O World Giving Index, estudo global com 10 anos realizado junto a 1,3 milhão de pessoas em 126 países revela que, apesar do fortalecimento da cultura de doação, vem sendo registrada uma tendência de queda neste comportamento, principalmente em alguns dos lugares mais ricos do mundo, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Irlanda e Holanda.
Esta edição do Ranking Global de Solidariedade, que celebra uma década de coleta de dados, foi produzida pela Charities Aid Foundation (CAF), instituição com sede no Reino Unido, e que no Brasil é representada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.
Conheça aqui os resultados da pesquisa.
O levantamento, encomendado ao Instituto Gallup, analisou dados agregados de cada país ao longo de 10 anos (2009-2018) e tem como base respostas de três perguntas: 1) se o entrevistado ajudou um desconhecido, 2) se contribuiu financeiramente para organizações da sociedade civil e 3) se doou tempo como voluntário para uma organização.
Sete dos dez países mais solidários estão entre os mais ricos do mundo, com os Estados Unidos na liderança, mas a lista dos dez primeiros também inclui nações menos ricas, como Mianmar (2º lugar), Sri Lanka (9º. Lugar) e Indonésia (10º lugar). A Nova Zelândia (3º lugar) é o único país que aparece no top 10 das três perguntas, ajudando um desconhecido, contribuindo financeiramente para uma ONG e doando tempo como voluntário.
O relatório identificou ainda os 10 países mais solidários ao longo da década, juntamente com os 10 menos generosos e os que tiveram a melhor e a pior performance no período. Indonésia, Quênia, Singapura, Malásia, Iraque, África do Sul, Haiti, Ruanda, Bósnia e Emirados Árabes foram os países que mais cresceram no Ranking. Já Polônia, Turcomenistão, Filipinas, Letônia, República Tcheca, Azerbaijão, Mauritânia, Camboja, Afeganistão e Marrocos os que mais caíram.
A América do Sul apresenta um quadro com múltiplas tendências, com um número considerável de países onde os entrevistados afirmam ajudar um desconhecido – isso acontece inclusive em países que sofreram conflitos e crises recentes, como Venezuela e Equador. Quanto ao Brasil, apareceu na posição 74 no ranking global, e no 8o lugar entre as noções da América do Sul + México. A ajuda a desconhecidos foi a variável de melhor desempenho no país, que revelou apenas 28% da população envolvida em uma ou mais ação solidária.
Para a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, cada país enfrenta desafios únicos e, por isso, as soluções precisam ser buscadas localmente. “Na América Latina, continuamos vendo a disposição das pessoas a doarem e trabalhamos para que a sociedade civil crie um melhor ambiente para essa cultura de doação.” Na visão de Fabiani o trabalho com os jovens é essencial: “São eles que vão estabelecer como será a filantropia e a doação no futuro”.
Alguns destaques do estudo:
- Em todo o mundo, mais de 2,5 bilhões de pessoas ajudaram um desconhecido na última década, o equivalente a 48% da população mundial
- Entre os 10 países com população mais doadora em dinheiro, em pelo menos 4 deles, doam com motivação religiosa
- 1 entre cada 5 adultos no mundo fizeram trabalho voluntário nos últimos 10 anos, com o Sri Lanka relatando a maior taxa de voluntariado do mundo
- As pessoas de Mianmar são as que mais provavelmente doaram dinheiro para caridade. (Os budistas praticantes representam 90% da população, 99% deles seguidores do ramo Therevada da religião que exige doações)
O lançamento da pesquisa aconteceu no dia 15 de outubro de 2019. Comentaram os resultados Graziela Santiago, Coordenadora de Conhecimento no GIFE, e João Paulo Vergueiro, Diretor Executivo da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos.
Veja aqui a apresentação completa, com o recorte brasileiro.
Conheça aqui os resultados da pesquisa.