Influência e impacto: o papel estratégico da filantropia familiar

Por Juliana Santos Oliveira, analista de projetos no IDIS

Que a filantropia familiar possui um grande potencial de impacto ao alcançar distintos territórios, operando de forma ágil e desburocratizada, não é segredo. O ponto é que, para além de tudo isso, a filantropia familiar também possui uma capacidade diferenciada de inspirar e mobilizar mais recursos para atender às demandas sociais.

No 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais do IDIS, filantropos experientes discutiram o poder da influência da Filantropia Familiar e a sua possibilidade em superar obstáculos complexos – ou, em outras palavras, seu potencial de ’desatar nós‘.

 

Veja também a sessão completa:

 

José Luiz Egydio Setúbal (Presidente e instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal) iniciou a discussão destacando que o investimento social é, por natureza, um investimento de risco, que demanda planejamento e ousadia. Nesse sentido, a criação da Fundação que carrega o seu nome foi resultado de sua inquietação com a ausência de uma mobilização social dedicada à promoção do acesso à saúde infantil. Após anos de atuação como médico, José Luiz decidiu adquirir um hospital com o objetivo de destinar parte dos lucros para causas sociais.

“Eu conversei com os meus filhos, que eram adolescentes na época, e falei ‘olha, eu vou pegar uma parte aqui da minha fortuna e vou dedicar para a filantropia’. (…) Foi um investimento de risco: fazer um hospital pediátrico é um investimento de risco. Só que esse hospital deu muito sucesso, esse hospital instituiu a Fundação, foi o capital inicial, e todo o resultado dele vai para o endowment dessa fundação”, conta.

Na sequência, Mariana Moura (Presidente do Conselho de Família da Baterias Moura), apresentou um contraste de trajetórias ao relatar que a criação do Instituto Conceição Moura foi uma forma de consolidar, de maneira estratégica, a prática filantrópica que seus avós iniciaram há mais de três décadas.

Operando há 10 anos com o desenvolvimento de jovens de Belo Jardim, um território de 70 mil habitantes a 180 km de Recife, Mariana destacou a importância de trabalhar junto ao poder local para expansão do impacto – mesmo que este seja um ’nó‘ difícil de desatar como filantropa.

“Temos um trabalho muito próximo à educação do município. Esse é um dos nós, um dos grandes nós (…) Essa proximidade com o poder público tem um poder muito grande de escalar, de gerar impacto, mas também implica em algumas dificuldades ao longo desse caminho”.

Dando continuidade à conversa, Rodrigo Pipponzi (Fundador e Presidente do Conselho do Instituto ACP e Cofundador da MOL Impacto) compartilhou sua jornada de reconhecer os seus privilégios e transformá-los em uma mola propulsora de geração de impacto social positivo, intervindo para reduzir as desigualdades que o inquietavam profundamente.

“Desde cedo eu cresci nesse contexto, de ver uma família prosperando dentro do varejo farmacêutico, mas sempre com uma postura rebelde de que aquilo não me pertencia (…) Muito anos depois eu fui perceber que aquilo era um grande ativo que eu tinha a minha disposição para poder influenciar e de alguma forma de poder promover impacto positivo”, diz.

A partir do engajamento de Rodrigo, a família Pipponzi passou a se engajar com filantropia, culminando na criação do Instituto ACP, que fortalece institucionalmente organizações sociais. Ao unir os esforços da família, da empresa e do Instituto, Rodrigo encontrou uma oportunidade de impulsionar o impacto social.

“A gente começa a entender a força que a gente tem de poder criar pontos, de conectar essa pontas e aí sim começar a pensar em como desatar os nós de forma estrutural, sistemática e não só ficar enxugando gelo (…) Aos poucos a gente vai entendendo como encontrar e como usar todos os capitais que a gente tem”.

Nalva Moura (Líder do Coletivo Pacto das Pretas do Pacto de Promoção da Equidade Racial), mediadora da mesa, reforçou os tópicos apresentados pelos palestrantes, ressaltando que, embora seja desafiador para as organizações acolherem filantropos inseridos em contextos tão distintos, uma vez que esse ‘nó’ é desatado o potencial de alcance e de impacto é ampliado. “Eu tive a oportunidade de receber uma conexão aqui, uma ajuda ali. A filantropia tem esse lugar estratégico”

Durante a interação com o público, lideranças comunitárias presentes no Fórum levantaram questões sobre as relações entre organizações que atuam em comunidades e os filantropos.

Nesse sentido, Rodrigo Pipponzi sugeriu que o primeiro passo para os filantropos é se engajarem efetivamente com organizações situadas em territórios periféricos, oferecendo não apenas recursos financeiros, mas também utilizando o conhecimento local para atender melhor às demandas sociais.

“A gente resolveu apoiar organizações territoriais periféricas e eu costumo dizer que isso mudou completamente a vida da nossa organização (…) Teve uma das organizações que a gente apoiou, o Instituto Baixada Maranhense, que tem uma liderança que é a Diane, (…) [com ela] a gente aprendeu muito sobre como fazer juntos e o primeiro movimento depois de fazer essa parceria foi convidá-la para o nosso Conselho. Diane hoje é conselheira da nossa organização.”

O compromisso de assegurar que os recursos cheguem às organizações locais tem sido uma prioridade do IDIS desde 2018, que junto a Charles Stewart Mott Foundation estruturou um programa de desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil. O Programa Transformando Territórios fomenta a criação organizações comunitárias que captam e gerenciam recursos para aquelas que atuam diretamente nas comunidades.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

IDIS participa de encontro com famílias empresárias em Recife

O IDIS esteve presente em Recife para facilitar a sessão “Impacto: como famílias empresárias podem contribuir para o desenvolvimento socioambiental no Brasil”, parte do Encontro FBN Recife. A iniciativa faz parte da agenda regional do Instituto de disseminar conhecimento e gerar debates sobre o Investimento Social Privado, Filantropia Familiar e cultura de doação em mais regiões brasileiras, para além dos locais onde já temos atuação.

Ao longo do ano de 2023, intensificamos o relacionamento com atores estratégicos de diferentes estados, buscando enriquecer com diferentes saberes a expertise que vem sendo construída pelo IDIS ao longo desses 24 anos.

O Encontro na cidade de Recife – PE, foi promovido pela Family Business Network Brasil, a maior organização de famílias empresarias do mundo que promove a sustentabilidade desses modelos de negócio. A programação total do evento foi exclusiva para empresários parte da rede, porém a sessão promovida e realizada pelo IDIS foi aberta a outras pessoas, parte do ecossistema filantrópico da região.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, facilitou uma conversa ao lado de Mariana Moura, presidente do conselho de família da Baterias Moura e vice-presidente do Grupo Conceição Moura; e Helena Brennand, membro do Conselho de sócios e presidente do Conselho de Família do Grupo Cornélio Brennand.

Na oportunidade, Paula Fabiani apresentou aos convidados um pouco do contexto de Investimento Social Privado onde destacou diferentes modelos possíveis de atuação de famílias empresárias com impacto socioambiental, além de recomendações para aqueles que querem começar na jornada filantrópica.

 

 

Filantropia familiar é destaque na Jovem Pan News

O capital filantrópico tem tido um aumento significativo nos últimos anos no Brasil. A tendência é que o crescimento deva continuar em 2023 com o apoio, não apenas das empresas, mas também dos núcleos familiares.

A temática foi destaque em reportagem veiculada na Jovem Pan News que entrevistou Paula Fabiani, CEO do IDIS. Paula destacou a capacidade da filantropia familiar de ser mais ousada do que a empresarial, característica imprescindível diante dos atuais desafios a serem enfrentados no Brasil.

“Depois da pandemia, houve um aumento de questões que achávamos que estavam encaminhadas, mas que hoje estão se agravando. Como o Brasil entrar de novo no mapa da fome, o próprio desafio ambiental, e outros temas muito relevantes para o futuro do Brasil e do planeta”, comenta.

Confira a reportagem completa aqui.

“Construindo o futuro”: novo relatório da CAF America incentiva filantropia para a América Latina

A cidade de Miami é um grande centro de doações filantrópicas para instituições sociais em toda a América Latina, vindas de residentes internacionais de alta renda no local. No entanto, apesar da vontade de criar um impacto duradouro por meio da filantropia, existem diversas barreiras que acabam dificultando a efetividade das doações.

Pensando em quebrar essas barreiras para pessoas que querem realizar doações para países na América Latina, a STEP Miami junto com a CAF America lançaram o relatório “Building the Future: Advising Latin American Philanthropy from Miami”. O objetivo da publicação é de inspirar doações internacionais estratégicas e com eficiência tributária a doadores norte-americanos.

Por meio da pesquisa, a STEP Miami e a CAF America mapearam a relevância das doações internacionais entre os clientes associados à STEP Miami e, com isso, foi constatado que há uma forte oportunidade para ajudar clientes de alto poder aquisitivo, uma vez que 93% dos consultores que responderam à pesquisa relataram que fazem doações anualmente a entidades filantrópicas fora dos Estados Unidos. Desses, 68% relatam realizar doações para instituições Brasileiras.

Pessoas e famílias de alto poder aquisitivo em Miami têm um interesse claro pelas doações a entidades filantrópicas internacionais. Isto reflete a natureza internacional da base de clientes da cidade.

Confira a publicação completa clicando aqui. 

CAF America

A CAF America é uma instituição filantrópica pública e intermediária para doações internacionais e domésticas aconselhadas por doadores. Nos últimos 5 anos, a organização estima ter apoiado a doação de U$2 bilhões, aconselhadas por doadores para milhares de instituições de caridade em 120 países. Além dessas atividades de doação, oferecem uma gama completa de serviços para todos os tipos de atividades filantrópicas.

IDIS participa de evento sobre filantropia familiar na FGV Direito

No Grupo de Estudos de Empresas Familiares (GEEF) da FGV Direito SP, Paula Fabiani, CEO do IDIS, integrou um debate sobre ações filantrópicas e famílias empresárias, ou seja, filantropia familiar, junto de Marcia Setti e Priscila Pasqualin, ambas sócias do PLKC Advogados. A mediação ficou por conta de Roberta Nioac Prado, coordenadora do GEEF.

A conversa abordou não só os benefícios, mas também desafios da filantropia para famílias. Paula Fabiani destacou a necessidade do aprimoramento da cultura de doação no Brasil em comparação a outros países do mundo. “Estamos numa jornada promissora. A pandemia colaborou nesse sentido. As famílias olharam para as suas riquezas e quererem dar um maior significado em um momento tão difícil para todos nós. Afinal, perante à doença somos todos iguais”, comenta.

A CEO do IDIS também destaca o novo perfil da nova geração de filantropos “que se veem como descendentes e não ancestrais. Eles querem usar a riqueza a serviço do outro”, explica. Essa frase faz parte da publicação sobre filantropia familiar “Filantropia da Próxima Geração”, disponível aqui. Confira também mais publicações da série da Rockefeller Philanthropy Advisors, traduzidos pelo IDIS “Investimento de Impacto” e “Seu Roteiro para a Filantropia”.

Confira o evento na íntegra:

 

O Grupo de Estudos de Empresas Familiares (GEEF) da FGV Direito SP é um grupo formado por profissionais com ampla experiência em empresas familiares e famílias empresárias, e especializados em diversas áreas, tais como Direito Societário, Direito de Família e das Sucessões, Planejamento Tributário, Administração de Empresas, Economia, Psicologia, Recursos Humanos, Governança Corporativa e Governança Familiar.

 

Convidadas:

Marcia Setti: advogada especializada em Direito Societário, Organização Patrimonial e Planejamento Sucessório. Sócia do escritório PLKC, também responsável pela área de Filantropia e Investimento Social.

Paula Fabiani, economista, com MBA e cursando doutorado, é CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Aprovou duas legislações do endowment, nos âmbitos federal e estadual. Autora de livros sobre o tema.

Priscila Pasqualin, advogada especializada em Direito Societário, Tributário e contratual, com foco no Terceiro Setor e Investimento Social e de Impacto, incluindo endowment. Sócia do escritório PLKC, Autora de livros sobre o tema.

 

Moderação:

Roberta Nioac Prado, Doutora em Direito Empresarial pela Universidade de São Paulo, formada em Direito pelo Mackenzie e sócia fundadora da Legar Governança e Gestão. Foi associada e membro do Conselho de Administração e de Comitês do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). É coordenadora de livros sobre empresas familiares e famílias empresárias, autora do livro “Oferta pública de ações, obrigatória nas S.A. – tag along” e de vários artigos em revistas especializadas.

IDIS lança publicação para jovens filantropos em parceria com FBN

O IDIS lançou no Brasil o guia ‘Filantropia da Próxima Geração – Encontrando o caminho entre a Tradição e a Inovação’, material que integra originalmente a coleção Philanthropy Roadmap, iniciativa da Rockfeller Philanthropy Advisors, organização americana que gerencia mais de US$ 200 milhões em doações anuais. Desta vez, o IDIS conta com o apoio da FBN Brazil – Familiy Business Network, associação que reúne famílias empresárias para aprendizado e troca.

A publicação surge em um contexto de maior envolvimento de famílias na estruturação de ações filantrópicas, visando maior impacto social. Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, “a pandemia catalisou esse processo. Tivemos um número muito maior número de famílias interessadas em melhor definir suas estratégias de investimento social privado.” Apesar do aumento, acredita que há um alto potencial de transformação caso mais filantropos criem iniciativas. Silvia Pedrosa, superintendente da FBN Brazil, comenta que este é um dos temas que deve integrar a agenda da rede em 2021.

A nova publicação evita fazer referência à idade, e define a nova geração como “filantropos que se veem como descendentes, e não ancestrais, e querem usar sua riqueza a serviço dos outros”. Sejam emergentes ou já estabelecidos, destina-se àqueles que consideram passar por uma mudança para honrar o legado do passado enquanto criam seu próprio legado. Os casos analisados trazem experiências, mostram motivações, o potencial e os desafios do ato de doar.

No Brasil, foi incorporado ao material um case nacional com a história de Rodrigo Pipponzi, bisneto do fundador da Droga Raia. Buscando um jeito de ajudar incialmente o GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), criou a revista Sorria, que é vendida nos caixas da farmácia. O projeto cresceu e, até hoje, já distribuiu R$ 38 milhões para mais de 100 ONGs, expandindo a parceria para diversas redes de varejo.

O lançamento da publicação aconteceu em evento exclusivo para convidados do IDIS e da FBN Brasil, com a participação dos filantropos Joana Mortari e Rodrigo Pipponzi, representantes das novas gerações de suas famílias. Os convidados apresentaram  a conexão de suas famílias com a filantropia. Além disso, conversaram sobre a atuação das famílias durante o pandemia do coronavírus. Assista ao encontro na íntegra:.

 

 

O guia ‘Filantropia da Próxima Geração’ está disponível para download, gratuitamente no site do IDIS:

Filantropia da Próxima Geração

Anteriormente, o IDIS já havia lançado os guias Seu Roteiro para a Filantropia e Investimento de Impacto: uma introdução.

O que o relatório OXFAM 2019 tem a dizer para famílias filantropas brasileiras?

Por Ruth Goldberg*

O ‘Tempo de Cuidar, relatório da OXFAM Internacional, divulgado em paralelo ao Fórum Econômico de Davos em janeiro de 2020, conseguiu, novamente, chocar o mundo. Ele destaca o grande fosso que existe no mundo em termos de distribuição de riqueza (em 2019, os bilionários do mundo que somam apenas 2.153 pessoas, detinham juntos mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas) e os desafios ligados aos extremos de riqueza que coexistem com uma enorme pobreza, com foco no trabalho de cuidado (não remunerado, mal pago e realizado por mulheres e meninas em todo o mundo), que perpetua as desigualdades de gênero e econômica em praticamente todos os países. Ele chama a atenção sobre o modelo vigente, que, a despeito de todos os esforços, continua produzindo desigualdades e injustiças. Mas mudando o ponto de vista e tentando enxergar do lado daqueles que têm mais recursos, o relatório pode servir como excelente guia para ajudar numa tomada de decisão.

Um dos maiores dilemas a serem vencidos por indivíduos e famílias que querem contribuir com a solução dos problemas brasileiros investindo em projetos socioambientais é a definição da causa ou das causas para a sua atuação. Seja atuando apenas como doadores (os chamados grantmakers), ou como operadores diretos dos projetos, a escolha da área de atuação é sempre muito complexa e polêmica.

Entre as razões para essa dificuldade, podemos destacar o uso da lógica racional em contraponto com a emoção, decorrente sobretudo do diálogo intergeracional nas famílias, a necessidade de alinhamento e visão de futuro entre seus membros e por fim, a escassa fonte de dados e informações que garantam uma atuação mais eficaz e alinhada com desafios de longo prazo.

Tendo em vista a importância do trabalho de cuidado (relacionado à atenção às crianças, idosos, pessoas com doenças e deficiências físicas e mentais, trabalhos domésticos), tão essencial para nossas sociedades e portanto para o Brasil, o relatório apresenta soluções estratégicas para reversão deste quadro, baseadas principalmente em ações conjuntas, integradas entre sociedade civil e governos, que abrangem o desenvolvimento de sistemas de cuidado, ações de redistribuição, serviços gratuitos e alteração nas políticas de tributação.

Estudo desenvolvido em 2019 pelo Founders Pledge (www.founderspledge.com), com apoio do PAF – Philantropy Advisory Fellowship para uma organização filantrópica familiar brasileira, pautado na lógica de otimizar o investimento filantrópico versus o impacto social, utilizou um modelo baseado em evidências para elencar áreas de atuação prioritárias que garantam maior eficácia no investimento social no Brasil para os próximos 30-50 anos. Elencou uma lista de nove áreas de intervenção para geração de relevante impacto no Brasil: eficácia em programas governamentais, doenças do envelhecimento, inclusão produtiva, saúde mental, violência interpessoal, política fiscal, primeira infância, eficiência energética e energia limpa e saneamento.

Os atores da filantropia familiar (investidores sociais individuais ou famílias) têm que lidar com uma realidade social muito complexa e com uma variedade enorme de possibilidades (e necessidades) para intervenção. Qualquer que seja a área de atuação escolhida para o investimento social feito por indivíduos ou famílias, as transformações mais estruturantes e necessárias só se darão se houver uma forte articulação entre sociedade civil e governos, alianças e parcerias locais, nacionais e internacionais, adoção de critérios de eficiência, eficácia e efetividade e potente trabalho de advocacy em nome das diversas causas.

Para aqueles interessados em saber um pouco sobre como começar uma atividade filantropa em família, recomendo a leitura da folheto ‘Seu Roteiro para a Filantropia’, publicado pela Rockefeller Philanthropy Advisors e traduzido e publicado em português pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

* Ruth Goldberg é Consultora Associada do IDIS Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Artigo originalmente publicado em 19/02/20, no Blog do Fausto Macedo, no Estadão

IDIS 2020: Catalisador de Iniciativas

Pensar sobre aonde se quer chegar e planejar as atividades e recursos necessários para atingir os objetivos de forma coerente e sustentável é o que recomendamos a todos nossos parceiros, e no IDIS, não poderíamos fazer diferente. Em outubro, iniciamos nosso processo de planejamento estratégico para 2020.

Usando como base o plano trienal, desenvolvido em 2017, envolvemos toda a equipe do IDIS, que olhou para os resultados alcançados e projetos desenvolvidos neste ano, e traçou o plano para concretizar nosso novo posicionamento – IDIS: CATALISADOR DE INICIATIVAS. Por meio dele, reforçamos nosso compromisso com a idealização e o implementação de iniciativas que promovam o Investimento Social Privado no Brasil. Gerar e disseminar conhecimento, influenciar e representar o setor e idealizar, estruturar e implantar projetos próprios, passam a ser, dessa forma, nossos principais pilares de atuação.

Entre os principais projetos para o próximo ano, estão o fortalecimento da cultura de doação, por meio da campanha Descubra Sua Causa; a agenda dos Fundos Patrimoniais, com o avanço do trabalho de advocacy desempenhado na Coalização pelos Fundos Filantrópicos; a valorização da cultura de avaliação; e a promoção de parcerias intra e intersetoriais para a resolução de problemas sociais complexos. Ações específicas serão realizadas também no sentido de qualificar e ampliar a Filantropia Familiar e a Filantropia Comunitária. Seguiremos apoiando iniciativas de famílias, empresas, institutos e ONGs, por meio de atividades de consultoria, em todas as fases de seu investimento – do planejamento estratégico, passando pela gestão das doações, até a avaliação de impacto; e provendo o único Fórum no Brasil destinado exclusivamente a filantropos e investidores sociais.

Aspectos relacionados à comunicação institucional e gestão também foram discutidos. Para dar mais concretude ao novo posicionamento, foi planejada a atualização da marca. Especificamente em relação à sustentabilidade, avançamos no plano de constituição de um Fundo Estruturante, lançado na celebração dos 20 anos do IDIS, em setembro de 2019.

O planejamento, que ainda será validado por nosso Conselho Deliberativo, traça o caminho que seguiremos no próximo ano. Acreditamos na força do investimento social privado para criar um futuro mais justo e solidário, melhorando a vidas das pessoas. Por um 2020 com mais impacto!

IDIS cria novas estratégias para incentivar a filantropia familiar

O IDIS vai trabalhar, de forma mais direta e simplificada, com famílias de alta renda para estimular essa parcela da sociedade a ampliar o investimento social no Brasil.

As estratégias englobam realização de encontros, lançamento de publicações e criação de produtos voltados para os diferentes perfis de famílias.

O primeiro produto é o IDIS Experience, concebido para famílias que ainda não fazem investimento social, mas gostariam de fazer. Em um curto espaço de tempo, elas poderão ter uma experiência completa de filantropia, partindo de um diagnóstico sobre a vocação daquela família, como ela poderia atuar e a identificação de um projeto social no qual investir.

O segundo produto é o IDIS Strategy, pensado para famílias que já fazem algum tipo de filantropia, mas gostariam de fazê-lo de forma mais estratégica e transformadora. No final da experiência, a família recebe um Plano de Ação completo, totalmente elaborado de acordo com suas características, além de indicações de organizações com potencial para estabelecer parcerias e um portfólio de projetos sociais alinhados com perfil da família.

O terceiro produto, IDIS Endowment, é destinado a famílias que estão em um estágio mais maduro de investimento social e se preocupam com o legado que deixarão em prol da ou das causas escolhidas. O IDIS propõe a estruturação de um fundo patrimonial filantrópico, que garanta recursos perenemente. É realizado um estudo para identificar o formato que mais atende aos desejos dos instituidores e posteriormente concebida toda a parte jurídica, de governança e política de investimento e resgate.

Para impulsionar esse campo de atuação, o IDIS trouxe a consultora associada, Ruth Goldberg, especializada em filantropia familiar.

“Vamos lançar publicações, produtos e oferecer assessoria, com objetivo de qualificar e propulsionar a atuação das famílias, de forma estratégica e direcionada a gerar impacto positivo para a sociedade”, explica Ruth, que trabalha com a filantropia familiar há mais de 15 anos e atuou junto a governos, empresas, associações, fundações e institutos sempre na área de cidadania e desenvolvimento social.

Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, explica a relevância da iniciativa: “Para nós, é muito importante o contato e o trabalho junto as famílias porque sabemos que os valores familiares são o berço e a inspiração primeira da filantropia”. Desde sua fundação, o IDIS atua junto à famílias. A Fundação André a Lúcia Maggi, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, o Instituto Ayrton Senna e o Instituto Conceição Moura são alguns exemplos desta experiência.