Consideramos impacto a mudança social produzida por um programa ou projeto. Enquanto resultados se relacionam com as conquistas concretas, que, em geral, representam o alcance e a amplitude da iniciativa, o impacto pode ter uma natureza mais subjetiva – relacionado à ideia de transformação social.
Como medir o impacto?
Quando mensuramos o impacto de um programa, ponderamos o quanto este muda a vida das pessoas envolvidas. Ou seja, é uma prática reflexiva que visa buscar evidências para identificar se uma iniciativa tem alcançado as transformações sociais que estabeleceu como objetivos.
Por que medir o impacto?
Há diversos motivos pelos quais a Avaliação de Impacto é uma ferramenta estratégica valiosa. Ela fornece às organizações dados e evidências que permitem refletir sobre as abordagens adotadas e oferecem suporte para o processo de tomada de decisão. Ademais, torna possível analisar a relação de causalidade entre as intervenções e os impactos percebidos, identificando fatores que são fundamentais para impulsionar as transformações, outros que não contribuem de forma tão direta e, ainda, limitadores e fatores que criam obstáculos. Assim, estudos de Avaliação de Impacto vão muito além da mensuração – permitem também refletir sobre estratégias para potencializar as transformações desejadas. Por fim, estudos avaliativos têm o potencial de fortalecer o diálogo com investidores e com o setor público, auxiliando organizações a manterem um relacionamento transparente com doadores, reivindicarem melhorias nas políticas públicas e negociarem a ampliação de programas sociais efetivos.
Estudos de Avaliação de Impacto não apenas monitoraram resultados, adentram profundamente na relação de causa e efeito entre as atividades de um programa e os desdobramentos na vida das pessoas. Isso pode ser uma atividade complexa, especialmente em programas que trabalham com questões abstratas como empoderamento ou habilidades sociais. Mesmo quando esse tipo de impacto é perceptível, pode ser muito desafiador mensurá-lo e traduzi-lo em termos objetivos e quantitativos.
O que é SROI e por que ele é útil?
O ‘SROI – Social Return on Investment’ (ou Retorno Social sobre Investimento), é um protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade com essa iniciativa. Para isso, aplica diversas técnicas para estimar o valor intangível de ativos que não podem ser comprados ou vendidos.
O SROI é uma ferramenta poderosa de mensuração, que transcende a monetarização do impacto social. Ainda que a relação custo-benefício (ou retorno sobre o investimento) seja o que geralmente atrai a atenção dos investidores sociais, que veem a possibilidade de uma avaliação objetiva e financeira sobre o uso de seus recursos, este processo não deve ser considerado somente um índice. Cada uma de suas etapas é capaz de revelar informações pertinentes sobre o projeto ou programa e gerar insights que favorecem a tomada de decisão e a busca por impactos cada vez maiores e mais consistentes.
Um aspecto chave desse protocolo é seu foco na percepção do beneficiário – o envolvimento dos stakeholders é um dos princípios da SROI, o que significa que o impacto social deve ser avaliado a partir do ponto de vista daqueles que estão diretamente envolvidos no projeto social. Ademais, esse método favorece a integração de dados qualitativos e quantitativos. O primeiro fornece uma visão mais clara sobre a natureza do impacto do projeto por meio de depoimentos dos públicos envolvidos. A abordagem quantitativa, por outro lado, proporciona um trabalho com amostras estatisticamente significativas que mensuram a intensidade das mudanças percebidas.
A demanda por avaliação de impacto e SROI no Brasil
Apesar da demanda crescente por Avaliação de Impacto no Brasil, trata-se de prática ainda pouco desenvolvida. Seus conceitos são frequentemente mal utilizados ou pouco claros e organizações enfrentam dificuldades em definir os indicadores. Por exemplo, muitas declaram que mensuram seu impacto, quando na verdade estão mensurando seus resultados, informando o número de pessoas ou famílias atendidas, por exemplo. Evidentemente, analisar os resultados da organização é muito importante e deve ser feito regularmente. Contudo, avaliar impacto é um processo mais profundo e uma oportunidade de refletir sobre como um projeto pode gerar valor social a seus beneficiários e à sociedade como um todo.
O desafio é ainda maior quando consideramos o SROI especificamente. A monetização do impacto é uma tarefa desafiadora, devido à falta de bases de dados de estimativas financeiras no País (instrumento bastante desenvolvido em outros países). Portanto, quando são definidos os valores das estimativas, muitas vezes é necessário coletar dados de fontes primárias, porque praticamente não há dados secundários disponíveis para sustentar as pesquisas.
É muito necessário disseminar conhecimento sobre esse assunto no Brasil, enfatizando a importância de avaliar o impacto de projetos e programas sociais, mesmo com os desafios e limitações envolvidos neste processo. Mensurar o impacto pode nem sempre resultar em conclusões precisas, mas, recomendamos sempre trabalhar com estimativas viáveis (construídas e analisadas com responsabilidade e critérios) do que trabalhar sem nenhum tipo de evidência sobre as consequências das suas intervenções.
Certamente ainda iremos amadurecer e evoluir nessa temática. Por isso, no IDIS, vamos além da realização de trabalhos de consultoria. Procuramos disseminar conceitos e práticas, por meio de publicações, de cursos, do compartilhamento de relatórios de projetos realizados e da participação em eventos.
Qual horizonte enxergamos para a Avaliação de Impacto?
Esperamos que, no futuro, avaliar o impacto seja parte integrante do processo de concepção e planejamento de projetos sociais e programas. Tanto organizações sociais, quanto filantropos e investidores sociais, precisam reconhecer o quão essencial é esta prática e devem trabalhar juntos para fortalecê-la e disseminá-la.
Também esperamos que a Avaliação de Impacto influencie as políticas públicas, revelando o valor de projetos para o desenvolvimento social e contribuindo para a ampliação de sua escala. Para ilustrar esse potencial, destacamos um exemplo. Em 2016, o IDIS conduziu a avaliação do Retorno Social sobre Investimento – SROI de um projeto dedicado à primeira infância na região da Amazônia (conheça o relatório aqui). O resultado positivo evidenciado pelo estudo – a notável mudança social que o projeto provia aos seus beneficiários – ofereceu argumentos irrefutáveis para que o projeto se tornasse uma política pública, beneficiando uma parcela significativamente maior da população e contribuindo para a melhoria da vida de mais crianças. Iniciativas como essa poderiam ser ainda mais regulares caso houvesse uma cultura de avaliação de impacto em organizações brasileiras – não apenas nas organizações privadas, mas também nos programas mantidos pelo setor público.
Novas ferramentas tecnológicas podem contribuir para o futuro da Avaliação de Impacto, reduzindo seu custo e tempo necessário para coleta de dados e aumentando a precisão dos estudos. A coleta e análise de dados poderá se tornar mais fácil, rápida e permitirá a mensuração de mudanças sociais no longo prazo. A tecnologia permitirá que a sociedade tenha maior acesso a informações relevantes sobre soluções, podendo, assim, aprender mais rapidamente com experiências prévias, e, com isso, ampliar os benefícios àqueles que mais precisam.
Veja organizações e empresas para quem o IDIS já realizou avaliações de impacto.
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