O processo avaliativo como um percurso necessário para a maximização do impacto socioambiental positivo

28 de setembro de 2023

Por Daniel Barretti, gerente de monitoramento e avaliação no IDIS

A crescente demanda por resultados efetivos e aprimoramento do desempenho têm impulsionado organizações a abandonarem práticas tradicionais de coleta e apresentação de dados, em favor de abordagens de avaliação de impacto mais dinâmicas e baseadas em evidências. Superar a reportologia requer uma mudança cultural e organizacional, na qual a gestão com base em evidências emerge como alternativa promissora.

Durante a 12° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, e sob o norte temático “Da reportologia à gestão baseada em dados e evidências”, palestrantes discorreram sobre como suas organizações enxergam e têm lidado com os trabalhos de Monitoramento e Avaliação.

Para falar sobre a temática, participaram da mesa Cristiane Holanda, gerente de gestão social na Nexa Resources, Frineia Rezende, diretora executiva na The Nature Consevancy Brasil (TNC), Ionatan Gottfried, gerente de relações institucionais do RenovaBR, e Emanuelle Moraes, gerente de cidadania e sustentabilidade no Instituto Sicoob.

 

Todos os palestrantes convidados concordaram unanimemente sobre a importância da avaliação de impacto como um instrumento essencial na gestão de projetos, visando à maximização do impacto socioambiental positivo almejado, e não como uma ferramenta de cálculo numérico. “Os números não representam o resultado final, mas sim o ponto de partida”, resumiu Ionatan.

A visão está perfeitamente alinhada com o oitavo princípio do protocolo de avaliação SROI (Social Return on Investment), publicado pela organização britânica Social Value, intitulada ‘Be Responsive’ (em tradução livre, ‘Seja responsivo’). Esse princípio enfatiza a busca pelo valor social alcançado através de decisões apoiadas por relatórios de avaliação.

Cristiane entende que as áreas sociais das empresas privadas desempenham um papel de intermediação entre a criação de impacto positivo a partir das necessidades da comunidade e a tradução desses impactos para acionistas e investidores. “Ao demonstrarmos a evolução de indicadores de resultado como, por exemplo, renda e IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), passamos a ser vistos, interna e externamente, com mais valor”.

 

Quando se trata de avaliação de impacto, enfrentamos vários desafios, incluindo a dificuldade de atribuir a um projeto específico a responsabilidade por uma mudança, dado que diversas influências externas também desempenham um papel nesse processo. No entanto, para Frineia, o foco não é necessariamente medir o impacto em si, mas sim observar os resultados que nos indicam sua ocorrência.

“Não podemos ter medo de errar e nossas premissas nem sempre estão corretas”, completa.

Por fim,  como lição apreendida, fica claro que a coleta sistemática de dados e sua avaliação  representam uma possibilidade de reflexão sobre as iniciativas e projetos socioambientais. É preciso que se respeite o tempo e as condições de cada organização e, de maneira participativa, refletir sobre quais dados e evidências são verdadeiramente relevantes para maximização do impacto social gerado. Emanuelle  enfatiza o processo avaliativo como um potente espaço de diálogo. “O resultado final da avaliação não é o seu foco principal, mas sim o seu processo de execução”, finaliza.

Quer saber mais? Assista à sessão completa: