ICOM: criando pontes para o desenvolvimento comunitário local

Em dezembro de 2022, com as tempestades que atingiram o estado de Santa Catarina, foi declarada situação de calamidade pública em inúmeros municípios. A Grande Florianópolis foi fortemente atingida pela catástrofe, especialmente as áreas de maior vulnerabilidade social. Com a reputação e a legitimidade de quem atua na região há quase duas décadas, o Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) criou prontamente o Fundo Emergencial de Chuvas.

 

Promovendo o desenvolvimento comunitário em toda a área metropolitana da cidade Florianópolis, que inclui 13 municípios catarinenses e cerca de 1,2 milhão de habitantes, o ICOM atua em três frentes, sempre trabalhando em rede e respeitando o protagonismo das organizações de base:

 

  • apoio a empresas e indivíduos para que possam fazer investimentos sociais e doações com alto impacto social;
  • produção e disseminação de conhecimento;
  • fortalecimento de organizações da sociedade civil.

 

“Como uma das primeiras fundações comunitárias do país, com um diálogo estabelecido com as comunidades locais, o ICOM tem como característica essencial responder de maneira rápida às demandas emergenciais do território”, destaca o gerente-executivo do ICOM, Willian Narzetti, lembrando que em outros momentos de crise, como em 2008, 2018 e 2020, a organização criou e foi responsável por outros fundos de reconstrução em decorrência de fortes chuvas pelo estado.

 

Fundamental para a mobilização em situações emergenciais, esta modalidade de fundos são só uma parte da estratégia do ICOM para criação de novas pontes entre atores locais, por meio do fomento à doação e ao investimento social privado. Em 2018, a organização criou o importante Fundo de Impacto para Justiça Social, formado por uma rede de pessoas e organizações que doam sistematicamente para reduzir as desigualdades sociais na Grande Florianópolis. Entre as causas apoiadas por esta iniciativa, estão a equidade racial, a equidade de gênero, a prevenção e o enfrentamento à violência contra a mulher e a defesa dos direitos da população LGBTQIA+. A seleção das organizações do território beneficiadas para receber apoio técnico e financeiro acontece por meio de editais públicos.

Além disso, o ICOM constitui fundos filantrópicos para empresas, apoiando na definição de causas e públicos beneficiários, levantamento de indicadores, mapeamento de iniciativas, apoio para as OSCs selecionadas para a execução dos projetos e relatório de resultados.

 

“Várias empresas da Grande Florianópolis que incorporam a agenda ESG (do inglês, ambiental, social e governança), encontram no ICOM um canal para realizar seu investimento social de forma refletida, sistemática e monitorada. O ICOM é a área de responsabilidade socioambiental delas”, explica Narzetti.

 

Prover serviços para doadores é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs) que, como profundos conhecedores da realidade local, oferecem respostas assertivas para as demandas do território, atuando em rede junto às organizações sociais, poder público e investidores. Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

 

“Oferecem serviços adaptados aos interesses e a capacidade de contribuição dos doadores, auxiliando-os a alcançarem seus objetivos filantrópicos. São responsáveis também por fomentar a cultura de doação no território e, potencialmente, são instrumentos poderosos para receber legados”.

 

CRIAÇÃO DO ICOM E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

 

A história do ICOM começa em 2005, a partir da reunião de um grupo de mulheres – profissionais liberais, empresárias, professoras universitárias, lideranças do terceiro setor e profissionais com experiência no setor público – inspiradas pelo movimento das fundações comunitárias em outros países. Fazia parte do grupo, Lucia Dellagnelo, fundadora do ICOM e embaixadora do programa Transformando Territórios. À época, o conhecimento sobre fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil ainda era embrionário, mas isso não as impediu de seguir com esta missão.

 

O cerne da primeira visão das fundadoras e do Conselho Deliberativo envolvia o desejo de constituir uma organização inovadora de base local, capaz de articular e criar sinergia entre o trabalho de pessoas e projetos que atuavam na área social na Grande Florianópolis. O objetivo era atuar e ser participante da corrente global de fundações comunitárias.

 

Assim, em 2006, era lançado o primeiro diagnóstico de atuação do terceiro setor no território chamado “Mapeamento das ONGs de Florianópolis” que, por sua vez, verificou uma grande fragilidade dessas instituições. Sendo assim, o Projeto Fortalecer, desenvolvido entre os anos de 2007 e 2008, foi a primeira ação de apoio técnico do ICOM e serviu de subsídio à construção de um Plano de Desenvolvimento Institucional, ampliando a capacidade de ação de organizações da região.

 

 

Para identificar questões prioritárias da comunidade e orientar ações para a melhoria da qualidade de vida da população, por exemplo, o ICOM realiza o estudo “Sinais Vitais” desde 2008. Já são nove edições, abrangendo os principais municípios da Grande Florianópolis. Na edição de 2022, por exemplo, o relatório apontou que Santa Catarina esteve entre os destinos mais procurados por migrantes no país, principalmente em busca de trabalho, com 9,19% do total de pedidos de Registro Nacional Migratório em 2021.

 

Em 2020, ano mais desafiador vivido pela nossa geração, por conta da pandemia de Covid-19, a organização criou o Banco Comunitário da Grande Florianópolis, o primeiro de Santa Catarina a operar neste modelo. Com apoio financeiro inédito do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT/SC) e ao lado de parceiros, o Banco Comunitário chegou a ter 5 unidades e mais de mil famílias foram beneficiadas com moedas sociais. Este modelo, ao mesmo tempo que apoiava as famílias, também fortalecia pequenos comerciantes locais em um período delicado de crise econômica.

 

Parceiro de longa data do IDIS e da Charles Mott Foundation, o ICOM é uma das fundações e institutos comunitários que integram o programa Transformando Territórios.

 

“Acreditamos que podemos transformar juntos a nossa realidade. Participar do programa Transformando Territórios significa aprender novas formas de trabalhar e de fortalecer nossas comunidades, inspirar, entender o que está acontecendo no Brasil e no mundo e pensar em rede no campo social como um todo”, comenta Narzetti. 

Equipe do ICOM

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: 13 municípios na Grande Florianópolis.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM.
  • Nome e cargo da principal liderança Willian Narzetti, gerente-executivo.
  • População estimada: 1,2 milhão de pessoas.
  • Número de OSCs do território: 2.640 organizações.
  • Desafios regionais: Florianópolis sofre, assim como várias regiões brasileiras, com o agravamento da desigualdade social pós-pandemia. Também são desafios para a região, uma agenda de desenvolvimento urbano consolidada que alinhe ecossistemas já existentes na região, investimentos em arte e cultura, promoção da inovação para além do setor tecnológico e desastres naturais que agravam ainda mais a qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Porém a região apresenta grandes potencialidades ao abrigar duas das principais incubadoras do país e sistemas educacionais de ponta.

 

O ICOM integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o ICOM? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Retrospectiva 2020: um ano inacreditável

O ano está chegando ao fim e faltam palavras para definir o que foi 2020, o ano mais inacreditável de nossas vidas. Em todo o mundo, fomos tomados por sentimentos de surpresa, incredulidade, temor, incerteza. Em maior ou menor grau, todos tivemos que adaptar formas de trabalhar e rever planos. No IDIS, não foi diferente. Definitivamente, não terminamos o ano da forma como imaginamos, mas apesar de tudo, conseguimos avançar em nossa missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto e fortalecer a cultura de doação no Brasil.

A criação do Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil foi certamente o projeto de impacto que marcou nosso ano. Para contribuir com o enfrentamento à pandemia, nos unimos ao Movimento Bem Maior e a BSocial. Agimos rápido, lançando o Fundo ainda em março. Em oito meses, mobilizamos indivíduos, famílias e empresas e captamos R$ 40 milhões para fortalecer o SUS, beneficiamos 60 instituições, sendo 58 hospitais, 1 centro de pesquisa e uma organização social.

Destacamos, ainda, entre os projetos implantados por iniciativa do IDIS, a promoção da Filantropia Comunitária, em parceria com a Mott Foundation, e o programa de formação de redes de inclusão produtiva, junto com o SEBRAE-SP, além da continuidade da campanha Descubra Sua Causa.

A consultoria cresceu, com mais de uma dezena de projetos iniciados neste ano, com focos diversos como planejamento estratégico, estruturação de fundos patrimoniais, gestão da doação e avaliação de impacto. Amigos do Bem, Gerando Falcões, Instituto International Paper, Instituto Sicoob, Parceiros da Educação, Petrobrás e Vale, foram alguns dos novos parceiros que começamos a atender.

Na área de conhecimento, seguimos com nossa vocação de refletir sobre tendências, ler cenários e sistematizar conceitos e metodologias. Lançamos quatro publicações, doze artigos e notas técnicas e realizamos cinco eventos, entre eles, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pela primeira vez em formato online, mas que foi capaz de novamente reunir a comunidade que vem se consolidando há nove anos. Participamos também de muitos eventos, tanto de nosso setor, quanto fora dele, compartilhando nossos aprendizados em 25 ocasiões, no Brasil e também internacionalmente.

Finalizamos o projeto de revisão de nossa marca institucional. Cada vez mais convictos de que a integração de fazeres e saberes é o que nos faz avançar, apresentamos, em dezembro, nossa nova identidade visual.

E fomos reconhecidos. Fomos eleitos uma das 100 melhores ONGs de 2020 e o Fundo Emergencial para a Saúde foi vencedor no Prêmio Folha Empreendedor Social e finalista no Prêmio ABCR Doação Solutions.

Há muitas histórias a serem contadas, que se passaram neste ano tão único. Vamos reunir cada uma delas em nosso relatório de atividades, que será lançado em alguns meses. Mas não poderíamos encerrar o ano sem celebrar esses marcos, pois eles nos fortalecem, e agradecer a cada um que esteve conosco nessa jornada – equipe, conselho, clientes e parceiros.

Que 2021 seja um ano de mais conexões e abraços! BOAS FESTAS!

IDIS é uma das 100 melhores ONGs do Brasil em 2020

Por anos as organizações da sociedade civil foram estigmatizadas pela falta de profissionalismo. Práticas de gestão eram associadas unicamente ao mundo empresarial. Em 2017, o Prêmio Melhores ONGs foi lançado, colocando definitivamente a percepção em xeque. Desde então, seleciona todos os anos 100 organizações que se destacam em critérios como governança, transparência, comunicação e financiamento. E a disputa é sempre acirrada – na edição 2020 houve 670 inscrições. Com muito orgulho, o IDIS foi uma das 100 organizações selecionadas nesta edição, realizada pelo Instituto Doar, AMBEV Voa e O Mundo que Queremos. “Boas práticas de gestão nos permitem chegar mais longe, ter mais impacto e gerar a credibilidade exigida por nossos parceiros e apoiadores. Esta premiação é muito importante ao nosso setor e é uma honra receber este reconhecimento mais uma vez” comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. A lista completa dos vencedores está disponível em melhores.org.br

A celebração dos vencedores acontecerá em uma cerimônia virtual, no dia 10 de dezembro, a partir das 19h, com transmissão pelo YouTube e pelo site do canal Futura. Na ocasião, serão anunciadas também as melhores ONGs nas categorias especiais e o destaque do ano. A participação é aberta a todos interessados.

Uma novidade deste ano é o lançamento de uma plataforma para ajudar as ONGs vencedoras a captar doações. A equipe do Melhores ONGs desenvolveu uma plataforma onde qualquer pessoa pode entrar e doar diretamente para qualquer uma das 100 ONGs vencedoras. A plataforma para doação também já está disponível a partir de hoje. É um presente do Melhores ONGs para o Dia de Doar, uma campanha mundial no dia 1 de dezembro para estimular as contribuições financeiras para as organizações.

O IDIS já havia sido reconhecido na primeira edição do Prêmio, em 2017, e depois novamente em 2019.