Aplicado a partir de março de 2017, o projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA) alcançou, em menos de um ano, números que mostram que estamos no caminho certo para alcançar o objetivo proposto: melhorar as condições de vida das comunidades da região amazônica. O projeto, desenvolvido pelo IDIS, foi implementado em parceria com a Universidade Estadual do Amazonas, Secretaria de Saúde do Amazonas e os governos locais, e financiado pela Fundação Banco do Brasil.
Entre dados tão animadores, o mais surpreendente é a taxa de prevalência de anemia por carência de ferro nas crianças dos municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara: de 36% para 2,8% – abaixo do índice de 5% estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nomeada Hb, a tecnologia permite o diagnóstico rápido por meio de um aparelho, tratamento e controle da anemia ferropriva. Essa é uma das 3 tecnologias aplicadas na região e que integram o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil. As outras são o Banheiro Ecológico Ribeirinho e a Desinfecção Solar de Água – todas de baixo custo. Clique aqui para acessar o Infográfico TSA!
Hb: Combate à anemia ferropriva – A tecnologia social Hb é um aparelho portátil, preciso e de baixo-custo para diagnosticar a anemia ferropriva em estudantes da rede pública. Além de diagnosticar a deficiência nutricional, um software determina a prescrição recomendada para o tratamento por meio de suplementação de sulfato ferroso e vermífugos. Na implementação do projeto, somente no município de Borba, 60% das crianças foram diagnosticadas com anemia, confirmando as hipóteses sobre problemas de saúde relacionadas à falta de água tratada e saneamento básico na região. A anemia ferropriva é um dos tipos mais comuns de deficiência nutricional no mundo. Segundo a OMS, afeta 25% da população global – e no Brasil, a incidência é de aproximadamente 35%.
SODIS: Purificação Solar da Água – Com exposição à radiação UV-A solar e temperatura alta para neutralizar elementos patogênicos, a tecnologia SODIS (sigla em inglês para Purificação Solar da Água) melhora a qualidade microbiológica da água potável. Sendo o consumo de água imprópria uma das principais causas de diarreia e doenças correlatas na região do Amazonas, a aplicação dessa tecnologia é uma forma eficaz, barata e rápida para reduzir os casos de enfermidades de veiculação hídrica. A OMS, a UNICEF e a Cruz-Vermelha recomendam a tecnologia SODIS como método para tratar água potável nos países em desenvolvimento. No Brasil, a solução foi implementada pela primeira vez através do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas.
Banheiro Ecológico Ribeirinho – Solução de saneamento descentralizado, o banheiro ecológico consiste em um pequeno cômodo de madeira, equipado com um vaso sanitário e uma estrutura impermeável (barril de plástico) para a coleta de dejetos. Nas regiões ribeirinhas, onde as comunidades vivem em casas suspensas, o uso de fossas sépticas é impossibilitado devido aos períodos de alagamentos e enchentes. Por isso, o banheiro ecológico fica instalado acima do nível do solo, evitando, assim, a contaminação de cursos de água superficiais e subterraneos.
Exatamente esses resultados do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas foram apresentados em Paris no dia 23 de março, durante o netFWD Annual Meeting, promovido pela OECD (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A Gerente de Projetos do IDIS, Andrea Hanai, explicou a parceria e implementação das tecnologias, contextualizando a situação da região amazônica, onde a dispersão da população torna muito difícil a construção de sistemas de tratamento centralizado de esgoto; a água contaminada é a realidade da maioria das comunidades ribeirinhas; e a anemia é constante no quadro de saúde de crianças e gestantes.