A Victoire é uma empresa que atua com gestão patrimonial. Da vontade de alguns sócios de fazer investimento social privado, surgiu a ideia de desenvolver um programa que tivesse relação com o negócio: oferecer educação financeira para jovens de comunidades socialmente vulneráveis. Na hora de transformar o plano em realidade, foi preciso muito planejamento e trabalho para a criação de um projeto estratégico e transformador.
“Vários de nós já atuavam individualmente em projetos sociais paralelos, mas sem ligação uns com os outros, e buscávamos uma atuação mais integrada e transformadora”, diz o sócio fundador da Victoire, Paulo Del Priore, que ainda acrescenta: “Queríamos fazer algo além de só gerar lucros para nossos clientes, mas não desejávamos apenas assinar um cheque e, sim, participar ativamente”.
Logo, os sócios da Victoire sentiram a necessidade de buscar ajuda para transformar suas aspirações em ações concretas. “Surgiu a ideia de trazer alguém que conhecesse o terceiro setor para nos orientar, ajudar a entender os desafios, explicar que tipo de impacto social podemos ter, que temas poderíamos abordar”, continua Del Priore. Foi então que entraram em contato com o IDIS, para ajudá-los a fazer uma “reflexão estratégica”.
“Começamos com algumas perguntas essenciais para eles: ‘que transformação queriam fazer? Como?’ Além disso, fizemos muita pesquisa, entrevistas e reuniões com as pessoas da Victoire”, recorda a gerente de projetos do IDIS, Raquel Coimbra.
A ideia de um investimento social alinhado com o negócio da empresa apareceu naturalmente. “Desejávamos trabalhar com educação, mas já havia muita coisa na área, não seríamos relevantes”, diz Del Priore.
Raquel acrescenta: “os sócios são experts na gestão de patrimônio, fez sentido total sentido para eles trabalhar com a educação financeira para jovens com menos oportunidades, para ajudá-los a consumir de forma ponderada e a planejar suas as finanças para projetos de médio e longo prazo”.
Na busca de um parceiro para implementar o projeto, o IDIS chegou ao CEPAC, organização da sociedade civil que atua no Parque Imperial, no município de Barueri (SP), área de grande vulnerabilidade social. “A instituição já faz programas de profissionalização com jovens da região, e estamos desenvolvendo com eles um projeto piloto”, diz Luciana André, da área de projetos sociais do IDIS.
O trabalho está focado em participantes do Programa Jovem Aprendiz, que oferece oportunidades de primeiro emprego para adolescentes. “No caso do público do CEPAC, aqueles que participam do programa são os que geralmente têm a maior renda da família e, por isso, educação financeira é fundamental para eles”, afirma Luciana.
No piloto, os professores do CEPAC passaram por uma imersão e capacitação para a condução de aulas de educação financeira. Depois, 101 alunos tiveram três horas de aula por semana sobre o tema, durante um mês. No momento, está sendo realizada uma avaliação da primeira experiência. “Vamos ver qual foi o impacto e melhorar alguns pontos para o próximo ano”, diz Raquel.
Animado, Del Priore já sonha com o futuro próspero do projeto: “Queremos que ele tenha vida própria e que possa ser sustentável, atraindo outras pessoas do setor econômico no qual trabalhamos”.
O sócio da Victoire finaliza com uma ressalva a um dos mitos sobre a dificuldade de relacionamento entre os setores privado e social: a diferença nos tempos de cada um. “Assim como o terceiro setor, nós também trabalhamos com um horizonte de investimentos de longo prazo, estamos acostumados com um tempo de trabalho mais estendido, menos imediato”.