Rede de Organizações do Bem: capacitação e microfinanciamentos para pequenos projetos deslancharem

O ano era 2012 quando a Agência do Bem – organização social fundada em 2005 em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, abriu uma nova frente de ação, agora como entidade articuladora, chamada de Rede de Organizações do Bem. Logo a Rede se expandiu e hoje oferece conhecimento e financiamento para projetos locais dentro de várias comunidades no estado do Rio de Janeiro.

A Rede do Bem promove fóruns temáticos, abertos e gratuitos, incluindo ciclos de capacitação e editais de financiamento a microprojetos sociais. De 2012 a 2023, mais de 800 instituições já participaram de ações promovidas pela Rede de Organizações do Bem do Rio de Janeiro. Em 2023, 355 instituições estavam cadastradas e, considerando a participação dos fóruns (24º e 25º) e dos editais realizados no ano (11º Microprojetos e 2º Bem Mentoria), o número de organizações participantes da Rede totalizou 517.

Equipe da Rede do Bem com as lideranças dos projetos vencedores do 11º Edital de Microprojetos, que oferece apoio financeiro para fortalecer organizações de base comunitária

O empreendedor social Alan Maia, fundador da Agência do Bem e da Rede de Organizações do Bem, explica que os “microgrants”, ou microfinanciamentos, são uma das tecnologias sociais mais importantes desenvolvidas pela Rede. Toda essa mecânica, explica ele, foi construída com base no binômio confiança-simplicidade:

“Partimos do pressuposto de que o perfil das organizações que apoiamos são pequenas, e sabemos que lidam com muitas dificuldades no cotidiano para manter atividades nos territórios. Quando se cria processos muito complexos, que são o padrão nesses tempos de compliance, acabamos por excluir grande parte dessas organizações que não têm recursos humanos para se dedicar a essa extensa burocracia. Mas isso não significa que não há parâmetros de integridade e transparência. Temos um processo que é simplificado, com dados cadastrais e basicamente três perguntas – sobre o trabalho, a história da instituição e como ela pretende aplicar o recurso financeiro – questões que todas as lideranças comunitárias são capazes de responder”.

 

A Rede do Bem realiza um esforço contínuo para aprimorar seu processo e tornar seu edital cada vez mais inclusivo. A participação no Programa Transformando Territórios, que apoia Fundações e Institutos Comunitários, em especial, desempenha um papel importante ao proporcionar à Rede valiosos conhecimentos sobre a democratização da filantropia e como promover a filantropia comunitária.

Alan ressalta que, depois de 11 anos e dezenas de processos já realizados com essa fórmula, a experiência mostra que a estratégia de “microgrants” não deixa nada a desejar aos editais padrão:

“É uma iniciativa totalmente bem-sucedida que já vem sendo replicada por outras organizações, algumas delas inclusive do próprio Programa Transformando Territórios”.

A prática de grantmaking, o financiamento de projetos sociais já existentes, é um dos princípios das Fundações e Institutos Comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

A abertura periódica dos editais de apoio, que financiam microprojetos das mais diversas causas, é possível graças à sólida rede de patrocinadores institucionais. São empresas de pequeno, médio e grande porte, para as quais a Rede é mais que um destino de doações, é uma parceira estratégica para realização de programas de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, explica a diretora-executiva Cláudia França.

“Lá em 2005, no começo de tudo, a própria Agência do Bem recebeu um microfinanciamento para a recém-criada Escola de Música e Cidadania. Com esse recurso, conseguiu estruturar o projeto, que hoje está presente em 28 localidades, no Brasil e em Portugal. Por isso, sabemos muito bem que esse micro recurso pode se multiplicar”, destaca França.

24º Fórum da Rede do Bem, no Rio de Janeiro: os encontros temáticos e periódicos têm o objetivo de criar oportunidades de ação conjunta

A primeira forma de uma organização “chegar” à Rede do Bem é participar dos fóruns, que são encontros temáticos e periódicos com o objetivo de criar oportunidades de ação conjunta e pensar agendas comuns e estratégicas para essas entidades. Nestes eventos, abertos e gratuitos, são realizadas palestras de temas caros à gestão de entidades do terceiro setor, tais como captação de recursos, elaboração de projetos, monitoramento e avaliação de programas sociais, entre muitos outros.

“Quem participa dos fóruns, ganha pontos nas concorrências via editais, pois sabemos que o conhecimento pode ser o diferencial para eles executarem os projetos”, diz Cláudia.

Além das capacitações em fóruns, a Agência do Bem seleciona, via edital, lideranças sociais e comunitárias para receberem mentorias dos seus técnicos e diretores, em encontros presenciais, ao longo de meses de trabalho conjunto, promovendo a troca de experiências, revisão de processos de gestão, implementação de novas ferramentas e a criação de novas soluções e projetos institucionais.

 

A diretora executiva da Rede de Organizações do Bem com lideranças selecionadas no Edital de Mentoria, que oferece a lideranças comunitárias ferramentas práticas para a aceleração de projetos

“A gente observa que existem muitas organizações comunitárias com um patrimônio relevante, mas com poucos recursos – não só financeiros ou humanos, mas de boas práticas de gestão de projetos e de metodologias de prestação de contas, por exemplo – e aí surgiu a vontade de levar esse conhecimento para o maior número possível de organizações”, conta Cláudia.

A Rede de Organizações do Bem Rio de Janeiro integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
  • De 2012 a 2023 – mais de 800 organizações beneficiadas por ações da Rede no Estado do Rio.

 

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Fundo vai fortalecer o protagonismo de quem vive a Maré

Fazia todo o sentido que, a partir de uma trajetória histórica atuando para criar uma agenda estruturante no campo dos direitos para os mais de 140 mil moradores do Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, a Redes da Maré criasse um fundo patrimonial. Assim, em 2022, o Fundo Comunitário da Maré foi lançado, com o objetivo de cuidar do legado que a organização construiu nos últimos 26 anos (e vai continuar construindo!) e de fortalecer o protagonismo de outros líderes e iniciativas sociais desse território.

Criada da mobilização comunitária a partir dos anos 80 e formalizada em 2007, a Redes da Maré tem como missão tecer as redes necessárias para que os direitos da população do conjunto de 16 favelas do complexo sejam efetivados. O trabalho acontece a partir da mobilização da população local e da articulação de uma ampla rede de parceiros, como universidades, órgãos públicos e também iniciativa privada.

Evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, na Casa Preta da Maré. Foto: Patrick Marinho

Através de cinco eixos de trabalho – arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação –, a organização produz conhecimento, projetos e ações. Em 2022, mais de 7,9 mil moradores foram beneficiados diretamente.

“A Maré é maior que 96% dos municípios brasileiros e pode ser considerada uma cidade de médio porte. Olhando para a complexidade da região e população, que sofre muitas violações de direitos individuais e coletivos, entendemos que precisávamos construir algo robusto. Assim, há quatro anos começamos a estruturar um fundo que pudesse aprofundar essa agenda que a organização já trabalha, mas que precisa de uma dimensão de investimentos bem maior do que temos hoje”, conta a fundadora e diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva.

 

Eliana Sousa Lima em fórum sobre segurança pública na Maré

Para atingir esse objetivo, a Redes da Maré quer apoiar o ecossistema de organizações e coletivos locais com investimento financeiro e compartilhamento de sua expertise, fortalecendo o setor social do território com conhecimento e se adaptando para perseguir esses objetivos:

“Vamos fomentar a sociedade civil nessas agendas que precisam de mais investimentos que uma única organização pode fazer.  Queremos compartilhar as tecnologias sociais que fomos desenvolvendo ao longo destes anos com estes grupos, contribuir na formação de boas lideranças para saberem elaborar um projeto e defendê-lo, para fazerem uso claro e transparente dos recursos”, explica Eliana.

A prática de grantmaking – o financiamento de projetos sociais já existentes – é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários do IDIS, a definição desta característica é:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

O Fundo Comunitário da Maré foi construído a partir da orientação técnica de um Conselho de Investimento, formado por três economistas que aconselham a Redes da Maré não somente sobre o uso dos recursos, mas especialmente sobre como investir e fazer o dinheiro crescer. Estão previstas metas distribuídas em quatro fases:

 

“Almejamos chegar a R$ 100 milhões e, para isso, fizemos um escalonamento a partir de quatro metas. Atingimos a primeira, de R$ 20 milhões, em um ano. Estamos iniciando agora a meta seguinte, de R$ 30 milhões. O plano é que o fundo funcione plenamente, apoiando projetos sociais do território, ao fim desta segunda fase”, explica Eliana, ressaltando que, para alavancar o fundo, a Redes da Maré fez um mapeamento de potenciais doadores em todo o Brasil e que, até o momento, as doações são de empresas e fundações, mas pessoas físicas também podem doar.

 

O Fundo Comunitário é uma forma de garantir também a continuidade de projetos importantes, como o Centro de Artes da Maré, concebido em conjunto com a coreógrafa Lia Rodrigues, que hoje abriga, além de uma companhia de dança, outros projetos.

Há também o projeto De Olho na Maré, do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, que mantém uma articulação com a Defensoria Pública, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Para a efetivação de direitos básicos, um importante projeto é o Espaço Normal, que recebe pessoas usuárias de drogas, muitas vezes sem residência fixa e com dificuldades para emitir documentos e acessar serviços de saúde.

Visita da Open Society Foundations no Espaço Normal. Foto : Douglas Lopes / Redes da Maré.

“Nosso entendimento é que o Fundo Comunitário é o reflexo de que a Redes da Maré está em constante amadurecimento e mudança, se apropriando de sua experiência, trajetória e história para seguir renovada e atual”, conclui a fundadora da organização.

Informações do Território 

  • Território de atuação: Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, constitui-se de várias favelas e sub-bairros, com casas e conjuntos habitacionais. Considerado o maior complexo de favelas da cidade do Rio de Janeiro, com baixíssimos índices de desenvolvimento, estende-se por uma área de 800 mil metros quadrados, cortada pela Avenida Brasil, pela Linha Vermelha e pela Linha Amarela. Reúne os seguintes bairros: Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Parque Maré, Nova Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque União, Conjunto Esperança, Conjunto Vila do Pinheiro, Vila do João, Salsa e Merengue, Marcílio Dias, Roquete Pinto, Praia de Ramos, Bento Ribeiro Dantas e Mandacaru.
  • População estimada: 140 mil moradores.
  • Desafios regionais: Educação, saúde, lazer, cultura, adensamento urbano e especialmente segurança pública. A violência armada nos territórios da Maré afeta significativamente a vida dos moradores – além das violações de direitos individuais (vida, integridade física, liberdade e até propriedade), impõe obstáculos também ao acesso a direitos sociais e coletivos, como o direito à educação e à saúde.
  • Informações Gerais relevantes de acordo com o case:
    • IDHM – No ano 2000 (dado mais recente), era de 0,722, o 123º colocado no município do Rio de Janeiro.
    • Causas prioritárias mapeadas pela FIC – O trabalho da Redes se organiza em cinco eixos estruturantes: arte, cultura, memórias e identidades; direito à saúde; direito à segurança pública e acesso à justiça; direitos urbanos e socioambientais e educação.

 

A Redes da Maré integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

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Fundo Jequi: promovendo o protagonismo comunitário no Médio Jequitinhonha

Um dos subsolos mais ricos do Brasil, área de exploração de lítio, pedras preciosas, com diversidade de atrativos culturais nas áreas de música, arte e artesanato. Com tantas potencialidades, o território do Médio Jequitinhonha, que reúne mais de 287 mil habitantes em 19 municípios no nordeste de Minas Gerais, tem Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) entre muito baixos e baixos, sendo os maiores desafios a segurança hídrica e alimentar. A experiência da articulação de organizações sociais durante a pandemia foi a mola propulsora para começar a transformar essa realidade: em 2020, começa a nascer o Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha – Fundo Comunitário Jequi.

 

Atividades com escolas publicas no viveiro do CPCD

 

Criado em Araçuaí (MG), o Instituto é uma coalizão formada por 16 organizações parceiras, incluindo a prefeitura do município, com um objetivo comum: promover o protagonismo comunitário ao alavancar ações de desenvolvimento e inovação de forma plena, perene e inclusiva para o território. A gestora de projetos sociais Flávia Mota, uma das fundadoras e Presidente do Jequi, explica que, no Médio Jequitinhonha, cerca de metade da população vive em áreas rurais.

 

“O instituto fará a gestão de um fundo comunitário, que será implementado em 2024, com a função de mobilizar, captar, articular, gerenciar e coordenar investimentos, recursos materiais e financeiros, e formações diversas, para fortalecer não somente as organizações da sociedade civil do território, mas também grupos, lideranças comunitárias, coletivos, startups, oferecendo sustentabilidade a programas e projetos inovadores e de interesse comunitário.”

 

Ser uma instituição local é um dos princípios das Fundações e Institutos Comunitários (FICs), isto é, são as organizações que se dedicam à melhoria da qualidade de vida de

comunidades situadas em uma região geográfica bem delimitada, da qual a FIC é originária e está estabelecida.

Flávia também é Diretora Executiva do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), organização fundada há 39 anos em Belo Horizonte e que também atua em Araçuaí, há 25 anos. O CPCD é a instituição propulsora do Fundo Jequi. Ela conta que, na pandemia, organizações locais se uniram para enfrentar o problema da fome na região, mas, com ações isoladas, nem sempre as entregas de alimentos estavam chegando às pessoas mais vulneráveis, por conta das dificuldades de acesso às estradas de áreas rurais e também à informação.

Atividade de distribuição de mudas

 

“O CPCD resgatou então o Empório Solidário, uma tecnologia social criada pela organização que já foi reconhecida e premiada pela Fundação Banco do Brasil. É um minimercado onde as famílias cadastradas têm uma cota de alimentos e podem ir mensalmente fazer suas retiradas. Elas usam carrinhos de supermercado e apresentam um cartão de beneficiário, podendo buscar os produtos aos poucos. A gente extrapola um pouco as limitações da cesta básica e proporciona a aquisição de produtos como um achocolatado ou kits de higiene, por exemplo. Durante os dois anos de pandemia, ele funcionou com recursos do Itaú Social”, conta Flávia.

 

A estratégia do Jequi, explica a presidente do novo Fundo, é o engajamento de pessoas e instituições em torno de uma mesma causa: dar potência a projetos exitosos (como o do Empório Social) e a políticas públicas efetivas e estar a serviço do desenvolvimento integral e sustentável da região. As 16 organizações locais que compõem o fundo formam a assembleia e votam na diretoria – formada por oito lideranças voluntárias das instituições parceiras.

“A gente tinha o sonho de ter um Fundo Patrimonial e, quando iniciamos a parceria com o Programa Transformando Territórios, do IDIS, fizemos inúmeras reuniões para discutir o formato. Decidimos começar com um Fundo Comunitário e pelo município de Araçuaí, que tem 34 mil habitantes e em torno de 85 comunidades rurais, para depois expandir para os demais municípios do Médio Jequitinhonha. Araçuaí é uma cidade polo, diversos municípios do entorno dependem dela para hospital e comércio”, explica ela.

 

Para apoiar pessoas e projetos, Flávia diz que o Jequi fará não editais, mas “editodos”:

 

“Sabemos as dificuldades de cumprir todos os requisitos para se encaixar em editais. Queremos apoiar justamente coletivos ainda não formalizados e lideranças comunitárias com um capital semente para investirem na criação de organizações sociais. Como contrapartida, os selecionados vão participar de oficinas de formação para que eles possam gerir projetos com eficiência e até participar de outros editais”, conta a gestora, destacando que o Fundo Jequi está firmando uma parceria para o desenvolvimento de diversas ações – desde mapear os projetos sociais do território a fazer a formação das organizações apoiadas, passando pela captação de recursos.

 

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Vale do Médio Jequitinhonha
  • População estimada: 287 mil pessoas – sendo 128 mil na área rural
  • IDH – muito baixo (0,000-0,499)/baixo (0,500-0,599)
  • Causas prioritárias mapeadas pela FIC: Segurança alimentar e hídrica.
  • Desafios regionais: Acesso à água tratada, fome, falta de acessibilidade pelas estradas rurais como uma das principais causas da pobreza entre a população rural.

 

 

O Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

O site do Fundo Jequi está em desenvolvimento, em breve estará disponível em www.fundojequi.org.br.

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PerifaSul M´Boi Mirim: o fundo 100% criado pela e para a periferia

Em meio à efervescente e vibrante periferia da zona sul de São Paulo, nasce uma iniciativa para estabelecer uma forma permanente de arrecadar recursos e investimentos que impulsionem o desenvolvimento local: o Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim (FCP M’Boi Mirim). Este é um fundo brasileiro 100% criado pela e para uma periferia e gerido por lideranças sociais locais. O projeto visionário tem o respaldo da Fundação ABH, instituição familiar que, desde 2015, apoia diversos projetos e iniciativas sociais na região.

A história do fundo começa no início de 2021, quando a Fundação ABH conduziu uma pesquisa com os moradores da periferia sul para entender quais eram as temáticas sociais que mereciam ser trabalhadas com destaque até 2050. Esse processo foi chamado de PerifaSul 2050, conta Marina Fay, diretora executiva da Fundação ABH.

 

“Com base na pesquisa, foi iniciada uma série de oficinas com temáticas como educação, equidade racial, direitos humanos, inclusão tecnológica, comunicação e raízes culturais. O objetivo era validar os resultados e planejar ações que contribuíssem diretamente para a superação dos desafios de cada temática escolhida. Ao longo desse processo, ficou clara a força e importância do coletivo”, ressalta Marina.

 

 

No início de 2022, a Fundação ABH, junto com os participantes dos grupos de trabalho, identificou ativistas de diversas causas no território e os convidou para integrar um Comitê Construtivo. Esses ativistas representam organizações e coletivos dos distritos do Campo Limpo, Capela do Socorro, Capão Redondo, Cidade Ademar, Jardim Ângela, Jardim São Luiz e Parelheiros. No total, são 11 participantes, além de Marina Fay, diretora executiva da Fundação ABH.

Todo esse engajamento resultou, no início de 2023, na constituição do Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim, totalmente formado por lideranças comunitárias locais, refletindo um dos princípios das Fundações e Institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para FICs do IDIS, a definição desta característica é:

Representada por membros da comunidade: Possuem instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, são responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

As atuais gestoras do fundo são Naiara Padial Corso, publicitária de formação que optou por uma transição de carreira buscando um trabalho com propósito, e que lhe permitisse estar mais próxima da realidade do seu território, e Alânia Cerqueira, produtora cultural com uma vasta experiencia em iniciativas socioculturais e fundadora da Macambira Sociocultural. Juntas, elas uniram suas experiências e assumiram a gestão desta iniciativa inédita. Alânia detalha como está sendo o processo de criação de uma fundação comunitária:

 

“O conceito de FIC, até então, era só um conceito para nós. Como fazer isso de forma colaborativa e coordenada? Como potencializar a captação de diferentes recursos – não só financeiro, mas também de redes e de infraestrutura? Assim, instituímos um calendário de encontros para alinharmos todas essas questões”.

 

A escolha do território de atuação – M´Boi Mirim – integrado pelos bairros Jardim Ângela e Jardim São Luiz –  aconteceu quase no final do processo da pesquisa PerifaSul. O Comitê passou meses observando as subprefeituras que compõem a Zona Sul, refletindo cuidadosamente sobre suas características antes de tomar essa decisão.

Das cinco subprefeituras de São Paulo com o maior número de favelas, três estão localizadas na periferia sul da cidade. M’Boi Mirim é uma delas, com 42.350 casas em favelas. Além disso, a subprefeitura da região apresenta uma grande diversidade de necessidades e potencial de desenvolvimento, além de ser familiar a grande parte dos integrantes do Comitê, um campo fértil para a atuação em rede. A área também reúne movimentos culturais muito fortes e abriga duas fábricas de cultura, a do Capão Redondo e a do Jardim São Luís.

 

“Escolher M´Boi Mirim foi o que fez mais sentido. Inclusive, foi uma decisão unânime entre todas as lideranças de todos os distritos. Estamos numa curva de aprendizado e a ideia é replicar a iniciativa para outras regiões. Provavelmente, o próximo local será Parelheiros. A decisão não foi difícil nem excludente”, assegura Marina, da Fundação ABH.

 

O FCP M’Boi Mirim nasceu com um capital semente de R$ 200 mil, valor aportado pela Fundação ABH. O fundo busca captar recursos financeiros por meio de doações, parcerias e investimentos. No modelo escolhido pelo FCP M´Boi Mirim, essas doações foram investidas para gerar rendimentos que possam ser utilizados no desenvolvimento do território ano após ano. A primeira meta da organização já foi alcançada: em junho, o Fundo M´Boi Mirim lançou um edital para distribuir até R$ 4 mil a 10 projetos sociais ou culturais da região do M´Boi Mirim com a temática ‘Presença Digital’. Os recursos foram destinados a ações para ampliar a presença digital das iniciativas periféricas, incluindo atividades como a criação de logomarcas, portfólios digitais, vídeos institucionais, identidade visual e manutenção de sites.

 

“Na pandemia, percebemos nossas vulnerabilidades em nos conectar virtualmente. Já existiam pesquisas, mas não estávamos tão atentos a isso. Veio a pandemia e nos tirou, dentre tantas outras coisas, a rua. O único espaço possível era o virtual, e foi aí que percebemos que não tínhamos nada, estávamos excluídos. Demoramos muito para conseguir sanar, ainda que de maneira precária, as nossas conectividades – até para distribuir máscaras de proteção, cestas básicas. Vimos a exclusão reverberar na educação, na saúde, nos colocando numa situação de violência”, conta Alânia, gestora do fundo.

 

O edital foi construído com a intenção de ser o mais simples possível, com o objetivo de atingir e respaldar iniciativas sociais, pessoas físicas e coletivos do território que enfrentam dificuldade de acessar os recursos de maneira tradicional. Agora, conta a gestora, o edital está em fase de execução: “Nossa expectativa é de que essa iniciativa será provocadora, trará identidade e relacionamento para, aí sim, o Fundo M´Boi Mirim se tornar uma referência e ganhar visibilidade. E, futuramente, será o Fundo Capão Redondo, Campo Limpo, Parelheiros e por aí vai”, destaca Alânia.

Paralelamente, o grupo PerifaSul 2050 vinha desenvolvendo, com financiamento da ABH, o Mapa da Periferia Sul, lançado em 2022:

 

“É uma plataforma georreferenciada colaborativa, onde organizações sociais formais e não formais, além das empresas locais, podem se inscrever, para termos uma base de dados, mostrar todas as potências da região e atuarmos colaborativamente. São mais de 30 filtros, possibilitando que se possa encontrar uma agulha no palheiro”, destaca Marina da Fundação ABH.

 

Atualmente o Fundo M’Boi Mirim está buscando outras formas de captação, lançando sua primeira campanha na Benfeitoria. A campanha é realizada com o matchfunding do Programa Transformando Territórios, impulsionado a arrecadação. Isso significa que a cada um real de apoio a uma campanha, o Fundo do Programa Transformando Territórios investe mais um real.

A campanha permanece válida até o dia 8 de dezembro de 2023, e tem como objetivo reunir recursos para criar um novo edital que apoie mais projetos realizados por organizações locais da periferia Sul. Como forma de incentivar doações, são oferecidas diversas recompensas para os doadores, envolvendo-os no território e na atuação do Fundo M´Boi Mirim. As recompensas abrangem desde rodas de sambas, oficinas de grafites até café da manhã na organização e tours pelos projetos que o Fundo apoia.

Dessa forma, o FCP M’BOI se destaca como mais do que um fundo de investimento; é a manifestação da determinação do coletivo em reduzir a desigualdade social e capacitar a periferia.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: M´Boi Mirim é um território no extremo sul de São Paulo que integra os distritos de Jardim São Luis e Jardim Ângela, numa área de 62 km. O nome curioso é de origem tupi e vem do rio que corre na região: Rio M’Boi Mirim é o “rio das cobras pequenas”.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundo Comunitário PerifaSul M´Boi Mirim;
  • Nome e cargo da principal liderança: Alânia Cerqueira, Sidinéia Chagas e Naiara Padial;
  • População estimada: Cerca de 650 mil pessoas;
  • Número de OSCs do território: Plataforma de mapeamento em fase de testes;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Desenvolvimento comunitário, abrangendo áreas como educação, saúde, cultura, esporte, empreendedorismo, entre outras.

O Fundo Comunitário Perifasul M´Boi Mirim integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o Fundo Comunitário Perifasul M´Boi Mirim? Acesse o site da Fundação ABH.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

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Entrada de novos grupos de iniciativa no programa Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, o desenvolvimento e o fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

As FICs são organizações que atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais de múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades do território. Além disso, fortalecem o setor social da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Em 2020, o Programa Transformando Território recebeu 12 organizações e líderes que almejavam desenvolver este modelo de organização para atuar em suas regiões. Ao final do Programa, 10 novas FICs surgiram, atuando em diferentes territórios em 5 estados.

Em 2023, o Programa se dedicou em um novo esforço de encontrar novos líderes e organizações para atuarem neste modelo. Através de uma chamada pública, encontros e pesquisa ativa, 5 novos grupos de iniciativa entraram no Programa em agosto de 2023.

Cada nova organização e liderança trazem perspectivas, conhecimentos e territórios novos, contribuindo para o desenvolvimento do Programa em cenários tão plurais.

Ao participar do Programa cada organização definirá sua trilha de desenvolvimento, com metas, objetivos e esforços alinhados com seus territórios, conhecimento e história.  A partir de amplos diálogos, reuniões e encontros, o Programa define uma estratégia de apoio para cada organização, respeitando os saberes, demandas e potenciais locais.

Dito isso, algumas das principais atividades realizadas pelo Programa são consultorias, mentorias, capacitações, cursos, aporte financeiro e viagens de intercâmbio entre as organizações. Além de buscar dar visibilidade a todas essas organizações e difundir o debate sobre filantropia comunitária no Brasil.

Abaixo, uma breve descrição de cada um dos novos grupos de iniciativa do Programa Transformando Territórios.

 

Instituto Comunitário de Sergipe – ICOSE

O ICOSE é uma organização que tem por missão promover o fortalecimento do protagonismo das comunidades locais e a atuação em rede, visando o desenvolvimento justo, solidário e sustentável no Estado de Sergipe.

A sua principal missão é identificar, apoiar e assessorar as organizações do terceiro setor e iniciativas de pessoas físicas que atuem na comunidade de forma responsável e, promover o intercâmbio e parceria entre as organizações da sociedade civil com os órgãos públicos, privados e pessoas físicas fortalecendo a comunidade sergipana.

A organização está em seu primeiro ano de atuação, iniciando seus projetos para a cidade de Aracajú e buscando a formação de mulheres empreendedoras e campanhas de solidariedade em escolas da cidade.

Atualmente o ICOSE está realizando uma campanha de arrecadação no site da Benfeitoria, para projetos que tem como objetivo o empoderamento da mulher sergipana, SAIBA MAIS!

 

Rede Paraty

A Rede Paraty surgiu da necessidade de haver uma maior articulação entre o setor social na cidade de Paraty e fortalecer essas iniciativas sociais tão importantes para o território da cidade de Paraty.

A partir de uma pesquisa realizada pela Taiamá Foundation e outros atores locais, foi realizado o desenvolvimento de um diagnóstico socioeducacional e a elaboração de uma teoria da mudança para a cidade de Paraty. O que permitiu mapear as prioridades locais e as organizações no território.

Desse mapeamento sobre as demandas sociais da cidade, um grupo de OSCs da cidade muito bem articulado expressaram o desejo de desenvolver um Instituto Comunitário, para alavancar o impacto socioambiental do território, ampliar o diálogo com o poder público e a cultura de doação local.

 

Associação Nossa Cidade

A Associação Nossa Cidade (ANC), fundada em 2014, tem como objetivo promover um mundo melhor através da filantropia comunitária, já tendo financiado quase 100 projetos por meio de várias abordagens, incluindo Patrocínio Fiscal, Círculo de Doações e gestão do Fundo Regenerativo Brumadinho.

Essas diversas experiências permitiram que a associação desenvolvesse uma tecnologia social para implantação de fundos comunitários em pequenos territórios, chamados de FuSo (Fundos Sociais Nossa Cidade).

A partir deste amplo conhecimento sobre diferentes territórios, atividades de grantmaking e articulação local, o Nossa Cidade se formaliza como um Instituto Comunitário para atuar na região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

Mundaú

A Mundaú está sendo fundada pelo líder comunitário Carlos Jorge, fundador do Instituto Mandaver. Com grande representatividade no território e engajado com os desafios de Alagoas, Carlos Jorge impulsiona a Mundaú para transformar organizações e diferentes realidades em Alagoas.

Ela surge com o propósito de operar como um Instituto Comunitário para o estado promovendo o desenvolvimento comunitário do território, buscando maior engajamento dos atores locais, doadores e organizações sociais para aumentar a cultura de doação local.

Atualmente o Instituto dedica seus esforços para a cidade de Maceió, planejando um evento de lançamento em dezembro deste ano envolvendo diversas organizações locais.

Promovendo capacitações, conhecimento, empoderando e fortalecendo a sociedade civil, a Mundaú será uma grande propulsora de transformação, inovação e impacto social no estado.

 

Fundação Gerações

A Fundação Gerações é uma entidade da sociedade civil criada em 2008, na cidade de Porto Alegre, em consonância com a sua missão, dedica-se a fomentar iniciativas, processos e projetos sociais que fortaleçam a sociedade gaúcha. Suas três principais áreas de atuação são: Gestão de Investimento Social, Apoio Financeiro a OSC’s e Formações para o Terceiro Setor.

A Fundação é responsável pelo Fundo Gerações, que tem vínculo com a Lei da Solidariedade, que tem o objetivo de apoiar a constituição de fundos patrimoniais para sustentabilidade das organizações do terceiro setor.

Em 2022 a organização passou por um processo de revisão do seu planejamento estratégico, onde compreendeu a sua missão de atuar como Fundação Comunitária e adentrar ao Programa Transformando Territórios. Como primeira iniciativa para este processo de reformulação, a Fundação está constituindo o Fundo Comunitário Porto para Todos, que passará a exercer estas primeiras atividades como FIC.

 

QUEM SOMOS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1999, cuja missão é inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, a partir do trabalho junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

 

A Charles Stewart Mott Foundation é uma organização social grantmaker norte-americana, com sede em Flint (Michigan), fundada em 1926 por Charles Stewart Mott , antigo diretor e acionista da General Motors Corporation. Mais de US$ 3,2 bilhões em ativos alocados para o desenvolvimento de projetos com foco em 4 áreas de atuação: Sociedade civil, educação, meio ambiente e comunidade de Flint. A Mott já apoiou organizações em mais de 62 países e em 2019 distribuiu US$ 133 milhões em grants.

Fundação FEAC: seis décadas impulsionando organizações, territórios e pessoas

Como uma organização mantém um modelo de ação social inovador por quase 60 anos? A história da Fundação FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas começa no início dos anos 1960, quando as organizações

Jovem Chef – FEAC

sociais campinenses enfrentavam dificuldades econômicas e decidiram atuar de forma integrada e articulada para promover a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Em 2024 a FEAC completará seis décadas desenvolvendo e apoiando soluções reais para os desafios das comunidades mais vulneráveis da região de Campinas.

Um dos fundadores da FEAC, Eduardo Pimentel, teve a ideia de reunir as entidades sob um mesmo guarda-chuva, criar um fundo único e mais eficiente de captação de recursos e realizar apoio e suporte administrativo a outras entidades. Com a iniciativa bem-sucedida, a FEAC foi oficializada em 1964 e seguiu com o propósito de apoio institucional às organizações, tendo como bússola a busca do desenvolvimento integral e do respeito à cidadania plena das crianças e dos adolescentes.

O projeto alcançou novos rumos quando o casal Odila e Lafayette Álvaro, no mesmo ano de criação da organização, decidiram doar a Fazenda Brandina a esse grupo de instituições. No final dos anos 70, quando um grupo imobiliário quis comprar a terra, a FEAC decidiu não só vender o terreno, mas sim tornar-se sócia do shopping que seria construído na região. Naquele momento deu-se início ao que viria a se tornar um endowment ou fundo patrimonial, uma importante fonte de financiamento para organizações do terceiro setor da região.

Assim, as atividades da FEAC são financiadas por recursos próprios, gerados pela administração do próprio patrimônio, especialmente as locações imobiliárias. A partir desses recursos a FEAC realiza a prática de grantmaking – , ou seja, financia iniciativas e projetos de organizações locais. Essa característica é uma das principais atividades de uma Fundação ou Instituto Comunitário.

Na Carta de Princípios para FICs, define-se que:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

 

Os investimentos são destinados a viabilizar projetos que tenham relação com os objetivos da FEAC em seis áreas programáticas, divididas em três dimensões:

 

  • 1) Empoderar pessoas (Acolhimento afetivo, Educação, Juventudes, Mobilização para autonomia e Primeira Infância em foco);
  • 2) Potencializar territórios (Fortalecimento de vínculos);
  • 3) Impulsionar organizações (Cidadania Ativa e Qualificação da gestão de OSCs     Cidadania e Impacto Social).

 

Em um olhar retrospectivo, percebemos que a FEAC já nasce como uma fundação comunitária em 1964, mesmo sem conhecer esta terminologia para suas atividades.

Urbanizarte, FEAC

 

SUPORTE A PROJETOS ESTRUTURADOS

Jair Resende, superintendente socioeducativo da FEAC

Para garantir a governança efetiva e a sustentabilidade das organizações, dentro do terceiro eixo, a FEAC faz suporte a processos formativos, tendo como um dos principais programas o “Cidadania e Impacto social”, conta o superintendente socioeducativo da FEAC, o paraense Jair Resende:

 

“Impulsionamos as organizações por meio de formações, mentorias, estabelecimento de redes e investimentos, para que tenham mais condições de protagonismo, adotem as melhores práticas de gestão e processos eficientes. Nos últimos tempos, despertados pelo programa Transformando Territórios (TT) do IDIS, temos olhado especialmente para organizações que estão imbuídos na causa do desenvolvimento de territórios”.

 

Em 2022, a Fundação FEAC consolidou um novo modelo de investimento social, a partir de um processo de transformação que teve início quatro anos antes. Antes realizada por meio de apoio institucional, a parceria que a Fundação firma com as organizações parceiras passou a ser realizada por meio de suporte a projetos estruturados.

 

“O ano de 2022 foi o primeiro em que todas as organizações apresentaram as propostas em forma de projetos dentro desse sistema. Isso foi uma grande conquista da FEAC”, afirma Resende.

 

Nesse último ano, foram desenvolvidos 173 projetos em parceria com 127 organizações, um investimento de mais de R$ 25 milhões.

 

“O mais importante é que, com esse sistema, a FEAC conseguiu dimensionar melhor os impactos de suas iniciativas para cumprir o seu papel de impulsionar as transformações nos territórios onde atua”. completa.

 

Entre os editais recentes, estão a apresentação de propostas voltadas à melhoria e transformação dos espaços dos serviços de acolhimento – em que foram selecionados quatro projetos com até R$ 80 mil – e a para organizações atuem com pessoas com deficiência, para apresentação de propostas de projetos visando a acessibilidade arquitetônica – foi apoiado um projeto com até R$ 250 mil.

Além disso, a Fundação FEAC vem realizando, dentro do eixo Cidadania e Impacto Social, um mapeamento dos coletivos de Campinas. O levantamento é feito a partir do cadastro de informações das organizações numa plataforma: a temática em que atuam, se têm sede ou não, onde estão localizadas, o perfil dos membros e quais as dificuldades que enfrentam, dentre outras. Todos estes dados servirão como referências relevantes para parcerias em futuros projetos.

Agricultura Urbana, FEAC

Com uma logística privilegiada e outros recursos singulares, Campinas é hoje uma das cidades mais ricas do país. Entretanto, essa mesma Campinas, oficializada como metrópole pelo IBGE em 2020, apresenta um território de alta desigualdade econômica. Desde a criação da FEAC, a população do município passou de 300 mil para mais de um milhão de habitantes, a vulnerabilidade social também aumentou e a fundação precisou se reinventar algumas vezes para seguir promovendo impacto social positivo na região.

 

UM OLHAR ESTRATÉGICO

Em 2020, a FEAC desenhou as Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS), dando mais racionalidade ao olhar para o território. Antes, a organização trabalhava com 349 áreas de vulnerabilidade espalhadas por Campinas.

 

“Muitas compartilhavam equipamentos como escolas e unidades de saúde. Foi assim que se chegou a uma divisão em 16 REVS, que fizeram com que a fundação olhasse, pela primeira vez, para a área rural de Campinas. Também permitiu observar com mais exatidão as vulnerabilidades dos territórios, possibilitando uma atuação mais estratégica”, explica Resende.

 

Mesmo sendo uma fundação com relativos recursos, o superintendente garante que a FEAC segue em busca de parcerias importantes com empresas e outras organizações para criar e operacionalizar projetos.

 

“A aproximação com o IDIS, através do Transformando Territórios, nos despertou a visão de que a FEAC pode ser um hub de investimento social, ampliando suas parcerias para potencializar o ecossistema;”finaliza Resende.

 

APOIAR UM AO OUTRO PARA CRESCER JUNTOS

A entrada da FEAC no Programa Transformando Territórios, que visa o desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs), proporcionou à organização uma nova oportunidade para expandir conhecimento sobre a filantropia comunitária, abrindo assim novas perspectivas para atuação.

Uma dessas formas de atuação da FEAC é apoiar a formação de novas FICs na região de Campinas. O primeiro case de sucesso dessa atuação é o apoio a FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos que atua no território de Valinhos. Inclusive a FEAV entrou no Programa Transformando Território em 2021, por indicação da FEAC. A participação de ambas no programa também foi o catalisador de uma parceria entre as duas instituições.

Cinemaqui – FEAC

Neste ano, a FEAC como forma de apoio mais expressiva doou um de patrimônios, um histórico casarão localizado na cidade de Valinhos, para a FEAV. Nesses 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário por meio de uma doação tão significativa.

Esta contribuição está alinhada com o novo objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas apoiando iniciativas sociais locais por meio de uma abordagem de longo prazo e de um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região metropolitana. E também inicia um processo pioneiro onde uma fundação comunitária apoia o desenvolvimento de outras FICs nas regiões do entorno. Este é um passo importante e disruptivo que demonstra a importância da parceria e aliança entre FICs para o desenvolvimento dos nossos territórios.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: As áreas de atuação da FEAC abrangem todas as 16 Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS) no município de Campinas. O conceito das REVS foi definido pelo Núcleo de Inteligência Social (NIS) da FEAC, tendo como base dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundação FEAC;
  • Nome e cargo da principal liderança Jair Resende, superintendente socioeducativo;
  • População estimada: 200 mil pessoas em situação de vulnerabilidade. Os projetos da FEAC já atingiram 138.266 beneficiários;
  • Número de OSCs do território: Levantamentos apontam cerca de 200 organizações;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes.

    A Fundação FEAC integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Fundação FEAC? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Espírito comunitário: FEAC doa casarão à FEAV para fortalecer ações sociais em Valinhos

A cooperação para o desenvolvimento é uma das propostas da filantropia comunitária. Visando apoiar a organização parceria de atuação em um território próximo, a FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas anunciou uma grandiosa doação de um majestoso casarão de 800m² em um terreno de 6000m² que fortalecerá significativamente as atividades da FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos, localizada na cidade vizinha à Campinas. Ambas as organizações participam do programa Transformando Territórios do IDIS e atuam de forma próxima neste território no interior de São Paulo na região de Campinas e região metropolitana.

O histórico casarão, construído na década de 20, já serviu como residência da família Bissoto e até subsidiou o outro projeto social, o da Creche da Tia Nair. Agora o edifício com arquitetura rebuscada e espaços amplos será transformado em um centro de apoio a projetos sociais de Valinhos apoiados pela FEAV.

 

 

A FEAV é uma organização sem fins lucrativos que atua como Instituto Comunitário, dedicada a melhorar a qualidade de vida na cidade de Valinhos, por meio de uma abordagem de longo prazo e um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região. Ou seja, atuando neste modelo de organização, a FEAV trabalha como fonte de apoio técnico e financeiro para uma variedade de iniciativas sociais que abrangem diversas causas em seu território, priorizando sempre as necessidades sociais locais a partir de uma escuta ativa da comunidade local.

 

 

Junto de mais 16 organizações do Brasil, a FEAV é uma das organizações integrantes ao Programa Transformando Territórios. Esta é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, desenvolvimento e fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

A parceria entre as duas organizações não é nova e inclusive, a FEAV foi indicada pela FEAC para participar do Transformando Territórios em 2021. Nesse curto período atuando como um Instituto Comunitário, a organização de Valinhos já acumula grandes conquistas e vem realizando um trabalho excelente fortalecendo o setor social do município por meio de capacitações e apoio financeiro. A entrada no Transformando Territórios também foi o catalisador de uma aproximação da parceria entre ambas as instituições.

A FEAC é uma das Fundações Comunitárias mais antigas do Brasil, atuando desde 1964 no território de Campinas. Nos seus 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário. Esta contribuição está alinhada com o objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas.

Agora a diretoria da FEAV, representada pela líder comunitária Eliane Macari, está reunindo os representantes das Organizações da Sociedade Civil da cidade para decidirem juntos quais projetos sociais podem ser implantados no casarão e como transformá-lo num centro de apoio ao setor social de Valinhos.

Essa doação representa o incrível trabalho contínuo da FEAV e da FEAC em apoiar as iniciativas sociais do próprio território, evidenciando como as Fundações e Institutos Comunitários desempenham um papel fundamental no fortalecimento do setor social e na construção de comunidades mais fortes, promovendo um impacto positivo e duradouro onde atuam.

 

“Sabendo que existe uma entidade em Valinhos que atua em modelo similar à FEAC foi natural imaginar a doação. Juntos podemos ser muito mais fortes que cada um atuando de forma isolada. A transferência do patrimônio foi só o primeiro passo de uma história muito bonita daqui pra frente”, afirma Renato Nahas, presidente do Conselho Curador da Fundação FEAC.

 

Essa doação também simboliza o incrível poder de colaboração que o setor social tem entre si e destaca o enorme potencial que poderia ser realizado se houvesse um maior apoio de outros setores. Essa iniciativa será um passo significativo na batalha contra a desigualdade social e na promoção de uma sociedade mais solidária na região de Valinhos.


Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Vem aí ‘Dia de Doar 2023’: participe e doe para Fundações e Institutos Comunitários

 Clique aqui e doe!

Desde 2013, acontece o Dia de Doar no Brasil e neste ano, a 10ª edição vai acontecer em 28 de novembro. O objetivo é incentivar o país a ser mais generoso e solidário, mobilizando pessoas físicas, empresas e campanhas comunitárias para arrecadar recursos e aumentar o impacto positivo de organizações do terceiro setor.

O Dia de Doar estimula a doação de pessoas, empresas e organizações e tem um papel fundamental ao mostrar que todos podem participar, fortalecendo a cultura da doação no cotidiano das pessoas.

Neste ano, o programa Transformando Territórios, que fortalece Fundações e Institutos comunitários (FICs), participa do movimento com uma campanha de matchfunding. Ou seja, a cada R$ 1 doado, o fundo transformando territórios doará mais R$ 1 para as FICs participantes.

 

Com atuação regional, são 6 organizações participantes de distintas regiões do país: 

Conheça esses territórios que transformam realidades por meio de apoio a uma rede de atores e organizações locais. Doe e multiplique o impacto social!

 

A campanha vai até 8 de dezembro. Acesse aqui para doar!

 

O que são Institutos e Fundações Comunitárias?

Institutos e Fundações Comunitárias são organizações da sociedade civil que visam a melhoria da qualidade de vida de populações situadas em regiões geográficas bem delimitadas, a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais, através do desenvolvimento de capacidades e valorização de ativos locais, estas organizações produzem conhecimento, atuam em rede com o poder público e sociedade civil em prol do desenvolvimento territorial.

 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

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Observatório do Terceiro Setor destaca o Programa Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com apoio da Charles Stewart Mott Foundation, foi destaque no Observatório do Terceiro Setor, portal de notícias sobre o terceiro setor no Brasil. Em entrevista, Whilla Castelhano, gerente de projetos do IDIS, explicou que o programa busca incentivar a criação e fortalecer as Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil.

As FICs são organizações que atuam em prol do desenvolvimento comunitário de um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto social positivo para o desenvolvimento da região. Diferentemente das ONGs, não executam projetos sociais, e sim os apoiam, destinando recursos ou realizando a capacitação dos atores.

Whilla explicou que a principal razão do impacto das fundações comunitárias são os investimentos transversais.

“O que potencializa o impacto das FICs é o papel como ‘grantmaker’ ou financiador de projetos e ações de impacto no território. Uma FIC pode identificar que a demanda prioritária da sua região é trabalhar a conscientização sobre reciclagem. Desta forma, ela pode investir em projetos que trabalhem com crianças do ensino fundamental, associações e coletivos de reciclagem, projetos sociais com artesãos que utilizem materiais recicláveis para confecções”.

Leia a notícia completa aqui!

Sobre o Observatório do Terceiro Setor

Observatório do 3° SetorO Observatório do Terceiro Setor é uma agência brasileira de conteúdo multimídia com foco nas temáticas sociais e nos direitos humanos, no que o mundo precisa com urgência. Reúne plataformas de rádio e digitais para divulgar as boas práticas das organizações da sociedade civil.

Sobre o programa Transformando Territórios

Assista esse e outros vídeos na nossa playlist do programa Transformando Territórios.

O programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Manauara: a cidade de Manaus sob o olhar comunitário

Fomentar o protagonismo de mulheres é contribuir para melhorar a condição de vida não só delas, mas de todos que as cercam. Parte deste princípio o Fundo Icamiabas, que acaba de ser lançado pela Manauara Associação Comunitária, que atua para promover o desenvolvimento comunitário na cidade de Manaus, Amazonas. A proposta do fundo é fornecer apoio financeiro e humano, de forma descomplicada e contínua, para lideranças femininas que trabalham em prol de outras mulheres nas periferias da capital amazonense.

Os fundadores da Manauara Ricardo Anderáos, Giselle Mascarenhas e Célia Petit, visitando o Igarapé do Gigante, na comunidade da Redenção, Zona Oeste de Manaus

Foi às margens dos 7 km de extensão do Rio Igarapé do Gigante – que nasce cristalino em meio à floresta nativa e se depara com os problemas ambientais da urbanidade – que teve início o diálogo entre organizações sociais e lideranças comunitárias da Zona Oeste de Manaus. Assim começa, em 2020, uma aliança não apenas para despoluir a bacia hidrográfica, que corta vários bairros de Manaus, mas também para transformar a vida de quem vive às suas margens. São mais de 160 mil famílias manauaras vivendo em situação de extrema pobreza, correspondendo a cerca de 445 mil pessoas nesta situação (19,7% de sua população).

A partir de um mapeamento do campo social da cidade, que identificou os principais ativistas, organizações sociais e demandas do território, em 2021, alguns integrantes deste grupo começam a se estruturar no formato de um instituto comunitário e, em 2022, com apoio e capital semente do IDIS, a Manauara é fundada. Dois dos seis fundadores são os diretores da iniciativa: Ricardo Anderáos e Celia Petit, ambos sócios da Oré Inovação em Impacto Social e criadores da Aliança pelo Igarapé do Gigante.

Membros da Manauara e ativistas locais, junto com o Secretário do Meio Ambiente de Manaus Antonio Stroski e assessores, em plantio de árvores nativas às margens do Igarapé do Gigante, no Dia do Meio Ambiente

O primeiro edital de apoio a projetos foi lançado ainda em 2022, com o tema  “Água, Saúde e Biodiversidade na Microbacia do Igarapé do Gigante”. O edital teve como vencedores os projetos “Mulheres Gigantes” e “Viveiro de Árvores Nativas Parque Mosaico Amazônia“ que, juntos, receberam cerca de R$ 150 mil.

Ser um grantmaker local, isto é, ser uma financiadora do setor social do território em que atuam, é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

Captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.

 

SELEÇÃO A PARTIR DE BUSCA ATIVA

Com o primeiro edital, veio o entendimento da necessidade de estimular o protagonismo de mulheres líderes locais em um formato mais simples, sem a necessidade de inscrição em editais, conta Ricardo Anderáos. Assim, foi lançado o Fundo Icamiabas, que selecionará três mulheres em um processo permanente de busca ativa, baseado em entrevistas cruzadas (metodologia snowball mapping).

 

“Já selecionamos a primeira liderança e neste momento estamos buscando a segunda e terceira beneficiárias. O processo pode levar até 3 meses”, conta Ricardo.

 

“O foco da Manauara é o desenvolvimento comunitário de Manaus, atuando através da comunidade e para a comunidade, a partir de processos de escuta ativa que nos capacitam a apoiar as causas mais importantes para a cidade, como geração de renda, prevenção à gravidez na adolescência, combate à prostituição, atividades esportivas, culturais e de apoio escolar para adolescentes e cuidados com a saúde para toda a população”, explica.

 

No Fundo Icamiabas, estão previstos repasses mensais de pequenos valores via cartão de débito recarregável, com a destinação dos recursos definida num plano de ação acordado verbalmente com as lideranças femininas. Os recursos estão sendo captados junto a filantropos, empresas e grupos de mulheres da alta sociedade de Manaus, além de uma campanha de matchfunding que será lançada na Benfeitoria, com aporte do IDIS para impulsionar a arrecadação.

Célia Petit e Ricardo Anderáos, fundadores da Manauara, com Dona Alda (ao centro), líder comunitária da Zona Leste de Manaus e primeira beneficiária do Fundo Icamiabas.

Para garantir a transparência, extratos do fundo e do cartão de cada beneficiária serão publicados regularmente no site da Manauara, assim como as fotos das iniciativas, de forma a documentar as atividades. O número de beneficiárias e os valores que elas receberão serão variáveis, a depender da captação do fundo, com um teto de R$ 5 mil/mês por 12 meses.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: cidade de Manaus (AM)
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Manauara Associação Comunitária
  • Principais lideranças Celia Petit e Ricardo Anderáos
  • População estimada: Aproximadamente 2,4 milhões de pessoas
  • Número de OSCs no território: cerca de 200, segundo o Fundo de Promoção Social do Amazonas
  • Desafios regionais: Geração de renda, prevenção à gravidez na adolescência, combate à prostituição, atividades para manter as crianças fora das ruas, atividades esportivas, culturais e de apoio escolar para adolescentes e cuidados com a saúde
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Multitemáticos, com olhar para redes femininas de apoio mútuo em periferias.

    A Associação Comunitária Manauara integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Associação Comunitária Manauara? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Campanha duplica doação para institutos comunitários do Brasil

A cada R$ 1 doado, o fundo transformando territórios doará mais R$ 1 para cada uma das Fundações e Institutos comunitários (FICs) que participam do programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS com apoio da Charles Mott Foundation.

Com matching de até R$ 50 mil por organização, o Programa quer impulsionar as iniciativas locais das FICs com esta campanha, engajando comunidades e territórios!

 

Com atuação regional, são 6 organizações participantes de distintas regiões do país: 

Conheça esses territórios que transformam realidades por meio de apoio a uma rede de atores e organizações locais. Doe e multiplique o impacto social!

 

A campanha vai até 8 de dezembro. Acesse aqui!

 

O que são Institutos e Fundações Comunitárias?

Institutos e Fundações Comunitárias são organizações da sociedade civil que visam a melhoria da qualidade de vida de populações situadas em regiões geográficas bem delimitadas, a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais, através do desenvolvimento de capacidades e valorização de ativos locais, estas organizações produzem conhecimento, atuam em rede com o poder público e sociedade civil em prol do desenvolvimento territorial.

 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Seminário Transformando Territórios reúne mais de 30 lideranças comunitárias do Brasil

Aprender entre os pares foi o objetivo do Seminário Transformando Territórios, realizado em setembro, em São Paulo. Participaram representantes de Fundações e Instituto Comunitários (FICs) integrantes do Programa Transformando Territórios, projeto de impacto realizado pelo IDIS em parceria com a C.S. Mott Foundation. Com visitas a projetos apoiados, palestras, capacitações e eventos com investidores sociais e filantropos, foi possível aprofundar a compreensão de um tema fundamental: o poder de transformação dessas organizações no Brasil.

Na segunda edição, o evento teve a participação de mais de 60 pessoas, incluindo lideranças das FICs, filantropos, parceiros e apoiadores comprometidos com essa causa.

 

“Foram 3 dias importantes para conexões, benchmarking e ampliação de visões, processos e possibilidades”, resumiu um dos participantes.

 

“O Seminário foi muito especial, principalmente por ser muito participativo. Acredito nessa construção coletiva para o Transformando Territórios nos próximos anos”, comentou outro participante, de forma anônima, nas avaliações do evento.

 

Inspiração e exemplo: uma visita ao Instituto Cacimba em São Miguel Paulista

É impossível ir à São Miguel Paulista e passar despercebido das ações apoiadas pelo Instituto Cacimba. A organização está no programa Transformando Territórios desde 2020, sendo uma das primeiras FICs da cidade de São Paulo. O Cacimba foi criado com o apoio do Programa e respaldado na sólida confiança que o líder comunitário Hermes de Souza possuía na região. Desde então, Hermes de Souza tem ocupado a direção do Instituto. Saiba mais sobre essa história aqui. Mostrando a importância de inspirar ação, a programação do Seminário começou por aqui.

Ao longo do dia, diversos projetos sociais apoiados pelo Cacimba na região puderam ser conhecidos. Muitos deles receberam orientação do líder Hermes de Souza e agora são apoiados pelo Instituto.

 

Aprendizado e formação: uma constante

No período da tarde, o grupo participou do workshop  “Diversidade e Direitos Humanos”, oferecido por Clara Serva, sócia da área de empresas e Direitos Humanos do TozziniFreire Advogados, e Maria Paula Bonifácio Custódio, advogada da área.

Entre os momentos de troca de experiências e intervalos, houve apresentações culturais de dança por projetos do Instituto NUA, ministrados por pessoas do território.

No segundo dia do Seminário, palestras e rodas de conversas destacaram a relevância e atuações das FICs em seus territórios, e muitas experiências puderam ser trocadas. O encontro aconteceu na sede da Comunitas, que apoia institucionalmente o Transformando Territórios.

Confira os destaques dos quatro painéis que integraram o evento.

Painel 1: Grandes impactos a partir de pequenas doações: potencializando mudanças com contribuições significativas

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Elio Raymundo (presidente da Rede de Organizações do Bem), Thais Almeida (secretária executiva do Instituto Espraiada), Alânia Cerqueira (líder do Fundo Comunitário M’Boi), e como moderadora, Pâmela Ribeiro (coordenadora de Projetos Especiais do GIFE).

A mesa trouxe novas perspectivas sobre como o apoio a pequenas iniciativas locais pode gerar grandes transformações sociais e ambientais, destacando o potencial dos fundos voltados aos microprojetos e do capital semente para o fortalecimento comunitário, sobretudo em regiões em que os recursos são concentrados em grandes organizações.

Elio Raymundo, presidente da Rede do Bem que atua na região metropolitana do Rio de Janeiro, destacou como projetos que recebem pequenos apoios financeiros conseguem promover “resultados inesperados” de desenvolvimento local. O cerne da questão, entretanto é que, para ele só é possível por meio da confiança nas organizações e lideranças que fazem a diferença em seus territórios e da simplicidade nos processos de contrapartida.

Painel 2: Fortalecendo vínculos: construindo relações sustentáveis com o território

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Hermes de Sousa (diretor do Instituto Cacimba), Ana Paolo Vieira (conselheira da FUNDAES), Flávia Mota presidenta do Fundo Comunitário JEQUI), e como moderadora Lúcia Dellagnelo (embaixadora do Programa Transformando Territórios).

Partindo da necessidade de criar laços, Hermes trouxe para o debate a questão da confiança para fortalecer parcerias e construir com o território. Segundo ele, “a confiança em si mesmo leva a confiança no outro” e isso institui a regeneração da confiança.  A chave para ter relações sustentáveis segundo sua experiência é “envolver e trabalhar com a comunidade e não para a comunidade”. Para atingir esse objetivo, é necessário entrar na mesma linguagem, e adaptar a linguagem em cada espaço, até mesmo na construção dos editais, os quais hoje o Instituto Cacimba também tornaram mais inclusivos com a possibilidade de inscrição por vídeos e áudios, além do formato escrito.

Painel 3: Unindo forças: colaborações com o setor público e empresas para transformação comunitária

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Eliane Macari (presidenta da FEAV), Jair Resende (superintendente na Fundação FEAC), Célia Petit (presidenta da Associação Manauara), e como moderadora Patrícia Loyola (diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas).

A parceria entre as fundações que se dedicam às cidades vizinhas – Valinhos e Campinas -, FEAV e FEAC, respectivamente, também demonstraram a força da colaboração entre si e em territórios de atuação. Como compartilhou Jair Resende, da FEAC, como mais de 60 anos de história a FEAC continua a missão de estimular o setor social e vem apoiando o desenvolvimento da FEAV, no desenvolvimento da organização vizinha de município ao doar um imóvel centenário para constituição do fundo patrimonial da FEAV. O apoio mútuo é um exemplo a ser seguido e mostra a potência em prol da transformação comunitária nesse território.

Painel 4: Unindo forças: filantropia comunitária para justiça social

 Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Diane Pereira (presidenta do Instituto Comunitário Baixada Maranhense), Gisele Ribeiro (presidenta da Associação Redes da Maré), Willian Narzetti (gerente executivo do ICOM), e como moderadora Mônica de Roure (vice-presidente e diretora de relações institucionais do BrazilFoundation)

No âmbito das potencialidades, Diane apontou a necessidade de estar dentro do território para que a filantropia comunitária entenda a possibilidades, as pessoas e a terra de uma região em distintas situações.  Ela acredita que “considerar que existe potencialidade, quando o rio está cheio, pois é bom para regar as plantas, e quando está vazio é bom pra passar o boi para outras regiões. É preciso pensar que desenvolvimento é ver abundância e não escassez”. A representante do Instituto Baixada ainda afirma que é necessária uma rede de pessoas para que não só se compreender a abundância, mas também de materializar a mudança social.

No terceiro e último dia, os participantes tiveram a oportunidade de participar do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Saiba mais aqui.

Texto produzido por Alexandra Teles, Ana Beatriz Pedreira e Leticia dos Santos, todas da equipe do IDIS. 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em transformandoterritorios.org.br

Em Manaus, IDIS realiza visita a organização participante do programa Transformando Territórios

Felipe Groba, gerente do programa Transformando Territórios, visitou a Manauara Associação Comunitária em Manaus. Durante a visita, o IDIS ofereceu apoio em reuniões de relacionamento, captação e planejamento, além de visita a projetos sociais apoiados pelo Manauara na cidade

A organização faz parte do programa Transformando Territórios, realizado pelo IDIS para fortalecer institutos e fundações comunitárias pelo Brasil.

Em um desses encontros, realizado no INDT – Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, reuniram-se empresários, filantropos, líderes sociais e membros da Governança do Manauara, oportunidade na qual foi apresentado o propósito do Fundo Icamiabas, que tem por objetivo reunir recursos filantrópicos para apoiar mulheres guerreiras de Manaus, que causam impacto direto em comunidades da cidade.

Em outra ocasião, Felipe visitou o Reuna, projeto liderado por Dona Cristina na comunidade da Redenção, na Zona Oeste de Manaus, e apoiado pelo primeiro edital do Manauara.

“Manaus é uma cidade com enormes desafios, e a visita ao Manauara e projetos apoiados mostrou a potência da FIC para agitar a filantropia local. O Fundo Icamiabas coloca os holofotes sobre as mulheres guerreiras de Manaus, que atuam no dia a dia para superar questões que vão da fome e da gravidez na adolescência à falta de saneamento básico e de oportunidades de emprego formal. Com uma governança diversa e uma visão de futuro para a cidade, o Manauara irá – sem dúvida – contribuir para a cultura de doação local e para o engajamento de empresas e famílias manauaras com os desafios socioambientais do território.”, afirma Felipe Groba.

 

FUNDAES: Apoio a organizações locais contribui para superar desafios socioambientais no Espírito Santo

Fundada em 2002, a Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo – FUNDAES busca promover e fortalecer o estado do Espírito Santo por meio das organizações sociais acreditando que o desenvolvimento de um território começa com o apoio aqueles que trabalham localmente para a redução das desigualdades.

 

Entre os projetos promovidos pela entidade estão capacitações, pesquisas, formação de redes colaborativas e advocacy. A FUNDAES também auxilia entidades associadas na candidatura de projetos aos editais de fundos sociais, tanto no âmbito dos municípios quanto do estado do Espírito Santo.

 

A realização de todas estas atividades é possível por meio da captação de recursos com várias fontes de financiamento. Entre elas estão a geração própria de receita por meio da anuidade paga pelas afiliadas – atualmente, são 41 organizações – e também as contribuições de empresas sediadas no estado, grandes parceiras da Federação.

 

Com o apoio do Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation, a FUNDAES assume um novo papel no território, o de instituto comunitário. Em que o papel principal é integrar e articular o ecossistema de impacto do estado, debatendo as demandas da sociedade capixaba compartilhando conhecimentos, investindo na profissionalização do terceiro setor da região e financiando iniciativas e projetos sociais na região.

 

Esta nova atividade ganhou um braço operacional próprio, chamado de Fundo de Investimento Comunitário Capixaba – “FIC”. O objetivo é atrair o investidor social capixaba para apoiar projetos e iniciativas locais que transformem a região. O Fundo conta com um Comitê Gestor próprio que reúne seis representantes da sociedade civil com diferentes expertises. Entre novembro de 2021 e maio de 2022, o Fundo captou R$ 195 mil com fontes de recursos diversas, dentre elas doações de institutos empresariais, doadores pessoas físicas (dentre eles membros da governança da FUNDAES), associações empresariais, famílias, cooperativas e empresas nacionais e internacionais.

 

Robson Melo, Presidente da FUNDAES, apresentando o fundo da FIC

 

Esta pluralidade de fontes doação é uma das principais características das fundações e institutos comunitários, que atuam como uma ponte entre os interesses dos doadores e investidores sociais para atender as  demandas identificadas e endereçadas pelas organizações e iniciativas do território.

 

Projeto Abrace a Vida, apoiado pela FUNDAES

Financiadas por fontes de recursos diversas: buscam construir ao longo do tempo bases diversificadas de captação de recursos, sempre que possível, realizando a captação também junto à própria comunidade, de modo a impulsionar o papel coinvestidor dos cidadãos, aumentar o engajamento comunitário e contribuir com a construção de relações baseadas na confiança e transparência, na qual tanto o instituto/fundação comunitária quanto cidadãos compartilham a responsabilidade sobre o território e sua comunidade.

 

A FUNDAES é uma das organizações mais bem-sucedidas nesta frente, buscando inovar nas relações com os doadores e arrecadação de doações. Este ano a organização está se dedicando a abrir novas frentes de captação, realizando uma parceria com o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Sergio Aboudib no lançamento da sua autobiografia, l, que destinou 100% da venda do livro para o Fundo de Investimento Comunitário Capixaba e que contou com quase 100 doadores através da iniciativa.

 

“O objetivo do Fundo é apoiar iniciativas capixabas que tenham o objetivo do desenvolvimento comunitário, seja pela formação profissional, arte, saúde ou empreendedorismo, com melhoria da gestão e governança da entidade proponente”, destaca Robson Melo.

 

Também merece destaque para a campanha anual “De olho no dinheiro (Leão Solidário)”, que tem como objetivo mobilizar os declarantes do Imposto de Renda, indivíduos e empresas, a destinarem parte do imposto devido a projetos sociais.

 

COMO FOI CRIADA A FUNDAES

Pode-se dizer que o berço da FUNDAES é o ambiente acadêmico e que a entidade já nasce com o viés do desenvolvimento do território a partir do empoderamento comunitário.

 

O ano era 2002, quando pesquisadores de três instituições de ensino superior – Fucape Business School, FAESA e Centro Universitário e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – se uniram e buscaram parceria com duas importantes organizações da sociedade civil capixaba – a Fundação Otacílio Coser e a Associação Feminina de Combate ao Câncer (AFECC) – para pesquisar sobre a atuação do terceiro setor na região.

 

A partir de então, com a realização do seminário “O papel do Terceiro Setor para o desenvolvimento local”, foi fundado o Centro de Referência em Terceiro Setor (CERTS), que mais tarde, com o apoio e auxílio técnico das federações coirmãs de São Paulo e Minas Gerais (APF e Fundamig), se tornaria a FUNDAES como a conhecemos hoje.

 

Com uma pausa nas atividades por alguns anos, a Federação volta com força à cena capixaba em 2011, a partir da aproximação do movimento empresarial Espírito Santo em Ação. Como integrante deste grupo, o engenheiro e executivo da indústria siderúrgica Robson Melo se juntou aos então dirigentes – Valcemiro Nossa, Regina Murad, Raquel Coser e Mariluzia Dalla Bernardina para a reativação da FUNDAES. Desde 2019, Robson é membro da diretoria, ocupando a posição de presidente executivo da organização.

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ORGANIZAÇÕES E PROJETOS APOIADOS PELA FUNDAES

Sobre a parceria com o IDIS e a Charles Mott Foundation, Robson Melo destaca que a participação da FUNDAES no Programa Transformando Territórios garante uma parceria impactante e equitativa na medida em que oferece uma rede de colaboração, concedendo apoio financeiro e técnico de acordo com o contexto local de cada instituto e fundação comunitária.

Desde a integração no Transformando Territórios, em 2021, a FUNDAES oferece apoio financeiro a projetos de diferentes temáticas e causas por meio do Fundo de Investimento Comunitário Capixaba.

Entre esses foram apoiados 7 projetos em 6 municípios do Espírito Santo, uma pluralidade importante quando o território de atuação é tão vasto. Conheça os projetos e suas localidades:

  • O projeto Cozinha Abrace, da Associação Abrace a Vida, em Anchieta;
  • Mãos que Fortalecem, do Núcleo Social Roger Fernandes Rodrigues, em Cariacica;
  • Negócio Delas, do Instituto João XXIII, em Vitória;
  • Gestão Organizada em Prol das Mulheres do Território de Andorinhas, do Instituto Mulheres em Ação pela Cidadania, também em Vitória;
  • Segunda Chance, da Associação Casa da Mulher, em Serra;
  • Serviço de Convivência Além dos Muros, do Centro Cultural Araçá, em São Mateus;
  • Simplicidade, do Projeto Simplicidade, em Vila Velha.

Mãos que Fortalecem

O diretor da FUNDAES destaca que, das sete organizações selecionadas na primeira chamada, apenas duas são afiliadas da entidade. Alguns apoios foram destinados à formalização e estruturação destas organizações, possibilitando o maior acesso das iniciativas a recursos financeiros futuramente.

Para ampliar a divulgação da chamada do Fundo de Investimento, a FUNDAES utilizou da rede de 41 de organizações associadas e de uma estratégia inovado As associadas ajudaram a divulgar o edital nas próprias cidades e escreviam cartas de recomendação para que organizações não formalizadas também pudessem participar do edital.  Esta ação mostra o poder da atuação em rede e o potencial da parceria para o desenvolvimento local.

“Muitos projetos, apesar de comprovadamente provocar impacto social positivo, não atendem aos pré-requisitos complexos dos editais públicos por estarem em fase inicial ou outras questões burocráticas. Selecionamos organizações do norte, do sul e do centro do estado e os apoios financeiros são muito personalizados, de acordo com as demandas de cada uma”, explica.

 

Agora, a FUNDAES faz uma nova rodada de captação de recursos até junho para o lançamento da 2ª Chamada de Projetos. A expectativa é garantir ainda mais recursos para apoiar organizações em esforços de transformação de todo o Espírito Santo em um território melhor de se viver.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Estado do Espírito Santo (46 mil km²).
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo – FUNDAES.
  • Nome e cargo da principal liderança: Robson de Almeida Melo e Silva, Presidente da FUNDAES.
  • Causas prioritárias mapeadas pela FIC: Infância e Juventude, Terceira idade, Desenvolvimento comunitário, Arte e cultura.
  • Número de OSCs do território: Aproximadamente 23 mil em todo o estado (ativas ou não). Atualmente, 41 entidades, dentre OSCs, fundações e associações, são associadas à FUNDAES.
  • Desafios regionais: O estado do Espírito Santo enfrenta desafios sociais e ambientais complexos. No âmbito social, a violência urbana é um desafio significativo, com altos índices de criminalidade e violações dos direitos humanos. A falta de infraestrutura adequada, como saneamento básico e moradia digna, afeta negativamente a qualidade de vida de muitos moradores do estado. No contexto ambiental, o Espírito Santo enfrenta a degradação dos seus ecossistemas naturais, em especial a Mata Atlântica e os manguezais. A exploração indiscriminada de recursos naturais, como a mineração e a expansão agrícola, contribui para a perda de biodiversidade e a destruição dos habitats naturais. Porém, o Estado tem significativos avanços na área de educação e houve crescimento econômico em todo o Estado.

 

A FUNDAES integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre a FUNDAES? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

ICBM: Escuta ativa para promover a transformação da Baixada Maranhense

De tempos em tempos, o Instituto Comunitário da Baixada Maranhense (ICBM), ou Instituto Baixada, faz uma consulta online para ouvir os moradores do território sobre as prioridades de investimento social na região. A intenção é saber dos “baixadeiros” quais serão os temas dos próximos editais de apoio a organizações sociais, coletivos da região, escolas públicas e produtores rurais, dentre outros grupos locais. Com esta proposta de escuta ativa, o Instituto Baixada trabalha para promover a transformação em 16 dos 21 municípios da Baixada Maranhense, além de Alcântara, na região metropolitana de São Luís, que apresentam alguns dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

 

“O conceito de ‘baixadeiro’ inclui todos que nasceram ou foram criados no território ou que apoiam o seu desenvolvimento”, explica o superintendente do Instituto Baixada, Ivan Campos.

 

Encontro Regional de Desenvolvimento Territorial Zona Rural de Palmeirândia

 

A articulação para a criação do Instituto Baixada teve início em 2003. Nesta ocasião, um grupo de jovens que participavam de um projeto do Formação do Centro de Apoio à Educação Básica (FCAEB) – organização maranhense com atuação internacional – começou a se reunir para conceber e materializar projetos para os territórios mais vulneráveis do Maranhão, adotando o conceito de Conjunto Integrado de Projetos (CIP).

 

Ivan na reunião quinzenal de jovens de Palmerândia

Os jovens Diane Pereira, Denivaldo Freitas e Ivan Campos – naturais dos municípios maranhenses de São Bento, Matinha e Palmeirândia, respectivamente – estavam lá. Eles tinham entre 11 e 14 anos quando, junto com outros adolescentes do território, deram os primeiros passos para mudar não só a própria história, como a de muitos ao redor deles.

 

“Havia grupos de interesses com temas variados, como educação, políticas públicas para o desenvolvimento territorial, saneamento e urbanismo,  artes e esportes. Nós três integrávamos, em comum, o grupo de políticas públicas. Foi assim que nos conhecemos, ainda tão novos, discutindo filantropia e desenvolvimento comunitário”, conta Ivan.

 

A ATUAÇÃO DO ICBM

A primeira estratégia do CIP Jovem Cidadão foi a organização de Fóruns da Juventude distribuídos em 10 municípios da Baixada. Assim, foi criado o ICBM, que em 2009 se formalizava como fundação comunitária. Hoje, Diane, Denivaldo e Ivan assumem, respectivamente, os cargos de presidente, vice-presidente e superintendente do instituto, que é composto por 29 membros, sendo 25 fundadores e 4 convidados, todos nascidos na Baixada Maranhense.

 

“Nesta época, o êxodo rural era muito alto no Maranhão. Os jovens deixavam a Baixada Maranhense em busca de melhores condições de vida e acabavam trabalhando em condições análogas à escravidão. Com a formalização do Instituto, as prioridades começaram a ser vistas e analisadas a fim de servir como base para a criação de metodologias transformadoras na construção e no fortalecimento do território, revelando as potencialidades da região”, conta o – superintendente do instituto, Ivan.

 

Os membros do Instituto Baixada constituem o Conselho Comunitário, responsável por eleger o Conselho Curador, que delibera sobre a administração dos fundos, projetos e pautas extraordinárias. Entre integrantes do Conselho Curador, são eleitos o presidente e vice-presidente e escolhido um superintendente.

 

Possuir instâncias de governança formadas por membros do território, garantindo a defesa dos interesses comunitários, e promover apoio técnico e institucional para organizações locais, impulsionando seu desenvolvimento e a construção de capacidades, faz parte princípios das fundações e institutos comunitários (FICS). Entre as diretrizes das FICs, estão:

 

São representadas por membros da comunidade: possuem instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, são responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

São provedoras de apoio institucional e técnico às organizações e iniciativas sociais locais: responsáveis por impulsionar o desenvolvimento e a construção de capacidades das organizações da sociedade civil e iniciativas sociais locais, de modo a elevar padrões de operação e garantir o uso responsável e eficiente dos recursos doados.

 

PROJETOS APOIADOS

Com os editais de apoio, o Baixada capta recursos para apoiar organizações sociais locais e coletivos. Desde 2020, foram captados e repassados por meio de editais R$ 200 mil, apoiando diretamente mais de 500 pessoas participantes de grupos e coletivos da Baixada.

 

Dentre os  mais recentes, estão o “Música na Comunidade”, que cria espaços de aprendizagem em música, o “Juventude Empreendedora”, voltada ao financiamento de pequenos negócios de jovens do Curso Técnico de Gestão de Negócios/Administração do CEMP-EPDT e o “Fortalecendo a Agricultura Familiar”, com o objetivo de apoiar a produção agrícola olindense.

 

Eilane Lobato e Wesley Amorim jovens da Cia. de Dança Teatro Expressão Livre, de Palmeirândia

 

Uma das principais áreas de atuação, aliás, tem sido a agricultura familiar, um pilar importante para o desenvolvimento de comunidades, pois gera emprego e renda local.

Visita ICBM à Zona Rural de São Bento (MA)

Com o apoio de diversos programas, pequenos agricultores têm acesso a recursos e capacitações para melhorar a produção e renda dos quintais produtivos, além do acesso ao Banco de Sementes Crioulas. Este banco funciona no Parque Agroecológico Buritirana e integra o projeto educacional do Centro de Ensino Médio e Profissionalizante (CEMP-EPDT), que oferece cursos técnicos de Agroecologia, Agente Comunitário de Saúde e Gestão e Administração de Negócios.

 

 

O CEMP foi idealizado pelo Instituto Formação com metodologia própria, em parceria com as prefeituras locais, e é gerido atualmente em parceria com o Instituto Baixada. Tem o objetivo de profissionalizar jovens de periferias e da zona rural da região, trabalhando com o mesmo tripé das universidades: pesquisa, ensino e extensão. Em 8 anos, já formou mais de 400 alunos.

 

Outro projeto apoiado é o Laboratório Tear, atualmente, há no território sete deles, equipados com computadores com acesso à internet. Para a criação destes espaços, em conjunto com estudantes, professores e empreendedores, o Instituto Baixada desenha o projeto e estabelece os acordos de implantação do laboratório cujo espaço foi doado pela comunidade.

 

“Cuidar desse território implica percorrer estradas, mar, lagos, campos alagados, trilhas. E quanto mais percorremos o território, mais temos a sede de transformar escassez em abundância. Por isso, nós, do Instituto Baixada, estamos muito felizes de integrar o Transformando Territórios. O programa tem tudo a ver com a nossa missão. Por ser flexível, não deixa a gente engessado. Porque projeto social não tem um modelo, uma caixinha que a gente caiba dentro dela”, finaliza Ivan, superintendente do instituto.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Maranhão é o segundo maior estado do Nordeste, com área de 331.935 km². O ICBM atua em 16 municípios da Baixada Maranhense (que tem, ao todo, 21 municípios), mais Alcântara, que integra a Região Metropolitana de São Luís.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Comunitário Baixada Maranhense – ICBM.
  • Nome e cargo da principal liderança Diane Sousa, presidente;  Ivan Campos, superintendente.
  • População estimada: São atendidos diretamente entre 300 e 350 indivíduos em cada um destes 16 municípios.
  • Número de OSCs do território: Mais de 750 organizações e coletivos.
  • Desafios regionais: As principais demandas da região estão nas áreas de saúde e educação. As distâncias dificultam o acesso à educação e à saúde de qualidade. Em alguns distritos, o posto de saúde mais próximo fica a 4h e só oferece alguns atendimentos mais básicos. E, se nas zonas urbanas já há uma defasagem do atendimento pedagógico, nas zonas rurais o problema é grave, com falta de professores, infraestrutura etc.


 

O Instituto Comunitário da Baixada Maranhense integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o ICBM? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

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Transformando Territórios abre 1ª chamada para seleção de novas Fundações e Institutos Comunitários

O programa Transformando Territórios – Programa de Desenvolvimento de Institutos e Fundações Comunitárias está promovendo a 1ª chamada para novas organizações para integrarem a rede.  Lançado em 2020, possui 13 iniciativas participantes em diferentes regiões brasileiras. No processo seletivo serão avaliadas algumas características:

 

  • Preferencialmente nos seguintes Estados: Pará, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Paraná;

 

  • População entre 200 mil e 5 milhões de habitantes;

 

 

GRUPOS DE INICIATIVA

  • Ter ao menos 4 pessoas e/ou 1 organização interessada em participar da construção e atividades da organização;
    • Ao menos 1 líder com experiência ou formações em captação de recursos;
    • Que a dedicação somada, das pessoas interessadas, seja de ao menos 20 horas por semana para desenvolvimento da organização;
    • Conhecimento e atuação no território com experiências junto ao setor social local;
    • Mínimo de 3 integrantes advindos de organizações/causas diferentes;
    • Ao menos 10 Organizações da Sociedade Civil (OSCs) registradas em cartório (com CNPJ, Estatuto e Certidões) operantes que atuem no território;

 

organizações existentes

Para organizações existentes que queiram converter-se em Fundação/Instituto Comunitário, além dos critérios acima é desejável:

 

    • Estar com documentos e certidões atualizadas e reguladas;
    • Interesse em apoiar múltiplas causas;
    • A organização não executa e desenvolve projetos e atividades que possuam relação direta com os beneficiários;

 

O Programa Transformando Territórios está seu segundo ciclo. Em 2022, apoiou a estruturação de dez novas organizações neste formato.

 

INSCRIÇÕES

Para inscrever-se, preencha o formulário até dia 16 de Abril.

 

UM POUCO SOBRE O CONCEITO

Fundações e Institutos Comunitários (FICs) são associações que atuam em prol do desenvolvimento comunitário de um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto social positivo para o desenvolvimento da região. Estas são protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento.

Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, não implementam projetos – financiam projetos e iniciativas sociais de outras organizações em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região. Além disto, FICs fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

O Transformando Territórios apoia o desenvolvimento destas organizações por meio de formações, materiais didáticos voltados para a temática, palestras nacionais e internacionais, consultorias individuais, viagens e recursos financeiros.

 


Assista esse e outros vídeos na nossa playlist do programa Transformando Territórios.

O programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Instituto Cacimba: a materialização do “nós por nós”

Ser membro de uma comunidade é uma característica valiosa para se ter um olhar estratégico para a tomada de decisões do território. Esta tem sido a base da governança do Instituto Cacimba, que atua com foco inicial do bairro de União de Vila Nova, na região de São Miguel Paulista, zona leste da cidade de São Paulo, por meio de apoio, promoção e financiamento de projetos e de Organizações da Sociedade Civil (OSCs) locais. É a materialização do “nós por nós”, lema de um povo que, historicamente excluído, sempre teve que contar consigo mesmo.

Feira da UniRoça, um dos projetos apoiados pelo Instituto Cacimba

Terceiro maior bairro periférico de São Paulo, com cerca de 45 mil habitantes, a União de Vila Nova já carregou também o título de segundo mais violento da capital, registrando altos índices de homicídios e pessoas vivendo em situação de extrema miséria. Um novo desenvolvimento começou em 2002, por meio da comunhão entre poder público, com obras de infraestrutura, e organizações da sociedade civil, com projetos para promover prosperidade social e econômica na região.

A partir das conversas entre lideranças locais e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), o Projeto de Urbanização Pantanal investiu na comunidade, não só com a construção de moradias, redes de água e esgoto, energia elétrica, pavimentação e iluminação pública, mas também de escolas, parques e até um Viveiro-Escola, administrado por um coletivo de mulheres locais.

COMO FOI CRIADO O INSTITUTO CACIMBA

O cearense Hermes de Sousa chegou em União de Vila Nova no ano 2000 e percebeu o potencial dos moradores que viviam da coleta de material reciclável no lixão a céu aberto que existia na comunidade. Promotor da arte como ferramenta de inclusão social, decidiu atuar na região, dando aulas gratuitas de escultura em madeira retirada dos dejetos. Em 2005, ele fundava oficialmente o Instituto Nova União da Arte (NUA), vindo a se tornar uma importante liderança comunitária do território.

Hermes, fundador do Instituto Cacimba

Na busca por novas maneiras de trabalhar na região e atender suas demandas prioritárias, como inclusão produtiva, educação e cultura -, Hermes fundou em 2022 o Instituto Cacimba, que se apresenta como um Instituto Comunitário. Uma organização que visa o desenvolvimento comunitário do território de São Miguel Paulista – iniciando suas atividades com foco na União de Vila Nova – a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para iniciativas sociais, atuando em rede com o poder público e a sociedade civil, identificando demandas prioritárias e envolvendo a comunidade no processo decisório de investimento de recursos.

Um dos principais desafios de uma Fundação ou Instituto Comunitário é dar representatividade e voz ao território, de forma democrática, acessível, transparente e que abranja a pluralidade de vozes locais em sua governança. É um desafio grande articular tantos atores e conhecimentos em uma organização recém-criada, unindo a democratização do espaço com decisões estratégicas.

A representatividade da comunidade na governança do Instituto e um dos 9 princípios que guiam o papel e operação deste modelo de organizações. Sua diretriz é:

Possuir instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, serão responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

O Instituto Cacimba abordou este tema de forma inovadora, empreendendo esforços para incentivar a participação da comunidade, respeitando seus saberes e história. Saindo dos padrões tradicionais de governança de uma organização social, o Instituto trouxe inovação, formando conselhos e instâncias estratégicas que vão além dos usuais. O primeiro a ser formado foi o Conselho Comunitário, composto por cinco lideranças atuantes da região, dando voz às organizações locais. Valorizando a ancestralidade local, também foi criado o Conselho das Avós, composto por três mulheres com mais de 60 anos, protagonistas na história do território e que atuam em projetos sociais da região. E por fim, há o Conselho da Juventude, integrado por três jovens transformadores locais, que trazem a visão das novas gerações, contribuindo com novos diálogos e abordagens

“Entendemos que a gestão compartilhada é o que vai promover a escuta ativa e a participação de fato da comunidade. Porque não queremos que o Instituto Cacimba atue pelo seu próprio entendimento. Queremos fortalecer as organizações e os coletivos locais para que possamos, juntos, levantar dados que nos orientem sobre as problemáticas e potencialidades do território e promover novos projetos”, ressalta Hermes de Sousa.

Ainda são poucas as Fundações e Institutos Comunitários presentes no Brasil, mas nos últimos dois anos, houve um aumento significativo, em parte promovido pelo Programa Transformando Territórios – iniciativa do IDIS e da Charles Stewart Mott Foundation – do qual o Instituto Cacimba faz parte desde o início da sua formação.

ORGANIZAÇÕES E PROJETOS APOIADOS PELO INSTITUTO CACIMBA

Em seu primeiro ano de operação, o Instituto Cacimba captou R$ 240 mil, dos quais destinou R$ 130 mil para projetos sociais. Entre os projetos apoiados estão alguns promovidos pelo NUA, como a Agência de Comunicação NUA, que faz a formação de jovens aprendizes para a produção de conteúdo multiplataforma – criação de sites, filmagens e edição de vídeos, por exemplo – , em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul (UnicSul), que confere uma certificação aos participantes.

Agência de Comunicação – NUA

A UniDiversidade das Kebradas, que integra a Aliança das Ecodiversidades, é mais uma iniciativa que recebeu o suporte do Cacimba. Enxergando além dos muros da formalidade acadêmica, a universidade livre oferece oportunidade para trocas de experiências e aprendizados práticos entre líderes comunitários a partir de projetos reais que respondem a dilemas sociais e ambientais.

Outro projeto apoiado é a UniRoça – UniDiversidade da Roça, um centro de formação em meio rural, com alojamento, que tem como público-alvo homens em situação de rua. O programa, promovido pela Associação Morada dos Vencedores, alinha reinserção social, projeto de vida e aquisição de habilidades produtivas em áreas como apicultura, piscicultura e agricultura orgânica.

UniRoça, um dos projetos apoiados pelo Instituto Cacimba

Entre os projetos em desenvolvimento está a Pousada Social, que vai fomentar o turismo solidário de base comunitária e empregar mulheres e jovens locais. A pousada está sendo implantada em um prédio na região que passa por obras e tem previsão de abrir para o público em junho de 2023.

Construção da Pousada Social

Em fase de captação de recursos, estão a criação de um cartão comunitário pré-pago para 400 famílias em alta vulnerabilidade e o desenvolvimento de uma plataforma de comércio de produtos e serviços locais, que poderão ser adquiridos com o próprio cartão, com descontos.

Outra proposta é a abertura de editais de seleção de iniciativas locais de nano e micro empreendedorismo feminino para investimento com capital semente.

A origem destes projetos que promovem o aquecimento da economia local está na pandemia de Covid-19, quando foi criado o Fundo Cacimba, em março de 2020. Os recursos captados foram usados para apoiar famílias com a compra de alimentos, além de medicamentos, material de higiene e outras necessidades. Se na crise humanitária, o ativismo cívico salvou vidas em União de Vila Nova, agora, com o Instituto Cacimba, a força comunitária do território poderá ser maior que nunca.

Informações do Território 

  • Território de atuação: União de Vila Nova, favela localizada no distrito de São Miguel Paulista.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Cacimba
  • Nome e cargo da principal liderança Antônio Hermes de Sousa, diretor-presidente
  • População estimada: União de Vila Nova é a terceira maior favela de São Paulo, com cerca de 45 mil pessoas. Cerca de 500 mil pessoas moram no distrito de São Miguel Paulista.
  • Número de OSCs do território: 27 organizações em São Miguel Paulista
  • Desafios regionais: A pobreza e a desigualdade, características estruturais que acompanham o desenvolvimento brasileiro, na União de Vila Nova estiveram associadas, nos últimos anos, com um processo de crescente desemprego e precarização das relações de trabalho. Com isso, parcela significativa da população apresenta insuficiência ou insegurança de renda.
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: inclusão produtiva, educação, cultura e meio ambiente.

O Instituto Cacimba integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o Instituto Cacimba? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Participe do evento | Instituto e Fundação Comunitária: conceitos e como formar uma

Participe do evento online e gratuito e saiba mais sobre este modelo que tem se desenvolvido cada vez mais no Brasil

 

Com o objetivo de apoiar a criação e o desenvolvimento de novas Fundações e Institutos Comunitários (FICs), o IDIS promove um evento online gratuito no dia 29 de março, quarta-feira, para a apresentação do conceito.  A reunião marca também o lançamento da chamada para novas organizações e  líderes comunitários participarem do programa Transformando Territórios, projeto do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar o modelo no país.

 

Conheça os palestrantes:

  • Felipe Insunza Groba, Gerente de Projetos do IDIS e do programa Transformando Territórios;
  • Eliane Macari, Presidente da FEAV – organização participante do Programa Transformando Territórios.

 


29 de março , das 16h às 17h30
Inscrições pelo Sympla

Venha saber mais sobre esse modelo inovador de impacto social.
Inscreva-se aqui.


Confira o vídeo na íntegra do Evento clicando AQUI!

 

UM POUCO SOBRE O CONCEITO

Fundações e Institutos Comunitários (FICs) são associações que atuam em prol do desenvolvimento comunitário de um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto social positivo para o desenvolvimento da região. Estas são protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento.

Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, não implementam projetos – financiam projetos e iniciativas sociais de outras organizações em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região. Além disto, FICs fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

O Transformando Territórios apoia o desenvolvimento destas organizações por meio de formações, materiais didáticos voltados para a temática, palestras nacionais e internacionais, consultorias individuais, viagens e recursos financeiros.

 

COMO PARTICIPAR DO TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

Lançado em 2020, o Transformando Territórios hoje tem 13 iniciativas participantes. Nesta chamada, buscamos novos candidatos para integrar nossa rede. No processo seletivo serão avaliadas algumas características:

 

  • Atuação em um território geográfico delimitado, preferencialmente nos seguintes Estados: Pará, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Paraná, com população entre 200.000 ou 5.000.000 de habitantes;

 

  • Para líderes comunitários: participação de ao menos 4 pessoas interessada em participar da construção e atividades da FIC;

 

  • Para organizações já constituídas e que queiram converter-se em uma FIC: ter interesse em atuar em múltiplas causas e não desenvolver projetos e/ou atividades que possuam relação direta com os beneficiários.

O Programa Transformando Territórios está seu segundo ciclo. Em 2022, apoiou a estruturação de dez novas organizações.


 

Assista esse e outros vídeos na nossa playlist do programa Transformando Territórios.

Delegação brasileira vai ao México debater a filantropia comunitária nas Américas

 

TT - Guadalajara (1)Ainda pouco conhecido no Brasil, o modelo da filantropia comunitária tem se consolidado cada vez mais internacionalmente como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios. De acordo com levantamento realizado pelo Community Foundation Atlas, existem mais de 1.800 institutos e fundações comunitárias no mundo. Juntas, essas organizações movimentam mais de USD 5 bilhões todos anos.

 

Para discutir os diferentes contextos, oportunidades e desafios da filantropia comunitária nas Américas, reuniram-se no início de fevereiro, em Guadalajara, no México, 119 convidados de dez países da América do Sul, Central, Caribe e do Norte. Integraram a delegação brasileira Felipe Groba, gerente de projeto do IDIS, e seis outros representantes de Institutos Comunitários brasileiros, todos participantes do Programa Transformando Territórios: Instituto Baixada Maranhense; ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis; Instituto Espraiada e Tabôa Fortalecimento Comunitário.

Da esquerda para direita, Felipe Groba (Diretor de projetos do IDIS),

O evento, promovido pela CCA – Connecting Communities in America, uma iniciativa da CF Leads (Community Foundations Leading Change), contou com painéis de discussão e com visitas a projetos sociais apoiados pela Corporativa de Fundaciones – a fundação comunitária da grande Guadalajara – e que atuam diretamente nos temas de migrantes e refugiados, crianças em situação de rua e desenvolvimento comunitário. Com olhar cuidadoso à diversidade e à importância de todos poderem se expressar em suas línguas maternas, havia tradução simultânea em quatro idiomas – português, inglês, espanhol e francês.

 

Durante as sessões plenárias e paralelas, os participantes discutiram os contextos em que se dá a filantropia comunitária de enfoque territorial em seus países e realidades. Ficou claro que há características regulatórias e de cultura de doação que diferenciam EUA e Canadá do resto das Américas, e que implicam em níveis díspares de poder e sustentabilidade financeira. Por outro lado, foi reforçado por todos os participantes a necessidade de fortalecimento de organizações e coletivos liderados por grupos minorizados como negros e indígenas, sendo papel das Fundações e Institutos Comunitários – as FICs – visibilizar e apoiar esses grupos na mobilização de recursos materiais, técnicos e imateriais. De acordo com Robson Bitencourt, Gerente do Programa de Desenvolvimento Territorial de Serra Grande e entorno da Tabôa,

 

“A viagem ao México foi uma imersão de observação, aprendizado e troca de conhecimento pelo campo da filantropia com outras fundações das Américas. Importante ampliar as percepções sobre as similaridades e diferenças do que fazemos com o que outras organizações também têm feito, assim como os desafios e as oportunidades. Ficou a impressão de que temos campo para aumentar o trabalho em rede e potencializar nossas ações.”

 

As consequências da mudança climática sobre populações vulneráveis também estiveram no centro da pauta, sendo reforçado o ponto de que embora a solução para essa questão seja global, os impactos negativos sempre serão locais e específicos para cada comunidade. No sentido de unir esforços e endereçar questões estruturais, emergiu o papel das FICs como articuladoras de causas, ao criarem coalizões locais e até nacionais para endereçar grandes temas como a falta de oportunidades laborais, a pobreza no campo, a questão dos refugiados, a segurança alimentar e a defesa por direitos e justiça social.

 

Permeando todas as discussões, esteve também o tema da confiança nas Organizações da sociedade civil (OSCs) e seu papel na expressão da pluralidade de vozes em um território. Os panelistas e participantes do evento relataram casos bem sucedidos de fundações doadoras norte americanas que tem crescentemente adotado a doação de recursos livres – sem encargos e sem restrição a projetos – como premissas de seus aportes financeiros, reconhecendo a excelência e expertise dos líderes sociais em gerirem suas organizações e alocarem os recursos de modo a gerar mais impacto no longo prazo.

 

Durante a estadia no México, a delegação brasileira aproveitou para se reunir e trocar experiências com as equipes da Comunidar (a fundação comunitária de Nuevo León), da Comunalia (organização de suporte às fundações comunitárias do México) e da Corporativa de Fundaciones, além de terem visitado in loco as fundações comunitárias de Morelos e de Malinalco.

 

As visitas técnicas às fundações comunitárias reforçaram as similaridades entre o Brasil e o México, promovendo inúmeros insights e possibilidades entre as organizações brasileiras e mexicanas. Encontramos equipes qualificadas e motivadas, trabalhando em rede para promover a justiça social e o desenvolvimento comunitário em seus territórios.”

 

Comentou Willian Narzetti, gerente executivo do ICOM.  Felipe Groba, líder do Transformando Territórios, complementa, lembrando que o encontro contribuiu para a identificação de oportunidades de desenvolvimento para as FICs brasileiras em diferentes níveis de maturidade.

 

Comentários dos participantes:

Felipe Insunza Groba – Gerente de Projetos do IDIS.

 

“Para o Programa Transformando Territórios foi fundamental estar com a delegação brasileira nesses momentos para identificarmos oportunidades de desenvolvimento para as Fundações e Institutos Comunitários Brasileiros em diferentes níveis de maturidade, além de aprender com a experiência de outros países.”

 

Robson Bitencourt –  Gerente do Programa de Desenvolvimento Territorial de Serra Grande e entorno da Tabôa Fortalecimento Comunitário.

 

“A viagem ao México foi uma imersão de observação, aprendizado e troca de conhecimento pelo campo da filantropia com outras fundações das Américas. Importante ampliar as percepções sobre as similaridades e diferenças do que fazemos com o que outras organizações também têm feito, assim como os desafios e as oportunidades. Ficou a impressão de que temos campo para aumentar o trabalho em rede e potencializar nossas ações.”

 

Willian Narzetti –   Gerente Executivo do ICOM.

“A experiência de participar do encontro foi enriquecedora. As plenárias e mesas redondas possibilitaram que as fundações comunitárias apresentassem suas experiências e desafios em questões prioritárias para o campo. Muitas iniciativas e soluções apresentadas têm potencial de inspirar, com as devidas adaptações, ações no território que atuamos. Articulamos novas conexões, que serão melhor exploradas no pós evento. As visitas técnicas às fundações comunitárias das cidades de Cuernavaca e Malinalco reforçaram as similaridades entre o Brasil e o México, promovendo inúmeros insights e possibilidades entre as organizações brasileiras e mexicanas. Encontramos equipes qualificadas e motivadas, trabalhando em rede para promover a justiça social e o desenvolvimento comunitário em seus territórios. A viagem reforça a missão do ICOM, fundação comunitária pioneira que há 17 anos vem promovendo o desenvolvimento comunitário em Santa Catarina, mobilizando, articulando e apoiando investidores sociais e ações coletivas de interesse público.”


 

Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Saiba mais sobre o progama Transformando Territórios e os Institutos que fazem parte da iniciativa, e assista nossa playlist do programa.

Saiba como doar para Institutos e Fundações Comunitárias

Institutos e Fundações comunitárias são associações que atuam em um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento dessa região. 

O objetivo é promover a interlocução entre as organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público.

No Brasil, o IDIS, em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation, realiza o programa Transformando Territórios que apoia o fortalecimento e a criação de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil. 

Sabia que você pode ajudar algumas das organizações participantes com doações?

Saiba mais sobre o Transformando Territórios.

Conheça algumas das organizações participantes do Transformando Territórios e doe!

 

BAHIA

Tabôa Fortalecimento Comunitário - Civic & Social Organization - Overview, Competitors, and Employees | Apollo.ioTabôaAtua na região de Serra Grande, município de Uruçuca, Sul da Bahia, fortalecendo a comunidade pelo acesso a conhecimentos, recursos financeiros e estímulo à cooperação, para que pessoas, negócios e organizações sejam sustentáveis. A atividade é realizada a partir do fomento de iniciativas de base comunitária e empreendimentos socioeconômicos.

 

MARANHÃO

Fundação Baixada – Fundação Comunitária da Baixada MaranhenseInstituto Baixada Atua na criação de condições materiais para realização de transformações em comunidades vulneráveis da Baixada Maranhense, via captação de recursos, fortalecimento de organizações comunitárias e doações.

ESPÍRITO SANTO

Home | Fundaes - Federação das Fundações e Associações do ...

FUNDAES (Federação do Terceiro Setor do Estado do Espírito Santo) Congrega as entidades do Terceiro Setor Capixaba, e representa as suas filiadas, buscando uma profissionalização do setor no estado

 

 

RIO DE JANEIRO

Rede de Organizações do BemRede de Organizações do Bem – A Rede de Organizações do Bem iniciou suas atividades em 2012, atuando no financiamento de projetos, investindo na formação e apoio das organizações na região metropolitana do Rio de Janeiro e realizando um levantamento das OSCs do território. Desde então, a Rede tem se especializado na realização de editais para micro apoios financeiros e formações.

SÃO PAULO

Fundação ABHFundação ABH Tem o papel de potencializar a atuação de iniciativas sociais, como coletivos, movimentos, organizações e lideranças comunitárias na periferia sul da cidade de São Paulo por meio de investimentos financeiros, geração de conhecimento e formação de redes. 

 

FEAV: Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos Formado por um grupo de entidades assistenciais da cidade de Valinhos no interior de São Paulo, visa o engajamento, consenso e a troca de experiência com a sociedade. A partir do conhecimento gerado nesta troca, a FEAV busca fortalecer a representatividade dos desejos populares junto ao poder público.

 

 

Fundação FEAC » Empoderamos pessoas - Impulsionamos organizações - Potencializamos territórios

Fundação FEAC – Tem como missão a promoção humana, a assistência e o bem-estar social, com prioridade à criança e ao adolescente, em Campinas. Para alcançar esses objetivos, concentra sua ação socioeducativa em três dimensões: empoderamento de populações vulneráveis, potencialização de territórios e impulsionamento de empresas, causas e pessoas.

 

SANTA CATARINA

Home - ICOM - Instituto Comunitário da Grande FlorianópolisICOM: Instituto Comunitário Grande Florianópolis Apoia empresas e indivíduos para que possam fazer investimentos sociais e doações com alto impacto social. Ao mesmo tempo, auxilia organizações da sociedade civil a terem uma gestão mais eficiente e a servirem como canais de participação dos cidadãos para melhorarem a qualidade de vida na Grande Florianópolis e em Santa Catarina.

IDIS marca presença em evento sobre filantropia comunitária no Maranhão

Em viagem ao Maranhão, Paula Fabiani, CEO do IDIS, Whilla Castelhano, coordenadora do programa Transformando Territórios (TT), e Hermes de Sousa, fundador do Instituto Comunitário Cacimba, organização participante do TT, estiveram em um evento promovido pelo Instituto Baixada Maranhense com o objetivo de engajar e falar sobre filantropia comunitária e desenvolvimento comunitário na região.

A organização trabalha dentro do modelo de uma fundação comunitária para promover e desenvolver a comunidade e apoiar outras instituições desse território. Diferente das OSCs tradicionais, as Fundações ou Institutos Comunitários (FICs) atuam em um território geográfico específico, seja este um bairro, distrito ou até uma cidade ou região, e trabalham na solução dos problemas prioritários daquela localidade, ou seja, são multi-temáticos.

Saiba mais sobre esse modelo aqui.

Em uma série de eventos, incluindo um jantar solidário, o Baixada Maranhense aproveitou a presença de representantes do setor empresarial da região, beneficiários dos projetos sociais e sociedade civil e demonstrou suas potencialidades e apresentou seus projetos. Paula Fabiani falou na abertura evento para as mais de 80 convidados, incluindo empresários, doadores, filantropos e beneficiários. No encontro, foi lançada a Solidárias, plataforma de investimento e doação para projetos sociais e estímulo ao empreendedorismo local que integram a rede da Baixada Maranhense, desenvolvida pelo próprio Instituto.

Paula Fabiani, Whilla Castelhano, Erika Saez (Instituto ACP) e Hermes de Sousa (Instituto Cacimba) no lançamento da plataforma Solidárias

Visitas de campo marcaram os dias seguintes. O grupo realizou uma trilha na comunidade quilombola da Ilha do Cajual. “É incrível o engajamento e a força das mulheres neste grupo”, comenta Paula. Também visitaram um projeto de produção de cerâmica.

Em uma roda de conversa, os participantes partilharam saberes e conheceram ainda mais sobre a atuação do Instituto junto de participantes de vários países da América Latina.

O Instituto Baixada Maranhense participa do programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Conheça mais sobre:

O apoio à filantropia comunitária: a importância da sustentabilidade a longo prazo

A filantropia comunitária é uma estratégia baseada no reconhecimento e na valorização do papel das comunidades locais, das suas lideranças e dos seus ativos, na promoção de ações coletivas voltadas para alcançar o desenvolvimento sustentável de um determinado território e das suas populações, de acordo com as suas necessidades e potencialidades

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Luis Norberto Pascoal no Seminário IDIS Transformando Territórios. Foto: André Porto

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

 

“O apoio à filantropia comunitária” foi o painel que abriu o evento, mediado por Paula Fabiani (CEO do IDIS), com a participação de Antônio Carlos Pipponzi (Presidente do Conselho de Administração da RaiaDrogasil) e Luis Norberto Pascoal (Conselheiro da Fundação FEAC e fundador da Fundação Educar).

Luis Norberto Pascoal, Paula Fabiani e Antonio Carlos Pipponzi

Pipponzi destacou que, atualmente, existe uma grande expectativa que empresas apoiem organizações engajadas com questões sociais – como é o caso das FICs – Fundações e Institutos Comunitários. De acordo com ele, não há mais espaço para que as empresas entreguem apenas resultados financeiros. Para seguirem existindo, é necessário gerarem resultados positivos para a sociedade.

“A filosofia de doação é construída aos pouquinhos, tanto nos indivíduos quanto nas empresas. Ao olharmos os problemas, a nossa responsabilidade aumenta e não se pode abandonar o processo de filantropia, ela se torna hábito e as coisas mudam a longo prazo conforme o tempo passa”, acrescentou Pipponzi.

Pascoal destacou em sua fala a reflexão que para encontrarmos soluções reais para o país é preciso construir valor dentro de territórios, com parcerias entre instituições comunitárias, setor público e privado – precisam atuar em conjunto para que haja uma solução completa.

 

Assista ao painel completo através do vídeo abaixo:

 

Apoiar os territórios comunitários é legitimar suas atividades e criar um ambiente mais autônomo

As Fundações e Institutos Comunitários (FICs) atuam em prol do desenvolvimento de um território geográfico através das OSCs – Organizações da Sociedade Civil – locais, criando uma rede de relacionamento e parcerias locais.

Tais relações são baseadas no reconhecimento e na valorização do papel das comunidades locais, das suas lideranças e dos seus ativos na promoção de ações coletivas voltadas para alcançar o desenvolvimento sustentável de cada região.

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

Seminário IDIS Transformando Territórios. Em 21 de maio de 2022. Ed. Ruth Cardoso, SP. Foto: André Porto

Uma das mesas do evento discutiu justamente “A importância do engajamento e parcerias nos territórios”, na qual participaram do debate Cássio França (Secretário Geral do GIFE) e Mônica de Roure (Diretora Executiva da BrazilFoundation) e Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios). Logo de cara todos os palestrantes já concordaram que apoiar territórios é legitimar as atividades daquele lugar para que se crie um ambiente autônomo.

Mônica de Roure, Beatriz Johannpeter e Cássio França

Os painelistas destacaram, principalmente, a importância de combater a pobreza. “Não se pode normalizar a pobreza e os problemas sociais do Brasil. Se não reduzirmos a pobreza, que é o primeiro passo e mais importante, todos os outros problemas também irão regredir”, destacou França.

Cássio França no Seminário IDIS Transformando Territórios.

De acordo com o Censo GIFE 2020, o volume total de investimento social das organizações contempladas foi de R$ 5,3 bilhões, o que representa 63% a mais do que o previsto para 2020, que era de R$ 3,3 bilhões. O nível de doações durante a pandemia demonstrou o quanto é possível que os diversos atores sociais ajudem e doem além do que já vem sendo feito. Segundo a mesa, o grande desafio agora será manter o crescimento do investimento social privado.

Nesse contexto, tiveram grande atuação e importância as lideranças comunitárias que, por estarem inseridas nos territórios, puderam agir de forma ágil e eficiente, destinando os recursos da melhor forma.

Assista à palestra completa através do vídeo abaixo

 

 

Fundações e Institutos Comunitários têm extrema importância para a agenda pública

Institutos e Fundações comunitárias têm se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região.

Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Lúcia Dellagnelo no Seminário IDIS Transformando Territórios.

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

No seminário, discutiu-se a respeito da relação das Fundações e Institutos Comunitários com a Agenda pública, compreendendo a necessidade de articulação e escuta por parte dessas fundações para garantir a concretude de agendas públicas necessárias para a comunidade

 

Lúcia Dellagnelo, Patrícia Loyola e Eliana SousaDebatendo o assunto estiveram Lúcia Dellagnelo (Fundadora e conselheira do Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e Eliana Sousa (Diretora Fundadora da Associação Redes da Maré e Líder participante do Programa Transformando Territórios), mediadas por Patrícia Loyola (Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas). As painelistas destacaram, principalmente, a ideia de que fundos comunitários surgem para formar um legado nos territórios onde estão inseridos, mantendo as mudanças e melhorias para gerações futuras.

Seminário IDIS Transformando Territórios.

O grande destaque do painel veio do debate sobre a importância de se compreender o que os territórios necessitam antes de filantropos ou empresas realizarem doações diretas. A criação de fundos comunitários por FICs foi apontada como uma solução. Elas seriam as receptoras dos recursos e responsáveis pela gestão e distribuição. Segundo Dellagnelo, essas instituições ‘ponte’ apoiam a estrutura social, conhecem o contexto das organizações de base e o que a população efetivamente necessita.

As perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários no país

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Em maio desse ano, IDIS e Mott reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Helena Monteiro, Shannon Lawder, Nicholas Deychakiwsky e Mamo Mohapi

Presentes no evento Nicholas Deychakiwsky (Senior Program Officer da C.S. Mott Foundation), Shannon Lawder (Director of the Civil Society Program daC.S. Mott Foundation) e Mamo Mohapi (Program Officer da C.S.Mott Foundation) e Helena Monteiro (Diretora Executiva do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) debateram em um painel as perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários. 

Mamo Mohapi (Program Officer da C.S.Mott Foundation) no Seminário IDIS Transformando Territórios.

Nicholas destacou que as FICs têm o papel de compreender o que é necessário na sociedade e território, ponto que, muitas vezes, o 2º Setor (as empresas) acha que sabe mais por ter mais dinheiro. Mas, na realidade é um conhecimento que o 3º setor possui muito mais, justamente por essa proximidade com o território, ou seja, com as pessoas que ali vivem.

Helena Monteiro (Diretora Executiva do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) no Seminário IDIS Transformando Territórios.

Ele acrescentou, ainda, que o sistema como o conhecemos atualmente irá ruir se não olharmos para o que o terceiro setor já vem fazendo e resolvendo há tanto tempo com mais atenção. “É importante construir capacidade e confiança nos territórios, garantindo a perenidade de suas ações e evolução de sua comunidade”, disse o representante da Mott Foundation.

 

O evento contou ainda com outros três painéis discutindo temáticas variadas em torno da filantropia comunitária e sua evolução no país. Confira a palestra na íntegra e o evento completo abaixo:

 

Organizações comunitárias participam de encontro do Transformando Territórios em São Paulo

Mais de 20 líderes de fundações e institutos comunitários (FICs) de oito estados, participantes do programa Transformando Territórios, viajaram a São Paulo para três dias de programação, incluindo oficinas, seminário e visitas durante o mês maio. Também estiveram com parceiros, doadores e embaixadores do Programa, além de representantes da C.S. Mott Foundation, organização americana que assina a autoria do programa com o IDIS.

Lançado em 2020, com o objetivo de fomentar a criação de FICs no Brasil, o Transformando Territórios vinha promovendo encontros exclusivamente online entre os participantes, em função das restrições impostas pela pandemia. No encontro promovido no dia 18, estes líderes tiveram a oportunidade de se conhecerem pessoalmente,  trocar experiências e estreitar laços. A primeira atividade,  foi uma visita a Fundação FEAC e o FEAV – Fórum da Entidades Assistenciais de Valinhos, localizadas na cidade de Campinas e Valinhos, respectivamente, interior do estado de São Paulo. Ambas entidades, a partir do ingresso no Transformando Territórios, realizaram a mudança no modelo de operação para o de FIC, que é um dos objetivos do Programa. Durante a visita, os participantes puderam conhecer como foi esse processo para a FEAV e FEAC e ver na prática como têm se organizado.

Jair Resende, da FEAC

 

De volta à cidade de São Paulo, tiveram no dia 19, um workshop na sede do Instituto Jatobás. Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, conduziu uma dinâmica para que os líderes se conhecessem e interagissem. Houve também um momento para autoavaliação e troca de conhecimento sobre atividades e rotinas que estão realizando nos respectivos territórios e uma palestra sobre ‘Captação de Recursos para Grantmakers’, com o especialista e consultor Michel Freller.

Michel Freller em atividade

Michel Freller em atividade sobre captação de recursos para organizações participantes do Transformando Territórios

(foto seminário) O terceiro dia do encontro foi dedicado ao Seminário Transformando Territórios, encontro aberto a um público mais amplo de interessados no tema. Em quatro painéis, especialistas compartilharam suas percepções sobre a importância do modelo, seus desafios e perspectivas para o Brasil. Saiba mais sobre o Seminário e assista aos vídeos aqui.

“Reunir estas lideranças, promover trocas e fortalecer esta rede foi potente e mostrou que estamos seguindo na direção certa. No próximo biênio, temos como objetivo fortalecer estas FICs”, comenta Whilla Castelhano, coordenadora do Transformando Territórios no IDIS.

Saiba mais sobre o Transformando Territórios e FICs e acesse o site do projeto:

 

 

 

Seminário Transformando Territórios reúne filantropos, empresas e sociedade civil

Em uma manhã fria de maio, IDIS e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema: a filantropia comunitária e os desafios e perspectivas para seu desenvolvimento no Brasil. Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

Veja um resumo e depoimentos sobre o evento.

Reunimos aqui os destaques dos quatro painéis que integraram o evento.

O apoio à filantropia comunitária

“O apoio à filantropia comunitária” foi o painel que abriu o evento, mediado por Paula Fabiani (CEO do IDIS), com a participação de Antônio Carlos Pipponzi (Presidente do Conselho de Administração da RaiaDrogasil) e Luis Norberto Pascoal (Conselheiro da Fundação FEAC e fundador da Fundação Educar).

Audiência no Seminário Transformando Territórios. Foto: André Porto

 

Pipponzi destacou que, atualmente, existe uma grande expectativa que empresas apoiem organizações engajadas com questões sociais – como é o caso das FICs, por meio da filantropia comunitária. De acordo com ele, não há mais espaço para que as empresas entreguem apenas resultados financeiros. Para seguirem existindo, é necessário gerarem resultados positivos para a sociedade.

 

Pascoal acrescentou à reflexão que para encontrarmos soluções reais para o país é preciso construir valor dentro de territórios, com parcerias entre instituições comunitárias, setor público e privado –  precisam atuar em conjunto para que haja uma solução completa.

 

A importância do engajamento e parcerias nos territórios

Quando o assunto abordado passou a ser “A importância do engajamento e parcerias nos territórios”, na segunda mesa, os palestrantes concordaram que apoiar territórios é legitimar as atividades daquele lugar para que se crie um ambiente autônomo.

Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e Cássio França (Secretário Geral do GIFE). Foto: André Porto

Cássio França (Secretário Geral do GIFE) e Mônica de Roure (Diretora Executiva da BrazilFoundation) subiram ao palco com a moderadora Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios). Os painelistas destacaram, principalmente, a importância do combate à pobreza. “Não se pode normalizar a pobreza e os problemas sociais do Brasil. Se não reduzirmos a pobreza, que é o primeiro passo e mais importante, todos os outros problemas também irão regredir”, destacou França.

 

De acordo com o Censo GIFE 2020, o volume total de investimento social das organizações contempladas foi de R$ 5,3 bilhões, o que representa 63% a mais do que o previsto para 2020, que era de R$ 3,3 bilhões. O nível de doações durante a pandemia demonstrou o quanto é possível que os diversos atores sociais ajudem e doem além do que já vem sendo feito. Segundo os palestrantes, o grande desafio agora será manter o crescimento do investimento social privado.

Nesse contexto, tiveram grande atuação e importância as lideranças comunitárias que, por estarem inseridas nos territórios, puderam agir de forma ágil e eficiente, destinando os recursos da melhor forma.

Fundações e Institutos Comunitários com a agenda pública

 

O terceiro painel do seminário tratou sobre a relação das Fundações e Institutos Comunitários com a agenda pública. Lúcia Dellagnelo (Fundadora e conselheira do Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e Eliana Sousa (Diretora Fundadora da Associação Redes da Maré e Líder participante do Programa Transformando Territórios), mediadas por Patrícia Loyola (Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas) destacaram a ideia de que fundos comunitários surgem para formar um legado nos territórios onde estão inseridos, mantendo as mudanças e melhorias para gerações futuras.

O grande destaque do painel veio do debate sobre a importância de se compreender o que os territórios necessitam antes de filantropos ou empresas realizarem doações diretas. A criação de fundos comunitários por FICs foi apontada como uma solução. Elas seriam as receptoras dos recursos e responsáveis pela gestão e distribuição. Segundo Dellagnelo, essas instituições ‘ponte’ apoiam a estrutura social, conhecem o contexto das organizações de base e o que a população efetivamente necessita.

Perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários

Fechando a manhã de reflexões sobre filantropia comunitária, Nicholas Deychakiwsky (Senior Program Officer da C.S. Mott Foundation), Shannon Lawder (Director of the Civil Society Program da C.S. Mott Foundation) e Mamo Mohapi (Program Officer da C.S.Mott Foundation) subiram ao palco com a moderação de Helena Monteiro (Diretora Executiva do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e finalizaram o seminário com a mesa Perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários.

 

Nicholas destacou que as FICs têm o papel de compreender o que é necessário na sociedade e território, ponto que, muitas vezes, o 2º Setor (as empresas) acha que sabe mais por ter mais dinheiro. Mas, na realidade é um conhecimento que o 3º setor possui muito mais, justamente por essa proximidade com o território.

Helena Monteiro,  Shannon Lawder, Nicholas Deychakiwsky e Mamo Mohapi . Foto: André Porto

Ele acrescentou ainda que o sistema como o conhecemos atualmente irá ruir se não olharmos para o que o terceiro setor já vem fazendo e resolvendo há tanto tempo com mais atenção.

SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS E FICS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

De acordo com levantamento realizado pelo Community Foundation Atlas, existem mais de 1.800 institutos e fundações comunitárias. Juntas, essas organizações movimentam mais de USD 5 bilhões todos anos. No Brasil, ainda são pouco conhecidas. Participam hoje do Transformando Territórios 14 organizações de todo país, com diferentes níveis de maturidade, mas todas comprometidas com a implantação do modelo da filantropia comunitária.

 

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

IDIS visita organizações do programa Transformando Territórios

A equipe do IDIS realizou uma série de visitas às organizações participantes do programa Transformando Territórios, que existe para o fortalecimento de institutos e fundações comunitárias no Brasil.

O propósito dos encontros foi de conhecer mais profundamente as organizações e líderes participantes do Programa Transformando Territórios e apoia-los no desenvolvimento das suas atividades como fundações e institutos comunitários brasileiros.

 

Iniciando as visitas no Rio de Janeiro, Felipe Insunza Groba, gerente de projetos do IDIS, e Whilla Castelhano, coordenadora do projeto, visitaram a Associação Redes da Maré. Durante o encontro tiveram a oportunidade de visitar alguns dos equipamentos que compõe a ação da Redes no conjunto de favelas da Maré junto de Gisele Ribeiro, Presidente da organização.  E tiveram oportunidade de conhecer os planos  para o Fundo Comunitário da Maré que terá como foco de apoiar o desenvolvimento de outros líderes e iniciativas sociais na região.

Equipe do IDIS junto da equipe da Redes da Maré

 

Ainda na zona metropolitana do Rio de Janeiro, a Redes do Bem, braço de instituto comunitário da Agência do Bem, foi a outra organização que foi visitada. Esta entidade surgiu a partir de um processo de formação para organizações sociais oferecido pela Redes do Bem. Na mesma região da zona oeste do Rio de Janeiro, em Vargem Grande, Escola Música e Cidadania que forma centenas de jovens através da música clássica e cidadania. A Redes do Bem tem o papel de fomentar a capacitação, formação e financiamento de projetos sociais na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Nesta visita, tivemos a oportunidade de conhecer o impacto das ações de formação e capacitação que a Redes do Bem promove para o terceiro setor carioca ao visitar o Instituto Territórios que está promovendo ações educativas transformadoras na região de Sepetiba, na Zona Oeste da capital carioca.

A última parada no Rio de Janeiro foi a visita ao polo Escola Música e Cidadania em Vargem Grande, projeto social liderado pela Agência do Bem em diversas regiões da região metropolitana carioca.

Equipe IDIS visita organização apoiada pela Redes do Bem.

Equipe IDIS visita organização apoiada pela Redes do Bem.

 

Mudando de estado, no Espírito Santo, foi a vez da FUNDAES – Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo receber a equipe do IDIS para conhecer mais sobre o Fundo de Investimento Comunitário Capixaba, o FIC, que está sendo promovido pela FUNDAES com o objetivo de promover e financiar projetos sociais e OSCs que operem no estado do Espírito Santo.

Nesta visita também tivemos a oportunidade de visitar o Banco Bem, banco comunitário que atende as comunidades dos morros do bairro Itararé, em Vitória, e que foi criado pelo Ateliê de Ideias, associada da FUNDAES. Também foi possível conhecer outras 3 organizações sociais apoiadas pela FUNDAES na promoção e desenvolvimento social no Estado. A FUNDAES está desenvolvendo o FIC – Fundo de Investimento Comunitário Capixaba que visa promover e financiar projetos sociais e OSCs que operem no estado do Espírito Santo.

 

 

Conheça mais sobre o programa neste vídeo:

 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

1 milhão de reais em matching para desenvolvimento de organizações comunitárias

Com 14 organizações participantes e 1 milhão de reais captados com a Charles Stewart Mott Foundation para matching de recursos locais, o Transformando Territórios está encerrando 2021 com grandes avanços e planos ainda maiores para 2022. O projeto, realizado pelo IDIS, teve início em 2020 com apoio da fundação americana e tem como objetivo fomentar e apoiar o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários no Brasil.

Apesar das grandes dificuldades e mudanças causadas pela pandemia da COVID-19 ao longo dos últimos quase dois anos, o Transformando Territórios continuou as atividades junto a um grupo de 20 lideranças interessadas no desenvolvimento de uma organização comunitária em seus territórios, acreditando que este modelo operacional poderá trazer as mudanças e avanços necessários para a filantropia local.

Entre as ações deste ano, estão workshops, palestras, consultorias individuais e em grupo, fortalecendo e apoiando estes líderes para o desenvolvimento destas organizações. Ao todo, 12 encontros foram realizados ao longo do ano e mais de 200 pessoas foram impactadas.

Para fortalecer as organizações participantes do programa, serão disponibilizados o R$ 1 milhão da Mott Foundation. A doação será em formato de matching, ou seja, para cada 1 real captado por estas organizações a Mott Foundation doa 1 real para elas. Entre os doadores locais, estão o Instituto ACP, que selecionou três organizações para receberem aportes financeiros com atividades de desenvolvimento institucional, e pessoas físicas como José Luiz Setúbal, Teresa Bracher e Flavio Bitelman.

TransformandoTerritorios_BeatrizJohannpeterPara disseminar o conceito da filantropia comunitária e engajar doadores, o Transformando Territórios conta com cinco embaixadores: Beatriz Johannpeter, Helena Monteiro, José Luiz Egydio Setúbal, Lúcia Dellagnelo e Maria Alice (Neca) Setúbal. Ao longo do ano, com apoio do IDIS e da Levisky Legado, dois embaixadores e a filantropa Betty Feffer promoveram eventos para um número restrito de convidados, que puderam debater o tema, conhecer exemplos práticos e planejar estratégias de apoio.

Com planos para 2022, além da continuidade das consultorias, palestras e workshops, o IDIS planeja um seminário com as organizações participantes, apoiadores e embaixadores, além da produção de uma publicação sobre a trajetória deste Programa.

Para conhecer mais sobre as organizações, embaixadores e novidades, acesse o site do Programa Transformando Territórios.

IDIS participa de primeiro Simpósio Global de Filantropia

O Simpósio Global de Filantropia, promovido pela Charities Aid Foundation (CAF), reuniu integrantes da sociedade civil que atuam e fortalecem a filantropia em diferentes partes do mundo. O evento aconteceu no dia 9 de novembro ao longo de 19 horas e reuniu representantes de 10 países, sendo eles: África do Sul, Austrália, Brasil, Bulgária, Canadá, Estados Unidos, índia, Inglaterra, Rússia e Turquia. Com o foco em doadores, o encontro abordou não só a tendência internacional como também a percepção local nos diferentes continentes. Dentre os temas debatidos estão a filantropia de impacto, empoderamento negro, confiança e mecanismos de doação internacional. 

Representante da CAF no Brasil, o IDIS marcou presença no Simpósio e conduziu dois debates relevantes para a filantropia brasileira. Aprofundando o tema da colaboração entre empresas e organizações da sociedade civil, a mesa ‘Empresas Grantmakers: impacto social por meio do apoio a OSCs’ contou com a participação de Daniela Grelin, diretora do Instituto Avon, e Paulo Eduardo Batista, diretor executivo do Instituto Mosaic. A conversa foi moderada por Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS. No segundo painel, Eliane Sousa Silva, fundadora e diretora da Redes da Maré e Erika Sanchez, diretora executiva do Instituto ACP foram convidadas para integrar a mesa ‘Transformando Territórios: investimento para o desenvolvimento local’, mediada por Felipe Groba, gerente de projetos do IDIS.

 

Empresas Grantmakers: impacto social por meio do apoio a OSCs

A preocupação com impacto social tem crescido entre as empresas e as ações voltadas para a transformação social passam a ser pensadas como parte do plano estratégico de crescimento no meio corporativo. O apoio a projetos de organizações da sociedade civil é uma das maneiras pela qual esta dinâmica tem sido organizada. Empresas que apoiam OSCs e/ou financiam projetos sociais já existentes são denominadas grantmakers e para integrar a conversa, convidamos Daniela Grelin do Instituto Avon e Paulo Eduardo Batista do Instituto Mosaic, duas pessoas que estão à frente da atuação social de grandes empresas.

O Instituto Avon atua como uma grantmaker nas causas do câncer de mama buscando levar informação segura e confiável sobre a saúde das mamas a todas as mulheres, e também na violência contra mulheres e meninas por meio da promoção diálogo, estímulo à ação e melhora da qualidade dos serviços oferecidos às mulheres para a construção de relações saudáveis. São quatro os pilares de atuação do Instituto para o empoderamento da mulher: a promoção e divulgação de conhecimento, advocacy, grantmaking e conscientização e engajamento. Daniela enfatizou que um dos requisitos para a transformação social em grande escala é a colaboração. Segundo ela, os entes públicos têm uma atuação muito fragmentada no país e a atuação em rede contribui para suprir esta demanda, destacando para que isso funcione precisa haver confiança mútua entre os colaboradores, que pode ser fortalecida por meio de prestação de contas. 

O Instituto Mosaic é o braço social da Mosaic no Brasil. Ele como missão promover o desenvolvimento mútuo e sustentável nas comunidades, promovendo o bem-estar, a educação de qualidade, a formação de pessoas e o fortalecimento de valores como ética, colaboração e responsabilidade. Paulo contou como se dá essa atuação, começando pelo desenvolvimento local em educação, que promove projetos que envolvem a capacitação de escolas, principalmente professores na primeira infância, seguido dos projetos de reciclagem e alimentação que incentivam a colaboração e o desenvolvimento local. O Edital da Água, projeto que contou com o apoio técnico do IDIS, tem como objetivo promover ações de melhoria da gestão dos recursos hídricos nas comunidades em que a empresa atua. Assim como Daniela, ele também enfatizou a importância do fortalecimento da relação de confiança entre as empresas e as organizações e ressaltou que a prestação de contas não é apenas um relatório, mas também um aprendizado. 

Finalizando, Andra Hanai reforçou: “A relação de confiança construída dos dois lados tem um sucesso maior e potencializa o impacto desse processo”.

 

Transformando Territórios: investimento para o desenvolvimento local

Institutos e fundações comunitárias têm se consolidado cada vez mais internacionalmente como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios. Neste modelo de atuação, o investimento é voltado para uma localidade específica, seja um bairro, uma cidade ou região. Nesse sentido, muitas organizações apostam neste modelo como uma ferramenta de transformação de territórios. 

Eliane Silva, que integrou o painel, está à frente da Redes da Maré, uma instituição da sociedade civil que produz conhecimento, projetos e ações para garantir políticas públicas eficazes para melhorar a vida dos moradores das 16 favelas da Maré, no Rio de Janeiro. Crescida em uma das favelas do Complexo da Maré, Eliane enfatizou que o trabalho coletivo garante a permanência de um trabalho tão robusto quanto o que a organização realiza hoje, em especial o envolvimento da comunidade nos projetos. Falando sobre as ações da organização, ela destacou: “Temos entregas muito concretas, agora temos que pensar nesse estímulo e inspiração para que outros movimentos queiram se engajar, estimular que outras lideranças, outros grupos que querem partilhar de um processo de mudança juntos”.

De acordo com Erika Sanchez, diretora executiva do Instituto ACP, organização que apoia projetos de desenvolvimento organizacional de iniciativas comprometidas em gerar impacto positivo na sociedade, a pandemia trouxe a ação comunitária mais ainda para o centro, pois sua importância ficou evidente e muito clara nas áreas mais vulneráveis do país, comenta. Ela chama atenção para a relevância da construção de relações mais horizontais, da criação de autonomia e confiança na transformação de um território. Para ela, “a sociedade civil brasileira é enorme e tem um papel muito importante nessa construção, por isso a importância de ser fortalecida”. 

O Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS em parceria com a Mott Foundation, surgiu com o objetivo de fortalecer e fomentar institutos e fundações comunitárias no Brasil. Conheça o programa, acesse transformandoterritorios.org.br.

A Charities Aid Foundation (CAF) é uma organização britânica dedicada à filantropia e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir de sua doação. Sua rede global consolidando-se como a maior estrutura de apoio ao investidor social privado, no mundo. Além da sede no Reino Unido, a CAF também atua na África do Sul, Austrália (Good2Give), Brasil (IDIS), Bulgária (BCause), Canadá, Estados Unidos, Índia, Rússia e Turquia (Tusev).

Institutos e fundações comunitárias norteiam conversa no Podcast ‘Aqui se faz, aqui se doa’

O episódio do podcast ‘Aqui se faz, Aqui se doa’ com a participação do IDIS foi voltado para ações e atuação dos institutos e fundações comunitárias, isto é, associações que atuam em prol de um território geográfico limitado, seja este um bairro, uma cidade ou região. Para conhecer mais sobre esse tipo de organização, Eliana Sousa Silva, fundadora e diretora da ONG Redes da Maré, foi entrevistada por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Roberta Faria, do Instituto Mol. O podcast é uma iniciativa do Instituto Mol e este episódio integra a série especial de participações do IDIS.

Convidada para falar do funcionamento desse modelo de ação na prática, Eliana Sousa Silva contou sobre ações e iniciativas da organização no Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Com destaque para a atuação durante o auge da pandemia de COVID-19, foram promovidas ações para a alimentação e pela saúde da população no território.

Confira na íntegra:

“De acordo com o levantamento realizado pelo Community Foundation Atlas, existem mais de 1.800 institutos e fundações comunitárias no mundo e juntas, essas organizações movimentam mais de 5 bilhões de dólares todos os anos. Para fortalecer esse movimento no Brasil, em 2020 o IDIS criou o programa Transformando Territórios, em parceria com a Mott Foundation”, conta Paula sobre o programa Transformando Territórios, criado para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no país.

Saiba mais sobre o programa, acesse transformandoterritorios.org.br

 

 

Beatriz Johannpeter reúne investidores sociais para apresentar Transformando Territórios

Para estimular a filantropia comunitária no Brasil, arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das demandas de territórios específicos, Beatriz Johannpeter reuniu, na Sociedade Hípica Paulista, um pequeno grupo de 12 filantropos e lideranças do ESG no Brasil. O programa é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e da Mott Foundation, destinada para fomentar a criação e o fortalecimento de institutos e fundações comunitárias no País em alinhamento com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e a agenda ESG (Environmental, Social & Governance).

TransformandoTerritorios_BeatrizJohannpeter

Modelo consolidado no exterior, que movimenta mais de US$ 5 bilhões ao ano, a filantropia comunitária possui amplo potencial de investimento de empresas nacionais e de filantropos brasileiros, segundo Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Ricardo Levisky, da Levisky Legado, responsáveis pela organização do encontro, que contou com rígido protocolo de segurança COVID 19. Hermes Sousa, líder do grupo de iniciativa de São Miguel Paulista, participante do Transformando Territórios, compartilhou sua experiência.

Institutos e Fundações comunitárias são associações que atuam em prol de um território geográfico delimitado, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região. Além disto, Institutos e Fundações Comunitárias fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Beatriz é voluntaria, mentora, consultora de famílias empresárias na Cambridge Family Enterprise Group-Brasil e diretora do Instituto Helda Gerdau. Em 2021, tornou-se embaixadora do Programa Transformando Territórios, contribuindo para disseminar o conceito e engajar filantropos e investidores sociais nesta causa. Em agosto, o também embaixador Dr. José Luiz Egydio Setubal havia realizado um encontro similar em sua residência.

 

TransformandoTerritorios_cafédamanhã

Para saber mais sobre a iniciativa, acesse: transformandoterritorios.org.br

Instituto Comunitário de Valinhos avança no diagnóstico da região com apoio do IDIS

Com objetivo de estruturar um plano estratégico de ações para o território de Valinhos, cidade da região metropolitana de Campinas, SP, a FEAV – Fórum de Entidades Assistencialistas de Valinhos promoveu um workshop com a participação de lideranças e das 11 entidades de sua rede. A programação acontece dentro do âmbito do Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

A FEAV é uma das 14 organizações participantes do programa e tem avançando rapidamente nas atividades para a formalização de um Instituto Comunitário. No evento, a organização o apresentou o diagnóstico detalhado do mapeamento de demandas e potencialidades do território e das instituições locais, feito com apoio do IDIS, incorporando as sugestões do público. Whilla Castelhano, coordenadora do IDIS no Transformando Territórios, participou também apresentando conceitos e objetivos do Programa.

Workshop FEAV e IDIS - Transformando Territórios

Whilla Castelhano durante Workshop com a FEAV

Entre os próximos passos previstos estão a definição do planejamento estratégico de curto prazo, a partir da priorização de ações, e a definição de um modelo de negócios para que as necessidades sejam endereçadas.

“É preciso conhecer o território de abrangência e verificar os serviços e as demandas apontadas. Agora precisamos avançar, com o envolvimento de todos para que esse projeto se transforme em processo”, destacou Eliane Macari, presidente da FEAV.

Para saber mais sobre o Transformando Territórios e sobre o conceito de Institutos e Fundações Comunitárias, acesse: https://www.idis.org.br/projetos-de-impacto/fundacoes-e-institutos-comunitarios/

Workshop FEAV e IDIS - Transformando Territórios

*As medidas de segurança para a Covid-19 (distanciamento e o uso de máscaras) foram respeitados durante o evento.

 

Veja também: Você já ouviu falar em Institutos e Fundações Comunitárias?

Atuação filantrópica territorial é destaque no Valor

A filantropia comunitária em territórios é um movimento que vem ganhando espaço no país e é destaque no jornal Valor Econômico. Estas iniciativas que visam ampliar a participação individual e fomentar estratégias de longo prazo para a mudança social em territórios estão sendo aprimoradas nos últimos anos. O trabalho coordenado entre ONGs, fundações, associações de ação social, empresas e universidades se mostra muito mais eficiente na transformação social e vem demostrando grande potencial de impacto.

Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, os esforços que envolvem o conceito mais amplo de filantropia comunitária, representam uma tendência que veio para ficar. Segundo Paula, “a sociedade entendeu que precisa de soluções integradas e locais”. “Este olhar mais sistêmico e com atuações transversais estimula o surgimento das fundações comunitárias”, ressalta.

A atuação das associações leva em conta as realidades de áreas delimitadas, levantando informações socioeconômicas, promovendo saúde, inclusão produtiva e empreendedorismo. Paula cita como exemplos desse modelo de atuação do ICom – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis; o Instituto Comunitário Baixada Maranhense e a Tabôa, associação comunitária criada no sul da Bahia pelo fundador da Natura Guilherme Leal. Todas estas organizações fazem parte do projeto Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Confira o artigo na íntegra.

 

IDIS recebe especialista em Filantropia Comunitária e visita organizações em diferentes regiões do Brasil

Filantropia Comunitária é um dos temas caros ao IDIS desde sua fundação, e o ano de 2019 pode ser considerado um marco na nossa atuação nesta área, pois foi quando iniciamos o desenho do ‘Programa de Desenvolvimento da Filantropia Comunitária’, em parceria com a Mott Foundation. Sua intenção é fomentar o surgimento de Fundações Comunitárias no País, bem como fortalecer e consolidar as já existentes. Para apoiar este processo, recebemos, em outubro, Alina Porumb, consultora romena com extensa experiência no tema, e que desenvolveu um programa similar em seu país entre 2005 e 2015. Por muito anos, esteve também à frente da ‘ARC – Association for Community Relations’, uma organização que apoiou o surgimento de Fundações Comunitárias na Romênia.
Além de compartilhar com a equipe do IDIS suas vivências e realizar atividades de imersão no tema, Alina fez uma série de visitas a organizações brasileiras que atuam no campo da Filantropia Comunitária, sempre acompanhada por alguém da equipe do IDIS, abarcando parcialmente a diversidade de realidades que encontramos no Brasil.

 

Redes da Maré (RJ)

A visita à organização Redes da Maré, no Rio de Janeiro, realizada com Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, ampliou o conhecimento acerca da difícil e complexa realidade dos 140 mil moradores das 16 favelas do Complexo da Maré e dos corajosos e inspiradores projetos realizados pela organização, com foco na melhoria da qualidade de vida e garantia de direitos da população. Um dos pontos debatidos com Eliana Sousa Silva, Diretora da Redes da Maré, foi a possibilidade de se criar uma Fundação Comunitária neste território, como um meio de atrair recursos de longo prazo para financiamento destes e outros projetos de desenvolvimento local.

 

Tabôa (BA)

A Tabôa é uma organização social que fomenta iniciativas de base comunitária e empreendimentos socioeconômicos em Serra Grande, no sul da Bahia. Essa visita já estava cercada de expectativas pela já reconhecida atuação da organização na região, pelas belezas naturais locais, pelas saborosas diferenças gastronômicas, pela riqueza cultural e pelas mais recentes notícias da chegada do vazamento de óleo, que atingiu diversas localidades no nordeste e sudeste, às praias de Serra Grande. Na visita, realizada com André Lara, gerente de projetos do IDIS, as expectativas foram atingidas. Eles se impressionaram ao ver a mobilização da população local unindo forças em projetos de seu interesse, ao ver habilidades gastronômicas e culturais potencializadas e transformadas em oportunidade de negócio e geração de renda, ao ver de perto o poder de transformação que o engajamento e a organização coletivas podem ter. Ao mesmo tempo, sentiram na pele o impacto brutal de não poder entrar no mar, comer peixes ou mesmo caminhar pelas praias sem estar calçado devido à contaminação por óleo. As raízes da Filantropia Comunitária, que prevê este empoderamento coletivo para resolver problemas em comum estão também direcionadas para a questão ambiental. Voltaram tocados, mas confiantes de que esta mobilização pode despertar também um apoio estrutural e efetivo do poder público.

 

ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (SC)

O ICOM é uma Fundação Comunitária com 14 anos de atuação. A organização incentiva o engajamento de empresas e indivíduos na prática do investimento social e apoia as organizações da sociedade civil da região. Mariane Nunes, Gerente Executiva, recebeu Alina a Raquel Altemani, gerente financeira no IDIS, e compartilhou a história, as conquistas e os desafios atuais do ICOM. Se aprofundou também na história de como o Instituto implementou a metodologia Vital Signs – uma forma participativa de reunir indicadores sobre o desenvolvimento social de territórios com o apoio e colaboração de representantes da sociedade civil e do setor público e gerar conhecimento sobre os avanços e prioridades locais. O ICOM integra a rede ‘Ibero American Network of Community Foundation’, focada no fortalecimento e troca de experiências entre Fundações Comunitárias da América Latina, Portugal e Espanha.

 

Fundação Tide Setubal (SP)

A dupla Alina e Raquel também visitou o Galpão ZL, um espaço voltado para a promoção do empreendedorismo periférico e de negócios de impacto social na Zona Leste da capital paulista mantido pela Fundação Tide Setubal. Os representantes da organização, Guiné e Andrelissa, as acompanharam em uma estimulante conversa sobre a busca de justiça social e desenvolvimento sustentável de periferias urbanas. A Fundação tem como missão contribuir para o enfrentamento das desigualdades socioespaciais das grandes cidades, e, para isso, promove a articulação de diversos atores, como representantes da sociedade civil, empresas, poder público, instituições de pesquisa. A atuação por mais de 10 anos da Fundação Tide Setubal no território de São Miguel Paulista, sempre pautada pela valorização dos ativos e talentos locais e por um processo atento de escuta e colaboração, permitiu que a organização desenvolvesse metodologias de engajamento comunitário e gerasse muito conhecimento sobre tema, tornando-se uma referência no País e contribuindo para levar os aprendizados para outros territórios, ampliando ainda mais seu potencial de impacto.

 

Se interessa pelo tema? Conheça a publicação ‘Filantropia Comunitária: terreno fértil para o desenvolvimento social’

Incentivo à Filantropia Comunitária – novos passos de uma jornada

Desde sua fundação, em 1999, a Filantropia Comunitária é um tema caro ao IDIS e considerado prioritário para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária. Em parceria com outras organizações e investidores sociais, temos atuado no sentido de promover um movimento de incentivo à prática no Brasil.

Neste ano, somamos a esta trajetória um novo marco – o lançamento da publicação ‘FILANTROPIA COMUNITÁRIA: Terreno fértil para o Desenvolvimento Social’, fruto de um estudo realizado com o apoio da Mott Foundation e que traz detalhes sobre o processo de mapeamento de organizações comunitárias, os resultados da pesquisa e ideias de estratégias para fortalecer o movimento no Brasil. A publicação, já disponível no site do IDIS, foi lançada no dia 31 de maio em São Paulo, na presença de Nick Deychakiwsky e Carlos Rios-Santiago, Diretores de Programas na Mott Foundation, cuja visita teve por objetivo dar continuidade ao processo de fortalecimento do tema no Brasil e de aproximar os investidores sociais do conceito de Filantropia Comunitária.

Durante sua estadia no país, Nick e Carlos visitaram organizações voltadas ao fortalecimento de comunidades locais. Acompanhados por Raquel Altemani, gerente de projetos no IDIS, os representantes da Mott Foundation tiveram a oportunidade de conhecer de perto o trabalho desempenhado pela Fundação Urbe9 (em Campinas-SP), IBEAC – Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário e Fundação ABH (ambas no município de São Paulo), ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (em Florianópolis) e Redes da Maré (no Rio de janeiro). Além disso, também foram realizados encontros com organizações que trabalham pelo desenvolvimento da Filantropia no país, como o GIFE, WINGS e a Rede de Filantropia para a Justiça Social.

A visita também inclui um encontro entre investidores sociais e a fundação americana. Nick descreveu o conceito de Fundações Comunitárias, apresentando o trabalho da Mott e seu interesse em implementar esse modelo de organização ao Brasil. Em seguida, Raquel Altemani comentou sobre os resultados e insights adquiridos ao longo da pesquisa de mapeamento de organizações comunitárias no Estado de São Paulo em 2018, estimulando o debate e o compartilhamento de percepções entre os investidores sociais.

Tivemos também o prazer de participar do evento Expandindo e Fortalecendo a Filantropia Comunitária no Brasil, organizado pela Rede de Filantropia para a Justiça Social. Foi um dia dedicado à troca de experiências entre fundações, institutos e organizações comunitárias, e mais um passo para a consolidação do tema no Brasil. Nessa ocasião, integramos o painel “Pesquisas e Tendências da Filantropia Comunitária no Brasil”, no qual apresentamos nossa experiência com a Mott Foundation. Além disso, pudemos aprender com a visão internacional de Jenny Hodgson, Diretora Executiva do Global Fund for Community Foundations, sobre experiências de Filantropia Comunitária ao redor do mundo, e com a perspectiva de representantes de organizações comunitárias no Brasil – como a Associação Indígena da Comunidade Kisêdjê, Caranguejo Uçá, Instituto Baixada, Rede de Bancos Comunitários da Bahia, Casa Fluminense, ICOM – e representantes de fundações e associações no Brasil comprometidas com o apoio a organizações comunitárias. Dessa forma, as iniciativas e a mobilização de atores engajados no campo da Filantropia Comunitária refletem a relevância do tema não só para a agenda do IDIS, mas para o desenvolvimento do país como um todo.

Aprendendo sobre Filantropia Comunitária em Berlim

Entre 26 de Fevereiro e 1 de Março, Raquel Altemani, nossa gerente de Projetos, esteve em Berlim, capital da Alemanha, acompanhando um workshop promovido pela Mott Foundation* com o objetivo de promover o conceito e a prática de Fundações Comunitárias no mundo.

Estavam no evento, além da equipe da Mott, 22 representantes de organizações da sociedade civil, consultores e pesquisadores de 20 diferentes nacionalidades, envolvendo América Latina, África e Europa, que foram contratados pela fundação para desenvolver uma investigação em seus países com o intuito de responder duas perguntas.

Com base no resultado dessa pesquisa, a Mott espera ser capaz de selecionar alguns dos países como alvo de uma iniciativa de fomento às Fundações Comunitárias. O workshop marcou a início desse trabalho e, para contribuir com os pesquisadores, a Mott convidou pessoas e organizações que já receberam grants no passado para desenvolver Fundações Comunitárias em seus países e tiveram sucesso.

A escolha dos participantes do workshop priorizou países onde a Mott ainda não possui nenhuma iniciativa em curso. O Brasil, representado pelo IDIS, não é um deles, uma vez que a Mott já atua aqui. Mesmo assim, o IDIS foi convidado a participar para se aprofundar no tema e para trocar experiências com os demais participantes.

Em 2018 o IDIS conduziu uma pesquisa, em parceria com Mott, para mapear organizações no estado de São Paulo que desenvolvessem projetos sociais baseados em engajamento comunitário. O objetivo desse projeto foi compreender melhor o perfil dessas organizações e explorar, junto a elas, possíveis estratégias para estimular o crescimento e fortalecimento de iniciativas de Filantropia Comunitária no Brasil. Os resultados dessa pesquisa serão compartilhados em uma publicação a ser lançada pelo IDIS ainda em 2019.

“Para mim, foi uma grande oportunidade participar desse workshop porque pude conhecer pessoas muito experientes no campo da filantropia comunitária, que compartilharam conosco não apenas os casos que deram certo, mas também os erros e as dificuldades” conta Raquel. “Além disso, tivemos a possibilidade de conhecer dirigentes de algumas das Fundações Comunitárias de Berlim e de visitar alguns dos projetos conduzidos por elas”, conclui.

(*)A Mott Foundation é uma fundação norte americana com sede em Flint-Michigan que vem trabalhando desde 1926 para fortalecer comunidades ao redor do mundo. A organização conta com um fundo patrimonial de mais de 3 bilhões de dólares e tem uma expressiva atuação como grantmaker – ao longo de sua história, já investiu mais de 3,2 bilhões em organizações de 62 países.

 

O que é Filantropia Comunitária
No conceito da Mott Foundation, Fundações Comunitárias são organizações filantrópicas com uma agenda ampla e múltipla de causas que contribuem para o desenvolvimento comunitário, comprometidas com resultados de longo prazo e focadas em uma área geográfica específica. Seu objetivo é melhorar a vida das pessoas da região onde atua por meio da mobilização e distribuição de ativos locais e da atração de investidores. São organizações que funcionam como um veículo para o exercício da cidadania dos moradores locais, já que criam espaço para debate sobre as prioridades locais e para a tomada de decisão sobre o uso dos recursos captados. De acordo com James Magowan, Diretor da European Community Foundation Initiative, que foi um dos palestrantes do workshop, as Fundações Comunitárias atuam dentro do modelo de “bounding, bridging & linking”, ou seja, possuem um papel articulador que estimula e promove laços, pontes e conexões entre os diversos atores de uma comunidade.

IDIS realiza oficina de filantropia comunitária

O que caracteriza a filantropia comunitária? A pergunta é complexa e não há apenas uma resposta certa. Para discutir o tema com quem está no campo, o IDIS Instituto do Desenvolvimento do Investimento Social realizou, nos dias 5, 6 e 7 de dezembro, o Workshop de Filantropia Comunitária com as oito entidades selecionadas no edital de Mapeamento e Fortalecimento de organizações e iniciativas de atuação comunitária do Estado de São Paulo, iniciativa em parceria com a MOTT Foundation.

A oficina proporcionou a troca de conhecimento e experiências entre as organizações selecionadas e os palestrantes convidados. O IDIS foi responsável por organizar a oficina e abordar os aspectos teóricos e práticos da ‘filantropia comunitária e desenvolvimento comunitário com base nos talentos e recursos locais’.

“Entender os mecanismos mais eficazes para fomentar a filantropia comunitária no Brasil é crucial para promover o desenvolvimento e o fortalecimento da sociedade civil.” declarou a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, durante a abertura da oficina.

Nick Deychakiwsky, da Mott Foundation, enviou sua mensagem aos participantes diretamente dos Estados Unidos e destacou os pontos que caracterizam as organizações comunitárias tais como o forte comprometimento com a comunidade, a diversidade de causas e objetivos, o engajamento da comunidade local, a atuação permanente, a pluralidade de fontes de financiamento, a gestão independente, a necessidade de ativos mínimos para operar e a capacidade de apoiar outras iniciativas locais.

Pelo IDIS, a gerente de projetos Raquel Altemani explanou sobre o que é atuação comunitária e relatou que não há consenso sobre um conceito definitivo, por isso, o IDIS debateu com especialistas e com a MOTT Foundation em busca de uma definição. Já Andrea Hanai, gerente de projetos, abordou os aspectos financeiros e a necessidade de mobilização de recursos para as organizações. A diretora de comunicação, Andrea Wolffenbüttel, apresentou aspectos da cultura de doação no Brasil e no mundo.

Os participantes da oficina ainda ouviram o fundador do IDIS, Marcos Kisil, que tratou do desenvolvimento comunitário. Para falar dos desafios e oportunidades para a filantropia comunitária no Brasil, o IDIS convidou Erika Saez, do GIFE, e a Graciela Hopstein, da rede de Filantropia para a Justiça Social.

As organizações participantes realizaram uma visita de campo ao Galpão da Fundação Tide Setúbal no Jardim Lapenna, zona leste de São Paulo, e conheceram uma organização não governamental de origem familiar que atua com a missão de fomentar iniciativas que promovam a justiça social e o desenvolvimento sustentável de periferias urbanas.

Para tratar de modelos de atuação para organizações comunitárias, a oficina contou com a participação de Marina Fay, da Fundação ABH, e Tony Marlon, do Historiorama. Já Mariana Nunes contou a história de atuação do Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (ICOM).

No último dia, os participantes trabalharam por meio de dinâmicas para tratar dos desafios e das oportunidades de cada organização e avaliaram a experiência como muito valiosa para reverem e aprimorarem suas atuações locais.

Raquel Altemani, gerente de projetos do IDIS liderou a oficina e destacou que a troca de saberes entre as organizações enriqueceu a programação e fez com que a oficina fosse ainda mais importante para todos os participantes e também para o IDIS.

IDIS e MOTT Foundation iniciam projeto na área da Filantropia Comunitária

O protagonismo social é fundamental para processos de transformação da realidade; que por sua vez são necessários para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. E por isso faz parte dos temas de atuação do IDIS desde a sua fundação.
No Brasil, há inúmeras evidências e pesquisas recentes que indicam que o nível de confiança e credibilidade das instituições do país é extremamente baixo – um quadro que leva os cidadãos a buscarem novas formas de se engajar na solução dos problemas sociais que enfrentam.

Nesse contexto, a filantropia comunitária vem crescendo muito, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo e tem sido foco de estudos, pesquisas e trocas entre organizações que atuam com filantropia.

E o IDIS, junto com a MOTT Foundation, iniciou um projeto para mapear as iniciativas de Filantropia Comunitária no Estado de São Paulo. A primeira atividade, realizada no dia 12 de julho, foi uma oficina para explorar alguns conceitos inerentes ao tema, pois há distintos entendimentos sobre o que é uma comunidade e o que caracteriza uma organização de filantropia comunitária.

“ O que faz o avanço global da Filantropia Comunitária tão entusiasmante é a variedade de formatos que ela assume, adaptações para diferentes contextos, desafios, recursos e lideranças”
Barry Knight e Andrew Milner CENTRIS, Global Alliance for Community Philantropy

Tivemos a participação de algumas importantes organizações que atuam no setor: Fundo Elas, Gife, Wings, Fundo Brasil de Direitos Humanos, CIEDs, Fundação Tide Setubal, Rede de Filantropia para a Justiça Social, ICOM, Fundo Casa, Fundação Affonso Brandão Hennel e Fundação Salvador Arena.

Saiba mais sobre Filantropia Comunitária nesse vídeo desenvolvido pelo Global Fund for Community Foundations: