Por Paula Fabiani
Diretora-Presidente do IDIS
O tema do Global Philanthropy Forum não poderia ser mais adequado: a discussão sobre como a filantropia pode desempenhar um papel relevante no fortalecimento da confiança na democracia, em tempos tão turbulentos como os atuais. Estive no Fórum, entre os dias 1 e 3 de abril, em San Franciso, no EUA, e quero compartilhar com os leitores algumas reflexões.
A primeira delas, e talvez a mais séria é que a democracia é frágil e pode ser substituída como podemos ver em muitas partes diferentes do mundo. E a democracia está sendo usada para enfraquecer a própria democracia. O pluralismo está em risco. Respeitar as diferenças e a abertura ao diálogo é a chave para um ambiente positivo. Parece que perdemos a capacidade de escutar diferentes visões, e estamos, cada vez mais polarizando e rotulando pessoas, movimentos e sociedades. Vivemos em tempos de prevalência de ódio e exclusão, com a intensificação da migração. Como apontado por um integrante de um painel, “infelizmente o ódio se espalha muito mais rápido que o amor”. E com as pessoas usando as mídias sociais para espalhar o ódio e as falsas mensagens, ficou muito mais fácil e barato.
Como podemos lidar com essas tendências? Como a filantropia pode contribuir para reforçar a democracia?
A imprensa livre e as instituições fortes são vitais, mas a participação de todos é obrigatória se queremos defender a democracia. A filantropia tem a liberdade de usar seus recursos para nos unir para fortalecer os ambientes democráticos.
O Global Philanthropy Forum trouxe exemplos interessantes, algumas novidades e outras não, como o Luminate Group e o K-Monitor, fazendo uso da tecnologia para o bem, a Latin American Leadership Academy, Wave e Mobdium – Creative Youth e a importância de desenvolver uma nova geração de líderes , o Dia de Doar (Giving Tuesday) e as possibilidades de usar o novo poder que emerge na era digital, além de muitos outros.
Com tais esforços e pensamentos inovadores e positivos, o sentimento no Fórum era de que podemos ter esperança. Relacionamentos podem curar o ódio. Histórias comuns podem criar movimentos, podem reconstruir a confiança. Mais do que nunca, os indivíduos têm o poder de mudar a realidade de maneira positiva. Mais do que nunca, as organizações estão se unindo para desenvolver soluções comunitárias e aumentar o volume das vozes dos excluídos. Há muito a ser feito, mas há muitos dispostos a fazer.