O Philea Forum 2023, um dos mais importantes eventos do ecossistema filantrópico europeu, aconteceu entre 22 e 25 de maio, na cidade de Šibenik, na Croácia. O IDIS esteve presente, representado por Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias.
Sob o tema “Uma nova bússola para a Europa: forjada na crise, avançando com esperança”, as palestras abordaram as diversas crises que têm se acumulado nos últimos anos tanto na Europa, como no mundo. As discussões abordaram os desafios significativos decorridos da pandemia de Covid-19, além do olhar atento às mudanças climáticas, desigualdade socioeconômica e as tensões crescentes entre países.
Diante de todo esse contexto, o Philea Forum 2023 reuniu mais de 700 pessoas no coração da região euro-mediterrânea para discutir o que eles chamam de “valores europeus” e como a filantropia pode usá-los como bússola para enfrentar os desafios atuais.
A plenária de abertura do evento abordou o cenário da filantropia europeia e a importância da colaboração entre o próprio setor. Entre as palestrantes, estava Nada Al-Nashif, do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Ela ressaltou a importância das parcerias e da colaboração para promover mudanças:
“Igualdade, dignidade e justiça é o que nos une. Estamos convocando a comunidade filantrópica a se comprometer e por meio de parcerias vibrantes, promover os direitos humanos”, declarou.
Também foi apresentada uma pesquisa realizada com os próprios participantes do evento sobre suas percepções em relação à atuação das organizações da sociedade civil, doadores e do setor filantrópico europeu. A maioria dos respondentes apontou que as organizações da União Europeia deveriam priorizar o combate às mudanças climáticas, seguido pela desigualdade.
Outro ponto bastante debatido durante o encontro foi papel da juventude, suas contribuições e obstáculos na luta contra as mudanças climáticas, foco da sessão ‘Construindo infraestrutura para apoiar movimentos jovens resilientes em relação ao clima: lições de toda a Europa’.
Katie Hodgetts compartilhou sua história como ativista climática, um processo que rendeu a ela admiração de seus pares e um sentimento de realização pessoal, mas também a levou a enfrentar uma difícil fase de esgotamento e desgaste emocional. Inspirada por sua própria história e pela de milhares de outros ativistas que também lidam com o desgaste mental de seu trabalho, ela criou o ‘The Resilience Project’, uma iniciativa que oferece suporte emocional a ativistas da causa climática.
A sessão também destacou o papel atual dos jovens, que, por meio de ideias arriscadas e disruptivas, podem ser algumas das vozes e agentes mais poderosos na luta contra as mudanças climáticas. “Por que os jovens ativistas climáticos são eficazes? Eles são ágeis e estão indignados”, afirma Christian Vanizette, co-fundador da makesense.
Diversas conversas tiveram a filantropia como foco, incluindo reflexões sobre seus impactos reais diante de tantas demandas e seus objetivos finais, que tendem a ser esquecidos ao longo do caminho.
Na sessão de debate ‘Lições aprendidas ao longo de mais de 30 anos de filantropia por uma fundação em fase de encerramento’, Lynda Mansson, da MAVA Foundation, compartilhou a história de encerramento de sua organização, que, após 12 anos de funcionamento com foco na conservação da biodiversidade, concluiu que o objetivo havia sido alcançado e não havia mais necessidade de existir.
A sessão de encerramento resumiu as temáticas destacadas ao longo dos três dias, com uma ênfase ainda maior na juventude e no potencial de mudança que existe nos movimentos formados e liderados por esse grupo. O palco foi reservado para representantes da ‘nova geração’ de jovens que dedicam seus dias em busca de mudanças e impactos positivos no mundo.
“Você acorda todos os dias com ansiedade, esperando más notícias, e mesmo assim escova os dentes e começa o seu dia. Você mantém a resiliência. Os jovens são resilientes e não percebem que, muitas vezes, o que estão fazendo é democracia”, declara Anna Bondarenko, fundadora e diretora do Serviço Voluntário Ucraniano.
Os participantes encerraram com uma mensagem simples, mas poderosa: ‘faça o bem’. Eles também ressaltaram a importância de começar olhando para o que está ao nosso redor, antes de qualquer movimento em grande escala:
“Como podemos mudar o mundo, como podemos mudar a Europa, se não conseguimos mudar nossa comunidade local, nossa família, nossos amigos, nosso bairro? É simplesmente impossível”, diz Aleksej Leon Gajica, de 16 anos, Embaixador Júnior para a UE e pelos Direitos das Crianças e dos Jovens UNICEF.
O evento destacou as semelhanças globais dos problemas e necessidades a serem discutidos e trabalhados pelo setor de investimento social privado, independentemente da região em que você esteja.
“Os assuntos são bastante similares aos nossos: confiança, democracia e liberdade de expressão. Além disso, fica claro que é prioridade na Europa o combate às mudanças climáticas, outra causa recorrente e de extrema importância para o contexto brasileiro e latino-americano”, comenta Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS.