Em 2005, durante a conferência ‘Who care wins’ promovida pelo International Finance Corporation (IFC) em conjunto com a ONU, líderes mundiais examinaram o papel de valores ambientais, sociais e de governança para a gestão de ativos e pesquisa financeira. Na ocasião, houve um consenso que esses três fatores desempenham um papel bastante importante no contexto de investimentos de longo prazo.
Assim, ficou oficializado a criação da agenda ESG (em tradução, ambiental, social e governança) e, com ela, a expectativa de que as empresas relatassem suas ações de forma consistente e ativa. A agenda aproximou, por fim, o mercado financeiro ao debate sobre sustentabilidade. Ao mesmo tempo, passou a considerar em suas decisões os riscos que estas pautas podem representar ao valor e à perenidade das organizações privadas.
Nesse artigo, você entende um pouco mais sobre o que é ESG e como ele influencia – e é influenciado – por outras pautas como o Investimento Social Privado (ISP).
O que significa ESG?
Apesar de já existir há quase vinte anos, foi em 2020, durante o cenário pandêmico, que a agenda se popularizou, ganhando força especialmente a partir do posicionamento de grandes atores do setor econômico em favor da sustentabilidade corporativa.
Antes de mais nada, é importante esclarecer que quando o assunto é ESG, falamos principalmente das relações entre iniciativa privada e o mercado financeiro. Ou seja, ao considerar investir em uma empresa, investidores passam a incorporar em seu processo de decisão, questões ambientais, sociais e de governança. Os elementos são considerados critérios importantes para avaliar a qualidade do investimento e os riscos não financeiros.
Compreende-se que, dessa forma, empresas passam a dar consideração mais séria à forma como mitigam ou endereçam de maneira mais propositiva os aspectos que afetam todas as partes envolvidas e interessadas em sua atuação; desde colaboradores, a fornecedores e sociedade ao redor. Isso é incorporar a agenda ESG na empresa para que, assim, seja possível alcançar um mundo e sociedade mais sustentáveis.
“Não se trata apenas de identificação, mensuração e gestão de riscos sob perspectiva ampla, mas também de busca ativa pela geração de resultados positivos em todos os âmbitos que circundam a atividade empresarial.”
Guia Prático ESG para Investidores, escritório de advocacia Mattos Filho
Agenda ambiental
O ‘E’ (environmental, em inglês, geralmente traduzido para ambiental ou meio ambiente), foca em ações que visam reduzir e mitigar o impacto ambiental causado pelas empresas, como a gestão eficiente de recursos naturais, mitigação das mudanças climáticas, redução da emissão de carbono, gestão de resíduos, adoção de práticas de produção mais sustentáveis e assim por diante.
Agenda social
Já o ‘S’ da agenda ESG aborda questões relacionadas ao bem-estar das pessoas tanto internamente (colaboradores) quanto nas comunidades em que a empresa opera. Essa letra do tripé busca olhar com cuidado desde questões de saúde e segurança do trabalho, políticas de diversidade e inclusão, relacionamento com a comunidade, até programas de responsabilidade social corporativa, voluntariado e investimento social privado, entre outros temas.
Agenda de governança
Por fim, mas não menos importante, o ‘G’ trata das práticas de governança corporativa. Os princípios de governança corporativa mapeiam práticas relacionadas à integridade, equidade, transparência, accountability (responsabilização) e sustentabilidade das estruturas e práticas de governança de uma empresa. Passando pelos conselhos e comitês de uma organização, até suas políticas de remuneração e prestação de contas.
Como o Investimento Social Privado se aproxima da agenda ESG?
Entende-se por Investimento Social Privado (ISP) ou Filantropia Estratégica, a alocação voluntária e estratégica de recursos privados, sejam eles financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou gerenciais para o benefício público. Para promover a transformação social, essa doação precisa ser feita com planejamento estratégico ancorado em dados, com indicadores pré-definidos, execução cuidadosa, monitoramento dos resultados e avaliação do seu impacto.
Nesse sentido, quando uma organização define o foco e estratégia de suas doações, compreende-se que essas práticas necessariamente estarão alinhadas ao propósito e valores da instituição, além de conversar com todos os atores que são impactados ou impactam a atuação da empresa. Esses atores, chamamos de stakeholders (ou partes interessadas).
Mas e o ESG, onde entra nisso tudo? Bom, através da filantropia estratégica, as empresas podem direcionar recursos para projetos, organizações da sociedade civil (OSCs) e iniciativas que contribuam para o desenvolvimento socioambiental da comunidade. Como entendemos que o ISP estratégico atua alinhado ao negócio, a agenda ESG atua como uma aliada na formulação dessas práticas, mensurando e mitigando riscos não financeiros.
É uma via de mão dupla. Ao passo que a agenda ESG contribui para decisões mais estratégicas em relação ao ISP; o ISP atua como ponto essencial para atingimento de metas e compromissos ESG.
Atuação do IDIS na Agenda ESG
Com o crescimento da importância da Agenda ESG, o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais em tomadas de decisões.
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Em 2023, foi oficializada a criação de uma célula ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações sociais que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Entre os serviços oferecidos, estão estratégia ESG conectada ao Investimento Social Privado; mapa de riscos e oportunidades; (re)estruturação de projetos socioambientais; estabelecimento de Comitês Temáticos; e alinhamento de indicadores e métricas para um reporte consistente.