Observatório do Terceiro Setor destaca debate sobre o futuro da filantropia feito em evento do IDIS

Para celebrar os 25 anos de história, o IDIS promoveu um evento de celebração no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, contando com a presença de colaboradores e ex-colaboradores, além dos diversos colegas, parceiros e amigos que fazem parte da história do instituto.

O evento foi pauta no Observatório do Terceiro Setor, que destacou falas de ambos painéis e trouxe reflexões sobre o futuro do investimento social privado, principal tema discutido.

“A filantropia não pode só preencher o buraco do Estado, pois os recursos sempre serão escassos diante do oceano de recursos necessários. Por isso, precisamos trazer cada vez mais as comunidades para o centro do debate para que, juntos, consigamos ampliar o impacto dos recursos doados. Cada vez mais é importante construir espaços para construir soluções coletivas”, explicou Benjamin Bellegy, durante o evento.

Confira a matéria completa.

Painel ‘O futuro do investimento social: o olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta’. Crédito: Paula Miranda.

25 anos de comprometimento com o fortalecimento da cultura de doação no Brasil!

Por Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e integrante do Movimento por uma Cultura de Doação.

Ao longo de seus 25 anos de história, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem desempenhado um importante papel no fortalecimento da cultura de doação no Brasil.

Quando cheguei aqui, há cinco anos, me chamou atenção poder me envolver com o tema. Era algo que eu valorizava e praticava, mas sem saber que doação poderia ser, também, uma causa e uma cultura. E como cultura, o retrato da doação não é estático, ela tem diferentes nuances, é impactada pelo meio e pode ser desenvolvida quando há intencionalidade.

E o que isso tem a ver com a missão do IDIS de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto? Tudo. Em países onde a cultura de doação é mais desenvolvida, onde isso é um valor da sociedade e uma prática solidária cotidiana, as pessoas também tendem a demandar comportamentos similares de empresas e famílias de alta renda, gerando um ciclo virtuoso. E quando as organizações da sociedade civil têm mais recursos, podem alcançar ainda mais transformações positivas.

Para escrever este artigo, mergulhei na história do IDIS e na minha, e trago aqui algumas das contribuições para o fortalecimento da cultura de doação nos últimos 25 anos, entendo que essa cronologia nos ajuda a também entender a evolução do tema no Brasil.

Desde sua fundação, em 1999, o IDIS tem acumulado experiência com o apoio a diferentes investidores sociais, sejam eles indivíduos, famílias ou empresas. Em 2000, criou o Programa DOAR, voltado a estimular o olhar dos investidores às comunidades de seu entorno. Um dos produtos, lançado em 2008, foi a pesquisa Perfil do Investidor Social Local, realizada nos municípios paulistanos de Guarulhos, Limeira, Santa Bárbara d’Oeste e São José dos Campos. Naquela época, conforme apontado na publicação, havia pouco conhecimento sistematizado sobre doações individuais. A proposta foi então ir além da mera apresentação e análise dos dados obtidos, e provocar reflexões sobre o perfil dos doadores individuais e sua importância para a sustentabilidade das organizações da sociedade civil (OSCs), já que elas são as principais receptoras das doações.

Enquanto conduzia o Programa Doar, o IDIS avançava em outras frentes. Em 2005, formalizou uma parceria com a Charities Aid Foundation (CAF), organização britânica também comprometida com o avanço da filantropia estratégica e que, em 2024, celebra nada menos que seu centenário. A CAF, que aos poucos criou uma rede com presença em todos os continentes, também sentia falta de conhecimentos mais objetivos sobre cultura de doação. Assim, em 2010, lançou o World Giving Index (WGI), o ranking global da solidariedade. Desde então, anualmente, apresenta dados a partir de três dimensões – doação a organizações sociais, voluntariado e ajuda a desconhecidos. A última edição teve a participação de 142 países e, novamente, o IDIS contribuiu com a análise e disseminação. O Brasil, que já ocupou a 18ª posição no ranking, em 2024 apareceu em 86º lugar; com liderança da Indonésia, Quênia e Singapura.

O WGI traz alguns dados sobre a cultura de doação, mas era preciso um olhar mais profundo. Além de saber se houve algum tipo de doação, era preciso explorar quem é esse doador, quais suas motivações, quais as causas beneficiadas, qual sua visão de mundo. Igualmente importante, era conhecer melhor o não doador e as barreiras existentes para a mudança de atitude. Foi com esse intuito que o IDIS criou a Pesquisa Doação Brasil. A primeira edição, com dados de 2015, apresentou o primeiro retrato do comportamento do doador individual no País, a partir de um questionário formulado com a participação de diversos atores do campo. Desde então, temos investido na construção de uma série histórica, sempre com capítulos especiais que permitem análises ainda mais detalhadas. Em 2020, o destaque foi o impacto da pandemia. Em 2022, foi o comportamento da geração Z, e a próxima edição, que refletirá o ano de 2024, buscará identificar a influência das doações emergenciais sobre a cultura de doação. Os dados são usados não somente pelas organizações sociais que dependem da doação de indivíduos, mas também por governos, para embasar políticas públicas, por acadêmicos, que usam os números para pesquisas científicas, e pelo campo, para quem o acompanhamento sistemático contribui para mensurar o fortalecimento da cultura de doação.

Evento de lançamento da Pesquisa Doação Brasil 2015

Os achados da Pesquisa Doação Brasil também são insumos para outras ações do próprio IDIS. A primeira edição evidenciou que a maioria dos brasileiros acham que não devemos falar sobre as doações que realizamos. E quando não falamos sobre doações, o assunto simplesmente parece não existir. Por outro lado, havia uma disposição para falar sobre causas. E assim nasceu o Descubra sua Causa, uma plataforma que, a partir de um teste simples e divertido, apresenta oportunidades de doação alinhadas às causas mais importantes para os usuários. Lançada em 2018, já envolveu mais de 360 mil pessoas. Foi por volta desta época que eu cheguei ao IDIS. Para levar a iniciativa ainda mais longe, mais recentemente, a gestão passou aos cuidados do Instituto MOL, que tem justamente o fortalecimento da cultura de doação no Brasil como causa.

Em 2020, foi a hora de colocar tudo o que aprendemos em prática. O primeiro caso de covid-19 foi confirmado no Brasil no mês de março e em apenas três semanas, criamos o Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil. Além de estruturar o mecanismo, era preciso levantar doações. Com a campanha Abrace a Saúde, captamos R$ 40,4 milhões junto a 11 mil doadores. Ao todo, foram beneficiados 59 hospitais filantrópicos, 1 organização social e um instituto de pesquisa que estavam na linha de frente da pandemia, contribuindo para o fortalecimento do sistema público de saúde.

Outras iniciativas que estimulam a cultura de doação são o Transformando Territórios, programa que fomenta o desenvolvimento de institutos e fundações comunitárias com foco territorial e que que mobilizam doadores das regiões onde atuam, e o Compromisso 1%, movimento realizado também em parceria com o Instituto MOL para fortalecer a cultura de doação corporativa.

Se por um lado houve o investimento em programas e projetos, igualmente importante, foi o apoio direto por meio de consultorias e o esforço de dar luz e somar a outras iniciativas do campo filantrópico. O tema é recorrente em debates e eventos promovidos pelo IDIS, como o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, para o qual recorrentemente convidamos especialistas. Acompanhamos a criação do Movimento por uma Cultura de Doação e a chegada do Dia de Doar no Brasil, ao lado de inúmeras outras pessoas e organizações. Apoiamos ações de advocacy para a promoção de um ambiente regulatório mais propício à cultura de doação e estamos à disposição para contribuir a muitas outras ações.

Assim, juntos, criamos narrativas positivas e capazes de ‘furar a bolha’. Doadores podem doar mais e com mais intencionalidade. Não doadores, podem perceber que contribuir para as causas que são importantes para si é mais fácil do que parece. Engajar a imprensa, dessa forma, é um elemento-chave. Ao mesmo tempo que os municiamos de dados e reflexões, também formamos uma geração de jornalistas mais atentos e sensíveis a essa pauta.

O IDIS foi uma grande escola para mim, além de ter me aberto portas para esta potente rede que é o Movimento por uma Cultura de Doação, e a todos que fazem parte. A cada dia, adentro mais neste mundo. Provavelmente, com mais saberes, mas também com mais perguntas que tinha há cinco anos. O que levo de certeza é que fortalecer a cultura de doação é uma tarefa necessária e que não depende de uma única pessoa ou organização. Essa é uma missão coletiva, com ações confluentes. E por isso, não posso deixar de agradecer a todos que participaram de algum dos projetos aqui citados, e que se dedicam a esta causa de alguma forma. É juntos que fortaleceremos a cultura de doação no Brasil!

Evento de celebração de 25 anos do IDIS é realizado no MASP, em São Paulo, reunindo colaboradores e parceiros do Instituto

Aconteceu no dia 3 de outubro, em São Paulo, o evento de comemoração dos 25 anos do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. A celebração ocorreu no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, contando com a presença de colaboradores e ex-colaboradores, além dos diversos colegas, parceiros e amigos que fazem parte da história do instituto. Essa é mais uma etapa da campanha comemorativa ‘Investimento Social é Coisa de Gente’, celebrando não apenas a história do IDIS, mas todas as pessoas que a ajudaram a construir e que continuam a construir conosco.

Plateia na celebração no Auditório do MASP. Crédito: Paula Miranda.

A comemoração se iniciou com a emocionante apresentação do Maestro João Carlos Martins para o público de mais de 270 convidados. Ele presenteou a plateia com uma perfomance de Playing Love, de Ennio Morricone, seguida por uma apresentação surpresa de ‘Parabéns para você’, ambas no piano.

Maestro João Carlos Martins na Celebração dos 25 anos do IDIS. Crédito: Paula Miranda.

Em seguida, o evento contou com as falas de Luiz Sorge, presidente do conselho deliberativo, Marcos Kisil, fundador, e Paula Fabiani, atual CEO do IDIS. 

“Hoje estamos aqui para celebrar os 25 anos do IDIS. Porém, mais do que isso, estamos aqui para celebrar cada um de nós. Reconhecer tudo o que alcançamos juntos e trazer novas energias para seguirmos nossa jornada. […] É coisa de gente porque é feito por pessoas e para pessoas. É coisa de gente porque tem um olhar empático. É coisa de gente porque envolve diálogo, colaborações, discordâncias, consensos, erros e acertos, e nos emociona”, comentou Paula durante a abertura.

Chegou então a hora de conversar sobre o futuro do investimento social privado no país. O filósofo e economista Eduardo Giannetti subiu ao palco para falar do papel da filantropia no cenário atual. Ele comentou sobre a complexidade do mundo atual que nos apresenta grandes desafios globais e colocou a esperança como mecanismo chave para garantir que os mais jovens se engajem em prol de um mundo melhor.

“Eu acho que tem que mostrar para o jovem como pode ser bela uma vida em que a dedicação ao outro e a causas relevantes a todos tem uma presença e um elemento de motivação”, disse Giannetti em sua fala de abertura.

Em seguida, foi feita uma homenagem para Lírio Cipriani, fundador do Instituto Avon, e nosso parceiro mais longevo. Em 2002, o IDIS apoiou a criação do instituto e, desde então, acompanhamos essa trajetória. A história do IDIS foi escrita até aqui lado a lado ao do Instituto Avon – atualmente Instituto Natura. O momento representou uma homenagem a todos os nossos parceiros que também ajudaram a construir essa história conosco.

A programação contou ainda com a participação de um amplo painel que tratou do futuro do investimento social através do olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta. Compuseram a mesa Alcione Albanesi, Presidente nos Amigos do Bem; Benjamin Bellegy, Diretor Executivo da WINGS; Carlos Pignatari, Diretor Sul-Americano de Impacto Social da Ambev; Claudia Soares Baré, Diretora Executiva Fundo Podáali; Neca Setubal, Presidente na Fundação Tide Setúbal; Raí Oliveira, Fundador Gol de Letra, que participou por vídeo; e Selma Moreira, VP de Diversidade, Equidade e Inclusão no J.P. Morgan.

Painel ‘O futuro do investimento social: o olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta’. Crédito: Paula Miranda.

Um ponto central discutido durante o painel foi o protagonismo daqueles apoiados pela filantropia. “Quando a gente fala do futuro da filantropia, pro [Fundo] Podáali, o futuro da filantropia é fazer com que os povos indígenas sejam protagonistas da própria filantropia.[…] O nome do Podáali ele tem um significado de sustentabilidade, de doação, por que nós já fazemos isso sem saber que fazíamos filantropia. […] Se não há respeito, nós não estamos fazendo filantropia, é sempre um lado que quer sempre ter a razão”, disse Baré.

Encerrando a celebração, os convidados participaram de um coquetel – momento de muita conexão entre os presentes. 

Ao longo dos últimos 25 anos, o IDIS viu de perto o desenvolvimento do investimento social privado e, por consequência, da sociedade como um todo. Tudo o que avançamos só foi possível devido ao comprometimento, colaboração e trabalho coletivo de diferentes pessoas com um objetivo comum: construir um mundo melhor e com mais equidade. Por isso, finalizamos nossa comemoração com um grande brinde pelo que foi feito até aqui e tudo que ainda vamos construir!

Equipe do IDIS. Crédito: Paula Miranda.

 

IDIS promove encontro com ex-colaboradores como parte da campanha de 25 anos

No mês de agosto, o IDIS promoveu um encontro especial com ex-colaboradores que passaram pela Instituição ao longo dos anos. Além dos momentos de interação, o reencontro contou com um passeio pelo passado da organização, e apresentação de um panorama do que está acontecendo no presente – com destaque para a campanha de 25 anos, o Fundo de Fomento à Filantropia e as atividades realizadas em nossos três pilares: consultoria, impacto e conhecimento.

Além dos ex-colaboradores, estiveram presentes Paula Fabiani, CEO do IDIS, Dr. Marcos Kisil, fundador do IDIS, e alguns membros da equipe atual.

“Sou pessoalmente muito grata a todas as pessoas que passaram pelo IDIS ao longo destes anos, seja antes ou durante o meu período aqui, ajudando a construí-lo e transformá-lo no que é hoje”, comenta Paula.

O encontro foi mais uma etapa da campanha comemorativa de 25 anos, ‘Investimento Social é Coisa de Gente’, celebrando não apenas a história do IDIS, mas, principalmente, as pessoas que a ajudaram a construir e que continuam a construir conosco.

“É uma organização privilegiada no fator humano. Todo mundo que passa por aqui realmente se torna um ser humano melhor. Tenho muita gratidão por toda essa história do IDIS e, hoje, muito orgulho de ver como o IDIS tem ajudado tantas pessoas e organizações na construção de uma sociedade mais justa, harmoniosa e sustentável por meio da prática do investimento social privado”, diz Carla Duprat, ex-colaboradora do IDIS e atual diretora executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).

Jornal de Brasília noticia o lançamento do Fundo de Fomento à Filantropia

O Fundo de Fomento a Filantropia (FFF) nasce para ampliar o impacto das ações do IDIS nas áreas da filantropia estratégica e do investimento social privado no Brasil. Em matéria sobre seu lançamento, o Jornal de Brasília destacou como é composto o patrimônio do fundo: matchfunding.

O matchfunding é um modelo de financiamento coletivo capaz de alavancar tanto a arrecadação de recursos, como a capacidade de impacto dos projetos contemplados, em função da sua estratégia de multiplicação das doações captadas. Dessa forma, a cada R$1 doado ao FFF, o IDIS irá combinar mais um real a partir da doação feita pela filantropa Mackenzie Scott ao instituto, potencializando a capacidade de impacto do fundo.

“O IDIS completa 25 anos e foi o momento perfeito para concretizarmos um sonho antigo – a criação de um fundo patrimonial que garanta perenidade do investimento em causa tão importante para o Brasil – a filantropia”, ressalta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Paula Fabiani, Rodrigo Pipponzi, José Luiz Egydio Setúbal e Luiz Sorge no Jantar de lançamento do Fundo de Fomento à Filantropia.

Acesse a matéria completa aqui.

Já trabalhou no IDIS? Queremos falar com você!

Sejamos honestos, 25 anos não se faz todo dia. Em setembro alcançaremos essa marca e, claro, não podíamos deixar de celebrar. Não somente os anos de história, mas principalmente todas as pessoas que a construíram e constroem ela conosco.

Tudo o que avançamos só foi possível devido ao comprometimento, colaboração e trabalho coletivo de diferentes pessoas com um objetivo comum: construir um mundo melhor e com mais equidade. Nesta celebração, sabíamos quem deveria ser o centro da história: todas as pessoas que pensam, realizam e fazem o investimento social no Brasil evoluir e acontecer. São eles, ou melhor – nós – os protagonistas.

Se você já fez já fez parte deste time, complete o cadastro aqui para entrarmos em contato.

Queremos fazer um encontro para voltarmos a nos conectar e também te convidar para nosso evento de celebração.