A transformação que 1% pode causar

*Por Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

O investimento social privado –  ato de destinação voluntária e estratégica de recursos em benefício da sociedade  – é fundamental para a resolução das profundas lacunas no desenvolvimento socioambiental do país. Embora o Estado desempenhe um importante papel, não tem jeito: há diversos desafios na hora de prover o necessário para o bem viver de todas e todos, seja pelas dimensões continentais ou pela enormidade das problemáticas do país que precisam de solução. E é aí que o investimento social privado pode e precisa agir: contribuindo com a redução das desigualdades e a mitigação dos danos ambientais. Somente com a colaboração entre o tripé governo, empresas e sociedade seremos capazes de endereçar soluções efetivas e perenes.

Quando tratamos de investimento social privado, estamos falando de R$4,8 bilhões em doações corporativas, ou seja, realizadas por empresas, de acordo com o Censo GIFE 2023. Valor significativo, mas ainda aquém do registrado em 2020, durante o auge da pandemia, quando as doações do setor privado ultrapassaram a marca de R$5,3 bilhões. O histórico dos números reforça que há capacidade do setor privado de investir mais – e melhor.

A partir dessa visão e inspirados pelo movimento estadunidense Pledge 1%, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Instituto MOL lançaram no Brasil o Compromisso 1%.

Evento de lançamento do Compromisso 1% que aconteceu em São Paulo na sede da PwC Brasil.

O movimento tem o propósito de congregar empresas que já doam pelo menos 1% do seu lucro líquido anual, bem como aquelas que se comprometam a alcançar o patamar de doações em até dois anos. Cyrela, fama re.capital, Gaia Impacto, MOL Impacto, Pantys, PwC, RD Saúde e TozziniFreire Advogados são as primeiras signatárias do compromisso, que já conta com outras empresas em processo de adesão.

Destinado a empresas de todos os portes e segmentos, o Compromisso 1% tem como objetivo impulsionar o envolvimento das  empresas com o presente e futuro da sociedade, para que invistam em projetos e organizações que precisam de recursos para seguirem sua caminhada. São doações para organizações estruturantes que transformam a realidade das comunidades nas quais estão inseridos, seja por meio da educação, cultura, esporte, saúde ou de ações ambientais e de geração de renda.

Com o investimento social privado, as empresas só têm a ganhar. Além das vantagens financeiras, com mais facilidade de captar recursos no mercado, as empresas também melhoram sua reputação, com maior engajamento dos colaboradores e um relacionamento mais sólido com fornecedores e clientes. É um ecossistema que impacta positivamente todas as partes interessadas.

Criar possibilidades para o avanço do investimento social privado e estimular o hábito de doação no país é, sem dúvidas, um caminho para o fortalecimento da sociedade civil organizada como uma agente de transformações socioambientais positivas. Essa jornada só pode ser trilhada ao lado de pessoas e negócios que acreditam na potência mobilizadora e sustentável da filantropia estratégica e se comprometem com a geração de impacto positivo. Basta começar se comprometendo com 1%.

Afinal, é do agora a responsabilidade de reparar os erros do passado e construir o futuro para aqueles que virão.

 

Doação da filantropa Mackenzie Scott para o IDIS e outras ONGs no Brasil é destaque na Folha de São Paulo

Considerada a quinta mulher mais rica do mundo, a bilionária americana Mackenzie Scott realizou uma série de ações filantrópicas no Brasil e beneficiou três organizações sociais com cerca de 50 milhões de reais, no total. Uma dessas organizações foi o IDIS, contemplado com R$ 7,5 milhões.

Em matéria para a Folha de São Paulo, Paula Fabiani. CEO do IDIS, ressalta a importância da doação e conta que o valor será integrado ao fundo patrimonial do IDIS, mecanismo também conhecido como endowment, que será criado este ano, em comemoração aos 25 anos da organização, e tem como meta a captação de R$25 milhões.

“O fundo será utilizado para melhorar nossas práticas. A ideia é aumentar nosso uso de tecnologia e continuar fazendo advocacy em Brasília para defender melhorias para a filantropia brasileira e promover um melhor ambiente regulatório para fundos patrimoniais”, afirma Paula Fabiani.

Leia a matéria na íntegra. 

 

 

IDIS recebe doação de US$ 1,5 milhão da filantropa MacKenzie Scott e é destaque no jornal O Globo

O IDIS recebeu uma doação de US$1,5 milhão, equivalente a R$7,5 milhões, da filantropa americana MacKenzie Scott. O IDIS é uma organização da sociedade civil que, há 25 anos, trabalha para fortalecer a filantropia estratégica e seu impacto positivo na sociedade, por meio de apoio estratégico a investidores sociais, entre eles empresas, famílias filantropas e organizações sociais. A notícia foi pauta no jornal O Globo.

O recurso recebido será integrado ao fundo patrimonial do IDIS, mecanismo também conhecido como endowment, que será criado este ano, em comemoração aos 25 anos da organização, e tem como meta a captação de R$25 milhões.

“Os rendimentos da aplicação dos recursos do Fundo Patrimonial serão destinados para expandir nossa atuação no fortalecimento da filantropia no país, uma vez que nos oferece maior estabilidade no longo prazo. É o reconhecimento da relevância do IDIS e do potencial que temos para gerar ainda mais impacto positivo”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS. 

Confira a matéria completa.

Equipe IDIS

MacKenzie Scott doa R$7,5 milhões para o IDIS

O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) recebeu uma doação de US$1,5 milhão, equivalente a R$7,5 milhões, da filantropa americana MacKenzie Scott. O IDIS é uma organização da sociedade civil que, há 25 anos, trabalha para fortalecer a filantropia estratégica e seu impacto positivo na sociedade, por meio de apoio estratégico a investidores sociais, entre eles empresas, famílias filantropas e organizações sociais.

O recurso recebido será integrado ao fundo patrimonial do IDIS, mecanismo também conhecido como endowment, que será criado este ano, em comemoração aos 25 anos da organização, e tem como meta a captação de R$25 milhões. A doação, primeiro aporte ao fundo, contribuirá para a sustentabilidade da organização, e dará maior previsibilidade de investimentos em ações e projetos voltados para o fortalecimento da filantropia e da cultura de doação no Brasil, incluindo iniciativas de advocacy por um ambiente regulatório favorável e produção de conhecimento. 

“Os rendimentos da aplicação dos recursos do Fundo Patrimonial serão destinados para expandir nossa atuação no fortalecimento da filantropia no país, uma vez que nos oferece maior estabilidade no longo prazo. É o reconhecimento da relevância do IDIS e do potencial que temos para gerar ainda mais impacto positivo”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS. 

Quinta mulher mais rica do mundo, MacKenzie Scott é ex-esposa de Jeff Bezos, fundador da Amazon. A filantropa é signatária do Giving Pledge, um compromisso que estimula que pessoas e famílias com grandes fortunas em todo o mundo a contribuir com uma parte significativa de sua riqueza para causas sociais e assumiu publicamente a meta de doar pelo menos 50% do seu patrimônio em vida. No Brasil, Elie Horn, fundador da Cyrella, e casal latino-americano, David Vélez, cofundador do banco digital Nubank, e sua esposa, a empreendedora Mariel Reyes, são signatários do compromisso.

‘Rede do bem’ contra efeitos da tragédia no RS é destaque na Veja; Paula Fabiani fala sobre Geração Z e Pesquisa Doação Brasil

Em meio à recente devastação provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, um exército de voluntários, composto por pessoas anônimas e famosas, tem se mobilizado pelo espírito de solidariedade e senso de urgência, surgidos após a tragédia. A revista Veja destacou algumas dessas iniciativas em uma reportagem.

Embora o viés emocional e pontual ainda prevaleça nas contribuições, há sinais de que a cultura da solidariedade esteja ganhando espaço no país, especialmente entre a Geração Z (jovens entre 18 e 27 anos). Em 2022, 84% dos jovens realizaram algum tipo de auxílio, seja por meio de doações, trabalho voluntário ou assistência a desconhecidos, conforme a Pesquisa Doação Brasil, coordenada pelo IDIS.

 

Além disso, 74% desse grupo demonstrou compreensão sobre o trabalho das ONGs. “Essa parcela da população já compreende que fortalecer organizações civis contribui para uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Confira a matéria completa aqui.

Crianças e jovens também podem (e querem) salvar o planeta!

Estudo ‘3 coisas que eu quero mudar no mundo’ e Pesquisa Doação Brasil mostram crescente tomada de consciência social das novas gerações

De acordo com a 4ª edição da pesquisa 3 Coisas que eu Quero Melhorar no Mundo, promovida pela plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade, desde 2020 existe um aumento gradativo e contínuo de tomada de consciência social pelas novas gerações.

Utilizando a metodologia de respostas abertas para a pergunta: “quais são as 3 coisas que eu quero melhorar no mundo”, a pesquisa ouviu crianças e jovens até 18 anos, em todo o Brasil, e efetivou análises quantitativas e qualitativas dos dados inclusive com rankings regionais para compreender as diferentes percepções e demandas de acordo com a realidade vivenciada. No comparativo da edição 2023 com as edições anteriores, o que se mantém sempre em primeiro lugar é a preocupação em melhorar a educação e o direito de estudar.

Questões emergenciais como acabar com a fome e a insegurança alimentar, acabar com a violência e ter mais segurança, acabar com desemprego, mais saúde para todos e resolver o acesso ao saneamento básico, entre outras, convivem com desafios estruturais como acabar com a desigualdade socioeconômica e com a pobreza, resolver o desafio das pessoas em situação de rua, investir mais em ciência, tecnologia, cultura e leitura, por exemplo.

As novas gerações identificam também o que permanentemente merece atenção, como o fim do preconceito e do racismo, a valorização dos direitos humanos e dos direitos das mulheres e das crianças, além de cuidar da natureza e respeitar o meio ambiente, estar em alerta com as queimadas, o desmatamento e o aquecimento global, reduzir a poluição, ampliar processos de reciclagem, cuidar dos direitos dos animais. E projetam como perspectivas para uma convivência mais harmoniosa entre todos mais respeito e tolerância, mais amor e empatia, mais gentileza, solidariedade e generosidade e, em tempos de preocupação com a saúde mental, mencionada pela primeira vez nos quatro anos de estudo, mais qualidade de vida, felicidade, passeios, jogos e brincadeiras em um mundo com mais paz e menos guerras.

“As crianças e jovens estão percebendo, precocemente, que o ‘mundo melhor’, com mais dignidade e senso comunitário para uma convivência mais harmoniosa entre todos, depende de muitas resoluções concretas que precisam ser tomadas o quanto antes. O futuro é altamente dependente da saúde do planeta e das pessoas hoje e, cada vez mais cedo, as crianças estão percebendo a complexidade das interdependências que muitas lideranças, nos mais diversos âmbitos, ou não enxergam ou não estão interessadas em enxergar”, pontua Marina Pechlivanis, idealizadora da Educação para Gentileza e Generosidade.

De acordo com a Pesquisa Doação Brasil 2022, promovida pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos, revelou que 84% dos jovens pertencentes à faixa etária de 18 a 27 anos, conhecida como ‘Geração Z’, efetuaram algum tipo de doação em 2022. Esse dado demonstra um aumento significativo em relação ao levantamento de 2020, no qual 63% dos respondentes dessa mesma faixa declaravam ter realizado doações. As formas mais comuns de doação incluem a contribuição de bens materiais (76%), seguida por doações em dinheiro (43%) e doações de tempo/trabalho voluntário (30%). A Geração Z tende a doar proporcionalmente mais por meio do trabalho voluntário do que o restante da população e menos em dinheiro. Essa discrepância pode ser atribuída à menor renda média desse público se comparado a gerações mais maduras.

A pesquisa também revela que os jovens que fazem doações têm uma tendência significativa a promover ou contribuir de alguma forma para campanhas de arrecadação ou mobilização. Este dado foi confirmado por 7 em cada 10 jovens doadores em 2022, sendo que 20% deles afirmam ter feito isso em mais de uma ocasião. O grupo também demonstra um otimismo maior em relação às Organizações Não Governamentais (ONGs), quando comparados à população em geral. Entre os jovens, 73% concordam que as ONGs desempenham um papel fundamental no combate aos problemas socioambientais, e 83% concordam com a afirmação de que ‘as ONGs dependem da colaboração de pessoas e empresas para obter recursos e funcionar’. Além disso, mais do que o presente, na Pesquisa Doação Brasil 2022, 52% dos doadores da Geração Z não apenas afirmaram planejar continuar suas doações, como também acreditam que doarão mais em comparação com o ano anterior. Essa abertura indica uma oportunidade valiosa para as organizações filantrópicas de se envolverem com a Geração Z.

 “O acesso à informação instantânea pela internet e redes sociais aproxima os jovens aos eventos e desafios globais. Além disso, a educação e sensibilização sobre essas questões estão cada vez mais presentes no cotidiano. À medida que as novas gerações naturalmente desenvolvem uma consciência mais aguçada das questões socioambientais que afetam o mundo, tendem também a se engajarem mais no futuro.Afirma Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS.

 

Sobre a Educação para Gentileza e Generosidade

Considerando a educação como um caminho viável para a conscientização e a transformação social, a primeira plataforma brasileira de Educação para Gentileza e Generosidade oferece gratuitamente soluções sistêmicas integrativas, interdisciplinares e interpúblicos com base nos 7PEGG. Para as escolas, metodologia com 26 planos de aula adaptados da renomada Learning to Give e adequados à nova BNCC, curso de formação de professores e prêmio. Para as famílias, vídeos, leituras e atividades para melhorar o convívio e desenvolver virtudes humanitárias. Para jovens lideranças sociais, eventos e oportunidades de conexão e visibilidade. Para a sociedade, estudos e pesquisas inéditos com crianças e jovens. Para ambientes de trabalho, dinâmicas de desenvolvimento humano para programas de treinamentos e materiais de comunicação e ambientação, além do Manual de Conhecimento e Autoconhecimento e o Teste dos 7 Princípios. Tudo programado para ser descomplicado, acolhedor e acessível, facilitando a multiplicação e a implementação. Entre os apoiadores-mantenedores estão o Movimento Bem Maior e a Fundação José Luiz Egydio Setúbal.


Sobre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.

 

Texto originalmente publicado no Observatório do Terceiro Setor em 19/12/2023

Gincana de doação entre colaboradores do IDIS arrecada quase R$ 24 mil

Em celebração ao Dia de Doar, a equipe IDIS aceitou o desafio de participar de uma campanha de doação para Fundações e Institutos comunitários (FICs) participantes do programa Transformando Territórios. Divididos em 5 grupos, cada um ficou responsável por arrecadar doações que seriam dobradas devido a um matching realizado pelo programa.

Foto do 2º Seminário Transformando Territórios

Ao longo de 2 semanas, os colaboradores do IDIS acionaram amigos, colegas e familiares seja por meio de vídeos nas redes sociais ou até mesmo a mensagens individuais solicitando doações para a organização apadrinhada. Ao total foram R$ 23.806,00 arrecadados em formato de matching entre 163 pessoas mobilizadas.

As organizações beneficiadas foram: Instituto Comunitário Manaura, Instituto Baixada Maranhense, Instituto Comunitário de Sergipe, FUNDAES – Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo e Fundo comunitário Perifasul M’Boi.

“A experiência da gincana foi incrível. Foi uma ótima forma de apoiar as organizações nas suas campanhas, aproximar nossa equipe do trabalho das FICs e, principalmente, fomentar a cultura de doação no nosso entorno”, comenta Whilla Castelhano, gerente do programa Transformando Territórios.

Marina Negrão, analista de comunicação e uma das organizadoras da iniciativa, destaca o aspecto colaborativo da iniciativa. “Trabalhar em grupo com pessoas de fora do seu dia a dia faz com que novos desafios apareceram e novas oportunidades de interações. Essa experiência com certeza auxilia a todos os envolvidos!”, acredita.

 

Doar nos faz mais humanos

Por Paula Fabiani e Luisa Lima, respectivamente CEO e gerente de comunicação e conhecimento no IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Brasil cai no ranking global de generosidade e é preciso ir além do óbvio para entender motivos

Pessoas passando fome, educação de má qualidade, temporais levando casas e vidas, animais abandonados. De quem é a responsabilidade por resolver estas questões? Alguns podem dizer que exclusivamente dos governos. Outros, implicam também empresas e ONGs. Mas as mudanças apenas acontecerão na velocidade que precisamos, quando cada indivíduo também se perceber como parte da solução.

Eu e você, cada um de nós, temos a possibilidade de contribuir de diversas formas. De acordo com o recém-lançado World Giving Index, o ranking global de generosidade promovido pela Charities Aid Foundation e lançado no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em todo o mundo, 4,2 bilhões de pessoas ajudaram alguém que não conheciam, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma organização social no ano passado.

Entre 142 nações, Indonésia, Ucrânia e Quênia lideram o ranking. O Brasil aparece na 89ª posição, depois de ocupar a 18ª apenas um ano antes. Enquanto esses comportamentos se mantiveram estáveis na maioria dos países, o Brasil foi na contramão e apresentou reduções. O percentual de brasileiros que reportaram ter realizado uma doação caiu de 41% em 2021 para 26% em 2022, doação de tempo (voluntariado) foi de 25% para 21%, e ajuda a um desconhecido, a forma mais básica de solidariedade, recuou de 76% para 64% entre os respondentes.

A diversidade de perfis entre os países bem posicionados não nos permite dizer que o engajamento é maior em função do grau de desenvolvimento econômico, religião ou continente a que pertence. Dentre os dez mais bem colocados há países de várias partes do mundo e com diferentes religiões praticadas. Apenas três dos dez países mais solidários estão entre as maiores economias do mundo, e a Libéria, um dos países mais pobres do mundo aparece em quarto lugar no ranking. É preciso ir além do óbvio para entender o que contribui para o fortalecimento da cultura de doação.

Um ponto já foi mencionado – os cidadãos devem se perceber como parte da mudança. De acordo com a Pesquisa Doação Brasil 2022, estudo do IDIS acerca do comportamento do doador individual, 93% dos respondentes reconheceram que pessoas comuns são também responsáveis por resolver os problemas sociais e ambientais no Brasil. Sete anos antes, apenas 61% concordaram com a afirmação. Apesar da doação informal também ser importante, ela é potencializada quando é feita a organizações sociais, as ONGs, pois elas têm em sua atuação a atenção a causas e territórios e podem agir de forma sistemática. A confiança no trabalho dessas organizações, dessa forma, é um outro fator determinante.

No Brasil, o protagonismo das ONGs no período da pandemia e a visibilidade que ganharam na mídia, contribuíram para um crescimento acentuado em sua confiança. Passado o efeito da pandemia, segundo a Pesquisa, os níveis caíram, mas ainda assim, ficaram em 2022 em um patamar superior a 2015. Somado a isso, é necessário que exista uma infraestrutura que conecte doadores a organizações, como plataformas, redes, coalizões, meios de pagamento, consultorias, capacitações e legislações que facilitem e incentivem o ato da doação. No caso da Ucrânia, que vinha ganhando posições no World Giving Index desde 2019 e ocupa agora a segunda posição, foi determinante haver um ecossistema constituído para receber as doações e atuar com agilidade quando a guerra, infelizmente, teve início.

Outros aspectos que também têm influência são o nível de satisfação das pessoas com a vida de forma geral – quanto mais felizes, mais doadores, com destaque aos habitantes dos países nórdicos – e o nível de segurança em relação ao futuro – em épocas de eleições conturbadas ou crises econômicas, as pessoas tendem a ficarem mais cautelosas e doarem menos, e isso pode explicar, em partes, a queda do Brasil no ranking.

Doar é se conectar com os seres vivos que nos cercam, estejam eles do outro lado da rua ou do outro lado do país. Doar é praticar a nossa humanidade: doar nos faz mais humanos. Governos, empresas, ONGs e cada um de nós deve se comprometer a espalhar essa prática e a agir. Que isso faça parte de nós e da cultura do nosso Brasil.

 

 

Artigo originalmente publicado pela Folha de S. Paulo na coluna “Papo de Responsa” em 14/12/2023

WGI é destaque no Jornal Nacional

Em mais de 80 países, incluindo o Brasil, o dia 28 de novembro de 2023 foi marcado pelo “Dia de Doar”, uma iniciativa criada para incentivar as doações e o trabalho voluntário em instituições sociais.

A data foi destaque em uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. A matéria destacou o World Giving Index 2023, o ‘ranking da solidariedade’. A pesquisa é realizada pela CAF e divulgada no Brasil pelo IDIS. Paula Fabiani, CEO do IDIS, pôde compartilhar algumas análises para a compreensão do cenário de maneira mais ampla. 

Confira a matéria aqui e assista o vídeo.

Ainda dá tempo de doar. Descubra a sua causa e encontre iniciativas para doar:

Compromisso para o futuro

por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Rodrigo Pipponzi, confundador e co-CEO do Grupo MOL

Imagine uma instituição com sólido trabalho no combate à desigualdade social que, mesmo após vários anos de funcionamento e desenvolvendo projetos relevantes para a comunidade, se vê constantemente em sufoco financeiro e sempre à beira de fechar as portas. Até que, em meio à pandemia da Covid-19, ela viu as doações, ainda que emergenciais, alavancarem iniciativas importantes e, enfim, teve um respiro para seguir lutando por causas que beneficiam diversas pessoas, direta ou indiretamente.

Eis que, no entanto, esse patamar volta a cair, flertando com os índices pré-pandemia. Se pensarmos no enfrentamento à pobreza: é possível realmente transformar realidades com tantas oscilações em investimentos?

Essa não foi – nem é – uma realidade distante para muitas das mais de 800 mil organizações da sociedade civil presentes hoje no Brasil. Divulgado recentemente, o Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), estudo conduzido pela Comunitas, traz justamente o retrato do pico de investimento social corporativo (ISC) em 2020, seguido por consecutivas quedas nos anos seguintes.

Se no ano inicial da pandemia a mediana do percentual de ISC em relação ao lucro líquido das empresas pesquisadas ultrapassava os 2%, em 2022 esse índice é menor que 1%.

Fonte: BISC 2023

Mas então como manter o patamar observado em tempos emergenciais? De que forma esse ponto fora da curva pode se transformar em curva e fomentar ainda mais um setor que, segundo recente estudo da Fipe encomendado pelo Movimento por uma Cultura de Doação, representa 4,27% do PIB do Brasil?

Para construir a resposta a essa pergunta é preciso de fato um olhar não só para a atuação dos governos, mas sim das empresas. A Pesquisa Doação Brasil 2022, coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, mostra que as companhias são vistas como uma das principais responsáveis pela solução de problemas socioambientais.

Cabe aqui lembrar que hoje as mesmas empresas que carregam esse “peso” também estão cada vez mais comprometidas com a temática e a agenda ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança), mas o S da sigla é ainda um desafio.

A The ESG Global Survey, pesquisa divulgada pelo BNP Paribas em 2021, mostra que, para 51% dos entrevistados, o pilar social é o componente mais desafiador, já que os dados são mais difíceis de se obter e há uma grande falta de normalização em torno das métricas sociais. Então o que fazer para tornar as iniciativas relacionadas ao pilar S mais palpáveis?

É comum que, ao analisar e divulgar as iniciativas relacionadas à esfera social, as empresas olhem mais para dentro de casa e implementem ações que equacionem questões como diversidade e equidade de gênero ou raça.

Não obstante sejam ações relevantes e urgentes, é necessário também olhar para fora das organizações e entender o S como um bom balizador de responsabilidade e investimento social corporativo, inclusive com a possibilidade de fornecer dados consistentes de impacto social.

E nesse contexto o terceiro setor desempenha papel fundamental, já que temos no Brasil instituições sérias que trabalham há muito tempo e de forma impactante com o componente social. Assim, financiar a atuação e o fortalecimento dessas iniciativas é o que vai garantir a transformação social no médio e longo prazo –e de forma mais eficaz que ações internas isoladas.

Todo esse pano de fundo leva Grupo MOL e IDIS à apresentação de um novo projeto: o Compromisso 1%, uma iniciativa que incentiva empresas a se comprometerem com a doação anual de pelo menos 1% de seu lucro líquido para organizações da sociedade civil. Empresas de qualquer porte e com balanço auditado poderão participar e a ideia é criar um movimento de inspiração para líderes corporativos que possa mudar o patamar de doações empresariais no Brasil.

As organizações que assinarem esse compromisso público de força e engajamento social estarão juntas em um esforço para garantir um patamar de doações acima do 1%, não só atrelado a emergências. Essa será uma jornada viável e uma construção ativa para que o investimento social seja sistemático, sustentável e estratégico ao longo do tempo.

E aqui os benefícios são claros, não só reputacionais ou ao trazer melhorias para a comunidade, mas também em termos de engajamento de funcionários e alinhamento com os propósitos de cada empresa.

O Compromisso 1% é um projeto ambicioso e de impacto, capaz de impulsionar e acelerar a forma com que empresas se comprometem com o presente e futuro da sociedade, investindo para fortalecer projetos relevantes que precisam de recursos para seguirem sua caminhada.

Nossa meta é que os próximos levantamentos do setor mostrem justamente uma nova realidade, a se firmar ao longo dos anos, de que o percentual de investimento social corporativo em relação ao lucro líquido esteja já em patamar próximo de 2%. E isso não só em momentos de emergência, mas sim como a expressão de uma escolha consciente e estratégica de país e sociedade.


Texto originalmente publicado no BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo) 2023 e Folha de São Paulo em 16/11/2023.

Brasil cai para a 89ª posição no World Giving Index, com queda em todos os indicadores

Em todo o mundo, 4,2 bilhões de pessoas ajudaram alguém que não conheciam, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma boa causa. Indonésia, Ucrânia e Quênia lideram o ranking

Pelo sexto ano consecutivo, o país mais generoso do mundo é a Indonésia. Em segundo lugar, está a Ucrânia, que estava na décima posição no ano passado e vigésima dois anos antes. Apenas três dos 10 países melhor colocados estão entre as maiores economias do mundo (Indonésia, Estados Unidos e Canadá), enquanto um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do mundo, a Libéria, aparece em quarto lugar.

 

O World Giving Index é uma das maiores pesquisas sobre doação já produzidas, com milhões de pessoas entrevistadas em todo o mundo desde 2009. Nesta edição, inclui dados de 142 países, onde as pessoas foram questionadas se realizaram, no último mês, três tipos de ações: ajuda a um desconhecido, doação em dinheiro ou voluntariado. Os dados foram coletados ao longo de 2022. Trata-se de uma iniciativa da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

 

Depois de figurar entre as 20 nações mais generosas no ranking, o Brasil caiu para a posição 89. Houve queda em todos os indicadores, sendo a mais acentuada a de doações para ONGs, que passou de 41% para 26%. A ajuda a estranhos foi praticada por 64% dos respondentes em 2022, contra 76% no ano anterior. O voluntariado caiu de 25%, em 2021, para 21%. A pontuação média ficou em 37%. Apesar do Brasil ter ocupado posições melhores no ranking em anos anteriores, esta foi a segunda maior pontuação do país desde o lançamento do índice, em 2009.

 

De acordo com Paula Fabiani, CEO do IDIS, A edição anterior refletia ainda os impactos da pandemia, quando a generosidade estava em alta e, as formas de participação, seja por meio de doações ou voluntariado, estavam mais evidentes. A queda da cobertura destes temas na mídia, somado ao empobrecimento da população e ao clima de incerteza e desconfiança comum em períodos de eleição, contribuíram para diminuição da participação da população na prática da doação”.

 

Fabiani pondera que no período houve também movimentações importantes em outros países, em especial referentes ao aumento de doações, que os levaram a ganharem posições melhores.

 

 

Os dados do World Giving Index 2023 mostram os fatores que influenciam a generosidade em todo o mundo:

  • A média global da solidariedade, assim como a média de cada uma das três variáveis, apresenta estabilidade em relação ao ano anterior. A estimativa é de que 4,2 bilhões de pessoas praticaram algum ato, o correspondente a 72% da população mundial adulta.
  • As pessoas que avaliaram sua vida em termos positivos foram mais propensas a terem feito um ato de generosidade, com alguns dos países mais felizes do mundo ficando no top 10 de doações de dinheiro (Suécia, Dinamarca, Holanda e Islândia).
  • Os imigrantes são mais propensos a doar do que os nascidos no próprio país (43% vs 39%), particularmente na Europa, no Oriente Médio e no Norte da África. Aqueles que dizem ter nascido em outro país tendem a ter uma pontuação média mais alta do que os nascidos no país na maioria das regiões. Nas Américas, o achado se confirma e a diferença é de 46% para 41%.

 

De acordo com Neil Heslop OBE, CEO da Charities Aid Foundation, “O World Giving Index nos dá razões para otimismo em um momento de grande instabilidade. A generosidade é inata ao comportamento humano e nos une a todos como uma comunidade global. A diversidade de países que lideram o índice destaca isso: eles cobrem o espectro da riqueza e do desenvolvimento econômico, da geografia, da língua, da religião e da cultura. Doar é construir uma conexão com aqueles que nos cercam, estejam eles do outro lado da rua ou do outro lado do mundo. É por isso que pedimos aos governos que façam mais para encorajar aqueles que podem dar dinheiro e tempo, e promover organizações da sociedade civil vibrantes e resilientes, que enfrentam desafios socioambientais e o impacto de conflitos e deslocamentos populacionais”

 

Top 10 países no World Giving Index 2023

1. Indonésia
2. Ucrânia
3. Quênia
4. Libéria
5. Estados Unidos
6. Myanmar
7. Kuaite
8. Canadá
9. Nigéria
10. Nova Zelândia

Posição do Brasil no ranking: 89

 

CONFIRA A PUBLICAÇÃO EM INGLÊS

Captcha obrigatório

Sobre a CAF – Charities Aid Foundation e o World Giving Index

A Charities Aid Foundation é uma organização social britânica que tem como missão acelerar o progresso da sociedade rumo a um futuro justo e sustentável para todos, contribuindo para que pessoas e empresas possam fazer a diferença nas causas que são importantes para si. Por meio da rede CAF International, está presente em todos os continentes, sendo o IDIS o representante na América Latina.

O CAF World Giving Index é baseado em dados da World View World Poll da Gallup, que é um projeto de pesquisa realizado em mais de 100 países. Para obter informações detalhadas sobre a metodologia do World Poll, clique aqui.

 

Sobre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.

Espírito comunitário: FEAC doa casarão à FEAV para fortalecer ações sociais em Valinhos

A cooperação para o desenvolvimento é uma das propostas da filantropia comunitária. Visando apoiar a organização parceria de atuação em um território próximo, a FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas anunciou uma grandiosa doação de um majestoso casarão de 800m² em um terreno de 6000m² que fortalecerá significativamente as atividades da FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos, localizada na cidade vizinha à Campinas. Ambas as organizações participam do programa Transformando Territórios do IDIS e atuam de forma próxima neste território no interior de São Paulo na região de Campinas e região metropolitana.

O histórico casarão, construído na década de 20, já serviu como residência da família Bissoto e até subsidiou o outro projeto social, o da Creche da Tia Nair. Agora o edifício com arquitetura rebuscada e espaços amplos será transformado em um centro de apoio a projetos sociais de Valinhos apoiados pela FEAV.

 

 

A FEAV é uma organização sem fins lucrativos que atua como Instituto Comunitário, dedicada a melhorar a qualidade de vida na cidade de Valinhos, por meio de uma abordagem de longo prazo e um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região. Ou seja, atuando neste modelo de organização, a FEAV trabalha como fonte de apoio técnico e financeiro para uma variedade de iniciativas sociais que abrangem diversas causas em seu território, priorizando sempre as necessidades sociais locais a partir de uma escuta ativa da comunidade local.

 

 

Junto de mais 16 organizações do Brasil, a FEAV é uma das organizações integrantes ao Programa Transformando Territórios. Esta é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, desenvolvimento e fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

A parceria entre as duas organizações não é nova e inclusive, a FEAV foi indicada pela FEAC para participar do Transformando Territórios em 2021. Nesse curto período atuando como um Instituto Comunitário, a organização de Valinhos já acumula grandes conquistas e vem realizando um trabalho excelente fortalecendo o setor social do município por meio de capacitações e apoio financeiro. A entrada no Transformando Territórios também foi o catalisador de uma aproximação da parceria entre ambas as instituições.

A FEAC é uma das Fundações Comunitárias mais antigas do Brasil, atuando desde 1964 no território de Campinas. Nos seus 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário. Esta contribuição está alinhada com o objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas.

Agora a diretoria da FEAV, representada pela líder comunitária Eliane Macari, está reunindo os representantes das Organizações da Sociedade Civil da cidade para decidirem juntos quais projetos sociais podem ser implantados no casarão e como transformá-lo num centro de apoio ao setor social de Valinhos.

Essa doação representa o incrível trabalho contínuo da FEAV e da FEAC em apoiar as iniciativas sociais do próprio território, evidenciando como as Fundações e Institutos Comunitários desempenham um papel fundamental no fortalecimento do setor social e na construção de comunidades mais fortes, promovendo um impacto positivo e duradouro onde atuam.

 

“Sabendo que existe uma entidade em Valinhos que atua em modelo similar à FEAC foi natural imaginar a doação. Juntos podemos ser muito mais fortes que cada um atuando de forma isolada. A transferência do patrimônio foi só o primeiro passo de uma história muito bonita daqui pra frente”, afirma Renato Nahas, presidente do Conselho Curador da Fundação FEAC.

 

Essa doação também simboliza o incrível poder de colaboração que o setor social tem entre si e destaca o enorme potencial que poderia ser realizado se houvesse um maior apoio de outros setores. Essa iniciativa será um passo significativo na batalha contra a desigualdade social e na promoção de uma sociedade mais solidária na região de Valinhos.


Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Pesquisa Doação Brasil 2022 é citada pela Alliance Magazine

A Alliance Magazine, revista global sobre filantropia, citou o IDIS e a Pesquisa Doação Brasil 2022 em um artigo sobre o crescimento da doação individual no país. O artigo, intitulado ‘The Brazil Giving Research Report 2022’, destaca os principais achados do estudo, que mostrou que o número médio de pessoas que doam no Brasil (com mais de 18 anos e renda familiar acima de um salário mínimo) aumentou de 66% dos brasileiros em 2020, para 84% dos brasileiros em 2022.

Leia o texto na íntegra!

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa realizada pelo IDIS desde 2015. O objetivo  é mapear o perfil dos doadores brasileiros, identificar suas motivações e barreiras à doação, e contribuir para o fortalecimento da cultura de doação no país.

Sobre a Alliance Magazine

Criada em 1998, A Alliance é a principal revista de filantropia e investimento social em todo o mundo, fornecendo notícias e análises do que está acontecendo no setor em todo o mundo. Conheça a revista clicando aqui.

O grande potencial da doação de centavos

Por Beatriz Bouskela, Diretora Executiva do Movimento Arredondar e Nina Valentini, Co-fundadora do Movimento Arredondar

Um dos dados que mais chama a atenção, entre os resultados da Pesquisa Doação Brasil, é a constatação de que 11% dos doadores para organizações e iniciativas socioambientais afirmaram ter feito doação por arredondamento.

Entretanto, para nós, que trabalhamos há anos para que o arredondamento seja uma alternativa de doação cada vez mais acessível para os brasileiros, a informação não é tão surpreendente.

Como uma entidade impulsionadora dessa modalidade de doação, nos últimos anos temos observado uma adesão crescente por parte de empresas, dos clientes e do engajamento dos colaboradores.  Internamente, temos conquistado um crescimento contínuo nos últimos anos com um crescimento de 21% em 2022, 40% em 2021, 3% em 2020 e 52% em 2019. E sabemos que esses números são ainda maiores se somarmos outros varejistas que têm aplicado essa modalidade. Vibramos com os resultados globais de todos que podem arredondar, sejam em parceria conosco, ou não – desde que feitos com seriedade, claro.

Nesse sentido, vemos os números da Pesquisa Doação Brasil 2022 com entusiasmo e com a confiança de que este formato de arrecadação tem se tornado cada vez mais relevante na vida dos brasileiros. Atingir o patamar de 11%, após duas edições anteriores da pesquisa que registraram uma adesão inferior a 1%, nos deixa entusiasmadas e certas de que este modelo tem uma potência no nosso contexto e espaço para crescer.

E as nossas expectativas não são alimentadas apenas pelo significativo crescimento apontado pela pesquisa ou pelo que temos conquistado na operação do Arredondar. Pesquisas internacionais, como America’s Charity Checkout Champions 2023, publicada pelo Engage for Good, mostram o arredondamento crescendo ano após ano no varejo dos Estados Unidos e se consolidando como potência de arrecadação. Só em 2022 a arrecadação através de pontos de venda do varejo atingiu o patamar de 759 milhões de dólares no ano, e a oferta de doação por arredondamento cresceu 43% (versus 2020) entre os varejistas listados pela pesquisa. Ainda não temos uma pesquisa que consolide especificamente o valor arrecadado através dos pontos de venda ou dos arredondamentos no Brasil, mas é certo que ainda temos um grande caminho a ser percorrido neste sentido.

Manifestada nos mais diversos formatos, a solidariedade permeia a nossa cultura e o tecido social que temos construído enquanto país.  Os dados da Pesquisa Doação Brasil 2022 indicam um crescimento no engajamento solidário, com 84% das pessoas entrevistadas realizando algum tipo de doação durante o ano de 2022, maior índice até então. Esse gesto assume variadas formas, abrangendo diferentes maneiras de contribuição e contando com uma diversidade de gêneros, classes sociais, faixas etárias e regiões geográficas.

À medida que as práticas de solidariedade ganham mais destaque, é fundamental ressaltar que há um espaço para desenvolvermos uma cultura de doação estruturalmente presente na vida dos brasileiros, como o arredondamento. Um aspecto particular a ser notado é a estagnação das doações institucionais,  que desempenham um papel crucial na viabilização de projetos e na manutenção das organizações sociais. Em 2022, apenas 36% dos entrevistados afirmaram ter atuado como doador institucional, índice que se manteve estável quando comparado a 2020 e que caiu 10 pontos percentuais em relação a 2015.

As análises da Pesquisa Doação Brasil nos anos de 2015, 2020 e 2022 trazem uma visão aprofundada desse desafio. Ao examinarmos as principais dificuldades relacionadas à doação institucional, identificamos que há fatores recorrentes nas três edições do estudo. Destacam-se os seguintes aspectos: a percepção de falta de recursos financeiros disponíveis para doação, fator citado em 1º lugar nos três anos de pesquisa; a ausência de pedidos de doações, demonstrando falta de convite para doar; e a falta de confiança nas organizações.

À medida que as doações institucionais continuam a se mostrar um desafio enraizado na cultura brasileira, torna-se importante reforçar que as organizações sociais dependem substancialmente dessas contribuições. Seja na luta contra as disparidades sociais, na expansão do acesso a direitos fundamentais ou na preservação do meio ambiente, as doações são parte da engrenagem que possibilita que essas atividades possam existir, resistir e avançar.

 

História do Movimento Arredondar

Em resposta aos desafios relacionados à cultura de doação, o Movimento Arredondar foi fundado em 2011. A nossa missão tem como norte criar oportunidades para que todos os dias milhares de pessoas sejam convidadas a doar e fortalecer a sustentabilidade de organizações sociais.

Primeiramente, partimos da premissa que para criar um novo hábito na vida das pessoas, é estratégico estarmos presentes em alguma atividade já habitual para o indivíduo. Charles Duhigg reforça esta teoria no livro “O poder do hábito”, amplamente difundido. Nesse sentido, entendemos o varejo como o parceiro ideal para estar conosco nesta operação, uma vez que ir à farmácia, ao supermercado e/ou a um estabelecimento comercial faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros, em diferentes regiões do Brasil.

Adicionalmente, buscamos desenvolver uma solução que fosse acessível e democrática, que ajudasse a quebrar a percepção de que é necessário ter muito dinheiro para doar. Acreditamos que doar centavos seja o suficiente para que um ato solidário possa começar, e  se concretizar. Dessa forma, trazemos a opção de doações que vão de R$ 0,01 até R$ 1,00. Ou seja, uma compra de R$ 18,70 pode se transformar em uma transação de R$ 19,00, de forma que R$ 0,30 sejam doados.

Foi importante também entender que o convite para a doação ajuda as pessoas a se lembrarem que elas podem fazer parte da diferença. Por isso, realizamos treinamentos recorrentes com os colaboradores do varejo e apoiamos a construção de materiais de loja. Quando o cliente diz “sim” para arredondar o valor da compra, este ato é o suficiente para conectar colaboradores, clientes e organizações em um único propósito.

Por fim, e igualmente importante, entendemos que é fundamental fortalecermos a visibilidade do trabalho das ONGs, e consequentemente aumentarmos a confiança dos clientes em relação ao uso dessas doações. Nesse sentido, nos responsabilizamos pela certificação das ONGs apoiadas, pelo repasse de recursos livres (não carimbados) e pela transparência do uso dessas doações.

Buscando soluções para diferentes barreiras, construímos um caminho com o objetivo de criar uma solução simples, rápida, acessível e fácil para o consumidor e para as empresas.

 

Os desafios do arredondamento

Apesar do empenho para trazer uma oportunidade de doação que faça parte do dia-a-dia dos brasileiros, a jornada de concepção do Arredondar não foi especialmente simples.

Uma das barreiras foi a própria legislação tributária. As regras sobre isenção e imunidade são diversas, complexas e um tanto burocráticas. No Brasil, até hoje tivemos um desincentivo estrutural para a cultura de doação de recursos, que é o próprio ITCMD, imposto sobre transmissão causas mortis e doações. Enquanto o governo deveria estimular esses atos de doação, e consequentemente o engajamento para o benefício comum, até agora vem tributando e dificultando a participação daqueles que querem contribuir. Uma pesquisa da FGV, em 2019, indicou que, de 74 países, o Brasil é um dos únicos três que não estabelece um tratamento diferenciado de alíquota para doações a OSCs, ao lado apenas da Coreia do Sul e Croácia.

Na nossa operação, essa realidade fica ainda mais evidente. Como recebemos recursos em várias localidades do Brasil, tivemos que entender, estado a estado, a peculiaridade da legislação. Isso porque em muitos deles, até mesmo as doações de centavos são tributadas, o que torna a nossa operação inviável nessas localidades. Nesse sentido, o advocacy entra como estratégia de ampliação da nossa atuação, o que tem apresentado resultados positivos, como por exemplo a alteração da legislação do Ceará, que em 2021 passou a permitir a isenção de impostos para doações de até R$ 50.

Um outro desafio que faz parte da nossa jornada é a priorização das empresas, assim como a percepção de seu papel em relação às demandas socioambientais. Se hoje a sigla ESG (ou ASG) tem se mostrado cada vez mais popular, ainda há um grande espaço para a ampliação de seus compromissos.

É possível ainda mencionar as recessões econômicas, inflação, pandemia e crises ambientais, que têm aprofundado as disparidades no país nas últimas décadas. Essa realidade adiciona ainda mais demandas sobre as organizações sociais, ao mesmo tempo que agrava dificuldades financeiras para muitos brasileiros.

 

Crescimento e oportunidades futuras

Apesar das dificuldades, acreditamos que esses desafios externos reforçam a prática das doações através de arredondamento como uma importante alternativa.

Algumas evidências do Brasil reforçam essa perspectiva. Estamos em meio à uma reforma tributária que considera eliminar a cobrança de ITCMD para organizações sociais, o que seria um ganho significativo para o arredondamento, e para a cultura de doação como um todo.

Adicionalmente, vemos com ótimas perspectivas a digitalização e inovação tecnológica que acompanha a vida das pessoas e das empresas, e que pode trazer de forma ainda mais facilmente o convite a doar. Estamos trabalhando para que o arredondamento acompanhe e se beneficie dessas tendências.

Por fim, destacamos com otimismo a crescente percepção do papel das empresas para os compromissos sociais e ambientais, apoiada também pela cobrança dos consumidores. É certo que quanto mais varejistas se engajarem, maior será a capilaridade, montante de recursos captados e pessoas mobilizadas através desse tipo de engajamento.

E é nisso que acreditamos: a construção de um país mais solidário passa pela mobilização, bastante articulada, de todos os setores da economia. O desafio está em encontrar e construir modelos que são capazes de conectar a cultura de doação à cada um deles.

Doações individuais para ONGs e projetos socioambientais em 2022 somam R$ 12,8 bilhões

Promovida pelo IDIS, a Pesquisa Doação Brasil é o mais amplo estudo sobre a prática da doação individual no País. Em sua 3° edição, traz um capítulo especial sobre a Geração Z

A prática da doação vem ganhando cada vez mais força no Brasil. Em 2022, 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos um tipo de doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, na forma de voluntariado. Dois anos antes, a média era de 66%. A doação diretamente para ONGs e projetos socioambientais foi praticada por 36% dos respondentes, mantendo-se estável. Estes achados integram a terceira edição da Pesquisa Doação Brasil, iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos.

 

 

O lançamento e divulgação dos dados da publicação aconteceu no dia 24 de agosto, em um evento online, transmitido via YouTube. O evento rendeu mais de 1.000 visualizações da transmissão ao vivo. Confira a gravação:

 

 

O levantamento explora também o volume de recursos destinado. A mediana das doações alcançou R$ 300. Em 2015 era de R$ 240 e em 2020, de R$ 200. O crescimento foi puxado por um maior percentual de doações mais altas durante o último ano. O cálculo permite estimar que R$ 12,8 bilhões foram destinados a ONGs e projetos socioambientais, o equivalente a 0,13% do PIB de 2022 (R$ 9,9 tri). Para efeito de comparação, em 2021, segundo o Benchmarking do Investimento Social Corporativo, o BISC, o valor destinado a organizações e causas de interesse público pelas 324 empresas e 17 institutos participantes foi de R$ 4,1 bilhões.

“O Brasil é um país com muitas desigualdades e a prática da doação é um aspecto fundamental da nossa sociedade. Na Pesquisa Doação Brasil, nos dedicamos a compreender quem são os doadores, quais suas motivações, qual a percepção que têm sobre as ONGs e quais são as barreiras apresentadas por não doadores. Neste ano, ainda nos debruçamos sobre a Geração Z, os doadores do futuro. São dados importantes, que contribuem para incidirmos no fortalecimento da cultura de doação”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Conheça outros destaques da Pesquisa Doação Brasil 2022:

  • Mais da metade da população com rendimento familiar acima de 6 salários mínimos fez ao menos uma doação institucional em 2022. As únicas faixas que registraram crescimento no percentual de doadores foram a população com renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos (de 25% para 29%), menor escolaridade – de 27% para 32% entre aqueles com até o Ensino Fundamental completo – e adultos acima de 60 anos (de 32% para 42%). Os homens estão doando mais. 37% dizem ter feito alguma doação para ONG ou projeto socioambiental em 2022 (um aumento de 5 pontos percentuais) e agora a participação se equiparou à das mulheres, que caiu nos últimos anos.
  • Cresce o número de doações para a causa da saúde e a pessoas em situação de rua. Crianças/causa infantil segue liderando o ranking.
  • ONGs não conseguiram manter percepção positiva gerada durante a pandemia, quando foram protagonistas de grandes ações. Apesar de piora da imagem junto aos brasileiros, nível ainda é superior àquele identificado em 2015.
  • O impacto da pandemia ainda perdura e 38% dos doadores dizem que a experiência os levou a doar mais para ONGs.
  • Instagram é a rede social que mais influencia na doação, mas não é a que capta os valores mais altos, posto ocupado pelo WhatsApp.
  • Os jovens da Geração Z estão doando mais do que no passado, têm uma percepção melhor das ONGs do que a população em geral, e admitem mais a influência das mídias sociais na hora de doar.
  • Perspectiva de aumento das doações é positiva e não doadores se mostram inclinados a repensarem suas atitudes: 93% deles afirmam que poderiam passar a doar (este número era 57% em 2020 e 40% em 2015).

Captcha obrigatório

 

QUAL O DESTINO DAS DOAÇÕES EM DINHEIRO?

Entre os respondentes, 48% disseram que fizeram algum tipo de doação em dinheiro em 2022. O valor é 7 pontos maior que aquele encontrado em 2020 e equivalente ao patamar de 2015 (52%). Parte desses recursos foi destinado a ONGs, projetos socioambientais ou campanhas de cunho social, sendo o percentual da população que faz doação institucionais é de 36%. Chama atenção, entretanto, o aumento significativo do percentual de pessoas que declararam doar esmolas, subindo de 6% em 2020 para 16% em 2022. Esse crescimento está alinhado com o aumento (de 1% em 2020, para 10%) das doações institucionais para organizações e projetos que atendem pessoas em situação de rua, mostrando a sensibilidade aguçada para a causa.

 

MEIOS DE PAGAMENTO

Para fazer as doações institucionais, o PIX foi canal favorito. O instrumento de pagamento surgido em 2020 já conquistou a preferência de 39% dos doadores, enquanto a doação em dinheiro vivo vem sendo cada vez menos adotada. Também chama a atenção o aumento no percentual dos que declararam ter feito doação na forma de arredondamento, isto é, abrindo mão do troco de centavos para que o estabelecimento comercial encaminhe o valor para alguma organização socioambiental. A escolha, que era feita por menos de 1% dos doadores institucionais em 2020, passou a ser feita por 11%.

“Um fator essencial para alavancar as doações são as tecnologias de doação. Esse avanço teve efeito na facilidade operacional de doar, com ferramentas como botões no e-commerce, redes sociais e o pix”, explica Renata Burroul, consultora técnica das três edições da Pesquisa Doação Brasil.

 

PERCEPÇÃO SOBRE AS ONGS

Em 2020, com o protagonismo das ONGs durante a pandemia, houve, entre a população, uma melhora significativa da opinião pública sobre as organizações da sociedade civil. Dois anos depois, os dados mostram uma retração considerável, mas ainda mais positiva que a imagem em 2015.

Os maiores recuos surgem nas questões relativas à confiança nas organizações do terceiro setor. Na afirmação “As ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que aplicam”, houve uma queda de 14 pontos percentuais na concordância (de 45% para 31%); e para “A maior parte das ONGs é confiável”, o registro foi de 10 pontos percentuais a menos (de 41% para 31%).

“A Pesquisa começa a deixar mais claro quais os efeitos efêmeros da pandemia e quais aqueles que vieram para ficar. A imagem sobre o trabalho realizado pelo Terceiro Setor é ainda bastante volátil e propensa a acompanhar o contexto social. É importante que o setor colabore entre si para fortalecer a percepção e o engajamento da sociedade em geral”, comenta Luisa Lima, gerente de Comunicação e Conhecimento no IDIS.

Os jovens da Geração Z, pelo contrário, se mostram muito mais otimistas e positivos em relação às ONGs em todos os quesitos. A diferença em relação à população em geral é especialmente maior na afirmação de que as “ONGs levam benefícios a quem realmente precisa” (74% entre a Geração Z contra 58% da população geral). Em afirmações como “As ONGs deixam claro o que fazem com os recursos” e “A maioria das ONGs são confiáveis” a concordância da Geração Z está na casa dos 39%, o que mesmo sendo maior que na população em geral, ainda é ponto de atenção.

 

CÍRCULO SOCIAL OU MÍDIAS DIGITAIS: QUAL INFLUENCIA MAIS A DOAÇÃO?

Foi incluída nesta edição uma pergunta relacionada aos atores que mais estimulam a doação. Pedimos que os doadores institucionais escolhessem, dentre uma lista de possibilidades, os três mais importantes para eles. As respostas mostraram que o convívio social nos locais religiosos e nas comunidades têm maior poder de influenciar o doador, seguido da a família, vizinhos e amigos. Já as mídias sociais e influencers digitais aparecem na quarta posição, com 17%. Entre a Geração Z, o valor de alcance das mídias e influencers digitais cresce para 25% dos doadores.

Quando perguntados sobre quais mídias sociais os influenciam a doar, as mais citadas, tanto entre os doadores institucionais da população geral quanto no recorte de Geração Z é o Instagram (85% e 89% respectivamente); seguida pelo Facebook (33% e 37%, respectivamente). Após as duas primeiras colocadas, temos as mudanças mais significativas: enquanto a população geral considera YouTube e WhatsApp (ambas com 13%) entre suas outras maiores influências, na Geração Z, a terceira e quarta colocação ficam com TikTok e YouTube. Nesse recorte, o WhatsApp aparece com apenas 4% de respostas, atrás também do Twitter. Em ambos os casos, o LinkedIn foi a rede menos citada.

ATUAÇÃO CIDADÃ DE MARCAS E EMPRESAS

Nesta edição, procuramos compreender como a percepção sobre a reputação de marcas e empresas influencia as decisões de consumo. O resultado mostra que as pessoas punem muito mais as empresas e marcas que possuem condutas inadequadas (77%) do que premiam as que adotam boas práticas investimento social (44%). Entre os doadores institucionais, esse impacto é ainda maior – 85% e 49%, respectivamente.

 

GERAÇÃO Z: COMO DOA O JOVEM ENTRE 18 E 27 ANOS?

Assim como na população em geral, os dados sobre Geração Z demonstram que eles também estão doando mais. Enquanto, em 2020, 63% deles diziam ter realizado algum tipo de doação, em 2022 o número chega a 84%, igualando-se à média nacional. Os destaques de doação nesse recorte estão principalmente para doadores de bens (76%) e trabalho voluntário (30%). Já quanto à doação de dinheiro para ONGs e projetos socioambientais, os jovens ficam 9 pontos abaixo da média geral, 27% contra 36% – fenômeno natural, uma vez que a disponibilidade de dinheiro nessas idades, por vezes, é menor do que quando comparada a pessoas mais velhas. Por outro lado, eles tendem também a ter uma visão mais positiva sobre a doação e sobre as ONGs.

A Pesquisa mostra também que jovens que doam tem a tendência de também promover, ou contribuir de alguma forma em campanhas de arrecadação ou mobilização para ajudar outras pessoas. Isso foi confirmado por 7 em cada 10 jovens doadores em 2022 e, 20% deles dizem terem feito isso mais de uma vez.

Quando falamos em causas, ações ligadas à infância e ao combate à fome são as duas primeiras colocadas na preferência dos brasileiros, e isso se confirma também entre os jovens. Porém, o ranking segue com diferença entre os doadores da Geração Z e da população geral. Os jovens se sensibilizam mais com pessoas em situação de rua e situações emergenciais, mostrando disposição à questões mais visíveis e com impactos mais imediatos. A causa animal também conta com mais simpatizantes entre a Geração Z do que na população como um todo.

PERSPECTIVAS 2023

De modo geral, há um clima de otimismo em relação ao crescimento da prática da doação. Entre os doadores institucionais, 45% afirmam que doará mais no ano seguinte. Na edição anterior, este percentual foi de 36%. O mesmo movimento aparece entre os doadores da Geração Z: 52% se dizem disposto a doar mais. Positivo também que 93% dos não doadores disse que poderia passar a doar, uma grande variação em relação a 2020, quando apenas 57% estavam dispostos a isso. O gatilho para a mudança de atitude, entretanto, dividiu opiniões. 28% disseram que passaria a doar se tivesse mais dinheiro, 13% indicaram que gostaria de saber como o dinheiro está sendo usado e, 12%, que deseja conhecer uma ONG em que confie.

“Um dado que me chamou muita atenção, e que me deu muita alegria, é o fato de que 93% dos não doadores podem mudar de lado (…) Esse número é fruto do trabalho de muitas organizações trabalhando para que isso acontecesse”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS, durante evento de lançamento da Pesquisa.

METODOLOGIA

A Pesquisa Doação Brasil 2022 foi realizada entre 03 de maio a 13 de junho de 2023 a partir de uma abordagem quantitativa, com a realização de 1.508 entrevistas telefônicas. A amostra é representativa do cenário nacional e a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Perfil dos participantes

  • Homens e mulheres
  • Classe: ABC
  • Idade: maiores de 18 anos
  • Renda familiar superior a 1 salário mínimo

 

REALIZAÇÃO E APOIADORES

A Pesquisa Doação Brasil 2022 é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e da CAF – Charities Aid Foundation. A realização é da Ipsos e conta com o apoio do Instituto Beja, Movimento Bem Maior, Raízen, Instituto ACP, Instituto Galo da Manhã, Instituto MOL, Doare e Instituto Phi. Contribuíram também os filantropos Luis Stuhlberger e Teresa Bracher.

Nova edição da Pesquisa Doação Brasil acompanha evolução do tema

A Pesquisa Doação Brasil tem como objetivo avaliar a percepção e a prática de doação dos brasileiros. A primeira edição foi realizada em 2015, quando não havia qualquer dado sobre o comportamento do doador individual. A pesquisa nos permitiu identificar que 46% da população brasileira, naquele ano, havia feito alguma doação em dinheiro para organizações sociais, e a projeção do volume total doado por pessoas físicas foi de R$ 13,7 bilhões. Desde então, consolidou-se como a principal fonte sobre este tema no país, permitindo identificar o perfil do doador, motivações, a causas preferidas, a percepção sobre as doações, as barreiras para a doação, entre outros aspectos que contribuem para compreendermos este cenário.

Entrevista da CEO do IDIS, Paula Fabiani, ao Jornal Nacional sobre a Pesquisa Doação Brasil 2020

Entrevista da CEO do IDIS, Paula Fabiani, ao Jornal Nacional sobre a Pesquisa Doação Brasil 2020

Prevista para ser realizada a cada cinco anos, a segunda edição aconteceu em 2020, coincidindo com o início da pandemia de Covid-19 e com o agravamento da crise socioeconômica, que já vinha afetando o país. Naquele ano, o volume total de doações caiu para R$ 10,3 bilhões e a participação da população também foi reduzida, posto que pessoas que antes doavam, passaram à categoria de beneficiários. Por outro lado, a percepção sobre a doação e o papel transformador das organizações sociais cresceu, apontando para o fortalecimento da cultura de doação. Importante notar também, que entre 2015 e hoje, a tecnologia evoluiu muito no sentido de facilitar as doações, agentes de peso começam a entrar no ‘jogo’, como o iFood, a cobertura da imprensa tem sido intensa e há uma crescente identificação das pessoas com causas.

Essas transformações levaram a um debate sobre a periodicidade da pesquisa. Os dados são fonte para a incidência do campo, para o debate sobre políticas públicas, para planejamentos de captação de recursos por organizações. A prática mostrou a importância de acompanharmos mais de perto a evolução, e trazer insights que contribuam para a tomada de decisão. A partir de agora, a Pesquisa Doação Brasil passa a ser bienal e a próxima edição refletirá o ano de 2022.

Em sua terceira edição, a Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa do IDIS e da CAF – Charities Aid Foundation. A captação para o projeto está aberta, sendo que a Raízen já confirmou o primeiro apoio.

Deseja apoiar a realização deste estudo e contribuir para a Cultura de Doação no Brasil? Entre em contato via comunicacao@idis.org.br e saiba mais informações.

O que é filantropia?

Filantropia é um conceito antigo, cujo significado vem se transformando ao longo dos séculos. A expressão é formada por duas palavras gregas. A primeira é filos, que quer dizer afeição, amor. E a segunda é antropo, que quer dizer homem, humanidade. Portanto, ao pé da letra, filantropia é ‘amor pela humanidade’.

No decorrer do tempo, porém, passamos a entender filantropia como ‘ações realizadas em favor do próximo, ou do bem público’. Talvez você esteja se perguntado: por que não chamamos de filantropo todo mundo que faz doações, que faz trabalho voluntário, que doa bens, enfim, que ajuda os outros?

Porque existe uma diferença entre quem pratica a caridade e quem faz filantropia. As pessoas que praticam a caridade estão buscando aliviar o sofrimento dos outros, enquanto a tendência da filantropia é tentar resolver o problema que está causando o sofrimento.

Conheça aqui as Perspectivas da Filantropia no Brasil 2023

Como solucionar a origem do problema quase sempre exige mais recursos e mais tempo, os ‘chamados’ filantropos costumam ser pessoas com maior poder aquisitivo. Por isso, quando pensamos em filantropos, logo lembramos dos grandes milionários. Um dos maiores exemplos atuais de filantropo é Bill Gates, criador da Microsoft, que destinou mais de 50 bilhões de dólares para a Fundação Bill e Melinda Gates. Antes dele, houve diversos outros, talvez o mais famoso seja John D. Rockefeller, mais conhecido simplesmente como Rockefeller, que construiu sua fortuna na indústria do petróleo, fez vultuosas doações e criou a Fundação Rockefeller.

 

Filantropia no Brasil

Aqui no Brasil também temos grandes filantropos, ainda que não cultivemos o costume de falar muito a respeito. Um deles é Guilherme Leal, fundador da Natura e de diversas organizações sociais que cobrem as várias causas apoiadas por ele. Outro filantropo brasileiro é Jorge Paulo Lemann, um dos sócios da Ambev, que também criou diversas organizações sociais. Mais recentemente, Elie Horn, fundador da construtora Cyrela, tem surgido como um grande filantropo. Ele foi o primeiro brasileiro a assinar o Giving Pledge, uma declaração de que vai doar, em vida, pelo menos metade de sua fortuna. O Giving Pledge é uma iniciativa lançada por Bill Gates e Warren Buffet, em 2010, que convida bilionários a se comprometerem a doar, no mínimo, 50% de suas riquezas antes da morte. Até outubro de 2021, a iniciativa contava com 224 assinaturas.

Estamos falando sobre pessoas, mas também existe a filantropia corporativa. Em 2020, o Banco Itaú doou R$ 1 bilhão para ajudar no combate à pandemia. É menos comum vermos doações realizadas pelas empresas com um caráter exclusivamente espontâneo e humanitário. As companhias costumam fazer doações estratégicas, alinhadas com sua atuação empresarial ou com públicos de interesse. Mas na pandemia também as empresas precisaram mobilizar em ações assistenciais.

 

Filantropia e Caridade: diferenças e semelhanças

De um modo geral, caridade e filantropia formam uma excelente dobradinha. Uma traz o alívio imediato e a outra trabalha para resolver o problema no longo prazo. E sempre foi assim ao longo da história. A primeira entidade filantrópica no Brasil foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos, fundada em 1543. Naquela época, a caridade e a filantropia estavam fortemente concentradas na Igreja Católica, e permaneceu desse modo, aqui no Brasil, até o século XX, quando ocorreu a separação da Igreja e do Estado, e o surgimento de associações, sindicatos e partidos para defesa dos interesses da sociedade. Essas entidades foram evoluindo e se transformando. Surgiram as Organizações Não Governamentais, conhecidas como ONGs e, que, hoje em dia, são chamadas de OSCs, ou seja, Organizações da Sociedade Civil.

 

Para que serve a filantropia?

Todas essas instituições não têm fins lucrativos e trabalham para defender os interesses da sociedade em diversos campos, desde Saúde e Educação, até Cultura e Meio Ambiente. Para viver e funcionar, elas contam com as doações dos filantropos, das empresas e, eventualmente, de recursos advindos do governo. De acordo com Censo Gife 2018, as doações filantrópicas de institutos, fundações e empresas totalizaram R$ 3,5 bilhões naquele ano. Mas esse número foi muito mais alto em 2020, quando empresas doaram mais de R$ 6 bilhões apenas para o enfrentamento da pandemia de COVID-19, segundo levantamento feito pelo Monitor das Doações.

O longo período de instabilidade que o Brasil atravessou na última década prejudicou bastante o crescimento da filantropia. Mas a onda de solidariedade e empatia, gerada pela pandemia, pode ter virado esse jogo, mostrando a doadores e filantropos, que a responsabilidade por construir uma sociedade melhor para todos e todas está nas mãos de cada um de nós.

Por Andrea Wolffenbuttel, consultora associada do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. 

O IDIS promove anualmente o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira.

No evento a discussão sobre filantropia e investimento social é ampliada e agregada com diversas temáticas que tangem a sociedade. Filantropos, especialistas e grandes investidores sociais contribuem com o debate.

Nos acompanhe nas redes sociais, inscreva-se em nossa newsletter e fique por dentro das novidades do universo da filantropia e do investimento social privado. Basta preencher o formulário abaixo:

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Brasil atinge recorde e está entre os 20 países mais solidários do mundo

World Giving Index revela que a generosidade cresce globalmente. Brasil ocupa 18a posição no ranking

Mais pessoas doaram dinheiro para organizações sociais e ajudaram desconhecidos no ano passado do que em qualquer ano da década anterior, de acordo com o World Giving Index 2022 da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Em todo o mundo, 3 bilhões de pessoas ajudaram alguém que não conheciam, um aumento de aproximadamente meio bilhão em comparação ao período anterior à pandemia. Cerca de 200 milhões de pessoas também doaram dinheiro para organizações da sociedade civil em todo o mundo, com o número de doações aumentando 10% em economias de alta renda.

O World Giving Index é uma das maiores pesquisas sobre doações já produzidas, com quase 2 milhões de pessoas entrevistadas desde 2009. O Índice deste ano inclui dados de 119 países, representando mais de 90% da população adulta global. Três perguntas são feitas a pessoas ao redor do mundo: você ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado?

Clique aqui para baixar a pesquisa completa

Pelo quinto ano consecutivo, o país mais generoso do mundo é a Indonésia, seguida pelo Quênia em segundo lugar. Muitos países de alta renda retornaram ao top 10, depois de ver um declínio acentuado no voluntariado e doações desde 2018, mas que voltou a crescer durante a pandemia. Além dos Estados Unidos em terceiro lugar, Austrália (4), Nova Zelândia (5) e Canadá (8) se juntam aos países mais generosos do mundo.

A Ucrânia ficou em 10º lugar no ranking, subindo de 20º no ano anterior, e é o único país europeu que figura entre os 10 primeiros. A alta pontuação dos dados coletados antes do conflito de 2022 reflete as novas maneiras de engajamento que surgiram na Ucrânia, juntamente com um aumento nos padrões de vida e a necessidade criada pela pandemia.

Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil subiu no ranking geral do World Giving Index, pulando da 54° para a 18° posição. O crescimento aconteceu em todas as categorias de avaliação, sendo ainda mais expressiva na “ajuda a um desconhecido”, no qual o país passou de 36° para o 11° lugar em apenas 12 meses.

O cenário reflete um crescimento do sentimento de solidariedade no Brasil nos últimos anos. Mesmo com dificuldades advindas do contexto socioeconômico atual, a população brasileira demonstra um interesse ativo em ajudar, não necessariamente apenas com doações financeiras, mas também por outros meios como ajudas esporádicas e trabalhos voluntários. Paula Fabiani, CEO do IDIS, destaca que “O Brasil alcançou um patamar histórico no ranking, revelando o fortalecimento da generosidade e da cultura de doação no País”

Segundo Neil Heslop OBE, CEO da Charities Aid Foundation, “A generosidade assume diferentes formas ao redor do mundo, e até mesmo suas definições diferem entre as culturas. O World Giving Index visa mensurar a generosidade expressa por meio de três comportamentos humanos. De forma encorajadora, a pontuação geral do Índice aumentou, indicando que as pessoas em todo o mundo têm se engajado mais em ações generosas do que no ano anterior. Em um cenário econômico, social e político incerto, o World Giving Index melhora nossa compreensão sobre doações globais. A Covid-19 afetou mais os mais pobres e vulneráveis ​​do mundo, o que também interrompeu o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Doadores privados e empresas provavelmente serão chamados para preencher lacunas de financiamento e organizações da sociedade civil precisarão descobrir a melhor forma de direcionar seus recursos limitados para o maior impacto. No entanto, após dois anos difíceis e com mais desafios que provavelmente virão, continuamos a ver grandes exemplos de generosidade global”.

World Giving Index 2022 – top 20 países:

WORLD GIVING INDEX – 2022

Geral Ajuda a um desconhecido Doação em dinheiro Voluntariado

 

Posição Pontuação Posição Pontuação Posição Pontuação Posição Pontuação
Indonésia 1 68% 76 58% 1 84% 1 63%
Quênia 2 61% 7 77% 20 55% 2 52%
Estados Unidos 3 59% 4 80% 9 61% 7 37%
Austrália 4 55% 34 69% 6 64% 20 33%
Nova Zelândia 5 54% 46 66% 10 61% 14 34%
Mianmar 6 52% 83 55% 2 73% 36 28%
Serra Leoa 7 51% 1 83% 76 27% 3 44%
Canadá 8 51% 50 65% 13 59% 33 29%
Zâmbia 9 50% 18 74% 53 35% 4 43%
Ucrânia 10 49% 13 75% 29 47% 54 24%
Irlanda 11 49% 87 55% 14 59% 21 32%
Tailândia 12 48% 58 64% 8 62% 75 19%
República Tcheca 13 48% 54 64% 21 55% 52 24%
Nigéria 14 48% 5 79% 73 29% 13 35%
Emirados Árabes Unidos 15 47% 48 65% 18 56% 70 21%
Polônia 16 47% 45 66% 26 50% 45 25%
Reino Unido 17 47% 97 52% 5 65% 55 24%
Brasil 18 47% 11 76% 38 41% 48 25%
Guiné 19 47%% 26 72% 52 35% 15 33%
Filipinas 20 47% 15 75% 79 26% 6 39%

Notas:

  • Acesse o estudo completo em clicando aqui;
  • Metodologia: O CAF World Giving Index é baseado em dados da World View World Poll da Gallup, que é um projeto de pesquisa em andamento realizado em mais de 100 países e, juntos, representam mais de 90% da população adulta mundial. A pesquisa faz perguntas sobre muitos aspectos diferentes da vida hoje, incluindo comportamento de doação. Os países pesquisados ​​e as perguntas feitas em cada região variam de ano para ano e são determinados pela Gallup. Mais detalhes sobre a metodologia da Gallup podem ser vistos online.
  • O World Giving Index 2022 foi lançado em 22 de setembro, durante a 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em um evento em Nova York para discutir o papel do setor privado no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

 

SOBRE A CAF – CHARITIES AID FOUNDATION

A Charities Aid Foundation é um grupo de três organizações sociais sediadas no e Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, especializadas em doações internacionais seguras e eficazes. Juntos, trabalhamos com empresas e filantropos para apoiá-los e garantir que o dinheiro alcance as causas centrais de suas estratégias de investimento social privado. No Reino Unido, a CAF também opera o CAF Bank, oferecendo serviços bancários dedicados ao apoio a mais de 14.000 organizações sociais sediadas no Reino Unido. Por meio da rede CAF International, está presente em todos os continentes, sendo o IDIS o representante na América Latina.

 

Clique aqui para baixar a pesquisa completa

Descubra Sua Causa: teste incentiva engajamento social com conteúdo leve e informativo

Plataforma ganha nova edição e é fruto da parceria entre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Instituto MOL

 

Todos nós somos agentes de transformação e podemos fazer do mundo um lugar melhor, o primeiro passo é descobrir quais são as causas que nos movem. Em 2018, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social criou o Descubra Sua Causa, um teste para ajudar nessa busca e incentivar doações para organizações sociais da sociedade civil. Para acompanhar as mudanças sociais dos últimos quatro anos, o IDIS firmou parceria com o Instituto MOL e, juntos, acabam de lançar a segunda versão do teste com nova plataforma, conteúdos e possibilidades de engajamento.

Na versão original, os resultados do teste eram expressos na identificação com cinco personagens: Flora (meio ambiente e animais), Nelson (educação, cultura e diversidade), Beto (esporte e cidades sustentáveis), Catarina (ciência e saúde) e Yama (geração de renda e empreendedorismo). O Descubra Sua Causa agora apresenta dez resultados possíveis, em formato de alegorias, novas possibilidades de engajamento – como pessoas para seguir, dicas de séries, livros e ações – e uma newsletter mensal para receber conteúdos exclusivos que acompanham a jornada de defensores de causas, voluntários e doadores.

“O Descubra Sua Causa foi nossa forma de contribuir com o fortalecimento da cultura de doação no Brasil. O brasileiro é solidário, mas não havia muito conhecimento sobre como agir, nem uma reflexão mais profunda sobre as causas com as quais se identificavam. O engajamento evoluiu em 4 anos e o novo teste acompanha essa mudança”, afirma a CEO do IDIS, Paula Fabiani.

A equipe do Instituto MOL reformulou as perguntas do teste e a mecânica de pontuação, além das causas apresentadas, baseando-se em sua experiência no terceiro setor, no acompanhamento das principais tendências de comportamento da sociedade brasileira e em conversas com especialistas da área. A ideia é que a pessoa se identifique com as situações propostas e escolha uma opção de forma leve e descontraída.

“Queremos mostrar que o envolvimento com causas sociais é uma forma prazerosa de promover mudanças significativas em diferentes áreas. A doação, seja de recursos ou de tempo – via voluntariado – é uma forma eficaz de atingir esse objetivo. Também queremos mobilizar as pessoas para que compartilhem o teste e ajudem a transformar a realidade”, explica a gerente executiva do Instituto MOL, Vanessa Henriques.

Segundo a Pesquisa Doação Brasil 2020, publicada pelo IDIS, de 2015 e 2020, o percentual de doadores de todos os tipos (dinheiro, bens e trabalho voluntário) caiu no Brasil. Enquanto em 2015, 77% da população havia feito algum tipo de doação, em 2020, o percentual ficou em 66%. Quando se trata de organizações/iniciativas socioambientais, a redução foi de 46% para 37%. Apesar do encolhimento na prática, a população brasileira vê de forma cada vez mais positiva a doação. Mais de 80% da sociedade acredita que o ato de doar faz diferença, e entre os não doadores, essa concordância atinge 75%.

Sugestões para doar

Ao fazer o teste do Descubra Sua Causa, os respondentes também encontram indicações de organizações da sociedade civil para as quais podem doar. A lista deu preferência às iniciativas que receberam o Prêmio Melhores ONGs e o Selo Doar ou foram indicadas pelos especialistas consultados durante a produção do teste. As sugestões serão atualizadas periodicamente, para que outras iniciativas sejam conhecidas.

O lançamento do novo Descubra Sua Causa é o primeiro projeto colaborativo entre Instituto MOL e IDIS. “A gente percebe no Instituto MOL uma capacidade de comunicação mais ampla. Ele tem um conhecimento mais profundo e, portanto, tem como traçar estratégias e lançar uma plataforma com um potencial muito maior. O Descubra Sua Causa, em um curto espaço de tempo, atingiu 300 mil pessoas e eu espero que a gente possa repetir essa marca com esse novo lançamento. A possibilidade de fazer essas colaborações representa um espaço muito rico para o desenvolvimento do setor e da sociedade”, conclui Paula Fabiani.

Para fazer o teste, basta clicar aqui!
A iniciativa também está presente nas redes sociais, com perfis no Instagram e no Facebook.

 Sobre o IDIS

O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) é uma organização da sociedade civil que tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhando junto a famílias, empresas e outras organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto. Saiba mais.

Sobre o Instituto MOL

O Instituto MOL é uma organização da sociedade civil criada para incentivar a cultura de doação no Brasil. Nascemos da iniciativa dos fundadores da premiada Editora MOL, em 2020, e hoje somos o braço sem fins lucrativos do Grupo MOL. Percebemos que nosso conteúdo — sempre com qualidade, transparência e tom positivo — poderia alçar voos mais altos ao contribuir para o impulsionamento da causa das causas: a cultura de doar mais e melhor, e falar sobre isso sem nenhum constrangimento. Um dos projetos do Instituto é o podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa!, que traz conversas necessárias sobre cultura de doação, filantropia e responsabilidade social. Os empreendedores sociais e sócios do Grupo MOL Roberta Faria e Artur Louback recebem convidados inspiradores, comentam notícias, analisam números de pesquisas e compartilham ideias criativas para fazer boas ações. Saiba mais.

Com confiança e estratégia, a solidariedade é ainda mais forte!

Paula Fabiani – CEO do IDIS
Texto publicado originalmente pela Folha de São Paulo em 21/08/2022

O brasileiro é conhecido por ser um povo solidário, mas até recentemente, não tínhamos dados para afirmar se existia, de fato, uma cultura de doação no país. Em 2015, a primeira edição da Pesquisa Doação Brasil, realizada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, relevou que mais de três quartos da população havia feito uma doação – seja dinheiro, bens ou tempo, na forma de voluntariado. A segunda edição, com dados de 2020, constatou que as classes mais privilegiadas passaram a se engajar mais e a percepção geral sobre doação passou a ser mais positiva. Por outro lado, metade dos entrevistados disse não conhecer o papel das organizações da sociedade civil (OSCs) e 33% afirmou não ter certeza se o ato de doar faz alguma diferença. Naquele ano, doações em dinheiro a OSCs somaram R$ 10,3 bilhões, o equivalente a 0,14% do PIB.

Se por um lado constatamos que existe engajamento, também identificamos espaço para crescer e amadurecer. Em relação a outros países, em 2021, o Brasil se encontrava na posição 54 entre 114 nações na prática da solidariedade, segundo o World Giving Index, publicado pela britânica Charities Aid Foundation.

Quando consideramos o investimento social de empresas e famílias, os levantamentos também mostram mudanças. Durante a pandemia, os recursos investidos em causas atingiram seu recorde. De acordo com o Censo GIFE 2020, o montante total investido foi de R$ 5,3 bilhões – aumento de 53% em relação a 2018. Apesar do grande volume, ele não foi igualmente distribuído. Naquele ano, enquanto mais de três quartos dos entrevistados financiaram projetos nas áreas de Educação e Assistência, em especial em ações para o enfrentamento da Covid-19, menos da metade investiu em causas de grande relevância para o país como Meio Ambiente, Defesa de Direitos e Democracia e, apenas 36%, em Fortalecimento da Gestão Pública ou em Ciência e Tecnologia. Mais uma vez, os dados mostram que há possibilidades de evolução.

É preciso um olhar estratégico na prática da filantropia para que ela seja poderosa e transformadora. É preciso focar em sanar as causas dos problemas socioambientais, e não apenas seus efeitos. E essa tomada de consciência é necessária em toda a sociedade. A boa notícia é que estamos dando passos importantes nessa direção. Durante a pandemia de Covid-19, muitos doaram para aliviar o sofrimento dos grupos mais vulneráveis, uma abordagem assistencialista extremamente necessária naquele momento. Por outro lado, diversos doadores sabiam a mudança que queriam provocar, e desenvolveram tecnologias e caminhos inovadores para gerar impacto positivo. Doaram com rapidez e confiança nas OSCs. E as entidades beneficiárias responderam criando redes de apoio para levar ajuda a todos que precisavam.

Esse momento raro, do casamento da confiança com a estratégia, trouxe frutos maravilhosos e modificou a maneira como atuamos. Ouso acreditar que corporações e famílias com mais recursos ainda estão sob o efeito mágico produzido pelas transformações que foram capazes de gerar. E buscam evoluir na sua prática filantrópica, refletindo, monitorando e avaliando o impacto produzido na sociedade.

Testemunhamos um número crescente de empresas preocupadas com agenda ASG (ambiental, social e governança). Por parte das famílias mais privilegiadas, ainda que sutil, vemos um aumento da constituição de fundos patrimoniais filantrópicos, instrumento que permite perenizar o investimento social. Acompanhamos também o surgimento de ações colaborativas, fundamentais para acelerar mudanças socioambientais em linha com os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O debate sobre a importância da filantropia foi impulsionado pela pandemia, e correntes de solidariedade surgiram em todo país. Vemos que a confiança e as estratégias estão amadurecendo, na medida em que aprendemos que o ato de doar tem o poder de mudar realidades. Mas, se quisermos realmente contribuir para a redução das desigualdades sociais no país, precisaremos da união entre empresas de todos os setores e portes, organizações da sociedade civil, governos e todos os brasileiros e brasileiras. O caminho é longo, mas o fundamental já temos, que é a solidariedade e o desejo de um Brasil justo e sustentável.

WGI 2021 mostra as mudanças no mapa de doações no mundo

Pela primeira vez, 5 das principais economias ocidentais saíram do Top 10 dos países
mais generosos. Por outro lado, houve recorde no número de pessoas que ajudaram um desconhecido: mais de 3 bilhões de pessoas.

Acesse a pesquisa completa do World Giving index 2021 gratuitamente clicando aqui.

 

Segundo o World Giving Index (WGI) o país mais generoso em 2021 é a Indonésia, com uma pontuação de 69, acima dos 59 na última vez em que um Índice anual foi publicado em 2018, quando também ficou em primeiro lugar. Mais de oito em cada 10 indonésios doaram dinheiro este ano e a taxa de voluntariado do país é mais de três vezes a média global. Em segundo lugar vieram o Quênia e em terceiro a Nigéria.

 

O Ranking Global de Solidariedade é uma iniciativa da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Conduzido desde 2009, já entrevistou mais de 1,6 milhão de pessoas e faz a cada uma delas três perguntas: você ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado? Nesta edição, foram incluídos os dados de 114 países, representando mais de 90% da população adulta global. Foram entrevistadas pessoas acima de 15 anos, nível de confiança da pesquisa é de 95%.

 

A pesquisa deste ano destaca o impacto do lockdown em países que por anos lideraram o ranking da generosidade:  Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Irlanda e Países Baixos tiveram todos uma queda significativa em suas pontuações. Apenas Austrália e Nova Zelândia, onde a pesquisa foi realizada nas semanas anteriores ao início da primeira onda da pandemia, mantiveram-se entre as 10 primeiras colocações.

 

Confira o gráfico dos países mais generosos do mundo. (Fonte: World Giving Index 2021)

 

Um ponto a se destacar em tempos de coronavírus, é o número recorde de pessoas que relataram que ajudaram um desconhecido em 2020. Segundo a CAF, 55% da população adulta do mundo ajudou um desconhecido no ano passado, o equivalente a mais de 3 bilhões de pessoas. Seis dos 10 países que mais se destacaram em relação a esta variável estão localizados na África.

 

Também cresceu o número de pessoas que doaram dinheiro em 2020, atingindo o maior patamar nos últimos cinco anos – 31% -, enquanto os níveis de voluntariado em 2020 permaneceram relativamente inalterados em nível global.

 

Neste ano, o Brasil ficou em 540 lugar no ranking, subindo 14 posições em relação aos dados de 2018 e 20 posições em relação a sua posição média nos últimos 10 anos.

 

Segundo Paula Fabiani, CEO do IDIS “A generosidade no mundo aumentou, em especial nas economias com pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Este movimento de cuidar do próximo e realizar doações precisa continuar para enfrentarmos os efeitos perversos da pandemia e acelerar a melhoria do bem-estar de quem mais precisa”.

 

Para Neil Heslop, diretor executivo da CAF, o World Giving Index deste ano revela o potencial não aproveitado de apoio às organizações sociais como resultado do lockdown em todo o mundo, em especial nos países desenvolvidos.

 

Para ele, a generosidade sem dúvida salvou muitas vidas, mas para instituições sem fins lucrativos que dependem de eventos de arrecadação de fundos, de doações espontâneas em dinheiro ou de um exército de voluntários, o fechamento de economias teve um impacto profundo e será duradouro.

 

A CAF ainda destaca no relatório deste ano que ainda há um grande trabalho a ser feito para reconstruir sociedades devastadas pela perda de recursos para as organizações sociais.

DESTAQUES DA EDIÇÃO

  • Vários países subiram no índice e fizeram sua primeira aparição no top 10, incluindo Nigéria, Gana, Uganda e Kosovo – mas embora suas pontuações gerais de doações tenham aumentado um pouco, sua ascensão no Índice foi impulsionada também pelo declínio de outros países.

 

  • Comunidades em todo o mundo se mobilizaram para ajudar os cidadãos conforme a pandemia se instalou, resultando nos maiores números de ‘ajudou a um estranho’ desde que o índice foi lançado pela primeira vez em 2009.

 

  • Mais da metade (55%) dos adultos do mundo – ou 3 bilhões pessoas – relataram ajudar alguém que não conheciam em 2020. O Brasil atingiu seu recorde neste indicador, com 63% de brasileiros ajudando um estranho.

 

  • Da mesma forma, mais pessoas doaram dinheiro em 2020 do que nos últimos cinco anos (31%). O Brasil também teve o seu melhor percentual dos últimos 5 anos com 26% brasileiros doando para uma organização.

 

  • Os níveis de voluntariado em 2020 permaneceram praticamente inalterados em nível global, assim como no Brasil (15%).

 

  • O Japão ocupou o último lugar do WGI, como o país menos generoso do mundo.

 

  • No relatório especial do 10º aniversário do WGI, divulgado em 2019, os Estados Unidos da América foram o país mais generoso do mundo na década anterior e sete das 10 nações mais generosas estavam entre as mais ricas do mundo.

 

Acesse a pesquisa completa do World Giving index 2021 gratuitamente clicando aqui.

 

 

Confira os resultados da Pesquisa Doação Brasil 2020

Promovida pelo IDIS, a Pesquisa Doação Brasil 2020 é o mais amplo estudo sobre a prática da doação individual no País. Os resultados da segunda edição, realizada pelo instituto de pesquisas Ipsos, revelam o impacto da longa crise econômica e da pandemia sobre a doação dos brasileiros. Ao comparar os dados de 2015 com os de 2020, vemos que a doação encolheu no Brasil, em todas as suas formas, desde a doação em dinheiro, até a doação de bens e de tempo (trabalho voluntário).

 

Baixe a publicação completa: bit.ly/doacaobr2020

Visite o site pesquisa: https://pesquisadoacaobrasil.org.br

 

Enquanto em 2015, 77% da população havia feito algum tipo de doação, em 2020, o percentual ficou em 66%. Quando se trata de doação em dinheiro, a proporção caiu de 52% para 41%. E no caso de doações para organizações/iniciativas socioambientais, a redução foi de 46% para 37%.

Sobre os achados da Pesquisa, Paula Fabiani, CEO do IDIS, comenta: “Apesar da queda das doações, a Cultura de Doação se fortaleceu nos últimos cinco anos. A sociedade está mais consciente da importância da doação e tem uma visão muito mais positiva das organizações da sociedade civil e seu trabalho. As classes mais privilegiadas demonstraram maior grau de solidariedade e responderam à crise de 2020 doando mais.

Cerca de 650 pessoas acompanharam o evento de lançamento pelo Zoom e ao vivo pelo YouTube do IDIS. Desde então, a pesquisa tem sido destaque na imprensa nacional.

Assista ao evento de lançamento na íntegra:

 

Pesquisa Doação Brasil 2020

 

INFLUÊNCIA DA RENDA

Ao analisar a composição dos dados, fica claro que as alterações se deram por conta da prolongada crise econômica dos últimos anos, agravada pela pandemia e pelo cenário de incerteza para o futuro. Observamos que a doação de dinheiro para organizações/iniciativas socioambientais encolheu muito entre as classes menos favorecidas (de 32% para 25% entre 2015 e 2020, na faixa com renda familiar até 2 salários mínimos) e cresceu significativamente entre as classes com mais alta renda (de 51% para 58%, nas classes com renda familiar entre 6 e 8 salários mínimos, e de 55% para 59% entre as classes com renda familiar acima de 8 salários mínimos). Essas classes doaram mais em 2020 do que haviam feito em 2015.

 

VALOR DA DOAÇÃO

Em 2020, menos brasileiros doaram a organizações da sociedade civil e o valor doado caiu. Em 2015, a mediana* do valor anual doado por pessoa era de R$ 240 e em 2020, caiu para R$ 200.

Essa redução teve forte impacto sobre o montante total das doações. Em 2015, o valor total doado pelos indivíduos foi de R$ 13,7 bilhões, o que correspondia a 0,23% do PIB. Em 2020, somou R$ 10,3 bilhões, equivalentes a 0,14% do PIB desse ano.

(*) A mediana é preferida para estimar o valor total doado porque ela considera os valores mais praticados pela sociedade e despreza os valores extremos, ou seja, as doações muito altas ou muito baixas, que deturpam a média.

 

CAUSAS MAIS SENSIBILIZADORAS

O efeito da pandemia mudou as prioridades dos brasileiros, quando se trata de causas. Enquanto em 2015 Saúde e Crianças ocupavam os primeiros lugares na preferência dos brasileiros, em 2020, o Combate à Fome e à Pobreza foi citado por 43% da população como sendo a causa mais sensibilizadora, seguida por Crianças, Saúde e Idosos.

Duas outras causas também ganharam muitos adeptos nos últimos cinco anos – o Combate ao Abandono e Maus-tratos de Animais, e os Moradores de Rua. Ambas haviam pontuado muito pouco em 2015, mas aparecem no ranking de 2020, em quinto e sexto lugar, respectivamente.

 

PERCEPÇÃO SOBRE A DOAÇÃO

Apesar do encolhimento na prática, a população brasileira vê de forma cada vez mais positiva a doação. Mais de 80% da sociedade acredita que o ato de doar faz diferença, e entre os não doadores, essa concordância atinge 75%.

O conceito de que a doação faz bem para o doador cresceu significativamente, de 81% para 91% da população, atingindo uma maioria quase absoluta.

Outro aspecto positivo é que a ideia de que o doador não deve falar que faz doações está perdendo força. Em 2015, ela contava com a concordância de 84% da população e, em 2020, o percentual caiu para 69%. Este é um ponto especialmente importante porque o falar sobre a doação estimula sua prática, traz inspiração, esclarece temores e desperta o interesse de outras pessoas.

 

PERCEPÇÃO SOBRE AS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

A opinião dos brasileiros sobre as organizações da sociedade civil, mais conhecidas como ONGs, evoluiu muito nos últimos cinco anos.

A noção de que as ONGs são necessárias no combate aos problemas socioambientais recebe a adesão de 74% da população, enquanto em 2015, essa concordância estava em 57%.

A afirmação ‘Percebo que a ação das ONGs leva benefícios a quem realmente precisa’ conta com a concordância de 67% da população, e em 2015, esse índice era de 47%.

O reconhecimento de que as ONGs fazem um trabalho competente é indicado por 60% da população, e em 2015, só 44% pensavam desse modo.

O maior destaque, porém, fica com o crescimento da confiança nas ONGs. 45% da população concorda que as ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que aplicam. Em 2015, apenas 28% se mostravam de acordo com a afirmação.

OUTROS DESTAQUES

A longa crise econômica que o País atravessa afetou muito as doações;

Parte da população mais pobre, que doava em 2015, deixou de doar e passou a precisar de doações;

Em compensação, as classes de maior renda doaram mais em 2020 do que em 2015;

A doação é vista de forma muito positiva pela população como um todo, e aumentou a percepção de que as pessoas devem falar que fazem doação;

A imagem das ONGs melhorou muito junto à sociedade brasileira.

 

Baixe a publicação completa: bit.ly/doacaobr2020

Visite o site pesquisa: https://pesquisadoacaobrasil.org.br

 

Escute também o podcast “Aqui se Faz, Aqui se Doa” sobre a pesquisa:

REALIZADORES E APOIADORES

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, realizada pela Ipsos e com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Fundação Tide Setúbal, Instituto ACP, Instituto Galo da Manhã, Instituto Mol, Instituto Unibanco, Itaú Social, Mercado Pago e Santander.

Como entender os dados sobre doações de indivíduos no Brasil

Produzir e divulgar dados sobre as organizações da sociedade civil é uma recomendação que aparece em três das cinco diretrizes para a promoção da cultura de doação. É normal que seja assim. Quanto mais sabemos sobre um tema, mais entendemos e mais conseguimos atuar sobre ele.

Mas muitas vezes, o que dificulta não é a falta de dados, senão a existência de diversas pesquisas, com resultados aparentemente conflitantes, a respeito de um mesmo assunto.

Isso acontece com as diferentes pesquisas sobre doação de indivíduos no Brasil. Para quem trabalha no tema, é fácil entender as características de cada levantamento, mas para quem está de fora, acaba parecendo confuso.

Vou contar a origem dessas pesquisas e como cada uma pode ser interpretada.

World Giving Index (WGI)

É uma pesquisa global anual, realizada pela britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, cujo intuito é criar um ranking de países classificados de acordo com o grau de solidariedade de cada população.

Para calcular o grau de solidariedade, são feitas três perguntas simples, que podem ser aplicadas em todos os países, independentemente das diferenças culturais.

1)     Você doou dinheiro para alguma organização social no último mês?

2)    Você ajudou algum desconhecido no último mês?

3)   Você fez trabalho voluntário para alguma organização social no último mês?

O que caracteriza essa pesquisa? Foco em organizações sociais (não levam em consideração igrejas, partidos políticos, etc). Foco no último mês, porque dá mais precisão, já que a resposta está fresca na memória.

Só que essas duas características restringem o volume de respostas positivas. Portanto, a tendência do WGI é dar um resultado baixo. Mas o interessante dessa pesquisa não é ver o percentual, é comparar a posição de um país com o outro.

Então, minha recomendação é que você use o WGI sempre que precisar comparar o Brasil com outras nações.

Pesquisa Doação Brasil

Esta pesquisa, realizada a cada cinco anos pelo IDIS, tem um objetivo completamente diferente: quer traçar um retrato amplo e profundo do doador e do não doador brasileiro. Ela tem a vantagem de ser feita por uma instituição brasileira, ou seja, os organizadores conhecem nossa realidade.

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL 2020

A Pesquisa Doação Brasil também se restringe a mensurar as doações e o trabalho voluntário para organizações sociais. Mas em vez de cobrir o último mês, ela cobre o ano anterior inteiro.

Esta é a pesquisa mais rica e confiável que existe sobre doação de indivíduos no Brasil, mas tem o problema de só ser realizada a cada cinco anos. Até o momento, existem apenas duas edições, a de 2015 e a de 2020, que, em breve vai ficar defasada.

Mesmo assim, se você quer mergulhar no mundo da doação de indivíduos no Brasil, escolha a Pesquisa Doação Brasil.

Brasil Giving Report

Quando o IDIS fez a primeira Pesquisa Doação Brasil, em 2015, a Charities Aid Foundation (CAF) achou o material tão rico e interessante, que decidiu produzir um estudo parecido para os escritórios de sua rede (África do Sul, Austrália, Brasil, Índia e Rússia).

Para viabilizar anualmente esse estudo, a CAF precisou fazer um número reduzido de perguntas e, mais uma vez, padronizá-las para diferentes realidades.

Considerando as ações realizadas nos últimos doze meses, o Giving Report optou por ampliar a abrangência das atividades mapeadas, incluindo doações e voluntariado para instituições religiosas e ativismo político.

Essas alterações tiveram o efeito de aumentar o volume de respostas positivas, portanto, a tendência do Brasil Country Report é apresentar resultados melhores.

A grande vantagem do Brasil Giving Report é que ele se repete todos os anos, então, se você quer acompanhar a evolução do comportamento doador no Brasil, esta é a pesquisa.  

Recomendação final

Espero ter conseguido ajudar um pouco aqueles que procuram entender melhor os dados sobre doação individual no Brasil e, antes de terminar, deixo uma última recomendação: não compare os resultados de uma pesquisa com os de outra porque elas utilizam metodologias diferentes e chegam a números diferentes. Procure sempre comparar os resultados de diferentes edições de uma mesma pesquisa. Assim você terá a garantia de chegar a resultados seguros!

Boa sorte!

 

Por Andréa Wolffenbüttel, Consultora Associada ao IDIS e membro do Comitê Coordenador do MCD, em artigo publicado originalmente no LinkedIn Movimento por uma Cultura de Doação

Edital da Água: 4ª edição recebe inscrições para desenvolvimento de projetos para gestão de recursos hídricos

O Instituto Mosaic selecionará 15 ações desenvolvidas por organizações da sociedade civil e instituições de ensino superior para receber investimentos de até R$ 45 mil

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o Instituto Mosaic, entidade social mantida pela Mosaic Fertilizantes, uma das maiores produtoras globais de fosfatados e potássio combinados, abre as inscrições para a quarta edição do Edital da Água, programa que seleciona e incentiva projetos que contribuam com boas práticas de gerenciamento de recursos hídricos e garantam maior disponibilidade de água de qualidade e saneamento para todos. O instituto beneficiará 15 projetos – com investimento de até R$ 45 mil cada – para desenvolvimento de suas atividades.

“Acreditamos que o incentivo a ideias que transformem a comunidade para aprimoramento da qualidade de vida das gerações futuras é primordial para o desenvolvimento humano. É uma grande satisfação poder promover e incentivar uma revolução positiva vinda de projetos de diferentes regiões do Brasil”, comenta Paulo Eduardo Batista, diretor de Performance Social da Mosaic Fertilizantes.

A oportunidade está aberta para propostas provenientes de 35 cidades (lista abaixo) e que sejam voltadas para desenvolvimento científico, pesquisa e teste de novas tecnologias para a boa gestão da água, bem como projetos que engajem e beneficiem diretamente comunidades, como iniciativas de recuperação de nascentes, instalação de sistemas de coleta de águas pluviais, implantação de sistemas tratamento e/ou reuso, limpeza e conservação de áreas preservação permanente, entre outros.

 

Serão priorizadas iniciativas de sucesso implementadas em edições anteriores e projetos que promovam a gestão sustentável da água em benefício de grupos minorizados ou vulnerabilizados, assim como os propostos por organizações lideradas por pessoas que pertençam a esses grupos, entre eles, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras, indígenas ou não brancas e comunidades tradicionais.

 

Com o intuito de atender aos demais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, essa edição do edital também irá selecionar iniciativas que trabalhem para: ODS 2 – acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável; ODS 5 – alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; ODS 8 – promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos; ODS 13 – Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos; e ODS 14 – Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

 

“É gratificante para a CerVivo receber o carinho das pessoas e comunidades impactadas com os projetos realizados por meio do Edital da Água. Somos agradecidos pelas comunidades, escolas, empresas e pessoas que acreditaram em nós e aceitaram fazer parte do nosso trabalho. E firmamos o nosso compromisso em continuar fazendo a diferença em promover um mundo melhor”, afirma Lucimar Gonçalves, presidente da CerVivo.

 

O Edital da Água conta com o apoio técnico do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS, organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), fundada em 1999 com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto.

 

Inscrições Edital da Água 2022

Prazo: de 22 de março, Dia Mundial da Água, até as 18h de 24 de abril

Cidades: BAHIA (BA): Barreiras | Candeias; GOIÁS (GO): Anápolis | Catalão | Ouvidor | Rio Verde; MARANHÃO (MA): São Luís | Balsas; MATO GROSSO (MT): Rondonópolis | Sorriso; MATO GROSSO DO SUL (MS): Campo Grande; MINAS GERAIS (MG): Araxá | Alfenas | Conquista | Delta | Patos de Minas | Patrocínio | Sacramento | Tapira | Uberaba; PARANÁ (PR): Paranaguá; SANTA CATARINA (SC): São Francisco do Sul; SÃO PAULO (SP): Campinas | Cajati | Cubatão | Pariquera-açu | Registro | Jacupiranga | São Paulo; SERGIPE (SE): Barra dos Coqueiros | Capela | General Maynard | Japaratuba | Rosário do Catete; RIO GRANDE DO SUL (RS): Rio Grande

Processo: preencher o formulário de inscrição disponível em https://bit.ly/editalagua2022. 

a planilha de orçamento e cronograma do projeto, disponíveis em www.mosaicco.com.br; reunir os documentos obrigatórios e complementares; e enviar a documentação ao IDIS (editalagua2022@idis.org.br), efetivando a inscrição.

 

Sobre Mosaic Fertilizantes

Com a missão de ajudar o mundo a produzir os alimentos de que precisa, a Mosaic atua da mina ao campo. A empresa entrega cerca de 27,2 milhões de toneladas de fertilizantes ao ano para 40 países, sendo uma das maiores produtoras globais de fosfatados e potássio combinados. No Brasil, por meio da Mosaic Fertilizantes, opera na mineração, produção, importação, comercialização e distribuição de fertilizantes para aplicação em diversas culturas agrícolas, ingredientes para nutrição animal e produtos industriais. Presente em dez estados brasileiros e no Paraguai, a empresa promove ações que visam transformar a produtividade do campo, a realidade dos locais onde atua e a disponibilidade de alimentos no mundo. Para mais informações, visite www.mosaicco.com.br. Siga-nos no Facebook, Instagram e LinkedIn.

 

Instituto Mosaic: transformando a realidade dos territórios onde atuam

Fundado em 2008 e reestruturado em 2019, o Instituto Mosaic tem como objetivo promover o desenvolvimento mútuo e sustentável nas comunidades do nosso entorno. Com isso, buscamos o combate à desigualdade social e a criação de uma rede que promova o bem-estar, a educação de qualidade, a formação de pessoas e o fortalecimento de valores essenciais, como ética, colaboração e responsabilidade. Assim, é possível nutrir uma sociedade brasileira mais digna e justa.

 

Informações para a imprensa, favor contatar:

CDN | mosaic@cdn.com.br

 

 

 

 

 

 

 

Legisladores, é hora de fomentar os fundos patrimoniais no Brasil!

Apesar de positiva e inovadora, a Lei dos Fundos Patrimoniais (nº 13.800/19) foi aprovada com vetos em relação a incentivos fiscais aos doadores de endowments (fundos patrimoniais) e não tratou dos aspectos tributários das organizações gestoras de fundos patrimoniais. O Projeto de Lei 158/2017, em tramitação na Comissão de Educação do Senado Federal, propõe mudar esse cenário.

A sua aprovação fomenta que fundos patrimoniais de instituições apoiadas, públicas ou privadas sem fins lucrativos, avancem na atração de recursos e na sustentabilidade financeira para realizar seus programas, projetos ou iniciativas em prol de causas de interesse público. O projeto propõe incentivos para todas as causas, ampliando o entendimento da atual legislação, que traz incentivos apenas para a área da cultura.

Harvard, Yale, Oxford e Cambridge, por exemplo, são apenas algumas universidades internacionais que possuem fundos patrimoniais já consolidados. Também conhecido como endowments, estas estruturas perpetuam grande quantidade de recursos para uma determinada causa, dado que somente os rendimentos são utilizados. Essa é uma estratégia de financiamento adotada por estas instituições para garantir recursos no longo prazo para pesquisa científica, bolsas de estudos, investimentos em inovação e outros.

No Brasil, Unicamp, Unesp e USP são algumas das instituições de ensino que também adotaram este modelo recentemente. O mesmo movimento é visto para beneficiar outros campos, como saúde ou direitos humanos, e também é uma alternativa para famílias de alta renda que desejam deixar um legado.

Como se sabe, os incentivos fiscais são importantes mecanismos para fomentar práticas e induzir comportamentos que possam gerar benefícios à coletividade, seja para a implementação de uma política pública, desenvolvimento de um setor ou de uma região. Estudos econômicos demonstram que a propensão a doar aumenta com os incentivos fiscais. Tendo em vista o contexto brasileiro envolvendo as doações às organizações da sociedade civil e a existência de uma cultura de doação ainda em desenvolvimento, deve-se priorizar a ampliação do uso de incentivos fiscais pelos doadores, como meio para o necessário financiamento de ações em prol da coletividade[1]. No PL 158/17, que está sendo avaliado pela Comissão de Educação do Senado Federal, prevê-se a ampliação do acesso a incentivos fiscais já presentes no ordenamento jurídico e subutilizados para fundos patrimoniais.

Estados Unidos, Inglaterra e Índia são países onde encontramos incentivos fiscais para doadores que contribuem com os endowments. Tal experiência internacional comprova que a existência de fundos patrimoniais aliado à concessão de incentivos fiscais aos doadores cria um ambiente fértil para o desenvolvimento destes fundos, além de estimular a cultura de doação dentro de um país. Não é à toa que no exterior existem endowments centenários e bilionários em sociedades que colhem frutos bem diferentes dos nossos, em especial nas áreas do ensino, da pesquisa e do desenvolvimento.

Esse estímulo é ainda mais necessário no contexto brasileiro. Segundo dados da Pesquisa Doação Brasil, houve redução no montante total das doações. Em 2015, o valor total doado por indivíduos foi de R$ 13,7 bilhões, o que correspondia a 0,23% do PIB. Esse percentual à época era três vezes maior no Reino Unido (0,73% do PIB) e sete vezes maior nos Estados Unidos (1,67% do PIB) segundo a pesquisa “Sustentabilidade econômica das Organizações da Sociedade Civil: Desafios do ambiente jurídico brasileiro atual”[2]. Em 2020, as doações feitas por brasileiros somaram R$ 10,3 bilhões, equivalentes a 0,14% do PIB brasileiro deste ano, aumentando ainda mais essa discrepância, evidenciando a necessidade de haver incentivos que estimulem a cultura de doação no Brasil.

Os fundos patrimoniais são regulados pela Lei nº 13.800/2019, que sofreu vetos nos dispositivos relacionados aos incentivos fiscais para os doadores. São instrumentos inovadores e promissores para atração de recursos privados de longo prazo, a serem destinados a inúmeras causas de interesse público, e para impactar positivamente a vida de milhares de pessoas. Após 4 anos tramitando no Senado, chegou a hora de aprovarmos o PL 158/17 e fomentar a cultura de doação do país.

 

Flavia Regina de Souza, sócia do Mattos Filho Advogados

Paula Fabiani, CEO do IDIS

Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados

[1] Amaro, Luciano da Silva. Direito Tributário brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 43.

[2] PANNUZIO, Eduardo. Sustentabilidade Econômica das Organizações da Sociedade Civil: Desafios do ambiente jurídico brasileiro atual. São Paulo: GIFE: FGV Direito SP

Este artigo foi publicado originalmente por Migalhas 

Mais que doador, cidadão

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Andréa Wolffenbüttel,  e consultora associada do IDIS

O exercício da democracia educa. Ainda que o processo seja lento e possa gerar erros graves, ele é inexorável. Após mais de trinta anos de regime democrático, os brasileiros já percebem que fazem parte dos problemas nacionais e, além disso, que são responsáveis também pela busca por soluções.

Os dados apresentados na Pesquisa Doação Brasil 2020, realizada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – não deixam dúvidas: 84% dos brasileiros acreditam que as pessoas comuns têm algum grau de responsabilidade pela solução dos problemas sociais e ambientais do país, enquanto há cinco anos, essa proporção era de 61%. O salto foi ainda maior quando se trata da responsabilidade das organizações da sociedade civil (OSCs). Em 2015, somente 27% dos brasileiros esperavam das OSCs soluções para os problemas socioambientais, em 2020, essa parcela cresceu para 86%.

Ver a si próprio e à sociedade civil organizada como capazes de transformar a realidade é uma das principais características definidoras de uma democracia. E apesar de todas as crises, ameaças e dificuldades, esse espírito está amadurecendo no coração do Brasil.

Outros resultados da pesquisa reforçam a conclusão. Setenta por cento da população diz entender o papel das organizações do Terceiro Setor na sociedade e 79% reconhece que elas dependem da colaboração de pessoas e empresas para funcionar. Como consequência, 83% acreditam que doar faz diferença. E o mais curioso é que 75% daqueles que não têm o hábito de doar também concordam. O que leva a crer que eles têm essa postura por outras razões, não por falta de fé no poder da doação para organizações sociais.

As motivações para doar apresentaram, também, um forte caráter de cidadania. Setenta e nove por cento doadores disseram que o fazem porque acreditam que todos devem participar da solução problemas dos sociais. Chama a atenção que, ao analisarmos o recorte por renda, constatamos que essa motivação é mais importante justamente para a faixa mais pobre dos doadores, aqueles que recebem até dois salários mínimos por mês. O mesmo padrão se repete quando a motivação é “porque sinto que posso fazer a diferença ao doar”.

Ao mesmo tempo, os números indicam que a capacidade de doação entre os mais vulneráveis caiu em quase um quarto entre 2015 e 2020. A longa crise econômica e social que o País atravessa transformou muitos doadores em dependentes de doação. Entretanto, durante esse período, as camadas de alta renda compreenderam que precisavam tomar alguma atitude e, no sentido inverso, passaram a doar mais do que faziam há cinco anos.

No último 30 de novembro celebramos o Dia de Doar, ou Giving Tuesday, como é chamado em vários países. É um movimento global para encorajar a generosidade e a solidariedade, e conectar pessoas com causas. E este movimento nunca teve tantos adeptos no setor privado e público no Brasil.

Estamos diante de um processo de tomada de consciência sobre o papel e o poder do cidadão na sociedade, que está acontecendo de forma abrangente, em todas as faixas de renda. Nos faz ter esperanças de que o fantasma do assistencialismo, esteja, por fim, sendo substituído pela força da compreensão de que todos, juntos, somos aptos a contribuir para a solução dos problemas.

Artigo também publicado pela Folha de São Paulo, acesse.  

Paula Fabiani comenta o aumento de pessoas em situação de rua no Jornal Hoje

Como consequência da pandemia, muitas famílias passaram a enfrentar maiores dificuldades financeiras e foram impossibilitadas até mesmo de arcar com despesas básicas, inclusive o aluguel. Esse tema foi um dos assuntos do Jornal Hoje, da TV Globo. Com isso, o número de pessoas em situação de vulnerabilidade social cresceu e é bastante visível em cidades como São Paulo.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, comenta a situação e aborda a dificuldade de organizações sociais que buscam oferecer algum tipo de apoio, mas que enfrentam dificuldades devido a diminuição no número de doações no país.

Segundo Paula, “essas pessoas precisaram se apoiar nos programas do governo que acabaram e agora o que resta são os programas das ONGs que estão tentando ajudar e que estão vendo uma crescente demanda de pessoas, porém não estão experimentando um crescente volume de doações. Então a gente vê as doações caindo e um número de pessoas que precisam desse apoio aumentando”. 

Clique aqui e confira a matéria na íntegra.

Veja também: Queda de doações é destaque no Jornal Nacional

Confira os resultados da Pesquisa Doação Brasil 2020

Promovida pelo IDIS, a Pesquisa Doação Brasil 2020 é o mais amplo estudo sobre a prática da doação individual no País. Os resultados da segunda edição, realizada pelo instituto de pesquisas Ipsos, revelam o impacto da longa crise econômica e da pandemia sobre a doação dos brasileiros. Ao comparar os dados de 2015 com os de 2020, vemos que a doação encolheu no Brasil, em todas as suas formas, desde a doação em dinheiro, até a doação de bens e de tempo (trabalho voluntário).

 

Baixe a publicação completa: bit.ly/doacaobr2020

Visite o site pesquisa: https://pesquisadoacaobrasil.org.br

 

Enquanto em 2015, 77% da população havia feito algum tipo de doação, em 2020, o percentual ficou em 66%. Quando se trata de doação em dinheiro, a proporção caiu de 52% para 41%. E no caso de doações para organizações/iniciativas socioambientais, a redução foi de 46% para 37%.

Sobre os achados da Pesquisa, Paula Fabiani, CEO do IDIS, comenta: “Apesar da queda das doações, a Cultura de Doação se fortaleceu nos últimos cinco anos. A sociedade está mais consciente da importância da doação e tem uma visão muito mais positiva das organizações da sociedade civil e seu trabalho. As classes mais privilegiadas demonstraram maior grau de solidariedade e responderam à crise de 2020 doando mais.

Cerca de 650 pessoas acompanharam o evento de lançamento pelo Zoom e ao vivo pelo YouTube do IDIS. Desde então, a pesquisa tem sido destaque na imprensa nacional.

Assista ao evento de lançamento na íntegra:

 

Pesquisa Doação Brasil 2020

 

INFLUÊNCIA DA RENDA

Ao analisar a composição dos dados, fica claro que as alterações se deram por conta da prolongada crise econômica dos últimos anos, agravada pela pandemia e pelo cenário de incerteza para o futuro. Observamos que a doação de dinheiro para organizações/iniciativas socioambientais encolheu muito entre as classes menos favorecidas (de 32% para 25% entre 2015 e 2020, na faixa com renda familiar até 2 salários mínimos) e cresceu significativamente entre as classes com mais alta renda (de 51% para 58%, nas classes com renda familiar entre 6 e 8 salários mínimos, e de 55% para 59% entre as classes com renda familiar acima de 8 salários mínimos). Essas classes doaram mais em 2020 do que haviam feito em 2015.

 

VALOR DA DOAÇÃO

Em 2020, menos brasileiros doaram a organizações da sociedade civil e o valor doado caiu. Em 2015, a mediana* do valor anual doado por pessoa era de R$ 240 e em 2020, caiu para R$ 200.

Essa redução teve forte impacto sobre o montante total das doações. Em 2015, o valor total doado pelos indivíduos foi de R$ 13,7 bilhões, o que correspondia a 0,23% do PIB. Em 2020, somou R$ 10,3 bilhões, equivalentes a 0,14% do PIB desse ano.

(*) A mediana é preferida para estimar o valor total doado porque ela considera os valores mais praticados pela sociedade e despreza os valores extremos, ou seja, as doações muito altas ou muito baixas, que deturpam a média.

 

CAUSAS MAIS SENSIBILIZADORAS

O efeito da pandemia mudou as prioridades dos brasileiros, quando se trata de causas. Enquanto em 2015 Saúde e Crianças ocupavam os primeiros lugares na preferência dos brasileiros, em 2020, o Combate à Fome e à Pobreza foi citado por 43% da população como sendo a causa mais sensibilizadora, seguida por Crianças, Saúde e Idosos.

Duas outras causas também ganharam muitos adeptos nos últimos cinco anos – o Combate ao Abandono e Maus-tratos de Animais, e os Moradores de Rua. Ambas haviam pontuado muito pouco em 2015, mas aparecem no ranking de 2020, em quinto e sexto lugar, respectivamente.

 

PERCEPÇÃO SOBRE A DOAÇÃO

Apesar do encolhimento na prática, a população brasileira vê de forma cada vez mais positiva a doação. Mais de 80% da sociedade acredita que o ato de doar faz diferença, e entre os não doadores, essa concordância atinge 75%.

O conceito de que a doação faz bem para o doador cresceu significativamente, de 81% para 91% da população, atingindo uma maioria quase absoluta.

Outro aspecto positivo é que a ideia de que o doador não deve falar que faz doações está perdendo força. Em 2015, ela contava com a concordância de 84% da população e, em 2020, o percentual caiu para 69%. Este é um ponto especialmente importante porque o falar sobre a doação estimula sua prática, traz inspiração, esclarece temores e desperta o interesse de outras pessoas.

 

PERCEPÇÃO SOBRE AS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

A opinião dos brasileiros sobre as organizações da sociedade civil, mais conhecidas como ONGs, evoluiu muito nos últimos cinco anos.

A noção de que as ONGs são necessárias no combate aos problemas socioambientais recebe a adesão de 74% da população, enquanto em 2015, essa concordância estava em 57%.

A afirmação ‘Percebo que a ação das ONGs leva benefícios a quem realmente precisa’ conta com a concordância de 67% da população, e em 2015, esse índice era de 47%.

O reconhecimento de que as ONGs fazem um trabalho competente é indicado por 60% da população, e em 2015, só 44% pensavam desse modo.

O maior destaque, porém, fica com o crescimento da confiança nas ONGs. 45% da população concorda que as ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que aplicam. Em 2015, apenas 28% se mostravam de acordo com a afirmação.

OUTROS DESTAQUES

A longa crise econômica que o País atravessa afetou muito as doações;

Parte da população mais pobre, que doava em 2015, deixou de doar e passou a precisar de doações;

Em compensação, as classes de maior renda doaram mais em 2020 do que em 2015;

A doação é vista de forma muito positiva pela população como um todo, e aumentou a percepção de que as pessoas devem falar que fazem doação;

A imagem das ONGs melhorou muito junto à sociedade brasileira.

 

Baixe a publicação completa: bit.ly/doacaobr2020

Visite o site pesquisa: https://pesquisadoacaobrasil.org.br

 

Escute também o podcast “Aqui se Faz, Aqui se Doa” sobre a pesquisa:

REALIZADORES E APOIADORES

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, realizada pela Ipsos e com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Fundação Tide Setúbal, Instituto ACP, Instituto Galo da Manhã, Instituto Mol, Instituto Unibanco, Itaú Social, Mercado Pago e Santander.

Ricardo Amorim faz live sobre importância das doações no Brasil

Para falar do cenário filantrópico brasileiro e desmitificar alguns conceitos sobre o ato de doar, Ricardo Amorim, economista e influencer, promoveu uma live via Instagram junto a organizações do Movimento por Uma Cultura de Doação.

RicardoAmorim_Doacoes

Participaram da conversa Leonardo Letelier (Fundador e CEO da SITAWI Finanças do Bem), Patrícia Lobaccaro (CEO da Mobilize Global) e Joana Mortari (Diretora da Associação Acorde e Co-Criadora do Comitê Coordenador do Movimento por uma Cultura de Doação).

Joana Mortari destacou dados da Pesquisa Doação Brasil, realizada pelo IDIS em 2015, que mostra que 87% dos doadores não acham que se deve falar sobre doação. Ricardo Amorim perguntou às três pessoas convidadas sobre as expectativas da segunda edição da pesquisa Doação Brasil que será lançada esse ano.

Também foram citados dados da pesquisa World Giving Index 2021, da Charities Aid Foundation, que faz um ranking da solidariedade ao redor do mundo. Atualmente o Brasil está na 54º posição em relação a 114 países. Patrícia Lobaccaro também trouxe a novidade desta pesquisa deste ano em que quatro países africanos estão no topo.

Ao longo da conversa, também foram abordados o valor das doações no Brasil, a confiança em organizações da sociedade civil, a motivação das doações e também os planos de incentivar a cultura de doação do Brasil.

Ao final, foram indicadas organizações para quem não sabe por onde começar a doar.

Confira na íntegra:

WGI 2021 mostra as mudanças no mapa de doações no mundo

Pela primeira vez, 5 das principais economias ocidentais saíram do Top 10 dos países
mais generosos. Por outro lado, houve recorde no número de pessoas que ajudaram um desconhecido: mais de 3 bilhões de pessoas.

Acesse a pesquisa completa do World Giving index 2021 gratuitamente clicando aqui.

Para dados mais atualizados, acesse o World Giving Index 2022

Segundo o World Giving Index (WGI) o país mais generoso em 2021 é a Indonésia, com uma pontuação de 69, acima dos 59 na última vez em que um Índice anual foi publicado em 2018, quando também ficou em primeiro lugar. Mais de oito em cada 10 indonésios doaram dinheiro este ano e a taxa de voluntariado do país é mais de três vezes a média global. Em segundo lugar vieram o Quênia e em terceiro a Nigéria.

 

O Ranking Global de Solidariedade é uma iniciativa da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Conduzido desde 2009, já entrevistou mais de 1,6 milhão de pessoas e faz a cada uma delas três perguntas: você ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado? Nesta edição, foram incluídos os dados de 114 países, representando mais de 90% da população adulta global. Foram entrevistadas pessoas acima de 15 anos, nível de confiança da pesquisa é de 95%.

 

A pesquisa deste ano destaca o impacto do lockdown em países que por anos lideraram o ranking da generosidade:  Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Irlanda e Países Baixos tiveram todos uma queda significativa em suas pontuações. Apenas Austrália e Nova Zelândia, onde a pesquisa foi realizada nas semanas anteriores ao início da primeira onda da pandemia, mantiveram-se entre as 10 primeiras colocações.

 

Confira o gráfico dos países mais generosos do mundo. (Fonte: World Giving Index 2021)

 

Um ponto a se destacar em tempos de coronavírus, é o número recorde de pessoas que relataram que ajudaram um desconhecido em 2020. Segundo a CAF, 55% da população adulta do mundo ajudou um desconhecido no ano passado, o equivalente a mais de 3 bilhões de pessoas. Seis dos 10 países que mais se destacaram em relação a esta variável estão localizados na África.

 

Também cresceu o número de pessoas que doaram dinheiro em 2020, atingindo o maior patamar nos últimos cinco anos – 31% -, enquanto os níveis de voluntariado em 2020 permaneceram relativamente inalterados em nível global.

 

Neste ano, o Brasil ficou em 540 lugar no ranking, subindo 14 posições em relação aos dados de 2018 e 20 posições em relação a sua posição média nos últimos 10 anos.

 

Segundo Paula Fabiani, CEO do IDIS “A generosidade no mundo aumentou, em especial nas economias com pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Este movimento de cuidar do próximo e realizar doações precisa continuar para enfrentarmos os efeitos perversos da pandemia e acelerar a melhoria do bem-estar de quem mais precisa”.

 

Para Neil Heslop, diretor executivo da CAF, o World Giving Index deste ano revela o potencial não aproveitado de apoio às organizações sociais como resultado do lockdown em todo o mundo, em especial nos países desenvolvidos.

 

Para ele, a generosidade sem dúvida salvou muitas vidas, mas para instituições sem fins lucrativos que dependem de eventos de arrecadação de fundos, de doações espontâneas em dinheiro ou de um exército de voluntários, o fechamento de economias teve um impacto profundo e será duradouro.

 

A CAF ainda destaca no relatório deste ano que ainda há um grande trabalho a ser feito para reconstruir sociedades devastadas pela perda de recursos para as organizações sociais.

DESTAQUES DA EDIÇÃO

  • Vários países subiram no índice e fizeram sua primeira aparição no top 10, incluindo Nigéria, Gana, Uganda e Kosovo – mas embora suas pontuações gerais de doações tenham aumentado um pouco, sua ascensão no Índice foi impulsionada também pelo declínio de outros países.

 

  • Comunidades em todo o mundo se mobilizaram para ajudar os cidadãos conforme a pandemia se instalou, resultando nos maiores números de ‘ajudou a um estranho’ desde que o índice foi lançado pela primeira vez em 2009.

 

  • Mais da metade (55%) dos adultos do mundo – ou 3 bilhões pessoas – relataram ajudar alguém que não conheciam em 2020. O Brasil atingiu seu recorde neste indicador, com 63% de brasileiros ajudando um estranho.

 

  • Da mesma forma, mais pessoas doaram dinheiro em 2020 do que nos últimos cinco anos (31%). O Brasil também teve o seu melhor percentual dos últimos 5 anos com 26% brasileiros doando para uma organização.

 

  • Os níveis de voluntariado em 2020 permaneceram praticamente inalterados em nível global, assim como no Brasil (15%).

 

  • O Japão ocupou o último lugar do WGI, como o país menos generoso do mundo.

 

  • No relatório especial do 10º aniversário do WGI, divulgado em 2019, os Estados Unidos da América foram o país mais generoso do mundo na década anterior e sete das 10 nações mais generosas estavam entre as mais ricas do mundo.

 

Acesse a pesquisa completa do World Giving index 2021 gratuitamente clicando aqui.

 

 

IDIS convida Eduardo Giannetti para podcast em parceria com Instituto Mol

Inaugurando a participação periódica do IDIS no podcast “Aqui se Faz, Aqui se Doa!”, convidamos o economista Eduardo Giannetti para uma conversa.

Roberta Faria, diretora executiva do Instituto Mol, e Paula Fabiani, CEO do IDIS, guiaram a entrevista, abordando temas como ética e generosidade.

“A gravidade do quadro que nós temos no Brasil precisa contar necessariamente com a participação de empresas, corporações e indivíduos nesse esforço coletivo de melhoria das condições e das oportunidades de vida. Se as pessoas soubessem como elas podem fazer a diferença, muitas vezes a um custo muito pequeno para si, elas poderiam se animar e sair dessa postura extremamente egoísta e fechada do ‘salve-se quem puder’.(…) Para que isso aconteça é preciso mostrar os resultados, ter uma cultura de avaliação dos programas de doação”, comenta Eduardo Giannetti ao longo do encontro.

Ouça agora o podcast realizado pelo Instituto Mol e Movimento Bem Maior: https://bit.ly/podcastidismol

Periodicamente, o IDIS convidará uma personalidade para ser entrevistada e trazer um novo olhar sobre assuntos da cultura de doação no Brasil.  Acompanhe!

Doador brasileiro é mais empático

Sondagem com grupos focais feita pelo IDIS mostra que ‘empatia’ é a palavra mais mencionada pelas pessoas para falar sobre doação

 

O conceito de empatia está mais presente no cotidiano das pessoas. Enquanto em 2015, a palavra mais mencionada para falar sobre doação era ‘solidariedade’, agora a ‘empatia’ ocupou esse lugar. Podemos considerar que a empatia é um sentimento mais profundo do que a solidariedade, rumo ao amadurecimento da Cultura de Doação. Os achados fazem parte de um projeto do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social de produção de conhecimento sobre o tema.

A solidariedade soa mais como uma construção social, baseada em princípios morais, que visa o bem comum e gera compreensão, colaboração e participação. Já a empatia representa a capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro. É uma resposta afetiva, baseada em um propósito interno e genuíno, que gera envolvimento, fusão e conexão.

Essa evolução de um sentimento em relação ao outro pode ser fruto da vivência durante a pandemia, na qual ‘todos estavam na mesma tempestade, mas não no mesmo barco’. Alguns estavam mais bem equipados para enfrentar uma ameaça que paira sobre todos.

 

Novas causas despertam interesse

Outra mudança em relação a 2015 são as causas mais populares. A Proteção aos Animais agora consta no grupo das prediletas, junto com Crianças e Idosos. Em um segundo grupo, estão Saúde, Calamidades, Dependência Química e Moradores de Rua, lembrando que essas duas últimas causas podem ter sido mais citadas porque os entrevistados são moradores da cidade de São Paulo. Em um terceiro grupo, em termos de preferência, aparecem Educação, Esportes e Meio Ambiente.

 

Ser doador é pop

Nos grupos focais, foram considerados ‘doadores’ pessoas que fazem doações financeiras para organizações da sociedade civil. Nesta sondagem, eles foram ouvidos em momentos diferentes de ‘não doadores’.

Um achado interessante da sondagem é que não doadores rejeitam esse rótulo. Argumentam que doam bens, esmola, ajudam amigos em vaquinhas, etc. Todos querem ser vistos como doadores porque o perfil clássico do não doador tem atributos como ruindade, insensibilidade, egoísmo e ganância. O ‘não doador’ passou a ter uma imagem desconfortável na sociedade atual.

Não doadores apoiam-se nesta narrativa como um mecanismo de defesa: não se percebem  e não querem ser percebidos como pessoas ‘ruins’. Eles explicam que só não fazem doações em dinheiro para organizações sociais por desconfiança, falta de dinheiro, experiências negativas ao doar, falta de hábito, falta de merecimento de quem recebe e até mesmo por comodismo.

A sondagem qualitativa é uma etapa preparatória para a aplicação do questionário aos entrevistados da Pesquisa Doação Brasil 2020.

A pesquisa qualitativa foi realizada pela Ipsos a pedido do IDIS por meio de oito grupos de discussão online, com duas horas cada, reunindo homens e mulheres, com idade entre 25 e 60 anos, das classes socioeconômicas A, B e C, e divididos entre doadores e não doadores.

Para efeito desta sondagem, foram considerados doadores apenas aqueles que fazem doações financeiras para organizações da sociedade civil. Os encontros foram realizados entre os dias 18 e 21 de janeiro de 2020 e todos os participantes são moradores da cidade de São Paulo.

 

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL

 

Realização

IDIS

Apoio

Fundação Itaú Social | Instituto Unibanco | Santander

Fundação José Luiz Egydio Setúbal

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento| Fundação Tide Setúbal |Instituto ACP | Instituto Galo da Manhã | Luis Stuhlberger

Parceiros

Instituto MOL | Mercado Livre

 

Faça download completo da Pesquisa Doação Brasil:

Na Jovem Pan, Paula Fabiani explica como o imposto de Renda pode ser doado

No Grupo Jovem PanPaula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, comentou sobre a possibilidade de doação do Imposto de Renda para a saúde, crianças e idosos, por exemplo. Veja na íntegra:

Participe você também, destinando parte de seu IR! Encontre no DescubraSuaCausa organizações sociais que são a sua cara e faça sua doação até 31 de dezembro. Faça o teste aqui: descubrasuacausa.net.br

Saiba como ajudar no combate à pandemia em todo Brasil

Mesmo após um ano desde o início da pandemia do coronavírus no Brasil, as doações ainda são necessárias. Ao testemunhar o colapso da saúde no Amazonas nos últimos dias, a mobilização rápida da sociedade civil evidencia como a solidariedade pode literalmente salvar vidas.

Em 2020, foram mais de R$6,5 bilhões doados por mais de 500 mil doadores para iniciativas de resposta aos impactos da pandemia em todo o país, segundo o Monitor de Doações da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). O levantamento mostra, entretanto, que o volume foi maior nos primeiros meses, com queda acentuada no final do ano.

A COVID-19, entretanto, segue fazendo vítimas por todo o país enquanto observamos o início de uma segunda onda da pandemia em algumas regiões. Mesmo com o início da vacinação, ainda haverá desafios na área da saúde, assistência social e retomada econômica. “Estamos presenciando um amadurecimento da cultura de doação no Brasil. A sociedade e a comunidade filantrópica começam a perceber como este ato solidário é poderoso. Hoje, fazemos um novo chamamento, para intensificar novamente a mobilização e mostrar caminhos seguros para que as doações cheguem a quem precisa”, comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. .

Conheça a seleção que fizemos de algumas das campanhas ainda ativas no combate à pandemia e faça sua doação:

 

SAÚDE

 

  • SO2S Manaus

Organizações promotoras: Movimento UniãoBR, UniãoBR-AM, Instituto Phi, Instituto Nova Amazônia e União Amazônia Viva

Site: www.instagram.com/uniaobrorg

Como doar – dados bancários:

Doação de R$ 1 até R$ 5.000:
Instituto Nova Amazônia
Banpará (banco 037)
Agência: 0050
Conta Corrente: 000566858-1
CNPJ: 12.491.439/0001-43

Doações acima de R$ 5.000:
Instituto Phi
Banco Itaú
Agência: 0726
Conta Corrente: 10601-6
CNPJ: 19.570.828/0001-03

Saiba como doar: https://www.movimentouniaobr.com.br/

  • SOS Enfermagem Amazonas

Organização promotora: Associação Nacional de Enfermagem
Site: www.abennacional.org.br/site/2021/01/16/sos-enfermagem-amazonas/

Como doar – dados bancários:

Banco Itaú – 34
Agência: 8271
Conta Corrente: 21008-3
CNPJ: 33.989.468/0004-52
PIX: 33.989.468/0004-52

 

  • Com Saúde e Alegria e Sem Corona

Organização promotora: Saúde e Alegria

Site: https://saudeealegria.org.br/saude-comunitaria/campanha-de-apoio-ao-baixo-amazonas-contra-a-covid-19/

Como doar – dados bancários:

Banco do Brasil
Agência 0130-9
Conta corrente 112.068-9
CEAPS Apoio Covid-19
CNPJ 55.233.555\0001-75
+55 93 9143 3944

 

 

EMPREENDEDORISMO

 

  • Fundo Emergencial Volta por Cima

Organização promotora: Banco Pérola e ANIP (Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia, composta pela A Banca, Artemisia e FGVcenn)

Site: http://impactosocial.artemisia.org.br/fundovoltaporcima

Como doar: http://impactosocial.artemisia.org.br/fundovoltaporcima#rd-form-joq3m2m5

 

EDUCAÇÃO:

  • #MaisConexão#MaisDireitos

Organização promotora: PLKC Advogados e Unicef
Site: https://brasil.unicef.org.br/plkc/

Como doar: https://brasil.unicef.org.br/plkc/

 

 

ASSISTÊNCIA SOCIAL:

 

  • UniãoBR Contra o Coronavírus

Organização promotora: Movimento UniãoBR

Site: www.movimentouniaobr.com.br/

Como doar: no site do Movimento, escolha um estado que gostaria de beneficiar e saiba como contribuir.

 

  • Fundo Luz Alliance

Organização promotora:  Brazil Foundation e Gisele Bündchen

Site: https://fundos.brazilfoundation.org/luz-alliance

 

  • Maré diz não ao Coronavírus

Organização promotora: Redes da Maré
Site: www.redesdamare.org.br/br/quemsomos/coronavirus

Como doar: www.redesdamare.org.br/br/quemsomos/coronavirus

Dados bancários:

Associação Redes de Desenvolvimento da Maré
CNPJ: 08.934.089/0001-75

Banco do Brasil – 001
Agência: 0576-2
Conta Corrente: 160.568-2

Banco Itaú S/A – 341
Agência: 0023
Conta Corrente: 543.38-2

 

  • Adote uma família em Paraisópolis

Organização promotora – G10 Favelas / Nova Paraisópolis

Site: www.novaparaisopolis.com.br/

Como doar: https://app.doare.org/br/doacao/231194/iep-g10-favelas/adote-uma-familia-em-paraisopolis

Dados bancários:

Bradesco
Agência 2764-2
CC 23233-5
CNPJ: 12.772.787/0001-99
PIX G10FAVELAS: 12.772.787/0001-99

 

POVOS INDÍGENAS

 

  • Plano de Ação Emergencial de Combate ao Avanço do Coronavírus e de Tratamento entre os Povos Indígenas da Amazônia Brasileira

Organização promotora: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB
Site: https://coiab.org.br/covid

Como doar: https://coiab.org.br/doe

Dados bancários:

Entidade Titular: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
CNPJ: 63.692.479/0001-94
Banco do Brasil
Agência: 1862-7
Conta: 15.774-0

  • Rede Voluntária Vale no Brasil Sem Fome

Organização promotora: Rede Voluntária Vale e Ação da Cidadania

Como doar: https://redevoluntariavale.com.br/brasil-sem-fome/

Em março de 2020, o IDIS, em parceria com o Movimento Bem Maior e a plataforma de doação BSocial, lançaram o Fundo Emergencial para a Saúde. Em 9 meses, captou R$ 40,4 milhões junto a mais de 10 mil doadores, entre indivíduos e empresas, beneficiando 58 hospitais, um centro de pesquisa e uma organização social em todo o Brasil. Com a meta atingida, foi encerrado em 10 de outubro. Conheça esta história aqui.

Dicas para engajar colaboradores em ações solidárias e de impacto

O brasileiro é solidário. Doar dinheiro, fazer um trabalho voluntário ou simplesmente ajudar um desconhecido são atitudes que fazem parte de nosso dia a dia . A pandemia que estamos vivendo em 2020 nos mostrou, mais do que nunca, a relevância desse tipo de ação e como precisam ser ampliadas ainda mais.

A experiência do IDIS e da PYXERA Global indica que o setor privado tem um papel fundamental no estímulo e facilitação dessas ações de solidariedade junto a colaboradores, que podem ser realizadas por meio de programas de engajamento desenhados estrategicamente. Essas iniciativas podem ir muito além do engajamento, criando alinhamento interno entre as estratégias de impacto e de negócio, já que as empresas têm também um papel social relevante.

Quando unimos o investimento social empresarial com os anseios individuais, encontramos um campo fértil para ações solidárias de empresas junto ao seu público interno, porque pessoas são movidas por propósitos. Os resultados possíveis dessa união são muitos, indo além do impacto social gerado. Melhoria do clima organizacional, aumento do sentimento de pertencimento, oportunidade de desenvolvimento de competências, fortalecimento de laços entre colaboradores, aprofundamento do relacionamento com a comunidade da empresa, contribuição à estratégia de impacto e investimento social privado da empresa, contribuição à atração talentos e contribuição à reputação da marca junto a clientes são alguns dos benefícios de ações solidárias envolvendo os colaboradores.

As pesquisas mostram que consumidores esperam, cada vez mais, que as empresas desempenhem seu papel social, demandando ações concretas, recompensando as marcas que admiram e punindo aquelas que não correspondem às expectativas . Ou seja, estamos falando do impacto triplo das ações de engajamento: Impacto nos Colaboradores, Impacto no Negócio, e Impacto na Comunidade.

Neste artigo, trazemos recomendações àqueles que desejam estruturar programas, integrando impacto social e engajamento, com dicas que podem ser seguidas por empresas de todos os portes e segmentos de atuação, organizadas em quatro estágios: diagnóstico; ideação e planejamento; execução; e amplificação e aprendizado.

DIAGNÓSTICO

1. Escolha um foco de atuação e descubra sua causa

Os desafios socioambientais no Brasil são inúmeros e complexos. Como decidir, então, qual será o foco de sua atuação? Em geral, é mais proveitoso investir tempo e recursos em um único foco de atuação do que distribuir para vários projetos de diferentes causas, pois o impacto gerado tende a ser maior.

A escolha da causa deve vir de dentro para fora. A causa deve ser coerente com as práticas organizacionais da empresa e com os interesses do público interno. Quanto mais o investimento social privado (ISP) for uma extensão do comportamento gerencial e uma extensão dos negócios, dos valores e dos princípios da empresa, melhor. Para conhecer os desejos dos colaboradores, faça uma pesquisa. Um jeito legal e divertido de fazer este mapeamento é aplicar o teste Descubra sua Causa. E se houver recursos, estender esse mapeamento a fornecedores e clientes permitirá entender ainda com mais detalhes os interesses daqueles que fazem parte de seu ecossistema.
Engajar os colaboradores em ações solidárias pode contribuir para o clima organizacional, para o envolvimento dos colaboradores com a empresa e até para o desenvolvimento de competências. Se estes são objetivos, vale a pena fazer uma pesquisa para definir uma linha de base.

 

2. Conheça o ecossistema e as necessidades da comunidade

Certo, você já sabe a causa que irá defender, mas antes de começar a agir, é preciso conhecer a fundo o problema que pretende atacar.
Faça uma análise detalhada das necessidades de investimento no foco de atuação escolhido. Identifique as principais demandas sociais relacionadas à causa e avalie como pode contribuir. Não deixe de mapear também quais são os recursos e as pessoas que já contribuem com a causa escolhida e o que pensa a comunidade do entorno.

O bom conhecimento do contexto social levará à construção de uma visão de futuro mais madura e à escolha de um foco de atuação de relevância para o desenvolvimento da comunidade em que a empresa está inserida.
Empresas concorrentes também devem ser foco de atenção. Conheça o que elas estão fazendo e avalie se gostaria de apostar em uma diferenciação ou se há possibilidade para uma atuação conjunta, potencializando o impacto positivo para a causa.

Por fim, conhecer as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioambiental também é importante nesse processo. É fundamental verificar se as políticas são boas, mas não estão sendo implantadas, e se existem políticas locais nas regiões em que a
empresa está presente. A partir disso, é possível avaliar se seu o foco pode funcionar como catalisador ou facilitador da implementação dessas políticas, permitindo que certos grupos populacionais se beneficiem do que já existe.

Esse mapeamento permitirá delimitar o foco de atuação da empresa em relação à causa e o delimitar o foco geográfico, avaliando se o investimento será em uma comunidade específica ou em uma cidade, região ou país.

3. Engaje as lideranças

As informações já foram coletadas. É preciso organizá-las e discuti-las com as lideranças da empresa, para que se tome uma decisão de política corporativa em relação ao ISP e sobre como colaboradores podem ser envolvidos. Os objetivos e práticas devem estar alinhados com as políticas de sustentabilidade e responsabilidade social da empresa e o mapeamento interno e externo permitirão uma tomada de decisão consciente e coerente com o negócio, não apenas baseada na intuição ou na opinião pessoal de alguma dessas lideranças.

Nesse âmbito será possível definir também as questões de governança do projeto. Quem será responsável pela implementação? Que outras áreas devem ser envolvidas e de onde virá o orçamento?

 

IDEAÇÃO E PLANEJAMENTO

4. Planeje sua intervenção

Qual o público beneficiário e quais os influenciadores? Qual será a estratégia para implementá-la e quais os resultados que se espera alcançar para a causa e para a empresa?

A área responsável por conduzir o projeto deverá responder a essas perguntas, desenhando com detalhes a iniciativa. Deve considerar o orçamento disponível, assim como a infraestrutura e recursos humanos da própria empresa que podem ser aproveitados em prol da causa.

O processo de desenho do programa e planejamento de impacto inclui compartilhar sua visão com a equipe, tomar decisões sobre os principais aspectos do programa e desenvolver estratégia de programa e materiais básicos.

Aqui também será definida a forma como o público interno poderá participar. Ele contribuirá com dinheiro, bens ou tempo? Haverá algum tipo de ‘matching’ da empresa? Em caso de voluntariado, os profissionais serão estimulados a usar conhecimentos técnicos ou gerais? Poderão atuar durante o período de trabalho ou farão as atividades em seu tempo livre?

Exemplos de ações de engajamento:

      • Programas de voluntariado profissional (pro bono)
      • Programas de mentorias
      • Mutirão ou programa contínuo
      • Estímulo a doações com potencial matching
      • Payroll giving, quando a doação é descontada diretamente da folha de pagamento

 

5. Defina indicadores de impacto

A estrutura de mensuração de impacto deve ser definida nesta fase. Para acompanhar os resultados do investimento social e de seu programa de engajamento de colaboradores, defina os indicadores que irão refletir sua efetividade e monitore o projeto desde o início, verificando se os resultados parciais estão indicando a direção certa.

EXECUÇÃO

6. Comunique e mobilize

Trace um plano de comunicação para disseminar a iniciativa entre todos os públicos da empresa – sejam internos ou externos.

Para conscientizar e mobilizar o público interno, uma estratégia interessante é criar um comitê com representantes de diferentes áreas da organização. Você pode também definir ‘sponsors’ de projeto, pessoas com algum nível de influência dentro da empresa que se disponham a fazer esse papel de divulgação. Costuma ser eficiente utilizar os canais de comunicação usuais da empresa, mantendo o fluxo de comunicação constante sobre o programa, em seus diferentes estágios (ex. período de inscrição; divulgação de projetos selecionados; divulgação do andamento; divulgação dos resultados).

 

7. Implemente a ação

Agora é a hora de botar a mão na massa! Itens a serem executados nessa fase, vão desde a seleção de participantes, desenvolvimento dos projetos em si (seleção de organizações de sociedade civil, apoio aos participantes do programa durante o processo, ações de preparação e reflexão, etc.)

Não deixe de estabelecer maneiras de reconhecer o trabalho voluntário dos participantes do programa. Seja criativo. Os participantes podem receber, por exemplo, camisetas ou sinalizadores de mesa que permitam ser identificados pelos colegas. É recomendável também planejar homenagens em eventos especiais, materiais institucionais, certificados, além de divulgar as atividades, conquistas e resultados em murais internos ou na intranet da empresa. Um bom programa necessita de seus HERÓIS!

 

8. Monitore e avalie

A partir da estratégia de mensuração definida na fase de diagnóstico, é possível identificar o marco zero, isto é, a situação inicial antes da intervenção. É preciso avaliar o benefício social resultante do investimento em termos qualitativos e quantitativos. Acompanhe também, por exemplo, número de colaboradores envolvidos, horas de trabalho dedicadas ou volume doado, atividades realizadas, número de pessoas beneficiadas, recursos arrecadados e doados.

 

9. Compartilhe os resultados

Contar as conquistas de um programa, além de ser muito prazeroso, é uma boa prática de transparência e contribui para fortalecer a confiança em ações de impacto.

Lideranças, todos os colaboradores da empresa, profissionais que se engajaram diretamente e organizações impactadas pela ação, acionistas, consumidores, o poder público, a comunidade são alguns dos públicos que podem ter interesse em conhecer o que foi alcançado por meio de sua intervenção. Planeje a comunicação considerando cada um de seus públicos de interesse e fazendo as adaptações necessárias para cada um deles. Essa fase é fundamental para criar uma cultura dentro da empresa sobre o impacto positivo de tais programas e qualificar o processo de tomada de decisão.

Por último: Ouça todos que participaram do processo e prepare-se para o próximo ciclo a partir de lições aprendidas!

 

Baixe a publicação completa aqui.

Artigo escrito por Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, e Fernanda Scur, Partnership Strategist for Collective Impact da PYXERA Global, Latin America

Cultura de doação começa na infância! Saiba o que nossas crianças querem transformar no mundo.

Fortalecer a cultura de doação no Brasil tem sido um dos focos prioritários de atuação do IDIS. É algo que deve ser estimulado desde a infância e saber o que pensam nossas crianças é um importante passo. Por isso, apoiamos a pesquisa realizada pelo Dia de Doar Kids em parceria com o Jornal Joca. A pergunta foi simples: quais as 3 coisas que você quer mudar no mundo? Os resultados foram revelados neste outubro, mês das crianças.

Participaram do projeto 450 crianças, de todo o Brasil, ainda que prioritariamente da região Sudeste (75,4%). A coleta das respostas foi online e houve consentimento dos responsáveis. As questões levantadas por eles foram diversas e bastante pulverizadas, e ocuparam o topo do ranking nacional ‘Acabar com a violência’ (7,3%), ‘Mais saúde para todos’ (6,8%) e ‘Melhorar a educação e o direito de estudar’ (6,8%). Em geral, foi identificada uma consciência social muito grande entre os jovens entrevistados, mesmo entre crianças de idade bastante reduzida (5 a 10 anos, 48% da amostra). O relatório destaca que os resultados reforçam uma potente sensibilidade dessa geração mais jovem ao que é da ordem do comum, do coletivo.

O recorte regional da pesquisa mostra diferenças quanto à percepção das crianças. No Sul do Brasil, o maior registro foi relacionado à poluição (8,9%). No Sudeste, Educação ocupou o primeiro lugar (7,5%). O ponto de atenção na região Nordeste foi a violência (11,4%), com o maior gap em relação ao segundo lugar. ‘Acabar com a fome’ foi o destaque no Centro-Oeste, citado por 10% dos respondentes. No Norte, houve um empate entre 4 causas, todas elas com 9,3% – ‘Acabar com a violência’, ‘Acabar com o racismo’, ‘Mais respeito aos direitos dos animais’ e ‘Menos poluição’.

Os achados serão a base para a criação de materiais para escolas e professores e para a realização de iniciativas para crianças e jovens.

Conheça aqui a pesquisa completa.

Descubra Sua Causa

Em 2018 o IDIS lançou o ‘Descubra Sua Causa’, um projeto com o objetivo de fortalecer a cultura de doação junto ao público jovem, de 18 a 24 anos. Por meio de um quiz, com perguntas relacionados a questões do dia a dia e ao universo cultural dos jovens, os respondentes são apresentados a um resultado que revela as causas que são mais importantes para si e mostra oportunidades de ação. Se a causa é educação, por exemplo, há uma indicações de ONGs às quais ele pode fazer uma doação ou um trabalho voluntário e também uma série de matérias se quiser se informar mais.

Fundo Emergencial para a Saúde-Coronavírus Brasil completa dois meses, arrecada R$ 37 milhões e amplia relação de beneficiários pelo país

Doações passarão a beneficiar hospitais filantrópicos em regiões onde o sistema público dá indício de colapso, como Amazonas e Pará, além de chegar a municípios de pequeno e médio porte

A pandemia continua a crescer no Brasil, aumentando o número de infectados por todo o país, agravando a situação da saúde pública, que precisa cada vez mais de apoio. Mas, se por um lado, os números de infectados pelo coronavírus aumentam, também são crescentes as doações, demonstrando que a mobilização ganha mais força e efetividade.

Mantendo o objetivo de fortalecer o sistema de saúde público, o Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil passa a contemplar agora os hospitais e a Associação de Enfermagem em Manaus e Conselhos de Enfermagem no Pará (em Belém e em Marabá), além de manter o apoio a Fiocruz, Comunitas, Hospital São Paulo, Hospital Santa Marcelina, Santa Casa de São Paulo e Santa Casa de Araçatuba.

“Acredito que a Pandemia está unindo todos para conseguirmos salvar mais vidas. Grandes empresas, pequenos doadores, grupos de colaboradores, todos juntos seremos muito mais fortes para enfrentar a pandemia e fortalecer a saúde pública”, avalia Maria Eugênia Duva Gullo, cofundadora da plataforma BSocial.

Para se antecipar à expansão da COVID-19 nas regiões mais vulneráveis, a Droga Raia e a Drogasil, do grupo RD, doaram R$ 25 milhões ao Fundo Emergencial. Por meio do movimento ‘Todo Cuidado Conta’ criado pela empresa, serão beneficiados 50 hospitais filantrópicos de municípios pequenos e médios no interior do país com altos índices de vulnerabilidade social e risco de aumento de casos do coronavírus.

O projeto da RD visa também deixar um legado que possa contribuir com a saúde na região mesmo após a contenção da pandemia. Sendo assim, os recursos serão utilizados para a compra de equipamentos hospitalares como respiradores e desfibriladores, além de equipamentos de proteção individual, tais como máscaras, luvas e aventais.

‘Esse apoio vai ampliar o impacto do Fundo Emergencial, chegaremos a hospitais em municípios em que a crise se intensifica”, diz a presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Fundo conta com mais de 10 mil doadores entre empresas e pessoas físicas

Além da Droga Raia e Drogasil, empresas como Tik Tok, Bain & Company, Banco Pactual, Banco ABC Brasil, Carla Amorim, Machado Meyer Advogados, Pátria Investimentos, Privalia, Softtek, entre outras, também fizeram contribuições.

Ações diferenciadas de algumas empresas também fazem as arrecadações ganharem reforços, como a iniciativa da SulAmérica, que incentivou seus colaboradores a se engajar e colaborar. O resultado de arrecadação de R$ 81 mil junto aos colaboradores, foi somado a R$ 1 milhão da seguradora.

Outros exemplos são os hotéis Grand Hyatt do Brasil, que lançou o ‘Voucher do Bem’, doando o lucro das vendas do produto; a campanha “Juntossomosmaisfortes”, promovida pela Velocity, e a doação de R$ 250 mil da Liberty Seguros para compra de máscaras para a Santa Casa de São Paulo.

As doações também chegam via ações promocionais e culturais além de eventos online, como o #AoVivoPelaVida a live da cantora Ivete Sangalo.

“Essa onda de solidariedade trouxe, definitivamente, o fortalecimento da cultura de colaboração no país. Pois, o desafio de enfrentar uma pandemia mundial fez o cenário nacional da filantropia emergir com uma velocidade sequer imaginada” declara Carola Matarazzo, presidente do Movimento Bem Maior.

Sobre o Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil

Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil foi um dos primeiros a serem constituídos, ainda em março, quando começaram a surgir os primeiros casos de Coronavírus no Brasil. Esta é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, Movimento Bem Maior e BSocial, uma forma rápida, fácil e confiável para as pessoas doarem para hospitais beneficentes e centros de ciência e tecnologia, e assim fortalecer o sistema público de saúde.

O Fundo tem gerenciamento financeiro da SITAWI, organização social de interesse público (OSCIP) pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para impacto social, e conta com o apoio de dezenas de organizações.

Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil mobiliza mais de 4 mil doadores e arrecada R$ 5 milhões em um mês

 

Ação criada pelo IDIS, Movimento Bem Maior e BSocial permite que as pessoas contribuam para reforçar e melhorar a rede SUS (Sistema Único de Saúde) 

 

>> Doe aqui: www.abraceasaude.com.br

 

O valor arrecadado pelo Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil é revertido em materiais como respiradores, testes rápidos do coronavírus, máscaras, luvas, equipamentos hospitalares para UTI entre outros itens de necessidade das instituições. Os beneficiados atuais são Fiocruz, Santa Casa de São Paulo, Comunitas, Hospital Santa Marcelina e Hospital São Paulo.

“Este é um movimento que engaja além de empresas e grandes filantropos, a sociedade como um todo. É uma união inédita em torno da saúde pública”, explica a presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Hoje, o Fundo conta com mais 4 mil doadores, que vão desde pessoas físicas a empresas de todos os tamanhos e áreas de atuação, organizações e plataformas até os grandes doadores. As pessoas físicas doam, em média R$ 328,00, valor bem acima do praticado historicamente, o que demonstra o nível de engajamento da população. A doação mínima é de R$ 20, que corresponde a um teste rápido produzido pela Fiocruz.

Empresas dão exemplo de solidariedade

A cada dia novas empresas se engajam com o Fundo, adotando diferentes modalidades. Os bancos ABC Brasil e Pactual estão promovendo ações de matchfunding com seus colaboradores, quando cada valor doado é complementado com uma doação da instituição. O Machado Meyer Advogados também optou por uma campanha junto aos funcionários. A Softtek,  além de engajar funcionários, está fazendo um chamamento a parceiros e clientes, com envolvimento direto do Country Manager da companhia. A Privalia, estimula a doação em seu e-commerce, e outras empresas, como a Carla Amorim, Fogo de Chão, Mixed e  Schrammek Kosmetik destinam parte da receita das vendas de seus produtos.

A força da sociedade civil

Apesar de serem de menor valor e mais pulverizadas, as doações das pessoas comuns respondem por 25% do valor captado, ultrapassando a marca de R$ 1 milhão, prova do poder de transformação da sociedade civil.

Um exemplo dessa força, vem dos jovens. Para envolver universitários no combate à pandemia, a estudante da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carolina Passos Dias Levy, criou a “Universitários contra o Corona”, uma ação englobando as 21 organizações que fazem parte da Liga das entidades da FGV e que está sendo ampliada para outras universidades. Além de informar o público, a iniciativa também estimula doações ao Fundo e conta com uma área exclusiva na plataforma BSocial para acompanhar os resultados.

A pandemia de Covid-19 fez o mundo parar. Tal parada vem acompanhada de um outro olhar social, mais ligado ao propósito e à ajuda ao próximo. Pensando justamente nisso, o Grupo Dadivar e a agência SUBA se uniram para criar o AoVivoPelaVida, um festival online, com artistas e personalidades, que acontecerá entre os dias 24 e 26 de abril, e que arrecadará doações para ajudar e fortalecer o sistema de saúde brasileiro, através do Fundo, e alimentos para pessoas que estão em situação de vulnerabilidade por meio da Ação da Cidadania.

Um abraço no Insta

Para incentivar ainda mais doações a partir de uma perspectiva otimista e mobilizar mais a sociedade civil, o Fundo lançou a campanha Abrace a Saúde. No Instagram, quem já doou para o Fundo compartilham fotos de abraços, traduzindo-se em uma homenagem aos profissionais da saúde e em um chamado a quem ainda não se engajou.

“É gratificante vermos, em tão pouco tempo, tantas pessoas e empresas mobilizadas em doar pensando no próximo. Bom ver como tantos estão sendo protagonistas, engajados em participar para juntos diminuirmos os efeitos da pandemia. É muito bom ver a nossa ferramenta a serviço dessa ação nesse momento, a plataforma funcionando para o bem de todos”. Maria Eugênia Duva Gullo, cofundadora da plataforma  de doação BSocial.

 

 

Famílias filantropas

As grandes famílias de filantropos também estão nesse grupo de doadores. Muitas sempre doaram e ampliam essa atuação, estimuladas, em muitos casos, pelas novas gerações. Nomes como da Família Nobre, Olímpio Matarazzo, Setúbal, Eugênio Mattar, Safra, entre outros, estão fazendo doações importantes pela causa.

Para Carola Matarazzo, Presidente do Movimento Bem Maior, cujo desafio é fomentar o investimento social privado e de fortalecer a cultura de colaboração no país, “vivemos um momento bastante desafiador em todos os sentidos.  É um momento histórico, onde  temos a oportunidade de ressignificarmos o valor das relações e do dinheiro,  e  refletirmos  sobre o que fizemos até aqui a nível coletivo e individual,  e sobre o que estamos construindo para o nosso futuro, e assim entender que, para além  de uma pandemia, o que temos é um inimigo em comum : o abismo social, a desigualdade.”

 

Entre os apoiadores do Fundo estão Editora Mol, Harvard Alumni Club of Brazil, Instituto Apontar, Instituto Akatu, Instituto Vladimir Herzog, SindusCon-SP, Secovi-SP, Tozzini Freire Advogados e WINGS – Worldwide Initiative for Grantmaker Support.

O Fundo tem gerenciamento financeiro da SITAWI, pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para impacto social.

 

Faça a sua doação para hospitais e laboratórios de pesquisa na página oficial do Fundo Emergencial para a Saúde: www.abraceasaude.com.br 

Doação é tema no podcast Café da Manhã da Folha

A pandemia do coronavírus causou uma crise global. Como resposta, as doações mais do nunca tomaram o centro das discussões enquanto o mundo passa por uma crise sanitária e econômica.

Segundo o World Giving Index, o Brasil ocupa a 74ª posição em um ranking de solidariedade de 126 países.

No podcast Café da Manhã da Folha em abril de 2020 “Doamos pouco no Brasil?”, Paula Fabiani do IDIS foi entrevistada e contou um pouco sobre a cultura de doação no país.

Ouça:

 

Pesquisa do IDIS é destaque em matéria do Jornal Nacional sobre doação e solidariedade

O dado que chamou atenção e que estimulou a matéria é que, no Brasil, mais pobres doam proporcionalmente à renda três vezes mais do que os mais ricos. Esta foi uma das revelações do no Country Giving Report de 2017, pesquisa realizada pela CAF – Charities Aid Foundation, instituição sediada no Reino Unido e representada no Brasil pelo IDIS.

Exibida em dezembro de 2019 pelo Jornal Nacional, a reportagem traz exemplos de como essa solidariedade se expressa no dia a dia. Paula Fabiani, nossa diretora-presidente, foi uma das especialistas que compartilhou seu ponto de vista.

Veja aqui: Pesquisa aponta que os que ganham menos são proporcionalmente mais solidários.

Por que doadores privados não dão dinheiro para o setor público?

Por Marcos Kisil*

Neste momento de minguados recursos públicos para manter o funcionamento de serviços essenciais para a sociedade brasileira, surge a pergunta: por que os doadores privados não doam para organizações públicas? Existem várias razões. A primeira, e talvez a mais importante, é a dificuldade do Estado brasileiro, por meio de Executivo e Legislativo, em entender o que representa a filantropia ou o investimento social privado para o desenvolvimento sustentável.

Em uma sociedade democrática e capitalista é sempre esperado que ocorra a liberdade para exercício da livre iniciativa econômica, mas também a livre iniciativa para apoiar as necessidades de áreas como educação, saúde, cultura, meio ambiente. Para tanto, os países que entenderam essa necessidade produziram um marco legal que estimula a doação e o aparecimento de uma cultura de doação. O recurso não precisa ser canalizado a uma estrutura do Estado, mas sim servir à res publica desde a ação de cidadãos, como iniciativas de organizações da sociedade civil que atuem em setores específicos. Essas ações, muitas vezes, vêm em apoio à definição e implementação de políticas públicas essenciais, como é a criação de creches e melhoria da educação básica.

No caso brasileiro, encontramos muitas vezes um não entendimento por parte dos governantes, explícito ou não, sobre o papel das ONGs e dos projetos, financiados com recursos privados. Vide o atual entendimento sobre as organizações não governamentais na questão ambiental. Em países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Austrália essa participação cidadã é bem-vinda e estimulada por marco legal.

Uma segunda questão está na interpretação limitada da Constituição de 1988. Todos os capítulos sociais se iniciam com a frase: direito do cidadão, dever do Estado. Normalmente se faz uma leitura ideológica de que o Estado deve ser o único provedor de saúde, educação, cultura. Neste sentido, a cidadania não floresce e os serviços passam a ser uma exigência a ser cumprida pelo Estado. Essa ação reivindicatória leva muitas vezes a uma demora nas ações necessárias, com o deterioro da situação original.

Uma terceira razão está na existência do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, conhecido como ITCMD. Este é um imposto absolutamente ilógico, que mistura transmissão de bens por causa mortis, onde o direito à propriedade de bens se dá no interior de relações interpessoais, com doação para entidades de benefício público, como as Santas Casas. Por sua vez, pune aquelas entidades que, mercê de um esforço de captação de recursos do setor privado, têm de pagar ao Estado tributo em que o Estado não é incentivador e, muito menos, produtor da riqueza que gerou a doação. E quando de maneira limitada define valores de isenção baixos, demonstra que a intenção é realmente cobrar o tributo.

Assim, chegamos a uma quarta razão, que não deixa de ser resultado das anteriores: o modelo institucional e de incentivos que adotamos simplesmente não favorece o desenvolvimento da filantropia. Ele incentiva que as pessoas esperem que o Estado resolva seus problemas. Um exemplo: no Brasil, o abatimento para pessoas físicas é limitado a 6% do Imposto de Renda a pagar. Nos EUA, é possível abater de 30% a 50%.

Vivemos ainda com a tutela do Estado sobre a doação que se pode deduzir do Imposto de Renda por meio de incentivos fiscais. O governo entende o recurso dos incentivos como forma de suprir o orçamento de diferentes ministérios e programas. E essa posição explica, por exemplo, os recentes vetos da Presidência à nova lei dos “fundos de endowment” ou fundo patrimonial para que se tivesse incentivo fiscal para sua criação nas organizações sociais.

A justificativa para um fundo patrimonial é bem simples: uma poupança de longuíssimo prazo, destinada a crescer, ano a ano, da qual a instituição retira parte dos rendimentos para seu custeio. E para que isso aconteça há a necessidade de ter os incentivos fiscais que estimulem os doadores. Somente em 2018 a Michigan State University (MSU) recebeu doações de US $ 2,9 bilhões, de acordo com The Chronicle of Higher Education. Naquele mesmo ano, a Penn State University recebeu US$ 4,2 bilhões e a Ohio State, US$ 5,2 bilhões.

Em resumo, necessitamos urgentemente de uma maior atenção dos poderes públicos federais e também dos governos estaduais, para que percebam o papel do recurso privado em apoiar as causas públicas. Não se trata de uma questão ideológica. Nossa legislação ainda é muito tímida em reconhecer importância e transcendência das doações.

*Marcos Kisil é professor titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e fundador do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Artigo originalmente publicado no Jornal O Estado de S.Paulo em 30 de agosto de 2019.

‘Descubra Sua Causa’ tem salto de visibilidade

No mês de agosto, a Descubra sua Causa, campanha do IDIS para fortalecer a cultura de doação, conquistou novos horizontes. Depois de atingir a marca de 120 mil testes realizados, lançou perfis próprios no Facebook e no Instagram para falar sobre causas. Queremos chamar a atenção para desafios sociais, ambientais, entre outros, com os quais as pessoas podem contribuir ao fazer doações ou trabalhos voluntários em organizações sociais.

Nessa caminhada, contamos com grandes parceiros!

A 89FM – a Rádio Rock, divulgou o spot de rádio da campanha em sua programação. A CCP – Cyrela Commercial Properties, compartilhou anúncios no site, mídias sociais, painéis físicos e eletromídia em Shoppings de quatro capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia. Também abraçou a ‘Descubra sua Causa’ o Instituto Bandeirantes, responsável por incentivar, implementar, promover e monitorar ações sociais e educativas junto às empresas do Grupo Bandeirantes em todo o país. Ao longo de 30 dias, a campanha foi divulgada em espaços na programação dos canais de TV, rádios e mídias sociais do Grupo, levando a campanha a todo o Brasil.

Essa grande onda solidária que temos causado chamou a atenção da imprensa. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, foi uma das entrevistadas do programa ‘Conversa com Bial’, cujo tema foi cultura de doação (saiba mais aqui) e também falou sobre o assunto na BandNews TV!

Artigo publicado na Alliance Magazine repercute dados da pesquisa Country Giving Report, divulgada pelo IDIS

Mais dinheiro, mais transparência, incentivos fiscais… Há uma receita  para aumentar as doações no Brasil?  O editor da Alliance Magazine, Andrew Milner, levanta a questão e traz  uma análise sobre os dados divulgados na pesquisa Country Giving Brazil 2017 , elaborada pela Charities Aid Foundation e divulgada pelo IDIS.

O artigo publicado na edição digital da Alliance Magazine, e acessível para assinantes, pode ser lido em http://www.alliancemagazine.org/blog/recipe-increase-brazilian-giving-money-transparency-tax-incentives-says-caf-research/

A Alliance Magazine foi criada em 1998 e hoje é uma referência entre revistas de filantropia e investimento social em todo o mundo. Conheça a publicação: http://www.alliancemagazine.org

Brasil perde 15 posições no ranking mundial de solidariedade

O estudo anual World Giving Index, da Charities Aid Foundation (CAF), mostra que cada vez menos brasileiros doam dinheiro ou tempo de voluntariado para ajudar boas causas, apesar da quantidade de brasileiros que ajudam pessoas desconhecidas ter registrado um discreto crescimento em 2014, subindo de 40% em 2013 para 41% no ano passado, o que representa um acréscimo de cerca de 2,5 milhões de pessoas.

O World Giving Index, divulgado no Brasil pelo IDIS, é um estudo anual sobre o comportamento global de solidariedade baseado em pesquisas realizadas em 145 países, analisando três indicadores de doação: a porcentagem de pessoas que fizeram doações em dinheiro, dedicaram tempo de voluntariado e ajudaram um desconhecido no último mês anterior à pesquisa. O Brasil caiu 15 posições no índice, saindo da 90ª para a 105ª posição.

Gráfico WGI 2015 Brasil

Para a presidente do IDIS, Paula Fabiani, ainda há um longo caminho a percorrer até que a doação no Brasil alcance níveis de países similares ao nosso. “Em virtude da situação econômica, é provável que as pessoas sintam que têm menos tempo e dinheiro para doar”, diz Paula.

Em 2014, uma em cada cinco pessoas (20%) afirmou ter doado dinheiro no Brasil. Isso é menos do que os 22% de 2013 e é a porcentagem mais baixa registrada nos últimos seis anos. Os brasileiros com 50 anos ou mais continuam sendo os mais propensos a doar, apesar do segmento ter registrado queda no ano passado. Já entre os mais jovens, que são o grupo menos propenso a doar, o percentual de doadores está aumentando.

Clique aqui para acessar a íntegra do relatório World Giving Index 2014-15.

Por Que as Pessoas Doam?

Escrito por Marcos Kisil, diretor-presidente do IDIS, o artigo apresenta os diversos motivos pelos quais as pessoas são motivadas a fazer doações: altruísmo, egoísmo, competição, devoção, culpa, tradição ou pressão do grupo.

Essa é uma questão básica para o sucesso de qualquer campanha de levantamento de fundos, e de grande importância para apoiar um investidor social que busca organizar o seu doar. Quando se entende os motivos dos doadores, suas expectativas e necessidades, é possível construir estratégias duradouras de benefício imediato para o doador, e também para as organizações e/ou causas por ele atendidos. Ao longo dos anos, e com base na experiência acumulada por nosso Instituto, pudemos identificar diferentes razões que motivam o investidor social. Elas podem ser definidas como: altruísmo; egoísmo; competição; devoção; culpa; tradição; e pressão do grupo.

Altruísmo

É quando o doador, com base no entendimento que dá à sua própria vida e nas oportunidades que teve de acumular riquezas que julga resultado de dons que lhe foram gratuitamente contemplados por um Deus, acredita que deve compartilhar esses dons e bens com o próximo, de maneira altruísta, sem buscar nenhum benefício pessoal. Acredita que o mundo pode ser melhor se todos derem sua contribuição. Doar de maneira altruística representa um exercício de convicção sobre valores maiores da existência humana.

Egoísmo

Embora pareça contraditório em relação ao item anterior, existem doadores que buscam ativamente serem reconhecidos pela sociedade. Esses doadores querem associar seu nome, ou o de sua família ao resultado de sua doação, seja sob forma de denominação de espaços físicos, placas de reconhecimento, ou mesmo através de premiações que levam seu nome. Podem também abdicar do uso de seu nome em função de serem reconhecidos como associados a algum outro nome ou figura pública que atestem seu comportamento de doador. E quanto mais público isto se fizer, melhor será sua reputação. Muitas vezes, sentem-se os maiores beneficiários de suas doações.

Competição

O doador, neste caso, gosta de fazer comparações: primeiro com outros doadores (dar mais representa um símbolo de riqueza a ser ostentado, e que o diferencia de outros doadores); segundo, com ele mesmo, quando busca ultrapassar a cada ano o que doou no ano anterior.

Devoção

É quando a religião ou a crença religiosa exerce forte influência nas decisões do doador. Embora na maioria das vezes esta doação se faça por piedade ou misericórdia para com o próximo, mediada pela presença de uma organização religiosa, tomando alguma fórmula de dízimo, ela também pode representar uma forma de garantir um espaço futuro na eternidade. Dar representa uma moeda de troca para o futuro da alma. Infelizmente, esta é uma forma bastante utilizada por seitas e religiões conduzidas por aumentar seus patrimônios, ou de seus dirigentes.

Culpa

O doador sente-se culpado ou responsável por algumas circunstâncias negativas que recaem sobre ele, especialmente no que tange a maneira como acumulou seu patrimônio. Dar alivia esse sentimento.

Tradição

Quando o doador pertence a uma família, ou grupo onde se tornou hábito doar recursos para determinadas organizações, especialmente se criadas por um ancestral.

Pressão do Grupo

O doador por pertencer a determinado grupo social de amigos, vizinhos, companheiros de trabalho, clube etc sente-se obrigado a participar de iniciativas filantrópicas nas quais não participou da decisão, não acredita, ou não dá nenhuma importância ou significado. Participa apenas porque, caso contrário, pode ficar mal em suas relações. E como valoriza estas relações, comporta-se para mantê-las ou fortificá-las.

Em resumo, essas razões podem ser agrupadas como determinadas por convicção, conveniência ou coerção. Reconhecer essas motivações é extremamente importante para se traçar uma estratégia de apoio ao doador, de forma a transformá-lo em um investidor social. Isto porque, na verdade, o que se busca, independentemente da motivação original, é ajudar cada doador a perceber seu papel para transformar a sociedade através de sua contribuição.

Na verdade, busca-se comprometer o doador com a importância estratégica do investimento social privado para o bem comum. Isto permitirá que, progressivamente, perceba outras motivações para além da motivação inicial; faz com que se torne um ator consciente de seu papel, de seus recursos, e de sua importância.