O Investimento Social Privado e Investimento estatal na promoção da equidade racial

A busca por equidade racial no país e no ambiente profissional é objeto crescente de debate no Brasil e no mundo. Governos, empresas e organizações da sociedade civil têm se organizado para que a pauta esteja presente nas mais variadas esferas de participação popular, da constituição de partidos políticos e acesso às universidades públicas e colégios privados, até processos seletivos de empresas e nas representações artísticas – todas são esferas capazes de reconstruir o imaginário popular e com grande potencial de empoderamento de grupos subrepresentados.

Além do resgate da identidade negra e do estabelecimento de políticas afirmativas (em universidades, dentro de empresas e instâncias públicas), a baixa qualidade da educação pública é comumente apontada como responsável pela desproporcional representatividade de negros em universidades e cursos de prestígio, e em cargos de
liderança e governança de grandes empresas.

Nos Estados Unidos, em um estudo publicado na Economic Policy Institute, foi estimado um gap salarial médio de 22% para homens negros na comparação com homens brancos e de 11,7% para mulheres negras na comparação com mulheres brancas, mesmo controlando por fatores como educação, anos de experiência e região, indicando a existência de um racismo estrutural persistente no país ao longo do tempo.

No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE) apontou que em 2019 a diferença salarial entre brancos e negros foi de 45% em média. Estudo econométrico publicado pelo BID para o Brasil (Garcia, Ñopo e Salardi, 2009) aponta para um crônico descompasso salarial entre negros e não-negros, também controlando por fatores observáveis (gênero, idade, região e ocupação) e para todos os percentis salariais. Vale ressaltar que para os percentis salariais mais altos a diferença é maior. Os autores atribuem o resultado não só ao racismo estrutural, como também à qualidade da educação pública que cobre proporcionalmente mais negros do que não-negros no Brasil.

Cabe lembrar que a educação de qualidade é hoje considerada um direito humano e também um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 2030) elencados pela ONU, tendo por finalidade a formação de sujeitos cidadãos, com capacidade reflexiva e potencial produtivo para o mercado de trabalho, e colaborando para a diminuição das desigualdades sociais.

Além disso, a educação pública é comumente encarada como reflexo de um projeto de país e uma das principais trilhas para a inclusão social. Reforçando essa compreensão, historicamente no Brasil enraizou-se a percepção de que o acesso à escolarização de qualidade traz como consequência lógica a propensão à ocupação de cargos intelectuais e com maior estabilidade financeira, em oposição a trabalhos braçais e muitas vezes precários. Ainda que problemático, esse paradigma brasileiro só será revertido com a melhoria da educação pública,  a qual o setor privado também deve se envolver por meio do investimento social privado.

Durante a participação do IDIS na concepção do Pacto de Promoção da Equidade Racial, foi produzido um material que se aprofunda justamente nesse assunto, apresentando dados e referências para o fortalecimento da equidade racial, além de formas de mensura-la em empresas e organizações privadas.

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Conheça o Pacto de Promoção da Equidade Racial

O Pacto de Promoção da Equidade Racial é uma iniciativa que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais e multinacionais da sociedade civil para o tema.

Seu principal objetivo é propor e implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil e promover sua adoção por empresas e investidores institucionais, contemplando ações que estimulem uma maior equidade racial – muito centrada na adoção de ações afirmativas, na melhoria da qualidade da educação pública e na formação de profissionais negros.

O IDIS, ao lado de outras diversas organizações, é um dos membros fundadores da iniciativa

 

SÉRIE | O Investimento Social Privado e Agenda ESG: sinergias e aprendizados

O que o investimento social privado e a agenda ESG possuem em comum? Qual a relação com a mensuração de impacto? Como a atuação das organizações sociais podem contribuir nesta equação?

Buscando responder a esses e outros questionamentos, Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos,  prepararam a série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

Acesse os três capítulos da série:

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Tem interesse em conhecer mais sobre esses serviços? Entre em contato com comunicacao@idis.org.br

Do planejamento ao monitoramento e avaliação: como instituições podem potencializar seu impacto?

Planejando um Investimento Social Privado estratégico

A partir da alocação voluntária e estratégica de recursos privados para o benefício público, empresas podem ir além do lucro financeiro e contribuir para o desenvolvimento socioambiental sustentável. A agenda ESG é uma poderosa aliada na formulação de práticas de filantropia estratégica, com ênfase na mensuração e mitigação de riscos não financeiros. Por exemplo, uma empresa que possui riscos não financeiros bem mapeados, pode utilizá-los para criar ou aprimorar sua estratégia de investimento social privado, não só mitigando impactos negativos da operação, como também gerando impactos positivos e ampliando o diálogo com públicos de interesse.

Em outras palavras, uma estratégia de investimento social privado alinhada à uma estratégia ESG ajuda a materializar o propósito da organização para seus mais variados stakeholders, gerando resultados tangíveis para a empresa e para a sociedade. Apesar de parecer lógico, esse alinhamento não é tarefa fácil. Em pesquisa realizada pela Amcham e Humanizadas, com 574 CEOS, vice-presidentes, gerentes e implementadores de estratégias ESG, 38% dos respondentes destacaram que o principal desafio na agenda ESG é a dificuldade em mensurar e monitorar indicadores ESG, e 32% indicaram ser a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade.

Como uma estratégia de investimento social privado (ISP) pode ajudar a endereçar esses desafios? Em primeiro lugar, se há clareza quanto aos objetivos e visão de impacto, já existe uma base para práticas de monitoramento e avaliação. Além disso, a definição de causas prioritárias/focos de atuação ajuda a empresa e seus stakeholders (públicos interessados) a elencar prioridades e comunicarem melhor – tanto interna quanto externamente – as ações realizadas, facilitando o entendimento e engajamento de colaboradores e sociedade e contribuindo para ganhos reputacionais, atração e retenção de talentos, entre outros.

A metodologia do IDIS parte da compreensão de que é preciso conectar o conceito e as práticas de ISP ao propósito e valores institucionais, considerando o viés econômico que rege o negócio e a perspectiva dos principais stakeholders em relação ao valor socioambiental a ser criado pela empresa. Este olhar integrado ISP-ESG permite potencializar a capacidade da organização de gerar impacto positivo para a sociedade e valor real em curto, médio e longo prazo para o negócio e sua cadeia de stakeholders.

Aumentando o engajamento de stakeholders

“O propósito de uma empresa é engajar todas suas partes interessadas na criação de valor sustentável. Ao criar tal valor, a empresa não atende somente a acionistas, mas a todas suas partes interessadas – colaboradores(as), clientes, fornecedores(as), comunidades locais e sociedade em geral. A melhor maneira de compreender e equilibrar os interesses divergentes de todas as partes interessadas é por meio de um comprometimento compartilhado com políticas e decisões que fortaleçam a prosperidade da empresa a longo prazo”. O trecho foi extraído do Manifesto de Davos 2020, proposto pelo Fórum Econômico Mundial e que exemplifica os novos paradigmas que regem as corporações na 4ª. Revolução Industrial. 

Novas maneiras de se relacionar com diversas partes interessadas já ocupam espaço central em estratégias eleitorais, de marketing e na criação de produtos. No entanto, observa-se que o investimento social privado nem sempre acompanha essa tendência. Investidores sociais, de maneira geral, ainda utilizam abordagens verticais e centralizadoras na hora de definir seus aportes e estabelecer vínculos com seus públicos.

Apesar de possuírem um escopo de atuação limitado, ao criarem suas estratégias ESG e de Investimento Social Privado, empresas precisam considerar o envolvimento de múltiplos stakeholders. Para cada perfil, para cada desafio, um arranjo diferente, ainda que colaboração e o trabalho em rede surjam como pontos comuns que devem ser considerados.

Ao adotar uma estratégia que envolve e aprofunda os laços com as partes interessadas, uma empresa passa a gerar maiores e melhores resultados para suas ações sociais. Além disso, ela pode se beneficiar de relacionamentos mais estratégicos e duradouros com as comunidades de seu entorno, poder público, tomadores de decisão e influenciadores.

Do ponto de vista das organizações da sociedade civil, é preciso se preparar para um envolvimento mais estratégico com seus parceiros do setor privado, contribuindo de forma programática para o enfrentamento de desafios socioambientais, para além do apoio a projetos pontuais. Embora essa colaboração demande mais esforço no curto prazo, pode levar a laços mais fortes e recursos mais estáveis para a organização.

 

Medindo e comunicando os resultados e impacto

Na hora de mensurar a contribuição e o impacto socioambiental das ações de uma empresa, é necessário estabelecer diretrizes de monitoramento e avaliação. Essas diretrizes não apenas auxiliam a definição e acompanhamento de tópicos materiais, avaliação e comunicação de resultados, como também contribuem para a construção de uma governança de sustentabilidade empresarial que traduza aprendizados em decisões estratégicas, referentes à cultura organizacional, riscos e oportunidades, performance socioambiental, entre outros aspectos.

As práticas de monitoramento e avaliação do investimento social privado podem ajudar empresas a avançarem na maneira como medem o sucesso de suas iniciativas e de suas contribuições para o desenvolvimento sustentável e redução de riscos não financeiros, hoje ainda muito pautadas por frameworks insuficientes, que avaliam somente processo e nível de compliance.

Do ponto de vista das organizações da sociedade civil, o desafio é outro: traduzir a importância do trabalho realizado e seus resultados em uma linguagem que agregue valor para o relatório de sustentabilidade das empresas. A capacidade de comunicar de forma clara esses resultados pode ser o diferencial para aumentar a qualidade e a profundidade do relacionamento com as partes interessadas.

Uma maneira de aproximar essas duas pontas, no contexto das empresas, é por meio de uma teoria de mudança que estabeleça de forma clara a conexão entre o impacto esperado e as ações realizadas, assim como critérios de seleção de projetos e elementos que contribuam para a comunicação dos compromissos públicos e resultados obtidos.

 

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 

 

Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Entre em contato conosco para contar sua história ou dar os próximos passos de sua organização nesta jornada através do e-mail comunicacao@idis.org.br

Como empresas estão promovendo o diálogo e engajamento de seus stakeholders?

Como o investimento social privado pode desempenhar um papel significativo nos processos de mapeamento e gestão de stakeholders? E no relacionamento com a comunidade e ampliação do impacto social positivo de uma empresa?

Não há fórmula pronta para uma estratégia de investimento social, e a ascensão da agenda ESG trouxe novos desafios e oportunidades para empresas que desejam promover o benefício público por meio da alocação de recursos próprios.

Nesse segundo artigo da série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’, conheça três exemplos que mostram como empresas podem, na prática, potencializar sua atuação social.


Sicoob: Investimento Social que produz Inteligência Social

Estar próximo das comunidades é uma marca do cooperativismo de crédito. Essa prática vem ganhando força nos últimos anos e, em 2022, o número total de cooperados no Brasil passou a marca de 15 milhões, um crescimento de 14,5% em relação ao ano anterior, segundo dados do Banco Central (BC). As cooperativas de crédito operam em mais de metade dos municípios do país e possuem considerável carteira composta por micro e pequenas empresas e produtores rurais, promovendo, desta forma, a inclusão financeira.

Um exemplo de cooperativa de crédito é o Sicoob, que possui 7,5 milhões de cooperados em 338 cooperativas singulares. “O relacionamento próximo às comunidades é um diferencial essencial para o Cooperativismo de Crédito. Por isso, nossa diretriz central, presente no planejamento do Sicoob, é Cidadania e Sustentabilidade, abordagem que orienta as diretrizes sistêmicas da nossa responsabilidade social, ambiental e climática, guiando-nos para que o crescimento dos negócios e a prosperidade da sociedade caminhem juntos”, destaca Luiz Edson Feltrim, Superintendente do Instituto Sicoob.

“As cooperativas singulares protagonizam o diálogo com as comunidades em seus territórios de atuação e são responsáveis por levantarem insumos para a formulação das diretrizes estratégicas sistêmicas, incluindo também o Investimento Social”, continua.

Essa proximidade com as comunidades reflete não só o propósito do sistema cooperativista, mas também suas iniciativas de investimento social, estruturadas desde 2004 por meio de entidade estratégica, o Instituto Sicoob, que tem como missão a difusão da cultura cooperativista e contribuição para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades. A relação entre Sistema e Instituto é horizontal: “o Instituto Sicoob participa de todo o processo do planejamento estratégico do Sicoob, pois a organização entende que o investimento social é ferramenta fundamental para cumprir o papel do Cooperativismo Financeiro na Cidadania Financeira, sobretudo para contribuir com a promoção da inclusão e da educação financeira” continua Feltrim.

Na prática, há contribuições claras do Instituto Sicoob à agenda ESG da organização, respondendo diretamente a três temas materiais (cooperativismo, comunidades e cidadania financeira), e contribuindo efetivamente para a estratégia do negócio. “Os critérios ESG legitimam o investimento social como parte estratégica dos negócios. Nesse sentido, temos enxergado a oportunidade de nos posicionar internamente como a área que promove inteligência social para o negócio e contribui diretamente para o posicionamento da organização no mercado como protagonista na Agenda ESG”, conclui Feltrim.

 

Ambev: foco em executar metas ambiciosas

Inteligência social e contribuição para a estratégia de negócio também são o norte da atuação de impacto positivo da Ambev, empresa brasileira do setor de bebidas com atuação em 16 países e mais de 30 mil colaboradores. “Temos dentro de casa uma agenda ESG robusta com metas ambiciosas para os próximos anos. Nossos pilares de atuação estão intimamente ligados à sustentabilidade do negócio. Uma das principais mudanças que atravessamos, além da evolução cultural, foi trazer a escuta ativa, inovação e tecnologia para cada frente de atuação da companhia”, afirma Carlos Pignatari, Diretor de Impacto Social da Ambev.

Um exemplo dessa ambição é a meta de alcançar 1 milhão de pessoas, até 2025, em projetos que buscam levar água potável para pessoas que não têm acesso. Até o momento, mais de R$ 9 milhões foram investidos em 115 projetos sociais, por meio da água AMA – primeiro produto social da Ambev, que tem todo o lucro destinado a esses programas. Mais de 600 mil pessoas já foram impactadas, colocando a empresa em linha para atingir sua meta.

Outra ambição é a inclusão de 5 milhões de pessoas no mercado produtivo até 2032, por meio da plataforma Bora.

“Estamos investindo em iniciativas focadas em inclusão produtiva que impulsionam o acesso a uma rede de conexões, conhecimento e empoderamento financeiro para os brasileiros. O projeto, alinhado ao ODS 8, nasceu como a representação do nosso compromisso com a sociedade e está em total sinergia com o novo capítulo de transformação da Ambev. Além disso, nosso CEO é o embaixador da ODS 8 e nos estimula sempre a buscar formas de apoiar esse objetivo”, explica Pignatari.

Esses dois exemplos se relacionam diretamente à estratégia da empresa. “Estamos sempre atentos às principais necessidades da sociedade e buscamos sempre reforçar nossa escuta ativa para proporcionar soluções para os problemas que nosso ecossistema enfrenta. E esse ecossistema começa com o agricultor, passa pelos nossos colaboradores e pelas comunidades onde estamos inseridos, pelos donos e donas de bar e pelos mercados, parceiros, até chegar aos milhões de consumidores brasileiros”, conta o executivo. Uma leitura rápida dos programas pilotos oferecidos na plataforma Bora demonstra essa conexão, com o oferecimento de trilhas de conhecimento para a formação de profissionais para atuarem em bares, hotéis e restaurantes, por exemplo; ou a promoção da conexão de empreendedoras com negócios locais e rede Ambev em São Luís – MA e Recife – PE, por meio de parceria com a Rede Mulher Empreendedora (RME).

 

RD: fortalecendo o diálogo em prol do impacto

O grupo RD tem um portfólio integrado de ativos focados na saúde e no bem-estar: RD Farmácias (Droga Raia e Drogasil), RD Serviços (4Bio Medicamentos Especiais, Univers, plataforma de gestão de saúde, Stix Programa de Pontos e Fidelidade e RD Marcas (Needs, Natz, Caretech, Bwell e Nutrigood).

O objetivo da atuação social do grupo RD é contribuir para a saúde integral de pessoas em situação de vulnerabilidade, para que vivam mais e melhor. Desta forma, a empresa atua em quatro pilares: saúde física e mental, saúde social, saúde ambiental e saúde integral das comunidades, organizadas pela Teoria da Mudança, que define a estratégia de investimento social do grupo.

A partir dessa estrutura organizacional, torna-se viável a alocação de recursos, que, somente em 2022, atingiu a quantia de R$ 29,5 milhões, em projetos alinhados com os objetivos estratégicos do grupo. Esses objetivos incluem, entre outros aspectos, a conformidade com políticas públicas e o foco no apoio a aceleradoras de negócios de impacto.

“Nós procuramos manter um relacionamento próximo e de longo prazo com as organizações sociais que apoiamos. Além das visitas frequentes e do envolvimento do nosso voluntariado, as organizações são chamadas para apoiar nos processos importantes como a construção de um painel de indicadores e alteração no processo de apoio via leis de incentivo”, afirma Maria Izabel Toro, Gerente Executiva de Investimento Social.

Estratégia, ações consistentes e transparência fazem o investimento social do grupo se destaca. Mas no centro desses fatores está o diálogo com a comunidade.

 

A série ‘O investimento social privado e a agenda ESG: sinergias e aprendizados’ é uma iniciativa de Marcelo Modesto, gerente de projetos e líder do núcleo ESG do IDIS, e Gabriel Bianco, coordenador de projetos do IDIS. Em três artigos, abordam metodologias e práticas do investimento social privado que podem ajudar empresas e organizações a melhor navegarem no universo do capitalismo de stakeholders. Exemplos práticos de investidores sociais e organizações que estão inovando na busca por uma melhor gestão da sustentabilidade e seu impacto socioambiental positivo ilustram o conteúdo. 


Acesse também os outros artigos da série:

 

Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.

Em 2023, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.

Entre em contato conosco para contar sua história ou dar os próximos passos de sua organização nesta jornada através do e-mail comunicacao@idis.org.br

IDIS participa de encontro com famílias empresárias em Recife

O IDIS esteve presente em Recife para facilitar a sessão “Impacto: como famílias empresárias podem contribuir para o desenvolvimento socioambiental no Brasil”, parte do Encontro FBN Recife. A iniciativa faz parte da agenda regional do Instituto de disseminar conhecimento e gerar debates sobre o Investimento Social Privado, Filantropia Familiar e cultura de doação em mais regiões brasileiras, para além dos locais onde já temos atuação.

Ao longo do ano de 2023, intensificamos o relacionamento com atores estratégicos de diferentes estados, buscando enriquecer com diferentes saberes a expertise que vem sendo construída pelo IDIS ao longo desses 24 anos.

O Encontro na cidade de Recife – PE, foi promovido pela Family Business Network Brasil, a maior organização de famílias empresarias do mundo que promove a sustentabilidade desses modelos de negócio. A programação total do evento foi exclusiva para empresários parte da rede, porém a sessão promovida e realizada pelo IDIS foi aberta a outras pessoas, parte do ecossistema filantrópico da região.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, facilitou uma conversa ao lado de Mariana Moura, presidente do conselho de família da Baterias Moura e vice-presidente do Grupo Conceição Moura; e Helena Brennand, membro do Conselho de sócios e presidente do Conselho de Família do Grupo Cornélio Brennand.

Na oportunidade, Paula Fabiani apresentou aos convidados um pouco do contexto de Investimento Social Privado onde destacou diferentes modelos possíveis de atuação de famílias empresárias com impacto socioambiental, além de recomendações para aqueles que querem começar na jornada filantrópica.

 

 

Investimento Social Privado e Responsabilidade Social Corporativa: aproximações entre as práticas

por Letícia Santos e Paloma Pitre, ambas analistas de projetos no IDIS

O investimento de empresas em projetos socioambientais tem aumentado, refletindo uma tendência crescente de adoção de práticas sustentáveis. Algumas empresas optam até mesmo por desenvolver programas de impacto próprios, demonstrando um comprometimento ainda mais direto com práticas de responsabilidade socioambiental. De acordo com dados do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) da Comunitas, em 2022, 40% das empresas acompanhadas pela pesquisa registraram um aumento em seus investimentos sociais. Destaca-se, especialmente, o crescimento dos aportes financeiros das empresas em iniciativas socioambientais, em relação ao seu lucro bruto. No período em questão, foram destinados R$ 4 bilhões voluntários para projetos sociais.

Esse fenômeno pode ser atribuído, entre outros fatores, à crescente pressão por parte de consumidores e investidores, que estão cada vez mais exigentes em relação às práticas socioambientais das empresas. Segundo a Pesquisa Doação Brasil 2022, 44% da população leva em consideração se as marcas e empresas fazem investimento social e/ou apoiam causas, ao decidir comprar um produto ou contratar um serviço.

No entanto, as razões não se limitam apenas a esse aspecto. Ocorre, igualmente, o fenômeno da conscientização por parte das próprias empresas sobre a necessidade de contribuírem positivamente para as comunidades em que estão inseridas.

Diante desse cenário, é importante compreender as diversas maneiras pelas quais as empresas interagem com o campo socioambiental. Neste artigo, discorremos sobre a responsabilidade das empresas na gestão de seus impactos e as oportunidades para ampliar os valores proporcionados à sociedade.

 

As diferentes formas de empresas contribuírem com o campo socioambiental

Os esforços em prol do desenvolvimento ou financiamento de iniciativas socioambientais podem ser justificados tanto pela responsabilidade da empresa em mitigar danos ou impactos negativo, comportamento que representa a forma mais fundamental de envolvimento esperada, quanto por investimentos voluntários alinhados com o propósito da empresa.

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é caracterizada pelo comprometimento das empresas em reduzir riscos e danos potenciais decorrentes do desempenho de suas atividades em determinados territórios ou ecossistemas. Assim, a responsabilidade social emerge como um elemento básico que se espera de empresas que buscam condutas corporativas adequadas.

Uma prática amplamente adotada no campo da responsabilidade social corporativa é a realização do chamado due diligence (devida diligência, em tradução livre). A due diligence, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), abrange esforços para identificar quais são os possíveis impactos negativos relacionados à atividade empresarial em áreas como direitos trabalhistas, direitos humanos, meio ambiente, transparência, entre outras. O objetivo é desenvolver estratégias de prevenção, mitigação e remediação de danos.

Já o Investimento Social Privado (ISP) representa esforços voluntários das empresas em alocar recursos para contribuir positivamente para o impacto socioambiental. São muitas as formas de realizar esse tipo de investimento, seja por meio do desenvolvimento de iniciativas próprias ou pelo repasse de recursos para ações e projetos desenvolvidos por terceiros.

Idealmente, o ISP busca a geração de maior impacto nas áreas de sustentabilidade em que a empresa possui maior potencial de contribuição. Para identificar pontos de sinergia entre o negócio e as oportunidades de investimento social, é importante conhecer os principais indicadores sociais e ambientais dos locais em que a empresa atua, os elementos chave de sua cadeia de produção, o perfil do beneficiário do programa, entre outros aspectos relevantes.

Uma das possibilidades para se buscar maior integração entre o social e o propósito corporativo é a adoção do modelo de Empresas B ou Benefit Corporations. O Movimento B tem reunido diversas empresas em um novo paradigma corporativo, cujo foco está na promoção de impactos socioambientais positivos. Alinhado aos mesmos princípios da responsabilidade social, esse movimento introduz um novo modelo econômico, no qual as empresas certificadas com o Selo B se comprometem a impulsionar melhorias contínuas em suas práticas, tendo a governança e a sustentabilidade socioambiental como parte integrante do propósito do negócio. Atualmente, há 286 Empresas B registradas no Brasil.

Nota-se, portanto, a existência de um espectro amplo no campo de ações socioambientais corporativas, que vai desde a realização das ações mínimas esperadas (responsabilidades), passa pelos investimentos voluntários e avança até a geração intencional de impacto socioambiental positivo, pensados como um dos pilares estratégicos e gerenciais da empresa.

 

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Integrações e aproximações entre Responsabilidade Social Corporativa e Investimento Social Privado

Em meio aos diversos graus de maturidade e envolvimento com as causas sociais e ambientais, nota-se que as empresas podem se encontrar alinhadas a diferentes espectros do impacto social e ambiental. De qualquer forma, a presença e a preocupação das empresas não apenas com o impacto que geram, mas também com a sociedade em que operam, e de que maneira podem contribuir para promover melhorias nessa sociedade, são tendências em ascensão.

Assim, as iniciativas de ISP e de RSC não devem ser compreendidas como excludentes entre si. Pelo contrário, é esperado e recomendado que elas se complementem. Nesse sentido, por exemplo, um processo de due diligence pode ser utilizado não somente para antever riscos do negócio, mas também para identificar áreas de investimento por meio do ISP.

A coerência nesse alinhamento é importante, uma vez que o conhecimento da empresa sobre o campo temático no qual está investindo pode tornar a alocação mais eficaz, além de se integrar ao planejamento estratégico e, consequentemente, facilitar a captação de recursos para projetos futuros. A tendência é que as práticas de ISP e RSC, embora conceitualmente distintas, se aproximem cada vez mais, convergindo para os objetivos intrínsecos das empresas.

O que é Grantmaking e como a prática contribui para ações de impacto social

por Paula Lottenberg e Aline Herrera

 

Você sabe o que é grantmaking? A prática tem se destacado no campo do Investimento Social Privado como um caminho para a potencialização dos recursos investidos nas causas e projetos sociais. Conheça aqui todos os detalhes sobre o modelo!

 O termo se refere a uma estratégia de atuação do campo da filantropia que envolve o repasse de recursos financeiros para organizações e projetos sociais já existentes. Desta maneira, o investimento social amplia as fronteiras de atuação para além do entorno do financiador, como seria com a criação e execução de projetos próprios.

Além de reduzir os custos financeiros e técnicos para as empresas e organizações financiadoras, a prática de grantmaking é capaz de potencializar o Investimento Social Privado e impacto. Isso ocorre porque a descentralização dos recursos passa a contemplar uma diversidade de causas e comunidades, promovendo, inclusive, iniciativas em regiões e localidades menos estruturadas do país.

Pensemos, por exemplo, num doador interessado em investir em determinada causa, com um recurso disponível de R$150 mil. Se esse doador decidir por criar um novo projeto, esse recurso seria consumido em grande parte entre as etapas de estruturação e despesas operacionais relacionadas ao início de um novo programa, com pouca vazão para o impacto de ponta. Além disso, todo o recurso estaria concentrado em um único projeto, com atuação e beneficiários muitas vezes limitados geograficamente.

Já se esse mesmo doador optar pelo grantmaking, esses R$150 mil seriam repassados para organizações da sociedade civil, podendo virar dois apoios de R$75 mil ou cinco apoios de R$30 mil. Como as organizações que receberiam os repasses já são estruturadas, quase a totalidade do recurso se destinaria para a execução dos projetos escolhidos, potencializando a atuação e a abrangência daquele investimento e, consequentemente, seu impacto na sociedade.

As organizações beneficiárias são selecionadas a partir de um criterioso processo de análise – que pode se dar por editais abertos, cartas convites ou outros meios. Também é comum, na prática, a relatoria de utilização do recurso, através de ferramentas de Monitoramento e prestações de contas. Dessa forma, o doador garante que o investimento está voltado para o impacto e sendo gerenciado por equipes que tem expertise na causa escolhida.

Este incentivo estratégico, mais do que repasse financeiro, é um ato de encorajamento às organizações da sociedade civil (OSCs) que desenvolvem soluções reais para as comunidades e causas com as quais atuam. Assim, as organizações firmam-se como protagonistas de seu meio, proporcionando resultados mais assertivos aos beneficiários.

O grantmaking estimula que as iniciativas sejam cada vez mais aperfeiçoadas em níveis técnicos, de abrangência e de impacto, impulsionando um desenvolvimento comunitário mais sustentável, justo e inclusivo.

 

Surgimento do Grantmaking como estratégia de doação

O grantmaking surgiu junto com a ascensão da filantropia moderna no final do século XIX, provocada pela crítica social da doação de quantias muito pequenas e sem foco para organizações beneficentes.

Essa nova forma de investimento social foi constituída pela criação de fundações inovadoras de famílias como Rockefeller e Ford que enriqueceram com as indústrias siderúrgica, petrolífera, ferroviária, telegráfica e automobilística.

Para receber as doações em larga escala dessas fundações, as instituições sociais começaram a adotar métodos de gestão profissional e colocaram como foco de seu trabalho a melhoria das condições sociais. Essas novas práticas tiveram impacto de longo prazo na forma de fazer filantropia e na educação, cultura, ciência e saúde pública em todo o mundo.

Esse momento histórico também foi marcado pelo desenvolvimento das doações e do voluntariado nos Estados Unidos, impulsionados pela Primeira Guerra Mundial. Durante esse período, os americanos doaram mais de US$400 milhões à Cruz Vermelha, gerando uma democratização das doações, incluindo também a classe média.

 

Grantmaking no Brasil

Historicamente, observamos como prática do investimento social brasileiro mais agentes executores de seus próprios projetos do que financiadores de organizações da sociedade civil. Contudo, em 2020, o Censo GIFE registrou, pela primeira vez, que o volume de recursos doados (47%) foi superior aos executados pelos próprios financiadores (42%). Foram R$2,5 bilhões doados a terceiros, sendo R$2 bilhões para iniciativas de enfrentamento aos efeitos da pandemia de Covid-19, indicando que este foi um acelerador para novos modelos de filantropia e concessão de recursos.

O resultado demonstrou que o campo do investimento social pode atuar de forma solidária e ágil na resposta a situações emergenciais. Contudo, esse dado não indica necessariamente que as empresas, institutos e fundações estão atuando mais como grantmakers, uma vez que não é possível saber o quanto desse formato de doações foi incorporado às estratégias permanentes das organizações.

Nesse sentido, outro dado importante do Censo GIFE é o número de investidores sociais essencialmente financiadores, ou seja, aqueles que destinam mais de 90% do orçamento à doação para terceiros. Em 2020, apenas 16% dos respondentes foram classificados como essencialmente financiadores, praticamente o mesmo patamar de dez anos atrás e com queda de 7% em relação a 2018, apesar do acentuado crescimento no volume de doações em razão da pandemia.

Os doadores institucionais têm preferido alocar os seus funcionários na administração direta de programas próprios, dedicando-se a uma visão de redução dos riscos que poderiam existir com o repasse de recursos para terceiros. Nesse caso, a ausência de ações de grantmaking pode ser explicada principalmente pela falta de confiança nas organizações da sociedade civil.

Essa perspectiva faz com que as práticas de repasse de recursos hoje sejam bastante limitadas, normalmente vinculadas a financiamentos pontuais a projetos com prazos pré-definidos de 12, 18 ou 24 meses e com alto nível de controle e exigências para as prestações de contas.

No entanto, esse alto nível de controle sobre o recurso vem se mostrando cada vez mais infundado. Uma pesquisa global da Eldeman sobre confiança e credibilidade, realizada com mais de 36 mil respondentes em 28 países indica que 60% dos respondentes confiam nas ONGs e que essas, em conjunto com as empresas, são as instituições mais confiáveis pela população. O nível de confiança se potencializa quando esses dois agentes trabalham juntos, indicando que a parceria deve ser transparente e sólida e que se há alguma desconfiança das empresas, essa não se justifica.

Mudanças na prática de grantmaking

Desde a pandemia, o debate sobre as práticas de grantmaking tem ganhado espaço e importância em temas como apoio institucional e confiança, que se apresentam como desafios a serem superados e aspectos a serem desenvolvidos.

Nas experiências de ações emergenciais, as formas de repasse dos recursos mudaram: aconteceu um movimento de maior flexibilidade, simplificação de processos, menos controle e mais autonomia para as organizações da sociedade civil do que normalmente. Nesse momento o foco passou a ser a resolução rápida de problemas. Para isso, algumas organizações investidoras desenvolveram instrumentos jurídicos mais simples, flexibilizaram processos e protocolos, agilizaram as aprovações internas e o repasse de recursos, aumentaram o prazo para prestação de contas, diminuíram o rigor técnico no monitoramento e deram maior liberdade para realocação de recursos nas rubricas orçamentárias.

Utilizando-se da metáfora de Vu Le, especialista em organizações sem fins lucrativos, fazer um bom projeto é como assar um bolo: para garantir que o resultado seja satisfatório não basta pagar pelos ingredientes, é necessário também pensar na eletricidade, funcionários da padaria, e todos os outros custos envolvidos.

Outro ponto relevante nesse mesmo sentido é a discussão de que mudanças permanentes em agendas sociais complexas, como é o caso do racismo, machismo, e a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) não são possíveis apenas com apoios de projetos de curto prazo. Nesse sentido, destaca-se que um grantmaking efetivo tem caráter de médio a longo prazo, a exemplo do The California Endowment, que investiu 1 bilhão de dólares ao longo de 10 anos em 14 bairros de Los Angeles para melhoria da saúde na região.

 

Grantmaking participativo: os beneficiários no centro

Existe hoje uma busca maior pela prática do grantmaking participativo, que consiste no compartilhamento ou transferência do poder de decisão sobre a gestão dos recursos doados pelos filantropos e investidores sociais às iniciativas e organizações beneficiárias.

Essa perspectiva parte do reconhecimento de que as pessoas afetadas pelos problemas de determinadas comunidades, possuem legitimidade para falar de suas vivências e assim determinar quais são as prioridades para o uso dos recursos financeiros que lhe são ofertados.

Algumas práticas são aceleradoras dos processos de grantmaking mais participativo, sendo elas:

  • Reafirmação de valores;
  • Escuta de feedback dos beneficiários (grantees);
  • Adoção de uma abordagem de aporte equitativo;
  • Resposta a influência de grupos ou pares e;
  • Reação a crises mundiais e políticas.

A adoção desse modelo também passa por uma mudança nos processos de Monitoramento e Avaliação, que passam a ser menos documentais, feitos por relatórios, e mais pautados na confiança e no diálogo, promovendo uma interlocução entre financiadores, instituições financiadas e beneficiários.

Fazer com que os investidores sociais brasileiros mudem suas estratégias de doação e da operação do grantmaking não é uma tarefa simples. Há ainda barreiras, principalmente no que diz respeito às políticas orçamentárias e a aversão ao risco dos investidores. Ainda assim, a prática vem crescendo significativamente nos últimos anos e seus ganhos vêm superando esses entraves.

O foco maior em repasses de recurso de forma mais democrática entre as regiões do país, orientada para transformações sociais de longo prazo e consolidando uma visão de parceria e diálogo entre as organizações envolvidas num modelo de financiamento flexível e plurianual é um caminho para que os repasses gerem impacto social de forma mais efetiva.

O IDIS oferece consultoria e apoio técnico a organizações que desejam investir por meio de prática de grantmaking. Conheça nossos cases sobre o assunto ou converse com nosso time!

Lançamento do Arquétipos da Filantropia reúne filantropos e investidores sociais

Em uma manhã de junho, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e a RPA – Rockefeller Philanthropy Advisors reuniram filantropos, membros de organizações empresariais e familiares e organizações da sociedade civil, para o lançamento do ‘Arquétipos da Filantropia: Nova Ferramenta para Análise Estratégica. A publicação aborda e analisa os principais perfis de filantropos e investidores sociais, fornecendo diretrizes para maximizar o impacto para cada tipo de organização.

O estudo é um desdobramento do projeto ‘Estrutura Filantrópica’, promovido pela Rockefeller Philanthropy Advisors em 2019 a partir de entrevistas com 75 fundações, além de dezenas de sessões de trabalho com mais de 200 financiadores, peritos e parceiros de pesquisa nos EUA, Europa, Ásia, África e América Latina.  A versão brasileira foi publicada em parceria com o IDIS, parceiro da RPA há mais de 10 anos, em prol da ampliação do investimento social privado. 

Conheça mais e baixe a publicação aqui.

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Alinhar recursos aos objetivos para uma filantropia mais efetiva 

Melissa Berman, CEO da Rockefeller Philanthropy Advisors e uma das autoras da publicação, abriu o evento apresentando os objetivos e descobertas do estudo. Melissa explicou que a ideia surgiu após a constatação da necessidade de sistematização e renovação dos modelos existentes de filantropia, diante do surgimento de novos e crescentes desafios globais, foi necessário que o investimento social privado em todo mundo também se atualizasse para, assim, poder resolver tamanhas questões.

“Não é possível resolver problemas do século 21 com um modelo de filantropia do século 19”  

A CEO da Rockefeller explicou que os 8 arquétipos surgiram, então, com o objetivo de proporcionar um guia de planejamento estratégico para organizações, unindo as pontas entre seus objetivos finais, propósitos e recursos disponíveis.

Melissa Berman, CEO da Rockefeller Philanthropy Advisors, apresentando a publicação

Após a apresentação inicial, aconteceu um painel de discussão sobre os achados e suas implicações no setor filantrópico brasileiro. Mediado por Paula Fabiani (CEO do IDIS), a mesa contou com a participação de Cassio França (Secretário-Geral do GIFE), Thiago Piazzetta (Gerente de Projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza) e Patricia Loyola (Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas).

Paula Fabiani (IDIS), Thiago Piazzeta (Fundação Grupo Boticário), Cassio França (GIFE) e Melissa Berman (RPA) discutindo a publicação sob o contexto filantrópico brasileiro

Piazzetta destacou a ação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que trabalha com o apoio a organizações promotoras da conservação da biodiversidade no Brasil. O grupo foi um dos cases presentes na publicação e servem como exemplo do chamado ‘arquétipo do Catalisador de Risco’, um perfil caracterizado essencialmente por fornecer financiamento inicial, muitas vezes sem restrições, a organizações novas ou com pouco histórico comprovado. “Evitamos o financiamento de grandes organizações, optando por apoiar grupos e empresas menores e mais inovadores”, afirma Thiago.

A Fundação Grupo Boticário já financiou 1600 iniciativas não estabelecidas e inovadoras de conservação ambiental da natureza por meio de doações e outros instrumentos financeiros, incluindo um programa de aceleração de impacto ambiental para fortalecer a capacidade de investimento de impacto da comunidade empresarial. 

Cassio França acrescentou à reflexão a importância de organizações que aplicam o perfil do arquétipo do Catalisador de Riscos em suas ações para combater as desigualdades no contexto brasileiro. Segundo o secretário-geral do GIFE, o modelo garante poder a organizações verdadeiramente inovadoras e impactantes contra as problemáticas nacionais. “É uma das coisas mais revolucionárias que podem existir na filantropia brasileira”, indica.

França também enfatizou a importância da compreensão dos arquétipos no processo de decolonização da filantropia. O conceito parte do entendimento da necessidade de superar os desequilíbrios de poder em dinâmicas internas do campo filantrópico, para que o mecanismo não seja um perpetuador das desigualdades, mas que contribua efetivamente para o seu fim.

Diante desse contexto, Cassio apontou os arquétipos como uma excelente ferramenta para que filantropos e investidores sociais reconheçam seus modos de atuação, entendam suas potencialidades e contribuam de maneira efetiva para a mitigação da desigualdade social. “Eu vejo o material como um grande benefício para o campo, porque ajuda as organizações a se entenderem”, destaca.

Patricia Loyola enriqueceu a discussão ao ressaltar a importância da colaboração com o poder público na potencialização de ações filantrópicas. Ela exemplificou a força do modelo de colaboração a partir do programa Juntos Pela Saúde, uma iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, que combina doações da iniciativa privada com aportes do próprio BNDES para projetos de saúde pública nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Ela relacionou esse movimento ao arquétipo do Gestor de Campanha, um perfil que busca reunir especialistas de diferentes áreas, incluindo o setor público, a fim de produzir iniciativas mais inovadoras na filantropia. “O poder público conhece o campo e as necessidades a serem trabalhadas. Não tem como fazer parceria com o poder público sem reconhecer sua legitimidade”, afirma.

Ao final da mesa, Melissa apontou a necessidade de revisão dos formatos de prática da filantropia e indicou o conteúdo da publicação como um caminho para alcançar essa transformação. “Não acho que temos escolha a não ser reagir às mudanças do mundo, nos tornando organizações mais diversas, inclusivas e transparentes”, acredita.

Encerrando a manhã de reflexões, a equipe da Rockefeller Philanthropy Advisors (RPA) realizou um workshop interativo sobre os 8 arquétipos com os participantes do evento. Eles puderam refletir sobre qual perfil melhor representa o modelo de investimento do instituto que representam, contando com a ajuda da equipe da RPA para identificação e compartilhando as descobertas com todos os presentes.

Workshop interativo com Melissa Berman durante o evento

O momento rendeu grandes reflexões entre os participantes e revelou membros que identificavam suas organizações entre os mais variados arquétipos, incluindo a Agência de Talentos, que identifica e amplifica vozes de indivíduos e grupos que vivenciam de forma mais direta e próxima das problemáticas; o Construtor de Campo, que fortalece instituições responsáveis por gerar e divulgar perspectivas científicas; e o Semeador, modelo que fornece apoio por meio de fontes diversificadas para a mesma causa.

Confira mais fotos do evento:

Sobre a Rockefeller Philanthropy Advisors

A Rockefeller Philanthropy Advisors (RPA) é uma organização sem fins lucrativos que aconselha e gere mais de 400 milhões de dólares em doações anuais feitas por indivíduos, famílias, corporações e fundações. Fundada em 2002, buscando manter o histórico de filantropia da família Rockefeller, a RPA tornou-se uma das maiores organizações de serviços filantrópicos do mundo e facilitou a concessão de mais de 3 milhões de dólares a mais de 70 países. A RPA também serve de patrocinador fiscal para mais de 100 projetos.

Para mais informações visite www.rockpa.org

IDIS participa de evento da B3 sobre equidade racial e investimento social privado

Aconteceu no dia 25 de maio, em São Paulo, o evento ‘Promoção da Equidade Racial por meio do Investimento Social Privado: uma prática fundamental’, realizado pela B3 em parceria com o Pacto de Promoção da Equidade Racial e o Fundo Baobá para Equidade Racial.

A programação incluiu três painéis com especialistas, e deu luz às boas práticas sobre a temática, além de apresentar dados e informações sobre iniciativas já realizadas.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, participou do painel ‘Dados e panorama do investimento social e da equidade racial do Brasil’, ao lado de Cássio França, do GIFE; Guibson Trindade Torres, do Pacto de Promoção da Equidade Racial; e Bruno Gomes, da B3 Social.

Depois, foi a vez do Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS, mediar o painel com Carlos Domingues, da Pepsico; Eduardo Alves, da PwC; e Fabiana Prianti, representando a B3 Social. A ideia foi apresentar melhores práticas de investimento social privado para equidade racial através de cases dessas três empresas.

O envolvimento do IDIS com ações ligadas à equidade racial veio de nosso envolvimento com a criação do Pacto de Promoção da Equidade Racial, uma iniciativa inédita para trazer a pauta racial para o centro das discussões ESG no Brasil (temas ambientais, sociais e de governança). Reunindo acadêmicos, sociedade civil, consultorias e empresas, o IDIS auxiliou o Pacto no desenvolvimento de um algoritmo para o diagnóstico de equilíbrio racial dentro das empresas (o IEER – Índice ESG de Equidade Racial), bem como nas definições estratégicas e práticas para a implementação de um novo Protocolo ESG Racial que guiará empresas e investidores interessados e comprometidos com a causa racial.

Como promotor do investimento social privado (ISP) no Brasil, o IDIS contribuiu também com o desenho das diretrizes para que as empresas possam mudar a realidade dos territórios onde atuam através do ISP em Equidade Racial, promovendo maior desenvolvimento social e equidade racial.

Glossário de Investimento Social Privado: conheça alguns conceitos que fazem parte deste universo

O investimento social privado (ISP) tem se tornado uma prática cada vez mais relevante no cenário empresarial contemporâneo. Empresas e organizações têm reconhecido a importância de ir além do lucro financeiro e buscar formas de contribuir para o desenvolvimento social e sustentável da sociedade em que estão inseridas.

Ainda assim, muitos termos e conceitos do investimento social privado podem ser complexos e confusos para aqueles que estão explorando esse campo pela primeira vez. Ao entender esses fundamentos, você poderá se sentir mais confiante e capacitado para iniciar ou aprimorar suas iniciativas de investimento social privado.

Conheça os serviços prestados pelo IDIS visando aprimorar o ISP no país 

Filantropia estratégica

É a alocação voluntária e estratégica de recursos privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou gerenciais, para o benefício público. Para promover a transformação social sistêmica e de longo prazo, esse investimento é feito com planejamento estratégico ancorado em dados, com indicadores pré-definidos, execução cuidadosa, monitoramento dos resultados e avaliação do seu impacto.
Fonte: IDIS

 

Filantropia de risco

A filantropia de risco, também chamada ‘venture philanthropy’, tem como objetivo apoiar e catalisar soluções inovadoras para problemas socioambientais, propostas por negócios de impacto em estágio inicial ou organizações da sociedade civil. Neste modelo, o investidor assume riscos ao apostar em potenciais de mudanças sistêmicas e prioriza o impacto positivo ao retorno financeiro, com financiamento personalizado, complementado com apoio estratégico, monitoramento e avaliação do impacto.
Fonte: Investimento Social e Impacto no Brasil – Latimpacto

 

Blended finance

Blended Finance, ou finanças híbridas, são estruturas que combinam capital filantrópico e o capital financeiro para realização de iniciativas com impacto socioambiental. Elas podem combinar instrumentos diversos para apoio aos projetos, como por exemplo dívida, equity, garantias, seguros, programas ou fundos garantidores, grants, pagamento por resultados e assistência técnica.
Fonte: World Economic Forum e BNDES

 


Negócio de impacto

Negócios de impacto são empreendimentos que oferecem, por meio de seus produtos e serviços, soluções para desafios socioambientais e geram mudanças positivas ao mesmo tempo em que geram resultados financeiros positivos de forma sustentável.
Fonte: Artemisia e Anprotec/ICE

 


Inclusão produtiva

Inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social no mundo do trabalho, em áreas rurais ou urbanas, por meio do empreendedorismo ou da empregabilidade formal, de modo que sejam capazes de gerar sua própria renda de maneira digna e estável, e assim superar processos crônicos de exclusão social.Fonte: IDIS e Sebrae

 


Empreendedorismo social

Empreendedorismo social é o conceito por trás da construção de negócios de impacto. Ou seja, o ato de empreender para promover soluções sistêmicas que responder a desafios sociais e ambientais.
Fonte: Fundação Schwab

 


Economia regenerativa

A economia regenerativa propõe o reconhecimento – de maneira calculada – do valor econômico do meio-ambiente, das pessoas e das relações entre estes elementos, para os sistemas produtivos. Com isso, é possível prever usos mais adequados, privilegiando a regeneração e evitando o consumo até a escassez.
Fontes: NetZero

IDIS é eleito a melhor ONG de filantropia de 2022

Eficiência e excelência em gestão são fatores-chave para que organizações sociais alcancem impactos maiores nas causas que defendem. O Prêmio Melhores ONGs avalia boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento, e pela primeira vez, o IDIS recebeu o título de melhor ONG de Filantropia, Voluntariado e Apoio a Organizações da Sociedade Civil do Brasil. Além do prêmio na categoria especial, pelo quarto ano, o IDIS também foi reconhecido como uma das 100 melhores ONGs.

“Receber os Prêmios me deixa muito emocionada e realizada! Fizemos muitos investimentos em pessoas, processos e ferramentas para fortalecer o IDIS e nossos projetos. Terminar o ano com esta notícia reforça que estamos na direção correta”, conta Paula Fabiani, CEO do IDIS. “Isso é fruto da dedicação da nossa equipe e conselho, além da confiança depositada por nossos parceiros”, completa. 

Entre os destaques estão a sistematização do acompanhamento do planejamento estratégico, o monitoramento constante de indicadores, o investimento em plataformas de gestão financeira e CRM, a criação de um comitê de diversidade e inclusão e o crescente investimento em treinamento e desenvolvimento da equipe. O resultado foi a ampliação de projetos de consultoria com novos clientes e o fortalecimento de relacionamentos com quem já era da casa; o fortalecimento de projetos próprios como o Advocacy pelos Fundos Patrimoniais e o Transformando Territórios, e importantes produções no campo do conhecimento, como a realização da Pesquisa Voluntariado 2021, o Panorama dos Fundos Patrimoniais, o Seminário ESG e o Investimento Social Privado;  e o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Luisa Lima, gerente de comunicação na premiação do Melhores ONGs 2022, realizada em 25 de novembro na cidade de São Paulo

A seleção do prêmio é feita a partir de uma rigorosa avaliação realizada pelo Instituto “O Mundo que Queremos”, pelo “Instituto Doar” e pelo “Ambev VOA”, com apoio de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Instituto Humanize e da Fundação Toyota do Brasil. 

Parabenizamos a todas as organizações que trabalham todos os dias em prol do desenvolvimento socioeconômico nas mais distintas causas e regiões do Brasil e que também receberam o reconhecimento. 

Confira a lista completa aqui.

Assista a premiação:

 

Época Negócios lança glossário de Inovação Social com apoio do IDIS

Recentemente, a Época NEGÓCIOS lançou uma reportagem bastante aprofundada estudando o investimento social privado e ações de inovação social no país. A partir dessa grande reportagem, o veículo produziu um ebook gratuito onde mostra como o ecossistema de investimentos sociais privados mudou, com exemplos recentes de companhias no Brasil e um glossário dos termos mais usados.

O IDIS apoiou na produção do glossário de termos que circundam a temática, sendo eles: filantropia estratégica, filantropia de risco, blended finance, negócio de impacto, inclusão produtiva; empreendedorismo social e economia regenerativa.

Confira o ebook completo da Época NEGÓCIOS clicando aqui

Filantropia estratégica

É a alocação voluntária e estratégica de recursos privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou gerenciais, para o benefício público. Para promover a transformação social sistêmica e de longo prazo, esse investimento é feito com planejamento estratégico ancorado em dados, com indicadores pré-definidos, execução cuidadosa, monitoramento dos resultados e avaliação do seu impacto.

Fonte: IDIS

Filantropia de risco


A filantropia de risco, também chamada ‘venture philanthropy’, tem como objetivo apoiar e catalisar soluções inovadoras para problemas socioambientais, propostas por negócios de impacto em estágio inicial ou organizações da sociedade civil. Neste modelo, o investidor assume riscos ao apostar em potenciais de mudanças sistêmicas e prioriza o impacto positivo ao retorno financeiro, com financiamento personalizado, complementado com apoio estratégico, monitoramento e avaliação do impacto.

Fonte:  Investimento Social e Impacto no Brasil – Latimpacto

Blended finance


Blended Finance, ou finanças híbridas, são estruturas que combinam capital filantrópico e o capital financeiro para realização de iniciativas com impacto socioambiental. Elas podem combinar instrumentos diversos para apoio aos projetos, como por exemplo dívida, equity, garantias, seguros, programas ou fundos garantidores, grants, pagamento por resultados e assistência técnica.

Fonte: World Economic Forum e BNDES

Negócio de impacto


Negócios de impacto são empreendimentos que oferecem, por meio de seus produtos e serviços, soluções para desafios socioambientais e geram mudanças positivas ao mesmo tempo em que geram resultados financeiros positivos de forma sustentável.

Fonte: Artemisia e Anprotec/ICE


Inclusão produtiva


Inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social no mundo do trabalho, em áreas rurais ou urbanas, por meio do empreendedorismo ou da empregabilidade formal, de modo que sejam capazes de gerar sua própria renda de maneira digna e estável, e assim superar processos crônicos de exclusão social.

Fonte: IDIS e Sebrae

 

Empreendedorismo social


Empreendedorismo social é o conceito por trás da construção de negócios de impacto. Ou seja, o ato de empreender para promover soluções sistêmicas que responder a desafios sociais e ambientais.

Fonte: Fundação Schwab

 

Economia regenerativa


A economia regenerativa propõe o reconhecimento – de maneira calculada – do valor econômico do meio-ambiente, das pessoas e das relações entre estes elementos, para os sistemas produtivos. Com isso, é possível prever usos mais adequados, privilegiando a regeneração e evitando o consumo até a escassez.

Fontes: NetZero

Filantropia é destaque na CNN  

No programa Soft Business da CNN focado em filantropia, o IDIS foi uma das principais fontes sobre investimento social privado. Paula Fabiani, CEO do IDIS, explicou os benefícios de ações sociais para empresas, trazendo exemplos e dados da atuação do IDIS nessa temática há mais de 20 anos.

A reportagem destacou o Monitor de Doações Covid-19, realizado pela ABCR durante a pandemia de Covid-19. Em 2020, as doações no Brasil alcançaram o marco recorde de 6,53 bilhões de reais e desse total, 85% das doações foram realizadas por empresas.

Para falar sobre esse engajamento das empresas, foi citado o Ranking de Doações Corporativas 2020, um levantamento realizado pelo IDIS que classifica as organizações do setor privado por doações no período, até mesmo empresas não habituadas a práticas filantrópicas se mobilizaram para ajudar na pandemia. Na reportagem foram destacadas algumas delas, como a Cogna Educação, que mobilizou 326 milhões de reais. Também foi destaque os bancos Itaú, Bradesco e do Brasil, que juntos doaram cerca de 3 bilhões de reais.

 

 

Para entender como a filantropia é encarada pelas empresas, Paula Fabiani, CEO do IDIS, explicou como a prática pode trazer resultados positivos para as empresas. Ela cita três principais benefícios e pontos de melhoria: o valor reputacional, a relação com os consumidores e a retenção de talentos, este último, devido à nova geração que se preocupa com o propósito social da empresa.

 

Paula ainda ressalta a importância de uma sociedade civil forte como garantia de um ambiente saudável para os negócios. O Brasil Giving Report 2019, revelou que 74% dos brasileiros acreditam que as empresas devem desenvolver causas e apoiar  a sociedade em que ela está inserida. Desse modo, a filantropia passa a atuar como um componente chave no “agir corretamente”.

 

Como MENSURAR resultados na filantropia?

Para responder essa pergunta, Paula destaca a importância do resultado estar voltado para a sociedade. Um dos métodos utilizados para medir os resultados das ações filantrópicas é o SROI (Social Return on Social Investment ou Retorno Social do Investimento Social), que monetiza a partir de pesquisas de campo o impacto que determinado projeto gera  para a sociedade. Esse método vem sendo utilizado por grandes empresas comprometidas com a pauta social. Para saber mais sobre Avaliação de Impacto e SROI, acesse nossa biblioteca sobre o assunto.

Benefícios tributários e Incentivos Fiscais

Sobre o ambiente tributário para as empresas Paula explica que “o ambiente tributário para as empresas é bem generoso, especialmente, para aquelas que são tributadas pelo lucro real. Sendo possível reduzir da base de imposto de renda até 2% de lucro operacional em doações”.

Workshop IDIS e PYXERA | Como engajar seus colaboradores em ações solidárias?

‘Solidariedade’ e ‘doação’ foram palavras muito citadas nos momentos do auge da pandemia de Covid-19, pois foram esses dois conceitos, somados às diversas iniciativas do Terceiro Setor, que garantiram a sobrevivência de milhares de pessoas, vítimas, diretas ou não, do Coronavírus.

Mas, na medida em que o sentimento de emergência arrefeceu, essas expressões começaram a minguar junto com o número de casos. Sabemos que sem uma boa dose de impulso, a tendência é que tudo volte ao que era antes, e que a ‘solidariedade’ e a ‘doação’ fiquem, cada vez mais, anestesiadas.

Portanto, estamos em um instante propício, senão necessário, para que as empresas usem a influência que têm sobre seus colaboradores para prolongar, ou talvez até perenizar, o hábito da doação.

Na segunda semana de novembro, o IDIS e a PYXERA Global promoveram um workshop sobre iniciativas solidárias envolvendo colaboradores, reunindo uma audiência online de cerca de 60 representantes de empresas e interessados no assunto. Confira a apresentação completa:

Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, falou sobre Cultura de Doação e o papel das empresas, trazendo dados sobre hábitos de doação individual, investimento social privado e mostrando a potência de quando esses dois universos se encontram no desenvolvimento de ações solidárias com colaboradores.

Fernanda Scur, Partnership Strategist for Collective Impact da PYXERA Global, destacou sobre como é possível quebrar silos e engajar colaboradores em ações de impacto. A representante reforçou: “as empresas podem contribuir para o bem da sociedade ao mesmo tempo que atendem objetivos de negócio, gerando impacto triplo com foco nos colaboradores, nos negócios e na comunidade”.

Histórias que inspiram

O workshop também contou com a participação de Carlos Pignatari, head de Impacto Social da Cervejaria Ambev, Liliane Moura, supervisora de Projetos Sociais do Instituto 3M, e Tomás Carmona, superintendente de Sustentabilidade da SulAmérica, que compartilharam suas experiências no evento.

O workshop foi acompanhado pela artista gráfica Mila Santoro, da Regência Criativa, que registrou todas conversas. Os aprendizados foram sistematizados em uma publicação, que inclui um passo-a-passo para orientar os interessados em engajar o público interno em atividades de solidariedade, mas que não sabem exatamente por onde começar.

Conheça a publicação | “Como engajar seus colaboradores em ações solidárias” 

 

Engajando colaboradores em ações solidárias

Engajar os colaboradores em ações solidárias é uma iniciativa que traz benefícios para muitos. Os resultados possíveis dessa união são diversos, indo além do impacto social gerado. Melhoria do clima organizacional, aumento do sentimento de pertencimento, oportunidade de desenvolvimento de competências, fortalecimento de laços entre colaboradores, aprofundamento do relacionamento com a comunidade da empresa, contribuição à estratégia de impacto e investimento social privado da empresa, contribuição à atração talentos e contribuição à reputação da marca junto a clientes são alguns dos benefícios de ações solidárias envolvendo os colaboradores. Tudo isso sem mencionar a melhora da imagem junto aos clientes. E as pesquisas mostram que consumidores esperam, cada vez mais, que as empresas desempenhem um papel social relevante. O consumidor demanda ações concretas da iniciativa privada, recompensando as marcas que admira e punindo aquelas que não correspondem às expectativas.

O workshop também inspirou a publicação de um artigo, disponível aqui.

#FórumIDIS: Os rumos da filantropia pós-pandemia em debate

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, organizado pelo IDIS, reuniu 264 participantes virtualmente na edição 2020, que teve como tema “Novos Horizontes – Reflexões para uma filantropia pós-pandemia”. Os assuntos discutidos foram desde fundos filantrópicos, avaliação de impacto, filantropia comunitária, passando pela cultura de doação e socorro às ONGs até a união de grandes bancos em prol da Amazônia.

Para a diretora-presidente do IDIS a capacidade de mobilização da sociedade atingiu outro patamar com a pandemia do novo coronavírus. Paula Fabiani advertiu que “o mundo precisará, mais do que nunca, de uma atuação integrada e colaborativa entre setores para construir caminhos sólidos e cuidar de quem é mais vulnerável”.

O fundador do Gerando Falcões, plataforma de impacto social que apoia o trabalho de outras ONGs que atuam em periferias e favelas de todo o Brasil, foi o exemplo de inspiração para os dois dias do evento. “Minha história está ligada ao primeiro aporte financeiro que recebi”, explicou Edu Lyra, mostrando que o investidor social tem o papel de “puxar” o protagonismo do empreendedor social no Brasil. Lyra também comentou o resultado da enquete “Se você tivesse R$ 1 milhão para arriscar, em qual tipo de solução inovadora você investiria?”, feita junto aos participantes do evento. A maioria das pessoas priorizaria o investimento em educação e inovação. (saiba mais)

Na sessão de abertura do evento, o economista e escritor Eduardo Gianetti teve o desafio de responder à pergunta: como seremos nós e o mundo pós-pandemia? Disse que será muito difícil preservar esse espírito de solidariedade que nos fez presenciar a marca recorde de R$ 6 bilhões em doações no Brasil. Gianetti também ponderou que o auxílio emergencial, do governo federal, é legítimo em momentos de crise, mas não é a resposta para diminuir a pobreza no Brasil. (saiba mais)

Um dos instrumentos utilizados para viabilizar essas doações foram os Fundos Filantrópicos, em especial aqueles emergenciais, que para o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, vieram para ficar. Na mesma sessão, os debatedores reforçaram os Fundos Patrimoniais como instrumento de sustentabilidade de longo prazo para causas e organizações. (saiba mais) Outra ferramenta para ampliar o capital disponível é o Blended Finance. Para Marco Gori, sócio da Din4mo, sem mobilizar o capital privado não há condição de financiar a Agenda 2030, que traz as metas para atingirmos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (OSCs). A sócia do escritório de advocacia Mattos Filho, Flávia Regina de Souza Oliveira, avalia que para os filantropos e investidores financeiros o Blended Finance é inovador e traz a união de diversos capitais por uma única causa: melhorar as questões socioambientais. (saiba mais)

Para a filantropa Beatriz Bracher, fundadora do Instituto Galo da Manhã, a pandemia, ao mesmo tempo que nos isolou, também gerou mais empatia com o próximo. Outro filantropo, Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho administrativo da Raia Drogasil e presidente do conselho do Instituto ACP, acredita que as empresas perceberam, na prática, a importância da doação. (saiba mais)

A sessão que tratou sobre filantropia comunitária trouxe o exemplo das Redes da Maré e os esforços da BrazilFoundation com a conclusão que devemos enxergar em um território não apenas seus desafios, mas suas potencialidades, focando nos talentos locais e as forças que podem contribuir ao seu desenvolvimento. Destacaram, ainda, a ação de organizações em resposta à pandemia. (saiba mais)

Os bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Santander mostraram o esforço conjunto que os unem em prol da conservação da Amazônia. As representantes das três instituições contaram que deixaram os crachás de lado e foram aprender com os experts como ter uma atuação de impacto na região, mobilizando empresas e clientes em favor das comunidades e de ações que contribuem ao desenvolvimento econômico. (saiba mais)

“O brasileiro tem uma boa alma, gosta de ajudar o próximo”, afirmou José Luiz Egydio Setúbal, presidente e instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e vice-presidente do Instituto PENSI, no painel “OSCs na UTI: de onde vem o socorro?”. Em sua fala, entretanto, Setúbal lembrou que os ricos doam proporcionalmente menos do que os brasileiros que têm menos recursos, e isso deveria mudar. Ao lado de Carola Matarazzo, CEO do Movimento Bem Maior, os dois defenderam a importância de uma relação de confiança entre doadores e ONGs. O fortalecimento da cultura de doação permeou a conversa, que contou com a apresentação do documento ‘Por um Brasil + Doador, Sempre’, produzido pelo Movimento por uma Cultura de Doação, do qual Erika Sanchez Saez, moderadora da mesa, é integrante. (saiba mais)

A palestra com o tema ‘Novos horizontes da filantropia no mundo’ encerrou o evento, reunindo Philip Yun, CEO do Global Philanthropy Forum, Matthew Bishop, autor do livro Philanthrocapitalism, e Michael Mapstone, diretor de Relações Externas e Engajamento Global da Charities Aid Foundation (CAF). (saiba mais)

Yun ponderou sobre como tudo está acelerado – e deve se acelerar mais – e dentro desse paradigma ressaltou os novos desafios das mudanças climáticas e da urgência de ações. “Em dez ou quinze anos talvez não tenhamos mais chance de consertar o que é preciso em relação ao clima”, alertou.

Mapstone chamou atenção para a importância da transparência de dados, prestação de contas e maior conscientização sobre as estruturas para garantir respostas ágeis. “A pandemia trouxe uma visão mais clara sobre as desigualdades e injustiças sociais, além de novos modelos de doação. Vamos ver como avançamos e aonde chegaremos com isso”.

Por fim, Bishop disse que os filantropos poderão ter papel importante nas mudanças futuras, principalmente com o uso da tecnologia. “Precisamos ter a coragem de assumir nosso papel e aproveitar a oportunidade; encontrar exemplos que nos inspirem e aprender com os erros do passado”. Ele apresentou o movimento global do qual faz parte, o Catalyst 2030 e que já começa a ser gestado no Brasil. Destacou que colaboração será a palavra de ordem para o atingimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social com o Global Philanthropy Forum. São parceiros ouro desta edição Fundação José Luiz Egydio Setubal e Santander, e parceiros bronze BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Private Bank, Instituto ACP, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior.

O conteúdo de todas as palestras está disponível no canal do IDIS no YouTube, no endereço http://bit.ly/2lIyOKw

Conheça os registros das sessões realizados pela artista gráfica Mila Santoro:

Repercussão na mídia

Conheça as principais matérias inspiradas no Fórum que foram destacada na mída:

Folha de S.Paulo: Fórum sobre o futuro da filantropia reúne lideranças mundiais

Veja.com: ‘Governo se omite de forma criminosa no meio ambiente’, diz Giannetti

Valor Econômico: ‘Blended finance’ turbina capital filantrópico

Mundo do Marketing: Os rumos da filantropia pós-pandemia em debate

Recursos não Tradicionais para Fundos Patrimoniais de OSCs

Fundos patrimoniais (endowments) são estruturas que recebem e administram bens, majoritariamente recursos financeiros, que são investidos com os objetivos de preservar o valor do capital principal no longo prazo. Isso ocorre inclusive contra perdas inflacionárias, gerando resgates recorrentes e previsíveis para sustentar financeiramente um determinado propósito, uma causa ou uma entidade de interesse público ou coletivo, sem fins lucrativos.

Ao estruturar fundos dessa natureza, as organizações se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que cresçam de forma sustentável.

Em países desenvolvidos, os fundos patrimoniais existem há mais de século, como o da Rockefeller Foundation e o Carnegie Endowment for International Peace.

No Brasil, um dos obstáculos encontrados, além de nossa pequena tradição em relação ao assunto, é a falta de uma legislação específica que facilite sua criação, e o uso de incentivos fiscais.

Porém, após muitos anos de um esforço coletivo realizado pela COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS, o governo federal sancionou a Lei 13.800/19, conhecida como Lei dos Fundos Patrimoniais, em 4 de janeiro de 2019. Ela garante significativa amplitude temática para utilização dos recursos de fundos patrimoniais, possibilitando que sejam destinados para instituições que atuam em diversas áreas como educação, cultura, tecnologia, pesquisa e inovação, meio ambiente, entre outras.

A legislação buscou estabelecer certas diretrizes no que diz respeito à governança aplicável aos fundos patrimoniais, sem, contudo, estabelecer diferenciações entre fundos destinados a apoiar instituições públicas e privadas. Nesse tocante, o texto legal criou a figura das organizações gestoras de fundos patrimoniais (associações ou fundações privadas), estabelecendo requisitos específicos acerca da sua forma de organização interna, incluindo a existência obrigatória de um Comitê de Investimentos, com profissionais registrados na CVM.

Contudo, a sanção presidencial foi acompanhada por vetos importantes, especialmente a supressão da previsão de benefícios fiscais referentes ao imposto de renda de doadores, pessoas física ou jurídica, que aportassem recursos em fundos patrimoniais. A justificativa foi no sentido de que a criação de tais benefícios não observou requisitos da legislação orçamentária e financeira.

A retirada de benefícios aos doadores cria um obstáculo evidente para o êxito dos fundos patrimoniais, que figuram como mecanismo voltado para estimular o aumento do investimento social e a cultura de doação no país. Esses vetos devem ser analisados pelo Congresso Nacional, sendo possível sua rejeição por maioria absoluta dos membros de cada Casa.

Ainda assim, a aprovação da Lei é um fato positivo, especialmente para as entidades da sociedade civil, que poderão ser amplamente beneficiadas pelos fundos patrimoniais na realização de suas atividades em defesa de interesses sociais. A nova lei é particularmente importante por conferir maior segurança jurídica a potenciais doadores, assegurando a individualização e separação entre os patrimônios do fundo e das instituições apoiadas, ainda que haja dúvidas acerca dos entraves que a estrutura de governança prevista pela lei pode representar na criação e no funcionamento dos fundos patrimoniais, na prática.

 

Pesquisa sobre Fundos Não Tradicionais

Sob a liderança do Prof. Lester Salamon, professor da Johns Hopkins University, um grupo de especialistas em filantropia e investimento social privado passou a buscar mecanismos alternativos para a constituição de fundos patrimoniais de organizações da sociedade civil (OSCs).

Por ser um projeto complexo em seu desenho e implantação, foi dividido em fases desde 2012, com estimativa para término em 2022. A primeira fase foi chamada de “Conceitual” para aclarar o significado dos fundos não tradicionais que pudessem ser de alcance global. Ela foi composta por reuniões presenciais ou à distância com o objetivo de revisar os textos produzidos pelos participantes. A segunda fase foi a de “Identificação do Universo” de casos com base no conceito dos fundos não tradicionais. De maneira progressiva e com a ajuda de colaboradores em diversos países, foram identificados aproximadamente 580 casos, que de acordo com suas características foram classificados em grupos que atendem os mesmos critérios de uso de recursos disponibilizados. Por exemplo, casos resultantes da privatização de ativos públicos, de troca de dívidas (debt swap), de punições pecuniárias da justiça para pessoas e empresas, de recursos de corrupção identificados e devolvidos de contas no exterior, de acordos de ajuste de conduta e de leniência.

Na terceira fase, foram identificados em cada grupo os casos que deveriam ser aprofundados. Nesse sentido, o conhecimento adquirido poderia ser orientado para situações similares em circunstâncias políticas e econômicas das diferentes sociedades e estados nacionais. Essa é fase em que o projeto está atualmente. Os achados do estudo em suas fases “Conceitual” e de “Identificação do Universo” já foram publicados, e os casos estão sendo progressivamente selecionados, estudados, sistematizados e publicados durante o período restante do projeto.

Fundos patrimoniais que resultaram de privatizações conduzidas pelos governos demonstram que os bens não pertencem apenas ao Estado, mas também à sociedade. Nesse sentido, a pergunta central é: um bem público pode ser objeto de uma transação de privatização sem a participação da sociedade? Quais são os limites do Estado para agir como único proprietário do bem?

(Conheça também o livro ‘Filantropização via Privatização’, do professor Lester Salamon, publicado pelo IDIS no Brasil)

 

O exemplo alemão

Um bom exemplo do potencial de recursos não tradicionais para a criação e o crescimento de fundos patrimoniais para OSCs é a história da empresa Volkswagen. Apoio importante para a sustentação da máquina de guerra da Alemanha durante o período nazista, ao final do conflito, a empresa se encontrava em território alemão controlado pelos ingleses.

Acreditando no papel que o complexo industrial deveria ter na redemocratização e no reerguimento da nação então destruída, o governo inglês estimulou a criação da Fundação Volkswagen, organização independente da empresa, com um Conselho Curador representativo da sociedade e do governo.

A Fundação se tornou proprietária da empresa com o compromisso de vender suas ações para cidadãos alemães. Os recursos obtidos com a venda criaram um fundo patrimonial para apoiar e promover a ciência na Alemanha. Hoje, a Fundação tem € 2,6 bilhões (US$ 3 bilhões) em ativos e uma longa história de substancial concessão de subvenções e doações para o desenvolvimento científico e tecnológico, que repôs a Alemanha na liderança econômica mundial. A Volkswagen permanece uma empresa independente e uma das líderes do mercado mundial de automóveis.

Dentro dos casos já identificados, foi possível encontrar diferentes tipos de recursos não tradicionais. Os mais prevalentes utilizaram parte dos recursos de processos de privatização/concessão de empresas ou participação pública em empresas que passaram para a iniciativa privada. Alguns utilizaram parte da receita de loterias, esportiva ou não. Outros utilizaram recursos advindos de licenças para a exploração de depósitos minerais, incluindo petróleo. E há ainda os que resultaram de trocas de contratos de dívidas internacionais (debt swap) em que o cedente de recursos autoriza que parte da amortização da dívida pode ficar no país endividado desde que os recursos sejam destinados a fundos patrimoniais de OSCs.

 

O caso brasileiro

Assim, deveríamos perguntar: por que não se aplicou esse modelo na privatização da Vale? Ou da Eletropaulo? Ou da Companhia Siderúrgica Nacional? Também poderíamos estender a pergunta para o universo das concessões dos portos, aeroportos, rodovias e outras.

Diferentemente do que muitos imaginam, a privatização é um processo relativamente comum no Brasil desde a década de 1980, mas o país apenas ingressou nessa era, de fato, a partir dos anos 1990. Ao todo, foram privatizadas mais de 100 empresas, que, até 2005, geraram uma receita de 95 bilhões de dólares, o que, corrigindo para valores de 2013, equivale a 143 bilhões de dólares.

Embora o processo de privatização tenha tido leis específicas nos governos Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, nenhum deles contemplou a sociedade civil como destinatária de parte dos recursos auferidos.

Já nos governos Lula e Dilma, o processo de privatização arrefeceu por razões ideológicas, e várias empresas e setores foram retirados do Plano Nacional de Desestatização. Além disso, o Estado agregou empresas ao seu portfólio, como é o caso da incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) e do Banco do Estado do Piauí (BEP) ao Banco do Brasil.

Em contrapartida, como reação à profunda crise financeira e econômica enfrentada pelo governo brasileiro depois de sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em junho de 2015, um novo pacote de medidas do Programa de Investimento em Logística (PIL). Esse programa pode atingir até R$ 198 bilhões em concessões e outorgas feitas pelo governo à iniciativa privada, especialmente nas áreas de Portos (R$ 37,4 bilhões), Aeroportos (R$ 8,5 bilhões), Ferrovias (R$ 86,4 bilhões) e Rodovias (R$ 66,1 bilhões). Infelizmente, não houve nenhuma palavra ou aceno para que parte desses recursos seja distribuída para OSCs.

A venda de ativos ou privatização de serviços públicos é vista como uma das alternativas para obter recursos extras a fim de reduzir os rombos das contas públicas, aliviar as despesas e também aumentar o volume de investimentos em infraestrutura.

Se durante o governo Dilma tínhamos uma previsão de R$ 198 bilhões, no governo Bolsonaro trabalha-se com a estimativa de R$ 127,4 bilhões em investimentos ao longo dos próximos anos, considerando apenas 87 projetos com maiores chances de acontecer, de acordo com o próprio governo. Desse total, R$ 113,6 bilhões são de projetos federais, R$ 9,6 bilhões de estaduais e R$ 4,2 bilhões de municipais. O atual governo trabalha com o valor de R$ 142 bilhões em privatizações. Tirar esses projetos do papel, no entanto, não depende apenas de decisão política, mas também da capacidade de elaboração de estudos técnicos e de estruturação de modelagem que garanta o interesse de investidores. Em média, projetos de desestatização costumam levar, no mínimo, de um ano e meio a dois para chegar à fase de assinatura.

Para poderem ser levados a leilão, os projetos antes precisam passar por uma série de etapas, incluindo audiências públicas, análise de tribunal de contas e, dependendo do ativo, aprovação do Legislativo e mudança de lei. Isso se ao longo de todo o trâmite também não surgirem ações na Justiça pedindo mudanças ou simplesmente o impedimento da licitação.

De acordo com informações colhidas pelo projeto americano, a média de recursos que poderia ser destinada para fundos patrimoniais da sociedade civil gira em torno de 15% do valor do ativo. Isso implicaria em quase R$ 20 bilhões para o setor social. A importância desses recursos para organizações sociais pode ser demonstrada pelo caso envolvendo entidades como as Santas Casas de Misericórdia.

Esses hospitais filantrópicos são responsáveis por 74% dos leitos oferecidos pelo SUS. Portanto, são essenciais para o atendimento oferecido aos brasileiros. Até maio de 2015, tinham acumulado uma dívida de R$ 21,5 bilhões e chegaram à beira da falência, fechando suas portas para a população. De acordo com as evidências, a maior razão dessa dívida foi a diminuição da participação do governo federal no financiamento do SUS.

Se 15% dos recursos gerados pelas futuras privatizações e concessões contemplassem essas organizações, aproximadamente R$ 20 bilhões poderiam ser direcionados para fundos patrimoniais de Santas Casas. Isso representa que renderiam aproximadamente R$ 1,2 bilhão/ano, já descontados os efeitos da inflação. E seguramente seriam direcionados em benefícios às organizações, à comunidade e, especialmente, aos pacientes atendidos.

 

Outros recursos não tradicionais

No caso do Brasil, os recursos não tradicionais incluem aqueles oriundos de outras fontes e que se tornaram mais frequentes à medida que a Operação Lava Jato avançou. Assim, instrumentos como termos de ajuste de conduta, acordos de leniência, retorno de recursos encontrados em contas bancárias no exterior resultantes de corrupção, penalidades pecuniárias e multas para empresas corruptas passaram a ser fontes de recursos que poderiam ser importantes para a sociedade civil. Podem-se juntar a eles os recursos apreendidos que resultaram de crimes como tráfico de drogas, contrabando e arrecadação de jogos ilegais, que passaram a fazer parte não só do mundo legal punitivo, mas também da linguagem do cidadão comum ao entender que a sociedade foi prejudicada e deve ser aquinhoada com parte desses recursos.

Esse esforço depende também do universo regulatório e de dispositivos legais, exigindo a participação de escritórios de advocacia, promotores públicos e juízes, representantes de organizações interessadas e visitas periódicas a autoridades públicas para conhecer os avanços necessários.

Com relação aos recursos mobilizados devido à Operação Lava Jato, até o início de 2019 houve um retorno ao governo federal de R$ 12,3 bilhões, e os condenados devem pagar R$ 40,3 bilhões pelos danos causados. Já para os acordos de leniência, esperam-se R$ 27,6 bilhões. E sabemos que esses casos representam uma simples amostragem do tamanho dos recursos não tradicionais que poderiam contribuir para os fundos patrimoniais.

Em síntese, as ideias e casos apresentados aqui devem ser analisados pela sociedade brasileira junto às autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário e aos investidores que buscam aproveitar as oportunidades de recursos oriundos das privatizações/concessões, bem como as ações de ressarcimento que estão sendo efetuadas pelo sistema judicial. Talvez, assim, tenhamos novos instrumentos para criar uma sociedade mais justa e sustentável com uma participação eficaz e efetiva de organizações sociais como parceiros da res publica.

 

Por Marcos Kisil, fundador do IDIS e atualmente membro do Conselho Deliberativo. O artigo foi originalmente publicado na revista Rede Filantropia, em 06 de setembro de 2019

A Força das Comunidades invade o Fórum de Filantropos

 

No próximo dia 12 setembro, cerca de duas centenas de investidores sociais vão se reunir em São Paulo para conversar, trocar experiências, analisar conjunturas e conhecer tendências, mas sobretudo para debater como a força das comunidades tem se mostrado uma fonte de inspiração para a solução de problemas sociais e um polo de atração para filantropos.

Tudo isso vai acontecer durante a oitava edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que tem como tema transversal ‘A Força das Comunidades’.

Para contribuir com a discussão, virão filantropos familiares, como Carlos ‘Wizard’ Martins, conhecido por ter fundado a rede de escolas de idiomas Wizard, e que, desde o final do ano passado, se mudou para Roraima para ajudar os refugiados venezuelanos.

Também estará Eduardo Fischer, presidente da MRV Engenharia e do Instituto MRV, para falar sobre o investimento social da empresa e sobre a filantropia da família.

Grandes instituições estrangeiras estarão presentes, como Fundação Mott, Global Philanthropy Forum, Aspen Institute, Charities Aid Foundation e BID, assim como representantes de empresas que se destacam por suas atuações sociais ou ambientais, como Procter&Gamble, Accenture e Twitter.

Como não poderia deixar de ser, haverá muito espaço para as iniciativas sociais, tais como United Way, parceira do IDIS na organização do evento, Fundo Baobá, Fundação Tide Setúbal, Gife e Santa Marcelina Cultura.

Conheça a programação completa do Fórum aqui.

A oportunidade de juntar todas essas pessoas que, trabalham pela transformação da nossa realidade e da de outros países, só é possível graças aos apoiadores que compreendem a importância desse tipo de iniciativa.

Fundação Telefônica-Vivo
Fundação José Luiz Egydio Setúbal
Banco Santander
Charles Stewart Mott Foundation
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Mattos Filho Advogados

A todos eles, nosso muito obrigado!

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos pede esclarecimento sobre tributação federal de Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições, solicitou esclarecimentos sobre benefícios fiscais para Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais (OGPF) na Lei 13.800/19 que regulamenta os fundos filantrópicos no Brasil. Em carta aberta apresentada ao Ministério da Economia e à Receita Federa, a Coalizão solicita o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social, e também o reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público.
Conheça na íntegra a carta aberta apresentada ao ministério da Economia e receita federal apresentada pela Coalização pelos Fundos Filantrópicos, um movimento coordenado pelo IDIS Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social.

 

CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DA ECONOMIA E RECEITA FEDERAL
Ref: Tributação federal das Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais (OGFP)

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições abaixo-assinadas, vem manifestar publicamente a necessidade de esclarecimento na Lei 13.800/19, sem as quais, a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil não alcançará seu potencial de contribuição para a sociedade.
Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham por causas, como educação, saúde, assistência, cultura, direitos humanos, meio ambiente e esportes, entre outras causas de interesse público. Organizações se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que se estruturem e desenvolvam suas atividades de forma sustentável e contínua, realizando transformações importantes em áreas estratégicas.
Com a finalidade de atingirmos maior adesão à lei, solicitamos esclarecimento sobre o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social (art. 12, Lei 9.532 e art. 13, III MP 2.158-35) e reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público (art. 15, Lei 9.532 e , art. 13, IV, MP 2.158-35). Os tributos abrangidos são: IRPJ IOF, ITR, PIS, COFINS e CSLL. Para as instituições de educação e assistência social, a imunidade do IRPJ alcança o IRRF.
Além disso, é importante esclarecer que a OGFP pode investir financeiramente, de acordo com a Lei 13.800, sem impedimento ao exercício de seu direito à imunidade ou isenção.
Por fim, nos colocamos à disposição para qualquer contribuição que se faça necessária no processo, inclusive na redação das modificações no texto da lei.
São Paulo, 11 de março de 2019
COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)

Fórum de Filantropos 2018 inspira e alerta investidores sociais

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado no dia 12 de setembro, bateu recorde de inscrições e participantes, e foi um grande sucesso!

Tendo como tema principal ‘Impacto da Tecnologia’, o evento reuniu representantes de famílias filantropas, fundações, institutos e empresas, para explorar os benefícios trazidos pela tecnologia e também os problemas que ela gera.

O Fórum foi aberto com uma apresentação de Rhodri Davies, pesquisador da Charities Aid Foundation, especializado em filantropia e tecnologia. Ele traçou um panorama das tecnologias que estão afetando mais a forma como filantropos e organizações da sociedade civil atuam. Mostrou pontos positivos, como o uso da Inteligência Artificial para aumentar a eficácia de projetos sociais e ambientais, e a aplicação do blockchain para garantir transparência nas transações. Também alertou para aspectos negativos, como o potencial de manipulação dos algoritmos sobre as mensagens apresentadas ao público, a disseminação de fake news e o início da era do fake vídeo. Mas escolheu concluir a palestra deixando várias perguntas para a plateia, tais como, ‘a tecnologia pode subverter totalmente a forma como gerimos as organizações da sociedade civil?’, ‘ela vai criar novos desafios para os beneficiários?’, ‘ela vai gerar problemas totalmente novos a serem enfrentados pelos investidores sociais?’. Perguntas para as quais ainda não existem respostas…

Outro destaque do Fórum foi a apresentação de Jake Garcia, vice-presidente para Dados e Estratégias, do Foundation Center. Jake mostrou como está usando Inteligência Artificial para criar mapas ligando os caminhos de fundações doadoras e organizações sociais, de forma mais eficiente, fazendo com que os recursos cheguem mais rapidamente aonde são necessários e vindos de fontes que se interessam nessas causas específicas.

Em uma sessão focada especificamente nos desafios trazidos pela tecnologia, representantes da Fundação Ford e da Anistia Internacional falaram sobre as iniciativas que estão adotando ou apoiando para evitar que os avanços tecnológicos tragam retrocessos às liberdades civis e também aprofundem os gaps já existentes entre os que têm e os que não têm acesso à informação.

O Fórum também representou a oportunidade de reunir, em um só bate-papo, um filantropo iniciante e uma filantropa experiente.  Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital, que criou, recentemente, a Fundação Felipe Figueiredo, com intuito de investir em projetos de Educação, falou sobre suas motivações. E Patrícia Villela, presidente do Humanitas 360, que há muitos anos atua pela defesa dos direitos humano, contou um pouco sobre seu trabalho atual, voltado para a humanização do tratamento da população carcerária brasileira.

O evento teve a honra de terminar com uma fala de Michael Green, autor do livro Philanthroapitalism, e criador do Social Index Progress, um índice que mede o nível de desenvolvimento dos países com base na qualidade de vida oferecida a seus habitantes, e não apenas no crescimento econômico. Green é um profundo defensor dos dados como grande orientador do planejamento e da gestão da filantropia, e acredita que o investimento social terá mais impacto na medida em que se apropriar mais das ferramentas criadas pelo mundo dos negócios para acelerar suas realizações.

Ao final do evento, ficou a mensagem de que a evolução da tecnologia é um caminho irreversível, que será inevitavelmente trilhado, mesmo que traga novos problemas. E que cabe aos investidores sociais aproveitarem o melhor dela para gerar mais impacto, buscando incluir todas as pessoas nesse futuro mais justo e sustentável, que trabalhamos par construir.

 

Coalizão lança Nota Pública de apoio à regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos

 

NOTA PÚBLICA DE APOIO À REGULAMENTAÇÃO DOS FUNDOS PATRIMONIAIS FILANTRÓPICOS

 

Nós, os integrantes da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por mais de 40 membros, entre organizações, empresas e pessoas, viemos a público manifestar nosso apoio à edição da Medida Provisória de regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, causa pela qual vários de nossos integrantes lutam desde 2012.

Lamentamos que a aceleração do processo de regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos tenha sido provocada por uma tragédia de dimensões incalculáveis para a Cultura e a História do Brasil, como o incêndio que destruiu grande parte do acervo do Museu Nacional. Nos serve de consolo, entretanto, saber que essa mesma tragédia pode trazer algum fruto positivo para o País, e queremos colaborar para que a legislação que regulará os Fundos Patrimoniais Filantrópicos seja a melhor possível, alcançando seu máximo potencial de contribuição para a sociedade.

Para isso, queremos alertar para um ponto que precisa ser incluído na legislação, para que ela tenha os efeitos desejados.

Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham por causas de interesse público, como educação, saúde, assistência, cultura, meio ambiente e esportes, entre outras.

Não há razão para restringir o tipo de organização que pode ser titular de Fundos Filantrópicos, nem a causa à qual eles se destinam. Organizações privadas sem fins lucrativos (fundações e/ou associações) devem ser incluídas entre as que podem contar com esse mecanismo. Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos devem ter como objetivo causas de interesse público, podendo ser vinculados ou não, a instituições públicas ou privadas predeterminadas como universidades, museus e Santas Casas de Misericórdia. Essa é a boa prática adotada no exterior.

Recomendamos também a edição de uma Medida Provisória clara, objetiva e que contemple unicamente o tema dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, de modo a facilitar a criação desses instrumentos tão importantes para a sustentabilidade financeira das organizações sem fins lucrativos.

Com a publicação da Medida Provisória, convocamos os deputados e senadores a, ainda nessa legislatura, refletirem conscientemente sobre a importância da sua transformação em lei, garantindo maior capacidade das instituições se financiarem com o apoio daqueles que acreditam em suas causas, e buscando, assim, evitar tragédias como a do Museu Nacional.

Por fim, nos colocamos à disposição para qualquer contribuição que se faça necessária para concretização de uma legislação clara, abrangente e eficaz para os Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

 

São Paulo, 5 de setembro de 2018

COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)

Quem somos nós

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos é grupo multisetorial composto por 40 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país.

Lançada em junho de 2018, e liderada pelo IDIS, Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, essas organizações brasileiras integram a Coalizão, que é aberta para qualquer pessoa ou entidade que apoie a causa dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

 

Organizações integrantes da Coalizão pela Fundos Filantrópicos

Coordenação

IDIS Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

 

Apoio Jurídico

PLKC Advogados

 

Apoio Institucional

APF Associação Paulista de Fundações

Cebraf Confederação Brasileira de Fundações

GIFE Grupo de Institutos, Fundações e Empresas

Humanitas 360

Levisky Negócios e Cultura

 

Participantes

ABCR Associação Brasileira de Captadores de Recursos

ACTC Casa do Coração

Arredondar

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CEAP Centro Educacional Assistencial Profissionalizante

CIEDS

Demarest Advogados

Fehosp Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Est. SP

Fundação Darcy Vargas

Fundação Educar DPaschoal

Fundação José Luiz Egydio Setúbal

Fundação Stickel

Instituto Acaia

Instituto Akatu

Instituto Arara Azul

Instituto Ayrton Senna

Instituto Cyrela

Instituto Doar

Instituto Homem Pantaneiro

Instituto Jatobás

Instituto Phi

Instituto Reciclar

Instituto Sabin

Instituto Sol

Instituto SOS Pantanal

ISE Business School

LAB Laboratório de Inovação Financeira

Liga Solidária

Lins de Vasconcelos Advogados Associados

Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. Quiroga Advogados

Onçafari

Rede de Filantropia para a Justiça Social

Santa Marcelina Organização Social de Cultura

Sistema B

Todos pela Educação

Visão Mundial

Wright Capital

 

 

 

 

 

 

BNDES e o Investimento Social Corporativo

No mês de julho, o IDIS teve a oportunidade de organizar, junto com o BNDES, o evento de lançamento da nova Política Socioambiental de Mercado de Capitais do banco.

Na ocasião, Paula Fabiani, presidente do IDIS, pôde falar para uma plateia de cerca de 70 pessoas, todas ligadas a empresas que se relacionamento com o BNDES, sobre a importância do Investimento Social Corporativo.

Com um volume relativamente modesto, frente à riqueza do universo empresarial brasileiro, o Investimento Social Corporativo costuma girar em torno de R$ 2 bilhões de reais ao ano. Já as doações realizadas por pessoas físicas, alcançam um patamar, pelo menos, quatro vezes maior.

Paula também falou sobre a tendência, cada vez presente, das empresas alinharem o Investimento Social ao próprio negócio, buscando iniciativas que tragam impacto positivo em ambos os campos.

Ela também destacou as causas mais frequentemente apoiadas pelas empresas: Educação, Formação de Jovens para o Trabalho, e Cultura e Arte. Enquanto que Comunicação, Saúde e Assistência Social são as causas que menos recebem recursos das companhias.

O objetivo da palestra de Paula Fabiani foi destacar a relevância do Investimento Social Corporativo para o desenvolvimento do país e explicar a importância das novas diretrizes do BNDES, que, cada vez mais, inclui o critério de contribuição social, entre os que são considerados na hora de investir em uma corporação.

IDIS, Consulado dos EUA em São Paulo e CAF America realizam dois dias de treinamentos para ONGs

Foram dois dias intensos. Vinte instituições reunidas no curso Fortalecimento de Organizações da Sociedade Civil tiveram aulas práticas e teóricas sobre planejamento estratégico, captação de recursos no Brasil e nos Estados Unidos entre outros temas e puderam trocar experiências sobre seus pontos fortes e fracos.

“O engajamento das organizações vem num crescente mas ainda existe uma busca pela profissionalização, principalmente na captação de recursos”, disse a presidente do IDIS, Paula Fabiani.

De fato, a captação de recursos foi o tema que mais chamou a atenção dos participantes.

“ O primeiro passo é a entidade definir claramente a sua causa, metas, indicadores e o papel que cada um de seus membros terá na captação de recursos”, explica Andrea Hanai gerente de projetos do IDIS.

O CEO da CAF América e CAF Canadá, Ted Hart, um dos professores, lembrou que solicitar é uma atividade que deve ser menos pedir e mais negociar e saber se comunicar com os doadores para obter sucesso. A transparência e o histórico financeiro são pontos fundamentais para quem busca recursos não só no Brasil, mas nos EUA também.

A vice-presidente da CAF America, Jessie Krafft, explicou como uma organização pode se tornar candidata a receber doações de empresas ou entidades norte americanas. Lembrou de pontos práticos como estar com a documentação em ordem, ter uma boa apresentação, dados completos, contratos de doação claros nos seus objetivos e estar bem preparado para responder a todas as questões que podem ser feitas.

“O que vimos sobre a captação de recursos abre a nossa cabeça. É uma mudança de visão perceber que isso uma responsabilidade de todos, não apenas do financeiro, por exemplo”, disse a representante da Associação Viva e Deixe Viver, Isabela Bastos, uma das participantes do treinamento.

X CONGRESSO GIFE: IDIS participa de debate sobre tendências para o investimento social privado em âmbito nacional e global.

Diante de um futuro que traz como desafio para o Terceiro Setor a busca constante por novas formas de atuação e articulação, a necessidade de apropriação de ferramentas e tecnologias de última geração, além de estratégias que garantam um diálogo eficaz com um mundo já sobrecarregado de novos e velhos problemas socioambientais, o X Congresso GIFE, realizado em São Paulo nos dias 4, 5 e 6 de Abril,  colocou em debate as tendências para o investimento social privado em âmbito nacional e global.

Foram convidados para o painel ‘Tendências e Desafios para o Fortalecimento do Campo: por um Investimento Social mais Forte, Diverso e Efetivo’ a presidente do IDIS, Paula Fabiani; Benjamin Bellegy, diretor executivo do Wings; Regina Esteves, Superintendente da Comunitas; e Graciela Hopstein, coordenadora executiva da Rede de Fundos. Para mediar a conversa, Erika Saez, gerente de Programas do Gife.

O fortalecimento da cultura de doação e organizações da sociedade civil de base deram início à fala da presidente do IDIS sobre a importância do engajamento das famílias de alto poder aquisitivo e a necessidade de se tomar risco no Investimento Social Privado para garantir algumas agendas.  Paula Fabiani defendeu, ainda, que as grandes empresas sejam também doadoras e que incentivos estejam previstos para pessoas que fazem doações individuais.  Sobre os desafios que o Terceiro Setor tem pela frente, Paula Fabiani aponta a necessidade de abrir mão de nossas diferenças para unir esforços em torno de pautas comuns a todos: “O investidor social tem, às vezes, dificuldade em abrir mão de suas pautas e investir, de verdade, recursos em pautas comuns. O Brasil precisa disso mais do que nunca! É assim que vamos conseguir o impacto coletivo”.

Para Regina Esteves o momento é de grandes mudanças na relação público-privado: “A governança é compartilhada e a cocriação é base para o engajamento.” A representante da Comunitas ressaltou, ainda, que agora é a hora do Terceiro Setor abandonar o modelo tradicional que sempre adotou e, pensando em maior impacto, buscar um eixo para construir políticas de médio e longo prazo: “Visão de longo prazo significa a construção de políticas públicas onde o cidadão exerça um papel participativo, pois governos passam, mas a sociedade permanece.”.

Fortalecimento da Cultura de Doação e engajamento levaram às considerações de Benjamin Bellegy sobre o desenvolvimento da Filantropia como parte da Democracia e, também, sobre a urgência de se discutir mais esse tema no Brasil: “O processo filantrópico é uma causa…gera confiança na sociedade e, por isso, cada fundação, ou cada doador, precisa pensar de que maneira vai conseguir recursos para desenvolver seus projetos.”

Considerando o momento delicado em que se encontra não apenas o nosso país, mas o mundo, a representante da Rede Fundos lembrou que é fundamental mostrar que as organizações do Terceiro Setor são confiáveis: “Precisamos nos comunicar melhor e explicar a importância de doar. Somos todos atores dessa transformação.” Graciela Hopstein ainda chamou a atenção para a maneira como o tema é tratado: “Parece que filantropia é assistencialismo…Quando pensamos em Democracia, pensamos em acesso aos Direitos. Precisamos de mais recursos privados para fortalecer organizações públicas”

Brasil, Democracia e Desenvolvimento Sustentável:  O X Congresso Gife reuniu lideranças para analisar o momento que atravessamos e pensar o futuro do Terceiro Setor. Na plenária de abertura, a presidente dos conselhos  da Fundação Tide Setúbal e do Gife, Neca Setúbal, convocou a plateia: “Precisamos ter coragem de arriscar!”.

O economista e escritor Eduardo Gianetti da Fonseca abriu sua apresentação falando sobre o momento histórico que vive o País e os desafios aos quais os brasileiros são submetidos década após década,  desde a Redemocratização, passando pelos vários ciclos de planos econômicos para tentar estabilizar a moeda, até os dias de hoje, “Se temos 33% de carga tributária, mais 7% de déficit, 40% de tudo que o Brasil produz passa pelas mãos do setor público. Eu só me pergunto: CADÊ (esse dinheiro)??”. Gianetti lembrou que a “deformação patrimonialista” do Estado brasileiro está estabelecida desde a chegada dos portugueses e criticou o modelo de inversão que vivemos desde então: “O Estado continua a crer que a sociedade existe para servi-lo e não o contrário”.

Fundo Marielle – Durante o X Congresso Gife, a Fundação Ford, a Open Society Foundations, o Instituto Ibirapitanga e a Fundação Kellog lançaram uma iniciativa para promover a participação de mulheres negras no cenário político nacional. O Fundo Marielle (em homenagem à vereadora, socióloga, feminista e militante dos Direitos Humanos Marielle Franco, assassinada  no último dia 14 de março, no Rio de Janeiro) contará com a porte inicial de US$ 10 milhões ao Fundo Baobá.

 

 

 

 

 

Um diálogo para transformar a Cultura de Doação

Com o auditório da Pinacoteca do Estado de São Paulo lotado e sob a liderança dinâmica de Eliane Trindade, editora do caderno Empreendedor Social da Folha de São Paulo, aconteceu na última quarta-feira, dia 27 de março, a oitava edição da série Diálogos Transformadores, que abordou a Cultura de Doação.

O evento reuniu diversos protagonistas do campo da doação, desde um filantropo que faz grandes investimentos sociais até um doador individual, que contribui com uma pequena quantia mensal, passando por ONGs que captam recursos, negócios sociais que viabilizam a doação e organizações de fomento ao investimento social, como o IDIS e o Arredondar. Para assistir ao video na íntegra, clique em  TV FOLHA.

Durante mais de duas horas, esse grupo debateu com a plateia a importância do desenvolvimento de uma cultura de doação mais forte no Brasil, que seja um valor presente em toda a sociedade. O filantropo José Luiz Setúbal, cuja fundação foi um dos patrocinadores do encontro, incitou várias vezes os presentes a se envolverem com alguma causa que os sensibilize e a trabalhar por ela.

Outro patrocinador esteve presente apenas em vídeo. O fundador da Cyrela, Elie Horn, que apoiou essa edição do Diálogos por meio do Instituto Cyrela, reafirmou sua profunda convicção de que só o bem faz sentido: “Todos devem procurar fazer o bem porque é o único caminho que faz sentido e traz uma recompensa imediata”, afirma.

Paula Fabiani, presidente do IDIS, que também apoiou o evento, aproveitou a ocasião para falar sobre a relevância da regulamentação dos fundos patrimoniais/endowments, no Brasil, como meio de garantir a sustentabilidade das organizações sociais no longo prazo e também de dar mais segurança aos doadores.

Roberta Faria, diretora da Editora Mol, também patrocinadora, apresentou seu interessante caso de viabilização da doação por meio da venda de produtos sociais. O exemplo mostrado foi o de uma revista que é vendida em uma rede de drogarias e cuja receita é doada a diversas organizações sociais, entre elas o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRRAC). Sergio Petrilli, fundador do GRAAC contou um pouco da sua longa e árdua trajetória, toda construída com as doações que recebe. E um de seus grandes doadores, o Instituto Ronald McDonald, estava presente por meio do superintendente, Francisco Neves, que fez questão de externar seu otimismo e amor pela vida como uma das forças que o levam a trabalhar sempre mais para conseguir recursos para a causa da saúde infantil.

O Diálogos ainda contou com a participação de Nina Valentini diretora do Arredondar, que já conseguiu doar mais de R$ 2 milhões para organizações sociais  a partir de micro doações que os consumidores fazem ao aceitar arredondar o valor das compras. A última a subir ao palco foi Luciana Quintão, fundadora do Banco de Alimentos, ONG responsável pelo programa Prato Cheio, que recebe  alimentos que seriam rejeitados pelo comércio e os leva até instituições sociais.

A energia, a empatia e a confiança no futuro das pessoas que compareceram ao Diálogos Transformadores – Cultura de Doação criaram um ambiente de integração entre o palco e a plateia. O público permaneceu até o final, mandando perguntas, aplaudindo e se dispondo a contribuir para escrever um novo capítulo na história da doação no Brasil.

 

 

IDIS disponibiliza na Internet videos do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Já estamos preparando a edição de 2018 do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Até lá, você pode assistir a todos os videos da edição de 2017, que reuniu em São Paulo a comunidade filantrópica, e acompanhar palestras, mesas temáticas e diálogos para compreender como lideranças do setor constroem, entendem e avaliam o tema proposto: “Sucesso”.

O que é sinônimo de êxito para o investimento social? O sucesso vem junto com políticas públicas? Alinhamento ao negócio é garantia de sucesso? Como perenizar conquistas? Para entender esse debate e conhecer alguns casos de sucesso no investimento social no Brasil e na América Latina, basta acessar:

https://www.youtube.com/playlist?list=PLvLWaKLzNd4p-wQWjQBcyvNbvAd5fFee7

 

 

 

 

 

 

Atores sociais de Paracatu são capacitados no tema de mobilização de recursos

Localizada no noroeste mineiro, a cidade de Paracatu foi fundada na primeira metade do século XVIII em pleno ciclo do ouro. O declínio da exploração do metal provocou a decadência econômica da localidade, mas com a construção de Brasília a região tomou novo impulso. Atualmente, com cerca de 85 mil habitantes, Paracatu destaca-se por ser um importante polo de mineração – após a descoberta de novas reservas do minério – e orgulha-se de sua gente hospitaleira e da sua tradição cultural.

Em setembro e em outubro, o IDIS esteve na cidade realizando, primeiramente, um estudo de cenário e, na sequência, o primeiro módulo de um ciclo de capacitações dos atores sociais locais no tema Captação e Diversificação de Fontes de Recursos. As ações fazem parte de um projeto realizado pelo IDIS em parceria com a Kinross Gold, mineradora canadense com unidade de extração na cidade, cujo objetivo é fortalecer a comunidade contribuindo para o desenvolvimento local.

Ao todo serão três módulos de formação para os representantes de organizações sociais e dois módulos para representantes do poder público municipal. Cada módulo ocorre ao longo de dois dias de encontro. O conteúdo é baseado nas informações colhidas pelo IDIS durante a visita de campo, ocorrida em setembro, quando a equipe do IDIS entrevistou 28 pessoas para mapear desafios e oportunidades de atuação.

“Um total de 70% dos entrevistados apontou a captação de recursos como o principal desafio das organizações da sociedade civil”, informa Olivia Castelo Branco, trainee de Projetos do IDIS e integrante da equipe de campo que realizou o diagnóstico. Os dois ativos mais citados pelos entrevistados foram a cultura de Paracatu: 48% falaram foi um dos sobre a riqueza cultural do município e acreditam que ela precisa ser mais valorizada pelos habitantes, assim como a possibilidade de explorar o turismo local (também apontada por 48% dos entrevistados).

Tendo essas informações em mãos, o IDIS preparou um ciclo de formação sobre mobilização de recursos e elaboração de projetos. Os próximos encontros serão em novembro e dezembro. Após essa etapa, o IDIS fará acompanhamento à distância dos participantes, para sanar dúvidas e apoiá-los no desenvolvimento dos projetos propostos durante as capacitações. “O planejamento da mobilização de recursos deve iniciar-se através de um diagnóstico das organizações. Por isso, instigamos as organizações a refletir sobre causa, missão e valores”, esclarece Marcela Bernardi, coordenadora de Projetos do IDIS.

Outra ação do projeto será a realização de palestras com possíveis investidores locais, programadas para dezembro. “Queremos alcançar todos os ativos para o desenvolvimento local: preparamos as organizações sociais para elaborarem projetos e acessarem novas fontes de recursos públicos ou privados, capacitamos o poder público para aperfeiçoar a elaboração de projetos e de editais, ressaltamos a importância do trabalho em rede e em parcerias ou em forma de convênios e, por fim, os investidores locais serão chamados para participarem desse processo de desenvolvimento do município. Eles podem apoiar projetos via recursos incentivados”, explica Marcela Bernardi.

Programa RenovAção lança edital para beneficiar a 1º Infância

Estão abertas desde 18 de setembro as inscrições para o Programa RenovAção Kids, uma iniciativa do Instituto Cyrela realizada com apoio técnico do IDIS. O edital tem como objetivo transformar os espaços de instituições que atendam crianças de 0 a 6 anos em situação de vulnerabilidade social. O vencedor receberá um prêmio de até R$ 100 mil para a construção ou reforma de espaços. Podem participar organizações da sociedade civil e instituições educacionais públicas (estaduais e municipais) localizadas na Região Metropolitana de São Paulo, que desenvolvem trabalho de relevância e impacto para a educação e/ou desenvolvimento da Primeira Infância (crianças de 0 a 6 anos) e/ou mulheres em pré-natal.

O IDIS é responsável pela elaboração do regulamento do concurso, pelo recebimento das inscrições, pela validação das organizações proponentes e pela organização da banca examinadora de seleção dos finalistas. Posteriormente, fará o monitoramento da aplicação do recurso recebido pela entidade ganhadora.

“O processo de seleção será feito em três etapas”, esclarece a coordenadora de Projetos do IDIS, Marcela Bernardi, “seleção dos semifinalistas, com base na originalidade e impacto dos projetos inscritos; visita técnica aos semifinalistas e seleção de 1 (um) projeto vencedor por meio de Banca Examinadora formada por especialistas do terceiro setor.”

As inscrições podem ser feitas no site do programa: www.programarenovacao.org. Os candidatos deverão realizar os seguintes passos para a inscrição: ler o regulamento do edital do prêmio, preencher o formulário de inscrição, providenciar os documento da instituição solicitados e efetivar a inscrição.

Curso de Mensuração Social repete sucesso do ano passado

Ao longo de dois módulos de oito horas de duração cada, os 37 alunos puderam conhecer a diversidade metodológica em avaliação de impacto social e entender conceitos de duas metodologias: Adicionalidade e SROI (Social Return on Investment).

O primeiro módulo conceituou o processo de avaliação de impacto, apresentou metodologias existentes e aprofundou-se na metodologia com base em Adicionalidade. As aulas foram conduzidas pelo diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper, Ricardo Paes de Barros, pelo coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, e pelo coordenador do Insper Metricis, Sérgio Lazzarini.

No segundo dia, a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, ministrou aula sobre o SROI, uma ferramenta trazida para o Brasil pelo IDIS e que faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos e permite a monetização desses resultados. Para ajudar no entendimento da metodologia, foram apresentados os cases de duas avaliações SROI conduzidas pelo IDIS: Programa Infância Ribeirinha (PIR) e Programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) – este último promovido pela Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP). Tais estudos apontaram que todo o investimento financeiro realizado se converteu em alto valor social.

“O curso explorou bem a complexidade de criar medidas objetivas para impactos que muitas vezes são intangíveis e, embora facilmente percebíveis, tornam-se difíceis de quantificar. Os exercícios práticos ajudaram a entender de forma concreta os desafios, os possíveis métodos a serem aplicados e como minimizar os riscos de enviesar informações”, relatou Raquel Altemani, coordenadora de planejamento do IDIS.

A terceira turma do curso será em 14 e 15 de setembro deste ano. A matrícula pode ser feita no site do Insper (https://www.insper.edu.br/educacao-executiva/cursos-de-curta-duracao/estrategia-e-negocios/mensuracao-de-impacto-social/?gclid=CNGKiZfujdQCFQcGkQodZ1sKxg).

Depoimento de Marcos Kisil inaugura canal Grandes Lideranças do Terceiro Setor

“A Filantropia é inata ao ser humano: aqueles que têm, olham para os que não têm”. A afirmação abre o primeiro vídeo sobre a trajetória do fundador do IDIS, Marcos Kisil. O depoimento é o primeiro de uma série de vídeos, que inaugura o canal “Grandes Lideranças do Terceiro Setor”, dentro da plataforma da Escola Aberta do Terceiro Setor.

O projeto foi lançado no dia 7 de abril, durante o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE 2017) realizado em Foz do Iguaçu-PR e tem o objetivo de registrar e compartilhar entrevistas com personalidades que fizeram e fazem a história do Terceiro Setor no Brasil.

Marcos Kisil, médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, idealizou e fundou o IDIS em 1999 após atuar durante 14 anos como diretor da Fundação Kellogg para América Latina e Caribe. A ideia de criar o IDIS surgiu quando começou a ser procurado por várias empresas e organizações brasileiras que queriam estruturar sua ação social e não sabiam como. Na época não havia, no Terceiro Setor, nenhuma organização de apoio a famílias, empresas ou comunidades que quisessem fazer investimento social privado.

Neste primeiro vídeo Marcos Kisil aborda as bases da Filantropia e do Investimento Social Privado no Brasil; o conceito de causa; e faz comparações entre a Filantropia realizada no EUA e no Brasil. Confira um trecho do depoimento:
“A filantropia tem uma mãe que é a democracia e um pai que é o capitalismo. O capitalismo permite que você acumule a riqueza através da mais-valia, portanto você tem recursos que podem ser entregues ao outro. Com a democracia você tem a liberdade de tomar a decisão e usar os seus talentos, os seus dons, as suas capacidades de olhar os problemas dos outros e tomar decisões de como quer utilizar o recurso.”

Os próximos vídeos abordarão os temas da filantropia familiar e filantropia comunitária. Eles serão disponibilizados mensalmente no canal do YouTube da Escola Aberta do Terceiro Setor: http://bit.ly/2ozCCgW.

Conceição do Mato Dentro, em Minas, cria projeto para fomentar desenvolvimento

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O município de Conceição do Mato Dentro é considerado a “Capital Mineira do Ecoturismo” por abrigar inúmeras belezas naturais. Distante 167 km de Belo Horizonte, integra o Circuito Estrada Real e o Circuito Serra do Cipó e por seu patrimônio natural singular, foi declarado em 2005 como reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Com todo esse potencial, o fomento ao turismo local foi um dos projetos que surgiram ao final da primeira oficina do programa de Fortalecimento da Gestão Pública, realizada em fevereiro pelo IDIS.

Com um público de 19 pessoas, entre técnicos e gestores públicos da prefeitura e de diversas secretarias municipais e a vice-prefeita, a oficina teve duração de um dia e meio e abordou como se dá a construção de um projeto social. O desafio colocado aos participantes foi elaborar iniciativas que atendessem aos desafios mais prementes do município. “O grupo apresentou três propostas: uma voltada para a qualificação do município para o avanço do turismo sustentável, outra com foco na gestão adequada dos resíduos e a terceira propondo a construção de um canil municipal. As proposições seguiram as demandas do município levantadas durante o primeiro dia de oficina”, relata Marcela Bernardi. Agora, uma segunda oficina será realizada para mostrar como conseguir recursos para os projetos criados. “No próximo encontro, em março, vamos abordar o tema da diversificação de fonte de recursos e como acessar linhas de financiamento e editais”, conclui Marcela.

O projeto Fortalecimento da Gestão Pública é executado pelo IDIS para a Anglo American em Conceição do Mato Dentro e em outros três municípios – Alvorada de Minas, Dom Joaquim e Serro. O objetivo da iniciativa é apoiar os gestores públicos municipais na elaboração de projetos, na diversificação da captação de recursos e na construção de oportunidades para apresentação de propostas a órgãos financiadores. A meta é que, ao final do percurso de oficinas, cada município tenha realizado a submissão de pelo menos um projeto para uma fonte de financiamento. O intuito de todo esse trabalho é fortalecer o poder público de cada localidade, melhorando, com isso, o atendimento à população e promovendo o desenvolvimento local.

Projeto Envolver destinará R$ 100 mil para organização da região da Bela Vista, em São Paulo

EnvolverO Instituto Cyrela Commercial Properties (Instituto CPP), com o apoio técnico do IDIS, lançou no último dia 18 o Edital 2017 do Projeto Envolver, com o intuito de premiar projetos de organizações da sociedade civil que promovam a transformação social. Neste ano, o Edital selecionará projetos no entorno do Shopping Cidade São Paulo, empreendimento administrado pela Cyrela Commercial Properties. O shopping fica na Avenida Paulista, região da Bela Vista, no município de São Paulo.

O Instituto CCP é uma organização social sem fins lucrativos, ligada ao Grupo Cyrela, responsável pelo desenvolvimento, comercialização e administração de imóveis. O foco de atuação do Instituto é o desenvolvimento das comunidades próximas aos empreendimentos da CCP.

O período de inscrições do Edital vai de 18 de janeiro a 24 de fevereiro. Podem se inscrever organizações da sociedade civil que atuam na região de entorno do shopping e que promovam melhorias na qualidade de vida das pessoas. Os beneficiários do projeto deverão ser pessoas em situação de vulnerabilidade social (independentemente de idade, gênero, raça etc.).

O projeto vencedor receberá o prêmio de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para potencializar sua atuação em um projeto já existente ou em um projeto inédito durante o prazo de até 12 (doze) meses. Para inscrição ou mais informações é preciso acessar o site do Shopping Cidade São Paulo.

Curso Mensuração de Impacto Social, realizado por IDIS e Insper Metricis, foi um sucesso!

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Realizado nos dias 20 e 21 de outubro e com 16 horas de aulas presenciais, o curso Mensuração de Impacto Social superou a expectativa em termos de procura e gerou fila de espera, que deve ser atendida com nova edição no primeiro semestre de 2017.

A formação apresentou algumas metodologias de avaliação, com especial ênfase em Adicionalidade e Social Return on Investment (SROI). O intuito foi oferecer subsídios para que organizações do Terceiro Setor pudessem compreender a importância da mensuração do valor das ações sociais empreendidas para conhecer a diversidade metodológica em avaliação de impacto social.

No primeiro dia, abordou-se o processo de avaliação de impacto, metodologias existentes, metodologias de avaliação com base em Adicionalidade, entre outros temas. As apresentações foram conduzidas pelo diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper, Ricardo Paes de Barros, pelo coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, e pelo coordenador do Insper Metricis, Sérgio Lazzarini.

No segundo dia, a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, ministrou aula sobre o SROI, uma ferramenta trazida para o Brasil pelo IDIS e que faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos. “O SROI permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado. É uma ferramenta criteriosa e útil”, aponta Paula.

Para ajudar no entendimento da metodologia, foram apresentados os cases de duas avaliações SROI conduzidas pelo IDIS: do Programa Infância Ribeirinha (PIR) e Programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) – este último promovido pela Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP). Ambas as avaliações apontaram que todo o investimento financeiro realizado se converteu em alto valor social.

O curso, que contou com 42 alunos, é voltado para profissionais do Terceiro Setor, de fundações (corporativas ou familiares), institutos, organizações sem fins lucrativos, empreendedores sociais e fundos de investimento de impacto.

A psicóloga do programa Espaço Escuta e aluna da formação, Carla Rigamonti, pretende colocar em prática os  ensinamentos recebidos. “Gostei muito do curso, pois ofereceu um panorama geral sobre a importância da avaliação de impacto e também sobre as diferentes possibilidades de mensuração do efeito do meu trabalho. Saí positivamente afetada pela ideia,” contou Carla.

IDIS realiza a 5º edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais

idis-evento-66Ao som do quinteto de sopros do Instituto Baccarelli teve início o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais em São Paulo no último dia 6 de outubro. O evento reuniu cerca de 200 participantes entre eles a CEO do Global Philanthropy Forum, Jane Wales; o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra; o CEO da Charities Aid Foundation America, Ted Hart; o CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne; a gerente executiva do Instituto Ayrton Senna, Inês Miskalo; o criador do #givingtuesday, Henry Timms; entre outros.

O tema escolhido nesta edição foi “A Iniciativa Individual e a Nova Economia” e as plenárias foram norteadas pelo desafio de repensar o atual modelo econômico em busca de alternativas mais inclusivas e ambientalmente sustentáveis. Foram discutidas questões como shared value, o papel da filantropia na agenda social do governo, novos negócios com impacto socioambiental positivo, cases inovadores de empreendedorismo social e o espírito olímpico e a responsabilidade individual.

Para a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, a escolha do tema foi estratégica. “Cada um de nós precisa se colocar à disposição do benefício de todos para encontrarmos saídas para questões como o esgotamento do modelo de consumo e a desigualdade social para que as crianças, que são nosso futuro, tenham seu desenvolvimento pleno assegurado”, explica.

A palestra de abertura, “As Fronteiras do Capitalismo” foi com o economista e escritor Eduardo Giannetti da Fonseca. “Estamos aqui para diminuir a distância entre o mundo ideal e o mundo real. Fazer filantropia é ter uma disposição para ajudar a transformar uma realidade”, disse na abertura dos trabalhos.

Na plenária “A filantropia como valor familiar”, foi anunciada a criação do The Giving Pledge Brasil pelo IDIS com o apoio do fundador da Cyrela, Elie Horn. O programa já existe nos Estados Unidos e foi criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett para reunir bilionários dispostos a doar parte de suas fortunas ao longo da vida para investir em causas sociais. “Para nós, foi muito importante tornar pública o nosso compromisso com o Giving Pledge. Não quero morrer pobre de ações, temos que sempre fazer o bem. A gente só escolhe na vida entre fazer o bem e o mal”, disse o empresário durante a sessão. Ele e a esposa, Suzy Horn, falaram da experiência e a importância dos valores filantrópicos defendidos pela família. O fundador da Cyrela também anunciou a doação de R$ 2 milhões por ano durante 10 anos para a criação de uma campanha e realização de ações de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes.

Durante o Fórum, foi lançado o livro “Pesquisa Doação Brasil”, que traz dados inéditos e detalhados da pesquisa realizada pelo IDIS/Gallup e parceiros e inclui três análises distintas sobre os resultados que mostram o perfil do doador brasileiro. Outra publicação lançada foi o guia “Investimento de Impacto: uma introdução”. Com o apoio do Instituto Sabin, o IDIS fez a tradução e a publicação deste segundo volume da coleção “Seu Roteiro para Filantropia”, produzida originalmente pela Rockefeller Philantropy Advisors. As publicações estão disponíveis para download no site do IDIS.

O encerramento do Fórum contou com a participação da fundadora do Instituto Esporte & Educação, Ana Moser, e do presidente do Conselho da Fundação Gol de Letra, Raí Souza Vieira de Oliveira em uma plenária que convidou os participantes a refletirem sobre o espírito olímpico e a responsabilidade individual. O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e do Global Philanthropy Forum (GPF).

Confira o álbum de fotos do evento.

Aprendendo a cuidar bem do dinheiro

Antes de encerrar 2015, o IDIS teve o prazer de comemorar, junto com 31 jovens aprendizes do CEPAC, Associação para Proteção das Crianças e Adolescentes, de Barueri, a conclusão de um projeto de educação financeira, realizado em parceria com a Victoire Brasil Investimentos

Em 2013, a Victoire procurou o IDIS interessada em fazer algum tipo de Investimento Social Privado, mas sem ter um foco definido. Depois de muito trabalho e reflexão, ficou clara a vocação da investidora para compartilhar seu conhecimento sobre gestão de recursos e foi concebido o projeto de educação financeira para jovens que estão entrando na vida profissional, buscando gerar inclusão econômica e social através de práticas de uso consciente do dinheiro e hábitos financeiros saudáveis

No ano antepassado foi feito o projeto-piloto e, em 2015, a capacitação foi realizada diretamente por uma professora especializada, selecionada pelo IDIS, e com o apoio de funcionários da Victoire que foram mentores dos alunos, todos moradores do Parque Imperial, um bairro popular de Barueri, na região metropolitana de São Paulo.

Ao final do curso, que durou quatro semanas, as aulas da professora receberam nota 9,39 por parte dos alunos e todos eles afirmaram que os conteúdos aprendidos contribuirão para suas vidas profissionais. O item mais apreciado foram as dinâmicas desenvolvidas durante as aulas seguidas da Planilha de Orçamento Mensal, que é oferecida. Cem por cento dos pais dos alunos disseram que os filhos apresentaram uma melhora em relação à gestão de suas finanças a partir do início do curso. Já o modelo de mentoria online realizada de forma voluntária pelos funcionários da Victoire, atendeu às expectativas de dois terços do aluno, enquanto o um terço restante esperava mais dessa interação, o que mostra que o modelo ainda precisa ser aprimorado.

Se tudo correr de acordo com o desejo de André Caminada, gestor da Victoire, em 2016, o IDIS terá oportunidade de fazer os ajustes necessários, já que, ao final do projeto, Caminada enviou a seguinte mensagem: “Agradeço ao IDIS e à equipe envolvida, por todo o apoio e pela ajuda para ajustar o projeto ao orçamento que tínhamos. Espero nos vermos em 2016 na continuação desse projeto”.

Filantropia em tempos de crise

Logo Fórum 2015O IDIS realizou, em novembro deste ano o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, cujo tema transversal foi “Filantropia em tempos de crise”. Um tema atual tratado com um olhar diferente. Tivemos um dia inteiro de discussões sobre como investidores sociais podem usar seus recursos e experiências bem sucedidas para ajudar o Brasil a sair fortalecido do difícil momento que está atravessando.  O sucesso do Fórum e a presença de tantos parceiros e pessoas interessadas em fazer o bem só reforça o nosso desejo de trabalhar, cada vez mais, pelo resgate de valores no país.

Veja aqui a opinião de alguns palestrantes.

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A exceção que virou regra

Logo Fórum 2015A diretora -presidente do IDIS, Paula Fabiani, chamou empresários e filantropos para se unirem contra a crise e por um país mais correto e justo. Paula, no seu discurso de boas-vindas ao IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, lembrou que o momento pelo qual passamos requer atenção não apenas pelas questões econômicas, mas pela exposição global de práticas das quais não temos motivos para nos orgulhar. A corrupção endêmica praticamente, é o oposto do que ser quer para o país.

“Hoje a exceção virou regra”, lembrou a presidente, que alertou que os filantropos não podem assistir quietos os agravamentos sociais e as rupturas de valores que estamos presenciando, e que é preciso, mais do que nunca, a união de forças.

 

Assista à mensagem de Paula Fabiani

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Como e o que pensam os jovens filantropos

Logo Fórum 2015O que as novas gerações estão trazendo em termos de transformação para a filantropia brasileira? O que pensam esses jovens que estão hoje à frente de instituições sejam mais antigas ou que surgiram mais recentemente, mas que têm um forte viés familiar? Como mudar e trazer novas ideias e enfrentar os desafios para seguir adiante e ao mesmo tempo resgatar valores importantes que se perderam diante da atual crise que vivemos?

Esses temas foram debatidos no painel “O olhar da próxima geração de filantropos”, durante o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais . O mediador foi o Secretário Geral do GIFE, André Degenszajn, que recebeu Inês Mindlin Lafer, diretora do Instituto Betty e Jacob Lafer, Eduarda Penido Della Vecchia, diretora da Fundação Lúcia e Pelerson Penido e Raphael Klein, fundador do Instituto Samuel Klein.

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Grandes filantropos, grandes palestras

Logo Fórum 2015O tema proposto pelo IDIS neste IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, ‘Filantropia em Tempos de Crise’, suscitou muitas discussões sobre o futuro das instituições filantrópicas, sobre o papel das novas gerações de filantropos e o poder de mobilização da sociedade para ajudar mudar o cenário do Brasil em um momento de crise como o atual. Como bem disse a diretora do Global Philanthropy Forum, Suzy Antounian, “…nas crises surgem oportunidades para mudanças estratégicas”.  Aqui estão algumas das questões levantadas durante o encontro para a nossa reflexão e que mostram os desafios que temos pela frente não apenas para superar as adversidades, mas também para buscarmos a consolidação de uma cultura de doação no país.

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Daniel Feffer, vice-presidente da Suzano Holding: “Empresas que estão começando agora dificilmente se preocupam com responsabilidade social. Elas precisam se sustentar primeiro”, diz Feffer.

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Afonso Carrillo, filantropo guatemalteco e fundador do do Movimento MelmportaGuate, se mostrou encantado com o Brasil. “É um grande povo, um país maravilhoso …não podemos esperar por novas crises. É hora de agir, mas sei que não é fácil. Temos que resgatar valores e princípios”.

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Elie Horn, presidente do Instituto Cyrela, falou sobre como promover a filantropia: “Conscientizando os ricos. Sem dinheiro não se faz nada”.

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Guilherme Leal, co-presidente do Conselho da Natura, disse que um dos problemas que enfrentamos, é que o Brasil não estimula você a ser filantropo: “A filantropia é essencial, mas é absolutamente insuficiente”, diz. “O que faz um jovem mudar o rumo da vida? É querer ser milionário. Isso é muito pouco!”.

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Um Norte para a Primeira Infância

CabeçalhoProver os cuidados necessários para o desenvolvimento saudável de uma criança pequena é sempre complexo, mas quando falamos de regiões menos favorecidas, com baixa densidade populacional e com obstáculos naturais quase intransponíveis, trata-se de um grande desafio. Essa é a realidade da região Norte do Brasil, com territórios imensos, cobertos por florestas e rios, e uma população que está quase sempre longe dos serviços básicos.

Para discutir os esforços pela primeira infância no Estado do Amazonas e região Norte e enfatizar as políticas públicas federais e estaduais e as estratégias e desafios locais, é que o IDIS, a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (Susam) e a Universidade do Estado de Amazonas (UEA) organizaram o Seminário Um Norte para a Primeira Infância, que acontecerá no dia 22 de outubro, na UEA, em Manaus,

O evento abordará como porque investir na primeira infância; programas e políticas de primeira infância; e tentará traçar um mapa da primeira infância. O seminário contará com representantes do poder público, da sociedade civil e de organismos internacionais comprometidos com a primeira infância como Ricardo Paes de Barros, pesquisador e professo do Insper, Paulo Bonilha, coordenador da Área da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde; Marcos Kisil, fundador e conselheiro do IDIS; e Vital Didonet, assessor da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar (OMEP); entre outros.

Na ocasião também ocorrerá o lançamento do livro ‘Primeira Infância: Panorama, Análise e prática’, que conta o processo de criação da Política Pública para Primeira Infância Amazonense.

Para aqueles que não puderem comparecer, mas queiram assistir, o seminário será transmitido ao vivo, a partir das 9h de Manaus (10h de Brasília)  pelo link: webconf2.rnp.br/uea.

Mudança de hábito: Santas Casas aprendem a captar recursos de forma profissional

Santa Casa São CarlosAs mais de 100 Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do estado que passaram pelo projeto de Captação de Recursos da Fehosp /IDIS deixaram de ver captação como ‘pedir socorro’. Daqui pra frente é estratégia de financiamento.

Durante nove meses de projeto, os hospitais passaram por um processo de aprendizado e treinamento, com três oficinas de capacitação intercaladas com o coaching individual para cada entidade, que serviu para colocar em prática a captação de recursos. O resultado foi surpreendente.

Muitos decidiram criar áreas e departamentos específicos para captação. Outros passaram a realizar mais eventos, valorizar e ampliar o que estava esquecido como doações por meio das contas de água e luz e pela Nota Fiscal Paulista. Tem hospital vendendo rifa para comprar um mamógrafo que beneficiará toda a região, outros participando de leilões e feiras ou vendendo camisetas para construir ou ampliar departamentos.

Para as entidades que lidam diariamente com falta de recursos e pouco apoio da comunidade, o Projeto de Captação de Recursos foi uma luz no fim do túnel e abriu novas perspectivas.

O consultor estratégico e fundador do IDIS, Marcos Kisil, colocou o pé na estrada e fez reuniões com os provedores dos hospitais. Ele citou três pontos que servem como uma injeção de ânimo: desenvolver mecanismos para administrar recursos, mostrar resultados e resgatar a participação da comunidade.

 

O consultor do IDIS, Marcelo Estraviz, um dos muitos envolvidos na iniciativa, também trabalhou com as entidades desde o começo. Percorreu quase todo o estado, de hospital em hospital, treinando os profissionais de saúde. Trabalhou duro. Conheceu gente interessada em mudar e fez amigos. “Eu vi que as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos estão preocupados em melhorar a performance. Antes uma arrecadação era o que vinha, agora olham como um processo de melhoria contínua”, avaliou.

 

Outro ponto destacado pelo consultor é que os hospitais aprenderam a pedir de forma profissional e estão animados com a receptividade da comunidade. Hoje, as entidades enxergam os projetos de captação como pilotos para mais arrecadação. Muitos hospitais já definiram patrocinadores para áreas e quartos.

 

 

Paula Fabiani fala sobre cultura de doação na Bandnews FM

Paula 1 _2014A coluna A Política Nossa de Cada De Cada Dia, da rádio BandNews FM, aborda histórias de pessoas e grupos que contribuem para uma sociedade melhor e que vai muito além de exercer o direito do voto.

Na edição do último dia 24 de agosto, a entrevistada da coluna foi Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, que comenta sobre o papel fundamental do setor privado na diminuição das desigualdades.

Apesar dos brasileiros serem considerados solidários, a posição do país ainda está aquém em relação ao hábito de doação para causas sociais, por isso, Paula Fabiani enfatiza a como  é de fundamental importância estabelecer uma cultura de doação no Brasil.

Você pode ouvir a entrevista completa aqui. Confira!

Empresa de energia solar transforma ação em social em incentivo a produtividade

Funcionária da Solar City explica energia solar para estudantes

Funcionária da Solar City explica energia solar para alunos de escola na África

A empresa de energia norte-americana, Solar City, cujo presidente é o empresário Elon Musk, encontrou uma forma inovadora para dar mais energia aos seus funcionários ao levar eletricidade para escolas em países em desenvolvimento.

A SolarCity criou a Fundação GivePower que instala um sistema de iluminação por energia solar em uma escola a cada megawatt de energia que a empresa implanta para seus clientes. Em 2014, a GivePower instalou sistemas de iluminação em 511 escolas na África e na América Central.

E há um bônus para alguns funcionários de melhor desempenho da SolarCity: eles ganham viagens de cinco dias de serviços para instalar o equipamento. A concorrência é dura, pois a SolarCity tem mais de 13 mil funcionários em 80 centros em todo os Estados Unidos e apenas de 10 a 15 são selecionados para cada viagem. Há cerca de quatro viagens por ano.

“Os funcionários realmente se reúnem em torno do significado e do impacto”, diz Hayes Barnard, presidente da fundação.
A Fundação GivePower colabora com outros grupos de ajuda internacional, incluindo o BuildOn, que podem fornecer serviços de tradução e ajudar no gerenciamento da logística.

Ideia do funcionário

Barnard, que entrou na SolarCity há dois anos, diz que sua experiência pessoal ajudando a construir uma escola em um país em desenvolvimento para o BuildOn, o inspirou a sugerir que a Sola City colocasse seu conhecimento de energia solar em prol da causa de iluminação escolar. Eletricidade permite que as crianças estudem mais e que adultos tenham aulas à noite. Isso pode transformar a escola em um centro comunitário.

A SolarCity iniciou seu trabalho social em casos de catástrofe, usando doações da Fundação Musk para construir sistemas de energia solar em áreas devastadas pelo furacão Katrina, no derramamento de petróleo da BP, no desastre nuclear de Fukushima e no furacão Sandy.
De acordo com o Relatório de Impacto do Milênio 2014, os jovens estão interessados em trabalhar para empresas que fornecem oportunidades para que eles que querem ser voluntários.

Lyndon Rive, chefe-executivo da SolarCity, diz que as viagens internacionais têm sido um sucesso com os funcionários, que muitas vezes lhe enviam bilhetes de agradecimento pela experiência, e tem aumentado a retenção de talentos.

Texto extraído de notícia do The Chronicle of Philanthropy: https://philanthropy.com/article/Solar-Companys-Charitable/232453
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Responsabilidade Social: termos e definições

Um projeto de responsabilidade social só traz consequências positivas para a sociedade se for realizado de forma planejada. Esses benefícios são possíveis e sustentáveis quando se leva em conta a estratégia de negócio da empresa. Hoje, empresas que incorporaram a responsabilidade social como forma de gestão reconhecem que o impacto social e ambiental precisa ser gerido da mesma maneira que a performance econômica. É nesse contexto que ganham destaques conceitos como Responsabilidade Social Empresarial, Investimento Social Privado e Marketing Relacionado a Causas.  Abaixo, conheça as definições e os benefícios de cada um deles.

Responsabilidade Social Empresarial

É uma forma de gestão definida pela “relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade” (Instituto Ethos). A responsabilidade social empresarial destina-se a programas e projetos que a instituição desenvolve por iniciativa própria ou por meio de parcerias. Quando uma empresa decide financiar projetos assim, expressa sua responsabilidade social.

Investimento Social Privado

O Investimento Social Privado pode ser definido como “repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais de interesse público” (GIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas). A maioria dos investidores sociais privados é composta por fundações, associações empresariais e empresas que, de forma geral, administram esses recursos com visão de negócio, ou seja, focados em temas definidos pela instituição. Vale destacar que esses recursos não se limitam ao dinheiro; as empresas possuem outros ativos, que podem e devem ser utilizados em benefício da comunidade, como funcionários que podem contribuir com voluntariado ou conhecimento técnico, .

Marketing Relacionado a Causas

É uma forma de Investimento Social Privado que alinha as estratégias de marketing da empresa com as necessidades da sociedade, trazendo benefícios para a causa e para os negócios de forma mútua. Como trabalham com imagens, da empresa e de uma organização, precisam ser elaborados de forma criteriosa, com base em princípios éticos e de total transparência. Estudos realizados em diversos mercados evidenciam o impacto positivo gerado para a causa, trazendo mais recursos e mobilização, além de agregar valor à marca, fidelizando consumidores e envolvendo colaboradores.

Organização centenária conquista lugar na lista das mais inovadoras

Com mais de 100 anos de história e um orçamento anual que ultrapassa U$ 100 milhões, não é exagero dizer que a Rockefeller Foundation está entre os principais atores do Investimento Social Privado.

A idade e o tamanho, contudo, não a tornaram vagarosa. Em vez disso, resultaram em experiência para perceber que, mais do que investir muito, é necessário investir bem e estrategicamente. Não à toa, a entidade foi escolhida uma das dez mais inovadoras iniciativas sem fins lucrativos de 2015 pela revista Fast Company.

A organização norte-americana afirma, em seu site, que seu objetivo é o mesmo desde 1913: promover o bem-estar da humanidade. O modo de fazê-lo, no entanto, mudou muito. Como diz a revista, a Rockefeller tem muito dinheiro para gastar, mas o que a distingue é a maneira como seleciona os (muito poucos) projetos que beneficia.

“Apenas um punhado chega ao estágio de desenvolvimento, quando recebe um investimento teste para ver se alcança um impacto maior”, diz a Fast Company. Por isso, quando a organização financia uma iniciativa, quase certamente o faz por avaliar que ela tem possibilidade de atingir muita gente.

É o caso da Smart Power, desenvolvida na Índia e para a qual a Rockefeller Foundation destinou U$ 75 milhões. O dinheiro parece muito? A ambição é igualmente grande: levar energia elétrica para 290 milhões de indianos que não têm acesso ao recurso. E o impacto pode ser ainda maior, pois há a expectativa de ampliar a experiência para outros países da Ásia e para a África.

A Rockefeller Foundation, por meio de uma parceria, apoia financeiramente o IDIS no Fórum Brasileiro e nos Encontros Regionais de Investidores Sociais.

Conheça 15 obras fundamentais para quem trabalha com Investimento Social Privado

A consolidação do Investimento Social Privado (ISP), no Brasil e no mundo, já resultou em inúmeras obras sobre o assunto. A bibliografia na área se ramifica em abordagens distintas – de compêndios técnicos a textos teóricos, brasileiros e estrangeiros. Mas o que não se pode deixar de ler sobre o tema?

O site do IDIS pediu a alguns dos especialistas brasileiros no campo que indicassem as obras que consideram fundamentais, explicando por que são importantes. O resultado foi bem diverso: nenhum livro ou relatório foi citado duas vezes. Veja abaixo a lista completa.

 

Anna Maria PelianoAnna Maria Peliano, pesquisadora do IPEA, coordenadora da pesquisa Benchmark do Investimento Social Corporativo (BISC)

Giving in Numbers 2014 Corporate Giving Standard, Committee Encourage Corporate Philanthropy. Disponível aqui.

Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) 2014, Comunitas. Disponível aqui.

Las Fundaciones Empresariales en Colombia: una aproximación a su estructura y dinâmicas, Fundación Promigas e Fundación DIS. Disponível aqui.

As três pesquisas focalizam as características da participação das empresas e das suas relações com a sociedade e buscam oferecer ao leitor um conhecimento prático sobre o tema. A primeira analisa o comportamento das empresas nos Estados Unidos; a segunda, no Brasil; e a terceira, na Colômbia. Os gestores sociais podem extrair elementos para entender o contexto de sua atuação, comparar suas atividades com as de seus pares e conhecer avanços, dificuldades e tendências que se apresentam para os Investimentos Sociais Privados.

Sustentabilidade das ONGs no Brasil : acesso a recursos privados, Associação Brasileira de ONGs (Abong). Disponível aqui.

Corporate-NGO Partnerships Barometer 2014, C&E Advisory Services Limited. Disponível aqui.

Na origem dos Investimentos Sociais Privados, destaca-se a preocupação com as questões relacionadas à reputação, à legitimidade e à aproximação das empresas com a sociedade. As pesquisas exploram o tema de forma bastante objetiva. A primeira, da Associação Brasileira de ONGs (Abong), aborda a percepção das suas associadas sobre a experiência de um trabalho conjunto com as empresas. A segunda é uma pesquisa anual realizada na Inglaterra e capta não só a percepção das ONGs sobre essas relações, mas também a das empresas.

 

Marcos Flávio Azzi, fundador do Instituto AzziMarcos Azzi

A Cabeça do Brasileiro, de Antônio Carlos Almeida, Ed. Record. Sinopse aqui.

Com perguntas bem elaboradas e boas tabelas, consegue primorosamente apresentar como nós brasileiros somos diferentes em termos etários, regionais, culturais, sociais

O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro. Companhia das Letras. Sinopse e aquisição aqui.

Obra-prima que conta a história da formação de nossa sociedade ao longo dos anos, facilitando o entendimento da razão de nossas diferenças.

The Heart of Altruism, de Kristen Renwick Monroe, Princeton University Press. Sinopse e aquisição aqui.

Toda a cultura de doação ou a ausência dela passa pelo conhecimento das razões de nos colocarmos ou não no lugar do outro, sentirmos as suas dores. Se após isso agirmos, surge a filantropia. Digo aqui o ato voluntário, recorrente e sem visar a nenhuma consequência.

 

Dr. MarcosMarcos Kisil, consultor estratégico do IDIS

The Foundation: a great American secret, de Joel Fleishman, Public Affairs. Sinopse e aquisição aqui.

O livro faz uma abordagem histórica da filantropia norte-americana e análises de casos práticos. Consegue equilibrar bem uma visão positiva das fundações com críticas construtivas a seu funcionamento, mostrando todo o potencial transformativo que o Investimento Social Privado pode ter.

Money Well Spent: a strategic plan for smart philanthropy, de Paul Brest e Hal Harvey, Bloomberg Press. Aquisição aqui.

Tão importante quanto ter recursos é saber usá-los bem. Este livro é um guia inestimável para criar um plano estratégico que possibilite maximizar os resultados do ISP.

Strategic Giving: the art and science of philanthropy, de Peter Frumkin, University of Chicago Press Books. Sinopse aqui.

Outro livro que aborda com profundidade a importância de se fazer um Investimento Social Privado estratégico. Além disso, traz uma série de conceitos que ajudam muito a entender o campo.

 

Paulo Castro, diretor-executivo do Instituto C&APaulo de Castro

Abertura: desmitificando a transparência de Investidores Sociais, Grant Craft/Gife. Disponível aqui.

A publicação apresenta como e por que os Investidores Sociais podem ser mais transparentes e traz sugestões de caminhos a serem seguidos e ferramentas de apoio.

Financiando a organização de comunidades: a mudança social por meio da participação cidadã, Grant Craft/Gife. Disponível aqui.

Demonstra as vantagens do ISP na organização de pessoas e no estabelecimento de boas parcerias para o desenvolvimento e fortalecimento das sociedades

O momento de os Investidores Sociais seguirem em frente, Grant Craft/Gife. Disponível aqui.

Apresenta as estratégias que Investidores Sociais desenvolvem para fazer uma saída responsável ao encerrarem operações ou finalizarem programas. Mostra a importância de o Investidor Social deixar um legado, de se investir em programas que gerem transformação e autonomia dos beneficiários e do reconhecimento coletivo dessas transformações.

Desenvolvimento de Iniciativas Sociais: da visão inspiradora à ação transformadora, de Christopher Schaefer e Tyno Voors. Ed. Antroposófica/Instituto Fonte. Sinopse e aquisição aqui.

Indicado para aqueles Investidores Sociais Privados que trabalham em parceria com outros e, em especial, com Organizações da Sociedade Civil. O livro propõe o desenvolvimento de instituições em coerência com valores humanos e éticos e com a concretização de iniciativas para uma vida socioeconômica sustentável.

Fundações se unem para tentar recolocar nos eixos a falida Detroit

É comum fundações ou doadores direcionarem recursos para combater doenças, lutar contra a fome, ajudar a construir alas de hospitais ou a equipar escolas. Uma delas adotou um foco diferente: liderou esforços para salvar uma cidade inteira nos Estados Unidos – e, por isso, foi eleita uma das dez mais inovadoras de 2015 pela revista de negócios Fast Company.

O nome da eleita é autoexplicativo: Foundation for Detroit’s Future. Desde o ano passado vem angariando verba para tirar da falência o tradicional polo automotivo norte-americano. Não é modo de dizer: com dívidas superando os US$ 20 bilhões, Detroit de fato pediu concordata em 2013.

Até meados do século 20 chamado de Motor Town por ser berço de empresas como Ford, General Motors e Chrysler (além de fábricas de autopeças e pneus), o município sofreu uma dura deterioração nas últimas décadas. Boa parte das montadoras lá instaladas migrou para outros países ou regiões dos EUA de menor custo. O resultado, influenciado também pela automação no setor, foi uma marcha a ré nos níveis de emprego e de qualidade de vida. A população, que era de quase 2 milhões em 1950, hoje está em torno de 700 mil. A arrecadação também caiu vertiginosamente. O desespero foi tamanho que o prefeito cogitou vender o acervo do museu local, que inclui obras-primas de Van Gogh e Matisse.

A cidade começou a sair do ponto-morto quando um juiz federal, encarregado de administrar a concordata, sugeriu que se criasse uma organização da sociedade civil para apoiar a recuperação. Nascia assim a Foundation for Detroit’s Future, formada por 12 entidades privadas – inclusive algumas ligadas a companhias que estão entre os pivôs da crise, como a Ford Foundation.

Juntas, elas se comprometeram a doar US$ 366 milhões em 20 anos. O dinheiro será destinado a recuperar o sistema público de pensões dos servidores e a tirar Detroit da falência. E há um fundo adicional de US$ 100 milhões para o museu. Ao que tudo indica, Van Gogh e Matisse vão ficar.

Conheça as dez iniciativas de terceiro setor mais inovadoras de 2015, de acordo com revista norte-americana

O que um sistema de mapeamento interativo dos casos de ebola na África tem em comum com a venda online de biscoitos por escoteiras dos Estados Unidos? Ambos são exemplos inovadores de como o investimento social privado pode fazer diferença – e foram destacados pela revista de negócios norte-americana Fast Company.

A publicação, uma versão mais cult dos periódicos que cobrem economia e empresas, fez uma lista com dez iniciativas de vanguarda no terceiro setor. Trata-se de uma espécie de subproduto de um ranking já tradicional na revista, com as dez companhias mais inovadoras. Para chegar à relação final, os editores passaram meses coletando e analisando dados sobre empresas e organizações em várias partes do mundo.

As selecionadas se sobressaíram por conta de estratégias ágeis e incomuns, pela liderança no uso da tecnologia, pela criatividade das soluções e pelo alcance dos resultados.

A lista das organizações vencedoras está abaixo. Nas próximas semanas, o site do IDIS vai trazer um pequeno texto sobre cada uma das iniciativas escolhidas.  Acompanhe!

1. The Foundation for Detroit´s Future

2. The ALS Association

3. The William and Flora Hewlett Foundation

4. Seeding Labs

5. The Robert Wood Johnson Foundation

6. The Rockefeller Foundation

7. Acumen

8. Direct Relief

9. The Howard G. Buffer Foundation

10. Girl Scouts of the USA

Fórum de Investidores Sociais vai discutir o papel da filantropia em tempos de crise

O tema do IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais já está definido e a escolha responde à necessidade clara de discutir qual o papel da Filantropia em um momento no qual o país atravessa uma profunda crise de valores.

Como resgatar a confiança nas instituições? Como estabelecer parcerias? Como atuar em conjunto com o poder público? Essas e outras questões estão presentes no cotidiano de filantropos que atuam no sentido de criar uma sociedade mais justa e acolhedora e, ao mesmo tempo, veem o enfraquecimento de conceitos éticos e morais que deveriam servir de arrimo para essa construção.

Pensar em conjunto, trocar ideias, ouvir a experiência de quem já atuou ou ainda atua em cenários semelhantes, conhecer estratégias que ajudem a reconstruir o arcabouço de valores… Essas são algumas das propostas para o próximo Fórum, que está marcado para o dia 12 de novembro.

O IDIS está trabalhando na organização do evento buscando trazer exemplos instigantes e inspiradores – vindos do Brasil e de fora –, antecipar novas tendências, mostrar a relação entre diferentes gerações de investidores sociais e, como sempre, criar um espaço de diálogo e interação entre os participantes.

Trabalhar em rede para potencializar o investimento social privado

Em um cenário de fragmentação de entidades e escassez de recursos, trabalhar em rede é uma das melhores maneiras de impulsionar o investimento social privado.

Mais do que ser instituição que impõe sua visão de mundo, uma organizações da sociedade civil podem cumprir diversos papéis para unir colaboradores estatais e privados em prol de uma causa. Uma publicação do IDIS descreve algumas das possibilidades de engajamento em redes.

O documento, intitulado “A participação de organizações empresariais em redes comunitárias”, mostra formas de participação bem diversas. Desde atuações mais complexas, como a criação dessas iniciativas, até modos menos comprometidos, mas não menos importantes – como o investimento em projetos já em andamento.

As entidades sociais privadas podem, por exemplo, fomentar um grupo de colaboradores. Como diz o texto, “quando uma empresa – ou um instituto ou fundação empresarial – decide incentivar a formação de uma rede comunitária para contribuir com o desenvolvimento de determinada comunidade, ela está assumindo o papel de ‘produtor social’ do processo, isto é, aquele que tem condições econômicas, organizacionais, técnicas e profissionais para viabilizar um processo de desenvolvimento social, neste caso, uma rede”.

O texto destaca que não basta meramente incentivar a criação dos grupos: “Todo produtor social é também membro da rede, na medida em que dela participa, ao agregar conhecimento e disponibilizar ativos. O fato de existirem consultores aplicando metodologias para facilitar a formação da rede não deve diminuir a participação ativa da empresa. Ao contrário, o projeto precisa ser desenvolvido junto com seus representantes”.

De qualquer modo, é possível (e isso ocorre com frequência em projetos bem-sucedidos) que a rede seja assumida pela comunidade. A empresa, nesses casos, faz parte do grupo, mas apenas como integrante, “com atribuições definidas coletivamente”.

Pode-se, também, estabelecer parcerias para apoiar a criação de uma estratégia proposta por outra instituição. Ou investir em uma já existente.

Em qualquer caso, deve-se ter em mente que as redes não são fenômenos passageiros. “Elas aumentam o capital humano e ampliam o capital social, viabilizando a mobilização de recursos em prol da comunidade. Por isso, incluir as redes nas estratégias de investimento social das empresas é uma excelente forma de gerar mais resultados e impacto social”, aponta a publicação do IDIS.

Clique aqui para ler o documento.

Dia Mundial da Justiça Social: Rádio ONU convida o Idis para falar sobre o papel do Investimento Social Privado

As Nações Unidas celebraram o Dia Mundial para Justiça Social neste 20 de fevereiro, com o secretário-geral Ban Ki-moon destacando que todos merecem uma vida digna, com respeito aos direitos humanos.

Mas o que é exatamente justiça social? A Rádio ONU ouviu a diretora-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social: “Envolve pessoas em situação de vulnerabilidade, como a pobreza e até mesmo a falta de saneamento, falta de acesso aos serviços básicos.”
Paula Fabiani foi entrevistada por Leda Letra. A especialista explica ainda a responsabilidade das empresas e do cidadão comum para a justiça social e avalia que o Brasil tem muito espaço para melhorar no setor de investimentos sociais. Ouça a entrevista concedida por Paula Fabiani.