Fundação FEAC: seis décadas impulsionando organizações, territórios e pessoas

Como uma organização mantém um modelo de ação social inovador por quase 60 anos? A história da Fundação FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas começa no início dos anos 1960, quando as organizações

Jovem Chef – FEAC

sociais campinenses enfrentavam dificuldades econômicas e decidiram atuar de forma integrada e articulada para promover a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Em 2024 a FEAC completará seis décadas desenvolvendo e apoiando soluções reais para os desafios das comunidades mais vulneráveis da região de Campinas.

Um dos fundadores da FEAC, Eduardo Pimentel, teve a ideia de reunir as entidades sob um mesmo guarda-chuva, criar um fundo único e mais eficiente de captação de recursos e realizar apoio e suporte administrativo a outras entidades. Com a iniciativa bem-sucedida, a FEAC foi oficializada em 1964 e seguiu com o propósito de apoio institucional às organizações, tendo como bússola a busca do desenvolvimento integral e do respeito à cidadania plena das crianças e dos adolescentes.

O projeto alcançou novos rumos quando o casal Odila e Lafayette Álvaro, no mesmo ano de criação da organização, decidiram doar a Fazenda Brandina a esse grupo de instituições. No final dos anos 70, quando um grupo imobiliário quis comprar a terra, a FEAC decidiu não só vender o terreno, mas sim tornar-se sócia do shopping que seria construído na região. Naquele momento deu-se início ao que viria a se tornar um endowment ou fundo patrimonial, uma importante fonte de financiamento para organizações do terceiro setor da região.

Assim, as atividades da FEAC são financiadas por recursos próprios, gerados pela administração do próprio patrimônio, especialmente as locações imobiliárias. A partir desses recursos a FEAC realiza a prática de grantmaking – , ou seja, financia iniciativas e projetos de organizações locais. Essa característica é uma das principais atividades de uma Fundação ou Instituto Comunitário.

Na Carta de Princípios para FICs, define-se que:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

 

Os investimentos são destinados a viabilizar projetos que tenham relação com os objetivos da FEAC em seis áreas programáticas, divididas em três dimensões:

 

  • 1) Empoderar pessoas (Acolhimento afetivo, Educação, Juventudes, Mobilização para autonomia e Primeira Infância em foco);
  • 2) Potencializar territórios (Fortalecimento de vínculos);
  • 3) Impulsionar organizações (Cidadania Ativa e Qualificação da gestão de OSCs     Cidadania e Impacto Social).

 

Em um olhar retrospectivo, percebemos que a FEAC já nasce como uma fundação comunitária em 1964, mesmo sem conhecer esta terminologia para suas atividades.

Urbanizarte, FEAC

 

SUPORTE A PROJETOS ESTRUTURADOS

Jair Resende, superintendente socioeducativo da FEAC

Para garantir a governança efetiva e a sustentabilidade das organizações, dentro do terceiro eixo, a FEAC faz suporte a processos formativos, tendo como um dos principais programas o “Cidadania e Impacto social”, conta o superintendente socioeducativo da FEAC, o paraense Jair Resende:

 

“Impulsionamos as organizações por meio de formações, mentorias, estabelecimento de redes e investimentos, para que tenham mais condições de protagonismo, adotem as melhores práticas de gestão e processos eficientes. Nos últimos tempos, despertados pelo programa Transformando Territórios (TT) do IDIS, temos olhado especialmente para organizações que estão imbuídos na causa do desenvolvimento de territórios”.

 

Em 2022, a Fundação FEAC consolidou um novo modelo de investimento social, a partir de um processo de transformação que teve início quatro anos antes. Antes realizada por meio de apoio institucional, a parceria que a Fundação firma com as organizações parceiras passou a ser realizada por meio de suporte a projetos estruturados.

 

“O ano de 2022 foi o primeiro em que todas as organizações apresentaram as propostas em forma de projetos dentro desse sistema. Isso foi uma grande conquista da FEAC”, afirma Resende.

 

Nesse último ano, foram desenvolvidos 173 projetos em parceria com 127 organizações, um investimento de mais de R$ 25 milhões.

 

“O mais importante é que, com esse sistema, a FEAC conseguiu dimensionar melhor os impactos de suas iniciativas para cumprir o seu papel de impulsionar as transformações nos territórios onde atua”. completa.

 

Entre os editais recentes, estão a apresentação de propostas voltadas à melhoria e transformação dos espaços dos serviços de acolhimento – em que foram selecionados quatro projetos com até R$ 80 mil – e a para organizações atuem com pessoas com deficiência, para apresentação de propostas de projetos visando a acessibilidade arquitetônica – foi apoiado um projeto com até R$ 250 mil.

Além disso, a Fundação FEAC vem realizando, dentro do eixo Cidadania e Impacto Social, um mapeamento dos coletivos de Campinas. O levantamento é feito a partir do cadastro de informações das organizações numa plataforma: a temática em que atuam, se têm sede ou não, onde estão localizadas, o perfil dos membros e quais as dificuldades que enfrentam, dentre outras. Todos estes dados servirão como referências relevantes para parcerias em futuros projetos.

Agricultura Urbana, FEAC

Com uma logística privilegiada e outros recursos singulares, Campinas é hoje uma das cidades mais ricas do país. Entretanto, essa mesma Campinas, oficializada como metrópole pelo IBGE em 2020, apresenta um território de alta desigualdade econômica. Desde a criação da FEAC, a população do município passou de 300 mil para mais de um milhão de habitantes, a vulnerabilidade social também aumentou e a fundação precisou se reinventar algumas vezes para seguir promovendo impacto social positivo na região.

 

UM OLHAR ESTRATÉGICO

Em 2020, a FEAC desenhou as Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS), dando mais racionalidade ao olhar para o território. Antes, a organização trabalhava com 349 áreas de vulnerabilidade espalhadas por Campinas.

 

“Muitas compartilhavam equipamentos como escolas e unidades de saúde. Foi assim que se chegou a uma divisão em 16 REVS, que fizeram com que a fundação olhasse, pela primeira vez, para a área rural de Campinas. Também permitiu observar com mais exatidão as vulnerabilidades dos territórios, possibilitando uma atuação mais estratégica”, explica Resende.

 

Mesmo sendo uma fundação com relativos recursos, o superintendente garante que a FEAC segue em busca de parcerias importantes com empresas e outras organizações para criar e operacionalizar projetos.

 

“A aproximação com o IDIS, através do Transformando Territórios, nos despertou a visão de que a FEAC pode ser um hub de investimento social, ampliando suas parcerias para potencializar o ecossistema;”finaliza Resende.

 

APOIAR UM AO OUTRO PARA CRESCER JUNTOS

A entrada da FEAC no Programa Transformando Territórios, que visa o desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs), proporcionou à organização uma nova oportunidade para expandir conhecimento sobre a filantropia comunitária, abrindo assim novas perspectivas para atuação.

Uma dessas formas de atuação da FEAC é apoiar a formação de novas FICs na região de Campinas. O primeiro case de sucesso dessa atuação é o apoio a FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos que atua no território de Valinhos. Inclusive a FEAV entrou no Programa Transformando Território em 2021, por indicação da FEAC. A participação de ambas no programa também foi o catalisador de uma parceria entre as duas instituições.

Cinemaqui – FEAC

Neste ano, a FEAC como forma de apoio mais expressiva doou um de patrimônios, um histórico casarão localizado na cidade de Valinhos, para a FEAV. Nesses 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário por meio de uma doação tão significativa.

Esta contribuição está alinhada com o novo objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas apoiando iniciativas sociais locais por meio de uma abordagem de longo prazo e de um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região metropolitana. E também inicia um processo pioneiro onde uma fundação comunitária apoia o desenvolvimento de outras FICs nas regiões do entorno. Este é um passo importante e disruptivo que demonstra a importância da parceria e aliança entre FICs para o desenvolvimento dos nossos territórios.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: As áreas de atuação da FEAC abrangem todas as 16 Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS) no município de Campinas. O conceito das REVS foi definido pelo Núcleo de Inteligência Social (NIS) da FEAC, tendo como base dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundação FEAC;
  • Nome e cargo da principal liderança Jair Resende, superintendente socioeducativo;
  • População estimada: 200 mil pessoas em situação de vulnerabilidade. Os projetos da FEAC já atingiram 138.266 beneficiários;
  • Número de OSCs do território: Levantamentos apontam cerca de 200 organizações;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes.

    A Fundação FEAC integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Fundação FEAC? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Espírito comunitário: FEAC doa casarão à FEAV para fortalecer ações sociais em Valinhos

A cooperação para o desenvolvimento é uma das propostas da filantropia comunitária. Visando apoiar a organização parceria de atuação em um território próximo, a FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas anunciou uma grandiosa doação de um majestoso casarão de 800m² em um terreno de 6000m² que fortalecerá significativamente as atividades da FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos, localizada na cidade vizinha à Campinas. Ambas as organizações participam do programa Transformando Territórios do IDIS e atuam de forma próxima neste território no interior de São Paulo na região de Campinas e região metropolitana.

O histórico casarão, construído na década de 20, já serviu como residência da família Bissoto e até subsidiou o outro projeto social, o da Creche da Tia Nair. Agora o edifício com arquitetura rebuscada e espaços amplos será transformado em um centro de apoio a projetos sociais de Valinhos apoiados pela FEAV.

 

 

A FEAV é uma organização sem fins lucrativos que atua como Instituto Comunitário, dedicada a melhorar a qualidade de vida na cidade de Valinhos, por meio de uma abordagem de longo prazo e um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região. Ou seja, atuando neste modelo de organização, a FEAV trabalha como fonte de apoio técnico e financeiro para uma variedade de iniciativas sociais que abrangem diversas causas em seu território, priorizando sempre as necessidades sociais locais a partir de uma escuta ativa da comunidade local.

 

 

Junto de mais 16 organizações do Brasil, a FEAV é uma das organizações integrantes ao Programa Transformando Territórios. Esta é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, desenvolvimento e fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

A parceria entre as duas organizações não é nova e inclusive, a FEAV foi indicada pela FEAC para participar do Transformando Territórios em 2021. Nesse curto período atuando como um Instituto Comunitário, a organização de Valinhos já acumula grandes conquistas e vem realizando um trabalho excelente fortalecendo o setor social do município por meio de capacitações e apoio financeiro. A entrada no Transformando Territórios também foi o catalisador de uma aproximação da parceria entre ambas as instituições.

A FEAC é uma das Fundações Comunitárias mais antigas do Brasil, atuando desde 1964 no território de Campinas. Nos seus 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário. Esta contribuição está alinhada com o objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas.

Agora a diretoria da FEAV, representada pela líder comunitária Eliane Macari, está reunindo os representantes das Organizações da Sociedade Civil da cidade para decidirem juntos quais projetos sociais podem ser implantados no casarão e como transformá-lo num centro de apoio ao setor social de Valinhos.

Essa doação representa o incrível trabalho contínuo da FEAV e da FEAC em apoiar as iniciativas sociais do próprio território, evidenciando como as Fundações e Institutos Comunitários desempenham um papel fundamental no fortalecimento do setor social e na construção de comunidades mais fortes, promovendo um impacto positivo e duradouro onde atuam.

 

“Sabendo que existe uma entidade em Valinhos que atua em modelo similar à FEAC foi natural imaginar a doação. Juntos podemos ser muito mais fortes que cada um atuando de forma isolada. A transferência do patrimônio foi só o primeiro passo de uma história muito bonita daqui pra frente”, afirma Renato Nahas, presidente do Conselho Curador da Fundação FEAC.

 

Essa doação também simboliza o incrível poder de colaboração que o setor social tem entre si e destaca o enorme potencial que poderia ser realizado se houvesse um maior apoio de outros setores. Essa iniciativa será um passo significativo na batalha contra a desigualdade social e na promoção de uma sociedade mais solidária na região de Valinhos.


Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Organizações comunitárias participam de encontro do Transformando Territórios em São Paulo

Mais de 20 líderes de fundações e institutos comunitários (FICs) de oito estados, participantes do programa Transformando Territórios, viajaram a São Paulo para três dias de programação, incluindo oficinas, seminário e visitas durante o mês maio. Também estiveram com parceiros, doadores e embaixadores do Programa, além de representantes da C.S. Mott Foundation, organização americana que assina a autoria do programa com o IDIS.

Lançado em 2020, com o objetivo de fomentar a criação de FICs no Brasil, o Transformando Territórios vinha promovendo encontros exclusivamente online entre os participantes, em função das restrições impostas pela pandemia. No encontro promovido no dia 18, estes líderes tiveram a oportunidade de se conhecerem pessoalmente,  trocar experiências e estreitar laços. A primeira atividade,  foi uma visita a Fundação FEAC e o FEAV – Fórum da Entidades Assistenciais de Valinhos, localizadas na cidade de Campinas e Valinhos, respectivamente, interior do estado de São Paulo. Ambas entidades, a partir do ingresso no Transformando Territórios, realizaram a mudança no modelo de operação para o de FIC, que é um dos objetivos do Programa. Durante a visita, os participantes puderam conhecer como foi esse processo para a FEAV e FEAC e ver na prática como têm se organizado.

Jair Resende, da FEAC

 

De volta à cidade de São Paulo, tiveram no dia 19, um workshop na sede do Instituto Jatobás. Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, conduziu uma dinâmica para que os líderes se conhecessem e interagissem. Houve também um momento para autoavaliação e troca de conhecimento sobre atividades e rotinas que estão realizando nos respectivos territórios e uma palestra sobre ‘Captação de Recursos para Grantmakers’, com o especialista e consultor Michel Freller.

Michel Freller em atividade

Michel Freller em atividade sobre captação de recursos para organizações participantes do Transformando Territórios

(foto seminário) O terceiro dia do encontro foi dedicado ao Seminário Transformando Territórios, encontro aberto a um público mais amplo de interessados no tema. Em quatro painéis, especialistas compartilharam suas percepções sobre a importância do modelo, seus desafios e perspectivas para o Brasil. Saiba mais sobre o Seminário e assista aos vídeos aqui.

“Reunir estas lideranças, promover trocas e fortalecer esta rede foi potente e mostrou que estamos seguindo na direção certa. No próximo biênio, temos como objetivo fortalecer estas FICs”, comenta Whilla Castelhano, coordenadora do Transformando Territórios no IDIS.

Saiba mais sobre o Transformando Territórios e FICs e acesse o site do projeto: