Investimentos sociais de empresas caem pela primeira vez em sete anos, aponta pesquisa

17 de dezembro de 2014

Os resultados prévios de uma das mais importantes pesquisas brasileiras sobre investimento social privado, o Benchmark do Investimento Social Corporativo (Bisc), mostram que o valor destinado pelas empresas a projetos nessas áreas caiu pela primeira vez desde que o estudo começou a ser feito, há sete anos. Em 2013, o montante somou R$ 2 bilhões, 25% a menos que em 2012 (R$ 2,7 bilhões).

O levantamento anual é feito pela Comunitas (www.bisc.org.br/); no ano passado, participaram 336 organizações. Os dados prévios foram apresentados em 12 de dezembro. Os números consolidados serão publicados no começo de janeiro.

 

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“A redução dos investimentos sociais não foi homogênea nem generalizada entre os participantes. Ela pôde ser observada especialmente entre as empresas do setor industrial, que foram as mais afetadas pela situação econômica”, diz o relatório. O número de corporações que elevaram os aportes até subiu, mas não o suficiente para compensar a queda entre alguns grandes players.

O recuo não foi surpreendente: o Bisc do ano anterior já havia apontado que as companhias previam diminuir a injeção de recursos. Nesse sentido, o indicador de 2014 deve ser melhor. Na resposta que deram em 2013, segundo o relatório, o grupo estava “otimista” e a maioria (68%) projetava investir mais

Mesmo os dados referentes a 2013 dão espaço para algum ânimo. Além de 55% das firmas pesquisadas terem elevado seus aportes, a proporção média de investimento em relação aos lucros brutos atingiu recorde na série: 1,43%.

Como ocorre desde 2009, as empresas brasileiras destinaram uma porcentagem maior de seus lucros do que as norte-americanas. No levantamento do Committee Encouraging Corporate Philanthropy (CECP), a porcentagem foi de 1,01% em 2013.

A maioria dos recursos foi destinada à educação. Cerca de R$ 746 milhões (40% do total) foram para essa área, mais do que no ano anterior. O segundo lugar ficou com a categoria outros (22%), seguido de esportes e lazer (11%). Já meio ambiente nas comunidades (2%), defesa de direitos (1%) e geração de renda (1%) foram os menos mencionados.

Se o volume de recursos caiu, aumentou o número de voluntários entre as companhias que responderam à pesquisa. Em 2012, eles eram 55.240; em 2013, foram 59.475. A participação de funcionários em programas de voluntariado corporativo subiu de 8% para 11%.

A má notícia é que houve uma queda de 30% na verba para esse tipo de ação. Mas, como aponta o relatório, “o otimismo com o voluntariado continua elevado: 79% das empresas pretendem ampliar seus programas e a maioria considera que eles são bem ou muito bem sucedidos”.