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Avaliação de impacto como estratégia para excelência em sustentabilidade

por Denise Carvalho, Gerente responsável pela área de Monitoramento e Avaliação no IDIS e Daniel Barretti, Gerente de projetos, especialista em Avaliação de Impacto

A integração da ideia de impacto às estratégias de ISP corporativas tem se tornado cada vez mais constantes. Empresas que adotam essa abordagem não apenas alinham suas iniciativas de ISP com objetivos de sustentabilidade mais amplos, mas também facilitam a interpretação e integração de dados e indicadores monitorados através de frameworks ESG. Essa prática permite uma visão panorâmica do impacto socioambiental, orientando decisões estratégicas.

Ou seja, a interseção entre o ISP e a sustentabilidade corporativa não só redefine o propósito empresarial, mas também demonstra um potencial significativo para impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente. A avaliação de impacto, dentro deste contexto, serve como uma bússola, guiando as empresas em direção a práticas mais sustentáveis e responsáveis.

A estratégia de incorporar o ISP nas práticas de sustentabilidade de uma empresa não é apenas uma questão de responsabilidade social corporativa; é uma abordagem que pode gerar valor substancial. A teoria da Criação de Valor Compartilhado¹, proposta por Michael Porter e Mark Kramer, oferece uma sustentação teórica robusta para entender a interconexão entre o ISP e a performance em sustentabilidade. Segundo essa teoria, as empresas podem gerar valor econômico de uma maneira que também produza valor para a sociedade, enfrentando suas necessidades e desafios. Neste sentido, a avaliação de impacto permite que as empresas quantifiquem e comuniquem como suas iniciativas de ISP estão contribuindo tanto para seus objetivos de negócios quanto para objetivos sociais mais amplos.

O caráter de aprendizagem inerente ao processo de monitoramento e avaliação é outro aspecto relevante. Empresas que diligentemente monitoram e avaliam suas iniciativas de ISP demonstram uma curva de crescimento acentuada em sua performance de sustentabilidade. Esse crescimento é atribuído ao aprendizado contínuo e à capacidade de adaptação, evidenciando como a avaliação de impacto transcende a mera conformidade, tornando-se um vetor de inovação e melhoria contínua.

Além disso, o papel do monitoramento, em conjunto com a avaliação, é fundamental. Indicadores de processo e resultados, usuais nos frameworks ESG, promovem a uniformização e disseminação de boas práticas. Essa padronização não apenas assegura a robustez dos resultados de sustentabilidade, mas também facilita a comparação e a competição saudável entre empresas por melhorias sociais significativas.

Os resultados da análise feita neste estudo reforçam a importância dessas práticas. Empresas que avaliam o resultado de suas iniciativas de ISP não só apresentaram uma performance superior no ISE B3 como um todo, mas também registraram um aumento significativo em sua performance entre 2022 e 2024.

Em termos práticos, a coleta sistemática de indicadores de impacto permite que se olhe, de maneira reflexiva e estratégica, para a eficiência de determinada intervenção social e consequentemente permite a revisão e o aprimoramento periódicos com vistas à maximização dos benefícios sociais almejados e gerados. Não raro, projetos sociais acabam por gerar impactos positivos não intencionais e que passariam despercebidos caso não houvesse uma avaliação que levasse em conta, por exemplo, a percepção dos beneficiários quanto às mudanças geradas em suas vidas.

Em oposição, iniciativas que se atém apenas a indicadores de processo e de produto não conseguem refletir de maneira estratégica sobre suas ações e propósito, e também, invariavelmente, pecam na compreensão e consequente comunicação de seus resultados e impactos.

Considerando a importância de uma abordagem holística e integrada à avaliação de impacto, sugere-se que, para alcançar e manter uma performance de sustentabilidade de alto nível, as empresas devam adotar práticas de monitoramento e avaliação que sejam tanto rigorosas quanto adaptáveis à realidade de cada iniciativa. À medida que o cenário empresarial continua a evoluir, a capacidade de avaliar e responder efetivamente ao impacto socioambiental das iniciativas de ISP será cada vez mais vista como um componente essencial da liderança em sustentabilidade.

¹ PORTER, M. E.; KRAMER, M.R. Creating Shared Value: how to reinvent capitalism and unleash a wave of innovation and growth. Harvard Business Review, 2011.

Este artigo faz parte da publicação ‘Investimento Social Privado: estratégias que impulsionam a Agenda ESG’. Acesse a publicação para obter mais dados e análises completas sobre a relação entre ISP e a Agenda ESG.

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O ISP como forma de se relacionar mais e melhor com as comunidades

Por Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS, e Whilla Castelhano

Já ficou para trás o tempo em que as doações das empresas para projetos socioambientais eram baseadas exclusivamente nos desejos dos altos executivos. Cada vez mais, é exigido das empresas um alinhamento com as expectativas e necessidades de quem recebe as doações, fortalecendo suas potencialidades e, principalmente, investimentos alinhados com os anseios locais. Progressivamente, vemos as empresas respondendo à altura, adaptando-se às novas demandas e compreendendo que não podem crescer e gerar lucros sem considerar a geração de impactos positivos para os públicos com os quais se relacionam e para a sociedade. Ora a passos rápidos, ora a passos muito lentos, avançamos para um entendimento de que é preciso trabalhar em conjunto e de forma estratégica para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do mundo onde vivemos.

Este estudo corrobora esses conhecimentos empíricos e experiências que compartilhamos no IDIS. Em 2024, 79% das empresas avaliadas no triênio afirmaram conduzir consultas com stakeholders relevantes e com a comunidade para estabelecer uma agenda conjunta. Esse é um processo de construção importante para o setor social e uma experiência que gerará estratégias inovadoras de investimento e resolução de problemas.

Um outro dado que respalda a importância do envolvimento da comunidade para um ISP estratégico é a empresa criar condições de autossuficiência financeira e organizacional para as organizações apoiadas. Para o desenvolvimento sustentável do setor social, execução de projetos melhores e com mais impacto, remuneração adequada, investimento e expansão das atividades, e até propor ações e soluções inovadoras, uma organização social demanda investimento e segurança financeira, assim como uma empresa. Em 2024, 50 empresas informaram atuarem desta forma junto às organizações e, com pontuações altas e similares entre si, mostram que este é um novo caminho que as empresas estão aderindo.

Podemos considerar que essas ações surgem como resultado também dessa relação com atores locais e canais de comunicação constantes para o processo de decisão? Acreditamos que sim! Afinal, envolver novos atores traz novos olhares e conhecimentos, mostra novas prioridades e fragilidades, que as empresas em conjunto com as organizações podem apoiar e inovar. Consequentemente, temos projetos e organizações sociais mais estruturadas, com mais impacto e atuando de forma mais estratégica para endereçar as demandas locais e reduzir as desigualdades no Brasil.

Diálogos locais, impacto social positivo coerente com a empresa, canais abertos e transparência do ISP movem o ponteiro de atuação e exigem das empresas novos olhares. É preciso, porém, que empresas avancem ainda mais nesta agenda, buscando maneiras de se envolverem com atores locais, atuando em parceria com o Terceiro Setor de maneira complementar. O ISP possui um importante papel: ao construir um relacionamento voltado para a comunidade e o entorno, junto às diretrizes e demandas internas da empresa, as estratégias de investimento socioambiental são mais assertivas, direcionadas e promovem melhorias em territórios. Um ISP construído em parceria, que considere as narrativas daqueles que já foram e estão sendo beneficiados por diferentes iniciativas, terá resultados mais longevos e de maior impacto e retorno para a empresa no longo prazo.

É uma relação de reciprocidade. As empresas, ao ouvirem e investirem de acordo com as demandas locais e ao estabelecerem processos de construções conjuntas, contribuem para o fortalecimento das organizações sociais, que ficam mais bem estruturadas, mais sólidas e robustas. Essas organizações ganham maior capacidade para gerar impactos positivos e resultados mais sustentáveis. Um ciclo virtuoso em que todos ganham, em especial, a sociedade.

Este artigo faz parte da publicação ‘Investimento Social Privado: estratégias que impulsionam a Agenda ESG’. Acesse a publicação para obter mais dados e análises completas sobre a relação entre ISP e a Agenda ESG.

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Quero promover impactos socioambientais positivos. Devo criar uma fundação?

Por Henrique Barreto e Andrea Hanai, ambos gerentes de projetos do IDIS

O aumento das demandas públicas e das pressões sociais por posturas proativas e compromissadas das empresas em sua atuação social resultou em um aumento significativo da criação de institutos e fundações empresariais durante meados dos anos 90. Podemos enxergar essa onda como um primeiro movimento marcante de resposta das organizações, que passaram a ser cada vez mais cobradas a reconhecer a importância de assumir responsabilidades para além do lucro.

As fundações e institutos criados, concentrariam, então, os esforços das empresa para promover um impacto social positivo, representando um compromisso perene e operando com autonomia e independência no enfrentamento de uma ou mais causas caras ao desenvolvimento socioambiental, de forma conectada, ou não, ao negócio de suas instituidoras. Estas estruturas passaram a concentrar especialistas, desenvolver metodologias, criar projetos proprietários ou apoiar projetos de terceiros (grantmaking), estabelecer pontos de contato com o setor público e a gerar impacto positivo, ajudando efetivamente a construir reputação e cidadania para suas marcas instituidoras. Ainda assim, no início, de forma geral, eram pequenas e médias células de impacto, com equipes formadas por especialistas, apartadas do negócio e mais resistentes a cortes e mudanças de direção.

A expectativa social de que as empresas devem atuar sobre outras dimensões que não apenas a econômica não parou de crescer desde então. A esse debate, somaram-se as discussões sobre propósito e gestão ESG, que equilibra a produção econômica com os impactos sociais e ambientais positivos, buscando aprofundar a responsabilidade social e o investimento social privado como partes de uma atuação integrada, que permeia todas as áreas do negócio. Nesse sentido, a existência de veículos filantrópicos empresariais configura-se como parte relevante dessa atuação responsável e sólida. Isso não quer dizer, entretanto, que possuir um instituto ou fundação empresarial seja suficiente, uma vez que o desempenho positivo socioambiental de uma empresa é fortalecido por um conjunto de fatores.

Anteriormente, os veículos filantrópicos operavam de forma mais independente, complementando as ações da empresa. Atualmente, a agenda ESG introduz novas complexidades e proporciona maior integração entre o investimento social e a estratégica corporativa. Por meio de parcerias com outras organizações e empresas, os projetos conduzidos por institutos e fundações podem promover uma cultura colaborativa e demonstrar um compromisso significativo com determinadas causas, utilizando não apenas recursos financeiros, mas também outras competências em prol do benefício público.

Essas observações apontam para uma mudança no paradigma dos projetos conduzidos por institutos e fundações empresariais, que parecem menos proprietários e mais altruístas, sendo capazes de atrair coalizões e parcerias. É o caso, por exemplo, do fundo de combate à violência contra meninas e mulheres, parceria do Instituto Avon com a Accor Hotels, e que também se mantém aberto para novos participantes e financiadores.

De fato, ao observar a pesquisa, nota-se que a performance no tópico de Investimento Social Privado é levemente melhor, tanto na média quanto na mediana, em empresas que atuam por meio de veículo filantrópico proprietário. Isso pode representar maior maturidade das empresas que possuem esse tipo de veículo, sugerindo que o compromisso de constituir um instituto ou fundação também carrega maior responsabilidade e desempenho mais elevados em relação ao Investimento Social Privado e a Cidadania Corporativa em geral. Também observamos menor variação no desempenho de empresas que possuem veículos próprios, como se sua constituição também representasse um patamar mínimo de sucesso nesse quesito. Por exemplo, em 2024, empresas com um veículo filantrópico não tiveram desempenho abaixo de 60%, e apresentaram uma menor distribuição das notas em relação às empresas que não possuem veículos filantrópicos.

Por outro lado, considerando as 85 empresas que responderam durante todo o triênio,
não há diferença estatisticamente significativa para a diferença em performance no ISE
B3 entre empresas que atuam via veículo filantrópico e aquelas que não. Isso sugere que, mesmo sem a criação de um instituto ou fundação empresarial, o que sugere um compromisso mais firme e duradouro, com mandato e agência próprios, e protegidos das flutuações empresariais, ainda é possível obter um bom desempenho no ISE B3. Nesse sentido, é possível imaginar empresas que incorporaram a responsabilidade social em várias áreas como parte de suas operações, atuando sob a coordenação e o engajamento de uma área de responsabilidade social corporativa integrada ao negócio.

Podemos estabelecer que é possível pontuar bem em sustentabilidade empresarial, mesmo na ausência de veículos filantrópicos específicos. No entanto, esses veículos permanecem como estruturas importantes (ao lado de fundos filantrópicos, outra modalidade capaz de fomentar o co-investimento), que demarcam compromissos empresariais firmes diante de inúmeros dilemas e questões sociais. Eles serão ainda mais efetivos caso consigam conectar seus focos de atuação ao negócio, constituindo-se como elementos importantes, inclusive, para impulsionar o crescimento de uma agenda ESG mais ampla e profunda, ligada ao propósito e que deve permear toda organização.

Este artigo faz parte da publicação ‘Investimento Social Privado: estratégias que impulsionam a Agenda ESG’. Acesse a publicação para obter mais dados e análises completas sobre a relação entre ISP e a Agenda ESG.

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A relevância do Investimento Social Privado na composição do ISE B3

Por Marcos Alexandre Manoel, diretor de projetos no IDIS

Desde que aspectos relacionados a impacto socioambiental e avaliação de riscos passaram a integrar a estratégia de negócios de um número cada vez maior de empresas, vimos o mercado virar do avesso e o assunto ganhar potência e escala. É evidente que a ideia de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa não é recente, mas a lógica do mercado certamente mudou desde que foi sugerido que os recursos alocados em projetos socioambientais de interesse público não fossem mais encarados como despesas, mas, sim, como investimentos que trazem retornos de curto, médio e longo prazos. Isso é o que chamamos de Investimento Social Privado (ISP) – ou filantropia estratégica, integrada a uma agenda ESG.

Dentro dessa agenda, que ganhou corpo na última década com o reporte ao mercado financeiro desses aspectos sociais, ambientais e de governança, o ISP é apenas uma dentre as tantas variáveis que impulsionam uma empresa em direção à sustentabilidade. Entendemos, porém, que as práticas de ISP possuem alta capilaridade e podem potencializar substancialmente as ações socioambientais de uma empresa. Ou seja, quando bem-feito, o investimento social pode ajudar a destravar diversos outros pontos de uma agenda de sustentabilidade empresarial. Empiricamente, o Terceiro Setor vem trabalhando há anos para demonstrar o impacto que o ISP pode causar nas métricas ESG de uma organização, especialmente no campo social.

Para comprovar essa hipótese, o IDIS se propôs a analisar a correlação entre o ISP e as notas do ISE B3, o maior índice de sustentabilidade do País. Foi muito gratificante identificar, por meio deste estudo, que o ISP se manteve, nos últimos três anos, entre os dez tópicos que possuem maior correlação com a nota do ISE B3. Ou seja, empresas que têm um bom desempenho em filantropia estratégica tendem a ter um bom desempenho em sustentabilidade empresarial como um todo. É interessante, inclusive, observar que as práticas de ISP figuram lado a lado com aspectos como ‘fundamentos de gestão da sustentabilidade empresarial’, ‘ética nos negócios’ e ‘tendências e propósito’. A aproximação com tópicos que naturalmente possuem uma maior transversalidade, indica o caráter tático do ISP na formulação e implementação de estratégias integradas de sustentabilidade empresarial.

Uma estratégia de ISP alinhada à estratégia ESG ajuda a materializar o propósito da organização para seus stakeholders, gerando resultados tangíveis para a empresa e para a sociedade. O investimento de uma empresa em projetos socioambientais pode ser uma boa maneira de engajar diferentes partes interessadas e iniciar agendas coletivas com o poder público e sociedade civil organizada, promovendo benefícios tanto para a sociedade quanto para as empresas. Além disso, contribuiu para que empresas demonstrassem seus compromissos socioambientais de forma clara e robusta, sinalizando para o mercado e consumidores um compromisso real com diferentes causas.

Apesar de parecer lógico, esse alinhamento não é tarefa fácil. Além de ser preciso conectar as ações com os desafios do negócio e o propósito das marcas, uma atuação estratégica deve considerar aspectos materiais do negócio e um bom mapeamento de partes interessadas e diferentes formas de engajá-las. Além disso, ações socioambientais devem ser complementares aos esforços empreendidos pelo Terceiro Setor, promovendo trocas que enriquecem a atuação de todos os atores. Os dados do estudo mostram que essa é uma tarefa relevante e que deve ser tratada com importância pelo setor privado, já que está altamente correlacionada a uma gestão abrangente da sustentabilidade empresarial.

Em resumo, empiricamente sabemos que, ao conectar o conceito e as práticas de ISP ao propósito e aos valores institucionais, considerando o viés econômico do negócio e a perspectiva dos principais stakeholders em relação ao valor socioambiental a ser criado pela empresa, é possível potencializar a capacidade da organização de gerar impacto positivo para a sociedade e valor real para o negócio. Essa relação está agora comprovada quantitativamente, considerando uma amostra extremamente relevante de empresas brasileiras.

Este artigo faz parte da publicação ‘Investimento Social Privado: estratégias que impulsionam a Agenda ESG’. Acesse a publicação para obter mais dados e análises completas sobre a relação entre ISP e a Agenda ESG.

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Ranking internacional reconhece IDIS como líder em consultoria para impacto social no Brasil

A entidade francesa Leaders League, especialista na criação de rankings e pesquisas de mercado amplamente utilizados por empresários e executivos em suas tomadas de decisão, divulgou um ranking de organizações brasileiras líderes em consultoria para impacto social. Os critérios de avaliação foram baseados na coleta e processamento de dados.

O IDIS conquistou a 1ª posição no ranking, ao lado do Instituto Phi, evidenciando nosso compromisso no apoio a investidores sociais engajados com a geração de impacto social no Brasil.

Na área de consultoria, oferecemos apoio técnico a famílias, empresas e organizações sociais que desejam iniciar ou aprimorar seu investimento social. Atuamos de maneira personalizada e participativa em seis frentes principais: planejamento estratégico e governança; agenda ESG; estruturação de fundos patrimoniais e estratégias de sustentabilidade financeira; design e implementação de projetos e capacitação organizacional; desenvolvimento de editais e gestão de portfólio; além de monitoramento e avaliação.

“Iniciativas como a Leaders League contribuem para dar visibilidade ao excelente trabalho realizado por organizações brasileiras que geram impacto por meio da consultoria, com comprometimento, seriedade, criatividade e eficácia. Este ranking é mais um instrumento para aumentar a confiança junto a investidores sociais, tanto locais quanto internacionais. Estamos felizes por liderar o ranking, mas também parabenizamos as outras organizações destacadas. A frente de consultoria para impacto social no Brasil é vibrante, forte e diversificada, e a contribuição é de todos!”, declarou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

Sobre o IDIS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investimento social no Brasil. Nossa missão é inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhando com indivíduos, famílias, empresas, fundações, institutos corporativos e familiares, bem como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação é baseada em três pilares: geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, fortalecendo o ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a colaboração e a cocriação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024: saiba como participar

A 13° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais já tem data: 4 de setembro. Mais uma vez, além do evento presencial em São Paulo exclusivo para convidados, a programação também será transmitida ao vivo.

No Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024, quando o IDIS completa 25 anos, promovemos debates sobre nós e nossos nós.

Nós. Uma palavra com múltiplos significados. Enlaçamentos de fios. Vínculos. Obstáculos. As partes mais rígidas da madeira. Unidade para medir velocidade. Ponto onde convergem estradas. Ou simplesmente, a gente, pronome pessoal, sujeito de uma ação coletiva.

Filantropia. Uma palavra que significa amor à humanidade e que traz consigo esperança de transformações. Uma palavra que responde a desafios sistêmicos e múltiplos e que reúne nossa comunidade.

Por isso, o tema deste ano será FILANTROPIA ENTRE NÓS. Convidamos você a inspirar-se com as histórias que serão apresentadas.

INSCREVA-SE PARA A TRANSMISSÃO AO  VIVO

PALESTRANTES CONFIRMADOS

Entre os palestrantes já confirmados estão Aline Odara (Idealizadora e Diretora Executiva do Fundo Agbara), Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau), Cida Bento (Co-Fundadora e Conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), Cristiane Sultani (Fundadora do Instituto Beja), Giuliana Ortega (Diretora de Sustentabilidade da RD – Raia Drogasil), José Luiz Egydio Setúbal (Presidente e Instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal), Luana Génot (Fundadora e Diretora Executiva do Instituto Identidades do Brasil), Mariana Moura (Presidente do Conselho de família da Baterias Moura), Patrícia Villela Marino (Presidente do Instituto Humanitas360), Renata Piazzon (Diretora geral do Instituto Arapyaú), Sergio Fausto (Diretor geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso), Tarcila Ursini (Conselheria de empresas e Copresidente do Conselho do Sistema B).

Além de convidados internacionais como Grace Maingi (Diretora Executiva da Kenya Community Development Foundation), Marijana Sevic (Chefe de Parcerias Estratégicas Internacionais na CAF) e Philip Yun (Co-presidente e co-CEO do CCWA e do Global Philanthropy Forum).

 

REALIZAÇÃO E APOIO

A realização é do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e apoio master do Movimento Bem Maior; apoio prata da RD Saúde; e apoio bronze da Fundação Grupo Volkswagen, Fundação Itaú, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob e Mott Foundation. A Unicef é apoiadora institucional do evento e a Alliance Magazine é a parceira de mídia.

Neste ano, o fórum terá novamente a Alliance Magazine como parceiro de mídia. Sediada na Inglaterra, a maior revista de filantropia do mundo fará a cobertura do evento e transmitirá em inglês ao vivo em seu canal do Youtube.

 

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

 

O Globo destaca fundos patrimoniais para universidades no Brasil

Os fundos patrimoniais têm sido aliados de universidades no Brasil. Desde 2019, quando a lei 13.800 regulamentou o modelo no país, o número de iniciativas passou de oito para 34, de acordo com o Monitor de Fundos Patrimoniais.

“Num cenário de restrição de recursos provenientes do Estado, esse dinheiro pode fazer muita diferença para evitar tragédias como ocorreu com o Museu Nacional ou ajudar a promover a diversidade do corpo de alunos”, afirma Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS. 

Confira a matéria completa aqui.

Compromisso 1% quer estimular empresas a doar 1% do seu lucro líquido para causas sociais; Iniciativa é destaque no jornal O Globo

O IDIS, em conjunto com o Grupo MOL, está lançando o Compromisso 1%, um movimento que busca tornar a filantropia corporativa mais perene, promovendo a distribuição de dividendos para causas sociais. Inspirado no Pledge 1% dos EUA, o Compromisso 1% tem como objetivo mobilizar as empresas a destinarem 1% do lucro líquido para ações sociais.

A campanha será lançada oficialmente em setembro, com o anúncio das primeiras empresas signatárias do compromisso, e já foi destaque no jornal O Globo, em uma entrevista concedida por Paula Fabiani, CEO do IDIS.

“As empresas têm que fazer a sua parte de forma perene. Não se trata de substituir o Estado, mas não dá para achar que vai dar conta sozinha”, afirma Paula.

Confira a matéria completa aqui.

 

Bem comum: confira a edição de junho da Alliance Magazine

A Alliance Magazine, parceira de mídia do IDIS e uma das principais fontes de informações sobre filantropia no mundo, lançou sua última edição focada no conceito do bem comum.

Esta edição explora como a filantropia desempenha um importante papel na revitalização do conceito de bem comum. Líderes de organizações da sociedade civil e da filantropos compartilham perspectivas sobre como o bem comum é percebido em seus respectivos países e regiões, e de que maneiras a filantropia contribui para moldá-lo.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, oferece uma perspectiva brasileira nesta edição, enriquecendo a discussão.

Saiba mais sobre este tema envolvente na última edição da Alliance Magazine.

 

Como criar uma fundação ou um instituto comunitário

Este é um guia prático a partir de exemplos de quem já transforma territórios. A partir da experiência de quatro anos na condução do programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com apoio da Charles Stewart Mott Foundation, o material apresenta orientações para promover, fortalecer e desenvolver o modelo de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil.

Os conteúdos abordam desde os aspectos legais e estruturais de uma FIC até as melhores práticas para envolver a comunidade local, desenvolver parcerias
e garantir a sustentabilidade da organização a longo prazo.

Você está preparado(a) para iniciar uma jornada com a missão de promover impacto social positivo?

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Vaga de Estágio no Administrativo Financeiro

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estudantes de administração, ciências contábeis e cursos correlatos.

Atuamos desde 1999 com foco no fortalecimento do Investimento Social Privado no Brasil e o estímulo a ações transformadoras da realidade para a redução das desigualdades sociais no país.

O IDIS conta com um time de 50 pessoas dedicadas a desenvolver e implementar projetos de grande impacto que estimulem o desenvolvimento de um ecossistema de Investimento Social que atue de forma eficaz e estratégica. Oferecemos consultoria em investimento social para empresas, famílias, filantropos e organizações da sociedade civil. Além disso, desenvolvemos projetos de impacto, como campanhas e a promoção de advocacy, e investimos na geração de conhecimento, com a produção de pesquisas, artigos e publicações.

Para fortalecer a organização e nossa atuação, buscamos uma pessoa estagiária na área administrativa financeira.

 

 

Acesse a vaga na 99jobs e inscreva-se

RESPONSABILIDADES e oportunidades

  • Prestar suporte administrativo a contadores;
  • Lançar dados em sistema;
  • Classificar documentos fiscais;
  • Auxiliar na preparação de balanços e demonstrativos financeiros;
  • Conciliação sistema X razão e balancete;
  • Extrair relatórios do sistema (DRE, BP, razão, balancete);
  • Organizar, digitalizar e arquivar documentos financeiros;
  • Contribuir para a organização dos processos de auditoria;
  • Preparar e organizar documentos para auditorias externas;
  • Verificar conformidade com normas contábeis e tributárias;
  • Conferir extratos e aplicações financeiras;
  • Auxiliar na rotina geral da área financeira;
  • Emitir através de ERP e classificar notas fiscais;
  • Salvar extratos bancários;
  • Salvar comprovantes de pagamentos quinzenalmente.

requisitos

  • Cursando Ciências Contábeis, Administração ou outros cursos correlatas;
  • Familiaridade com ferramentas financeiras;
  • Compreensão dos princípios básicos e financeiros;
  • Conhecimento intermediário em Excel;
  • Habilidades interpessoais: desenvolvimento de responsabilidade, comunicação eficiente, sinceridade, trabalho em equipe, adaptabilidade, ética profissional, empatia.

BENEFÍCIOS

  • Bolsa Auxílio
  • Seguro de Vida
  • Vale-Transporte
  • Vale-Alimentação
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off no aniversário
  • Tipo de trabalho – Híbrido

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 17 de julho.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

 

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

               

Já trabalhou no IDIS? Queremos falar com você!

Sejamos honestos, 25 anos não se faz todo dia. Em setembro alcançaremos essa marca e, claro, não podíamos deixar de celebrar. Não somente os anos de história, mas principalmente todas as pessoas que a construíram e constroem ela conosco.

Tudo o que avançamos só foi possível devido ao comprometimento, colaboração e trabalho coletivo de diferentes pessoas com um objetivo comum: construir um mundo melhor e com mais equidade. Nesta celebração, sabíamos quem deveria ser o centro da história: todas as pessoas que pensam, realizam e fazem o investimento social no Brasil evoluir e acontecer. São eles, ou melhor – nós – os protagonistas.

Se você já fez já fez parte deste time, complete o cadastro aqui para entrarmos em contato.

Queremos fazer um encontro para voltarmos a nos conectar e também te convidar para nosso evento de celebração.

Confira os cinco projetos selecionados no edital Atenção Primária à Saúde

edital Atenção Primária à Saúde no Norte e Nordeste divulga os cinco projetos selecionados para o aporte de até 20 milhões de reais em iniciativas de fortalecimento da saúde pública nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O edital integra o Juntos pela Saúde e é uma iniciativa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com gestão do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) em parceria com a Umane, associação civil, independente, isenta e sem fins lucrativos que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública. No total, 50 municípios serão beneficiados nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe.

Foram mais de 40 propostas de projetos, dos quais 10 foram classificados para a apresentação oral e cinco selecionados para receber o recurso. A seleção foi realizada por um comitê de validação, composto por profissionais das instituições apoiadoras. Após apresentação oral dos proponentes, os selecionados foram:

  • Fundação Amazônia Sustentável (FAS)
    SUS na floresta
  • Instituto de Inteligência Artificial na Saúde
    Noharm: inteligência para a segurança dos pacientes
  • Grupo Mulheres do Brasil
    Unidos pela erradicação do câncer de colo do útero no Brasil
  • Centro de apoio à Faculdade de saúde pública da USP
    Tecendo linhas do cuidado integral à saúde na Amazônia
  • Instituto epHealth
    epCertify com linha de cuidado HIPERDIA

 

Reunião do Comitê de Validação do Edital “Iniciativas de Fortalecimento da Atenção Primária em Saúde”.
Local: Sede BNDES/ RJ
Foto: Rossana Fraga/BNDES

“Apoiar uma iniciativa como o Juntos Pela Saúde fortalece nosso objetivo como instituição, de fomentar a ampliação do acesso à saúde e a resolutividade do sistema, com foco nos serviços da Atenção Primária à Saúde. Nossa visão é a de ter a Umane contribuindo para reduzir as desigualdades no acesso à saúde, fomentando os saberes e inovações locais e regionais com o potencial de organização de processos de trabalho, do uso de dados e da tecnologia”, diz Thais Junqueira, superintendente geral da Umane. 

 

Após formalização e assinaturas dos termos de parcerias, os projetos apoiados passarão por um estruturado processo de monitoramento e avaliação sistemática que verificará tanto a implementação como o alcance de resultados e efeitos almejados. O monitoramento dos resultados será feito de forma sistemática ao longo da execução do projeto até sua conclusão em intervalos de no máximo seis meses e se dará pela análise da prestação de contas, relatório de monitoramento padrão da iniciativa Juntos pela Saúde, reuniões virtuais e visitas técnicas in loco.

“Ter parceiros como a Umane, que é referência no apoio ao SUS por meio do investimento social privado, apoiando o Juntos pela Saúde é essencial para que possamos fortalecer, com o apoio da tecnologia, soluções inovadoras em regiões que estão mais defasadas no acesso à saúde em nosso país”, afirma Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS.

 

“Com o Edital foi possível identificar projetos, com potencial de contribuir para melhora das condições de saúde nos municípios beneficiados e com possibilidade de replicar as soluções para outros municípios”, afirma Carla Reis, Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde.

 

SOBRE O JUNTOS PELA SAÚDE

O Juntos pela Saúde está estruturado sob a lógica de matchfunding ou seja a cada 1 real doado por outras organizações, o BNDES colocará mais 1 real, dobrando o valor investido e potencializando o impacto das ações desenvolvidas, reunindo recursos para apoiar e fortalecer o acesso à saúde da Atenção Primária à Saúde nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A iniciativa propõe, por meio do apoio à organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) e das linhas de cuidado prioritárias, priorizar ações de inovação, tecnologia e saúde digital. De acordo com o Ministério da Saúde, a Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades. Trata-se da principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e do centro de comunicação com toda a Rede de Atenção dos SUS.

XI Seminário da RBMA Debate Integração de Saberes para o Desenvolvimento Sustentável em Belém-PA

A Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação (RBMA) realizou nesta semana o XI Seminário com o tema Como integrar saberes para agir rumo ao desenvolvimento sustentável. O evento, que ocorreu ao longo de três dias, promoveu discussões transdisciplinares sobre avaliação em áreas como meio ambiente e desenvolvimento social, com o objetivo de fomentar práticas mais sustentáveis e inclusivas.

A escolha de Belém-PA como sede do seminário reflete o foco em desenvolvimento sustentável e questões ambientais, alinhando-se com o tema principal do evento e a futura realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30) em 2025 na cidade.

 

Segundo Wesley Matheus, presidente da RBMA, esta foi a primeira vez que o seminário abordou a avaliação no contexto do meio ambiente e das mudanças climáticas.

“É um novo paradigma do que estamos avaliando. A avaliação surge com o olhar para o indivíduo. Agora, vamos observar o território, a comunidade, a atmosfera. Temos que mudar a forma de olhar para a avaliação com foco na biodiversidade e no modo que os povos tradicionais se relacionam com essas questões ambientais”, afirmou Matheus.

O primeiro dia do evento contou com a participação de André Baniwa, coordenador-geral de Promoção a Cidadania do Ministério dos Povos Indígenas e vice-presidente da OIBI (Associação Indígena da Bacia do Içana), que refletiu sobre ‘Indicadores e Avaliação de Políticas Públicas a Partir do Conceito de Bem-Viver dos Povos Indígenas’. A abertura do seminário foi marcada por uma mesa de debates sobre como governos, empresas e sociedade civil podem contribuir para avaliações que gerem valor público e desenvolvimento sustentável.

Além disso, foram oferecidos sete minicursos destinados a aprimorar as capacidades dos participantes em avaliações que promovam práticas mais sustentáveis e inclusivas, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O IDIS ministrou um curso sobre avaliação de impacto SROI, que contou com a participação de 30 pessoas, incluindo representantes de OSCs, fundações, institutos empresariais, governo e organismos internacionais. O curso foi conduzido por Denise Carvalho e Daniel Barretti, ambos gerentes de projetos no IDIS.

O segundo dia do seminário focou no meio ambiente e nas mudanças climáticas, explorando como as avaliações podem ser instrumentos cruciais para compreender contextos, reconhecer complexidades e indicar necessidades de transformações sistêmicas. O IDIS teve uma participação destacada no painel ‘Avaliação, clima e meio ambiente’, onde Daniel Barretti apresentou o tema ‘Avaliações Custo-Benefício como forma de medir o impacto de projetos socioambientais’. Sandra Macedo, da Petrobras, também participou, discutindo a parceria IDIS-Petrobras e os aprendizados na aplicação de metodologias de avaliação de impacto custo-benefício (ACB e SROI) desde 2019.

O dia também incluiu sessões de apresentação de trabalhos sobre temas como Educação com foco em equidade, Instrumentos, tecnologias e IA aplicados à avaliação, Uso de evidências em políticas de meio ambiente, Índices e indicadores sociais e ambientais aplicados ao monitoramento e avaliação, entre outros. Thais Bassinello, gerente de projetos do IDIS, apresentou o case ‘Sistema de monitoramento e avaliação para projetos sociais de geração de trabalho e renda’, desenvolvido para a NEXA.

No último dia do seminário, as discussões metodológicas abordaram o Sistema Nacional de Avaliação como estratégia de integração de saberes, destacando a visão e o papel dos bancos de desenvolvimento na promoção e sustentação de sistemas nacionais de avaliação. Também foram debatidos o conceito de justiça social e a crescente importância do método qualitativo nas avaliações de impacto social.

O XI Seminário da RBMA reafirmou a importância da integração de saberes e da avaliação como ferramentas essenciais para o desenvolvimento sustentável e a redução das desigualdades sociais.

Vaga de Estágio em Projetos

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estudantes com ao menos 2 anos para ser formar, não importando o curso.

Atuamos desde 1999 com foco no fortalecimento do Investimento Social Privado no Brasil e o estímulo a ações transformadoras da realidade para a redução das desigualdades sociais no país.

O IDIS conta com um time de 50 pessoas dedicadas a desenvolver e implementar projetos de grande impacto que estimulem o desenvolvimento de um ecossistema de Investimento Social que atue de forma eficaz e estratégica. Oferecemos consultoria em investimento social para empresas, famílias, filantropos e organizações da sociedade civil. Além disso, desenvolvemos projetos de impacto, como campanhas e a promoção de advocacy, e investimos na geração de conhecimento, com a produção de pesquisas, artigos e publicações.

Para fortalecer a organização e nossa atuação, buscamos uma pessoa estagiária em projetos.

Acesse a vaga na 99jobs e inscreva-se

RESPONSABILIDADES e oportunidades

  • Realizar pesquisas de conceitos, referências que enriqueçam os projetos e tragam embasamento para os produtos desenvolvidos;
  • Organizar, ler e analisar documentos e elaborar relatórios e apresentações, incluindo a sistematização dos aprendizados e conclusões;
  • Apoiar a coleta de dados quantitativos e qualitativos necessários para a execução dos projetos
  • Apoiar a elaboração de propostas para potenciais clientes e parceiros;
  • Participar de reuniões periódicas para manter a equipe alinhada com o planejamento estratégico e missão da organização.

requisitos

  • Ter interesse no terceiro setor, nos temas de investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade, ESG e áreas afins;
  • Estar cursando o penúltimo ano da faculdade, ter ao menos 2 anos para se formar, não importa o curso;
  • Domínio do pacote Office (Word, Excel, Power Point) e internet;
  • Disponibilidade para atuação presencial no escritório do IDIS, em São Paulo

 

DESEJÁVEL

  • Excel – intermediário
  • inglês e espanhol intermediário

BENEFÍCIOS

  • Bolsa Auxílio
  • Seguro de Vida
  • Vale-Transporte
  • Vale-Alimentação
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off no aniversário
  • Tipo de trabalho – Híbrido

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 10 de julho.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

 

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

               

Sustentabilidade e desenvolvimento econômico lado a lado: Sustainability Week 24

Por Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS

O Sustainability Week 24 (SW24), importante encontro para o setor privado na América Latina e no Caribe, ocorreu em Manaus durante o mês de junho. Com foco em questões de sustentabilidade e desenvolvimento econômico, o evento reuniu líderes globais, empresários, investidores e especialistas para discutir soluções inovadoras e práticas sustentáveis, com um total de 1000 participantes de diversas partes do mundo. A iniciativa é do BID Invest.

Ao longo de três dias de evento, Manaus se tornou o centro das discussões sobre o futuro da sustentabilidade na região. Foram abordados temas como governança corporativa, financiamento da transição energética, economia verde e conservação da biodiversidade. Também foi enfatizado o compromisso de enfrentar os desafios socioambientais da Amazônia, promovendo inclusão financeira, educação e diversidade para os locais.

No discurso de abertura, o Governador do Estado do Amazonas, Wilson Lima, usou palavras reflexivas para provocar a audiência, muitos dos quais nunca haviam visitado Manaus antes, a considerar a Amazônia “além de sua copa de árvores”. O Governador ressaltou que enquanto o mundo observa a Amazônia pelas árvores, muitas vezes não compreende o que realmente ocorre sob sua densa cobertura vegetal, sugerindo uma profundidade maior da região a ser conhecida.

Outro destaque foi o painel ‘O papel do conselho em um mundo dinâmico”, que contou com a participação de três mulheres presidentes de conselhos de administração de empresas familiares: Luiza Helena Trajano (Magalu), Gabriela Baumgart (Grupo Baumgart) e Ilana Minev (Bemol). Elas exploraram estratégias de governança a partir de suas perspectivas, discutindo como os conselhos podem impulsionar mudanças positivas e sucesso sustentável em meio ao cenário empresarial em constante evolução.

O Sustainability Week 24 proporcionou um espaço para diálogos estratégicos, inspirando colaborações concretas e ações futuras que visam transformar os desafios ambientais em oportunidades de crescimento sustentável.

O evento reafirma o papel do BID Invest e seus parceiros na promoção de uma agenda global de sustentabilidade, destacando Manaus como um cenário emblemático para essas discussões.

A hora de doar é sempre, e precisamos falar sobre isso

Artigo originalmente publicado no jornal Correio Braziliense

As tragédias nos lembram da urgência da doação, mas é importante frisar a necessidade da continuidade. Afinal, se os problemas são recorrentes e de longo prazo, a ajuda também precisa ser

Por Luisa Gerbase de Lima, gerente de comunicação e conhecimento do IDIS

O Brasil e o mundo assistiram, com tristeza e revolta, à tragédia que acometeu o Rio Grande do Sul e soma números assustadores de vítimas, além dos estragos em habitações, infraestrutura e consequências para a economia local. As cenas ainda geram comoção e sensibilizam pessoas. A solidariedade se manifesta de maneira acalentadora. Essa que é — ou deveria ser — tendência.

Dia a dia, acompanhamos a mobilização de organizações da sociedade civil, empresas, celebridades e de muitos, muitos indivíduos. Doam dinheiro, bens, tempo, na forma de voluntariado, e contribuem para que tudo chegue a quem mais precisa. Alguns podem ter se admirado com a potência desse apoio, mas o que presenciamos foi a reafirmação de que, no Brasil, existe uma cultura de doação pujante e que precisa ser incentivada para além dos momentos de crise.

O processo de tomada de consciência sobre o papel e o poder do cidadão foi destacado na Pesquisa Doação Brasil, que mostrou que 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos um tipo de doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, em 2022, sendo esse o maior percentual registrado na série. Mantém-se relevante também a consciência do protagonismo cidadão, refletido nos 86% de doadores que o fazem porque acreditam que cada um de nós precisa participar da solução de problemas sociais, para além dos governos, empresas e organizações sociais. Tendência que é ainda mais relevante no recorte da geração Z, que diz acreditar ainda mais no poder transformador das ONGs, além de priorizar compras a partir de causas e crenças do que é melhor para o mundo.

O despertar da consciência participativa diante dos desafios sociais e ambientais é um fenômeno cada vez mais evidente e relevante em nossa sociedade. Independentemente dos desafios do aprofundamento da cidadania e da participação política, é inegável o crescente protagonismo da sociedade civil, seja em sua expressão organizada, seja no comportamento individual, assumindo um papel proativo para incidir sobre a desigualdade, em suas diferentes formas.

Ao mesmo tempo em que cresce a participação, cai a crença de que não devemos falar sobre doações. O ditado “o que a mão esquerda faz a direita não deve saber” começa a perder adeptos, e essa é uma ótima notícia. Quando falamos sobre doações é quando instigamos os outros também a agir. Ainda segundo a Pesquisa Doação Brasil, celebridades ou perfis nas redes sociais influenciaram a decisão de 17% da população que realizou alguma doação. Olhando o recorte da geração Z, a influência é ainda maior: chegando a 25%. Ou seja, quanto mais falam sobre doações, mais crescem as doações em geral!

Mas há sempre o clássico argumento que justifica a não doação: a desconfiança. Como vamos saber se o dinheiro chegará mesmo ao seu destino e se será aplicado na causa ou na ação desejada? Para superar essa barreira, as organizações sociais têm investido em instrumentos e mecanismos de transparência, além de práticas de comunicação que dão mais visibilidade ao fluxo dos recursos e aos impactos alcançados.

A imprensa também tem tido um papel importante, cobrindo com mais amplitude o tema, contribuindo para dar luz às iniciativas e esclarecendo notícias falsas quando são veiculadas. Destaca-se também a iniciativa Sociedade Viva, que usa a força da comunicação para mostrar à população a importância e o impacto do trabalho das ONGs para as pessoas e para a democracia.

As tragédias nos lembram da urgência da doação, mas é importante frisar a necessidade da continuidade. Afinal, se os problemas são recorrentes e de longo prazo, a ajuda também precisa ser. Enquanto a calamidade estampa o noticiário e domina a atenção dos espectadores, o pós-catástrofe acontece fora dos holofotes. Após o socorro emergencial, a destinação de artigos de urgência, será necessário reconstruir a vida.

Por isso, doar precisa ser hábito. Doar é investir em um legado para o país e no fortalecimento do papel da sociedade civil organizada como agente essencial no combate às desigualdades. É preciso doar, e precisamos falar sobre isso.

IDIS 25 anos: Investimento Social é coisa de gente

Sejamos honestos, 25 anos não se faz todo dia. Em setembro alcançaremos essa marca e, claro, não podíamos deixar de celebrar. Não somente os anos de história, mas principalmente todas as pessoas que a construíram e constroem ela conosco.

Nesta jornada, acompanhamos de perto a evolução do Investimento Social Privado no Brasil – seus movimentos, avanços, desafios. E tudo o que avançamos só foi possível devido ao comprometimento, colaboração e trabalho coletivo de diferentes pessoas com um objetivo comum: construir um mundo melhor e com mais equidade. Nesta celebração, sabíamos quem deveria ser o centro da história: todas as pessoas que pensam, realizam e fazem o investimento social no Brasil evoluir e acontecer. São eles, ou melhor – nós – os protagonistas.

Há quem nos reconheça como uma instituição geradora de conhecimento. Outros, como uma consultoria. Há aqueles que nos conhecem pelos projetos que executamos, e não sabem nada sobre o resto. E há ainda quem nos define como uma organização intermediária. Somos tudo isso, mas, principalmente, somos pessoas que fazem tudo isso acontecer.

Ao celebrarmos os 25 anos do IDIS, celebramos também o poder da comunidade, a força da colaboração e o potencial ilimitado da sociedade civil organizada. O investimento social é muito mais do que apenas uma estratégia; mas uma expressão de nossa humanidade compartilhada.

Por isso, lançamos hoje a campanha Investimento Social é coisa de gente e você é nosso convidado especial nesta celebração.

Acompanhe e participe. Afinal, tudo isso tem sido construído por nós e por vocês, coletivamente.

Com carinho,

Equipe IDIS

Estudo aponta correlação entre boas práticas de Investimento Social Privado e Agenda ESG

O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS lança o estudo ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a agenda ESG’, que aponta a correlação existente entre boas práticas de ISP e a Agenda ESG, a partir da análise das notas do Índice de Sustentabilidade Empresarial, o ISE B3, o maior índice de sustentabilidade do país. O levantamento analisou o triênio 2022-2024 das empresas que fazem parte do indicador e, durante o período avaliado, a prática de Investimento Social Privado manteve-se sempre entre os dez tópicos que possuem maior correlação com a nota do ISE B3, o que demonstra que empresas que têm um bom desempenho em ISP tendem a ter bons resultados em sustentabilidade empresarial como um todo.

Captcha obrigatório

A análise dos dados reforça a tese de que é preciso conectar as ações de ISP das empresas com desafios e o propósito das marcas, buscando uma atuação estratégica que considere aspectos materiais do negócio e um bom mapeamento de partes interessadas e diferentes formas de engajá-las.

“Dedicamos esforços para que o estudo também funcionasse como um guia orientador para as empresas avaliarem suas práticas e prioridades de investimento social privado, engajamento de stakeholders e relacionamento com comunidades relacionadas à Agenda ESG. O resultado são dados e informações fundamentais para estimular mudanças que beneficiem não apenas as próprias empresas, mas também os parceiros e as comunidades envolvidas”, explicou Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS.

A performance em ISP e Cidadania Corporativa das empresas respondentes do ISE B3 ocupou a segunda maior correlação em 2022. Em 2023, o ISP apareceu no quinto lugar; e em sexto lugar, em 2024, mantendo-se no topo do ranking. Além disso, as empresas que afirmaram dar importância ao protagonismo de atores locais da sociedade civil em suas ações de ISP demonstraram uma performance consideravelmente superior em comparação com aquelas que não consideram esse aspecto.

Entre as ações de ISP adotadas por empresas, a prática de avaliação de projetos apoiados foi a que apresentou o maior crescimento no triênio, evidenciando sua valorização. Já a garantia de autossuficiência para organizações e auditoria para projetos apoiados são as práticas menos adotadas. O estudo mostra, aliás, que empresas que avaliam o resultado de suas iniciativas de ISP também apresentaram uma performance superior no índice como um todo: Entre 2022 e 2024 houve um aumento significativo nas notas das empresas que dizem avaliar o resultado de iniciativas apoiadas por meio do Investimento Social Privado. A diferença da nota mediana daquelas que não adotam essa prática chega a 20 pontos para mais, entre as organizações que possuem políticas de avaliação.

IDIS recebe doação de US$ 1,5 milhão da filantropa MacKenzie Scott e é destaque no jornal O Globo

O IDIS recebeu uma doação de US$1,5 milhão, equivalente a R$7,5 milhões, da filantropa americana MacKenzie Scott. O IDIS é uma organização da sociedade civil que, há 25 anos, trabalha para fortalecer a filantropia estratégica e seu impacto positivo na sociedade, por meio de apoio estratégico a investidores sociais, entre eles empresas, famílias filantropas e organizações sociais. A notícia foi pauta no jornal O Globo.

O recurso recebido será integrado ao fundo patrimonial do IDIS, mecanismo também conhecido como endowment, que será criado este ano, em comemoração aos 25 anos da organização, e tem como meta a captação de R$25 milhões.

“Os rendimentos da aplicação dos recursos do Fundo Patrimonial serão destinados para expandir nossa atuação no fortalecimento da filantropia no país, uma vez que nos oferece maior estabilidade no longo prazo. É o reconhecimento da relevância do IDIS e do potencial que temos para gerar ainda mais impacto positivo”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS. 

Confira a matéria completa.

Equipe IDIS

Protocolo SROI é tema em podcast sobre desenvolvimento sustentável

O ‘SROI – Social Return on Investment‘ (ou Retorno Social sobre Investimento) é um protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade por meio dessa iniciativa.

Para uma abordagem mais aprofundada desse protocolo e sua importância na potencialização do impacto social, Denise Carvalho, gerente do IDIS e especialista em avaliação de impacto, participou do podcast ‘O beabá da Sustentabilidade’ em um episódio especial sobre essa ferramenta de avaliação.

É uma metodologia muito participativa. O envolvimento das organizações é fundamental em todo o processo. Temos em todos os momentos da avaliação devolutivas sobre os resultados, tudo é feito em parceria e de forma consultiva, destaca Denise Carvalho.

Você pode ouvir o programa completo aqui.

Agenda ESG é norte para longevidade das empresas; pauta é destaque no jornal O Globo

O Brasil, embora uma nação jovem, já abriga grandes corporações centenárias que se destacam por sua consistente inovação e adaptação às novas tecnologias e mudanças sociais ao longo de décadas. Esse fenômeno foi destacado em matéria do jornal O Globo.

Um dos direcionamentos recentes para essas empresas tem sido a Agenda ESG. Paula Fabiani, CEO do IDIS, ressalta que as grandes corporações centenárias desempenham um papel relevante na modernização da economia do país, impulsionando práticas sociais, ambientais e de governança, atualmente agrupadas na sigla em inglês ESG.

“Ter visão de cidadania, de desenvolvimento do país, até para que elas tenham mercado e se desenvolvam, é importante. Essas companhias têm influência na agenda ESG. Puxam sua cadeia de fornecedores, consumidores, trazendo quem está alinhado às suas boas práticas. E atraem talentos. Já vimos empresas de grande empresas de grande porte perderem valor por corrupção, falta de ética, impacto ambiental negativo. Para quem busca longevidade, não ter responsabilidade social é um risco muito grande”, diz Paula Fabiani, CEO do IDIS

Confira a matéria completa aqui.

Responsabilidade e confiança: conheça o Trust Based Philanthropy

Por Aline Herrera, Letícia dos Santos e Luiza Helena, integrantes do time de consultoria do IDIS

Investidores sociais que atuam essencialmente no financiamento de projetos e iniciativas de terceiros correspondem a menos de 25% entre institutos, fundações e empresas, de acordo com o último Censo GIFE. Dentre os investidores sociais considerados como híbridos – ou seja, que tanto executam, como financiam projetos (41% da amostra da pesquisa), a maioria – cerca de 55% – possui um perfil mais voltado para a execução de projetos do que para o financiamento.

O volume de recursos repassados a terceiros em 2022 correspondeu a 37% do volume total do investimento social privado (ISP) realizado, o equivalente a R$ 1,8 bilhões. Mais da metade desses recursos foram recebidos por organizações da sociedade civil (OSCs), escolhidas principalmente pela sua confiabilidade, transparência e conhecimento em suas áreas de atuação. Ao relatarem as dificuldades em investir em OSCs, os investidores sociais apontam para os desafios no monitoramento e avaliação das iniciativas, bem como a fragilidade na gestão ou baixa capacidade das OSCs que buscam apoio.

Do outro lado, a pesquisa Periferias e Filantropia: As barreiras de acesso aos recursos no Brasil, realizada pelo Instituto PIPA, em parceria com o Instituto Nu, evidencia que 95% dos respondentes, responsáveis pela implementação de iniciativas socioambientais na periferia, relataram dificuldades para acessar financiamento. Esses obstáculos impostos às organizações da sociedade civil nos leva à seguinte pergunta: como o investimento social privado pode ir mais longe no enfrentamento das desigualdades sociais?

Uma das respostas já no radar de quem pensa nos limites e avanços no campo da filantropia é simples: a confiança. No texto ‘Aprofundando a conversa sobre a importância de confiar, a ativista Joana Mortari sinaliza que há um reconhecimento do setor sobre a necessidade de desenvolver a confiança, no entanto, é necessário partir para o próximo passo, desenvolver o exercício de confiar. 

Assim, este texto traz reflexões acerca do papel dos investidores sociais privados, sobretudo enquanto financiadores grantmakersou seja, que repassam recursos a terceiros – neste caminho de relações mais inovadoras e horizontais, fundamentadas nos princípios da Trust Based Philanthropy, em português filantropia baseada em confiança.

 

 

O contexto do Trust Based Philanthropy

 

“Acreditamos que as equipes com experiência na linha de frente dos desafios saberão melhor como colocar o dinheiro em bom uso”.

Mackenzie Scott

 

O trecho destacado foi retirado de uma reflexão da filantropa Mackenzie Scott, feita após a realização de mais uma de suas doações bilionárias. A americana, que detém 4% das ações da Amazon, é conhecida por realizar doações robustas e irrestritas a organizações sem fins lucrativos ao redor do mundo, totalizando mais de US$ 16,5 bilhões repassados.

Esse modelo de doação começou a se fortalecer em 2020, durante a pandemia, para fundos de auxílio emergencial destinados ao apoio à vítimas e se estendeu a organizações da sociedade civil que atuam em prol das comunidades, as quais historicamente enfrentam mais dificuldades no acesso a recursos financeiros.

A pandemia escancarou (não só para Mackenzie Scott) a necessidade da atuação filantrópica pelo mundo, especialmente diante dos inúmeros cenários de calamidade e urgências sociais desencadeados pela disseminação da Covid-19. O cenário foi a catálise para a discussão da necessidade de uma doação simplificada ganhar ainda mais força, procurando redesenhar as relações e os vínculos entre organizações e investidores. 

De acordo com o material Filantropia Baseada em Confiança: Ferramenta de Autorreflexão, proposto pelo GIFE, a adoção dos valores da Filantropia Baseada em Confiança parte de uma análise interna em torno de 4 pontos centrais: a cultura organizacional do investidor, os seus processos de tomada de decisão, as estruturas através das quais opera e, por fim, suas práticas. Portanto, discutiremos a seguir caminhos para iniciar essa jornada em direção à confiança.

 

Como o Trust Based Philanthropy pode virar o jogo?

Para mudar as regras do jogo e tornar a filantropia uma ação mais democrática e convidativa, o Trust Based Philanthropy ressignifica posições, trazendo maior paridade entre o papel dos atores envolvidos na luta pela garantia da equidade social. 

As práticas mais difundidas por essa modalidade de grantmaking consistem em promover uma ‘doação livre’ (não vinculada a projetos), irrestrita (sem restrição de alocação orçamentária), e multi-anual. Na ponta, praticar uma filantropia baseada na confiança requer um exercício de escuta ativa das necessidades dos beneficiados. Valores como flexibilidade e transparência são essenciais para garantir que as demandas e limitações sejam compreendidas dos dois lados da relação. Aqui, também vale a construção de relações mais próximas e humanizadas entre doador e beneficiário, simplificando fluxos de trabalho e partindo da premissa do Trust based Philanthropy de que deve haver uma mudança na relação com o financiador, que sai da posição de ‘patrão’ e passa a ser parceiro. Assim, uma boa alternativa passa por criar espaços de feedback, já que 67% das organizações recebedoras de doações relatam que essa prática, mesmo que ocorra, não é institucionalizada.

Outra ação possível é a não restrição do recurso doado. É comum que o repasse de recursos seja estritamente direcionado para custos diretamente relacionados ao projeto, sem considerar a sustentabilidade e a estruturação da organização que o executa. Nesse sentido, pensar em uma doação livre e irrestrita é garantir autonomia para que as organizações façam o gerenciamento de seus recursos com base no que identificam como mais prioritário, levando em conta sua sobrevivência, a ampliação e escalabilidade dos projetos. Aqui, cabe também a proatividade dos doadores em entender as prioridades da organização e possíveis oportunidades adicionais de apoio.

Também para esse fim, uma boa prática é a promoção de capacitação técnica, feita de forma voluntária e gratuita, das organizações apoiadas, orientando-as sobre ferramentas que podem auxiliar a gestão e continuidade dos projetos, como Teoria da Mudança e indicadores. Também segundo a pesquisa Periferias e Filantropia da Iniciativa Pipa, 95% das organizações sociais em territórios periféricos respondentes sinalizaram que gostariam de receber formação sobre gestão financeira e de projetos e acreditam que a formação impacta na capacidade de captação de recursos financeiros. 

 

Quais são os desafios para essa prática?

Como aponta a Charities Aid Foundation no World Giving Index de 2023, fortalecer um ecossistema robusto de filantropia requer não apenas a adoção de boas práticas de governos e financiadores internacionais, mas também um trabalho contínuo das organizações da sociedade civil em relação à sua governança e transparência, a fim de conquistar a plena confiança pública. 

Neste ponto, é evidente como a prática da filantropia baseada em confiança funciona em uma via de mão dupla, onde tanto os financiadores quanto as organizações precisam confiar uns nos outros, além de ambos ouvirem as pessoas e comunidades impactadas. Também é imprescindível para essa prática que a organização recebedora da doação esteja disposta a compartilhar informações-chave sobre sua estratégia e atuação, garantindo assim a horizontalidade e a co-construção entre as partes envolvidas, tanto no recebimento quanto no repasse de recursos.

Para muitos investidores sociais, investir em organizações com projetos próprios ainda é visto como um risco, seja pela falta de transparência ou por um desconhecimento da metodologia baseada na confiança. Nesse sentido, o crescimento da prática é exponencial: quanto mais executada e divulgada, mais amplamente difundida se torna a metodologia e maior a tendência de adesão. Causas originárias de movimentos sociais que já pleiteam representação e equidade estão abrindo fronteiras nessa modalidade, dando voz a grupos invisibilizados e investindo em fundos com práticas embasadas na co-criação e nas práticas de confiança, como o Fundo Fós Feminista (dedicado às questões de gênero) e o The Black Fund (voltado para questões raciais).

 

Estudo de Caso: Instituto Chamex e Transformando Territórios

Apesar da modalidade de Edital não ser a mais apropriada para esses princípios, organizações que queiram se iniciar nesse tema, ou que apresentem uma menor capacidade institucional de promover essas mudanças sistêmicas, também podem aderir a esse movimento a partir de ações mais simples em seus processos já existentes de repasse de recursos.

O IDIS incentiva seus parceiros e clientes a praticarem princípios da filantropia baseada na confiança dentro de suas práticas de grantmaking. Um dos financiadores que trabalha junto com nossa equipe de consultoria, o Instituto Chamex, tem evoluído a cada ano em sua abordagem junto às organizações financiadas. Desde a primeira Edição do Edital Educação com Cidadania, o Instituto preza por uma relação aberta e direta com seus beneficiários. 

Além do aporte financeiro, as cinco organizações contempladas pelo edital também passam por um workshop de Teoria da Mudança e construção de indicadores junto à equipe especialista do IDIS, garantindo que o acompanhamento dos projetos seja de qualidade, bem como fortalecendo sua permanência e replicabilidade. No último ano, a 3ª Edição do Edital Educação com Cidadania abriu espaço para que até 50% do recurso aportado seja utilizado para despesas de pessoal (próprio ou terceirizado) e até 10% para despesas administrativas (como água, luz, aluguel e outras), mantendo a diretriz para a Edição deste ano.. 

Como ação adicional, as organizações finalistas e contempladas são convidadas para integrarem o Portal de Projetos, uma iniciativa estilo vitrine desenhada para atração de parceiros e divulgação do trabalho social desenvolvido. 

Dando um passo à frente, o programa Transformando Territórios (TT), do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation, visa apoiar Fundações e Institutos Comunitários (FICs). Essas organizações atuam no fortalecimento de um determinado território como pontes entre organizações e iniciativas sociais locais, doadores, sociedade civil e poder público. Na modalidade de Filantropia Comunitária, as FICs analisam o território em que estão inseridas de forma integral, possuindo total autonomia para alocar os recursos conforme necessidades e prioridades da região. Dessa forma, os repasses financeiros e o apoio técnico são direcionados de maneira mais eficaz para o fortalecimento local.

O grande trunfo do TT consiste nos seus valores estruturantes, sendo estes pilares para uma filantropia orientada por confiança. A defesa do protagonismo comunitário, valores democráticos, transparência, práticas sustentáveis e atuação em rede, promove um engajamento ativo das comunidades locais como impulsionadoras do desenvolvimento regional. Isso estimula processos participativos, liberdade de expressão e respeito à diversidade por meio de iniciativas colaborativas voltadas para a conscientização e o cuidado com os recursos naturais. Tudo isso é complementado pela ênfase na comunicação transparente, incentivando o compartilhamento de informações e a divulgação de dados.

Esse modelo de gestão, atrelado a uma doação irrestrita e plurianual estabelece uma relação de confiança entre o doador (empresas e parceiros apoiadores do TT) e as organizações diretamente impactadas (FICs). Parte-se do princípio de que a atuação das FICs pode ter um impacto maior no território do que doações diretas verticalizadas. Além disso, o aporte tem um papel de fortalecer o desenvolvimento institucional das FICs, promovendo essas organizações no território brasileiro não apenas por meio de recursos financeiros, mas também por meio de capacitações e assistência técnica.

As doações podem ser realizadas por empresas e filantropos, adotando organizações ou territórios do programa. Caso tenha interesse, visite o site ou entre em contato com o IDIS.

 

A mudança que esperamos

O IDIS vem se aprofundando nessas novas tendências de filantropia. A última edição do Perspectivas para a Filantropia no Brasil, destacou que o apoio ao fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil, do ponto de vista da governança e transparência, pode gerar mudanças catalisadoras em direção a níveis mais elevados de confiança, em um círculo virtuoso. 

Conheça mais cases e entre em contato para construirmos esse caminhos juntos.

Renda e doações em países de renda média: evidências do Brasil

A renda desempenha um importante papel na formação do comportamento social, especialmente no contexto das doações para causas sociais. No entanto, a literatura existente apresenta resultados contraditórios ao abordar as nuances dessa relação.

Em um artigo publicado na revista acadêmica Journal of Philanthropy and Marketing, na plataforma Wiley, Paula Fabiani, CEO do IDIS, juntamente com Marcos Paulo de Lucca Silveira e Flavio Pinheiro, avaliaram as principais hipóteses sobre a influência da renda nas doações para causas sociais. Eles se basearam em dados da Pesquisa Doação Brasil 2020, que envolveu 2099 respondentes no Brasil. Este estudo contribui com novas evidências para o tema, especialmente no contexto de um país latino-americano de renda média, um aspecto frequentemente negligenciado em análises anteriores. A análise concentrou-se em como a renda familiar de um indivíduo influencia três aspectos-chave: a probabilidade de doação, o valor doado e a proporção da renda doada.

Os resultados indicam que os indivíduos de famílias com renda mais alta tendem a doar quantias maiores de dinheiro, mantendo a mesma proporção de renda doada que outras famílias com menor renda. No entanto, a renda familiar não parece ter um impacto significativo na probabilidade de doação ou na proporção da renda doada.

Confira o artigo completo aqui.

Vaga de Estágio em Contabilidade

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estudantes de Ciências Contábeis.

Atuamos desde 1999 com foco no fortalecimento do Investimento Social Privado no Brasil e o estímulo a ações transformadoras da realidade para a redução das desigualdades sociais no país.

O IDIS conta com um time de 50 pessoas dedicadas a desenvolver e implementar projetos de grande impacto que estimulem o desenvolvimento de um ecossistema de Investimento Social que atue de forma eficaz e estratégica. Oferecemos consultoria em investimento social para empresas, famílias, filantropos e organizações da sociedade civil. Além disso, desenvolvemos projetos de impacto, como campanhas e a promoção de advocacy, e investimos na geração de conhecimento, com a produção de pesquisas, artigos e publicações.

Para fortalecer a organização e nossa atuação, buscamos uma pessoa estagiária de contabilidade.

Acesse a vaga na 99jobs e inscreva-se

RESPONSABILIDADES e oportunidades

  • Classificar documentos fiscais;
  • Auxiliar na preparação de balanços e demonstrativos financeiros;
  • Conciliação sistema X razão e balancete;
  • Extrair relatórios do sistema (DRE, BP, razão, balancete);
  • Organizar, digitalizar e arquivar documentos financeiros;
  • Contribuir para a organização dos processos de auditoria;
  • Prepara e organizar documentos para auditorias externas;
  • Verificar conformidade com normas contábeis e tributárias;
  • Conferir extratos e aplicações financeiras;
  • Auxiliar na rotina geral da área financeira;
  • Emitir através de ERP e classificar notas fiscais;
  • Salvar extratos bancários;
  • Salvar comprovantes de pagamento quinzenalmente.

requisitos

  • Cursando Ciências Contábeis;
  • Familiaridade com ferramentas financeiras;
  • Compreensão dos princípios básicos e financeiros;
  • Conhecimento intermediário em Excel;
  • Habilidades interpessoais: desenvolvimento de responsabilidade, comunicação eficiente, sinceridade, trabalho em equipe, adaptabilidade, ética profissional, empatia.

diferenciais

  • Contato com algum ERP;
  • Conhecimentos em Departamento pessoal.

BENEFÍCIOS

  • Bolsa Auxílio
  • Seguro de Vida
  • Vale-Transporte
  • Vale-Alimentação
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off no aniversário
  • Tipo de trabalho – Híbrido

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 3 de junho.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

 

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

               

‘Rede do bem’ contra efeitos da tragédia no RS é destaque na Veja; Paula Fabiani fala sobre Geração Z e Pesquisa Doação Brasil

Em meio à recente devastação provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, um exército de voluntários, composto por pessoas anônimas e famosas, tem se mobilizado pelo espírito de solidariedade e senso de urgência, surgidos após a tragédia. A revista Veja destacou algumas dessas iniciativas em uma reportagem.

Embora o viés emocional e pontual ainda prevaleça nas contribuições, há sinais de que a cultura da solidariedade esteja ganhando espaço no país, especialmente entre a Geração Z (jovens entre 18 e 27 anos). Em 2022, 84% dos jovens realizaram algum tipo de auxílio, seja por meio de doações, trabalho voluntário ou assistência a desconhecidos, conforme a Pesquisa Doação Brasil, coordenada pelo IDIS.

 

Além disso, 74% desse grupo demonstrou compreensão sobre o trabalho das ONGs. “Essa parcela da população já compreende que fortalecer organizações civis contribui para uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Confira a matéria completa aqui.

Socioambiental: a integração das esferas social e ambiental

por Yasmim Araujo Lopes, estagiária da célula ESG no IDIS

A busca pela sustentabilidade tem se tornado uma meta fundamental para as organizações, considerando o seu valor para a sociedade e preservação de recursos naturais e meio ambiente, além de ser benéfico para o desenvolvimento e crescimento da própria organização. Essa busca envolve as esferas econômica, social e ambiental, que, apesar de serem frequentemente abordadas de maneira separada, possuem alta correlação. 

O atual cenário de adoção de práticas sustentáveis se torna ainda mais frequente pela emergência das mudanças climáticas. Essas mudanças são, segundo o sexto relatório Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, indiscutivelmente causadas devido às atividades de uso insustentável de energia, do uso da terra e da mudança no uso da terra, e dos estilos de vida e dos padrões de consumo e produção desiguais, resultando em altas emissões de gases de efeito estufa. Estas alterações já causaram um aumento de 1,1ºC na temperatura superficial média do planeta em comparação com a época pré-industrial. Seus impactos abrangem desde saúde e bem-estar humano, até a biodiversidade e ecossistemas.

 

Mas, afinal, como as esferas ambiental e social se atravessam?

De maneira geral, é verdade que todas atividades econômicas têm algum impacto ambiental e social. Com a evolução da sustentabilidade empresarial, hoje incorporada à agenda ESG (em tradução, ambiental, social e governança), as organizações buscam mitigar seus impactos dentro da esfera social e ambiental, por meio de iniciativas que vão desde diversificação de portfólio de produtos e de fornecedores até o engajamento de stakeholders e ações de investimento social privado (ISP). A complexidade da correlação das esferas social e ambiental pede que essas iniciativas também sejam complexas. 

Apesar do meio ambiente ser entendido no senso comum apenas como os elementos do mundo natural (água, ar, solo, biodiversidade de animais e plantas), seu conceito é mais abrangente. Geralmente, o meio ambiente inclui não apenas esses elementos do mundo natural, mas também, as relações entre pessoas e o local onde vivem, considerando aspectos políticos, econômicos, culturais, de saúde etc. Dessa maneira, ao abordar iniciativas ambientais, já se presume um olhar integrado que considere também a dimensão social

Alterações na esfera social frequentemente vão estar associadas a impactos ambientais de diversos níveis, e vice-versa. Entre os diversos possíveis impactos e correlações, no exemplo a seguir vamos focar no impacto hídrico, ou seja, as alterações que acontecem nas águas:

Percebe-se então, por meio deste exemplo, o funcionamento interdependente dessas esferas. Mas, existiria a  possibilidade de atuar com um projeto ambiental, mesmo que em local remoto, sem interações diretas com a sociedade? De início, aparentemente sim, porém ao se considerar os impactos sistêmicos do meio ambiente – ou seja, o meio natural e suas relações com a sociedade – fica claro que a interdependência dos conceitos é inerente. O mesmo vale para um projeto social; é necessário considerar os fatores ambientais.

Portanto, é evidente a necessidade da abordagem conjunta das esferas. Não considerar a transversalidade socioambiental dentro dos projetos e iniciativas diminuem seus impactos efetivos e sua capacidade de abrangência. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, já afirmou a necessidade da integração de todos os atores da sociedade e ações transversais que lidem com a complexidade da interdependência entre clima, ecossistemas, biodiversidade e  sociedades humanas, quando se trata de mudanças climáticas, e o mesmo se aplica a integração socioambiental.

 

O papel da filantropia e do Investimento Social Privado

A interdependência das esferas e, consequentemente, das causas associadas a cada uma delas, forma um problema complexo no qual a filantropia e o investimento social privado já estão bem equipados para atuar, sem perder o foco no beneficiário, ou seja, aqueles mais afetados pelos danos socioambientais.

Em nosso material, Perspectivas Para a Filantropia No Brasil 2024, abordamos a policrise gerada por essa interdependência das esferas e a transversalidade de causas e respostas tem destaque, deixando como aprendizado a incorporação na estratégia de atuação do ecossistema dos temas com os quais lidamos. Incluir nos projetos as conexões, os atores envolvidos, as causas e as consequências propicia decisões mais assertivas para a geração de mudanças estruturais

Essa atuação transversal pode ser observada, por exemplo, no Edital da Água, do Instituto Mosaic, que incentiva projetos comunitários voltados para a gestão dos recursos hídricos, e que também trabalhem com agricultura sustentável. 

No edital de 2024, o Instituto oferece até R$45 mil para pelo menos 12 projetos que contribuirão com a ODS 6 –  Água Potável e Saneamento – da Agenda 2030 da ONU, através boas práticas de gestão de recursos hídricos, aumento da disponibilidade e acesso de água e saneamento, ampliação de sistemas de coleta e tratamento de esgoto e água, preservação e restauração de ecossistemas relacionados com a água, qualificação profissional de organizações da sociedade civil e cooperação intersetorial.

 

O IDIS na promoção da atuação socioambiental

Por meio de um investimento social privado bem planejado e monitorado, as empresas podem navegar melhor nas relações entre o Social e o Ambiental, tangibilizando seu compromisso socioambiental com públicos-chave. Além disso,  podem engajar partes interessadas em processos colaborativos para a resolução de problemas sociais e ambientais complexos. 

O IDIS oferece apoio técnico a famílias, empresas e organizações sociais que desejam iniciar ou aprimorar seu investimento social privado com uma visão integrada do E do S. Atuamos de forma customizada e participativa em 6 frentes de atuação.

Para mais detalhes, entre em contato conosco em comunicacao@idis.org.br

 

Referências bibliográficas

BURSZTYN, Maria. A. e BURSZTYN, Marcel. Fundamentos de política e gestão ambiental: os caminhos do desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2012

MONZONI, Mario; CARREIRA, Fernanda. O metaverso do ESG. GV Executivo, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 4-11, 16 mar. 2022. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/gvexecutivo/article/view/85510/80703. 

Programa Juntos pela Saúde lança relatório de atividades 2023

Documento detalha as ações do primeiro ano do Programa e os principais resultados alcançados, garantindo transparência perante à sociedade e parceiros.

Acesse aqui o relatório de atividades 2023 do programa.

Iniciado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gerida pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Em parceria com doadores privados, o Programa busca reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde vivem aproximadamente 75 milhões de pessoas e, destas, 9 entre 10 dependem exclusivamente do SUS (IBGE, 2020). A alta demanda gera desafios importantes, como baixa disponibilidade de médicos, infraestrutura precária e acesso deficiente aos dados de saúde da população.

“Em sua atuação, o Juntos pela Saúde prioriza os municípios com menos de um médico a cada mil habitantes e, sob a lógica de captação do matchfunding, tem a perspectiva de destinar, até 2026, aproximadamente R$ 200 milhões (R$ 100 milhões de apoiadores e R$ 100 milhões do BNDES) para projetos de saúde que visem beneficiar atividades de atendimento às populações que vivem nestas regiões do país, incluindo os serviços da atenção primária; a média e a alta complexidades; os serviços de urgência e emergência e o apoio diagnóstico” explica Carla Reis, Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde da Área de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES. 

O relatório anual de atividades é um instrumento de gestão e transparência e detalha as ações e resultados do Programa. 

Principais conquistas

Em seu ano inaugural, o foco do Juntos pela Saúde  incluiu a estruturação institucional e operacional, a formação da equipe  e de uma rede ampla, formada por parceiros estratégicos, que teve papel chave em todas as conquistas alcançadas até aqui.

Cinco importantes apoiadores chegaram para somar ao Juntos pela Saúde, doando um total de R$ 97.083.148,32. São eles: Fundação Vale, Grupo RD, Instituto Dynamo, Umane e Wheaton.

O recurso captado começou a ser destinado, permitindo o início de três grandes projetos: Ciclo Saúde Proteção Social, executado pelo CEDAPS, Painel de Indicadores de Saúde Mental e ImpulsoPrevine, ambos sob a responsabilidade da  ImpulsoGov. Juntos, beneficiarão quase 300 municípios. 

“A gestão desta iniciativa do BNDES contribui para a destinação de doações alinhada a políticas públicas.” explica Luiza Saraiva, gerente de projetos do IDIS responsável pela condução do Programa. Em 2024, além da captação de recursos e destinação para projetos, terá início o processo de acompanhamento para avaliação dos impactos gerados. 

Para conhecer os parceiros e executores, os modelos operacionais do Programa, os comitês e instâncias de avaliação, o detalhamentos das ações desenvolvidas e o reporte financeiro, baixe o relatório gratuitamente no site do Programa Juntos pela Saúde.

Como fazer uma Teoria da Mudança consistente para sua avaliação de impacto?

Por Isadora Pagy, analista da área de monitoramento e avaliação do IDIS

A Teoria da Mudança (TdM ou TM) é uma ferramenta muito valiosa tanto para o planejamento estratégico de uma iniciativa, quanto para a avaliação de impacto. O processo de sua construção pode ser desafiador e gerar muitas dúvidas, então, elaboramos uma série de dicas que podem te ajudar.

Antes de tudo, é preciso entender o que é, para que serve e como sistematizar uma Teoria de Mudança.

Quando utilizamos a TdM com o intuito de avaliar o impacto de uma determinada iniciativa, ela apoia na maior compreensão das relações causais do projeto ou programa em questão, trazendo um resumo dos públicos-alvo que foram beneficiados pela iniciativa, das atividades que foram realizadas, dos impactos que se espera gerar e do objetivo estratégico a ser alcançado.

Entender quem são os stakeholders

Assim, o processo de sistematização se inicia por um mapeamento de quais foram os stakeholders, ou partes interessadas, envolvidos no projeto. Busca-se entender quem foram os beneficiários diretos, indiretos, os executores, parceiros e investidores da iniciativa. E, com isso, definimos quem será consultado para a construção da TdM.

1 – Saiba separar quem são os beneficiários diretos e quem são atores intermediários. Por exemplo, muitos projetos que trabalham com educação realizam atividades com escolas, mas tem como objetivo impactar as crianças que frequentam as aulas. É possível que os públicos de gestores pedagógicos sejam apenas intermediários para beneficiar os estudantes, não sendo considerados beneficiários diretos. Muitos projetos se deparam com ausência de informações e base de dados de seu público beneficiário direto, por não definir bem, logo no início da intervenção o seu púbico principal e assim, consequentemente, não coletar e monitorar dados a contento, o que por sua vez cria dificuldades a pretensão de uma avaliação de impacto.

 

A importância de um escopo bem definido

Em seguida, passamos para a definição de quais foram as atividades realizadas pelo projeto. Para isso, é importante realizarmos uma análise dos materiais e documentos do mesmo, o que nos dará insumos para maior compreensão sobre o que foi inicialmente proposto para ser realizado e aquilo que aconteceu de fato. Alinhado a isso, é realizada uma série de entrevistas com a equipe técnica da iniciativa para entendermos como foi a sua execução e se houve mudanças de rumo relevantes.

2 – Seja curioso! Entenda o que aconteceu na prática e fora do papel, questione os dados e busque uma compreensão maior do projeto.

3 – Tenha um escopo bem definido. Se houve mudanças metodológicas muito grandes, talvez não seja possível incluir todas as iniciativas de uma organização. E talvez nem todas estejam ajudando a alcançar um objetivo de longo prazo único e consistente.

Escuta ativa

Definidas as atividades realizadas, investigamos aquilo que mudou na vida das pessoas que participaram do projeto ou programa. Nessa etapa, realizamos entrevistas com os beneficiários e buscamos ir além de resultados imediatos e nos aprofundar nos impactos de médio e longo prazo que a intervenção gerou. Para isso, preste atenção nos seguintes pontos:

4 – Tenha uma escuta ativa. Busque proporcionar um espaço confortável para que os entrevistados falem abertamente sobre o impacto que sentiram e tente não os influenciar presumindo impactos que não foram ditos.

5 – Cuidado com o double counting, ou dupla contagem. Principalmente se você estiver realizando uma avaliação que envolve uma etapa de monetização, evite contar o mesmo impacto duas vezes, estruturando uma cadeia de causalidade entre os resultados e impactos mapeados. Por exemplo, em uma iniciativa de geração de emprego e renda que trabalha com cursos profissionalizantes, os participantes relatam ampliação de conhecimento técnico em informática e um aumento de renda por conta do emprego que conseguiram através desses novos conhecimentos. Nesse caso, uma das mudanças (conhecimento) gera a outra (emprego), se monetizarmos ambas, estaremos contando duas vezes o impacto da mesma cadeia de causalidade, superestimando assim o impacto gerado pelo projeto.

Por fim, entendemos qual é o objetivo estratégico que aquela iniciativa tentou (e possivelmente conseguiu) alcançar com suas atividades. Isso pode ser feito relembrando alguns dados já coletados e respondendo algumas perguntas importantes: O que foi realizado? Para quem foi realizado? Por quê? Com qual ambição?

Nem sempre a equipe técnica terá uma mesma visão sobre o objetivo estratégico, mas realizando uma consulta com atores importantes e respondendo essas perguntas, o processo de estabelecimento de um objetivo pode ser facilitado. O que nos leva a última dica:

6 – Não esqueça de validar seus entendimentos com a equipe executora. A apresentação da TdM para quem realizou o projeto na ponta é muito importante. Esse é o momento para todos ficarem na mesma página e obtermos um escopo bem definido, o que facilitará nos próximos passos da sua avaliação de impacto.

O processo de construção de TdM é tão importante quanto seu resultado, ao percorrer o passo a passo o avaliador consegue compreender melhor o acesso aos beneficiários e a disposição de dados do projeto, e assim reavaliar o escopo e o desenho de avaliação. Reduzindo as chances de futuros infortúnios que oneraria a avaliação em tempo e recursos.

Tendo cumprido essas etapas, podemos sistematizar a Teoria de Mudança de forma visual e utilizá-la como uma ferramenta que guiará o restante da avaliação, caso você vá realizar uma pesquisa qualitativa ou quantitativa, por exemplo.

Livro sobre vivência de mulheres no terceiro setor, com coautoria de Paula Fabiani, é lançado em São Paulo

Aconteceu em abril, em São Paulo, o lançamento oficial do livro ‘Mulheres do Terceiro Setor’. O evento contou com a presença de dezenas de pessoas, entre parceiros, colegas, amigos e familiares das autoras. A publicação é uma iniciativa da Editora Leader e faz parte do Selo Editorial Mulheres.

A publicação conta a história de Paula Fabiani e de outras mulheres importantes no terceiro setor brasileiro. Em seu capítulo intitulado ‘A inquietude por um mundo mais justo’, Paula reflete sobre sua trajetória pessoal e como essa experiência influenciou sua carreira. Ela compartilha reflexões sobre sua vida, suas fontes de inspiração, bem como os desafios e dificuldades que enfrentou.

“Nas organizações do terceiro setor pelas quais passei, incluindo o IDIS, sempre encontrei um ponto em comum: a dedicação à missão de melhorar a vida das pessoas e do planeta. Este livro conta histórias de mulheres incríveis que buscam gerar impacto positivo no mundo de diversas maneiras. Me sinto muito honrada por contribuir compartilhando um pouco da minha história. Que esta obra inspire outras mulheres, assim como eu fui e continuo sendo inspirada por tantas outras”, conta Paula Fabiani.

Além de Paula, o livro também conta com a coautoria de Ana Paula Paixão, Bianca Provedel, Camila Rocha e Silva, Carla Lettieri, Daniele Torres Cordeiro, Elisangela Machado, Jenifer Santos, Kátia de Marco, Luiza Serpa, Margareth Goldenberg, Marina Costa Cruz Peixoto, Ro Santiago, Taiana Jung e Ulla Ribeiro Araújo. O prefácio é de Isabel Fillardis e o prólogo de Silvia Naccache.

Para adquirir uma cópia, acesse aqui.

Paula Fabiani, coautora do livro e CEO do IDIS, e Andréia Roma, idealizadora do Selo Editorial Mulheres

Relatório de atividades IDIS 2023: mais ousados do que nunca

A ousadia é inerente ao ser humano, mas deve ser desenvolvida, experimentada e aprimorada. Este foi o tema não apenas do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, mas também da jornada do IDIS ao longo do ano. Precisamos de coragem, criatividade, planejamento e persistência para enfrentar desafios e assumir riscos. Em 2023, o IDIS foi mais ousado que nunca!

Seja entre iniciativas internas ou em colaborações com outras organizações do setor, a ousadia deu propulsão à nossa atuação baseada no tripé de geração de conhecimentoconsultoria e projetos de impacto. Durante esse caminho, continuamos com nossa missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto. As histórias foram reunidas em nosso Relatório de Atividades.

Acesse e baixe o Relatório de Atividades IDIS de 2023. 

Conheça os destaques!

NOSSOS NÚMEROS

Nossa equipe de consultoria conduziu 54 projetos, abrangendo áreas como planejamento estratégico, estruturação e gestão de fundos patrimoniais, gestão de doações e avaliação de impacto. Incluímos, também, oficialmente em nossa oferta, serviços relacionados à agenda ESG e a relação com o Investimento Social Privado.

Já na área de conhecimento, continuamos com nossa vocação de refletir sobre tendências, ler cenários e sistematizar conceitos e metodologias. Foram 50 novos produtos, incluindo publicações, artigos e notas técnicas lançadas e eventos. Lançamos a segunda edição do Perspectivas para a Filantropia no Brasil, realizamos mais uma edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que mais uma vez aconteceu de forma híbrida, e realizamos a Pesquisa Doação Brasil 2022. Apoiamos o desenvolvimento, adaptação e tradução de estudos de organizações parceiras internacionais, como o Arquétipos da Filantropia, da Rockefeller Philanthropy Advisors, e o World Giving Index 2023, da CAF. Ao todo, recebemos 170 mil acessos aos nossos conteúdos.

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023

Os projetos de impacto que o IDIS implementa e lidera continuaram avançando. No âmbito do programa Transformando Territórios, em parceria com a Charles Mott Foundation, tivemos como um dos focos a ampliação da rede, trazendo novos líderes e organizações para atuarem neste modelo. A partir de uma chamada pública, encontros e pesquisa ativa, cinco novos grupos de iniciativa passaram a integrar o Programa, totalizando 17 organizações participantes. Em setembro, reunimos todos em São Paulo, para o 2° Seminário Transformando Territórios.

2° Seminário Transformando Territórios

Ao longo do ano, a Coalização pelo Fundos Filantrópicos, liderada pelo IDIS, continuou sua atuação. Uma das principais pautas de nosso advocacy neste ano dizia respeito à regulamentação para que recursos proveniente de incentivos fiscais possam também ser destinados a fundos patrimoniais. No início de abril, tivemos uma vitória. A Instrução Normativa 1/2023 do Ministério da Cultura regulamentou o uso de incentivos fiscais destinados à Lei Federal de Cultura, popularmente conhecida como ‘Lei Rouanet’, para fundos patrimoniais voltados à área da cultura. Em agosto, avançou também o Projeto de Lei 2440/2023, que busca utilizar os incentivos fiscais já existentes na legislação brasileira para estimular doações a fundos patrimoniais filantrópicos de todas as causas. Em dezembro, a deputada Luisa Canziani apresentou o PL 6.185/2023, referente à permissão da dedução de valores doados a fundos patrimoniais constituídos nos termos da Lei nº 13.800/19 do Imposto sobre a Renda apurado pelas pessoas físicas ou jurídicas. Ainda nesta temática, lançamos mais uma edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022, e demos continuidade a atualização do Monitor de Fundos Patrimoniais, acompanhando a evolução do tema no Brasil.

Foi neste ano que teve início o grandioso Juntos pela Saúde, um projeto de impacto em parceria com o BNDES com o objetivo de destinar, até 2026, R$200 milhões para fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do país. Em apenas um ano de atuação, conquistamos quatro importantes apoiadores e estão em ação três projetos que abrangem quase 300 municípios.

 

PRESENÇA GLOBAL E PARCERIAS

Acreditamos que a pluralidade de opiniões, origens, histórias de vida e de repertório enriquecem o nosso trabalho e aumentam o nosso potencial de impacto. Por isso, em 2023, continuamos a celebrar a diversidade e investir no poder das parcerias.

Também participamos de redes temáticas, refletindo, cocriando, referendando e implementando ações. Contribuímos para o avanço de pautas relevantes para o fortalecimento do ambiente democrático, do Investimento Social Privado e da Cultura de Doação no Brasil.

Conheça os nossos parceiros institucionais e as redes das quais participamos em 2023.

 

QUEM FAZ PARTE DESSA HISTÓRIA

Quem constrói nossa história diariamente é quem faz parte do IDIS. Desde 2020, temos crescido não só em números de projetos, indicadores de impacto, eventos e parceiros, mas também em pessoas (ou querIDIS). Entre agosto de 2022 e agosto de 2023, tivemos um aumento de 50% em nossa equipe, levando à criação de novos processos e políticas de pessoas.

Com modelo de trabalho híbrido, ao longo do ano, foram promovidas uma série de ações de integração, formação e troca de conhecimento. Parte dessas iniciativas foi conduzida pelo Comitê de Diversidade, composto por membros da equipe IDIS, que também coordenou a segunda edição do Censo IDIS.

Conheça todos os detalhes das atividades do IDIS ao longo de 2023 em nosso Relatório de Atividades.

Equipe IDIS reunida em reunião de planejamento estratégico

O QUE NOS AGUARDA EM 2024

Entramos em 2024 cheios de planos e determinação, prontos para continuar inspirando, apoiando e ampliando o impacto do investimento social privado.

Além disso, é neste ano que celebramos 25 de anos de existência. Será um momento de muitas celebrações!

Em parceria com o Grupo MOL, estamos estruturando o Compromisso 1%, um movimento que incentiva empresas a destinarem pelo menos 1% de seu lucro líquido para organizações sociais e causas de interesse público. Estamos em busca de mais apoiadores para essa iniciativa.

No escopo do Juntos pela Saúde está previsto o encerramento da captação de recursos, atingindo a marca de R$ 100 milhões doados por apoiadores que serão dobrados pelo matching do BNDES. Em 2024, iniciaremos a avaliação de impacto dos projetos em execução.

No âmbito dos projetos de conhecimento, além de realizar mais uma edição de nosso tradicional Fórum e do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, destacamos a pretensão de iniciar um estudo com foco em filantropia familiar e captar recursos para a realização da Pesquisa Doação Brasil 2024, agora bienal.

Por fim, diante da crescente relevância da Agenda ESG, o IDIS investe no fortalecimento da equipe de consultoria com especialistas, desenvolvendo metodologias que apoiam investidores sociais em suas decisões, e na produção de conhecimento sobre o tema, com a publicação de um novo estudo a partir dos dados do ISE/B3.

Filantropia científica: o que tem sido feito e o futuro da prática

“Não é possível pensar em desenvolvimento sustentável sem considerar o desenvolvimento científico”. Essa foi uma das declarações do Dr. Marcos Kisil, médico e fundado do IDIS, durante o I Seminário Internacional ‘Ciência encontra Filantropia’. Durante um dia inteiro na Universidade de São Paulo (USP), líderes de diversas áreas discutiram o cenário, exemplos, estratégias e futuro da relação entre o desenvolvimento da ciência e filantropia, tanto no Brasil quanto no cenário internacional.

O evento foi organizado pelo Gema Filantropia (Grupo de Estudos de Modelos de Apoio à Ciência) – iniciativa do IEA-USP (Instituto de Estudos Avançados da USP) -, e pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal, com apoio do IDIS. O objetivo é estimular a colaboração entre as comunidades científicas e filantrópicas do Brasil. Líderes de universidades, institutos de pesquisa, entidades filantrópicas, agências de financiamento e autoridades governamentais de Ciência e Tecnologia e pesquisadores engajados na causa se reuniram no encontro.

Durante todo o dia, foi destacada a atual homogeneidade dos financiamentos na área da ciência, que provem principalmente setor governamental. Foi destacada a oportunidade para o setor filantrópico de colaborar nesses investimentos, dada sua independência e capacidade de experimentação e aceitação de riscos, características importantes e benéficas para o campo científico. A filantropia tem desempenhado um papel cada vez maior no apoio à ciência e à tecnologia, algo que ainda é incipiente no Brasil, mas já bem estabelecido em países como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e na Comunidade Europeia. O termo science philanthropy ou ‘filantropia científica’ foi criado para descrever essa tendência.

Durante a mesa ‘Discussão sobre as necessidades e propostas para um ambiente legal favorável à filantropia na ciência’, ao lado de Laís de Figueiredo Lopes, sócia da SBSA Advogados, Paula Fabiani, CEO do IDIS, enfatizou os fundos patrimoniais filantrópicos como uma alternativa estratégica de sustentabilidade financeira para o financiamento da ciência. Esses fundos, criados para receber doações destinadas a causas ou organizações específicas, permitem que os recursos recebidos permaneçam aplicados, e apenas os rendimentos sejam usados para custear a causa. Ela também apresentou um panorama da pauta dos fundos patrimoniais no legislativo, que atualmente conta com dois Projetos de Lei que propõem incentivos às doações aos fundos.

“A ciência tem um tempo próprio de maturação, exige experimentação e demanda investimento de longo prazo. Os fundos patrimoniais possibilitam que a causa possua recursos longevos, levando o tempo que for necessário”, comenta Paula.

O mecanismo dos fundos patrimoniais já é utilizado por diversas organizações científicas ao redor do mundo, como NIH Common Fund, Harvard University, The Endowment for Basic Science, e no Brasil, o próprio Fundo Patrimonial da USP, o Fundo Medicina Endowment FMUSP, entre outros.

Hélio Nogueira Cruz, membro da Faculdade de Economia e Administração da USP e ex-conselheiro do IDIS, indicou na mesa ‘Contribuições e projetos da Universidade de São Paulo no campo da filantropia científica’ que, apesar dos ganhos com o mecanismo, ainda há muito para ser feito. “A experiência dos fundos patrimoniais é recente e há um enorme espaço para sua evolução”, disse.

Reforçando a colaboração internacional e buscando inspiração em outras partes do globo, o evento também contou com a presença remota de Joseph R. Betancourt, presidente do Commonwealth Fund. A organização americana direciona os recursos de seu fundo ao apoio de pesquisas independentes de questões relacionadas à saúde, buscando promover um maior acesso e qualidade dos atendimentos, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica.

O Dr. Marcos Kisil participou da mesa ‘Estratégias e ações futuras para fortalecer a filantropia científica no Brasil’, destacando a importância da filantropia como apoio direto ao desenvolvimento científico. “Acho que as questões científicas começam a ter um realce maior para a sociedade no momento que você divulga que o desenvolvimento não pode acontecer por processos cíclicos, mas deve ser por um processo permanente e sustentável ao longo da história, no que a filantropia científica pode apoiar diretamente”, comenta.

Em outro momento, indicou como a filantropia é de fato uma ferramenta e plataforma poderosa, mas que pode também ser utilizada de forma equivocada por seus detentores. “Você tem filantropos que negam a ciência de tal forma, que hoje são financiadores do movimento antivacina nos Estados Unidos. Mostrando que esse poder, essa influência, essas redes de comunicação, podem ser contrárias a ciência”, diz.

Ao final do evento, houve o lançamento de seu novo livro ‘Filantropia de Risco: do desenvolvimento científico ao desenvolvimento sustentável’, que explora a necessidade do aprofundamento da relação entre filantropia e ciência no Brasil, com exemplos práticos do que já está sendo feito, e aprofundando as discussões levantadas ao longo do evento.

 

Confira a gravação completa do evento:

“Embora seja impossível prever exatamente o que vamos encontrar com uma nova ferramenta científica, devemos lembrar que a ciência não se limita aos resultados esperados: todo o processo gera conhecimentos, descobertas e aprendizados aos pesquisadores. Não se perde recurso apoiando a ciência”

(MYHRVOLD, 2000)

Ações de advocacy de fundos patrimoniais no Senado são destaque no Correio Braziliense

Representantes do IDIS buscam apoio de senadores para retomar a votação do Projeto de Lei (PL) nº 2440, de 2023, que prevê incentivo fiscal às doações realizadas por fundo patrimonial.

Em entrevista ao Correio Brasiliense, Paula Fabiani, CEO do IDIS e liderança do advocacy dos fundos filantrópicos, explicou a relevância do assunto e como está a articulação no Legislativo.

“Estamos buscando incluir esses incentivos, até porque existe uma relação muito positiva entre a criação dos incentivos e a propensão a doar”, contou. 

Confira a matéria na integra.

ONG articula junto a senadores a continuidade da votação do PL 2440/2023, que está parado no Senado desde agosto do ano passado - (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)

Valoração do impacto social impulsiona o “S” do ESG

Texto publicado originalmente no Valor Econômico

Neste artigo, Denise Carvalho, gerente do IDIS, defende que a mensuração das ações relacionadas ao pilar Social da agenda ESG traz materialidade aos resultados e contribui para narrativas do verdadeiro impacto a longo prazo

Por Denise Carvalho, gerente sênior de monitoramento e avaliação do IDIS

Na sopa de letrinhas do mundo corporativo, o ESG já é uma unanimidade para avaliar e validar se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e com boa governança. São critérios corroborados por metodologias de mensuração de impacto que apontam boas empresas para se investir. Afinal, o ESG está diretamente ligado à sustentabilidade – aqui relacionado à própria viabilidade de existência e geração de lucros dos negócios.

Migrando para o cenário dos investidores sociais, no qual o lucro não é o objetivo fim, o ESG é uma bússola que direciona a atuação estratégica das organizações e abre portas para mensurar o impacto que os projetos desenvolvidos geram nas comunidades atendidas. Mas, como saber se o impacto positivo justifica os investimentos envolvidos?

A mensuração de impacto ambiental, por exemplo, promove diversas relações: quantos hectares deixaram de ser desmatados, quantos gases causadores do efeito estufa deixaram de ser emitidos, quais corpos hídricos foram despoluídos, quantos resíduos deixaram de ser gerados. No social, entretanto, a conta pode ser um pouco diferente.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelos investidores sociais, conforme o próprio ecossistema destaca, é a obtenção de dados de qualidade relacionados ao pilar social da Agenda ESG. Esta percepção foi corroborada pela pesquisa global ESG Global Survey 2023, conduzida pelo BNP Paribas, na qual 71% dos entrevistados apontaram a mensuração dos resultados como a maior preocupação dos investidores. Esta agenda é vista como elemento norteador para as organizações em direção a práticas mais responsáveis, mas, ainda assim, persiste o desafio da padronização e consistência dos dados, particularmente no âmbito social.

Atualmente, as metodologias de avaliação de impacto são capazes de medir, de forma rigorosa, os resultados gerados pelas ações dos projetos sociais. Essas metodologias proporcionam uma análise minuciosa e fundamentada sobre como as atividades de uma organização influenciam pessoas, comunidades e o meio ambiente, buscando compreender a extensão e os efeitos de suas ações, programas e projetos.

Uma avaliação de impacto não se limita a estudar o “o quê”, mas também medir “o quanto”, o “porquê” e o “como” as mudanças ocorrem. Uma vez que as avaliações de impacto estão sempre baseadas em dados e podem apresentar informações em uma linguagem comum, a comunicação dessas análises podem trazer grande visibilidade para a própria organização, além de enriquecer o debate da agenda ESG no mundo corporativo.

Algumas empresas e organizações já reconhecem o potencial das avaliações de impacto como aliadas da Agenda ESG. A Petrobras, por exemplo, vem realizando análises rigorosas em seus diversos projetos sociais e ambientais como parte de seu compromisso com a pauta. Para isso, a empresa iniciou um trabalho de diagnóstico e harmonização de indicadores alinhados com sua estratégia socioambiental, o que permitiu uma identificação mais clara do impacto nas comunidades nas quais opera. Os dados, utilizados com inteligência, permitem o direcionamento estratégico das ações e a ampliação do impacto positivo dos projetos.

Outro aspecto para ficar de olho quando se fala em mensuração dos impactos sociais é a adoção de ferramentas como Inteligência Artificial e blockchain como aliados deste processo, visando garantir ainda mais transparência para os investidores sociais. A natureza descentralizada do blockchain, por exemplo, impede eventuais manipulações de dados, o que aumenta a credibilidade dos relatórios de impacto. Isso permite que os investidores avaliem os resultados socioeconômicos dos projetos financiados de forma mais precisa, segura e eficiente. A fintech Moeda Seeds e a plataforma Banqu são exemplos de organizações que têm realizado trabalho com o apoio dessas ferramentas para aumentar a credibilidade dos dados apresentados.

É por meio da materialização do impacto que os gestores são municiados de dados que permitem a atuação estratégica das organizações, relacionando o valor investido com o retorno social dos projetos. O antídoto para os famosos “washing”.

A avaliação de impacto é fundamental para estabelecer um alicerce sólido para o sucesso sustentável das organizações. Ela transcende a mera medição e se torna um guia estratégico, orientando as empresas em direção a caminhos mais alinhados à agenda ESG. Embora realizar avaliações de impacto possa ser algo desafiador, os benefícios que ela oferece superam, de longe, os possíveis obstáculos.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, lança livro como coautora sobre vivências no terceiro setor

Com o propósito de compartilhar mais sobre sua história e inspirar outras mulheres, Paula Fabiani, CEO do IDIS, juntou-se a outras autoras para a produção e  publicação do livro ‘Mulheres no Terceiro Setor’. Este livro é parte da ‘Série Mulheres’, organizada pela Editora Leader.

O lançamento está marcado para o dia 18 de abril, às 19h, na Livraria Travessa do Shopping Villa Lobos, localizada na Av. Dra. Ruth Cardoso, 4777 – Jardim Universidade Pinheiros, São Paulo – SP.

Não deixe de participar!

O livro conta a história de Paula Fabiani e de outras mulheres importantes no terceiro setor brasileiro. Em seu capítulo intitulado ‘A inquietude por um mundo mais justo’, Paula reflete sobre sua trajetória pessoal e como essa experiência influenciou sua carreira. Ela compartilha reflexões sobre sua vida, suas fontes de inspiração, bem como os desafios e dificuldades que enfrentou.

“Quando trabalhamos no terceiro setor, estamos comprometidos com uma causa maior e com o bem-estar das pessoas. Este livro busca destacar o impacto que podemos gerar no mundo e nas vidas das pessoas. Estou muito grata pela oportunidade de contribuir e espero que este livro inspire outras mulheres também”, afirmou Paula Fabiani.

Perspectivas para a filantropia no Brasil em 2024

Texto publicado originalmente na Folha de S.Paulo

Por Paula Fabiani, Luisa Lima e Marina Negrão

O 18º Relatório de Crises Globais do Fórum Econômico Mundial preconiza que “choques simultâneos, riscos profundamente interligados e a erosão da resiliência estão originando o risco de uma policrise – onde crises díspares interagem de forma que o impacto global excede em muito a soma de cada parte”.

A crise climática está conectada ao agravamento da fome e ao aumento de refugiados. A guerra na Ucrânia amplia o debate sobre o uso de energia fóssil, e a crise sanitária deflagrada pela pandemia de Covid-19 levou países a repensarem estruturas de distribuição de renda, moradia, acesso a saneamento básico e a própria cooperação internacional.

Os problemas interagem entre si, estão entrelaçados. É uma crise múltipla, cujas partes se retroalimentam e avança com uma velocidade e escala nunca antes experimentadas.

Este cenário foi o ponto de partida para a nova edição do Perspectivas para a Filantropia no Brasil, publicação anual do IDIS, que explicita os movimentos que são importantes para o agora, que se destacam e para os quais filantropos, investidores sociais e todos aqueles que atuam neste campo devem estar atentos.

Não por acaso, a primeira perspectiva da lista, que traz oito achados, revela como a filantropia começa a responder de forma integrada, propondo-se a contribuir para mudanças estruturantes.

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, por exemplo, é um movimento composto por mais de 350 representantes do setor privado, setor financeiro, academia e sociedade civil, que têm como objetivo articular múltiplas causas e facilitar ações para promover o uso harmônico, inclusivo e sustentável da terra no país e assim viabilizar a transição para a nova economia.

A seis anos do prazo para o cumprimento da Agenda 2030, proposta pela ONU, crescem os compromissos públicos. Governos assinam tratados e cartas de intenção. Empresas divulgam metas, adotam novos modelos de negócios e reorientam suas práticas de investimento social para gerar transformações positivas.

Os detentores de grandes fortunas declaram que parte do que possuem será destinado à promoção da justiça social. Neste cenário, um risco: os ‘washings’, termo em inglês que significa ‘lavagem’ e que foi adotado para denominar discursos falsos e pouco ancorados em fatos.

Ou seja, compromissos assumidos podem não passar de promessas vazias, que não se concretizam ao longo do tempo. No Brasil, é crescente também iniciativas filantrópicas regionais, mais atentas às demandas dos territórios onde atuam, com uma abordagem mais sensível às particularidades locais.

O momento do país, que busca voltar a ter protagonismo na agenda ambiental, também é explorado. Mesmo organizações que atuam em temas específicos como educação ou cultura se veem estimuladas a olhar para sua relação com o meio ambiente e mudanças climáticas.

O relatório chama atenção ao fato de a filantropia beneficiar também a infraestrutura do Terceiro Setor, investindo em ações que promovem a melhoria do ambiente regulatório, apoiando a geração de dados e ações para incidência coletiva, como a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, que teve papel importante para a conquista da primeira legislação sobre Fundos Patrimoniais no Brasil.

Outros aspectos abordados são a adoção de processos de avaliação de impacto por empresas e sua contribuição à Agenda ESG, a importância da diversidade em conselhos e o uso da Inteligência Artificial por organizações sociais.

A recém-lançada publicação apresenta uma fotografia mais nítida do horizonte do investimento social e é um convite à reflexão e à ação. Uma contribuição dos profissionais do IDIS para um futuro resiliente e sustentável em todas suas instâncias.

Perspectivas para a filantropia no Brasil 2024 é destaque no Um Só Planeta

Em um momento em que desafios socioeconômicos e ambientais escalam no mundo, ao ponto da chamada “policrise” aparecer como um risco global no relatório do Fórum Econômico de 2023, também aumenta a necessidade de mais dinheiro para aplacar as crises que assolam o mundo — da perda de biodiversidade, passando pela crise do clima, a desinformação, os confrontos geoeconômicos até a escassez de recursos naturais.

A pauta foi apareceu com ênfase Perspectivas para a filantropia no Brasil 2024, publicação do IDIS. O relatório e sua relevância para setor foram destaque no Um Só Planeta.

Confira a reportagem completa aqui.

Evento aborda o protocolo SROI e experiências de sua aplicação no campo da Educação

 

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É crescente o interesse de organizações que desenvolvem projetos de interesse público, sejam elas privadas, públicas ou do terceiro setor, em mensurar e compreender os impactos causados por suas intervenções.

A adoção de mecanismos de avaliação de impacto permite uma análise detalhada e baseada em evidências sobre os efeitos de uma ação sobre pessoas, comunidades e meio ambiente, além de apontar aspectos para mitigar adversidades e ampliar os impactos positivos.

No Webinar Avaliação de Impacto SROI: Experiências no Campo da Educação, Denise Carvalho, gerente do IDIS e especialista em Avaliação de Impacto, apresentará abordagens e metodologias, com destaque para o SROI – Social Return on Investment ou Retorno Social do Investimento, um protocolo que identifica, qualifica e monetiza o impacto social. Experiências práticas aplicadas ao campo da Educação serão apresentadas por Marcelo Bill, superintendente de sustentabilidade, inovação e educação da ANBIMA, e Mariana Cláudio, gerente executiva do Instituto Chamex. Ambas organizações conduziram avaliações de impacto utilizando a abordagem SROI, contando com a consultoria do IDIS.

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MAIS SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Com ampla experiência e tendo a produção de conhecimento como um de nossos pilares de atuação, temos inúmeros materiais disponíveis a quem deseja se aprofundar.

Avaliação de Impacto SROI

Acesse aqui.

Para saber mais sobre nossos serviços e falar com a equipe de consultoria, escreva para comunicacao@idis.org.br.

 

Pesquisa sobre percepção do uso de Inteligência Artificial por ONGs é destaque na Impacta Nordeste

A pesquisa inédita ‘O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs’, realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, revela uma sociedade otimista quanto à adoção da Inteligência Artificial, mas como ressalvas. Participaram do estudo mais de seis mil indivíduos em 10 países, incluindo o Brasil.

Os resultados da pesquisa foram destaque no jornal Impacta Nordeste. Para saber mais acesse a notícia completa.

Pesquisa global revela percepção sobre o uso de Inteligência Artificial por ONGs

Estudo realizado pela Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, mostra sociedade otimista, mas ainda bastante dividida em relação ao uso da IA por organizações sociais

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser tema de ficção científica, com aplicações cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Em 2023, o mundo presenciou (e experimentou) a explosão do ChatGPT, plataforma de IA generativa da Open AI, que em apenas três meses atingiu 100 milhões de usuários – o crescimento mais rápido na história dos aplicativos de internet. E à medida que a tecnologia avança, também cresce a reflexão sobre implicações técnicas e éticas e sobre as oportunidades e riscos associados a ela.

A pesquisa inédita ‘O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs’, realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, revela uma sociedade otimista quanto à adoção da Inteligência Artificial, mas como ressalvas. Participaram do estudo mais de seis mil indivíduos em 10 países, incluindo o Brasil.

Segundo a pesquisa, 37% dos entrevistados acreditam que os benefícios do uso da IA superam os potenciais riscos, em contraste com os 22% que afirmam o contrário.

 

“Os achados deste estudo são ricos para aprofundarmos o debate sobre o uso da IA no terceiro setor no Brasil, com a responsabilidade e ética que o tema exige” comenta Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento do IDIS.

 

O estudo aprofunda a análise calculando ainda a favorabilidade líquida, ou seja, a diferença entre aqueles que são favoráveis ao uso da IA e aqueles que acreditam que os riscos são maiores. No mundo, esse valor equivale a 15%. No ranking por países, o Brasil ocupa o segundo lugar entre aqueles que acreditam que os benefícios do uso da IA superam os riscos (30%), ficando atrás apenas do Quênia (44%). Entre os países pesquisados, apenas na Austrália a maioria da população se mostra cética em relação à adoção do IA, e acredita que os riscos são maiores que as oportunidades (-4%).

As oportunidades mais destacadas pelos respondentes brasileiros foram a possibilidade de auxiliar mais pessoas (29%), a capacidade de rápida resposta a emergências (22%) e a tomada de decisões mais precisas a partir da análise de dados (16%). Daniel Assunção, fundador e diretor executivo do Atados, compartilhou suas percepções sobre os resultados do estudo. Ele expressa otimismo em relação ao assunto, e destaca seu uso em situações emergenciais, como enchentes, por exemplo: “A IA poderá contribuir ainda antes dos desastres, mapeando potenciais riscos e informando a população na iminência de ser afetada. Pode ser benéfica também no momento da resposta, otimizando a distribuição dos recursos e a comunicação entre todos os envolvidos, assim como depois, avaliando a qualidade da resposta a partir do cruzamento de dados disponíveis.”

Já entre os riscos para as organizações do terceiro setor, a segurança de dados (30%), a redução de postos de trabalho (26%) e a geração de informações e decisões enviesadas (14%) foram os mais citados pelos respondentes brasileiros. Para ajudar a mitigar esses potenciais problemas, Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho Grupo MOL, destaca a importância das estruturas de governança na análise de como a ferramenta deve ser utilizada nas organizações. “Os conselhos das organizações podem desempenhar um papel muito importante, não apenas facilitando a adoção das ferramentas, mas também apoiando a regulamentação de sua utilização e mediando o uso da tecnologia dentro das instituições”, afirma.

Aos poucos, a IA é adotada pelas organizações da sociedade civil, conforme relata Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania. “Hoje usamos a IA para a comunicação, fazendo anúncios patrocinados em plataformas como Google ou Facebook e gerando imagens, por exemplo. Vemos também um grande potencial de seu uso para a captação de recursos, pois seu uso poderá nos ajudar a compreender melhor o perfil de nossos doadores e criarmos estratégias a partir desse conhecimento.”. A pesquisa revela que o público está atento e interessado em como as ONGs aplicam a tecnologia e apenas 13% responderam que prestariam pouca ou nenhuma atenção ao seu uso pelas organizações que apoiam. Entre os países em desenvolvimento, que inclui o Brasil, 73% dizem que prestariam muita atenção a este ponto, superior aos 40% dos países onde a renda é maior.

Os resultados indicam que o público reconhece as oportunidades geradas pela Inteligência Artificial, mas espera cautela e transparência para compreender como e por que as organizações estão utilizando a inteligência artificial para alcançar sua missão. Reconhecem também que deve haver investimento para que a IA possa ser adotada por todo tipo de organização, evitando criar desigualdades no setor.

Os dados completos estão disponíveis no site da CAF.

 

Percepções de lideranças de ONGs brasileiras sobre os resultados da pesquisa

 

Daniel Assunção, fundador e diretor executivo do Atados

  • Sou otimista sobre o uso de tecnologias. A IA pode otimizar nossas atividades e as pessoas poderão ter mais tempo para empreender e se dedicar a ações que contribuam para a redução das desigualdades, como a prática do voluntariado.
  • A regulação do uso da tecnologia ainda é baixa e no curto prazo pode intensificar as desigualdades e os vieses. No longo prazo, a tendência é de que isso seja superado.
  • Na organização em que atuo, conectamos pessoas interessadas em praticar o voluntariado a organizações sociais. Estamos olhando para a incorporação de tecnologias em geral, e da IA em particular, para melhorar a experiência de nossos usuários e das organizações, agilizar processos e a produção de conteúdo, assim como acelerar a inovação.
  • No Brasil, a cultura de tecnologia entre as organizações sociais ainda é baixa. Vejo poucas organizações inovando a partir de seu uso, mas conforme se popularizem, creio que muitas passarão a adotar em seus processos.
  • A IA tem o potencial de gerar mais oportunidades para o engajamento e ativismo individual. Por outro lado, existe o risco das recomendações ainda terem muitos vieses e por isso é importante investirmos em ações que contribuam para o pensamento crítico.
  • A resposta a emergências ainda é feita de forma pouco estruturada no Brasil. As doações acontecem, mas faltam processos, coordenação e articulação entre as ações realizadas para distribuir os recursos, apoiar os atingidos e mitigar os danos. O uso da IA poderá contribuir de inúmeras formas. Ainda antes dos desastres, mapeando potenciais riscos e informando a população na iminência de ser afetada. Pode ser benéfica também no momento da resposta, otimizando a distribuição dos recursos e a comunicação entre todos os envolvidos, assim como depois, avaliando a qualidade da resposta a partir do cruzamento de dados disponíveis.

 

Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho Grupo MOL

  • O terceiro setor enfrenta uma escassez de recursos. Acredito que em situações de limitação, a inteligência artificial pode desempenhar um papel complementar. É possível usá-la onde normalmente você não tem gente, não tem rapidez ou agilidade, mas ainda vejo pouco conhecimento sobre sua aplicação.
  • Tenho uma visão otimista e acredito que os benefícios superam os malefícios. Mas acho que existe um risco considerável associado à sociedade não compreender plenamente o uso dessa ferramenta.
  • Um dos principais riscos, em minha opinião, é a desconexão com as causas. Existe o perigo de desumanizar algo que é muito humano, transferindo a responsabilidade de decisões que frequentemente envolvem aspectos emocionais e intuitivos para a IA.
  • Nenhuma das organizações em que atuo atualmente incorpora a Inteligência Artificial como uma ferramenta estabelecida. Temos um uso ainda mais centrado em experimentações, faltando uma política estruturada.
  • Os conselhos das organizações devem desempenhar um papel muito importante, não apenas facilitando a adoção das ferramentas, mas principalmente regulamentando a utilização e mediando o uso da tecnologia dentro das instituições.

 

Rodrigo ”Kiko” Afonso,  Diretor Executivo da Ação da Cidadania

  • As preocupações que são apresentadas na pesquisa são também as minhas preocupações, enquanto líder de uma OSC. Entre os fatores, o que mais me preocupa atualmente é o potencial de vieses (bias), pois isso pode de fato levar a decisões erradas.
  • Atualmente, o algoritmo pode contribuir para o processamento de grandes volumes de dados, mas nunca vai poder substituir pessoas na tomada de decisões importantes, pois isso envolve questões culturais e sociais, que são subjetivas.
  • Na Ação da Cidadania, hoje usamos a IA para a comunicação, fazendo anúncios patrocinados em plataformas como Google ou Facebook e gerando imagens, por exemplo. Vemos também um grande potencial de seu uso para a captação de recursos, pois seu uso poderá nos ajudar a compreender melhor o perfil de nossos doadores e criarmos estratégias a partir desse conhecimento.
  • Hoje, no Brasil, as OSCs usam muito pouco a IA. Acredito que o uso pode gerar resultados positivos, mas antes as organizações devem ter clareza sobre os fundamentos da tecnologia. Caso contrário, o risco de tomarem decisões enviesadas e até mesmo desastrosas é alto.
  • No Brasil, ainda estamos pouco preparados para enfrentar emergências. No curto prazo, acredito que a IA pode contribuir na identificação de potenciais tragédias e aviso às populações que podem ser atingidas.

 

SOBRE A CAF

A CAF – Charities Aid Foundation é um grupo de três organizações sociais sediadas no e Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, especializadas em doações internacionais seguras e eficazes. Juntos, trabalhamos com empresas e filantropos para apoiá-los e garantir que o dinheiro alcance as causas centrais de suas estratégias de investimento social privado. No Reino Unido, a CAF também opera o CAF Bank, oferecendo serviços bancários dedicados ao apoio a mais de 14.000 organizações sociais sediadas no Reino Unido. Por meio da rede CAF International, está presente em todos os continentes, sendo o IDIS o representante na América Latina.

SOBRE O IDIS

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.

Por que é importante que o terceiro setor se comunique com a Geração Z?

Por Luisa Lima e Lavínia Xavier

A cultura de doação é caracterizada pelo hábito das pessoas em contribuir com recursos, tempo ou talentos para causas e organizações que beneficiam a coletividade. Sua construção é um processo gradual, moldado ao longo do tempo pelas mudanças, novas demandas socioambientais e, sobretudo, pela participação ativa da sociedade e sua confiança de que essas doações farão, de fato, a diferença.

A juventude desempenha um papel essencial na edificação dessa cultura, trazendo consigo energia, criatividade e perspectivas inovadoras sobre formas de engajamento cívico e filantrópico. O estudo ‘Future of Giving’, conduzido pela sparks&honey, aponta que os jovens buscam mais significado em suas doações e desejam apoiar organizações que gerem impacto sustentável a longo prazo, indicando que o propósito e o sentimento de contribuir positivamente têm mais valor para o grupo do que para qualquer outra geração.

O acesso à informação instantânea pela internet e redes sociais aproxima os jovens aos eventos e desafios globais. Além disso, a educação e sensibilização sobre essas questões estão cada vez mais presentes no cotidiano. À medida que as novas gerações naturalmente desenvolvem uma consciência mais aguçada das questões socioambientais que afetam o mundo, tendem também a desempenharem um papel mais ativo na construção e manutenção de uma cultura de doação de longo prazo.

A Pesquisa Doação Brasil 2022, promovida pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos, revelou que 84% dos jovens pertencentes à faixa etária de 18 a 27 anos, conhecida como ‘Geração Z’, efetuaram algum tipo de doação em 2022. Esse dado demonstra um aumento significativo em relação ao levantamento de 2020, no qual 63% dos respondentes dessa mesma faixa declaravam ter realizado doações. As formas mais comuns de doação incluem a contribuição de bens materiais (76%), seguida por doações em dinheiro (43%) e doações de tempo/trabalho voluntário (30%). A Geração Z tende a doar proporcionalmente mais por meio do trabalho voluntário do que o restante da população e menos em dinheiro. Essa discrepância pode ser atribuída à menor renda média desse público se comparado a gerações mais maduras.

A pesquisa também revela que os jovens que fazem doações têm uma tendência significativa a promover ou contribuir de alguma forma para campanhas de arrecadação ou mobilização. Este dado foi confirmado por 7 em cada 10 jovens doadores em 2022, sendo que 20% deles afirmam ter feito isso em mais de uma ocasião. O grupo também demonstra um otimismo maior em relação às Organizações Não Governamentais (ONGs), quando comparados à população em geral. Entre os jovens, 73% concordam que as ONGs desempenham um papel fundamental no combate aos problemas socioambientais, e 83% concordam com a afirmação de que ‘as ONGs dependem da colaboração de pessoas e empresas para obter recursos e funcionar’.

Além disso, mais do que o presente, na Pesquisa Doação Brasil 2022, 52% dos doadores da Geração Z não apenas afirmaram planejar continuar suas doações, como também acreditam que doarão mais em comparação com o ano anterior. Essa abertura indica uma oportunidade para as organizações filantrópicas de se envolverem com a Geração Z.

Algumas iniciativas já compreenderam o potencial da juventude no engajamento com causas socioambientais. Nos Estados Unidos, a DoSomething, autodenominada como um centro de ativismo que inspira os jovens a mudar o mundo, conseguiu motivar milhões deles em todos os estados norte-americanos e em mais 189 países a agirem em prol das questões que afetam suas comunidades. De acordo com a própria organização, esses esforços resultaram em conquistas como o registro de 415 mil novos eleitores nas eleições americanas.

Outro exemplo é a parceria entre o TikTok e a iniciativa britânica Blue Cross, dedicada ao bem-estar animal. A organização recebia uma doação de 1 dólar para cada vídeo compartilhado com a hashtag #PetBFF. A campanha atingiu mais de 500 bilhões de visualizações apenas durante seu ano de lançamento, em 2019. No Brasil, é interessante notar que as mídias sociais desempenham um papel relevante nas decisões de doação, com 25% dos jovens admitindo sua influência nesse processo, em comparação com 17% da população geral. Entre as plataformas mais influentes para o público estão o Instagram (89%), Facebook (37%) e TikTok (13%).

Por aqui, a organização TETO, dedicada à melhoria das condições de moradia, se destaca por seu sólido programa de voluntariado que atrai muitos jovens e universitários, inclusive com um pilar específico voltado para grupos escolares. O ambiente escolar e universitário desempenha um papel significativo na motivação dos jovens a fazerem doações e se envolverem em causas sociais, conforme também demonstra a Pesquisa Doação Brasil. 18% dos respondentes da Geração Z afirmam serem influenciados por campanhas realizadas em seus locais de trabalho, escolas ou faculdades, em comparação com 14% da população em geral.

Esses exemplos evidenciam como a conexão com a juventude e a como a identificação de tendências de comportamento podem gerar resultados, criar oportunidades para o envolvimento ativo do grupo, fortalecendo o terceiro setor e criar uma cultura de doação mais robusta.

É verdade que, apesar de alguns exemplos promissores, ainda são relativamente escassas as organizações e iniciativas do terceiro setor que têm se empenhado ativamente na captação e comunicação direta com o público mais jovem, especialmente no Brasil. Isso pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo desafios específicos na identificação das melhores estratégias de comunicação para a Geração Z, bem como a limitação de recursos humanos nas organizações, que frequentemente operam com equipes enxutas.

No entanto, é fundamental que se reconheça a relevância da oportunidade que o terceiro setor possui para envolver mais pessoas e angariar mais recursos ao direcionar seus esforços de comunicação para a Geração Z. É necessário observar de perto o comportamento, as motivações e as tendências desse grupo.

É importante que o terceiro setor brasileiro esteja atento e aberto a se adaptar e se conectar efetivamente com a Geração Z, aproveitando todo o seu potencial. O compromisso dessa geração com causas sociais, aliado à sua proficiência tecnológica, abre novas portas para a inovação e para gerar um impacto significativo. Os jovens de hoje representam o futuro do terceiro setor, e não deveriam precisar esperar para que seu potencial seja reconhecido e demandado.

Rede de Organizações do Bem: capacitação e microfinanciamentos para pequenos projetos deslancharem

O ano era 2012 quando a Agência do Bem – organização social fundada em 2005 em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, abriu uma nova frente de ação, agora como entidade articuladora, chamada de Rede de Organizações do Bem. Logo a Rede se expandiu e hoje oferece conhecimento e financiamento para projetos locais dentro de várias comunidades no estado do Rio de Janeiro.

A Rede do Bem promove fóruns temáticos, abertos e gratuitos, incluindo ciclos de capacitação e editais de financiamento a microprojetos sociais. De 2012 a 2023, mais de 800 instituições já participaram de ações promovidas pela Rede de Organizações do Bem do Rio de Janeiro. Em 2023, 355 instituições estavam cadastradas e, considerando a participação dos fóruns (24º e 25º) e dos editais realizados no ano (11º Microprojetos e 2º Bem Mentoria), o número de organizações participantes da Rede totalizou 517.

Equipe da Rede do Bem com as lideranças dos projetos vencedores do 11º Edital de Microprojetos, que oferece apoio financeiro para fortalecer organizações de base comunitária

O empreendedor social Alan Maia, fundador da Agência do Bem e da Rede de Organizações do Bem, explica que os “microgrants”, ou microfinanciamentos, são uma das tecnologias sociais mais importantes desenvolvidas pela Rede. Toda essa mecânica, explica ele, foi construída com base no binômio confiança-simplicidade:

“Partimos do pressuposto de que o perfil das organizações que apoiamos são pequenas, e sabemos que lidam com muitas dificuldades no cotidiano para manter atividades nos territórios. Quando se cria processos muito complexos, que são o padrão nesses tempos de compliance, acabamos por excluir grande parte dessas organizações que não têm recursos humanos para se dedicar a essa extensa burocracia. Mas isso não significa que não há parâmetros de integridade e transparência. Temos um processo que é simplificado, com dados cadastrais e basicamente três perguntas – sobre o trabalho, a história da instituição e como ela pretende aplicar o recurso financeiro – questões que todas as lideranças comunitárias são capazes de responder”.

 

A Rede do Bem realiza um esforço contínuo para aprimorar seu processo e tornar seu edital cada vez mais inclusivo. A participação no Programa Transformando Territórios, que apoia Fundações e Institutos Comunitários, em especial, desempenha um papel importante ao proporcionar à Rede valiosos conhecimentos sobre a democratização da filantropia e como promover a filantropia comunitária.

Alan ressalta que, depois de 11 anos e dezenas de processos já realizados com essa fórmula, a experiência mostra que a estratégia de “microgrants” não deixa nada a desejar aos editais padrão:

“É uma iniciativa totalmente bem-sucedida que já vem sendo replicada por outras organizações, algumas delas inclusive do próprio Programa Transformando Territórios”.

A prática de grantmaking, o financiamento de projetos sociais já existentes, é um dos princípios das Fundações e Institutos Comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

A abertura periódica dos editais de apoio, que financiam microprojetos das mais diversas causas, é possível graças à sólida rede de patrocinadores institucionais. São empresas de pequeno, médio e grande porte, para as quais a Rede é mais que um destino de doações, é uma parceira estratégica para realização de programas de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, explica a diretora-executiva Cláudia França.

“Lá em 2005, no começo de tudo, a própria Agência do Bem recebeu um microfinanciamento para a recém-criada Escola de Música e Cidadania. Com esse recurso, conseguiu estruturar o projeto, que hoje está presente em 28 localidades, no Brasil e em Portugal. Por isso, sabemos muito bem que esse micro recurso pode se multiplicar”, destaca França.

24º Fórum da Rede do Bem, no Rio de Janeiro: os encontros temáticos e periódicos têm o objetivo de criar oportunidades de ação conjunta

A primeira forma de uma organização “chegar” à Rede do Bem é participar dos fóruns, que são encontros temáticos e periódicos com o objetivo de criar oportunidades de ação conjunta e pensar agendas comuns e estratégicas para essas entidades. Nestes eventos, abertos e gratuitos, são realizadas palestras de temas caros à gestão de entidades do terceiro setor, tais como captação de recursos, elaboração de projetos, monitoramento e avaliação de programas sociais, entre muitos outros.

“Quem participa dos fóruns, ganha pontos nas concorrências via editais, pois sabemos que o conhecimento pode ser o diferencial para eles executarem os projetos”, diz Cláudia.

Além das capacitações em fóruns, a Agência do Bem seleciona, via edital, lideranças sociais e comunitárias para receberem mentorias dos seus técnicos e diretores, em encontros presenciais, ao longo de meses de trabalho conjunto, promovendo a troca de experiências, revisão de processos de gestão, implementação de novas ferramentas e a criação de novas soluções e projetos institucionais.

 

A diretora executiva da Rede de Organizações do Bem com lideranças selecionadas no Edital de Mentoria, que oferece a lideranças comunitárias ferramentas práticas para a aceleração de projetos

“A gente observa que existem muitas organizações comunitárias com um patrimônio relevante, mas com poucos recursos – não só financeiros ou humanos, mas de boas práticas de gestão de projetos e de metodologias de prestação de contas, por exemplo – e aí surgiu a vontade de levar esse conhecimento para o maior número possível de organizações”, conta Cláudia.

A Rede de Organizações do Bem Rio de Janeiro integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
  • De 2012 a 2023 – mais de 800 organizações beneficiadas por ações da Rede no Estado do Rio.

 

Quer saber mais sobre a Rede de Organizações do Bem? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Fundo vai fortalecer o protagonismo de quem vive a Maré

Fazia todo o sentido que, a partir de uma trajetória histórica atuando para criar uma agenda estruturante no campo dos direitos para os mais de 140 mil moradores do Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, a Redes da Maré criasse um fundo patrimonial. Assim, em 2022, o Fundo Comunitário da Maré foi lançado, com o objetivo de cuidar do legado que a organização construiu nos últimos 26 anos (e vai continuar construindo!) e de fortalecer o protagonismo de outros líderes e iniciativas sociais desse território.

Criada da mobilização comunitária a partir dos anos 80 e formalizada em 2007, a Redes da Maré tem como missão tecer as redes necessárias para que os direitos da população do conjunto de 16 favelas do complexo sejam efetivados. O trabalho acontece a partir da mobilização da população local e da articulação de uma ampla rede de parceiros, como universidades, órgãos públicos e também iniciativa privada.

Evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, na Casa Preta da Maré. Foto: Patrick Marinho

Através de cinco eixos de trabalho – arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação –, a organização produz conhecimento, projetos e ações. Em 2022, mais de 7,9 mil moradores foram beneficiados diretamente.

“A Maré é maior que 96% dos municípios brasileiros e pode ser considerada uma cidade de médio porte. Olhando para a complexidade da região e população, que sofre muitas violações de direitos individuais e coletivos, entendemos que precisávamos construir algo robusto. Assim, há quatro anos começamos a estruturar um fundo que pudesse aprofundar essa agenda que a organização já trabalha, mas que precisa de uma dimensão de investimentos bem maior do que temos hoje”, conta a fundadora e diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva.

 

Eliana Sousa Lima em fórum sobre segurança pública na Maré

Para atingir esse objetivo, a Redes da Maré quer apoiar o ecossistema de organizações e coletivos locais com investimento financeiro e compartilhamento de sua expertise, fortalecendo o setor social do território com conhecimento e se adaptando para perseguir esses objetivos:

“Vamos fomentar a sociedade civil nessas agendas que precisam de mais investimentos que uma única organização pode fazer.  Queremos compartilhar as tecnologias sociais que fomos desenvolvendo ao longo destes anos com estes grupos, contribuir na formação de boas lideranças para saberem elaborar um projeto e defendê-lo, para fazerem uso claro e transparente dos recursos”, explica Eliana.

A prática de grantmaking – o financiamento de projetos sociais já existentes – é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

O Fundo Comunitário da Maré foi construído a partir da orientação técnica de um Conselho de Investimento, formado por três economistas que aconselham a Redes da Maré não somente sobre o uso dos recursos, mas especialmente sobre como investir e fazer o dinheiro crescer. Estão previstas metas distribuídas em quatro fases:

 

“Almejamos chegar a R$ 100 milhões e, para isso, fizemos um escalonamento a partir de quatro metas. Atingimos a primeira, de R$ 20 milhões, em um ano. Estamos iniciando agora a meta seguinte, de R$ 30 milhões. O plano é que o fundo funcione plenamente, apoiando projetos sociais do território, ao fim desta segunda fase”, explica Eliana, ressaltando que, para alavancar o fundo, a Redes da Maré fez um mapeamento de potenciais doadores em todo o Brasil e que, até o momento, as doações são de empresas e fundações, mas pessoas físicas também podem doar.

 

O Fundo Comunitário é uma forma de garantir também a continuidade de projetos importantes, como o Centro de Artes da Maré, concebido em conjunto com a coreógrafa Lia Rodrigues, que hoje abriga, além de uma companhia de dança, outros projetos.

Há também o projeto De Olho na Maré, do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, que mantém uma articulação com a Defensoria Pública, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Para a efetivação de direitos básicos, um importante projeto é o Espaço Normal, que recebe pessoas usuárias de drogas, muitas vezes sem residência fixa e com dificuldades para emitir documentos e acessar serviços de saúde.

Visita da Open Society Foundations no Espaço Normal. Foto : Douglas Lopes / Redes da Maré.

“Nosso entendimento é que o Fundo Comunitário é o reflexo de que a Redes da Maré está em constante amadurecimento e mudança, se apropriando de sua experiência, trajetória e história para seguir renovada e atual”, conclui a fundadora da organização.

Informações do Território 

  • Território de atuação: Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, constitui-se de várias favelas e sub-bairros, com casas e conjuntos habitacionais. Considerado o maior complexo de favelas da cidade do Rio de Janeiro, com baixíssimos índices de desenvolvimento, estende-se por uma área de 800 mil metros quadrados, cortada pela Avenida Brasil, pela Linha Vermelha e pela Linha Amarela. Reúne os seguintes bairros: Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Parque Maré, Nova Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque União, Conjunto Esperança, Conjunto Vila do Pinheiro, Vila do João, Salsa e Merengue, Marcílio Dias, Roquete Pinto, Praia de Ramos, Bento Ribeiro Dantas e Mandacaru.
  • População estimada: 140 mil moradores.
  • Desafios regionais: Educação, saúde, lazer, cultura, adensamento urbano e especialmente segurança pública. A violência armada nos territórios da Maré afeta significativamente a vida dos moradores – além das violações de direitos individuais (vida, integridade física, liberdade e até propriedade), impõe obstáculos também ao acesso a direitos sociais e coletivos, como o direito à educação e à saúde.
  • Informações Gerais relevantes de acordo com o case:
    • IDHM – No ano 2000 (dado mais recente), era de 0,722, o 123º colocado no município do Rio de Janeiro.
    • Causas prioritárias mapeadas pela FIC – O trabalho da Redes se organiza em cinco eixos estruturantes: arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação.

 

A Redes da Maré integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre o Fundo Comunitário e a Redes da Maré? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

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Monitor Mercantil destaca Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais 2022

Em sua segunda edição, o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, realização do IDIS – Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, teve a participação de 59 fundos patrimoniais, constituindo uma amostra quase 50% maior do que a do ano anterior, com 40 respondentes. O patrimônio somado dos fundos que integram o levantamento também é substancialmente maior – R$ 13 bilhões em 2021 vs R$ 123 bilhões em 2022.

Para analisar os resultados, Andrea Hanai e Felipe Groba, ambos gerentes de projetos do IDIS, escreveram o artigo ‘Uma nova fronteira para os endowments brasileiros’, que foi destaque no veículo Monitor Mercantil. Confira o conteúdo na integra aqui.

WGI é destaque no Jornal Nacional

Em mais de 80 países, incluindo o Brasil, o dia 28 de novembro de 2023 foi marcado pelo “Dia de Doar”, uma iniciativa criada para incentivar as doações e o trabalho voluntário em instituições sociais.

A data foi destaque em uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. A matéria destacou o World Giving Index 2023, o ‘ranking da solidariedade’. A pesquisa é realizada pela CAF e divulgada no Brasil pelo IDIS. Paula Fabiani, CEO do IDIS, pôde compartilhar algumas análises para a compreensão do cenário de maneira mais ampla. 

Confira a matéria aqui e assista o vídeo.

Ainda dá tempo de doar. Descubra a sua causa e encontre iniciativas para doar:

Desempenho de fundos patrimoniais: aspectos basilares e perspectivas futuras

Por Leticia Santos, analista de projetos no IDIS

Na sua segunda edição, o Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais destaca-se como a principal referência sobre o mecanismo no Brasil, proporcionando visibilidade e estimulando debates sobre o tema. Descubra os principais tópicos discutidos durante o evento de lançamento desta publicação.

Com o crescimento das doações aos fundos patrimoniais, totalizando R$ 330 milhões em 2022 – quase o dobro em relação ao ano anterior (R$ 174 milhões), segundo o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais – e o ritmo acelerado de criação desses fundos no Brasil desde a implementação da Lei 13.800/2019, é essencial fortalecer o compromisso com estruturas de gestão mais robustas e inovadoras. Isso garantirá que os fundos patrimoniais possam apoiar efetivamente suas instituições e/ou causas de interesse diante dos desafios.

Para compartilhar suas experiências em diversas áreas da gestão de fundos patrimoniais, Carolina Barrios, responsável pelo Fundo Patrimonial na Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Márcia Woods, Assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, e Patricia Valente Stireli, presidente do Conselho de Administração da Organização Gestora do Fundo Patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês, reuniram-se sob a moderação de Andrea Hanai, gerente de projeto do IDIS, durante o lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais de 2022.

Do ponto de vista da governança de fundos patrimoniais, Marcia Woods destaca que “não há como um endowment não possuir uma estrutura de governança robusta”. Essa abordagem é essencial para gerir o patrimônio e direcionar seus rendimentos de maneira eficaz. Woods ressalta a importância da composição e do perfil dos órgãos de governança, enfatizando a necessidade de envolver diversos grupos ligados à causa ou instituição apoiada pelo fundo patrimonial na tomada de decisão. Isso inclui mulheres, pessoas negras e jovens, buscando tornar as práticas e atuações dos fundos patrimoniais mais inclusivas e relevantes.

Apesar do crescente impacto das doações no aumento do patrimônio líquido dos fundos patrimoniais, conforme evidenciado na publicação, a captação de recursos permanece um desafio comum para a maioria dos endowments. Nesse contexto, Patricia Valente Stireli compartilhou as estratégias adotadas para atingir o objetivo de acumulação de recursos no fundo patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês. Para ela, estabelecer uma estrutura independente em relação à instituição apoiada, ter um propósito bem definido e manter transparência são fundamentais para construir relacionamentos sólidos com doadores.

Instigada por Andrea Hanai, coautora do artigo ‘Uma nova fronteira para os endowments brasileiros’, Carolina Barrios compartilhou suas perspectivas sobre uma abordagem inovadora para os fundos patrimoniais: a implementação de políticas de investimento responsável ou direcionadas a causas específicas.

“Como podemos atuar com mais intencionalidade para incorporar o investimento de impacto em nossas decisões de portfólio? Além de aderir aos princípios de investimento responsável, estamos considerando qual é o nosso papel, como podemos influenciar outras fundações e como podemos instigar nossos gestores e alocadores a terem um olhar mais atento e específico sobre esse tema, gerando discussões e novas alternativas de investimento”, indaga Barrios.

Diego Martins, da Pragma Gestão de Patrimônio, e Ilan Ryfer, da 1618 Investimentos, ressaltam a importância de incorporar critérios de responsabilidade socioambiental, governança e sustentabilidade como diretrizes abrangentes para todo o portfólio de investimentos. Eles enfatizam que o estabelecimento de métricas de avaliação dos investimentos, por meio de compromissos claros, é imprescindível.

A mesa de discussão abordou aspectos relevantes relacionados às boas práticas e às perspectivas futuras no âmbito dos fundos patrimoniais, especialmente no que diz respeito à governança, ao fluxo de caixa e à alocação de investimentos financeiros.

Confira a discussão na íntegra:

Nota técnica: A diferença de ‘impacto’ no desenho e na avaliação dos projetos sociais

Nunca se falou tanto sobre impacto de projetos socioambientais. Organizações da Sociedade Civil usam o termo ao comunicarem suas intervenções. Investidores Sociais usam o impacto como critério para suas linhas de financiamento. No entanto, nem sempre as pessoas têm mesma compreensão sobre o termo.

Nesta Nota Técnica, elaborada por Thais Bassinello, Gerente de Projetos do IDIS, apresentamos os diferentes significados atribuídos à palavra “impacto” no desenho de projetos e na teoria/prática avaliativa.

Baixe a nota clicando aqui ou leia abaixo:

Compromisso para o futuro

por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Rodrigo Pipponzi, confundador e co-CEO do Grupo MOL

Imagine uma instituição com sólido trabalho no combate à desigualdade social que, mesmo após vários anos de funcionamento e desenvolvendo projetos relevantes para a comunidade, se vê constantemente em sufoco financeiro e sempre à beira de fechar as portas. Até que, em meio à pandemia da Covid-19, ela viu as doações, ainda que emergenciais, alavancarem iniciativas importantes e, enfim, teve um respiro para seguir lutando por causas que beneficiam diversas pessoas, direta ou indiretamente.

Eis que, no entanto, esse patamar volta a cair, flertando com os índices pré-pandemia. Se pensarmos no enfrentamento à pobreza: é possível realmente transformar realidades com tantas oscilações em investimentos?

Essa não foi – nem é – uma realidade distante para muitas das mais de 800 mil organizações da sociedade civil presentes hoje no Brasil. Divulgado recentemente, o Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), estudo conduzido pela Comunitas, traz justamente o retrato do pico de investimento social corporativo (ISC) em 2020, seguido por consecutivas quedas nos anos seguintes.

Se no ano inicial da pandemia a mediana do percentual de ISC em relação ao lucro líquido das empresas pesquisadas ultrapassava os 2%, em 2022 esse índice é menor que 1%.

Fonte: BISC 2023

Mas então como manter o patamar observado em tempos emergenciais? De que forma esse ponto fora da curva pode se transformar em curva e fomentar ainda mais um setor que, segundo recente estudo da Fipe encomendado pelo Movimento por uma Cultura de Doação, representa 4,27% do PIB do Brasil?

Para construir a resposta a essa pergunta é preciso de fato um olhar não só para a atuação dos governos, mas sim das empresas. A Pesquisa Doação Brasil 2022, coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, mostra que as companhias são vistas como uma das principais responsáveis pela solução de problemas socioambientais.

Cabe aqui lembrar que hoje as mesmas empresas que carregam esse “peso” também estão cada vez mais comprometidas com a temática e a agenda ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança), mas o S da sigla é ainda um desafio.

A The ESG Global Survey, pesquisa divulgada pelo BNP Paribas em 2021, mostra que, para 51% dos entrevistados, o pilar social é o componente mais desafiador, já que os dados são mais difíceis de se obter e há uma grande falta de normalização em torno das métricas sociais. Então o que fazer para tornar as iniciativas relacionadas ao pilar S mais palpáveis?

É comum que, ao analisar e divulgar as iniciativas relacionadas à esfera social, as empresas olhem mais para dentro de casa e implementem ações que equacionem questões como diversidade e equidade de gênero ou raça.

Não obstante sejam ações relevantes e urgentes, é necessário também olhar para fora das organizações e entender o S como um bom balizador de responsabilidade e investimento social corporativo, inclusive com a possibilidade de fornecer dados consistentes de impacto social.

E nesse contexto o terceiro setor desempenha papel fundamental, já que temos no Brasil instituições sérias que trabalham há muito tempo e de forma impactante com o componente social. Assim, financiar a atuação e o fortalecimento dessas iniciativas é o que vai garantir a transformação social no médio e longo prazo –e de forma mais eficaz que ações internas isoladas.

Todo esse pano de fundo leva Grupo MOL e IDIS à apresentação de um novo projeto: o Compromisso 1%, uma iniciativa que incentiva empresas a se comprometerem com a doação anual de pelo menos 1% de seu lucro líquido para organizações da sociedade civil. Empresas de qualquer porte e com balanço auditado poderão participar e a ideia é criar um movimento de inspiração para líderes corporativos que possa mudar o patamar de doações empresariais no Brasil.

As organizações que assinarem esse compromisso público de força e engajamento social estarão juntas em um esforço para garantir um patamar de doações acima do 1%, não só atrelado a emergências. Essa será uma jornada viável e uma construção ativa para que o investimento social seja sistemático, sustentável e estratégico ao longo do tempo.

E aqui os benefícios são claros, não só reputacionais ou ao trazer melhorias para a comunidade, mas também em termos de engajamento de funcionários e alinhamento com os propósitos de cada empresa.

O Compromisso 1% é um projeto ambicioso e de impacto, capaz de impulsionar e acelerar a forma com que empresas se comprometem com o presente e futuro da sociedade, investindo para fortalecer projetos relevantes que precisam de recursos para seguirem sua caminhada.

Nossa meta é que os próximos levantamentos do setor mostrem justamente uma nova realidade, a se firmar ao longo dos anos, de que o percentual de investimento social corporativo em relação ao lucro líquido esteja já em patamar próximo de 2%. E isso não só em momentos de emergência, mas sim como a expressão de uma escolha consciente e estratégica de país e sociedade.


Texto originalmente publicado no BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo) 2023 e Folha de São Paulo em 16/11/2023.

Vagas de estágio em consultoria em projetos no IDIS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem novas oportunidades para estagiários nas áreas:

  • Consultoria em geral;
  • Monitoramento e Avaliação;
  • Gestão de Doação;
  • Projeto junto a Fundações e Instituições comunitárias (Transformando Territórios).

Os estagiários são responsáveis por dar suporte à execução das atividades conduzidas e apoiadas pelo IDIS, garantindo cumprimento de prazos, qualidade nos produtos desenvolvidos e serviços prestados. Leia com atenção as instruções sobre o processo de seleção e os requisitos para participação.

Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

RESPONSABILIDADES E OPORTUNIDADES

  • Realizar pesquisas de conceitos, referências que enriqueçam os projetos e tragam embasamento para os produtos desenvolvidos;
  • Organizar, ler e analisar documentos e elaborar relatórios e apresentações, incluindo a sistematização dos aprendizados e conclusões;
  • Apoiar a coleta de dados quantitativos e qualitativos necessários para a execução dos projetos
  • Apoiar a elaboração de propostas para potenciais clientes e parceiros;
  • Participar de reuniões periódicas para manter a equipe alinhada com o planejamento estratégico e missão da organização.

REQUISITOS

  • Ter interesse no terceiro setor, nos temas de investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade, ESG e áreas afins;
  • Estar cursando o penúltimo ano da faculdade, ter ao menos 2 anos para se formar, não importa o curso;
  • Domínio do pacote Office (Word, Excel, Power Point) e internet;
  • Disponibilidade para atuação presencial no escritório do IDIS, em São Paulo

BENEFÍCIOS

  • Bolsa auxílio: R$ 1.500,00
  • Vale-transporte
  • Vale Alimentação e refeição
  • Seguro de vida
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off de aniversário

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 4 de dezembro de 2023.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos. Serão priorizadas vagas candidaturas de pessoas pretas e pardas.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

 

               

Avaliação de impacto para inclusão produtiva: Metodologias, desafios e limitações

Artigo publicado originalmente na Revista Brasileira de Avaliação – Edição Especial Inclusão Produtiva

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Denise Carvalho, Gerente de Monitoramento e Avaliação do IDIS

A inclusão produtiva é um componente essencial das sociedades contemporâneas. O trabalho tem um papel fundamental na vida de grande parte dos indivíduos, e a geração de renda está diretamente ligada à qualidade de vida de uma família. Entretanto, muitos jovens e adultos em idade ativa enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho, que ocorre tanto pela via do trabalho assalariado quanto pela geração de negócios autônomos individuais e coletivos. Para superar essas barreiras e promover a inclusão produtiva, empresas, governos e sociedade civil têm trabalhado juntos, criando políticas públicas, programas de capacitação e iniciativas de diversidade e inclusão. Este tema tem se destacado cada vez mais como objeto de estudos na área de avaliação, uma vez que as políticas e programas voltados para a promoção da inclusão no mercado de trabalho podem ser aprimorados a partir de seu monitoramento e avaliação de resultados e impactos.

A avaliação de impacto é uma prática já disseminada e adotada amplamente como ferramenta de tomada de decisão em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Inglaterra. No Brasil, ainda apresenta uma aplicação menos destacada, especialmente em decorrência da complexidade e do tempo e custos envolvidos. Entretanto, vemos avanços nos últimos anos, sendo cada vez mais valorizada e aplicada, em especial no contexto do Terceiro Setor¹. Essa prática permite que sejam mensurados os efeitos gerados por projetos e ações dessas organizações, além de ser um importante instrumento para tomada de decisões e aprimoramento de estratégias. Mensurar o impacto é, portanto, o caminho para se desenhar intervenções cada vez mais eficazes e ajudar a edificar sociedades mais justas e sustentáveis.

A Avaliação de Impacto difere de outras formas de avaliação de projetos devido a sua busca por elementos que possibilitem estabelecer uma relação de causa e efeito entre a intervenção e seus impactos. Essa relação de causa (intervenção) e efeito (impacto) é chamada de ‘inferência causal’, ou ‘laços de causalidade’².

Na busca por elementos que possibilitem estabelecer uma relação de causa e efeito –
“inferência causal” – entre a intervenção e seus impactos, existem diversos métodos avaliativos que podem ser aplicados. Alguns desses métodos incluem análise de custo-benefício, análise de custo-efetividade, análise de retorno sobre investimento, análise de impacto social, entre outros. A escolha do método deve ser coerente com a amplitude, duração e objetivos estratégicos do investimento socioambiental, conforme detalhado na Nota Técnica Metodologias de Avaliação Custo-Benefício³. Neste artigo, iremos explorar, entre os métodos avaliativos, o Retorno Social do Investimento (SROI, na sigla em inglês), método de análise custo benefício que vem sendo adotado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social⁴, para avaliar o impacto social gerado por ações socioambientais. Abordaremos, ainda, os principais benefícios, desafios e limitações para avaliar o impacto social de projetos e programas de inclusão produtiva, bem como as principais tendências e abordagens para o futuro.

O SROI é um protocolo emergente que tem ganhado destaque nos últimos anos como uma ferramenta eficaz para avaliar o retorno social do investimento. Foi criado em meados dos anos 1990 por uma organização britânica chamada The Roberts Enterprise Development Fund (REDF), fundada por George R. Roberts⁶. O objetivo da REDF era apoiar iniciativas de negócios sociais que oferecessem oportunidades de trabalho e gerassem impacto social positivo em comunidades vulneráveis. Nesse sentido, foi desenvolvido como uma forma de avaliar o impacto social gerado pelas organizações sem fins lucrativos apoiadas pelo fundo, considerando tanto os resultados tangíveis como intangíveis.

O protocolo se tornou cada vez mais popular nos anos seguintes, especialmente pelo papel fundamental desempenhado pela Social Value UK⁷ na sua evolução e difusão, sendo adotado por outras organizações ao redor do mundo como uma forma de medir e comunicar o valor social gerado pelas suas atividades.

Hoje em dia, o SROI é amplamente utilizado como uma ferramenta de avaliação de impacto social e financeiro de iniciativas de negócios sociais e de organizações sem fins lucrativos. Ela tem como premissa que projetos e programas devem ser avaliados não apenas pelo retorno financeiro, mas também pelo valor social e ambiental que geram para a comunidade, ou seja, o impacto gerado nas vidas das pessoas, nos bens e serviços públicos, no meio ambiente, entre outros. O SROI utiliza métodos qualitativos e quantitativos em sua jornada avaliativa e valoriza a escuta do público beneficiário em seu processo. No contexto brasileiro, a aplicação do SROI tem crescido em diversas áreas, incluindo os projetos voltados para a inclusão produtiva, tema importante para promoção de desenvolvimento econômico e social, e uma das principais formas de combate à pobreza e desigualdade. Dessa forma, a mensuração do impacto gerado por projetos de inclusão produtiva se torna essencial para avaliação da eficácia e efetividade dessas iniciativas. Vale ressaltar que a aplicação do SROI para avaliação de projetos de inclusão produtiva no Brasil ainda pode ser expandida.

Apesar de existirem alguns estudos e iniciativas nesse sentido, ainda há um grande potencial a ser explorado. Para isso, é fundamental que organizações que atuam com inclusão produtiva incorporem em suas práticas a mensuração do impacto gerado por seus projetos.

Um exemplo ilustrativo no Brasil é a avaliação de Impacto SROI conduzida pelo IDIS para os Amigos do Bem⁸ – organização que atende 150 mil pessoas no sertão nordestino, o semiárido mais populoso do mundo, e que conta com mais de 11 mil voluntários. A avaliação apontou para uma relação de R$ 6,45 em benefícios para a sociedade para cada R$ 1,00 investido pela organização, considerando investimentos realizados no período de 2012 a 2021. O que vale destacar é que esse resultado foi puxado, sobretudo, pela frente de inclusão produtiva, responsável por 37% do resultado. Os impactos nessa frente ocorrem por meio de programas de qualificação profissional, emprego direto em plantas produtivas da organização e em suas atividades meio, assim como o impacto indireto na economia local. Chama a atenção a decisão estratégica dos Amigos do Bem em maximizar o número de postos de trabalho gerados, evitando a mecanização de atividades, e assim contar com as externalidades positivas do emprego em uma região marcada pela seca, agricultura familiar de baixa produtividade e ocupações informais, muitas vezes em condições precárias de trabalho.

Dentre algumas das externalidades positivas aferidas nota-se a redução da violência doméstica, do consumo de álcool e da taxa de natalidade local. Cabe notar, por outro lado, a importância dos demais programas da organização – nas frentes de educação, saúde, habitação, acesso à água e infraestrutura – em proverem as bases para que a inclusão produtiva se efetive e perdure. Nesse sentido, a geração de emprego e renda torna-se o ponto complementar e final para a emancipação socioeconômica dos beneficiários dos Amigos do Bem, que ao longo dos anos são envolvidos por uma jornada de desenvolvimento humano que vai da participação em programas de complementação escolar e de mudança de mentalidade ao acesso a atendimento médico, água, alimentação e condições dignas de moradia.

Conforme demonstrado acima, a aplicação do SROI em projetos de inclusão produtiva
no Brasil pode trazer diversos benefícios. Primeiramente, essa técnica permite que
sejam identificados e mensurados os resultados gerados por esses projetos, de forma a representar sua efetividade e eficácia. Além disso, a avaliação de impacto por meio do SROI pode ajudar a demonstrar a importância e o valor social gerado por projetos de inclusão produtiva, o que pode ser útil para atração de recursos⁹ e engajamento de stakeholders¹⁰, contribuindo para a construção da estratégica de comunicação da organização.

Outro exemplo interessante de SROI de projeto voltado para a inclusão produtiva é o a
avaliação da atuação do CEAP¹¹.

As necessidades dos investidores sociais envolvidos na iniciativa também devem ser
consideradas numa avaliação de impacto. No entanto, não se deve perder de vista os
objetivos da avaliação, que deve buscar analisar a contribuição da iniciativa para o alcance dos objetivos propostos, bem como obter uma visão ampla e objetiva da iniciativa e identificar pontos de melhoria para ampliar o impacto e Nesse sentido, é importante que a avaliação seja conduzida de forma independente e imparcial, visando o interesse geral da iniciativa e dos beneficiários envolvidos, além de ser conduzida com transparência e ética, garantindo assim a confiança dos investidores ao identificar a eficácia do projeto ou programa avaliado.

Outro benefício da aplicação do SROI em projetos de inclusão produtiva é a possibilidade de identificar lacunas e oportunidades de melhoria nessas iniciativas. Por meio da mensuração do impacto gerado, é possível identificar quais aspectos dos projetos estão funcionando bem e quais precisam ser aprimorados. Isso pode levar a um aperfeiçoamento das práticas e estratégias de inclusão produtiva, tornando-as mais efetivas e eficazes, ampliando assim não apenas seus resultados, mas principalmente os impactos gerados para seus beneficiários e para a sociedade.

No entanto, a aplicação do SROI em projetos de inclusão produtiva no Brasil apresenta desafios e possui limitações. Um dos principais é a necessidade de se obter dados confiáveis e precisos para a mensuração do valor social gerado pelos projetos. Isso pode ser um fator limitante, especialmente em regiões remotas ou em comunidades mais vulneráveis, onde a coleta de dados pode ser mais difícil. Além disso, a falta de conhecimento e capacitação em relação à aplicação do SROI também pode ser um obstáculo para sua implementação.

Para superar esses desafios, é fundamental que as organizações que atuam com inclusão produtiva invistam em capacitação e formação de suas equipes, bem como na coleta de dados precisos e confiáveis. Além disso, é de grande importância que haja uma cultura de avaliação de impacto e mensuração do valor social gerado, de forma a tornar essa prática uma parte integrante do planejamento e execução de projetos de inclusão produtiva, ou projetos de qualquer natureza. Outro ponto importante é a necessidade de se estabelecer parcerias e colaborações entre organizações que atuam com inclusão produtiva e outros atores da sociedade, como universidades, institutos de pesquisa e empresas. Essas parcerias podem contribuir para a geração de dados mais precisos e confiáveis, bem como para a disseminação do conhecimento em relação à aplicação do SROI.

Um outro desafio importante de destacar se refere à dificuldade de se avaliar, de maneira rigorosa e precisa num custo acessível, projetos que envolvem mudanças complexas e de longo prazo. No entanto, mesmo nesses casos, é importante não perder o olhar avaliativo, pois existem maneiras simples e pouco custosas de se olhar para o impacto gerado. Uma abordagem possível é a utilização de indicadores de processo, que medem o progresso em relação às atividades planejadas, mesmo que não sejam capazes de medir o impacto real. Além disso, as avaliações qualitativas, como entrevistas e grupos focais, podem fornecer informações valiosas sobre a percepção dos beneficiários e as mudanças comportamentais que foram observadas. Por fim, é possível também utilizar uma abordagem de comparação, confrontando os resultados observados com um grupo de controle (pode ser mais custoso, no entanto) ou com resultados anteriores, para identificar as mudanças que ocorreram. Mesmo que algumas dessas abordagens não forneçam uma avaliação tão rigorosa e precisa, elas ainda são importantes para monitorar o progresso e garantir que o projeto caminhe na direção certa.

A escuta dos beneficiários é outro desafio, mas é um aspecto fundamental da avaliação
de impacto social, uma vez que são as pessoas o foco direto ou indireto dessas avaliações. A percepção dos beneficiários é crucial para entender o impacto que um projeto ou programa está causando em suas vidas, bem como se suas necessidades e expectativas estão sendo atendidas.

Além disso, essa escuta é uma forma de identificar a responsabilização dos projetos e
programas, uma vez que os beneficiários podem fornecer feedback sobre a qualidade dos serviços prestados e a efetividade das intervenções. Ela pode ser realizada por meio de diferentes métodos, como entrevistas individuais, grupos focais, pesquisas e outras técnicas participativas, sempre de forma ética e respeitando a diversidade cultural, garantindo que os beneficiários possam fornecer feedback de forma livre e segura.

Nesse sentido, a avaliação de impacto social também deve considerar a perspectiva de temas transversais, como raça e gênero, para garantir que as intervenções tenham uma abordagem inclusiva e não reproduzam desigualdades sociais. Ao incorporar a perspectiva de gênero e raça na avaliação, é possível identificar se as intervenções estão tendo impactos diferentes em diferentes grupos, permitindo a correção de desigualdades e de injustiças sociais. Além disso, a consideração desses temas transversais é fundamental para que os projetos e programas considerem as necessidades e perspectivas de todos os envolvidos, independentemente de sua identidade de gênero ou raça. Por fim, a incorporação desses temas também ajuda a
promover a conscientização e o engajamento em torno da promoção da igualdade de gênero e racial, um objetivo fundamental da avaliação de impacto social.

O uso de metodologias avaliativas complementares é uma estratégia que também pode gerar resultados interessantes e contributivos na avaliação de impacto social. O uso de diferentes métodos e técnicas, como avaliações qualitativas e quantitativas, pode fornecer uma visão mais completa e precisa dos impactos de um projeto ou programa, bem como de seus fatores de sucesso e desafios. Por exemplo, a combinação de avaliações qualitativas, como grupos focais e entrevistas, com avaliações quantitativas, como pesquisas, pode ajudar a obter informações sobre a efetividade de um projeto ou programa, bem como sobre as percepções e experiências dos beneficiários. Além disso, a utilização de abordagens participativas e de
engajamento dos beneficiários pode ajudar a aumentar a transparência e a responsabilidade do projeto ou programa, além de promover o envolvimento dos beneficiários na melhoria contínua do mesmo. A utilização de metodologias avaliativas complementares é uma forma de aumentar a precisão e a relevância das avaliações de impacto social, gerando resultados mais interessantes e contributivos. O SROI faz uso dessa estratégia uma vez que utiliza métodos qualitativos e quantitativos em seu processo avaliativo.

O campo da avaliação de impacto social está em constante evolução, e novos métodos e tecnologias estão sendo desenvolvidos para melhorar a coleta e análise de dados. Atualmente, há uma pluralidade de métodos disponíveis para avaliar o impacto social de um projeto ou programa, e a escolha do método depende das características do projeto, dos objetivos da avaliação e recursos disponíveis para sua realização. Além disso, a tecnologia tem desempenhado um papel importante no processo de avaliação, permitindo a coleta de dados em tempo real e a análise de grandes quantidades de informações. A inteligência artificial (AI) e outras tecnologias de análise de dados estão sendo cada vez mais utilizadas para melhorar a precisão e eficiência da avaliação de impacto social. No entanto, é importante lembrar que a avaliação de impacto social é uma atividade complexa que envolve a consideração de diversos fatores, e a tecnologia deve ser utilizada com cuidado e sempre em conjunto com outras ferramentas e métodos de avaliação.

Em suma, o SROI é uma técnica avaliativa que apresenta um grande potencial para avaliação de impacto de projetos sociais, incluindo os de inclusão produtiva no Brasil. Permite identificar quais intervenções são mais efetivas em promover a inclusão produtiva, quais as barreiras que ainda precisam ser superadas e quais os grupos que ainda estão sendo excluídos. Além disso, é fundamental que as organizações e a sociedade reconheçam os benefícios da avaliação de impacto de iniciativas de inclusão produtiva, e invistam em estratégias efetivas para promovê-la. Apesar dos desafios mencionados, o processo avaliativo pode trazer diversos benefícios para além da apresentação dos resultados e impacto, como a demonstração do valor social gerado, identificação de lacunas e oportunidades de melhoria. É fundamental que as organizações que atuam com inclusão produtiva invistam em capacitação, coleta de
dados precisos e estabelecimento de parcerias para tornar a avaliação de impacto uma prática integrante de seus projetos. Assim, poderão contribuir ainda mais para o desenvolvimento econômico e social do país, de forma sustentável e inclusiva.

NOTAS

¹O terceiro setor é formado por organizações sem fins lucrativos que atuam em prol do interesse público e buscam solucionar problemas sociais, ambientais e culturais. Entre as principais organizações que compõem o terceiro setor, estão: Organizações não governamentais (ONGs); Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs); Fundações e Institutos, Cooperativas, entre outros. Essas organizações atuam de forma complementar aos setores público e privado, prestando serviços e desenvolvendo projetos em áreas onde estes setores não conseguem atuar de forma eficiente ou eficaz.
²Fabiani et al. (2018).
³Faleiros (2021).
⁴O IDIS é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalha junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Mais informações, acesse o site (IDIS, 2023b).
⁵IDIS (2022b, 2023a).
⁶Buffett & Eimicke (2018).
⁷Para mais informações sobre a o protocolo SROI, consultar o website da Social Value UK (2023).
⁸8 IDIS (2022a).
⁹IDIS (2021).
¹⁰Stakeholders são indivíduos ou grupos que possuem interesse, direito ou impacto numa intervenção (programa, política ou projeto). Eles podem incluir, mas não se limitam a beneficiários diretos e indiretos do projeto, parceiros locais, governos, organizações da sociedade civil e doadores. A identificação e a gestão adequada dos
stakeholders são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o sucesso do projeto, já que suas necessidades e expectativas devem ser atendidas e equilibradas para garantir a sua aceitação e engajamento.
¹¹IDIS (2018).