O que são ODS e o que eles têm a ver com impacto social

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ou ODS, essa sigla soa conhecida para você? Saberia explicar o que ela representa para o mundo e para a sociedade? Pois bem, vamos lá: em 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), composta por 193 Estados-membros da ONU definiu metas mundiais para que ‘ninguém no mundo fosse deixado para trás’. 

Partindo de quatro principais dimensões: social, ambiental, econômica e institucional, os ODS defendem que é necessário levar o mundo a um caminho sustentável com medidas transformadoras. Assim, foram definidos  17 objetivos e 169 metas globais interconectadas, a serem atingidos até 2030 – a , como ficou conhecida, “Agenda 2030”.   

Na Agenda estão previstas ações nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, e tantas outras temáticas. Há questões que dependem da ação de  governos  e grandes empresas globais, mas há recomendações também mais específicas, com um olhar voltado  às comunidades e especificidades de cada local do mundo.

Como surgiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?

Para responder a essa questão, precisamos primeiramente contextualizar a Agenda 2030. Ela  surgiu de um processo global participativo de mais de dois anos, iniciado em 2013 e coordenado pela ONU, no qual governos, sociedade civil, iniciativa privada e instituições de pesquisa contribuíram através da Plataforma ‘My World’. 

Sua implementação teve início em janeiro de 2016, dando continuidade à Agenda de Desenvolvimento do Milênio (2000-2015). Para atingir objetivos tão ousados, o plano de ação foi pensado em quatro frentes principais:

  • A primeira foi a construção de uma declaração, onde foi documentada a visão, os princípios e os compromissos da Agenda 2030. De acordo com a própria ONU “a visão é ambiciosa e transformadora, porque prevê um mundo livre dos problemas atuais, como pobreza, miséria, fome, doença, violência, desigualdades, desemprego, degradação ambiental, esgotamento dos recursos naturais, entre outros.”
  • O segundo passo, foi a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Esses 17, citados anteriormente neste artigo, abrangendo as dimensões ambiental, econômica e social do desenvolvimento sustentável.

Até aqui, parece semelhante ao que se espera de ações de impacto social positivo por parte dos diferentes atores sociais, não? Seguindo:

O terceiro passo do plano foca no acompanhamento e avaliação da Agenda 2030, “fundamentais para a sua implementação e deverão ser feitos sistematicamente nos níveis global, regional e nacional”, de acordo com o documento. Por fim, o quarto ponto prevê a implementação desses objetivos e, para tal, definiu metas que tratam dos meios necessários para a execução da Agenda. Coincidentemente, são os mesmos previstos no Objetivo 17, dos ODS.

Saiba mais: como medir o impacto de projetos socioambientais?

Quais são os ODS?

De acordo com a descrição da ONU sobre o objetivo principal de cada ODS, ele são: 

01 – Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

02 – Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

03 – Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

04 – Educação de qualidade: assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

05 – Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

06 – Água limpa e saneamento: garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.

07 – Energia limpa e acessível: garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos.

08 – Trabalho decente e crescimento econômico: promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.

09 – Indústria, inovação e infraestrutura: construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.

10 – Redução das desigualdades: reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.

11 – Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

12 – Consumo e produção responsáveis: assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

13 – Ação contra a mudança global do clima: tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.

14 – Vida na água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

15 – Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade.

16 – Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

17 – Parcerias e meios de implementação: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Acessando o site dos objetivos de desenvolvimento no Brasil, você ainda consegue acompanhar o andamento do Brasil em cada um desses objetivos. No objetivo 14, por exemplo, que diz respeito à vida na água, o Brasil de 10 indicadores, conseguiu produzir até o momento apenas 1.

ODS e Impacto social, como se relacionam?

Antes de mais nada, é importante conceituar o que estamos considerando como “impacto social”. Do latim impactus, o impacto é o efeito diretamente atribuível a uma ação ou a consequência de determinado esforço para atingir um fim estabelecido.

No contexto de programas, projetos ou investimentos sociais, o impacto é simplesmente o conjunto de mudanças produzidas pela intervenção. Estas mudanças podem ser intencionais e não intencionais, positivas e negativas, diretas e indiretas.

Sendo assim, é importante compreender que o impacto pode ser mais amplo do que os objetivos declarados de uma intervenção ou negócio, o que afeta seu processo de medição e valoração.

O que ocorre é que impactos sociais são muitas vezes subjetivos e difíceis de se mensurar. Essa complexidade representa um grande desafio para projetos e negócios sociais, que, na sua maioria, acabam não tendo seus impactos – suas intervenções, ou mudanças –  avaliados.

Aqui entram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Oficialmente, os ODS não são uma métrica de avaliação e mensuração de impacto social, entretanto eles ajudam empresas, projetos e organizações a criarem um norte para as ações, considerando esses objetivos e indicadores.

No fim do dia, os ODS e o impacto social estão buscando um mesmo fim que é mudar positivamente, de certa forma, a realidade de uma sociedade, melhorando seu dia a dia, vida, sustentabilidade e economia.

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Empreendedores sociais pedem compromisso de candidatos com a Agenda 2030

Catalyst 2030 Brasil divulga carta aberta para incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na gestão pública

Empreendedores sociais de todo Brasil publicaram uma carta aberta para candidatos e candidatas a cargos públicos em disputa nessas eleições. No documento, elencam oito compromissos e ações concretas para fortalecer a Agenda 2030 na gestão pública.

A ação foi organizada pelo Catalyst 2030 Brasil, rede global que atua em rede para tornar o mundo melhor e mais justo para todos e, com a carta, apresenta sugestões  criar ambiente e condições para acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até o momento, a iniciativa já conta com mais de sessenta assinaturas de organizações e empreendedores de impacto.

Nós do IDIS, somos membros fundadores do Catalyst 2030 e assinamos a carta. Convidamos você a participar também desse movimento. No contexto brasileiro são muitos os temas que precisam ser endereçados e apenas por meio da colaboração e fortalecimento dessas metas, isso é possível.

“Estamos diante de inúmeros desafios. A agenda dos ODS nos orienta na direção da solução de problemas que precisamos resolver urgentemente. Não temos tempo a perder e precisamos que todas as lideranças públicas estejam engajadas em colaboração com o setor privado e com a sociedade civil organizada”, argumenta Erika Sanchez Saez, membro do Catalyst 2030 BR e Diretora Executiva do Instituto ACP.

Clique aqui e acesse à carta 

Ou confira o conteúdo na íntegra abaixo.

Carta de Compromisso com a Agenda 2030 e os 17 ODS aos Candidatos e Candidatas das Eleições 2022

As pessoas e organizações signatárias desta carta se dirigem aos candidatos e às candidatas das eleições de 2022 para pedir o seu apoio e compromisso com os principais desafios coletivos tão bem traduzidos pela Agenda 2030, por meio dos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Somos um grupo de empreendedores de impacto, intra-empreendedores, inovadores e empreendedores sociais que, por meio do capítulo brasileiro do Movimento Global Catalyst 2030, promove  soluções inovadoras e a colaboração como estratégia fundamental e transversal para o alcance dos ODS em todo o planeta. O Movimento surgiu no Fórum Econômico Mundial, a partir da articulação de organizações internacionais como Ashoka, Skoll Foundation e Schwab Foundation, e reúne empreendedores sociais em 197 países que, juntos, impactam positivamente a vida de mais de 2 bilhões de pessoas. Continue lendo

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Voluntariado Empresarial

Por Rafael Medeiros, graduado em Relações Internacionais e mestre em Filosofia. Trabalhou com voluntariado e ativismo entre 2013 e 2021. Atualmente é Head de Pessoas & Cultura na Rede Brasil do Pacto Global.

Tornar-se voluntário é uma decisão pessoal importante. Ela é motivada pelo desejo de apoiar causas e cuidar de outras pessoas, nas mais variadas situações. Esse desejo surge quando uma pessoa se sente intimamente ligada à causa de alguém ou de uma instituição. E, assim, se disponibiliza para contribuir com seu tempo e talento. Historicamente, foi por meio da filantropia que o voluntariado surgiu. No Brasil, seria impossível contar a história das Santas Casas sem falar do papel do voluntariado no apoio ao cuidado das pessoas vulneráveis. 

Nos anos 2000, o voluntariado ganhou novas modalidades. Tornou-se parte da estratégia de instituições globais, governos e empresas privadas. A necessidade de um planeta sustentável produziu um novo contexto cultural, econômico e político. O voluntariado deu um passo à frente: para além da filantropia, passou a ser considerado um meio de implementação da sustentabilidade no mundo. 

Em 2015, países e empresas se comprometeram com os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Eles formam a Agenda 2030, uma política global baseada no voluntarismo de chefes de Estado e de governo, juntamente com empresas e ONGs, para realizar impacto social mensurável em diversas áreas: desde a redução da pobreza, equidade de gênero, passando pelas questões climáticas e de anticorrupção. No componente de pessoas dessa política global, o voluntariado é altamente estratégico.

O desafio de ser um meio de implementação da Agenda 2030 é grande. Traz aos programas de voluntariado a necessidade de estarem alinhados com o maior valor social possível, contribuindo com os ODS de forma tática. Em outras palavras: significa direcionar o voluntariado para impactar as metas certas, de maior impacto.

As empresas têm um papel fundamental nesse desafio. A pandemia da covid-19 pressionou os números da pobreza, da desigualdade e da injustiça no mundo. E também mostrou a fragilidade de sistemas políticos para lidar, ao mesmo tempo, com a vulnerabilidade da vida e a manutenção de direitos democráticos. No Brasil, as empresas recuperaram a força da filantropia no auge da pandemia, realizando doações em larga escala e colaborando com ONGs localmente. Muitos programas de voluntariado corporativo se adaptaram, continuando suas atividades em diversas comunidades. 

Esse episódio demonstrou que as empresas possuem alta capacidade de acelerar impactos sociais em momentos de crise. Essa capacidade de aceleração deve estar à serviço da Agenda 2030, mesmo depois da pandemia. O voluntariado corporativo é um meio disponível para essa aceleração, um implementador do componente social do negócio. 

Em 2022, o melhor dos mundos, literalmente falando, será com as organizações se comprometendo publicamente com metas ODS mais ambiciosas, já que a pandemia piorou o contexto socioambiental no Brasil e no mundo.

A escolha por um ODS é pautada na capacidade de medir o resultado que importa, isto é, escolher o ODS certo, e saber como impactar a partir do core business. Já que as organizações investem cada vez mais em programas de voluntariado corporativo, cada vez mais robustos, com pessoas capacitadas para mobilizar outras, assim como estratégias e metas permanentes, por meio desses programas totalmente alinhados, teremos empresas e pessoas que podem acelerar e impactar positivamente a Agenda 2030.