Brumadinho: e depois da comoção?

30 de janeiro de 2019

IDIS propõe que parte dos recursos arrecadados com a punição às empresas seja destinado ao Fundo Patrimonial Filantrópico de apoio à comunidade afetada

Sobrevoo da região atingida pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho/MG.

Quando acontece uma tragédia, como o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, todos as atenções se voltam para lá. As perdas humanas e ambientais são tão grandes, que todos levamos um tempo até acreditar que possa ter acontecido, que é verdade, e, pior ainda, que é a segunda vez que esse tipo de acidente acontece no Brasil em três anos.

Todos queremos ajudar, fazer qualquer coisa para aliviar o sofrimento das vítimas e suas famílias. E queremos acompanhar todas as notícias na esperança de saber que a situação já está, nem que seja um pouquinho, melhorando.

Porém, o tempo passa, a vida cotidiana vai retomando o seu lugar e, aos poucos, as cicatrizes daquele susto imenso vão se fechando. Os noticiários já não falam tanto e outros fatos começam a chamar a atenção popular. Isso aconteceu no caso da tragédia em Mariana.

E chega o momento que deixamos de acompanhar o que está acontecendo em Brumadinho e voltamos a viver nossas vidas. É normal que isso aconteça com quem não tem uma ligação direta com o desastre, mas isso não quer dizer que a comunidade e o meio ambiente em Brumadinho tenham deixado de precisar de atenção, de cuidados e de apoio para se reconstruírem.

Por isso, este é o momento de se criar uma estrutura definitiva para cuidar das vítimas e da comunidade marcada por essa tragédia. Este é o momento em que existem os recursos necessários para o estabelecimento de um Fundo Patrimonial Filantrópico, cujos rendimentos serão sempre destinados a garantir que a comunidade de Brumadinho tenha toda a ajuda necessária para se recuperar da catástrofe e reencontrar formas de se reerguer. Que serão destinados a garantir que os melhores esforços e técnicas serão usados para que a flora e fauna da região sejam reconstituídas e preservadas. Que serão destinados a evitar que essa população volte a correr riscos como este.

O IDIS, como uma das organizações que trabalhou muito pela regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, convida a sociedade e as autoridades de Brumadinho a discutir a possibilidade de que uma parcela dos recursos arrecadados com as multas aplicadas à(s) empresa(s) responsável(is) pelo rompimento da barragem sejam destinados a um fundo que não deixe que esta comunidade seja esquecida jamais.

Contato: comunicacao@idis.org.br