Lançamento do Arquétipos da Filantropia reúne filantropos e investidores sociais

Em uma manhã de junho, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e a RPA – Rockefeller Philanthropy Advisors reuniram filantropos, membros de organizações empresariais e familiares e organizações da sociedade civil, para o lançamento do ‘Arquétipos da Filantropia: Nova Ferramenta para Análise Estratégica. A publicação aborda e analisa os principais perfis de filantropos e investidores sociais, fornecendo diretrizes para maximizar o impacto para cada tipo de organização.

O estudo é um desdobramento do projeto ‘Estrutura Filantrópica’, promovido pela Rockefeller Philanthropy Advisors em 2019 a partir de entrevistas com 75 fundações, além de dezenas de sessões de trabalho com mais de 200 financiadores, peritos e parceiros de pesquisa nos EUA, Europa, Ásia, África e América Latina.  A versão brasileira foi publicada em parceria com o IDIS, parceiro da RPA há mais de 10 anos, em prol da ampliação do investimento social privado. 

Conheça mais e baixe a publicação aqui.

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Alinhar recursos aos objetivos para uma filantropia mais efetiva 

Melissa Berman, CEO da Rockefeller Philanthropy Advisors e uma das autoras da publicação, abriu o evento apresentando os objetivos e descobertas do estudo. Melissa explicou que a ideia surgiu após a constatação da necessidade de sistematização e renovação dos modelos existentes de filantropia, diante do surgimento de novos e crescentes desafios globais, foi necessário que o investimento social privado em todo mundo também se atualizasse para, assim, poder resolver tamanhas questões.

“Não é possível resolver problemas do século 21 com um modelo de filantropia do século 19”  

A CEO da Rockefeller explicou que os 8 arquétipos surgiram, então, com o objetivo de proporcionar um guia de planejamento estratégico para organizações, unindo as pontas entre seus objetivos finais, propósitos e recursos disponíveis.

Melissa Berman, CEO da Rockefeller Philanthropy Advisors, apresentando a publicação

Após a apresentação inicial, aconteceu um painel de discussão sobre os achados e suas implicações no setor filantrópico brasileiro. Mediado por Paula Fabiani (CEO do IDIS), a mesa contou com a participação de Cassio França (Secretário-Geral do GIFE), Thiago Piazzetta (Gerente de Projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza) e Patricia Loyola (Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas).

Paula Fabiani (IDIS), Thiago Piazzeta (Fundação Grupo Boticário), Cassio França (GIFE) e Melissa Berman (RPA) discutindo a publicação sob o contexto filantrópico brasileiro

Piazzetta destacou a ação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que trabalha com o apoio a organizações promotoras da conservação da biodiversidade no Brasil. O grupo foi um dos cases presentes na publicação e servem como exemplo do chamado ‘arquétipo do Catalisador de Risco’, um perfil caracterizado essencialmente por fornecer financiamento inicial, muitas vezes sem restrições, a organizações novas ou com pouco histórico comprovado. “Evitamos o financiamento de grandes organizações, optando por apoiar grupos e empresas menores e mais inovadores”, afirma Thiago.

A Fundação Grupo Boticário já financiou 1600 iniciativas não estabelecidas e inovadoras de conservação ambiental da natureza por meio de doações e outros instrumentos financeiros, incluindo um programa de aceleração de impacto ambiental para fortalecer a capacidade de investimento de impacto da comunidade empresarial. 

Cassio França acrescentou à reflexão a importância de organizações que aplicam o perfil do arquétipo do Catalisador de Riscos em suas ações para combater as desigualdades no contexto brasileiro. Segundo o secretário-geral do GIFE, o modelo garante poder a organizações verdadeiramente inovadoras e impactantes contra as problemáticas nacionais. “É uma das coisas mais revolucionárias que podem existir na filantropia brasileira”, indica.

França também enfatizou a importância da compreensão dos arquétipos no processo de decolonização da filantropia. O conceito parte do entendimento da necessidade de superar os desequilíbrios de poder em dinâmicas internas do campo filantrópico, para que o mecanismo não seja um perpetuador das desigualdades, mas que contribua efetivamente para o seu fim.

Diante desse contexto, Cassio apontou os arquétipos como uma excelente ferramenta para que filantropos e investidores sociais reconheçam seus modos de atuação, entendam suas potencialidades e contribuam de maneira efetiva para a mitigação da desigualdade social. “Eu vejo o material como um grande benefício para o campo, porque ajuda as organizações a se entenderem”, destaca.

Patricia Loyola enriqueceu a discussão ao ressaltar a importância da colaboração com o poder público na potencialização de ações filantrópicas. Ela exemplificou a força do modelo de colaboração a partir do programa Juntos Pela Saúde, uma iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, que combina doações da iniciativa privada com aportes do próprio BNDES para projetos de saúde pública nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Ela relacionou esse movimento ao arquétipo do Gestor de Campanha, um perfil que busca reunir especialistas de diferentes áreas, incluindo o setor público, a fim de produzir iniciativas mais inovadoras na filantropia. “O poder público conhece o campo e as necessidades a serem trabalhadas. Não tem como fazer parceria com o poder público sem reconhecer sua legitimidade”, afirma.

Ao final da mesa, Melissa apontou a necessidade de revisão dos formatos de prática da filantropia e indicou o conteúdo da publicação como um caminho para alcançar essa transformação. “Não acho que temos escolha a não ser reagir às mudanças do mundo, nos tornando organizações mais diversas, inclusivas e transparentes”, acredita.

Encerrando a manhã de reflexões, a equipe da Rockefeller Philanthropy Advisors (RPA) realizou um workshop interativo sobre os 8 arquétipos com os participantes do evento. Eles puderam refletir sobre qual perfil melhor representa o modelo de investimento do instituto que representam, contando com a ajuda da equipe da RPA para identificação e compartilhando as descobertas com todos os presentes.

Workshop interativo com Melissa Berman durante o evento

O momento rendeu grandes reflexões entre os participantes e revelou membros que identificavam suas organizações entre os mais variados arquétipos, incluindo a Agência de Talentos, que identifica e amplifica vozes de indivíduos e grupos que vivenciam de forma mais direta e próxima das problemáticas; o Construtor de Campo, que fortalece instituições responsáveis por gerar e divulgar perspectivas científicas; e o Semeador, modelo que fornece apoio por meio de fontes diversificadas para a mesma causa.

Confira mais fotos do evento:

Sobre a Rockefeller Philanthropy Advisors

A Rockefeller Philanthropy Advisors (RPA) é uma organização sem fins lucrativos que aconselha e gere mais de 400 milhões de dólares em doações anuais feitas por indivíduos, famílias, corporações e fundações. Fundada em 2002, buscando manter o histórico de filantropia da família Rockefeller, a RPA tornou-se uma das maiores organizações de serviços filantrópicos do mundo e facilitou a concessão de mais de 3 milhões de dólares a mais de 70 países. A RPA também serve de patrocinador fiscal para mais de 100 projetos.

Para mais informações visite www.rockpa.org

Apoiar os territórios comunitários é legitimar suas atividades e criar um ambiente mais autônomo

As Fundações e Institutos Comunitários (FICs) atuam em prol do desenvolvimento de um território geográfico através das OSCs – Organizações da Sociedade Civil – locais, criando uma rede de relacionamento e parcerias locais.

Tais relações são baseadas no reconhecimento e na valorização do papel das comunidades locais, das suas lideranças e dos seus ativos na promoção de ações coletivas voltadas para alcançar o desenvolvimento sustentável de cada região.

Em maio desse ano, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema e os desafios e perspectivas para o desenvolvimento da filantropia brasileira.

Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

Seminário IDIS Transformando Territórios. Em 21 de maio de 2022. Ed. Ruth Cardoso, SP. Foto: André Porto

Uma das mesas do evento discutiu justamente “A importância do engajamento e parcerias nos territórios”, na qual participaram do debate Cássio França (Secretário Geral do GIFE) e Mônica de Roure (Diretora Executiva da BrazilFoundation) e Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios). Logo de cara todos os palestrantes já concordaram que apoiar territórios é legitimar as atividades daquele lugar para que se crie um ambiente autônomo.

Mônica de Roure, Beatriz Johannpeter e Cássio França

Os painelistas destacaram, principalmente, a importância de combater a pobreza. “Não se pode normalizar a pobreza e os problemas sociais do Brasil. Se não reduzirmos a pobreza, que é o primeiro passo e mais importante, todos os outros problemas também irão regredir”, destacou França.

Cássio França no Seminário IDIS Transformando Territórios.

De acordo com o Censo GIFE 2020, o volume total de investimento social das organizações contempladas foi de R$ 5,3 bilhões, o que representa 63% a mais do que o previsto para 2020, que era de R$ 3,3 bilhões. O nível de doações durante a pandemia demonstrou o quanto é possível que os diversos atores sociais ajudem e doem além do que já vem sendo feito. Segundo a mesa, o grande desafio agora será manter o crescimento do investimento social privado.

Nesse contexto, tiveram grande atuação e importância as lideranças comunitárias que, por estarem inseridas nos territórios, puderam agir de forma ágil e eficiente, destinando os recursos da melhor forma.

Assista à palestra completa através do vídeo abaixo

 

 

Seminário Transformando Territórios reúne filantropos, empresas e sociedade civil

Em uma manhã fria de maio, IDIS e C.S. Mott Foundation reuniram um público diverso para debater e aprofundar o conhecimento sobre um importante tema: a filantropia comunitária e os desafios e perspectivas para seu desenvolvimento no Brasil. Realizadores do programa Transformando Territórios, que fomenta o desenvolvimento de fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil, promoveram o 1º Seminário Transformando Territórios com mais de 60 pessoas, entre líderes de FICs, filantropos, parceiros e apoiadores da causa.

Veja um resumo e depoimentos sobre o evento.

Reunimos aqui os destaques dos quatro painéis que integraram o evento.

O apoio à filantropia comunitária

“O apoio à filantropia comunitária” foi o painel que abriu o evento, mediado por Paula Fabiani (CEO do IDIS), com a participação de Antônio Carlos Pipponzi (Presidente do Conselho de Administração da RaiaDrogasil) e Luis Norberto Pascoal (Conselheiro da Fundação FEAC e fundador da Fundação Educar).

Audiência no Seminário Transformando Territórios. Foto: André Porto

 

Pipponzi destacou que, atualmente, existe uma grande expectativa que empresas apoiem organizações engajadas com questões sociais – como é o caso das FICs, por meio da filantropia comunitária. De acordo com ele, não há mais espaço para que as empresas entreguem apenas resultados financeiros. Para seguirem existindo, é necessário gerarem resultados positivos para a sociedade.

 

Pascoal acrescentou à reflexão que para encontrarmos soluções reais para o país é preciso construir valor dentro de territórios, com parcerias entre instituições comunitárias, setor público e privado –  precisam atuar em conjunto para que haja uma solução completa.

 

A importância do engajamento e parcerias nos territórios

Quando o assunto abordado passou a ser “A importância do engajamento e parcerias nos territórios”, na segunda mesa, os palestrantes concordaram que apoiar territórios é legitimar as atividades daquele lugar para que se crie um ambiente autônomo.

Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e Cássio França (Secretário Geral do GIFE). Foto: André Porto

Cássio França (Secretário Geral do GIFE) e Mônica de Roure (Diretora Executiva da BrazilFoundation) subiram ao palco com a moderadora Beatriz Johannpeter (Diretora do Instituto Helda Gerdau e Embaixadora do Programa Transformando Territórios). Os painelistas destacaram, principalmente, a importância do combate à pobreza. “Não se pode normalizar a pobreza e os problemas sociais do Brasil. Se não reduzirmos a pobreza, que é o primeiro passo e mais importante, todos os outros problemas também irão regredir”, destacou França.

 

De acordo com o Censo GIFE 2020, o volume total de investimento social das organizações contempladas foi de R$ 5,3 bilhões, o que representa 63% a mais do que o previsto para 2020, que era de R$ 3,3 bilhões. O nível de doações durante a pandemia demonstrou o quanto é possível que os diversos atores sociais ajudem e doem além do que já vem sendo feito. Segundo os palestrantes, o grande desafio agora será manter o crescimento do investimento social privado.

Nesse contexto, tiveram grande atuação e importância as lideranças comunitárias que, por estarem inseridas nos territórios, puderam agir de forma ágil e eficiente, destinando os recursos da melhor forma.

Fundações e Institutos Comunitários com a agenda pública

 

O terceiro painel do seminário tratou sobre a relação das Fundações e Institutos Comunitários com a agenda pública. Lúcia Dellagnelo (Fundadora e conselheira do Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e Eliana Sousa (Diretora Fundadora da Associação Redes da Maré e Líder participante do Programa Transformando Territórios), mediadas por Patrícia Loyola (Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas) destacaram a ideia de que fundos comunitários surgem para formar um legado nos territórios onde estão inseridos, mantendo as mudanças e melhorias para gerações futuras.

O grande destaque do painel veio do debate sobre a importância de se compreender o que os territórios necessitam antes de filantropos ou empresas realizarem doações diretas. A criação de fundos comunitários por FICs foi apontada como uma solução. Elas seriam as receptoras dos recursos e responsáveis pela gestão e distribuição. Segundo Dellagnelo, essas instituições ‘ponte’ apoiam a estrutura social, conhecem o contexto das organizações de base e o que a população efetivamente necessita.

Perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários

Fechando a manhã de reflexões sobre filantropia comunitária, Nicholas Deychakiwsky (Senior Program Officer da C.S. Mott Foundation), Shannon Lawder (Director of the Civil Society Program da C.S. Mott Foundation) e Mamo Mohapi (Program Officer da C.S.Mott Foundation) subiram ao palco com a moderação de Helena Monteiro (Diretora Executiva do David Rockefeller Center for Latin American Studies da Universidade de Harvard e Embaixadora do Programa Transformando Territórios) e finalizaram o seminário com a mesa Perspectivas, potencialidades e desafios das Fundações e Institutos Comunitários.

 

Nicholas destacou que as FICs têm o papel de compreender o que é necessário na sociedade e território, ponto que, muitas vezes, o 2º Setor (as empresas) acha que sabe mais por ter mais dinheiro. Mas, na realidade é um conhecimento que o 3º setor possui muito mais, justamente por essa proximidade com o território.

Helena Monteiro,  Shannon Lawder, Nicholas Deychakiwsky e Mamo Mohapi . Foto: André Porto

Ele acrescentou ainda que o sistema como o conhecemos atualmente irá ruir se não olharmos para o que o terceiro setor já vem fazendo e resolvendo há tanto tempo com mais atenção.

SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS E FICS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

De acordo com levantamento realizado pelo Community Foundation Atlas, existem mais de 1.800 institutos e fundações comunitárias. Juntas, essas organizações movimentam mais de USD 5 bilhões todos anos. No Brasil, ainda são pouco conhecidas. Participam hoje do Transformando Territórios 14 organizações de todo país, com diferentes níveis de maturidade, mas todas comprometidas com a implantação do modelo da filantropia comunitária.

 

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

Valor Econômico destaca inédito levantamento de fundos patrimoniais

O Panorama dos Fundos Patrimoniais no Brasil, levantamento inédito realizado pelo IDIS, foi destaque no jornal Valor Econômico impresso e digital. 

Paula Fabiani, CEO do IDIS e uma das autoras da publicação, comentou que “percebemos que as organizações já enxergam os fundos como solução de sustentabilidade de longo prazo e que pode reduzir a pressão por essa busca constante de receitas de curto prazo”, afirma.

Confira a matéria publicada originalmente no Valor Econômico. 

X CONGRESSO GIFE: IDIS participa de debate sobre tendências para o investimento social privado em âmbito nacional e global.

Diante de um futuro que traz como desafio para o Terceiro Setor a busca constante por novas formas de atuação e articulação, a necessidade de apropriação de ferramentas e tecnologias de última geração, além de estratégias que garantam um diálogo eficaz com um mundo já sobrecarregado de novos e velhos problemas socioambientais, o X Congresso GIFE, realizado em São Paulo nos dias 4, 5 e 6 de Abril,  colocou em debate as tendências para o investimento social privado em âmbito nacional e global.

Foram convidados para o painel ‘Tendências e Desafios para o Fortalecimento do Campo: por um Investimento Social mais Forte, Diverso e Efetivo’ a presidente do IDIS, Paula Fabiani; Benjamin Bellegy, diretor executivo do Wings; Regina Esteves, Superintendente da Comunitas; e Graciela Hopstein, coordenadora executiva da Rede de Fundos. Para mediar a conversa, Erika Saez, gerente de Programas do Gife.

O fortalecimento da cultura de doação e organizações da sociedade civil de base deram início à fala da presidente do IDIS sobre a importância do engajamento das famílias de alto poder aquisitivo e a necessidade de se tomar risco no Investimento Social Privado para garantir algumas agendas.  Paula Fabiani defendeu, ainda, que as grandes empresas sejam também doadoras e que incentivos estejam previstos para pessoas que fazem doações individuais.  Sobre os desafios que o Terceiro Setor tem pela frente, Paula Fabiani aponta a necessidade de abrir mão de nossas diferenças para unir esforços em torno de pautas comuns a todos: “O investidor social tem, às vezes, dificuldade em abrir mão de suas pautas e investir, de verdade, recursos em pautas comuns. O Brasil precisa disso mais do que nunca! É assim que vamos conseguir o impacto coletivo”.

Para Regina Esteves o momento é de grandes mudanças na relação público-privado: “A governança é compartilhada e a cocriação é base para o engajamento.” A representante da Comunitas ressaltou, ainda, que agora é a hora do Terceiro Setor abandonar o modelo tradicional que sempre adotou e, pensando em maior impacto, buscar um eixo para construir políticas de médio e longo prazo: “Visão de longo prazo significa a construção de políticas públicas onde o cidadão exerça um papel participativo, pois governos passam, mas a sociedade permanece.”.

Fortalecimento da Cultura de Doação e engajamento levaram às considerações de Benjamin Bellegy sobre o desenvolvimento da Filantropia como parte da Democracia e, também, sobre a urgência de se discutir mais esse tema no Brasil: “O processo filantrópico é uma causa…gera confiança na sociedade e, por isso, cada fundação, ou cada doador, precisa pensar de que maneira vai conseguir recursos para desenvolver seus projetos.”

Considerando o momento delicado em que se encontra não apenas o nosso país, mas o mundo, a representante da Rede Fundos lembrou que é fundamental mostrar que as organizações do Terceiro Setor são confiáveis: “Precisamos nos comunicar melhor e explicar a importância de doar. Somos todos atores dessa transformação.” Graciela Hopstein ainda chamou a atenção para a maneira como o tema é tratado: “Parece que filantropia é assistencialismo…Quando pensamos em Democracia, pensamos em acesso aos Direitos. Precisamos de mais recursos privados para fortalecer organizações públicas”

Brasil, Democracia e Desenvolvimento Sustentável:  O X Congresso Gife reuniu lideranças para analisar o momento que atravessamos e pensar o futuro do Terceiro Setor. Na plenária de abertura, a presidente dos conselhos  da Fundação Tide Setúbal e do Gife, Neca Setúbal, convocou a plateia: “Precisamos ter coragem de arriscar!”.

O economista e escritor Eduardo Gianetti da Fonseca abriu sua apresentação falando sobre o momento histórico que vive o País e os desafios aos quais os brasileiros são submetidos década após década,  desde a Redemocratização, passando pelos vários ciclos de planos econômicos para tentar estabilizar a moeda, até os dias de hoje, “Se temos 33% de carga tributária, mais 7% de déficit, 40% de tudo que o Brasil produz passa pelas mãos do setor público. Eu só me pergunto: CADÊ (esse dinheiro)??”. Gianetti lembrou que a “deformação patrimonialista” do Estado brasileiro está estabelecida desde a chegada dos portugueses e criticou o modelo de inversão que vivemos desde então: “O Estado continua a crer que a sociedade existe para servi-lo e não o contrário”.

Fundo Marielle – Durante o X Congresso Gife, a Fundação Ford, a Open Society Foundations, o Instituto Ibirapitanga e a Fundação Kellog lançaram uma iniciativa para promover a participação de mulheres negras no cenário político nacional. O Fundo Marielle (em homenagem à vereadora, socióloga, feminista e militante dos Direitos Humanos Marielle Franco, assassinada  no último dia 14 de março, no Rio de Janeiro) contará com a porte inicial de US$ 10 milhões ao Fundo Baobá.

 

 

 

 

 

Com soluções de longo prazo e mais efetividade nas doações, milionários estão mudando a cara da filantropia

Não é de hoje que os donos de grandes fortunas figuram entre os principais doadores de projetos sociais, mas uma nova categoria de milionários está mudando a cara da filantropia mundial: são os indivíduos de alto poder aquisitivo.

Detentores de ativos líquidos no valor de US$ 30 milhões ou mais, estes indivíduos se caracterizam cada vez por investimentos em iniciativas filantrópicas que promovam soluções de longo prazo e pelo uso de seus conhecimentos empresariais para medir a efetividade dos projetos e maximizar seus retornos.

Isso é o que diz o relatório Philanthropy Report 2014, realizado pelas consultorias Wealth-X e Arton Capital com o objetivo de apresentar o perfil dos filantropos de alto poder aquisitivo e mostrar como eles estão impactando o ambiente do investimento social privado.

De acordo com o levantamento, o “ultra wealthy” (como é chamado em inglês) típico tem 64 anos e uma fortuna de cerca de US$ 240 milhões. Suas decisões acompanham a tendência de deixar de lado a filantropia tradicional em prol de um investimento social privado cada vez mais preocupado com seus impactos na sociedade. Nos próximos 30 anos, esses indivíduos devem fazer investimentos sociais privados (ISP) de US$ 300 bilhões.

Normalmente, a escolha de investimentos possui ênfase no empreendedorismo como instrumento de combate a desigualdades socioeconômicas e isso não é por acaso: o estudo aponta que 69% dessas pessoas criaram seus negócios a partir do zero.

“O debate vai além da ideia de ‘ensinar a pescar’ e se estende para garantir a infraestrutura financeira e institucional necessária para apoiar o surgimento de novos empreendedores”, afirma o relatório.

O desenvolvimento de metodologias de avaliação de impacto também teve um efeito importante sobre o novo perfil da filantropia. “Os novos retornos quantificáveis tornaram possíveis novos tipos de ação filantrópica, como a venture philanthropy e os investimentos de impacto.”

Um dos casos estudados pelo relatório é a atuação da Charities Aid Foundation (CAF), organização britânica de apoio ao setor de investimento social privado representada pelo IDIS no Brasil. “Vários filantropos com os quais trabalhamos querem doar recursos para o fundo de impacto social da CAF, que já investiu em 46 organizações no mundo todo nos últimos dois anos, e cujos recursos retornam aos doadores ou são reinvestidos em outras entidades”, diz o relatório.