Organizações da sociedade civil se juntam para propor soluções para a crise hídrica

14 de janeiro de 2015

Desde 2008, as organizações da sociedade civil (OSCs) vêm alertando os governos estadual e federal sobre os riscos de escassez de água na Região Metropolitana de São Paulo, mas os repetidos avisos não foram suficientes para fazer com que o poder público agisse para evitar a mais grave crise ambiental da história paulista. Diante da passividade dos políticos, a própria sociedade civil decidiu se mobilizar para discutir possíveis soluções para a falta de água no estado de São Paulo.

Assim surgiu a Aliança Pela Água, coalizão criada em outubro de 2014 que reúne 38 organizações da sociedade civil em torno do tema da segurança hídrica. “Consultamos mais de 280 especialistas no assunto para levantar propostas de combate ao problema da água”, diz Marussia Whately, coordenadora do grupo.

A aliança surgiu de uma iniciativa do Instituto Socioambiental (ISA) e busca elaborar propostas tanto de curto quanto de longo prazo para fazer frente à crise hídrica. No primeiro caso, o objetivo é fazer com que São Paulo chegue a abril de 2015 em condições de enfrentar um novo período de estiagem. Já no longo prazo, a meta é estabelecer um novo modelo sustentável de gestão dos recursos do estado. Até agora, a coalizão já apresentou 196 propostas de emergência e 191 de longo prazo.

Além de tentar influenciar as políticas públicas, a Aliança Pela Água também busca divulgar boas práticas. Até agora a coalizão já apresentou 310 indicações de ações que podem ajudar na mitigação da atual crise e garantir que ela não se repita. Algumas dessas iniciativas, já aplicadas na prática, são divulgadas no site da Aliança Pela Água. É o caso, por exemplo, do Movimento Cisterna Já, que busca incentivar o reaproveitamento da água de chuva em residências. O site está aberto para receber novos projetos da sociedade civil.

O objetivo principal da Aliança Pela Água, no entanto, é mesmo fazer um trabalho de advocacy. “No ano passado, houve muito ruído na comunicação com o poder público, tinha uma falta de transparência na Sabesp e aconteceu, por causa das eleições, uma negação de que havia uma crise hídrica”, ressalta Marussia.

Se o passado foi problemático, a coordenadora diz estar otimista sobre as conversas futuras entre poder público e as organizações da sociedade civil. “O diálogo tende a melhorar com a chegada do Benedito Braga, novo secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado”.

O otimismo de Marussia se baseia em conquistas concretas. Já em 2014, a Aliança Pela Água conseguiu aprovar no Conselho da Cidade, espaço criado pela prefeitura de São Paulo para dialogar com a sociedade civil, uma carta com diversas recomendações para lidar com a crise hídrica. “O documento trata de ações emergenciais que podem ser tomadas no âmbito das políticas municipais, e foi bem recebido pela prefeitura”, comemora a coordenadora da Aliança Pela Água.

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