problemas que precisamos resolver urgentemente. Não temos tempo a perder e precisamos que todas as lideranças públicas estejam engajadas em colaboração com o setor privado e com a sociedade civil organizada”, argumenta Erika Sanchez Saez, membro do Catalyst 2030 BR e Diretora Executiva do Instituto ACP.

Clique aqui e acesse à carta 

Ou confira o conteúdo na íntegra abaixo.

Carta de Compromisso com a Agenda 2030 e os 17 ODS aos Candidatos e Candidatas das Eleições 2022

As pessoas e organizações signatárias desta carta se dirigem aos candidatos e às candidatas das eleições de 2022 para pedir o seu apoio e compromisso com os principais desafios coletivos tão bem traduzidos pela Agenda 2030, por meio dos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Somos um grupo de empreendedores de impacto, intra-empreendedores, inovadores e empreendedores sociais que, por meio do capítulo brasileiro do Movimento Global Catalyst 2030, promove  soluções inovadoras e a colaboração como estratégia fundamental e transversal para o alcance dos ODS em todo o planeta. O Movimento surgiu no Fórum Econômico Mundial, a partir da articulação de organizações internacionais como Ashoka, Skoll Foundation e Schwab Foundation, e reúne empreendedores sociais em 197 países que, juntos, impactam positivamente a vida de mais de 2 bilhões de pessoas. Continue lendo

Brasil, um país cada vez mais voluntário

Por Luisa Gerbase de Lima, Gerente de Comunicação no IDIS

Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 traz cenário positivo
e aponta caminhos para evolução por meio da participação de empresas

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 traz excelentes notícias. Em apenas duas décadas, o número de pessoas que já praticou alguma atividade voluntária em algum momento de sua vida mais que triplicou, passando de 18% para 56% da população. O número de voluntários ativos também é notável – mais de um terço da população (34%). Em outras palavras, são 57 milhões de brasileiros e brasileiras que doaram, em 2021, seu tempo, talento e energia em prol de uma causa em que acreditam e fizeram a diferença na vida dos beneficiados pela ação. E por que fazem? A grande motivação foi a solidariedade, indicada por 74% dos voluntários.

Vibramos com os números, mas não podemos dizer que são surpreendentes – vão ao encontro de achados de outras pesquisas que mostram o fortalecimento da Cultura de Doação e do voluntariado. No World Giving Index 2021, estudo global da britânica Charities Aid Foundation (CAF), promovido pelo IDIS, o Brasil ficou em 54º lugar entre 114 nações. Este ranking de solidariedade contempla atitudes como doação de dinheiro, ajuda a estranhos e voluntariado e, em termos absolutos, subimos 14 posições em relação a 2018 e 20 posições em comparação à média dos 10 anos anteriores.

Outro levantamento, a Pesquisa Doação Brasil 2020, realizada pelo IDIS e com foco em doação individual de dinheiro a causas, mostra que, apesar da queda nos índices de doação, há uma tendência de amadurecimento da sociedade – mais de 80% dos entrevistados concordam que o ato de doar faz diferença e, entre os não doadores, essa concordância atinge 75%. O conceito de que a doação faz bem para o doador também cresceu significativamente entre 2015 e 2020, de 81% para 91% da população, atingindo uma maioria quase absoluta. Mais um aspecto positivo é que está perdendo força a ideia de que o doador não deve falar que faz doações. Em 2015, a afirmação contava com a concordância de 84% da população e, em 2020, o percentual caiu para 69%. Este é um ponto especialmente importante porque o falar sobre doações estimula sua prática, traz inspiração, esclarece temores e desperta o interesse em outras pessoas.

É neste contexto que o voluntariado se desenvolve no Brasil e nota-se que, apesar de a pandemia e o isolamento social terem abalado estruturas, exigindo rápidas readequações, fomos capazes de enfrentar estes desafios – 47% dos voluntários passaram a se dedicar mais, e 21% começaram a fazer atividades voluntárias online como apoio psicológico e ações ligadas à educação.

Tais avanços não são, de forma alguma, espontâneos. São fruto de trabalho e investimento de inúmeras organizações e indivíduos. Estudos e pesquisas geraram dados e reflexões; a prática nos permitiu aprender com as experiências exitosas e, também, com os erros; o aprimoramento do ambiente regulatório trouxe bases mais sólidas e a tecnologia nos permitiu ultrapassar barreiras e contribuiu para conectarmos pessoas e saberes.

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 traz um retrato de onde estamos, indica pontos de atenção e possíveis caminhos para seguirmos evoluindo. Manter o crescimento do número de voluntários é sempre desejável, mas o grande desafio é transformar essa tendência em uma prática rotineira – temos 34% de brasileiros voluntários atualmente, mas apenas cerca um terço deles fazem isso regularmente, com frequência definida. A resposta para essa transformação está em um outro número – apenas 15% dos voluntários dizem participar de programas empresariais, indicativo de potencial enorme que pode ser explorado.

Quando unimos o investimento social corporativo com os anseios individuais, encontramos um campo fértil para ações solidárias de empresas junto ao seu público interno e aí moram os programas de voluntariado corporativo. Os resultados possíveis dessa união são muitos, indo além do impacto social gerado e da criação de uma rotina de atuação. Melhoria do clima organizacional, aumento do sentimento de pertencimento, oportunidade de desenvolvimento de competências, fortalecimento de laços entre colaboradores, aprofundamento do relacionamento com a comunidade da empresa, contribuição à estratégia de impacto e investimento social privado corporativo, atração de talentos e contribuição à reputação da marca junto a outros stakeholders são alguns dos benefícios de ações solidárias envolvendo os colaboradores. Tais programas integram também a agenda ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, no português, Ambiental, Social e Governança), cada vez mais considerada nas tomadas de decisão de investidores. Ao promover programas de voluntariado corporativo, todos ganham.

A generosidade no mundo aumentou, em especial nas economias com pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Este movimento de cuidar do próximo e realizar doações, seja de tempo ou de recursos, precisa continuar para enfrentarmos os efeitos perversos da pandemia e acelerar a melhoria do bem-estar de quem mais precisa. Estamos indo na direção certa e vamos avançar.

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 foi elaborada e coordenada por Silvia Naccache, com apoio dos consultores Kelly Alves do Carmo e Felipe Pimenta de Souza. Sua viabilização teve o suporte de organizações que acreditam na importância do avanço do voluntariado no Brasil e participam dessa rede de apoiadores, Ambev, Bradesco, Fundação Itaú Social, Fundação Telefônica Vivo, Raízen, Sabesp, Sicoob e Suzano. IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – e Instituto Datafolha assinam a realização.

Acesse os resultados completos da pesquisa

O Brasil conta com 57 milhões de voluntários ativos, segundo Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021

Representados nos mais diversos segmentos, desde organizações educacionais a instituições que atuam em causas emergenciais humanitárias, eles coordenam campanhas de distribuição de alimentos, resgatam animais, contribuem para mobilizações ligadas à saúde, compartilham seus conhecimentos. Os voluntários doam seu tempo, energia e talento em prol de causas em que acreditam. São essenciais para que organizações da sociedade civil atinjam suas missões e, durante a pandemia, fizeram a diferença e impactaram positivamente a vida de milhares de pessoas.

Qual o perfil do voluntário no Brasil? Em quais atividades atuam? Como a pandemia realmente influenciou a atuação dessas pessoas? Quais as causas que mais recebem atenção do trabalho voluntário? São essas questões que a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 procurou responder. Em sua terceira edição, os achados apontam resultados positivos: 56% da população adulta diz fazer ou já ter feito alguma atividade voluntária na vida. Em 2011, esse número representava 25% da população e, em 2001, apenas 18%. Chama atenção também o número de voluntários ativos no momento da pesquisa – 34% dos entrevistados, o que representa cerca de 57 milhões de brasileiros comprometidos com atividades voluntárias.

Tanto a quantidade de pessoas envolvidas com o voluntariado aumentou, quanto as horas dedicadas à atividade. Se a quantidade média de dedicação por pessoa era de 5 horas mensais em 2011, a pesquisa de 2021 aponta a média de 18 horas mensais. Assim, cada voluntário brasileiro contribuiu, em média, por mês, o equivalente a 12 partidas de futebol inteiras. “Acompanho de perto a evolução do voluntariado no país nas últimas décadas, quando foi realizada uma pesquisa pioneira em 2001, Ano Internacional do Voluntário e, dez anos depois, na comemoração da Década do Voluntariado. A pesquisa 2021 confirma a valorização da atividade, com um salto para mais da metade da população brasileira já tendo praticado o serviço voluntário”, comenta Silvia Naccache, coordenadora do projeto em 2021 e que participou das edições anteriores.

Públicos da ação voluntária | Pesquisa Voluntariado

Destacou-se também o aumento da atenção dada a alguns públicos beneficiados pela atividade voluntária. Tiveram forte crescimento em 2021 famílias e comunidades, de 12% em 2011 para 35% em 2021, e pessoas em situação de rua, com um aumento de 20 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Além disso, a pesquisa mostra a valorização da causa animal, de 1% em 2011 para 9% em 2021, e de pessoas com deficiência, de 3% para 9%.

A pesquisa 2021 é um retrato da última década de atuação voluntária no Brasil, com destaque para avanços do voluntariado empresarial, os megaeventos realizados no país, como a Copa do Mundo, em 2014, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2016, e o impacto da pandemia”, avalia Felipe Pimenta, consultor da Pesquisa 2021. Em relação à pandemia, mesmo com o isolamento social, 47% dos voluntários passaram a praticar mais o voluntariado, tendo como atividade mais comum a distribuição de recursos (61%). No período, 21% passaram a fazer atividades voluntárias online, sendo as mais comuns as atividades de apoio psicológico e de educação.

Ao serem questionados sobre a satisfação com a atividade realizada, a nota média atribuída pelos voluntários foi de 9,1, de um total de 10. A motivação para a realização de uma atividade voluntária também ganhou contornos melhor definidos na última década. Solidariedade ainda é a palavra que melhor a descreve, passando de 67% para 74%. Nesta linha, a pesquisa também mostra que além de doar tempo, os voluntários têm o hábito de contribuir de outras formas:  95% também doam bens, como alimentos, roupas ou brinquedos, e 50% declaram também doar dinheiro para causas e organizações. Para Luisa Lima, Gerente de Comunicação do IDIS, “esses comportamentos refletem o fortalecimento da cultura de doação no Brasil. As pessoas estão cada vez mais cientes sobre as formas que têm à disposição para contribuir às causas em que acreditam”.  

Um ponto de atenção, porém, vem da porcentagem de voluntários que têm conhecimento sobre a Lei do Serviço Voluntário (Lei n° 9.608), que regulariza a atividade no país. 55% dizem não conhecer a Lei e 81% nunca assinaram nenhum Termo de Adesão ao Serviço Voluntário. “A formalização do vínculo é importante para as organizações e para os voluntários. O desconhecimento sobre a legislação do voluntariado no Brasil aponta o potencial de ação para organizações que fomentam a atividade” comenta Kelly do Carmo, consultora da pesquisa 2021.  

Outros achados da pesquisa

  • Não há diferença significativa em relação ao gênero dos voluntários: 51% feminino, 48% masculino e 1% declarou outras respostas. A pesquisa revelou que 40% dos voluntários se encaixam na faixa etária entre 30 e 49 anos; em relação à escolaridade, 50% detêm o ensino médio completo / superior incompleto; e a renda familiar mensal de 39% dos respondentes é de até 2 salários mínimos.
  • Em relação aos brasileiros que realizam alguma atividade voluntária atualmente (34% da população), 12% afirmam fazer as atividades com frequência definida; enquanto 22% realizam sem frequência definida.  
  • 15% dos voluntários realizam atividades ligadas a programas de voluntariado empresarial e dedicam, em média, 21,5 horas por mês.
  • 70% dos respondentes não conhecem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidades (ONU), que compreendem os alicerces da Agenda 2030 para combater a pobreza, melhorar a educação, promover práticas ambientalmente sustentáveis, entre outras. O índice de conhecimento cresce conforme aumenta o grau de instrução e a renda familiar mensal do entrevistado.
  • 49% concordam que os grandes eventos realizados na última década, como a Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Visita do Papa etc., contribuíram para aumentar o engajamento dos brasileiros no trabalho voluntário. 

Sobre a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021

A pesquisa foi elaborada e coordenada por Silvia Naccache, com apoio dos consultores Kelly Alves do Carmo e Felipe Pimenta de Souza. Sua viabilização teve o suporte de organizações que acreditam na importância do avanço do voluntariado no Brasil e participam dessa rede de apoiadores, Ambev, Bradesco, Fundação Itaú Social, Fundação Telefônica Vivo, Raízen, Sabesp, Sicoob e Suzano. IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – e Instituto Datafolha assinam a realização. Os resultados completos estão disponíveis em www.pesquisavoluntariado.org.br.

Metodologia

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 foi conduzida pelo Instituto Datafolha e compreendeu etapas quantitativas e qualitativas como descrito a seguir. 

Pesquisas quantitativas: possuem o objetivo de identificar o perfil dos voluntários e dos não voluntários no Brasil:  

1. Entrevistas pessoais e individuais, com pessoas de 16 anos ou mais que fazem ou não atividades voluntárias, realizadas em pontos de fluxo populacional de abrangência nacional.  (2.086 pessoas, a margem de erro máxima para o total das amostras é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%). 

2. Entrevistas pessoais, individuais e específicas com voluntários – pessoas que fazem ou já fizeram alguma atividade voluntária, com 16 anos ou mais, realizadas em pontos de fluxo populacional, distribuídos em oito capitais brasileiras: Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. (1.556 voluntários, a margem de erro máxima para o total das amostras é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%). 

Pesquisas qualitativas: são exploratórias, possuem o objetivo de investigar em profundidade os aspectos comportamentais, opiniões, captar informações e obter uma análise profunda e detalhada sobre as percepções de voluntários, de especialistas e interessados no tema:

1. Entrevistas e conversas online em grupo (Grupos Focais), com pessoas que praticam trabalho voluntário no mínimo uma vez a cada 15 dias, desde antes da pandemia, de três capitais representativas de regiões distintas: Porto Alegre, Recife e São Paulo. 

2. Entrevistas online individuais em profundidade sobre voluntariado com oito formadores de opinião, diversificados por tipo de atuação e regiões do Brasil. 

OBS: Embora o planejamento da pesquisa tenha sido feito ao longo de 2021, em razão da pandemia e problemas decorrentes, as pesquisas quantitativas aconteceram entre o final de 2021 e o início de 2022.

 

Acesse o conteúdo da pesquisa na íntegra: 

Captcha obrigatório

Mais que doador, cidadão

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Andréa Wolffenbüttel,  e consultora associada do IDIS

O exercício da democracia educa. Ainda que o processo seja lento e possa gerar erros graves, ele é inexorável. Após mais de trinta anos de regime democrático, os brasileiros já percebem que fazem parte dos problemas nacionais e, além disso, que são responsáveis também pela busca por soluções.

Os dados apresentados na Pesquisa Doação Brasil 2020, realizada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – não deixam dúvidas: 84% dos brasileiros acreditam que as pessoas comuns têm algum grau de responsabilidade pela solução dos problemas sociais e ambientais do país, enquanto há cinco anos, essa proporção era de 61%. O salto foi ainda maior quando se trata da responsabilidade das organizações da sociedade civil (OSCs). Em 2015, somente 27% dos brasileiros esperavam das OSCs soluções para os problemas socioambientais, em 2020, essa parcela cresceu para 86%.

Ver a si próprio e à sociedade civil organizada como capazes de transformar a realidade é uma das principais características definidoras de uma democracia. E apesar de todas as crises, ameaças e dificuldades, esse espírito está amadurecendo no coração do Brasil.

Outros resultados da pesquisa reforçam a conclusão. Setenta por cento da população diz entender o papel das organizações do Terceiro Setor na sociedade e 79% reconhece que elas dependem da colaboração de pessoas e empresas para funcionar. Como consequência, 83% acreditam que doar faz diferença. E o mais curioso é que 75% daqueles que não têm o hábito de doar também concordam. O que leva a crer que eles têm essa postura por outras razões, não por falta de fé no poder da doação para organizações sociais.

As motivações para doar apresentaram, também, um forte caráter de cidadania. Setenta e nove por cento doadores disseram que o fazem porque acreditam que todos devem participar da solução problemas dos sociais. Chama a atenção que, ao analisarmos o recorte por renda, constatamos que essa motivação é mais importante justamente para a faixa mais pobre dos doadores, aqueles que recebem até dois salários mínimos por mês. O mesmo padrão se repete quando a motivação é “porque sinto que posso fazer a diferença ao doar”.

Ao mesmo tempo, os números indicam que a capacidade de doação entre os mais vulneráveis caiu em quase um quarto entre 2015 e 2020. A longa crise econômica e social que o País atravessa transformou muitos doadores em dependentes de doação. Entretanto, durante esse período, as camadas de alta renda compreenderam que precisavam tomar alguma atitude e, no sentido inverso, passaram a doar mais do que faziam há cinco anos.

No último 30 de novembro celebramos o Dia de Doar, ou Giving Tuesday, como é chamado em vários países. É um movimento global para encorajar a generosidade e a solidariedade, e conectar pessoas com causas. E este movimento nunca teve tantos adeptos no setor privado e público no Brasil.

Estamos diante de um processo de tomada de consciência sobre o papel e o poder do cidadão na sociedade, que está acontecendo de forma abrangente, em todas as faixas de renda. Nos faz ter esperanças de que o fantasma do assistencialismo, esteja, por fim, sendo substituído pela força da compreensão de que todos, juntos, somos aptos a contribuir para a solução dos problemas.

Artigo também publicado pela Folha de São Paulo, acesse.  

IDIS apresenta perspectivas e desafios da filantropia no Brasil em 2022

Um dos grandes nomes da filantropia da história, Andrew Carnegie disse, no século XIX, que era mais fácil fazer fortuna do que doar dinheiro de forma inteligente.

Passado mais de um século dessa declaração, os filantropos contemporâneos se deparam, atualmente com uma sociedade muito mais complexa, com problemas multifacetados e um desafio ainda maior para resolver para quem e como fazer suas doações.

Buscando, então, contribuir com a tomada de decisão dos filantropos, o IDIS preparou o artigo Perspectivas para a Filantropia Brasileira’. A seleção dos tópicos foi feita a partir da vasta experiência do IDIS no apoio a investidores sociais privados. Isso, além da vivência dos últimos dois anos, que trouxeram muitas mudanças nas demandas e expectativas no campo da filantropia.

Baixe agora as 8 tendências completas. 

O documento traz oito perspectivas relevantes e que devem ser considerados pelos filantropos na hora de planejar suas doações. “Cada perspectiva é uma janela para uma paisagem onde algo importante está acontecendo e o filantropo pode traçar um cenário a partir delas, agregando seus elementos próprios”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Além de apresentar cada tendência e explicar os motivos para ela ter sido escolhida, o artigo também cita exemplos nos quais se pode enxergar ela na prática.

Conheça abaixo as Perspectivas da Filantropia no Brasil:

PERSPECTIVA 1 – Mais grantmakers, menos projetos próprios

A filantropia ganha relevância em seu papel de financiadora das organizações da sociedade civil que buscam a solução para os problemas complexos.

PERSPECTIVA 2 – Emergência x longo prazo

A filantropia estratégica se vê no impasse entre as necessidades de curto prazo e o olhar para o futuro.

PERSPECTIVA 3 – Causas que se fortaleceram

Mesmo em meio à crise sanitária e econômica, a força de algumas causas não se abalou. Elas ganham novos formatos e se mostram mais importantes do que nunca.

PERSPECTIVA 4 – A comunidade como célula mater da filantropia

Nos momentos mais difíceis, os problemas se concentram nas comunidades, assim como as soluções.

PERSPECTIVA 5 – Atuação colaborativa e em parceria

Chegamos mais longe quando caminhamos juntos e, contrariando o ditado, chegamos mais rápido também.

PERSPECTIVA 6 – Empresas mais engajadas

Experiência da pandemia e pressão de investidores e consumidores levam empresas a aumentar as doações.

PERSPECTIVA 7 – Já não é só o capital filantrópico que gera impacto

A possibilidade de conciliar lucro com impacto positivo é cada vez mais atraente para novos e antigos investidores.

PERSPECTIVA 8 – O desembarque da Geração Z

Os Millenials já estão deixando sua marca na filantropia. E agora, o que esperar da Geração Z?

Panorama dos Fundos Patrimoniais no Brasil é tema de nova publicação do IDIS

Será que existem muitos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil? Qual será o patrimônio deles? Quantos estão dentro do modelo da lei 13.800 que os regulamenta? Em quais setores eles são mais comuns e quais causas apoiam?

 

Essas são algumas perguntas que pessoas que trabalham com investimento social privado e se preocupam com a sustentabilidade de causas e organizações se fazem de vez em quando, e não encontram respostas.

 

Para suprir essa lacuna de conhecimento sobre os Fundos Patrimoniais, o IDIS está preparando uma nova publicação: PANORAMA DOS FUNDOS PATRIMONIAIS NO BRASIL.

 

O ‘coração’ da publicação será uma lista com dados sobre os principais endowments brasileiros. Ao todo, foram mapeados cinquenta Fundos Patrimoniais em atividade, sendo que mais de trinta foram criados depois que o IDIS iniciou o advocacy. O patrimônio total alocado nos Fundos, atualmente, ultrapassa R$ 75 bilhões, e a faixa de valor na qual há maior concentração de endowments é entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.

 

Além disso, o livro vai trazer uma breve história dos endowments no Brasil e no mundo, destaques para cases exemplares, e sessão especial para aqueles que estão em dúvida se devem ou não estruturar um Fundo Patrimonial.  O objetivo é criar um material de leitura rápida, porém carregado de dados importantes para quem lida ou quer lidar com o tema.

 

A publicação conta com o apoio de BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, Instituto Sabin, Luis Stuhlberger, Movimento Bem Maior, Pragma Gestão de Patrimônio, Sitawi Finanças do Bem, Teresa Bracher e WINGS Worldwide Initiatives for Grantmaker Support. O lançamento está previsto para março de 2022.

 

Promotores desta causa deste 2012, para fortalecer este mecanismo de sustentabilidade para causas e organizações, oferecemos consultoria e lideramos a Coalizão Pelos Fundos Filantrópicos. Entre as conquistas, a aprovação da Lei 13.800, em janeiro de 2019.

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

#FórumIDIS: Contexto Brasil: desenvolvimento e filantropia

Conheça os destaques da edição especial do 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

A filantropia deve atender às demandas da sociedade e por isso, conhecer bem o contexto, saber ler os cenários político e econômico e identificar os atores envolvidos, em especial suas prioridades e limitações, é tão importante para uma ação verdadeiramente transformadora.

Apresentar esta leitura da atualidade foi a missão dada ao economista e ex-Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, e a Marcia Groszmann, líder de Investimentos para Instituições Financeiras Brasileiras no BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, que participaram do painel de abertura da edição especial do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2021, que teve como tema transversal ‘Capital e a Humanidade’ (leia a notícia completa aqui).

Maílson da Nóbrega no 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais | Foto: André Porto

O Estado deve equilibrar seu papel no desenvolvimento econômico e social, especialmente em momentos como esse em que ele tem que amparar os segmentos menos favorecidos da sociedade e assegurar o melhor ambiente possível de geração de emprego e renda, dotando o país das condições para aumentar seu potencial de crescimento há sinais animadores de que estamos mudando.

Confira a sessão na íntegra em nosso YouTube:

 

Recursos advindos de privatizações e concessões deveriam ser destinados a iniciativas de impacto social e à criação de Fundos Patrimoniais, geridos pela sociedade civil com amarras que permitem vigilância e favorecem a transparência, contribuindo para a sustentabilidade de causas. Em sua visão, essa é uma agenda importante para ser trabalhada junto ao Poder Executivo e ao Congresso, que acredita, não tem isso como prioridade e tampouco recursos, mas sugere que o assunto seja cada vez mais debatido –  “Hábitos se mudam pelo convencimento, pelo exemplo, pela informação confiável, e este deve ser um trabalho sistemático”.

Marcia Groszmann, líder de Investimentos para Instituições Financeiras Brasileiras no BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento | Foto: André Porto

Além da leitura como especialista, falou também a partir de sua experiência como voluntário no GRAAC – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, que, segundo ele, é um exemplo do poder transformador das organizações da sociedade civil. Destacou também a importância do avanço da Cultura de Doação no Brasil, citando dados da Pesquisa Doação Brasil, que mostrou que em 2020, 66% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação. Lembrou que no GRAAC, pelo menos um terço dos recursos vem de doações individuais inferiores a R$ 30/mês. E se as pequenas doações fazem diferença, é preciso também estimular os detentores de grandes fortunas. Para isso, Maílson lembrou a importância de aprimoramos a legislação sobre heranças.

Audiência  no 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais | Foto: André Porto

Em relação ao mercado, Maílson e Marcia concordam que empresas podem fazer mais pela sociedade. Maílson lembrou como este setor vem sistematicamente contribuindo para avanços na educação, saúde, e até política, citando iniciativas de formação de jovens lideranças. Marcia enfatizou a agenda ESG como um dos guias para que isso aconteça, e como o tema tem amadurecido no Brasil. Citou em apenas um ano, os fundos de investimento social passaram de 40 para cerca de 100, e que cada vez mais tem sido estabelecidas regras claras para eles – “Os investidores querem ter certeza dos impactos causados por seu dinheiro. Essa sopa de letrinhas veio para ficar”. Sobre a possível resistência para sua consolidação, Maílson destacou que não há volta, lembrando que estamos na era dos stakeholders e que empresas que mirarem apenas o lucro, sem se atentarem a todos seus impactos, não sobreviverão.

Para saber mais sobre cada uma das sessões, leia as matérias sobre cada uma delas. A gravação de todas também está disponível no perfil IDIS_Noticias no YouTube.

O 10º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais aconteceu em 17 de novembro de 2021, no Jockey Club de São Paulo. Esta é uma realização do IDIS, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e esta edição teve apoio prata do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, e apoio bronze da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior. Esta foi uma edição especial, que aprofundou as conversas iniciadas no evento online realizado em junho do mesmo ano (saiba mais aqui).

Doador brasileiro é mais empático

Sondagem com grupos focais feita pelo IDIS mostra que ‘empatia’ é a palavra mais mencionada pelas pessoas para falar sobre doação

 

O conceito de empatia está mais presente no cotidiano das pessoas. Enquanto em 2015, a palavra mais mencionada para falar sobre doação era ‘solidariedade’, agora a ‘empatia’ ocupou esse lugar. Podemos considerar que a empatia é um sentimento mais profundo do que a solidariedade, rumo ao amadurecimento da Cultura de Doação. Os achados fazem parte de um projeto do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social de produção de conhecimento sobre o tema.

A solidariedade soa mais como uma construção social, baseada em princípios morais, que visa o bem comum e gera compreensão, colaboração e participação. Já a empatia representa a capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro. É uma resposta afetiva, baseada em um propósito interno e genuíno, que gera envolvimento, fusão e conexão.

Essa evolução de um sentimento em relação ao outro pode ser fruto da vivência durante a pandemia, na qual ‘todos estavam na mesma tempestade, mas não no mesmo barco’. Alguns estavam mais bem equipados para enfrentar uma ameaça que paira sobre todos.

 

Novas causas despertam interesse

Outra mudança em relação a 2015 são as causas mais populares. A Proteção aos Animais agora consta no grupo das prediletas, junto com Crianças e Idosos. Em um segundo grupo, estão Saúde, Calamidades, Dependência Química e Moradores de Rua, lembrando que essas duas últimas causas podem ter sido mais citadas porque os entrevistados são moradores da cidade de São Paulo. Em um terceiro grupo, em termos de preferência, aparecem Educação, Esportes e Meio Ambiente.

 

Ser doador é pop

Nos grupos focais, foram considerados ‘doadores’ pessoas que fazem doações financeiras para organizações da sociedade civil. Nesta sondagem, eles foram ouvidos em momentos diferentes de ‘não doadores’.

Um achado interessante da sondagem é que não doadores rejeitam esse rótulo. Argumentam que doam bens, esmola, ajudam amigos em vaquinhas, etc. Todos querem ser vistos como doadores porque o perfil clássico do não doador tem atributos como ruindade, insensibilidade, egoísmo e ganância. O ‘não doador’ passou a ter uma imagem desconfortável na sociedade atual.

Não doadores apoiam-se nesta narrativa como um mecanismo de defesa: não se percebem  e não querem ser percebidos como pessoas ‘ruins’. Eles explicam que só não fazem doações em dinheiro para organizações sociais por desconfiança, falta de dinheiro, experiências negativas ao doar, falta de hábito, falta de merecimento de quem recebe e até mesmo por comodismo.

A sondagem qualitativa é uma etapa preparatória para a aplicação do questionário aos entrevistados da Pesquisa Doação Brasil 2020.

A pesquisa qualitativa foi realizada pela Ipsos a pedido do IDIS por meio de oito grupos de discussão online, com duas horas cada, reunindo homens e mulheres, com idade entre 25 e 60 anos, das classes socioeconômicas A, B e C, e divididos entre doadores e não doadores.

Para efeito desta sondagem, foram considerados doadores apenas aqueles que fazem doações financeiras para organizações da sociedade civil. Os encontros foram realizados entre os dias 18 e 21 de janeiro de 2020 e todos os participantes são moradores da cidade de São Paulo.

 

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL

 

Realização

IDIS

Apoio

Fundação Itaú Social | Instituto Unibanco | Santander

Fundação José Luiz Egydio Setúbal

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento| Fundação Tide Setúbal |Instituto ACP | Instituto Galo da Manhã | Luis Stuhlberger

Parceiros

Instituto MOL | Mercado Livre

 

Faça download completo da Pesquisa Doação Brasil:

Aliança Global : Uma resposta internacional à pandemia

2020 foi um ano diferente de todos os outros. A pandemia causou graves impactos na economia e na saúde das pessoas e evidenciou a desigualdade social em todo o mundo. De acordo com levantamento publicado pela Universidade Johns Hopkins em janeiro de 2021, houve mais de 85 milhões de casos e quase dois milhões de mortes causadas pelo vírus em cento e noventa países. O Banco Mundial estima que a pandemia da COVID-19 levará 49 milhões de pessoas à pobreza.

Durante este período inédito em nossas vidas, o papel e o valor da sociedade civil se tornaram mais evidentes, preenchendo lacunas críticas não atendidas pelos estados e provando ser um bote salva-vidas e a garantia de qualidade de vida para milhões de pessoas.

Em todos países, organizações sociais estão na linha de frente no combate à COVID-19 e se mostram mais sintonizadas com as necessidades das comunidades vulneráveis do que qualquer outro setor. Por outro lado, elas tem ficado em segundo plano na agenda de autoridades mundiais, não sendo reconhecidas como potenciais parceiras estratégicas e tendo suas necessidades básicas de sobrevivência negligenciadas e vendo comprometida e ameaçada sua sustentabilidade no longo prazo.

Se a COVID-19 criou “um antes e um depois” no mundo, algo sem precedentes em nossa época, devemos usar este momento de uma forma positiva, tirar aprendizados e impulsionar a ação.

Neste artigo, apresentamos histórias de projetos desenvolvidos pelos oito representantes da Global Alliance, rede global da CAF – Charities Aid Foudation da qual o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social faz parte representando o Brasil. Foram ações motivadas pela pandemia e que buscaram contribuir, em seus países, para aplacar suas consequências por meio de uma filantropia mais estratégica.

Essas experiências, somadas à evidente falta de reconhecimento pelos governos, revelou três pilares de ação aos quais nós, como comunidade global, poderemos contribuir.

  • Promoção de soluções emergenciais em escala global, considerando matizes locais, regionais e nacionais, para alavancar as organizações da sociedade civil (OSCs) ao invés de marginalizá-las;
  • Defesa coletiva da sociedade civil e o papel inestimável que esta desempenha no fortalecimento da sociedade em geral;
  • Facilitação de doações que irão apoiar a sociedade civil no futuro e contribuir para um mundo mais unido e empático.

Conheça as respostas locais dadas aos desafios que se apresentaram em cada um dos países:

 

 

 África do Sul – CAF África do Sul

Cenário

Como apenas 16% da população sul-africana tem acesso a seguro saúde, durante a pandemia a maioria teve que recorrer ao setor público de saúde, que tem recursos escassos.

Além disso, um em cada oito domicílios se encontra em assentamentos informais sem acesso a água potável, fazendo com que as medidas básicas de higiene e a quarentena, necessárias para conter a disseminação da COVID-19, não pudessem ser adotadas por uma parcela significativa da população.

Reposta local

A CAF África do Sul sabia que a ajuda emergencial deveria chegar rapidamente às comunidades afetadas para conter a propagação do vírus. Por meio de uma extensa campanha de comunicação, conseguiu aumentar a conscientização sobre seu fundo de emergência entre doadores e parceiros potenciais, o que agilizou a alocação de 100% dos fundos e provisões em um período de quatro semanas.

A parceria com redes existentes permitiu que a CAF África do Sul atingisse as famílias e comunidades mais necessitadas. Por meio do trabalho conjunto com a organização local de educação Gumption Science Advancement, distribuiu cestas básicas às famílias em dificuldades.

O trabalho com a Eye of the Tiger Academy permitiu que a CAF África do Sul fornecesse EPIs às famílias da academia para garantir sua proteção em ambientes em que o distanciamento social era impossível. Além disso, a CAF África do Sul usou sua experiência e suas redes para empoderar empresas locais a gerar impacto positivo rápido.

Gerenciou as contribuições emergenciais feitas pelos funcionários da Sasol e agilizou a distribuição das doações para 10 organizações sem fins lucrativos selecionadas pelos funcionários da Sasol.

Recursos captados

A Fundação Oppenheimer Generations contribuiu com USD 318.000 e mais 4 mil litros de álcool gel.

O CAF África do Sul atuou em parceria com o programa de doações de Auxílio Alimentar Emergencial da Oppenheimer Generations Foundation, trabalhando com 20 organizações sem fins lucrativos registradas para agilizar a distribuição de suprimentos a comunidades de difícil acesso.

 

 

 

Austrália – Good2Give

Cenário

Embora a Austrália tenha uma forte cultura de doação, o início da pandemia da COVID-19 ocorreu imediatamente após os incêndios catastróficos de janeiro de 2020, e o país sentiu uma certa fadiga por parte dos doadores.

Somando-se a isso, o fechamento de fronteiras e confinamento impactaram negativamente os setores de turismo, aviação e varejo da Austrália e Nova Zelândia, levando algumas empresas a reduzirem suas estratégias de RSC.

Resposta local

A Good2Give concentrou seus esforços em captar recursos corporativos e gerenciar programas de doações.

O programa Community Grants, do Australia Post, ofereceu doações de até USD 10 mil para projetos comunitários de apoio a iniciativas de saúde mental.

O fundo de propósito especial COVID-19 da Accor, Accor ALL Heartist Fund, apoiou os funcionários, e a Good2Give monitorou e efetuou pagamentos a milhares de funcionários da Accor em toda a região da Oceania.

Ser parte de uma aliança internacional facilitou doações internacionais e transnacionais. O programa CAF America Expedited Giving concedeu USD 187 mil para entidades filantrópicas australianas que atuam na linha de frente.

Recursos captados

Na Austrália e Nova Zelândia, 90% das doações da COVID-19 foram feitas por empresas. No final de 2020, os programas do Australia Post, Accor Hotels e Facebook, entre outros, contribuíram com USD 5,6 milhões para projetos de emergência.

 

 

 

Brasil: IDIS

Cenário

O Brasil foi um dos países mais impactados pela COVID-19 desde o início da pandemia. Embora seu sistema público de saúde seja referência em termos de acesso universal, não estava equipado para atender às novas demandas que recaíram sobre ele.

A pandemia também evidenciou a profunda desigualdade social do país, com taxas de contaminação e mortalidade significativamente mais altas entre a população mais pobre, que também foi a mais afetada pelo desemprego.

Somando-se a estes desafios, a falta de incentivo às doações por parte do governo e os tributos entre 2 e 8% em diferentes estados dificultaram ainda mais a captação de recursos para atender às necessidades emergenciais.

Reposta local

O IDIS foi o primeiro a apoiar oficialmente o sistema público de saúde público por meio da criação do Fundo Emergencial Para a Saúde – Coronavírus Brasil, em parceria com o Movimento Bem Maior e a BSocial. O Fundo atraiu doações de empresas como TikTok e SulAmérica, bem como de milhares de pessoas físicas.

Um comitê técnico foi instituído. Em encontros semanais, o grupo avaliava e aprovava os pedidos de doações para os hospitais, garantindo agilidade e transparência na destinação dos recursos à linha de frente, destinados à compra de testes, EPIs e equipamentos médicos.

A conceituada rede Raia Drogasil também recorreu ao IDIS para alavancar sua contribuição. Com due dilligence, expertise operacional e supervisão da doação, garantiu o repasse de USD 5 milhões para hospitais filantrópicos em todo o país.

Recursos captados

Fundo Emergencial Para a Saúde – Coronavírus Brasil, captou USD 8 milhões junto a mais de 10 mil doadores até dezembro de 2020.

 

 

 

Bulgária – BCAUSE

Cenário

Com um sentimento generalizado de que a resposta do governo à crise foi lenta e ineficaz, os hospitais locais em toda a Bulgária lutaram contra a falta de equipamentos, proteção adequada e insumos médicos.

Uma resposta única

A BCause usou uma plataforma de doações on-line dedicada, Platformata, para captar recursos emergenciais destinados a equipamentos médicos. Em questão de semanas, foi feita a distribuição de 200 mil máscaras de proteção, 10 mil macacões hospitalares e 10 respiradores a 80 hospitais.

Muitos voluntários manifestaram interesse em apoiar a campanha emergencial e a BCause ajudou a coordenar esse esforço. A empresa SPARK, de compartilhamento de carros elétricos, distribuiu gratuitamente equipamentos médicos a hospitais, enquanto outro grupo de voluntários desenvolveu um protótipo inovador para impressão de protetores faciais usando impressoras 3D, oferecendo proteção a 10 mil profissionais essenciais.

Durante a crise, a BCause também trabalhou junto à sua rede de parceiros de OSCs para distribuir equipamentos de proteção a trabalhadores comunitários, idosos em cidades remotas e residentes e trabalhadores de abrigos que acolhem vítimas de violência doméstica.

E, quando inúmeros profissionais essenciais de saúde e professores com filhos pequenos perderam suas vidas para o vírus, a BCause se uniu à Fundação ‘For the Good’ para criar o ‘Fundo para os Filhos dos Heróis’, inicialmente com recursos da Isobar Commerce da Bulgária e Ubisoft, em apoio aos filhos que perderam os pais.

Recursos captados

A BCause, nossa parceira na Bulgária, assessorou empresas e ajudou entidades e grupos a captar recursos utilizando as plataformas Platformata.bg e DMS para incentivar doações. Até dezembro de 2020, captou em torno de USD 1,8 milhão junto a mais de 270 mil doadores corporativos e individuais.

 

 

 

Estados Unidos: CAF América

Cenário

A COVID-19 atingiu fortemente os EUA e logo se tornou uma questão politicamente polêmica, em um país dividido quanto à gravidade do vírus. Sem uma resposta coordenada por parte do governo federal, as ações emergenciais foram conduzidas pelas esferas municipal e estadual, criando um contexto fragmentado em todo o país.
Muitos trabalhadores da linha de frente sofreram com a falta de EPIs e equipamentos médicos. Sem um programa significativo de auxílio emergencial, muitos desafios econômicos, sociais e de saúde mental mais abrangentes criados pela pandemia não receberam a devida atenção.

Resposta local

A CAF América tem como foco doações internacionais e, durante a crise, criou um banco de dados internacional único para a COVID-19 com OSCs que estão na linha de frente da resposta à pandemia visando facilitar doações transnacionais.

O sistema permitiu a conexão de centenas de doadores individuais, fundações e empresas com OSCs em todo o mundo que precisam de recursos para realizar seu trabalho emergencial.

Foram feitas doações para muitas organizações de base locais, bem como organizações humanitárias, como a Cruz Vermelha na Itália e a Fundação Akshaya Patra na Índia, que forneceram refeições gratuitas para moradores de rua e trabalhadores imigrantes durante a crise. A CAF América também teve um papel determinante na compreensão do impacto da COVID-19 sobre as finanças e operações de milhares de entidades filantrópicas em todo o mundo e usou sua plataforma única para defender suas necessidades críticas.

Recursos captados

A CAF América recebeu contribuições de mais de 30.000 doadores individuais, empresas e fundos patrimoniais. No primeiro mês da pandemia, viabilizou 23 doações para 12 países, totalizando USD 3,5 milhões, e em dezembro de 2020 já havia concedido 33 mil doações para 113 países, totalizando USD 69,8 milhões.

 

 

 

Índia – CAF Índia

Cenário

Na Índia, assim como no Brasil, a COVID-19 levou a infraestrutura de saúde já sobrecarregada à beira do colapso.

A pandemia dizimou o setor de trabalho informal e colocou mais milhões de pessoas na pobreza, intensificando a busca diária por emprego, comida e educação.

Como agravante, muitas OSCs menores, que geralmente são as que mais ajudam as comunidades de difícil acesso, enfrentaram crises com a repentina queda de doações e realocação de recursos para o fundo emergencial PM CARES, administrado pelo governo.

Resposta local

A CAF Índia se envolveu estrategicamente com o departamento de planejamento do governo da Índia para defender as OSCs impactadas, oferecendo apoio para que pudessem seguir atuando na linha de frente e beneficiando mais pessoas.

Em termos práticos, ao alavancar sua ampla rede OSCs e empregar os rigorosos processos de due diligence da CAF, a CAF Índia pôde usar recursos de doadores nacionais e estrangeiros para distribuir suprimentos essenciais aos mais necessitados nas primeiras semanas da pandemia.

O trabalho junto a ONGs como Yuva Unstoppable, Humanitarian Aid International (HAI) e Center for Youth and Development Activities (CYDA) permitiu a entrega de EPIs a médicos e profissionais de saúde atuando na linha de frente.

Também foram firmadas parcerias com organizações que apoiam famílias de trabalhadores informais que ficaram sem renda durante o confinamento.

Assim, até dezembro de 2020, a CAF Índia havia apoiado 50 parceiros locais, permitindo-lhes atingir uma população de 2,6 milhões de pessoas vulneráveis em 19 estados.

Recursos captados

A contribuição da CAF Índia para o Fundo de Resposta de Emergência foi de USD 12.3 milhões no primeiro mês, e de USD 23 milhões até dezembro de 2020.

 

 

 

Reino Unido – CAF UK

Cenário

No Reino Unido, o programa de licença não remunerada criado pelo governo protegeu muitas pessoas dos impactos do confinamento. Porém, entidades filantrópicas, principalmente as pequenas e com poucas reservas, ficaram em situação vulnerável.

No início do confinamento, mais de um terço (37%) das entidades filantrópicas do Reino Unido nos disseram que conseguiriam manter as operações por seis meses ou menos sem ajuda, enquanto mais da metade (54%) relatou que só conseguiria se manter por mais um ano.

Resposta local

As entidades filantrópicas precisavam de acesso imediato a financiamento irrestrito para sobreviver. Assim, em março, a CAF criou o Fundo de Emergência do Coronavírus CAF, um programa de resposta rápida.

Até o final do ano, foram efetuadas mais de 1.250 doações a diversos tipos de organizações, como as que prestam serviços de emergência na linha de frente e aquelas que viram sua capacidade de captar recursos prejudicada, totalizando mais de £ 6,5 milhões.  A CAF também lançou uma série de webinários e disponibilizou recursos para ajudar entidades filantrópicas a se manter, adaptar e prosperar durante e após a pandemia.

Além de apoiar entidades filantrópicas afetadas pela pandemia, a CAF também facilitou o importante processo de doações feitas pelo setor corporativo do Reino Unido.

Para o setor de saúde, especificamente, criou o ‘Fundo de Recuperação da Organização de Pacientes’, para doações a organizações que lidam com pacientes em todo o Reino Unido, e ajudou a Associação de Seguradoras Britânicas na criação e operação do ‘Fundo de Apoio COVID-19’, que obteve doações de 36 empresas superiores a £ 100 milhões.

Recursos captados

A CAF lançou seu próprio fundo emergencial para apoiar entidades filantrópicas do Reino Unido afetadas pela crise e pelos confinamentos impostos. O fundo foi criado com £ 5 milhões, realocados do próprio fundo a pedido dos doadores. Além disso, £ 1,5 milhão adicionais foram captados em seis meses.

 

 

 

Rússia: CAF Rússia

Cenário

Na Rússia, os desafios da pandemia se tornaram mais complexos por causa das diferenças regionais dentro do país. Enquanto Moscou, São Petersburgo e outras grandes cidades eram vistas como os locais mais populosos e de maior risco, áreas remotas e rurais que careciam de recursos para combater a pandemia foram negligenciadas e não receberam a atenção e o apoio necessários. Além disso, os mecanismos de resposta emergencial criados pelo governo não facilitaram o investimento estrangeiro, o que dificultou a contribuição de doadores externos à resposta russa.

Resposta local

O trabalho colaborativo com os parceiros da Aliança Global, incluindo a CAF América, permitiu à CAF Rússia facilitar a doação de recursos advindos de doadores estrangeiros. Assim, as OSCs russas tiveram acesso a um maior volume de doações internacionais que chegaram rapidamente aos mais necessitados.

A experiência da CAF em doações e processos de due diligence reconhecidos foi determinante para a criação de um mecanismo de resposta rápida para agilizar as decisões de financiamento.

Recursos captados

Os esforços de captação de recursos na Rússia se concentraram no período da já consolidada campanha de doações GivingTuesday. O equivalente a USD 119.930 foi arrecadado no primeiro mês e até dezembro de 2020, chegaram a USD 1.3 milhão.

Saiba como ajudar no combate à pandemia em todo Brasil

Mesmo após um ano desde o início da pandemia do coronavírus no Brasil, as doações ainda são necessárias. Ao testemunhar o colapso da saúde no Amazonas nos últimos dias, a mobilização rápida da sociedade civil evidencia como a solidariedade pode literalmente salvar vidas.

Em 2020, foram mais de R$6,5 bilhões doados por mais de 500 mil doadores para iniciativas de resposta aos impactos da pandemia em todo o país, segundo o Monitor de Doações da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). O levantamento mostra, entretanto, que o volume foi maior nos primeiros meses, com queda acentuada no final do ano.

A COVID-19, entretanto, segue fazendo vítimas por todo o país enquanto observamos o início de uma segunda onda da pandemia em algumas regiões. Mesmo com o início da vacinação, ainda haverá desafios na área da saúde, assistência social e retomada econômica. “Estamos presenciando um amadurecimento da cultura de doação no Brasil. A sociedade e a comunidade filantrópica começam a perceber como este ato solidário é poderoso. Hoje, fazemos um novo chamamento, para intensificar novamente a mobilização e mostrar caminhos seguros para que as doações cheguem a quem precisa”, comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. .

Conheça a seleção que fizemos de algumas das campanhas ainda ativas no combate à pandemia e faça sua doação:

 

SAÚDE

 

  • SO2S Manaus

Organizações promotoras: Movimento UniãoBR, UniãoBR-AM, Instituto Phi, Instituto Nova Amazônia e União Amazônia Viva

Site: www.instagram.com/uniaobrorg

Como doar – dados bancários:

Doação de R$ 1 até R$ 5.000:
Instituto Nova Amazônia
Banpará (banco 037)
Agência: 0050
Conta Corrente: 000566858-1
CNPJ: 12.491.439/0001-43

Doações acima de R$ 5.000:
Instituto Phi
Banco Itaú
Agência: 0726
Conta Corrente: 10601-6
CNPJ: 19.570.828/0001-03

Saiba como doar: https://www.movimentouniaobr.com.br/

  • SOS Enfermagem Amazonas

Organização promotora: Associação Nacional de Enfermagem
Site: www.abennacional.org.br/site/2021/01/16/sos-enfermagem-amazonas/

Como doar – dados bancários:

Banco Itaú – 34
Agência: 8271
Conta Corrente: 21008-3
CNPJ: 33.989.468/0004-52
PIX: 33.989.468/0004-52

 

  • Com Saúde e Alegria e Sem Corona

Organização promotora: Saúde e Alegria

Site: https://saudeealegria.org.br/saude-comunitaria/campanha-de-apoio-ao-baixo-amazonas-contra-a-covid-19/

Como doar – dados bancários:

Banco do Brasil
Agência 0130-9
Conta corrente 112.068-9
CEAPS Apoio Covid-19
CNPJ 55.233.555\0001-75
+55 93 9143 3944

 

 

EMPREENDEDORISMO

 

  • Fundo Emergencial Volta por Cima

Organização promotora: Banco Pérola e ANIP (Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia, composta pela A Banca, Artemisia e FGVcenn)

Site: http://impactosocial.artemisia.org.br/fundovoltaporcima

Como doar: http://impactosocial.artemisia.org.br/fundovoltaporcima#rd-form-joq3m2m5

 

EDUCAÇÃO:

  • #MaisConexão#MaisDireitos

Organização promotora: PLKC Advogados e Unicef
Site: https://brasil.unicef.org.br/plkc/

Como doar: https://brasil.unicef.org.br/plkc/

 

 

ASSISTÊNCIA SOCIAL:

 

  • UniãoBR Contra o Coronavírus

Organização promotora: Movimento UniãoBR

Site: www.movimentouniaobr.com.br/

Como doar: no site do Movimento, escolha um estado que gostaria de beneficiar e saiba como contribuir.

 

  • Fundo Luz Alliance

Organização promotora:  Brazil Foundation e Gisele Bündchen

Site: https://fundos.brazilfoundation.org/luz-alliance

 

  • Maré diz não ao Coronavírus

Organização promotora: Redes da Maré
Site: www.redesdamare.org.br/br/quemsomos/coronavirus

Como doar: www.redesdamare.org.br/br/quemsomos/coronavirus

Dados bancários:

Associação Redes de Desenvolvimento da Maré
CNPJ: 08.934.089/0001-75

Banco do Brasil – 001
Agência: 0576-2
Conta Corrente: 160.568-2

Banco Itaú S/A – 341
Agência: 0023
Conta Corrente: 543.38-2

 

  • Adote uma família em Paraisópolis

Organização promotora – G10 Favelas / Nova Paraisópolis

Site: www.novaparaisopolis.com.br/

Como doar: https://app.doare.org/br/doacao/231194/iep-g10-favelas/adote-uma-familia-em-paraisopolis

Dados bancários:

Bradesco
Agência 2764-2
CC 23233-5
CNPJ: 12.772.787/0001-99
PIX G10FAVELAS: 12.772.787/0001-99

 

POVOS INDÍGENAS

 

  • Plano de Ação Emergencial de Combate ao Avanço do Coronavírus e de Tratamento entre os Povos Indígenas da Amazônia Brasileira

Organização promotora: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB
Site: https://coiab.org.br/covid

Como doar: https://coiab.org.br/doe

Dados bancários:

Entidade Titular: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
CNPJ: 63.692.479/0001-94
Banco do Brasil
Agência: 1862-7
Conta: 15.774-0

  • Rede Voluntária Vale no Brasil Sem Fome

Organização promotora: Rede Voluntária Vale e Ação da Cidadania

Como doar: https://redevoluntariavale.com.br/brasil-sem-fome/

Em março de 2020, o IDIS, em parceria com o Movimento Bem Maior e a plataforma de doação BSocial, lançaram o Fundo Emergencial para a Saúde. Em 9 meses, captou R$ 40,4 milhões junto a mais de 10 mil doadores, entre indivíduos e empresas, beneficiando 58 hospitais, um centro de pesquisa e uma organização social em todo o Brasil. Com a meta atingida, foi encerrado em 10 de outubro. Conheça esta história aqui.

IDIS 2020: Catalisador de Iniciativas

Pensar sobre aonde se quer chegar e planejar as atividades e recursos necessários para atingir os objetivos de forma coerente e sustentável é o que recomendamos a todos nossos parceiros, e no IDIS, não poderíamos fazer diferente. Em outubro, iniciamos nosso processo de planejamento estratégico para 2020.

Usando como base o plano trienal, desenvolvido em 2017, envolvemos toda a equipe do IDIS, que olhou para os resultados alcançados e projetos desenvolvidos neste ano, e traçou o plano para concretizar nosso novo posicionamento – IDIS: CATALISADOR DE INICIATIVAS. Por meio dele, reforçamos nosso compromisso com a idealização e o implementação de iniciativas que promovam o Investimento Social Privado no Brasil. Gerar e disseminar conhecimento, influenciar e representar o setor e idealizar, estruturar e implantar projetos próprios, passam a ser, dessa forma, nossos principais pilares de atuação.

Entre os principais projetos para o próximo ano, estão o fortalecimento da cultura de doação, por meio da campanha Descubra Sua Causa; a agenda dos Fundos Patrimoniais, com o avanço do trabalho de advocacy desempenhado na Coalização pelos Fundos Filantrópicos; a valorização da cultura de avaliação; e a promoção de parcerias intra e intersetoriais para a resolução de problemas sociais complexos. Ações específicas serão realizadas também no sentido de qualificar e ampliar a Filantropia Familiar e a Filantropia Comunitária. Seguiremos apoiando iniciativas de famílias, empresas, institutos e ONGs, por meio de atividades de consultoria, em todas as fases de seu investimento – do planejamento estratégico, passando pela gestão das doações, até a avaliação de impacto; e provendo o único Fórum no Brasil destinado exclusivamente a filantropos e investidores sociais.

Aspectos relacionados à comunicação institucional e gestão também foram discutidos. Para dar mais concretude ao novo posicionamento, foi planejada a atualização da marca. Especificamente em relação à sustentabilidade, avançamos no plano de constituição de um Fundo Estruturante, lançado na celebração dos 20 anos do IDIS, em setembro de 2019.

O planejamento, que ainda será validado por nosso Conselho Deliberativo, traça o caminho que seguiremos no próximo ano. Acreditamos na força do investimento social privado para criar um futuro mais justo e solidário, melhorando a vidas das pessoas. Por um 2020 com mais impacto!

Como podemos aumentar a participação cívica?

2ª Artigo da série

Em agosto deste ano, o IDIS publicou o artigo ‘O que leva as pessoas a apoiarem organizações da sociedade civil? ’, primeiro texto baseado dissertação de mestrado de Economia do aluno do Insper, Rubens Sanghikian, que buscou compreender, por meio de análise das estatísticas existentes, como é possível aumentar a participação cívica.

No primeiro artigo, ele explorou quais são as características individuais que mais interferem para estimular ou inibir a participação cívica. Neste artigo, ele amplia o olhar e apresenta quais são as características de um país que podem afetar o nível de participação cívica de sua população.

Qual o perfil de um país que apoia organizações da sociedade civil?

Por Rubens Sanghikian, mestre em economia pelo Insper

A fonte dos dados desse artigo é a minha tese de mestrado em Economia, elaborada sob a orientação da professora Drª Regina Madalozzo

No primeiro artigo apresentei o perfil de um indivíduo com alta probabilidade de apoiar uma organização da sociedade civil. Vimos que o perfil de um apoiador seria o de uma pessoa que confia nas pessoas, com alta instrução e alta classe social, que gosta de política, tem religião e com alto acesso à informação. Neste segundo artigo discutirei quais são as características de países que têm alta participação da população em atividades como doação, trabalho voluntário e ajuda a desconhecidos.

Através de um amplo levantamento da literatura, selecionei as principais características que podem impactar o nível de participação em doações trabalho voluntário e ajuda a desconhecidos. Utilizei dados da pesquisa World Giving Index, publicada desde 2010 pela Charities Aid Foundation, representada no Brasil pelo IDIS, e conduzida anualmente pela Gallup. Meu estudo tem o propósito de complementar a análise sobre participação cívica, sob a perspectiva de países e não de indivíduos, como vimos no artigo 1.

A pesquisa realiza as seguintes perguntas para entrevistados em mais de 140 países, considerando apenas se esses atos foram realizados no último mês:

• “Doou dinheiro para uma organização social?”.
• “Fez trabalho voluntário ou doou tempo para uma organização?”
• “Ajudou um estranho, ou alguém que você não conhecia que precisava ajuda?”.

Baseando-se nas respostas, a pesquisa cria três indicadores para os países que são: porcentagem da população que realizou doação, porcentagem que fez trabalho voluntário e porcentagem que ajudou um desconhecido.

Através da revisão bibliográfica e de modelos econométricos, consegui identificar os principais fatores que afetam a taxa de participação da população de um país. Os resultados dizem respeito ao efeito médio de vários países, mas tudo indica que se aplicam bastante bem à sociedade brasileira.

Principais resultados:

1) PIB per capita:
O modelo aponta que quanto maior o PIB per capita de um país, maior a participação em doação, porém não tem efeito sobre trabalho voluntário e ajuda a desconhecidos, corroborando as evidências do levantamento literário realizado por Bekkers e Wiepking (2012). Encontrei que 10% de aumento no PIB per capita aumenta em média 0,67% da participação em doações de um país. Vale a pena destacar que este efeito é uma média e não leva em conta participação por classe social.

No Brasil, a Pesquisa Doação Brasil realizada pelo IDIS, indica que a prática da doação aumenta com a renda até 15 salários mínimos, apresentando uma queda na participação da doação para indivíduos que ganham mais de 15 salários mínimos no Brasil.

2) Índice de percepção de corrupção:
Já o aumento da transparência, medido pelo índice de percepção de corrupção, faz com que o engajamento aumente em todas as atividades, principalmente na doação em dinheiro. Um ponto de melhora no indicador de percepção de corrupção aumenta a participação, em média, 0,38% para doação, 0,12% para trabalho voluntário e 0,24% para ajuda a desconhecidos. Encontra-se mais uma evidência que falta de confiança reduz a participação cívica da população, em linha com o trabalho de Evers e Gesthizen (2011) e o resultado apresentado no artigo 1.

3) Desigualdade social:
O quociente de desigualdade humana impacta apenas as doações, de forma inversa, ou seja, quanto menor a desigualdade social, maior a prática de doação. Apesar do aumento da desigualdade social aumentar a percepção de necessidade dos indivíduos, ela aumenta também a distância social e dificulta a empatia entre grupos de renda muito diferentes. Principalmente, a desigualdade muitas vezes está relacionada a alto nível de pobreza e alta concentração de renda. De acordo com Andreoni, Nikiforakis e Stoop (2017), dificuldade financeira diminui a capacidade dos mais pobres realizarem uma atitude altruísta envolvendo dinheiro, e se um país possui muitas pessoas nesta situação, a participação tende a diminuir. Uma diminuição de 0,01 no quociente, que vai de zero a um, aumentaria em média 0,57% a participação em doações.

4) Anos de Educação:
Quanto maior o nível educacional maior a probabilidade de uma pessoa fazer trabalho voluntário. A educação aumenta a percepção dos problemas existentes no mundo, além de dar ideias de como solucioná-los, motivando as pessoas a ajudar. Estima-se que um ano a mais de educação aumenta, em média, 2,2% a participação em trabalho voluntário, porém não impacta doações e ajuda a desconhecidos.

5) Porcentagem da população acima de 65 anos:
Constatei o crescimento do grupo de idosos em uma sociedade provoca queda do engajamento cívico. Estimei que 1% a mais da população nesta faixa etária reduz a participação na doação, em média, 1,37%. Já para trabalho voluntário reduz, em média, 0,92% e ajuda a desconhecidos 0,85%. Os modelos apresentados neste trabalho apresentam evidência de redução nas atividades cívicas em grupos de idade mais avançada, também relatado nos trabalhos apresentados por Bekkers e Wiepking (2011) que mostram queda na doação.

O relatório Volunteering and Older Adults (2013) levanta uma série de barreiras para pessoas em idade mais avançada fazerem trabalhos voluntários, tais como transporte, saúde, custos, acesso à informação sobre instituições, barreiras culturais e experiências negativas no passado nessas atividades. Tudo isso impacta negativamente a probabilidade de fazer trabalho voluntário. Esses fatores também devem impactar negativamente outras atividades cívicas como doação, ajuda a desconhecidos e associação voluntária.

6) Gastos do governo em porcentagem do PIB:
Essa é uma questão muito discutida: se o gasto do governo inibe a participação na sociedade civil. Quando maior o gasto, as pessoas poderiam argumentar que é maior a responsabilidade do governo em prover os serviços e resolver os problemas sociais. Porém, não encontrei esta relação para participação, entretanto, há forte evidência na literatura que há redução no valor doado quando os gastos do governo são altos, por exemplo, no estudo de Andreoni (1993).

Tabela resumo:

Conclusão:

A importância deste estudo é que ele ajuda a identificar características que aumentam ou diminuem a participação de pessoas na sociedade civil, podendo auxiliar no direcionamento de políticas públicas para o seu fortalecimento. Um país com alto PIB per capita, baixa corrupção, baixa desigualdade social e alto nível educacional tende a ter grande participação da sua população na vida cívica.

Um ponto que eu acredito ser muito interessante e muitas vezes não abordado, é a participação do público da terceira idade na vida cívica. Com o envelhecimento da população mundial, há um impacto negativo na sociedade civil.  Se altos gastos dos idosos, problemas de locomoção e experiências negativas no passado podem inibir a participação deles, devemos focar na solução desses desafios para engajá-los. Há forte evidência na literatura que idosos que realizam trabalho voluntário possuem menos depressão, maior satisfação e maior estimativa de sua expectativa de vida.

No próximo artigo da série, apresentarei como podemos aumentar a captação de recursos utilizando a teoria sobre nudges, desenvolvida pelo economista, ganhador do prêmio Nobel, Richard Thaler.

Referências:

ANDREONI, J. An experimental Test of the Public-Goods Crowding-Out Hypothesis. The American Economic Review, v. 83, n.5, p. 1317-1327, 1993.

ANDREONI, J.; NIKIFORAKIS N; STOOP, J. Are the rich more selfish than the poor, or do they just have more money? A natural field experiment. NBER Working Paper, n. w23229, 2017.

BEKKERS, R.; WIEPKING P. Who gives? A literature review of predictors of charitable giving. Part One: Religion, education, age and socialization. Voluntary Sector Review, v. 2, n. 3, p.337-365, 2011.

BEKKERS, R.; WIEPKING P. Who gives? A literature review of predictors of charitable giving. Part Two: Gender, family composition and income. Voluntary Sector Review, v. 3, n. 2, p.217-245, 2012.

EVERS, A.; GESTHUIZEN M. The impact of generalized and institutional trust on donating to activist, leisure, and interest organizations: individual and contextual effects. International Journal of Nonprofit and Voluntary Sector Marketing, v. 16, p. 381-392, 2011.

Pesquisa Doação Brasil. São Paulo: Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, 2016. Disponível em: http://idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/wp-content/uploads/2016/10/PBD_IDIS_Sumario_2016.pdf. Acesso: 30 de julho de 2018.

SANGHIKIAN, Rubens. Participação cívica: associação, doação e trabalho voluntário. 2017. 44 f. Dissertação (Mestrado profissional em economia) – Instituto de Ensino e Pesquisa – INSPER, São Paulo, 2017.

VOLUNTEERING AND OLDER ADULTS. Ottawa: Volunteer Canada, 2013. Disponível em: <https://volunteer.ca/content/volunteering-and-older-adults-final-report>. Acesso em: 12 de nov. 2017.
WORLD GIVING INDEX. Kings Hill: Charities Aid Foundation, 2011-2016. Disponível em: https://www.cafonline.org/about-us/publications. Acesso em: 18 de jun. 2017.

 

 

Coalizão lança Nota Pública de apoio à regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos

 

NOTA PÚBLICA DE APOIO À REGULAMENTAÇÃO DOS FUNDOS PATRIMONIAIS FILANTRÓPICOS

 

Nós, os integrantes da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por mais de 40 membros, entre organizações, empresas e pessoas, viemos a público manifestar nosso apoio à edição da Medida Provisória de regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, causa pela qual vários de nossos integrantes lutam desde 2012.

Lamentamos que a aceleração do processo de regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos tenha sido provocada por uma tragédia de dimensões incalculáveis para a Cultura e a História do Brasil, como o incêndio que destruiu grande parte do acervo do Museu Nacional. Nos serve de consolo, entretanto, saber que essa mesma tragédia pode trazer algum fruto positivo para o País, e queremos colaborar para que a legislação que regulará os Fundos Patrimoniais Filantrópicos seja a melhor possível, alcançando seu máximo potencial de contribuição para a sociedade.

Para isso, queremos alertar para um ponto que precisa ser incluído na legislação, para que ela tenha os efeitos desejados.

Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham por causas de interesse público, como educação, saúde, assistência, cultura, meio ambiente e esportes, entre outras.

Não há razão para restringir o tipo de organização que pode ser titular de Fundos Filantrópicos, nem a causa à qual eles se destinam. Organizações privadas sem fins lucrativos (fundações e/ou associações) devem ser incluídas entre as que podem contar com esse mecanismo. Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos devem ter como objetivo causas de interesse público, podendo ser vinculados ou não, a instituições públicas ou privadas predeterminadas como universidades, museus e Santas Casas de Misericórdia. Essa é a boa prática adotada no exterior.

Recomendamos também a edição de uma Medida Provisória clara, objetiva e que contemple unicamente o tema dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, de modo a facilitar a criação desses instrumentos tão importantes para a sustentabilidade financeira das organizações sem fins lucrativos.

Com a publicação da Medida Provisória, convocamos os deputados e senadores a, ainda nessa legislatura, refletirem conscientemente sobre a importância da sua transformação em lei, garantindo maior capacidade das instituições se financiarem com o apoio daqueles que acreditam em suas causas, e buscando, assim, evitar tragédias como a do Museu Nacional.

Por fim, nos colocamos à disposição para qualquer contribuição que se faça necessária para concretização de uma legislação clara, abrangente e eficaz para os Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

 

São Paulo, 5 de setembro de 2018

COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)

Quem somos nós

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos é grupo multisetorial composto por 40 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país.

Lançada em junho de 2018, e liderada pelo IDIS, Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, essas organizações brasileiras integram a Coalizão, que é aberta para qualquer pessoa ou entidade que apoie a causa dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

 

Organizações integrantes da Coalizão pela Fundos Filantrópicos

Coordenação

IDIS Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

 

Apoio Jurídico

PLKC Advogados

 

Apoio Institucional

APF Associação Paulista de Fundações

Cebraf Confederação Brasileira de Fundações

GIFE Grupo de Institutos, Fundações e Empresas

Humanitas 360

Levisky Negócios e Cultura

 

Participantes

ABCR Associação Brasileira de Captadores de Recursos

ACTC Casa do Coração

Arredondar

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CEAP Centro Educacional Assistencial Profissionalizante

CIEDS

Demarest Advogados

Fehosp Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Est. SP

Fundação Darcy Vargas

Fundação Educar DPaschoal

Fundação José Luiz Egydio Setúbal

Fundação Stickel

Instituto Acaia

Instituto Akatu

Instituto Arara Azul

Instituto Ayrton Senna

Instituto Cyrela

Instituto Doar

Instituto Homem Pantaneiro

Instituto Jatobás

Instituto Phi

Instituto Reciclar

Instituto Sabin

Instituto Sol

Instituto SOS Pantanal

ISE Business School

LAB Laboratório de Inovação Financeira

Liga Solidária

Lins de Vasconcelos Advogados Associados

Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. Quiroga Advogados

Onçafari

Rede de Filantropia para a Justiça Social

Santa Marcelina Organização Social de Cultura

Sistema B

Todos pela Educação

Visão Mundial

Wright Capital

 

 

 

 

 

 

PNUD alerta: Investimentos Sociais Privados recuam diante da crise financeira e registram queda de 19%

Os números estão no novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Plataforma de Filantropia, lançado no último dia 12, no Rio de Janeiro. A publicação tem o apoio do IDIS, GIFE, WINGS e Comunitas e é o resultado da parceria entre fundações e institutos, tais como Fundação Banco do Brasil, Fundação Roberto Marinho, Instituto C&A, Fundação Itaú Social e Instituto Sabin. Você pode acompanhar a repercussão na mídia através do link https://globoplay.globo.com/v/6353610/programa/

O estudo deixa claro que o valor investido está abaixo do necessário e aponta a Educação como a área que recebe mais investimento social privado no Brasil (84%). Em seguida vem o Desenvolvimento Profissional e Cidadão para Jovens (60%), e Artes e Cultura (51%). A área de Direitos Humanos mostrou força nos investimentos privados no último período pesquisado, e cresceu 14% de 2014 a 2016. Outra constatação é a distribuição dos investimentos,  ainda altamente concentrada geograficamente, sendo a região Sudeste a que recebe o maior volume de recursos, seguida do Nordeste.

Ao analisar os dados do relatório e a situação vivida por organizações em 2016,  a equipe do IDIS avalia que, provavelmente, o pior momento já passou. “Os investimentos realizados por empresas, institutos e fundações caíram em 2017 porque, normalmente, essas instituições definem seus orçamentos em função do ano anterior. Como 2016 foi um ano muito difícil, com queda de lucros, a fatia para o investimento social de 2017 diminuiu. O efeito inverso deve acontecer em 2018”, explica Andrea Wolffenbüttel, diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS.

O levantamento mostra ainda um Brasil com ambiente relativamente bem estruturado de redes e organizações para a filantropia, além de colocar o País como um dos quatro da América Latina e do Caribe a ter uma associação formal de fundações filantrópicas. Os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) são utilizados pela maioria das instituições filantrópicas como suporte para decisões. E a necessidade de promover impactos é um dos pontos comuns do terceiro setor brasileiro com a agenda das Nações Unidas.

A Plataforma Filantropia foi criada por empresas e organizações parceiras e associações de filantropia, com o apoio do PNUD. O Brasil foi o oitavo país-piloto a lançar a Plataforma, juntando-se à India, Estados Unidos, Colômbia, Indonésia, Zâmbia, Gana e Quênia. O relatório “Filantropia e os Objetivos de Desenvolvimento Sustestável: engajando o investimento social privado na agenda do desenvolvimento global”  pode ser baixado gratuitamente (em inglês e português) em https://www.sdgphilanthropy.org/philanthropy-in-brazil-overview

 

Em 2017 o #diadedoar será em 28 de novembro!

Com 35 países participantes, o Dia de Doar é a principal campanha no mundo de promoção da Cultura de Doação. Organizada pelo Movimento por uma Cultura de Doação, uma coalização de organizações e indivíduos do qual o IDIS faz parte, a mobilização incentiva a doação para organizações da sociedade civil.

No Brasil, o seu impacto é ainda maior, pois chama a atenção de milhões de brasileiros para a importância de fortalecer o trabalho das ONGs. Aqui, precisamos promover muito a doação e a responsabilidade que cada um tem em financiar as causas que defende e acredita em prol de um país melhor para todos.

Resultados do World Giving Index 2017, índice de solidariedade medido pela Charities Aid Foudantion (CAF) e divulgado pelo IDIS, mostram que cerca de 65% dos brasileiros gostariam de se engajar mais em causas sociais e serem mais participativos no cotidiano da transformação positiva que nossa sociedade anseia.

Realizado no Brasil desde 2013, o Dia de Doar foi criado no Estados Unidos com o nome #GivingTuesday – um contraponto ao #BlackFriday. Os participantes, indivíduos, empresas, governos podem cadastrar suas ações de doação e as ONGs podem registrar suas iniciativas de captação no site www.diadedoar.org.br.

Sucesso é o tema do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Com nova identidade visual, inspirada no símbolo de igual, será realizado na próxima semana, em São Paulo-SP, a sexta edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. O evento é uma realização do IDIS e do Global Philanthropy Forum em parceria com a Charities Aid Foundation (CAF), Instituto C&A, Fundação Telefônica Vivo, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Fundação José Luis Egídio Setúbal, Fundação Banco do Brasil e Fundação Roberto Marinho.

O Fórum é realizado anualmente, sempre com o objetivo de contribuir para a formação de uma comunidade de pares, para o fortalecimento das práticas de filantropia e investimento social no país, a partir de um tema norteador. Em 2017, o tema escolhido é Sucesso. As plenárias e debates procurarão responder perguntas como: O que é sucesso no investimento social privado? Como ele é entendido por famílias, empresas e comunidades? O que é sucesso quando se aborda problemas complexos? E quando se busca o ganho de escala? Como construir o sucesso e como avaliá-lo?

“O Fórum se propõe a ser um evento que estimule e inspire os investidores sociais a continuar colocando tempo, recursos e conhecimento em favor das causas sociais e ambientais, ainda que o momento que atravessamos seja difícil” afirma a diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani. “E a nova identidade visual foi inspirada no sinal de igual, representando a nossa busca por igualdade e equidade para todos os povos do mundo.”

Na programação estão palestras de representantes de organizações que enfrentam problemas complexos como o BNDES, o BID e a Fundação Ford. Serão apresentados casos de empreendedores sociais e investidores que querem, ou não, atingir escala, além de conversar sobre as diferenças de abordagem para investidores familiares e corporativos. O Fórum vai mostrar ainda a importância de mecanismos de sustentabilidade de longo prazo para organizações da sociedade civil, os endowments, e a avaliação de impacto na construção de agendas de sucesso. A plenária de encerramento se propõe a refletir sobre o futuro da filantropia e como as inovações tecnológicas poderão nos ajudar a transformar realidades.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é um evento fechado para convidados, mas as sessões são todas gravadas e disponibilizadas posteriormente no canal do IDIS no Youtube.

World Giving Index 2017: voluntariado no Brasil bate recorde

Um em cada cinco brasileiros fez algum tipo de trabalho voluntário de acordo com o World Giving Index 2017, estudo feito pela Charities Aid Foundation (CAF), instituição com sede no Reino Unido e que no Brasil é representada pelo IDIS. O WGI, conhecido como ranking global de solidariedade, registra o número de pessoas que doaram dinheiro para uma organização da sociedade civil, ajudaram um estranho no mês anterior ao levantamento ou fizeram trabalho voluntário. Este ano, foram entrevistadas 146 mil pessoas em 139 países. O estudo foi divulgado no dia 5 de setembro em um evento no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo, que reuniu representantes de organizações sociais e especialistas no tema da Cultura de Doação.

No levantamento anterior, 18% dos entrevistados diziam ter feito algum tipo de trabalho voluntário, percentual que chegou agora aos 20%, marca recorde para o Brasil desde que o levantamento começou a ser feito em 2009.
Mais da metade, 54% das pessoas ouvidas, disseram ter ajudado um estranho, número que se manteve estável em relação ao ano passado. O único comportamento que mostrou piora em 2017 foi o número de pessoas que doaram dinheiro. Depois de bater 30% em 2016, o índice agora caiu para 21%.

No geral, a pontuação do Brasil no World Giving Index caiu de 34% para 32%, o que levou o país a perder 7 lugares no ranking, ficando em 75º lugar. A pontuação do país caiu ligeiramente esse ano, mas ainda se mantém maior que em anos anteriores. É a segunda melhor colocação desde que o WGI foi criado.

“Apesar da queda do indicador geral, o voluntariado atingiu seu maior índice e nosso desafio é transformar essa tendência em uma pratica rotineira, independente de grandes eventos como foram os jogos olímpicos, reforça a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Mundo
O WGI 2017 mostrou uma mudança no quadro mundial da generosidade. Enquanto a maioria dos grandes países do top 20, como as nações da Europa, Ásia e os Estados Unidos caíram no ranking, vários países da África subiram na tabela. A África foi o único continente que registrou crescimento nos 3 comportamentos de solidariedade.

Vinte por cento dos top 20 deste ano foram ocupados pelos países africanos (Quênia, Serra Leoa, Libéria, Zâmbia) e oito nações (Gana, Zâmbia, Serra Leoa, Libéria, Quênia, Zimbábue, África do Sul, Tunísia) viram sua pontuação aumentar mais de 5 pontos percentuais, ou seja, a África foi o continente que teve melhor desempenho.

Campeões
No geral, Myanmar foi o país mais generoso do mundo pelo quarto ano consecutivo, mas registrou queda na pontuação geral de 70% para 65%. A Indonésia foi o segundo, seguida pelo Quênia, Nova Zelândia e Estados Unidos.

Alguns destaques
Este ano, o índice global teve uma piora em relação ao de 2016: doar dinheiro e ajudar um estranho recuaram 1,8 pontos percentuais, enquanto voluntariado caiu 0,8 pontos percentuais. O relatório sugere um declínio geral nos índices de solidariedade, especialmente entre as nações desenvolvidas. Apenas seis dos países do G20 aparecem no top 20.

O Quênia foi um dos destaques do WGI 2017 ao passar do 12º para o posto de terceira nação mais generosa.
Serra Leoa foi o país que teve a maior pontuação no quesito ajudar um estranho: 81% dos entrevistados relataram ter tido esse comportamento no mês anterior à pesquisa. O Camboja ficou na outra ponta, com apenas 18% de pessoas relatando ajudar um estranho.
O estudo na íntegra pode ser baixado em www.idis.org.br/world-giving-index-2017

IDIS é reconhecido como uma das cem melhores ONGs do Brasil

O  IDIS foi reconhecido, ao lado de outras 99 organizações, como uma das melhores ONGs do Brasil. Trata-se da primeira edição da #melhoresOngs, uma iniciativa do Instituto Doar e da Revista Época, que teve mais de 1.500 participantes.

No Brasil, hoje, são mais de 300 mil ONGs, entre associações de caridade, organizações da sociedade civil, institutos e fundações filantrópicas. Estar entre as 100 melhores é sinal de competência e de reconhecimento.

O próprio IDIS, por meio da pesquisa “Doação Brasil”, havia revelado que 71% da população entende que as ONGs dependem de doações para obter recursos e funcionar e 44% concorda que essas instituições fazem um trabalho competente. Porém, apenas 26% dos entrevistados acham que a maioria das ONGs é confiável.

“Os brasileiros entendem a importância e valorizam o trabalho das ONGs, mas por conta do clima de escândalos e desconfiança que atinge o Brasil, ficam receosos na hora de doar. Esse prêmio, sem dúvida alguma, é um reconhecimento para as organizações que fazem um trabalho sério, com transparência, que sabem se comunicar e, claro, uma vitrine para os doadores que buscam ONGs confiáveis e que apresentam resultados”, explica a presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Para o Instituto Doar, que valoriza os bons exemplos através de um Selo de Qualidade, chegou a hora de criar um estímulo para as ONGs. Organizações exemplares merecem o reconhecimento e o dinheiro de doadores conscientes. É esse o objetivo do Prêmio Melhores ONGs.

Confira a lista com as 100 Melhores ONGs.

VI Fórum de Filantropos propõe olhar para os sucessos

Todos os brasileiros sabem que estamos atravessando um duro processo de depuração que, ainda que possa render frutos positivos no longo prazo, nos obriga a conviver com um longo período de crise. Exatamente devido ao cenário negativo é que o VI Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais propõe uma mudança de olhar: queremos abrir espaço para aqueles que, apesar das dificuldades, continuam investindo no Brasil, trabalhando duro e colhendo sucessos. Vamos provocar conversas inspiradoras, trocas de conhecimentos, e surgimento de novas ideias para seguir em frente.

Vamos conversar sobre como o sucesso é construído, avaliado e compreendido. Atingir escala é sinônimo de êxito para o investimento social? Ou sucesso só vem junto com políticas públicas? Bons resultados para um investidor familiar é o mesmo que para um investidor corporativo? Alinhamento ao negócio leva ao sucesso? Como perenizar as conquistas? Essas e outras perguntas norteiam a agenda da sexta edição do Fórum, promovido pelo IDIS e considerado o mais importante evento brasileiro voltado à comunidade filantrópica.

As palestras, mesas temáticas e diálogos vão abordar a questão do sucesso a partir das perspectivas do investidor comunitário, familiar e empresarial e também em diferentes abordagens. “Vamos falar de atuação para solucionar problemas sociais complexos, níveis de escala, avaliação de impacto, constituição de fundos patrimoniais e diversos outros assuntos”, explica a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbuttel. O Fórum vai levar casos de sucesso no investimento social no Brasil e na América Latina com o intuito de inspirar os filantropos e atores sociais do setor presentes no Fórum.

Até o momento, já estão confirmados os seguintes palestrantes:

– Alex Seibel, fundador da ARCAH, organização social que resgata moradores de rua por meio de soluções sistêmicas, baseadas na permacultura e na economia circular.
– Ana Maria Diniz, presidente do conselho do Instituto Península, braço social dos negócios de sua família e instituição mantenedora do Singularidades. É uma das fundadoras do movimento Todos Pela Educação e conselheira da ONG Parceiros da Educação.
– Luiz Alberto Oliveira, curador do Museu do Amanhã. Inaugurado em dezembro do ano passado, o Museu do Amanhã foca nas constantes mudanças vividas pela sociedade atual e nos novos caminhos para o futuro.
– Neca Setúbal, doutora em Psicologia da Educação pela PUC-SP e mestre em Ciência Política pela USP é fundadora da Fundação Tide Setubal e do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária).
– Roberto Klabin, é vice-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica.

E pelo segundo ano consecutivo os vencedores do Prêmio Empreendedor Social, da Folha de S. Paulo, apresentarão os seus empreendimentos exitosos: Carlos Pereira criou o Livox, um aplicativo de comunicação alternativa para tablets e smartphones que permite pessoas com deficiência se comunicarem e se alfabetizarem; Nina Valentini é uma das fundadoras do Instituto Arredondar que atua como uma forma de captação de doações individuais e distribuição para organizações sociais; Jonas Lessa e Lucas Corvacho, do negócio social Retalhar, que oferece serviço de descarte correto de resíduos têxteis.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é a versão brasileira do Global Philanthropy Forum (GPF). Tem como objetivos formar e fomentar uma comunidade de filantropos no Brasil, trazer novos conhecimentos sobre o tema e abrir um espaço para experiências e novas tendências do setor. O evento é fechado para 200 convidados e será realizado no dia 5 de outubro em São Paulo.

Acompanhe as novidades do Fórum em: idis.org.br/forum

Projeto no Amazonas reduz o índice de anemia ferropriva em comunidade ribeirinha de 60% para 3%

 

Nesta semana o projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA) atingiu um resultado digno de comemoração: a queda no índice de anemia ferropriva para 3% entre os alunos da Escola Municipal Francisco Bezerra, localizada na comunidade de Axinim, no município de Borba-AM. Essa taxa está abaixo da meta de 5% estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em março, quando foi aplicado o teste por meio da Tecnologia Social Hb nos 249 alunos do local, foi detectada uma alta incidência da doença: 59,8% dos examinados foram identificados com anemia. A partir desse diagnóstico teve início um tratamento que incluiu suplementação com sulfato ferroso, vermífugo e acompanhamento das equipes de Saúde e Educação.

A anemia causada pela falta de ferro na alimentação é a carência nutricional mais frequente em todo o mundo. Segundo a OMS, ela atinge 25% da população mundial, sendo crianças e gestantes os grupos mais vulneráveis. Esse problema de saúde pública afeta diretamente o desempenho motor e mental em crianças.

A tecnologia Hb integra o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil. Ela foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI) especialmente para permitir o rápido diagnóstico, tratamento e controle da anemia ferropriva em alunos de escolas públicas.

“Estamos muito entusiasmados com os resultados pela aplicação dessa nova tecnologia social. Acreditamos que os efeitos do tratamento serão sentidos em todos os aspectos da vida das crianças, especialmente no desenvolvimento físico e cognitivo. Esperamos obter o mesmo sucesso nas demais tecnologias que estão sendo implantadas para enfrentar outros problemas das comunidades ribeirinhas”, disse Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

Uma análise realizada em 2016 pelo IDIS no município de Borba assinalou as carências das comunidades relacionadas a saneamento básico, tratamento de água e saúde. Com as demandas mapeadas, a equipe do IDIS buscou as soluções no Banco de Tecnologias da Fundação BB.

As tecnologias selecionadas foram a Hb – Combate à anemia ferropriva; a Sodis, Desinfecção solar da água; e o Banheiro Ecológico, alternativa sustentável de saneamento. Todas estão sendo implantadas nas cidades amazonenses de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara.

O presidente da Fundação BB, Asclepius Soares, reforçou a importância de investir em soluções de fácil aplicação e com alta efetividade, como as tecnologias sociais. “Mobilizar esforços para fazer a diferença na vida das pessoas por meio de ações simples. Com a parceria do IDIS, a Fundação busca contribuir para que crianças da região cresçam com saúde e tenham um futuro melhor.”

O projeto foi batizado de Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA) e é uma iniciativa do IDIS e da Fundação Banco do Brasil com apoio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SUSAM), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e das prefeituras dos municípios participantes.

Confira alguns depoimentos:
“Obrigada a todos do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas. Ficamos agradecidos por terem escolhido a nossa escola. É maravilhoso poder participar desse programa, cujo objetivo é melhorar a saúde das crianças. Voltem sempre. Nossa escola estará sempre de braços abertos”
Jorge Façanha, diretor da Escola Municipal Francisco Bezerra

“Nós temos observado taxas absurdas de prevalência da anemia ferropriva nas escolas, acima dos 30%, sendo que o controle desta doença não está incluído nas políticas públicas de melhoria da educação, de forma eficaz e permanente. As experiências que obtivemos em Santa Luzia do Itanhy, Boquim e agora em Axinim mostram que é perfeitamente viável realizar programas municipais de diagnóstico e redução da prevalência, contando com os recursos humanos existentes no município. Se realmente queremos melhorar a qualidade da educação no Brasil precisamos também levar em conta a qualidade na alimentação e melhoria do saneamento, uma vez que anemia ferropriva é, em boa parte, consequência de má alimentação e/ou infecção por parasitas de solo.”
Saulo Faria, do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), idealizador da Tecnologia Social Hb

“Há algum tempo que trabalho na área da saúde e não tinha visto ainda um projeto tão cativante e inovador como este. Como todo projeto inovador existem algumas resistências no início, mas com o passar do tempo conseguimos a confiança e o respeito. Ao ver o semblante de satisfação dos pais com o resultado alcançado foi muito incentivador para nós que estamos à frente do projeto. Creio que quando se tem uma equipe íntegra, responsável e disposta realmente a se doar, o resultado inevitavelmente é positivo. Sinto-me muito feliz por ter participado desse projeto pioneiro na comunidade, principalmente por se tratar de saúde pública e espero levarmos não só para essa comunidade, mas para muitas outras em nossa cidade. Levando, junto com ele, a melhoria de vida e um bom desenvolvimento para os jovens de nossa comunidade. Termino agradecendo a Deus pelo dom da vida, aos colegas idealizadores do projeto e os seus parceiros que vieram de longe para implantar esse projeto e nos deixar esse novo conhecimento. Agradeço às secretarias parceiras que nos ajudaram em tudo o que precisamos. Espero ter a oportunidade de participar e ajudar no que for preciso em outros projetos.”
Jairzinho Colares Barros, técnico de enfermagem da UBS de Axinim

Ciclo de encontros vai mapear o ecossistema filantrópico brasileiro

Aconteceu no dia 31 de junho, em São Paulo, o encontro Diálogos do Setor de Investimento Social Privado e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil. A diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani, foi a moderadora do painel Investimento Social Privado familiar, inovação e a promoção do Desenvolvimento Sustentável, que contou com palestras do PNUD, Instituto Liberta e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

Essa foi a primeira de um ciclo de cinco reuniões que estão previstas para o primeiro ano de construção da Plataforma de Filantropia do Brasil. A Plataforma já existe no Quênia, Gana, Zâmbia, Indonésia, Colômbia, Estados Unidos e Índia e incentiva a colaboração entre institutos e fundações empresariais com intuito de ajudar a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – reduzindo a duplicação de esforços e alavancando novos recursos.

O produto final desses encontros será um mapa do ecossistema filantrópico brasileiro, com a definição dos temas prioritários, regiões e ODS para os investimentos privados e sociais. O público presente era formado por representantes do setor de filantropia e investimento social privado do país – institutos e fundações empresariais; áreas de responsabilidade social empresarial, relacionamento com a comunidade, entre outros.

A iniciativa é do PNUD em conjunto com os parceiros internacionais Rockefeller Philanthropy Advisory e Foundation Center. Além do IDIS, são parceiros nacionais as seguintes organizações: Instituto C&A, Itaú Social, Itaú, Fundação Roberto Marinho, Rede Globo, Fundação Banco do Brasil, Instituto Sabin, GIFE, WINGS e Comunitas.

Artigo do IDIS na revista internacional Alliance

Durante o Wings Forum deste ano, realizado em fevereiro no México, a presidente do IDIS, Paula Fabiani, palestrou em um painel sobre o papel da filantropia frente ao populismo político. O painel foi muito rico e as discussões continuaram após o final do evento. O produto final desse debate foi a publicação de quatro artigos na revista Alliance, edição de junho, com a visão de cada um dos participantes sobre a realidade de seu país.

Além da presidente do IDIS os palestrantes e autores dos artigos são: Vikki Spruill, presidente da Council on Foundations (EUA); Sara Lyons, vice-presidente da Community Foundations (Canadá); Keiran Goddard, head de assuntos externos da Association of Charitable Foundations (Reino Unido).

Essa iniciativa está em linha com a Declaração da Cidade México, assinada por todos os participantes do Wings Fórum, comprometendo-se a lutar pela manutenção e ampliação do espaço de atuação da sociedade civil. O Wings Fórum reúne 44 países e mais de 170 organizações em todo o mundo – de apoio filantrópico, fundações, representantes da sociedade civil e líderes empresariais –  responsáveis ​​para promover o bem-estar humano através de uma filantropia mais eficaz.

A revista Alliance, criada em 1998, é a principal revista de filantropia e investimento social em todo o mundo, fornecendo notícias e análises do que está acontecendo no setor em todo o mundo. Conheça a revista: http://www.alliancemagazine.org

Confira o artigo:

https://www.idis.org.br/wp-content/uploads/2017/05/41-VikkiSpruill-SaraLyons-PaulsFabiani-KeiranGoddard.pdf

Sobre confiança, filantropia e organizações sociais

Por Paula Fabiani*

A confiança, ou melhor, a falta de confiança, é uma preocupação presente ao redor do mundo nos dias atuais. Além do Brasil, países desenvolvidos como os Estados Unidos e a Inglaterra passam por períodos de desconfiança nas instituições e nos governos, o que gera grande ansiedade em relação ao futuro. Estive nas últimas semanas nestes dois países em eventos do universo da filantropia e, enquanto na Inglaterra o clima é mais calmo, apesar de toda a incerteza sobre o futuro, nos Estados Unidos a inquietação é latente.

Na Inglaterra participei de discussões sobre como a tecnologia pode contribuir para o resgate da confiança por meio do aumento da transparência no campo filantrópico. O encontro foi promovido pela Charities Aid Foundation (CAF) para membros da Global Alliance, uma rede de organizações filantrópicas ligadas à CAF, da qual o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS faz parte.

Um dos casos interessantes apresentados foi a tecnologia de block chains, um sistema digital de controle e validação de transações via redes de computadores, que começa a ser aplicado em start ups com foco na melhoria dos processos de doação e monitoramento dos resultados. A Alice é um bom exemplo. Trata-se de uma plataforma que busca reduzir a falta de confiança nas ONGs por meio de um sistema de pagamentos por resultado, que utiliza a tecnologia dos block chains. A doação é comprometida em um contrato, porém os recursos só vão sendo transferidos conforme o resultado é alcançado.

Nos Estados Unidos, o Global Philanthropy Forum, conferência realizada anualmente com participantes das principais instituições filantrópicas de atuação global, teve como temas transversais Confiança e Legitimidade. O evento apresentou caminhos para organizações filantrópicas e da sociedade civil fomentarem processos de reconstrução da coesão social ao redor de questões fundamentais, para o nosso futuro e do planeta.

As palavras dos presidentes do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostraram que os grandes organismos multilaterais também se afligem com o tema porque a falta de confiança torna mais difícil a atuação em parceria, que é fundamental para a promoção do desenvolvimento. Inspirações para agir vieram de indivíduos que, apesar das dificuldades, trabalham pela paz motivados por experiências pessoais traumáticas, como a perda de um familiar para movimentos extremistas na Síria ou por um sequestro pela guerrilha FARC na Colômbia.

Por fim, tanto na Inglaterra como nos EUA, as discussões giraram em torno de como as organizações filantrópicas e os negócios sociais podem contribuir para a recuperação da confiança e o fortalecimento da sociedade civil na construção de um mundo mais justo e sustentável. E nós no Brasil, será que não precisamos nos debruçar nesta discussão com mais atenção, engajando, além do terceiro setor, o governo e as empresas?

(*) Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS.

Artigo publicado na Folha de S. Paulo em abril de 2017: http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/colunas/2017/04/1879087-sobre-confianca-filantropia-e-organizacoes-sociais.shtml

Plataforma da Filantropia é lançada no Brasil com apoio do IDIS

Fortalecer as parcerias e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão entre as principais propostas da Plataforma de Filantropia lançada no dia 5 de abril no Brasil. É uma iniciativa global que conecta filantropia a conhecimento e redes para aprofundar a cooperação, alavancar recursos e aumentar o impacto, conectando os ODS a um planejamento de desenvolvimento nacional.

O IDIS participou do lançamento, ao lado de outras personalidades do setor filantrópico no Brasil, e participou ativamente da articulação para o lançamento do projeto. “Queremos apoiar as ações de mapeamento e de engajamento de atores sociais para que incluam na plataforma informações sobre suas iniciativas”, informa Raquel Coimbra, diretora de Projetos do IDIS.

A proposta da Plataforma é reduzir a duplicação de esforços em volta dos ODS, alavancar recursos e fomentar a colaboração entre os participantes, que incluem organizações e fundações filantrópicas, as Nações Unidas e outros parceiros de desenvolvimento, governos, sociedade civil e setor privado (incluindo empreendimentos sociais). A intenção é fornecer aos doadores e beneficiários mais voz no plano nacional para a implementação dos ODS.

“O PNUD Brasil reconhece a liderança das fundações e institutos filantrópicos nos vários segmentos da sociedade, com o desenvolvimento de ações que possuem um papel transformador no país. Estamos confiantes de que o trabalho feito aqui, alinhado com a Agenda 2030, vai se tornar referência no investimento privado e social nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, afirma Maristela Baioni, coordenadora de programa do PNUD.

As organizações envolvidas no lançamento da Plataforma no Brasil, entre elas o IDIS, vão realizar um ciclo de cinco reuniões que resultará no mapeamento do ecossistema filantrópico brasileiro e na definição dos temas prioritários, regiões e ODS para os investimentos privados e sociais.

A Plataforma já existe no Quênia, Gana, Zâmbia, Indonésia, Colômbia, Estados Unidos e Índia. É liderada pelo PNUD, Rockfeller Philanthropy Advisors e Foundation Center, e apoiada pela Conrad N. Hilton Foundation, Ford Foundation, MasterCard Foundation, Brach Family Charitable Foundation e UN Foundation.

Depoimento de Marcos Kisil inaugura canal Grandes Lideranças do Terceiro Setor

“A Filantropia é inata ao ser humano: aqueles que têm, olham para os que não têm”. A afirmação abre o primeiro vídeo sobre a trajetória do fundador do IDIS, Marcos Kisil. O depoimento é o primeiro de uma série de vídeos, que inaugura o canal “Grandes Lideranças do Terceiro Setor”, dentro da plataforma da Escola Aberta do Terceiro Setor.

O projeto foi lançado no dia 7 de abril, durante o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE 2017) realizado em Foz do Iguaçu-PR e tem o objetivo de registrar e compartilhar entrevistas com personalidades que fizeram e fazem a história do Terceiro Setor no Brasil.

Marcos Kisil, médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, idealizou e fundou o IDIS em 1999 após atuar durante 14 anos como diretor da Fundação Kellogg para América Latina e Caribe. A ideia de criar o IDIS surgiu quando começou a ser procurado por várias empresas e organizações brasileiras que queriam estruturar sua ação social e não sabiam como. Na época não havia, no Terceiro Setor, nenhuma organização de apoio a famílias, empresas ou comunidades que quisessem fazer investimento social privado.

Neste primeiro vídeo Marcos Kisil aborda as bases da Filantropia e do Investimento Social Privado no Brasil; o conceito de causa; e faz comparações entre a Filantropia realizada no EUA e no Brasil. Confira um trecho do depoimento:
“A filantropia tem uma mãe que é a democracia e um pai que é o capitalismo. O capitalismo permite que você acumule a riqueza através da mais-valia, portanto você tem recursos que podem ser entregues ao outro. Com a democracia você tem a liberdade de tomar a decisão e usar os seus talentos, os seus dons, as suas capacidades de olhar os problemas dos outros e tomar decisões de como quer utilizar o recurso.”

Os próximos vídeos abordarão os temas da filantropia familiar e filantropia comunitária. Eles serão disponibilizados mensalmente no canal do YouTube da Escola Aberta do Terceiro Setor: http://bit.ly/2ozCCgW.

A filantropia é uma ação política

Por Paula Fabiani*

Entre os dias 22 e 24 de abril, mais de 300 especialistas em filantropia se reuniram na cidade do México em um Fórum promovido pelo WINGS, uma associação mundial de organizações de apoio a doadores e investidores sociais.
O principal de tema das conversas foi o preocupante encolhimento do espaço da sociedade civil em diversos países. Na Rússia, o governo está controlando a entrada de doações estrangeiras e de recursos para movimentos de defesa dos direitos humanos e outras causas relevantes para a mobilização social. Na Turquia e em alguns países do norte da África e Oriente Médio emergem posturas semelhantes. Na América do Sul, vivemos, há vários anos, a triste repressão a qualquer tipo de manifestação contrária ao regime na Venezuela. Sem falar sobre os Estados Unidos, onde tudo indica que o ambiente para o ativismo e a defesa de causas se tornará mais hostil.

O evento contou com representantes de organizações de 44 países, e o IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) foi uma das instituições brasileiras presentes. O Fórum discutiu questões como a emergência do populismo em vários países e a delicada gestão da relação entre os três setores para a promoção de transformações sociais: governo, empresas e sociedade civil.

Foram apresentados dados sobre a infraestrutura global de apoio à filantropia, com destaque às ações de advocacy que começam a crescer nos últimos anos. Advocacy é como são chamadas as iniciativas que buscam influenciar o poder público para que crie e aprove leis e políticas com foco em agendas socioambientais. Trata-se de uma importante ferramenta do terceiro setor na batalha contra a diminuição do espaço na sociedade civil.
A má notícia para nós é que os recursos financeiros e as organizações doadoras continuam concentrados nas regiões onde a filantropia já está consolidada, EUA e Europa. E os desafios a serem enfrentados, na América Latina, vão precisar de muito advocacy para mudanças regulatórias relativas aos impostos e à falta de incentivos para filantropia, em especial no Brasil.

A mensagem que emergiu, depois de muitos debates, é que doadores e todos que trabalham com doações devem entender que a filantropia, apesar de na maioria dos casos ser apartidária, é uma ação política, que tem impacto político e responsabilidades políticas. A filantropia precisa trabalhar para garantir seu própria espaço, para melhorar seu próprio ambiente regulatório e para fortalecer a sociedade civil, que, em última instância, é porta-voz dos anseios do povo.

Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS
Artigo publicado na Folha de S. Paulo em março de 2017: http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/colunas/2017/03/1867346-a-filantropia-e-uma-acao-politica.shtml

IDIS participa do encontro de Colaboração Internacional da Global Alliance

CAF UK 2017Sair caminhando pelas ruas de Londres em busca de uma pessoa que nunca tinham visto antes. Essa foi a primeiro tarefa enfrentado por duas colaboradoras da equipe do IDIS, que estiveram na sede da Charities Aid Foundation (CAF), na capital inglesa, para o primeiro encontro de Colaboração Internacional da Global Alliance. Tratava-se de uma espécie de ‘caça de tesouro’ que serviu para que membros dos diferentes escritórios da Global Alliance se encontrassem e se conhecessem para o início de um período de duas semanas de reuniões, atividades e interações, com o objetivo de contribuir para potencializar a ação individual de cada escritório, mas principalmente fomentar o trabalho e a atuação em rede. Além do Brasil e Reino Unido, participaram representantes da África do Sul, Estados Unidos, Índia e Rússia. Juntos, todos esses escritórios formam a Global Alliance. O IDIS, foi representado por Andrea Hanai, gerente de projetos, e Celina Yamanaka, gerente financeira (quarta e quinta na foto, respectivamente).

“O desafio que nos foi colocado logo no início do programa foi definir o que é a Global Alliance, o seu papel e o que todos nós estamos buscamos, qual é o nosso objetivo comum que nos leva a atuar conjuntamente. Uma das atividades realizadas foi um workshop no qual discutimos os grandes desafios mundiais e como os membros da Global Alliance estão preparados para a enfrentá-los”, conta Andrea Hanai.

A CAF é uma organização internacional sem fins lucrativos, com origem no Reino Unido, que trabalha para tornar o investimento social privado mais eficaz. Há alguns anos, criou a Global Alliance, consolidando-se como uma das maiores redes de apoio ao investidor social privado no mundo. A CAF Global Alliance é uma parceria que engloba dois dos principais polos do mundo em filantropia (Reino Unido e Estados Unidos) e quatro dos BRICS, países com economia e filantropia emergentes. Na América Latina é o IDIS que representa a CAF, em uma parceria estabelecida em 2005. Foi a primeira vez que representantes dos níveis gerenciais dos membros da Global Alliance se reuniram para compartilhar experiências, discutir sobre oportunidades e desafios e identificar possibilidades de colaboração mútua.

“Acredito que toda viagem que propicie experiências com outras culturas ou costumes gera crescimento pessoal e profissional. O estágio em Londres abriu oportunidades e portas que antes eu não enxergava. Tivemos a chance de trabalhar com um grupo oriundo de diferentes países, criando um desafio maior de pensarmos uma visão comum. Temos muito o que compartilhar e muito o que aprender, mas sem dúvida ‘somos melhores juntos’ na busca de uma sociedade mais consciente do seu papel na construção do seu próprio bem-estar. ‘Tornar o mundo um lugar melhor’ pode parecer lugar comum, mas é justamente o que todos estávamos buscando, cada um em sua área de atuação, cada um em sua especialidade, cada um em sua realidade”, afirma Celina Yamanaka.

De acordo com o diretor da Global Alliance, Michael Mapstone, o programa de estágio marcou uma nova etapa na colaboração internacional entre todos os membros. “O IDIS, nosso parceiro brasileiro, é líder setorial em investimento social, o lugar certo para qualquer pessoa interessada em garantir que sua filantropia tenha impacto. Sua marca e posicionamento no Brasil são muito influentes e a CAF tem a sorte de tê-lo na Aliança”, relatou.

 

A construção da Campanha por um Cultura de Doação já começou!

Em fevereiro teve início a construção da Campanha por uma Cultura de Doação: foi realizada a primeira reunião com as organizações que formam o grupo de apoio para discutir e planejar a Campanha. O encontro foi sede da Edelman Significa, em São Paulo, agência selecionada para fazer o planejamento da Campanha. Estiveram presentes representantes de diversas organizações, entre elas, Fundação Abrinq, Captamos, Acorde, Greenpeace, Instituto Ayrton Senna, Setor 2 e ½ e Base Colaborativa.

“Sabemos que só conseguiremos conceber um planejamento de qualidade se ouvirmos todas as vozes que serão somadas aos insumos e insights fornecidos pela Pesquisa Doação Brasil, divulgada no ano passado pelo IDIS”, afirmou Andrea Wolffenbüttel, diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS. A Pesquisa Doação Brasil foi o primeiro estudo no país sobre o perfil do doador e do não-doador brasileiro. Além de conhecer o pensamento e comportamento da população com relação às doações, a pesquisa identificou fatores que podem facilitar a disseminação da cultura de doar e revelou também as possíveis barreiras.

Os objetivos da reunião na Edelman Significa foram refletir e discutir o conceito da campanha, esclarecer como será essa etapa inicial de planejamento e pensar coletivamente como poderia ser a execução das ações que serão propostas pela campanha. Assim como ocorreu com a Pesquisa Doação Brasil, a Campanha por uma Cultura de Doação será uma construção coletiva liderada pelo IDIS.

Durante a conversa foram debatidos temas tais como objetivo da campanha, público alvo, principais mensagens, metas e quais pontos atacar. A principal conclusão, que conseguiu obter o apoio unânime dos presentes, é que não se trata apenas de uma campanha para aumentar o volume de doações, senão algo mais ambicioso, que pretende mudar a cultura e a forma como o brasileiro entende e pratica a doação.

Por se propor a provocar uma mudança de comportamento, a Campanha terá de cobrir um extenso caminho, durante o qual, outras metas secundárias serão atingidas, tais como a compreensão das pessoas sobre o papel do terceiro setor e o aumento da confiança da sociedade nas organizações sociais.

Projeto vai implantar tecnologias sociais em comunidades do Amazonas

hb anemia ferroprivaUma parceria entre o IDIS, a Fundação Banco do Brasil e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) contribuirá para melhorar a qualidade de vida de populações ribeirinhas do Amazonas (AM) ao fortalecer as condições básicas para o seu desenvolvimento. O projeto vai implantar tecnologias sociais do Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil em comunidades locais beneficiando diretamente mais de 2 mil pessoas. As tecnologias sociais, soluções simples e efetivas para a transformação social, serão implantadas a partir da interação com membros destas comunidades, empoderando-os enquanto agentes do seu próprio desenvolvimento.

A construção do projeto teve início em fevereiro de 2016 quando o IDIS esteve no município de Borba-AM participando da realização de um diagnóstico situacional. Foram aplicados 160 questionários em 17 comunidades entre ribeirinhas, rurais e urbanas. O objetivo foi entender o contexto em que vivem as populações locais, identificar as iniciativas já desenvolvidas no território e verificar as demandas e carências das comunidades relacionadas a água e saneamento básico, segurança alimentar e desenvolvimento infantil.

Para o diretor executivo de Desenvolvimento Social da Fundação, Rogério Biruel, essa parceria com o IDIS fortalece e impulsiona cada vez mais a Fundação a investir no bem-estar das populações tradicionais. “O diagnóstico preliminar que fizemos e a mobilização dos atores locais, do Banco do Brasil e da universidade nos dá a certeza de uma ação com grande poder de efetividade”, disse.

A partir desse diagnóstico, foram escolhidas quatro iniciativas do Banco de Tecnologias Sociais para o projeto.

1) Hb: Tecnologia Social de Combate à Anemia Ferropriva
Trata-se de um método que ajuda na rápida identificação e tratamento da anemia ferropriva em alunos das escolas da rede pública de municípios brasileiros. Saiba mais assistindo ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=N5hVNhsXhP8.

2) Fossa Ecológica TEvap
É um sistema de tratamento e reaproveitamento dos nutrientes do efluente do vaso sanitário domiciliar para promover o destino adequado dos dejetos humanos no meio rural.

3) SODIS: Desinfecção solar da água
Por meio de mecanismos sinergéticos de radiação UV-A solar e temperatura, esta técnica trata a água para o consumo neutralizando elementos patogênicos causadores de diarreia e doenças relacionadas.

4) Banheiro Ecológico: saneamento descentralizado para comunidades ribeirinhas
No objetivo de reduzir a contaminação de recursos hídricos, oferece solução de saneamento básico descentralizado a populações que vivem de forma dispersa no território.

A próxima etapa será sua implantação no município de Borba, acompanhada da capacitação de professores e alunos da UEA e atores locais, pelos idealizadores das tecnologias. Na etapa seguinte, as tecnologias serão expandidas pela UEA para os municípios de Nova Olinda do Norte e Itacoatiara.

Quarta edição do Dia de Doar mobilizou ONGs, empresas e indivíduos em todo país

DDD_REDESSOCIAIS7-002No dia 29 de novembro o Brasil se mobilizou para fortalecer a atuação de organizações sociais e incentivar a participação da sociedade na construção de um país com mais equidade. Neste dia foi realizada a quarta edição do Dia de Doar, um movimento mundial que incentiva a solidariedade e a promoção da cultura de doação. Organizações sociais que atuam em diversas áreas receberam doações.

“O Dia de Doar é mais uma oportunidade para estimular doações, e quem sabe fazer o Brasil subir mais no ranking mundial de solidariedade, medido pelo World Giving Index”, afirma Paula Fabiani, diretora presidente do IDIS. Segundo o Word Giving Index (Índice Mundial da Solidariedade) deste ano, os brasileiros subiram 37 posições no ranking da doação, saindo da 105º para a 68º.

Apesar da melhora, ainda existe muito espaço para evoluir, como apontou a Pesquisa Doação Brasil – estudo liderado pelo IDIS em parceria com diversas organizações sociais. “A pesquisa apontou que, em 2015, 46% dos brasileiros fizeram doações em dinheiro para ONGs, totalizando R$ 13,7 bilhões. O número parece alto, mas representa somente 0,23% do PIB, enquanto em outros países, as doações passam de 1% do PIB.”, completa Paula.

O Dia de Doar é é divulgado pelo Movimento por uma Cultura de Doação, uma coalizão de organizações e indivíduos que promovem a cultura de doação no país, do qual o IDIS faz parte. O Dia de Doar contou com 1 mil parceiros em 2016, entre ONGs, empresas e indivíduos. A campanha é parte de um movimento que surgiu em 2012 nos EUA, com o nome Giving Tuesday, em contraponto ao consumo excessivo do Black Friday. No Brasil, a primeira edição da campanha foi realizada em 2013, e desde 2014 o país faz parte oficialmente da edição global do Giving Tuesday.

Saiba mais: www.diadedoar.org.br

Conceito trazido para o Brasil pelo IDIS é tema de reportagem da Exame

Exame

 

E se o dinheiro movimentado nos processos de privatizações e concessões fosse utilizado para dar impulso ao investimento social e ambiental no país através da criação de fundos patrimoniais? Em 20 países esse caminho foi testado e funcionou muito bem. Um estudo do professor Lester M. Salamon, da Universidade John Hopkins, mapeou cerca de 500 casos de fundações que emergiram de algum tipo de privatização.

Esse processo e o professor Lester foram tema de uma grande entrevista na última edição da revista EXAME na qual se discute como esse conceito poderia ser aplicado no Brasil:

“Hoje, a ideia de privatização no Brasil se materializa nos programas de concessões. A forma de aplicar a ideia da filantropização às concessões ainda é um desafio. O país tem feito um esforço grande para privatizar alguns serviços, como portos, aeroportos e rodovias. Se parte dos recursos oriundos desses programas de concessões for canalizada para fundações, a percepção de benefício social da privatização se ampliará para a sociedade civil. Trata-se de um montante que poderia ser direcionado, por exemplo, à ampliação do acesso à internet no país, ainda muito aquém de seu porte. Há um leque de possibilidades para esses recursos em vez de simplesmente mergulhá-los no orçamento do governo.”

O IDIS foi o precursor, no Brasil, na defesa desse processo de filantropização. Lester Salomon esteve no país em 2014 para participar do III Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais para debater o tema junto à comunidade filantrópica brasileira.

O estudo do professor é apresentado no livro “Filantropização via Privatização: Garantindo Receitas Permanentes para o Bem Comum” (em inglês, Philanthropication thru Privatization: Building Permanent Endowments for the Common Good), que foi traduzido pelo IDIS e teve um pré-lançamento durante o I Fórum Internacional de Endowments Culturais, realizado em novembro no Rio de Janeiro.

“O professor Salamon avança na ideia de que os ativos envolvidos em operações de privatização não são, em última análise, ‘do governo’, mas ‘do povo’, construídos por meio do suor, trabalho árduo e recursos dos cidadãos de um país ou pertencentes ao povo como um direito inato em virtude de sua presença no território que coletivamente ocupam”, afirma o fundador e consultor estratégico do IDIS, Marcos Kisil, no prefácio da edição brasileira.

Assista à palestra do professor Lester Salamon na III Fórum de Filantropos e Investidores Sociais realizado em 2014: https://www.youtube.com/watch?v=_xs4QCXttCg.

Brasil sobe 37 posições no ranking mundial de solidariedade e tem melhor resultado desde 2009

O Brasil está mais generoso de acordo com o World Giving Index (WGI) da Charities Aid Foundation (CAF), o único índice global que mede a generosidade, divulgado no dia 25 de outubro. O WGI é elaborado pela CAF, uma instituição filantrópica internacional, com sede no Reino Unido e com escritórios parceiros no Brasil, EUA, Canadá, Rússia, África do Sul e Índia. O representante brasileiro da CAF é o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o IDIS. O WGI registra o número de pessoas que ajudaram um estranho, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma organização da sociedade civil no mês anterior ao levantamento. Este ano, foram entrevistadas 148 mil pessoas de 140 países como parte do Gallup World Poll.

O país teve grande aumento no número de pessoas doando para organizações da sociedade civil, fazendo trabalho voluntário e ajudando um estranho – os três aspectos medidos que compõem o WGI. No geral, 54% dos brasileiros disseram que ajudaram um estranho no mês anterior à pesquisa – um aumento expressivo em relação aos 41% do levantamento passado. A parcela de pessoas que doam dinheiro aumentou de 20% para 30% em relação ao ano anterior, enquanto a proporção dos que fizeram trabalho voluntário aumentou de 13% para 18% na mesma comparação.

“Esses resultados confirmam o que a Pesquisa Doação Brasil, a primeira pesquisa de alcance nacional sobre o comportamento dos doadores, apontou: que o brasileiro é um povo solidário e que sabe responder em um momento de crise”, avalia Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. Ela lembra que ambas as pesquisas foram realizadas no ano passado, antes do sucesso dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. “Esperamos novos aumentos após esses eventos, que reuniram tantos voluntários para ajudar a mostrar o nosso país para o mundo”, diz.

No geral, o Brasil é o 68º no WGI, e, apesar do crescimento significativo, ainda está atrás do Chile, Uruguai e Peru. O Instituto Gallup, responsável pela realização da pesquisa, entrevistou presencialmente 1.004 brasileiros, entre 20 de outubro e 16 de novembro de 2015.

Brasil

Mundo

Mais pessoas do que nunca estão ajudando um estranho em países em todo o mundo, de acordo com o World Giving Index da CAF. Pela primeira vez desde que o índice começou a ser apurado, em 2009, mais da metade das pessoas nos 140 países disseram que ajudaram um estranho e um número recorde de pessoas fez trabalho voluntário. O número de pessoas no mundo que doou dinheiro também foi ligeiramente maior. No geral, Mianmar foi o país mais generoso do mundo pelo terceiro ano consecutivo. Os Estados Unidos foram o segundo, sendo o país mais generoso do mundo ocidental, seguido pela Austrália.

Mundo

O índice é publicado um mês antes do Dia de Doar (#GivingTuesday), que será dia 29 de novembro, quando as pessoas são convidadas a doar o seu tempo, dinheiro ou voz para uma boa causa.

Alguns destaques

A África é o continente que registou o maior aumento de generosidade no ano passado. Mais uma vez, nota-se que desastres e adversidades inspiram atos de generosidade. O índice, agora em seu sétimo ano, mostra altos níveis de generosidade em países que enfrentam guerra civil, conflitos e instabilidade, evidenciando como o impulso humano para ajudar os outros se mostra mais forte em condições mais problemáticas.

O WGI deste ano apurou grande volume de doações no Iraque e na Líbia, apesar dos conflitos sangrentos, e o Nepal, que atinge sua classificação mais alta logo após os terremotos devastadores de 2015. Dos sete países mais industrializados e ricos do mundo, o G7, apenas três aparecem entre os Top 10 do ranking: Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Em muitos países, os homens são significativamente mais propensos que as mulheres a se envolver em trabalho voluntário ou em ajudar um estranho. No entanto, em nível global, há pouca diferença entre homens e mulheres quando se trata de doação de dinheiro.

Metodologia

O World Giving Index baseia-se em dados coletados pelo Instituto Gallup em seu projeto World View World Poll, uma pesquisa realizada em mais de 140 países em 2015 que, juntos, representam cerca de 96% da população mundial (cerca de 5,1 bilhões de pessoas). A pesquisa faz perguntas sobre diversos aspectos da vida contemporânea, incluindo o comportamento de doação. Os países pesquisados e as perguntas feitas em cada região variam de ano para ano e são determinados pelo Gallup. Mais detalhes sobre a metodologia do Gallup podem ser vistos online.

CEO da CAF America falou sobre captação no exterior em evento realizado em SP

14657346_1152782814806973_6855218457344908864_nOs desafios enfrentados pelas organizações sociais no Brasil são os mesmos pelos quais organizações do mundo todo passam: como garantir a sustentabilidade financeira e como captar recursos com regularidade. Esse cenário foi apresentado pelo CEO da Charities Aid Foundation (CAF) America, Ted Hart, durante uma palestra que abordou a captação de recursos no exterior realizada no dia 7 de outubro. O evento foi uma parceria entre o IDIS e o Centro Ruth Cardoso e contou com a presença de cerca de 60 representantes de organizações sociais que atuam em diversas áreas.

A CAF America é uma organização da sociedade civil dedicada ao investimento social privado, com sede no Reino Unido e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir da sua doação. Além da sede no Reino Unido, a CAF também atua na África do Sul, na Austrália, no Brasil, na Bulgária, nos Estados Unidos, na Índia, na Rússia e em Cingapura. No Brasil é o IDIS que atua em nome da CAF, em uma parceria estabelecida em 2005.

“Para convencer uma pessoa ou empresa a doar recursos é preciso fazê-la acreditar em sua causa. E isso vocês já fazem”, disse durante a sua apresentação. De acordo com Hart, o que difere são apenas as legislações vigentes em cada país e esse trabalho de adaptação a regras específicas pode ser conduzido por organizações como a CAF. “Nos EUA, por exemplo, não pode ser realizada doação direta, então fazemos a intermediação. Já no Canadá, é permitido fazer doação apenas para o desenvolvimento de projetos”, explicou.

Na sua opinião, projetos que já existem e têm históricos mensuráveis atraem mais doadores estrangeiros. “Não é necessariamente impossível captar recursos para um projeto inicial ou uma organização social que está começando. Mas, nesses casos, orientamos que faça parceria com outros institutos que já têm uma atuação reconhecida, para que gere mais interesse do doador”, exemplificou.

Em sua palestra Hart abordou também os tipos de doação praticados na CAF. Um deles é a CAF America Friends Fund (Fundo de Amigos), uma alternativa para organizações que buscam ampliar o apoio de doadores dos EUA. Nessa modalidade, as entidades economizam dinheiro, pois não precisam se configurar como uma entidade filantrópica. Mais informações sobre o fundo podem ser encontradas no site da CAF America: www.cafamerica.org.

IDIS realiza a 5º edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais

idis-evento-66Ao som do quinteto de sopros do Instituto Baccarelli teve início o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais em São Paulo no último dia 6 de outubro. O evento reuniu cerca de 200 participantes entre eles a CEO do Global Philanthropy Forum, Jane Wales; o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra; o CEO da Charities Aid Foundation America, Ted Hart; o CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne; a gerente executiva do Instituto Ayrton Senna, Inês Miskalo; o criador do #givingtuesday, Henry Timms; entre outros.

O tema escolhido nesta edição foi “A Iniciativa Individual e a Nova Economia” e as plenárias foram norteadas pelo desafio de repensar o atual modelo econômico em busca de alternativas mais inclusivas e ambientalmente sustentáveis. Foram discutidas questões como shared value, o papel da filantropia na agenda social do governo, novos negócios com impacto socioambiental positivo, cases inovadores de empreendedorismo social e o espírito olímpico e a responsabilidade individual.

Para a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, a escolha do tema foi estratégica. “Cada um de nós precisa se colocar à disposição do benefício de todos para encontrarmos saídas para questões como o esgotamento do modelo de consumo e a desigualdade social para que as crianças, que são nosso futuro, tenham seu desenvolvimento pleno assegurado”, explica.

A palestra de abertura, “As Fronteiras do Capitalismo” foi com o economista e escritor Eduardo Giannetti da Fonseca. “Estamos aqui para diminuir a distância entre o mundo ideal e o mundo real. Fazer filantropia é ter uma disposição para ajudar a transformar uma realidade”, disse na abertura dos trabalhos.

Na plenária “A filantropia como valor familiar”, foi anunciada a criação do The Giving Pledge Brasil pelo IDIS com o apoio do fundador da Cyrela, Elie Horn. O programa já existe nos Estados Unidos e foi criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett para reunir bilionários dispostos a doar parte de suas fortunas ao longo da vida para investir em causas sociais. “Para nós, foi muito importante tornar pública o nosso compromisso com o Giving Pledge. Não quero morrer pobre de ações, temos que sempre fazer o bem. A gente só escolhe na vida entre fazer o bem e o mal”, disse o empresário durante a sessão. Ele e a esposa, Suzy Horn, falaram da experiência e a importância dos valores filantrópicos defendidos pela família. O fundador da Cyrela também anunciou a doação de R$ 2 milhões por ano durante 10 anos para a criação de uma campanha e realização de ações de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes.

Durante o Fórum, foi lançado o livro “Pesquisa Doação Brasil”, que traz dados inéditos e detalhados da pesquisa realizada pelo IDIS/Gallup e parceiros e inclui três análises distintas sobre os resultados que mostram o perfil do doador brasileiro. Outra publicação lançada foi o guia “Investimento de Impacto: uma introdução”. Com o apoio do Instituto Sabin, o IDIS fez a tradução e a publicação deste segundo volume da coleção “Seu Roteiro para Filantropia”, produzida originalmente pela Rockefeller Philantropy Advisors. As publicações estão disponíveis para download no site do IDIS.

O encerramento do Fórum contou com a participação da fundadora do Instituto Esporte & Educação, Ana Moser, e do presidente do Conselho da Fundação Gol de Letra, Raí Souza Vieira de Oliveira em uma plenária que convidou os participantes a refletirem sobre o espírito olímpico e a responsabilidade individual. O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e do Global Philanthropy Forum (GPF).

Confira o álbum de fotos do evento.

Programa desenvolvido pelo IDIS para primeira infância é destaque na imprensa internacional

IMG_0166O IDIS foi destaque na edição de setembro da Alliance Magazine, a principal revista sobre filantropia e investimento social em todo o mundo. A matéria “Influenciando as políticas públicas – desenvolvimento da primeira infância no Brasil” destaca o projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR), realizado na Amazônia de 2011 a 2016 pelo IDIS e seus parceiros: Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas e Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com o apoio financeiro da Fundação Bernard van Leer. A publicação mostra que a maioria dos indicadores sociais no estado do Amazonas é pior do que a média nacional, principalmente por se tratar de uma região isolada, à beira dos rios da floresta tropical e carente de muitos serviços básicos.

A matéria da Alliance detalha o projeto piloto que foi criado para capacitar os agentes comunitários para que, durante as visitas domiciliares, orientassem as famílias sobre cuidados básicos de saúde para gestantes e crianças pequenas. Após essa fase, o projeto passou por uma avaliação na qual ficaram claros os resultados obtidos. Diante disso, foi proposto ao governo criar uma política pública para expandir esse atendimento a todos os municípios do Amazonas. O IDIS e seus parceiros redigiram uma proposta de lei que foi aprovada neste ano pela Assembleia Legislativa.

A reportagem reforça ser particularmente importante debater o papel dos recursos privados na esfera pública e destaca ser fundamental um processo de monitoramento e avaliação das políticas desenvolvidas a partir de um projeto piloto, que neste caso específico contou com a participação de órgãos públicos, da sociedade civil e acadêmicos.
A matéria completa pode ser lida em: http://www.alliancemagazine.org/feature/what-influence-does-philanthropy-exert

IDIS e Insper promovem curso sobre avaliação de impacto social

mensuracao-postO IDIS e o Insper Metricis lançam o curso “Mensuração de Impacto Social” com a proposta de permitir que o aluno compreenda os processos que compõem a avaliação de impacto social e entre em contato com métodos inovadores. Um dos desafios comuns em organizações sem fins lucrativos e negócios sociais é a mensuração de resultados, ou seja, como transformar em números ações que visam mudanças sociais.

O curso é direcionado aos profissionais que atuam em instituições do terceiro setor, investidores sociais, empreendedores sociais e fundos de investimento de impacto. A carga horária é de 16 horas e as aulas serão nos dias 20 e 21 de outubro, das 9 às 18 horas, no Insper em São Paulo. Será dada ênfase na metodologia de avaliação com base em Adicionalidade e a SROI (Social Return on Investment), abordando os princípios a serem seguidos para a realização de avaliação de projetos ou negócios sociais, implementados por fundações, institutos, organizações da sociedade civil, empresas, negócios sociais ou fundos de investimento de impacto.

Entres os professores do curso estão Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS; Ricardo Paes de Barros, diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper; Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper; e Sérgio Lazzarini, coordenador do Insper Metricis.

Serviço: Mensuração de Impacto Social
Duração do curso: dias 20 e 21/10
Horário: das 9 às 18 horas
Local: Insper (Rua Quatá, 300, Vila Olímpia, São Paulo/SP)
Outras informações: Núcleo de Orientação ao Candidato, telefone (11)4504-2400 ou pelo e-mail candidato@insper.edu.br
Inscrições pelo site: http://www.insper.edu.br/educacao-executiva/cursos-de-curta-duracao/mensuracao-de-impacto-social-integral/#aba1

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais vai discutir “A Iniciativa Individual e a Nova Economia”

LO_SaveDate_4O economista e escritor Eduardo Giannetti, o mega-empresário Elie Horn, fundador e sócio da Cyrela, e os campões Raí e Ana Moser, têm um encontro marcado no próximo dia 6 de outubro, no próximo Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Todos eles vão discutir como a filantropia e a chamada Nova Economia podem trabalhar juntas na construção de um modelo econômico mais inclusivo e sustentável, no qual os benefícios da riqueza sejam distribuídos de forma mais equilibrada.

“A Iniciativa Individual e a Nova Economia” é o tema do evento deste ano, que reúne a comunidade filantrópica para troca de experiências e fortalecimento da filantropia estratégica na promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira.

Além dos palestrantes já mencionados, o Fórum ainda vai contar com Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social, Jane Wales, CEO do Global Philanthropy Forum, Ted Hart, CEO da Charities Aid Foundation/EUA e Henry Timms, fundador do Giving Tuesday.

A programação completa do Fórum pode ser consultada em www.idis.org.br/forum. A participação no evento é exclusiva para convidados, mas, posteriormente, todos os vídeos das palestras são disponibilizados na internet.

Campanha mobiliza candidatos à prefeitura e eleitores em defesa dos direitos das crianças

Crianca e prioridade Original (002)Vagas em creche para todas as crianças, atendimento de qualidade e gratuito na rede pública de saúde, espaços públicos para brincar e expressar sua criatividade, profissionais com especialização e treinamento constantes para cuidarem das crianças. Esses são alguns dos direitos das crianças na primeira infância que estão sendo promovidos pela campanha suprapartidária “Criança é Prioridade – Compromisso dos candidatos à prefeitura com os direitos da primeira infância”, lançada pela Rede Nacional pela Primeira Infância (RNPI) e que vai mobilizar a população durante a corrida eleitoral para que os candidatos assumam um compromisso público pelos direitos das crianças.

Organizações e cidadãos podem participar dessa mobilização nacional se inscrever através do site da RNPI – www.primeirainfancia.org.br – e receber o material, que inclui a carta e o termo de compromisso para entregar aos candidatos, um guia informativo da campanha, e imagens para promover os direitos das crianças que podem ser compartilhadas através das redes sociais. No site, há também um mapa do Brasil que vai informar os candidatos que assinarem o compromisso.

O objetivo da ação é sensibilizar os candidatos à prefeitura e informar os eleitores sobre a prioridade absoluta dos direitos das crianças brasileiras – prevista na Constituição Federal – e para os ganhos sociais com a melhoria da vida das crianças na primeira infância. Em uma carta, que será entregue pelas organizações integrantes da Rede Nacional Primeira Infância e demais inscritos na campanha, os candidatos são convidados a assinar um termo de compromisso expressando seu compromisso em priorizar o atendimento aos direitos crianças em seu plano de governo, e elaborar um Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI). A Lei Federal nº13.257/2016 – conhecida como Marco Legal da Primeira Infância – prevê a implantação, em cada cidade, de um PMPI. Com esse instrumento de planejamento e gestão, o prefeito pode utilizar melhor seus recursos, articulando a sociedade e as diferentes secretarias municipais responsáveis por atender as crianças – como educação, saúde, assistência social, planejamento urbano, entre outras.

A identidade visual da campanha foi criada por Claudius Ceccon, coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nacional Primeira Infância / CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular, que faz a realização da campanha com o apoio da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Instituto Alana, Fundação Bernard van Leer e Instituto C&A.

A Rede Nacional Primeira Infância é um foro de articulação que reúne mais de 200 organizações da sociedade civil e governamentais que atuam na promoção, defesa e garantia dos direitos das crianças na primeira infância, e que estão presentes em todos os estados brasileiros. Saiba mais sobre a RNPI em: www.primeirainfancia.org.br.

 

 

IDIS lança segunda parte da Pesquisa Doação Brasil

2016-08-18 10.15.01No dia 18 de agosto, o IDIS divulgou novos dados da Pesquisa Doação Brasil em uma Roda de Conversa realizada no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo. O foco foi o relacionamento dos brasileiros com as organizações não governamentais (ONGs). Entre os dados revelados estão que 71% da população entende que as ONGs dependem de doações para obter recursos e funcionar e 44% concorda que essas instituições fazem um trabalho competente. Porém, apenas 26% dos entrevistados acham que a maioria das ONGs é confiável.

A pesquisa mostrou ainda que 64% dos doadores contribui apenas para uma instituição, sendo que 39% dos doadores já visitou pessoalmente a organização para a qual doa. A fidelidade se destaca neste item, já que 70% dos doadores disse que costuma doar sempre para a mesma ONG, ano após ano. Em 2015, as doações individuais dos brasileiros totalizaram R$ 13,7 bilhões – valor que corresponde a 0,23% do PIB do Brasil.

Quase dois terços dos entrevistados (61%) afirmam que as ONGs insistem demais ao pedir doações e 64% acreditam que ao se fazer uma doação, corre-se o risco de ser procurado por outras organizações. O levantamento serve de orientação para o trabalho dessas instituições, já que as pessoas deixaram bem claro rejeitar abordagens em domicílio e locais públicos.

“A pesquisa mostra que os brasileiros entendem a importância e valorizam o trabalho das ONGs, mas elas, como muitas outras instituições, acabaram se contaminando pela onda de escândalos e desconfiança que atinge o Brasil”, avalia Paula Fabiani, presidente do IDIS.

Estiveram presentes na Roda de Conversa cerca de 70 pessoas, representantes de organizações sociais que atuam nas mais diversas áreas. A pesquisa mapeou os hábitos de doação dos indivíduos e foi realizada sob encomenda pelo Instituto Gallup, que conversou com mais de dois mil entrevistados em todo país, com 18 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e com renda familiar mensal a partir de um salário mínimo.

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS, em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil. Uma sequência de encontros de trabalho foi realizada envolvendo representantes de organizações da sociedade civil, universidades, mídia, fundações e redes e associações de classe ligadas aos temas de cultura de doação e captação de recursos.

A íntegra da Pesquisa Doação Brasil está disponível no site do IDIS, no endereço www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil.

‘A Iniciativa Individual e a Nova Economia’ será o tema do V Fórum de Filantropos

Negóci14os sociais, bens compartilhados, empresas B, investimentos de impacto… Essas e outras novas expressões e conceitos chegaram ao mercado propondo uma atividade econômica mais inclusiva e sustentável. Como acontece sempre com as novidades, não se sabe se todo o conjunto veio para ficar, mas é indiscutível que as iniciativas buscam humanizar o modelo econômico atual e encontrar um caminho para que os benefícios da riqueza e do patrimônio sejam distribuídos de forma mais equilibrada. É com essas constatações e essas perguntas que o IDIS está organizando o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que vai acontecer no dia 6 de outubro, em São Paulo.

O evento será o palco para discutir de que forma a nova economia encontra a filantropia e como as duas podem se unir para aumentar o impacto das ações de ambas. “Ao mesmo tempo, é importante nos perguntar qual o papel da filantropia, do filantropo e da iniciativa individual dentro desse contexto”, explica diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbuttel. Até o momento, já estão confirmados os seguintes palestrantes: Américo Mattar (Fundação Telefônica), Eduardo Gianetti (Insper), Elie Horn (Cyrela), Linda Murasawa (Santander), Mozart Neves Ramos (Instituto Ayrton Senna) e Ted Hart (Charities Aid Foundation America).

Em sua quinta edição, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais tem como objetivo oferecer um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica reunir-se, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. Nas edições anteriores, o evento reuniu cerca de 650 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Para mapear e discutir o papel da filantropia para o desenvolvimento do Brasil, o Fórum já contou com a presença de nomes como Jorge Gerdau Johannpeter, Lester M. Salamon, Swanee Hunt, Ana Paula Padrão, José Guimarães Monforte, Jane Wales, Gilberto Carvalho, Rob Garris, Viviane Senna, Peter Eigen, Guilherme Leal, Ana Lúcia Vilela, Carlos Alberto Sardenberg, entre outros. O Fórum é uma iniciativa conjunta do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e do Global Philanthropy Forum (GPF).

Muito além de gráficos e tabelas: como a psicanálise enxerga a Pesquisa Doação Brasil

psicoQuantos doam? Quanto doam? Para quem doam? Essas foram as perguntas norteadoras e motivadoras da Pesquisa Doação Brasil, que geraram, como resposta, diversos números e percentuais sobre o comportamento do doador e não doador brasileiro. Mas nem tudo o que a Pesquisa identificou pode ser expresso por gráficos e tabelas. Com a intenção de aprofundar a análise, o IDIS convidou um grupo de psicanalistas da Sociedade Brasileira de Psicanálise/Seção São Paulo para se debruçar sobre os resultados da Pesquisa.

Em julho, um grupo de seis psicanalistas reuniu-se com a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbuttel. Durante um sábado inteiro os especialistas relacionaram o tema da doação com conceitos como desenvolvimento emocional, prazer, auto percepção, compensação, identificação, culpa, onipotência, narcisismo e desamparo, entre outros. “São insumos preciosos já que temos a intenção de fazer uma campanha por uma cultura de doação e precisamos compreender os mecanismos psicológicos que levam as pessoas a doar”, afirma Andrea.

Um dos resultados interessantes da Pesquisa foi que mesmo os brasileiros de baixa renda têm o hábito de doar. A dra. Regina Elisabeth Lordello Coimbra, que coordenou o grupo, afirmou não se surpreender com a informação. “A decisão de doar quase sempre depende mais da pessoa sentir que tem algo de bom dentro de si, que pode compartilhar, do que do fato objetivo de ter muito dinheiro ou não”, explica.

As reflexões e discussões foram registradas e serão transformadas em um texto a ser publicado junto com a íntegra dos resultados da Pesquisa. O lançamento deste material está previsto para outubro de 2016. “Para construir a Pesquisa, o IDIS precisou da ajuda de organizações, especialistas, pesquisadores, jornalistas, filantropos e doadores. É natural que, para entender os resultados, também sejam necessários os saberes de muitas áreas de conhecimento”, conclui a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS.

Pesquisa é tema de reportagem do Jornal Nacional

Slide1

 

Aproveitando a onda de frio no país, o Jornal Nacional, da Rede Globo, fez uma reportagem sobre a mobilização da sociedade para ajudar os mais pobres e apresentou os resultados da Pesquisa Doação Brasil. A reportagem foi ao ar no dia 18 de junho. O telejornal da Rede Globo é um espaço importante para falar de um tema que precisa do apoio ainda maior dos brasileiros. Confira!

http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/pre-inverno-congelante-multiplica-doacoes-de-roupas-de-frio/5104597/

 

Surpresas e mistérios da Pesquisa Doação Brasil

logo-pesquisadoacaobrasil

 

Indiscutivelmente, a maior surpresa proporcionada pela Pesquisa Doação Brasil foi a constatação de que temos uma cultura de doação. O fato de que 77% da população praticou algum tipo de doação ao longo de 2015 mostra que o hábito de doar faz parte da vida do brasileiro. Sabemos que em termos de número de praticantes e valores arrecadados estamos bem aquém dos países com cultura de doação mais arraigada – o que indica que ainda temos um caminho a percorrer -, mas a notícia, por si só, merece comemoração.

A pergunta que se segue é por que não temos essa percepção no cotidiano. A própria pesquisa traz alguns indícios e o principal deles é que mais de 80% da população acha que o doador não deve falar que faz doações. Ou seja, doar é um ato íntimo que não deve ser comentado ou divulgado. Essa postura, provavelmente imbuída de valores nobres como humildade e discrição, contribui para dificultar a identificação do doador. Mas seguramente esta não é a única explicação e precisaremos analisar a questão com mais profundidade e sob as lentes de diversas áreas de conhecimento.

Outro dado curioso diz respeito às causas que mais sensibilizam os brasileiros. Enquanto os grandes investidores sociais privados concentram pesadamente suas doações na área da Educação, os brasileiros apontam a Saúde como a área social mais preocupante e sensibilizadora. Essa percepção foi corroborada por doadores e não doadores, em mais de uma pergunta. A desigualdade de percepção sobre qual o maior problema social presente talvez seja fruto da diferença de opinião daqueles que lidam diariamente com os serviços públicos e daqueles que não têm contato com essa realidade e tomam suas decisões com base em pensamento estratégico e cálculo do maior retorno social do investimento.

Além dessa diferença de perspectiva, também existe o fato de que alguns levantamentos recentes mostraram que muitos pais estão satisfeitos com a qualidade da Educação que os filhos recebem na rede pública. Apesar dessa postura ser quase chocante para aqueles que comparam nossa Educação com a de outros países mais desenvolvidos, esses pais apenas estão reagindo a uma pequena melhora do serviço se comparado com o que eles mesmos receberam quando estudaram na rede pública.

A influência da religião sobre o ato de doar não chega a ser surpresa, uma vez que quase todas as religiões pregam alguma forma de caridade, mas o fato de que quase um terço das doações para organizações sociais vão para entidades/ações que têm algum tipo de vínculo com igrejas (não incluindo aqui o pagamento de dízimos) mostra como as igrejas ainda são muito fortes no Brasil, quando se trata de ações sociais.

Essa é uma tradição herdada de decisões tomadas no século XIX, na época da vinda da Família Real. Foi nesse período que o Imperador João VI determinou que os serviços de Saúde e Educação seriam prestados pela Igreja Católica e, para apoiá-la, criou a Santa Casa, entidade hospitalar que existe até hoje, agora reestruturada em termos de governança, mas que mantém seu nome e é o único hospital em muitas cidades deste imenso país.

Enfim, a análise dos resultados da Pesquisa Doação Brasil está apenas começando e será feita por grupos multidisciplinares que aportarão, cada um, seu diferente instrumental. O relatório final da Pesquisa será lançando no V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que vai acontecer no dia 6 de outubro.

IDIS divulga resultados da Pesquisa Doação Brasil

idis-doacoes-76Ao longo do ano passado, 77% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação, sendo que 62% doaram bens, 52% doaram dinheiro e 34% doaram seu tempo para algum trabalho voluntário. Se considerarmos apenas os que doaram dinheiro para organizações sociais, são 46%. No ano de 2015, as doações individuais dos brasileiros totalizaram R$ 13,7 bilhões, valor que corresponde a 0,23% do PIB do Brasil.

Esses resultados integram o mais completo estudo já feito no país sobre o perfil do doador brasileiro. A ideia é que a Pesquisa Doação Brasil se repita com uma frequência entre três e cinco anos para que seja possível acompanhar a evolução da cultura de doação no país. O levantamento, encomendado ao Instituto Gallup, entrevistou 2.230 pessoas em todo país, com 18 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e com renda familiar mensal a partir de um salário mínimo.

“A Pesquisa Doação Brasil revela um retrato jamais visto, que servirá de base para uma grande campanha pela cultura de doação no país”, relata Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS – Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social, que liderou a realização da pesquisa.

Levando em conta as regiões do Brasil, em números absolutos, o Sudeste aparece em primeiro lugar, concentrando 43,5% dos doadores. O Nordeste vem na sequência com 31%. Depois aparecem o Sul, com 13%, Norte com 6,5% e Centro Oeste com 6%. Mais de um terço dos doadores, 36%, fizeram uma doação por mês ao longo do ano passado. Essas doações ficam na faixa de R$20 a R$40 mensais, ou seja, de R$240 a R$480 por ano.

As mulheres doam para organizações com mais frequência que os homens, 49% contra 42%. De acordo com o estudo, o perfil do típico doador brasileiro é mulher com instrução superior, praticante de alguma religião, moradora das regiões Nordeste ou Sudeste, com renda individual e familiar acima de 4 salários mínimos. Três grandes temas sensibilizam o doador em dinheiro: em primeiro lugar é a saúde, com 40% das respostas, crianças ocupam a segunda colocação, com 36%, seguidas por combate à fome e à pobreza, com 29%.

Oitenta por cento dos entrevistados disseram não se deixar levar pela emoção na hora de doar, sendo que apenas 20% admitiram praticar este ato por impulso. “Esse resultado é muito positivo para nós, afinal prova que o brasileiro tem grande consciência na hora de doar”, destaca Paula Fabiani. A principal razão para uma pessoa doar dinheiro é a solidariedade com os mais necessitados, indicando que existe uma forte ligação entre o ato de doar e a gratificação emocional.

A religião também exerce grande influência no hábito de doar dos brasileiros. Entre os que se declaram católicos na pesquisa, 51% praticam a doação em dinheiro. Entre os espiritas, esse porcentual chega a 58%. Entre os evangélicos entrevistados, 45% disseram fazer doação em dinheiro. Não são considerados aqui os pagamentos de dízimos ou mensalidades para associações.

A Pesquisa Doação Brasil mostra não existir uma relação direta entre o tamanho da cidade e a prática de doação em dinheiro, ou seja, mesmo fora das grandes cidades, o brasileiro também doa. Porém, existe uma forte relação entre idade e a prática da doação em dinheiro. Quanto maior a faixa etária, maior a incidência deste tipo de doação. O mesmo acontece em relação ao grau de instrução. Pessoas com nível superior, praticam mais doação em dinheiro.

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS, em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil. Uma sequência de encontros de trabalho foi realizada envolvendo representantes de organizações da sociedade civil, universidades, mídia, fundações e redes e associações de classe ligadas aos temas de cultura de doação e captação de recursos.

O resultado final da pesquisa será difundido abertamente para todos os interessados, com intuito de fortalecer a cultura de doação no país e contribuir na capacitação da sociedade na captação de recursos.
* A íntegra da pesquisa Doação Brasil está disponível no site do IDIS, no endereço www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil

Café com Direitos Humanos

IMG_20160608_091921443_HDRO IDIS e a Human Rights Watch Brasil (HRW) realizaram, no início de junho, em São Paulo um café da manhã para discutir direitos humanos e filantropia. O evento contou com a presença do CEO Global da HRW, Kenneth Roth, que visitou o Brasil pela primeira vez desde a abertura do escritório em São Paulo há três anos.

O encontro teve como objetivo sensibilizar os investidores sociais para causas relacionadas aos direitos humanos. “Procuro desmistificar a noção de que quando falamos de direitos humanos estamos nos referindo aos direitos dos criminosos. Defesa dos direitos humanos significa garantir acesso à justiça e a um julgamento justo, mas também garantir acesso à educação, à saúde, aos serviços básicos para todos os que necessitam. Todos os que lutam por essas causas, estão defendendo os direitos humanos.”, destacou Roth, que é considerado uma das principais vozes mundiais em prol de que a Europa adote uma política mais humana diante da crise migratória atual.

A diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, fez a abertura do evento, que contou com a presença de cerca de 15 investidores sociais. “Queremos sensibilizar o olhar dos filantropos para o tema dos direitos humanos e este encontro é uma oportunidade de conversar com uma das pessoas que mais entendem da questão no mundo, em um momento em que o Brasil se encontra em uma situação vulnerável, com casos graves de violações presentes no noticiário cotidiano.” afirmou Paula Fabiani.

A diretora da HRW Brasil, Maria Laura Canineu, também esteve no café da manhã e falou sobre as perspectivas para o trabalho da organização no Brasil diante de um cenário complexo e desafiador no que se refere aos valores e princípios que a organização defende, sobre sua metodologia de atuação e mudança, antecipando que a proteção aos direitos das mulheres e promoção dos direitos relacionados ao envelhecimento são áreas a serem estudadas pela HRW.

Relatório da CAF analisa incentivo fiscal à doação

CAFEm maio, a Charities Aid Foundation (CAF) divulgou um amplo relatório sobre as práticas de incentivo fiscal à doação em 26 países, incluindo o Brasil. De acordo com o estudo “Donation States” o sistema brasileiro de incentivo fiscal à doação ainda é complexo e ineficiente, privilegia causas específicas, só admite doações para projetos pré-selecionados pelo governo e impõe um árduo trabalho burocrático para aqueles que pretendem receber e doar por meio de renúncia fiscal.

Adam Pickering, o autor da pesquisa, criou quatro categorias para classificar os modelos de incentivo fiscal à doação: países igualitários, pragmáticos, transacionais e restritivos. O Brasil se localiza entre um regime restritivo e um transicional, ao lado de China, Egito, Turquia e Rússia. Na lista dos países mais igualitários aparecem Canadá, Japão, Irlanda e França. Entre os restritivos estão Arábia Saudita, Nigéria, Vietnã e Bangladesh.

Para a diretora-presidente do IDIS, representante da CAF no Brasil, Paula Fabiani, manter um modelo complexo e ineficiente de incentivo à doação representa perder uma grande oportunidade. “Fechamos a porta para indivíduos e companhias bem-intencionados, que desejam fortalecer a sociedade civil com projetos que não se enquadram nas leis atuais, como, por exemplo os de defesa do meio ambiente. Nosso modelo privilegia aqueles que aprenderam a se beneficiar da burocracia e da máquina estatal, e não atende às necessidades dos grupos mais vulneráveis e desfavorecidos”.

O relatório chama atenção ainda ao fato de que alguns países, particularmente os de economia emergente, oferecem incentivos mais generosos às empresas do que para pessoas. Essa prática, destaca o estudo, pode afastar, no longo prazo, o envolvimento da população em geral com as doações.

O estudo da CAF não classificou as 26 nações analisadas em um ranking, já que a ideia não era mostrar quais fornecem os melhores incentivos para doadores. O ponto central do levantamento é apontar como esses incentivos fiscais são oferecidos em todo o mundo e como podem desempenhar um papel significativo na hora que uma pessoa decide doar dinheiro para causas beneficentes. O relatório completo (em inglês) pode ser lido em: https://www.cafonline.org/docs/default-source/about-us-publications/fwg4-donation-states

Populações em movimento: tema do Global Philanthropy Forum e desafio para toda a humanidade

Por Paula Fabiani

O mundo nunca teve tantos movimentos migratórios como nos dias de hoje. Sessenta milhões de pessoas estão longe de suas casas, vinte milhões estão fora de seus países e, só no ano passado, 1,5 milhão de imigrantes desembarcaram nas areias ou cruzaram as fronteiras da Europa, de acordo com dados da ONU.

Toda essa população precisa de casa, comida, educação e trabalho. Perderam tudo o que tinham e o que lhes resta é a esperança de um futuro melhor. O drama dessas famílias e o desafio dos países que as acolhem foram o tema do Global Philanthropy Forum deste ano, que terminou na quarta-feira, dia 6 de abril, em San Francisco, na Califórnia, EUA.

O evento reuniu os mais diversos olhares, desde o ministro da Educação do Líbano, que falou sobre as dificuldades de seu país, ao receber mais de 400 mil crianças sírias que precisam ir para a escola, até o depoimento de um ex-refugiado da guerra civil do Burundi, que chegou a viver como sem-teto no Central Park, em Nova York, e hoje em dia coordena uma organização sem fins lucrativos que presta serviços médicos às populações mais vulneráveis de sua pátria.

Durante os três dias do Fórum, painéis discutiram temas como urbanização e infraestrutura, recolocação profissional, e mesmo como evitar que as condições precárias de vida acabem contribuindo para o aliciamento de jovens por organizações terroristas. Uma tônica comum aos vários palestrantes é a preocupação com estes imigrantes. Se eles representam o principal foco de insatisfação e rebeldia, também podem ser o elemento de integração, se tiverem suas opiniões ouvidas e seus apelos considerados.

O presidente da Open Society, a organização fundada pelo megainvestidor George Soros, que defende o estabelecimento de democracias vibrantes e tolerantes ao redor do mundo, propôs a criação de uma aliança global para apoiar processos migratórios. O tamanho do desafio requer uma ação mundial e que envolva todos as esferas da sociedade.

Atualmente, um refugiado fica, em média, 17 anos fora de seu país. Existem muitos que fogem crianças e só conseguem voltar já casados e com filhos. A dificuldade de melhorar as condições de vida dessas pessoas é imensa, e remete um pouco às condições que os imigrantes bolivianos enfrentam no Brasil, trabalhando em condições sub-humanas, vivendo em cortiços, sem acesso a serviços básicos.

A boa notícia é que muitas iniciativas inovadoras que estão surgindo para um melhor acolhimento da massa de refugiados poderão ser adaptadas e levadas para o Brasil, entre elas as que criam escolas utilizando a mão de obra dos próprios imigrantes, preservando suas culturas originais e ajudando-os a adaptar-se ao seu novo universo.

O tema seguramente fará parte da 5ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, a versão brasileira do Global Philanthropy Forum, que ocorrerá em outubro no Brasil, quando nossos filantropos e investidores sociais discutirão sua contribuição para construir novos caminhos para o capitalismo, nos quais a ética e a responsabilidade cidadã façam parte das relações das empresas com o governo e com a sociedade.

Após os três dias de debate no Global Philanthropy Forum, todos concordaram que esse é um dos maiores desafios que a filantropia já enfrentou. Nunca tantas pessoas, em um espaço de tempo tão curto, passaram a precisar de ajuda humanitária. Portanto, a solução terá contar com a força de todos os setores. A comunidade filantrópica fez um apelo para que os governos sejam mais abertos e para que a iniciativa privada também contribua para a solução de um problema que não é de um povo ou de um país, mas do mundo todo.

Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS 

Artigo publicado na Folha de S. Paulo em abril de 2016