Com soluções de longo prazo e mais efetividade nas doações, milionários estão mudando a cara da filantropia

5 de novembro de 2014

Não é de hoje que os donos de grandes fortunas figuram entre os principais doadores de projetos sociais, mas uma nova categoria de milionários está mudando a cara da filantropia mundial: são os indivíduos de alto poder aquisitivo.

Detentores de ativos líquidos no valor de US$ 30 milhões ou mais, estes indivíduos se caracterizam cada vez por investimentos em iniciativas filantrópicas que promovam soluções de longo prazo e pelo uso de seus conhecimentos empresariais para medir a efetividade dos projetos e maximizar seus retornos.

Isso é o que diz o relatório Philanthropy Report 2014, realizado pelas consultorias Wealth-X e Arton Capital com o objetivo de apresentar o perfil dos filantropos de alto poder aquisitivo e mostrar como eles estão impactando o ambiente do investimento social privado.

De acordo com o levantamento, o “ultra wealthy” (como é chamado em inglês) típico tem 64 anos e uma fortuna de cerca de US$ 240 milhões. Suas decisões acompanham a tendência de deixar de lado a filantropia tradicional em prol de um investimento social privado cada vez mais preocupado com seus impactos na sociedade. Nos próximos 30 anos, esses indivíduos devem fazer investimentos sociais privados (ISP) de US$ 300 bilhões.

Normalmente, a escolha de investimentos possui ênfase no empreendedorismo como instrumento de combate a desigualdades socioeconômicas e isso não é por acaso: o estudo aponta que 69% dessas pessoas criaram seus negócios a partir do zero.

“O debate vai além da ideia de ‘ensinar a pescar’ e se estende para garantir a infraestrutura financeira e institucional necessária para apoiar o surgimento de novos empreendedores”, afirma o relatório.

O desenvolvimento de metodologias de avaliação de impacto também teve um efeito importante sobre o novo perfil da filantropia. “Os novos retornos quantificáveis tornaram possíveis novos tipos de ação filantrópica, como a venture philanthropy e os investimentos de impacto.”

Um dos casos estudados pelo relatório é a atuação da Charities Aid Foundation (CAF), organização britânica de apoio ao setor de investimento social privado representada pelo IDIS no Brasil. “Vários filantropos com os quais trabalhamos querem doar recursos para o fundo de impacto social da CAF, que já investiu em 46 organizações no mundo todo nos últimos dois anos, e cujos recursos retornam aos doadores ou são reinvestidos em outras entidades”, diz o relatório.