Burocracia, falta de exemplos e de incentivos travam doações no Brasil, dizem investidores sociais

11 de dezembro de 2014

Quais são os principais desafios do investidor social? O site do IDIS fez essa pergunta a duas personalidades da área: Fernando Stickel, diretor da Fundação Stickel, e Denis Minev, um dos criadores da Fundação Amazonas Sustentável. Entre os pontos mencionados estão burocracia, incentivos legais ainda limitados e falta de doadores que sirvam de exemplo para a sociedade.

“O ambiente é péssimo, faltam incentivos e a burocracia é inacreditável”, reclama Stickel. A questão burocrática é tão grave, diz, que ele chegou a pensar em desistir do trabalho social depois de dois anos à frente da organização, fundada por seus pais em 1954. “O tempo que eu poderia gastar com meu objeto social eu gasto com entraves burocráticos, isso é ridículo”, queixa-se. Ele assumiu a entidade em 2004, e avalia que nada mudou nesse sentido desde então.

Já Denis Minev, que faz investimentos sociais variados no Amazonas, estado em que vive, lembra que existem incentivos para temas como cultura, mas faltam ainda normas para estimular, por exemplo, o trabalho voluntário. “Incentivos fiscais são importantes e certamente ajudam um ambiente filantrópico”, comenta.

Stickel diz que é preciso uma legislação que efetivamente fortaleça o setor social privado. “Tem que implementar várias coisas que são apenas faladas para, assim, mudar o padrão do comportamento”, diz, acrescentando que o projeto de lei para regulamentar os fundos patrimoniais foi um importante passo nessa direção.

Minev ressalta a necessidade de casos que sirvam de modelo para outras pessoas. “A liderança pelo exemplo é, em geral, mais eficiente do que pela fala. Precisamos de exemplos de porte como catalisadores. A inclinação geral para doar é baixa.”. Na mesma linha, Stickel diz que as “instituições sérias que recebem doações e conseguem mostrar seu trabalho acabam servindo de exemplo para incentivar a cultura de doação no Brasil”.

Mas há problemas também no modo de pensar da elite. “Acredita-se que é suficiente pagar impostos, e o governo deve cuidar do resto”, afirma Minev. “Nossas elites não têm bom conhecimento de nossa própria sociedade. A classe A se isolou, a distância entre as classes é grande e impede a formação de empatia social.”

Stickel, porém, vê alguns avanços importantes. “O terceiro setor tem se movimentado mais, há várias iniciativas interessantes de entidades como o Gife e o IDIS, que estão realizando encontros e também têm pressionado o governo para que se façam mudanças que beneficiem o setor”.

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