Por Yone Araujo Moreno, coordenadora no programa Juntos Pela Saúde
O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2025 foi um evento estruturado em torno do verbo “esperançar” – não como um gesto de passividade, mas como um chamado à ação coletiva e transformadora.
Em uma das mesas do evento, a tradicionalmente intitulada “Em conversa com”, tive a oportunidade de participar de uma troca íntima e profundamente reflexiva sobre a trajetória de Tania Haddad Nobre na filantropia. Tania compartilhou, com muita transparência, como sua atuação nesse campo é marcada pela dedicação de tempo, recursos e trabalho, e, sobretudo, por um compromisso genuíno com o coletivo.
Veja a sessão completa em:
Ela trouxe à tona a filantropia como prática cotidiana, construída com escuta e responsabilidade. Contou que esse tema atravessa até mesmo os encontros familiares, já que a Fundação Insper — organização educacional sem fins lucrativos da qual sua família é uma das mantenedoras — faz parte do cotidiano de todos. A fundação concede bolsas parciais e integrais, e é, para Tania, um símbolo vivo do que significa doar com propósito.

Um dos momentos mais marcantes da conversa foi quando Tania o termo “loteria do nascimento” para refletir sobre seus privilégios. Ela destacou que sua atuação é guiada por um pensamento “sem culpa”, reconhecendo as oportunidades que teve, sem se paralisar por elas, mas também sem se valer delas de forma acrítica. Seu esforço em transmitir o valor da doação às futuras gerações, especialmente aos filhos, ficou evidente para todos que estavam presentes.
Tania compartilhou que, mesmo antes de compreender o conceito de filantropia, já praticava o ato de doar. Sua atuação no Insper foi decisiva para consolidar essa visão. Entre suas causas pessoais, destacou as questões de gênero, especialmente no contexto da liderança feminina. Como mulher à frente do conselho deliberativo do Insper, ela reforçou a importância de ampliar os espaços de decisão ocupados por mulheres, que é também uma pauta atual.
Outro ponto alto da conversa foi quando Tania falou sobre a importância de ouvir antes de agir. Ela relatou uma experiência marcante: uma aluna bolsista do Insper foi flagrada dormindo clandestinamente na biblioteca. Embora tivesse recebido a bolsa, não dispunha da infraestrutura necessária para permanecer estudando, e essa experiência revelou uma realidade: faltavam recursos para alimentação, transporte e permanência nas imediações da instituição. Esse episódio foi um divisor de águas para Tania, que aprendeu, na prática, que escutar é essencial e que a filantropia precisa estar estruturada em ações holísticas e sistêmicas.
Ao final da conversa, Tania reforça que é preciso agir coletivamente, e que tão importante quanto esperançar, é desistir de desistir.

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.

