Quer se sentir feliz? Pois doe dinheiro! Um artigo publicado na revista Current Directions in Psychological Science aponta que os benefícios de ajudar outras pessoas “são evidentes em doadores idosos ou jovens em países ao redor do mundo, e se reflete não só no bem-estar subjetivo, mas também na saúde objetiva”.
O texto – assinado pelas psicólogas Elizabeth Dunn e Lara Aknin e pelo professor da Harvard Business School Michael Norton – analisa diversos estudos, alguns conduzidos pelos próprios autores.
Eles começam resumindo uma pesquisa de 2008 que deu U$ 5 ou U$ 10 aos participantes. Alguns foram instruídos a comprar algo para si; outros, a doarem a quantia para alguém. “Naquela tarde, as pessoas que tiveram de gastar seu dinheiro com outra pessoa relataram humores mais alegres no decorrer do dia do que aquelas que tiveram de gastar com elas mesmas”, escreveram os autores.
Outro estudo, de 2012, mostrou que a sensação de felicidade é sentida até por crianças bem pequenas. Na pesquisa, bebês de até dois anos demonstraram mais alegria quando davam um biscoito para um boneco do que quando eles mesmos recebiam a comida.
Uma boa notícia é que alguns dados apontam que a relação entre felicidade e doação não se restringe aos Estados Unidos ou a países ricos. Um estudo da Harvard Business School verificou informações sobre 136 países e constatou “uma relação significativa entre doações e felicidade” em 120 deles, tanto ricos quanto pobres.
Os autores do artigo ressaltam, no entanto, que a ligação entre doar e sentir-se feliz não é automática. Depende de três fatores: relacionamento, competência e autonomia. Em relação ao primeiro, escrevem os autores, “descobrimos que os indivíduos ficam mais felizes com gastos sociais quando a doação dá a oportunidade para que eles se relacionem com outras pessoas”.
O segundo fator significa que as pessoas têm necessidade de mostrar competência, o que ocorre se “conseguem ver como suas ações generosas fizeram diferença”. Já a “necessidade de autonomia é satisfeita quando as pessoas sentem que suas ações são livremente escolhidas”.
Ao fim, os autores concluem que as organizações da sociedade civil que buscam doações podem se beneficiar dos resultados da pesquisa, pois, “quanto mais conseguirem maximizar os benefícios emocionais da doação”, maior a possibilidade de conseguirem recursos.