Fundações se unem para tentar recolocar nos eixos a falida Detroit

10 de junho de 2015

É comum fundações ou doadores direcionarem recursos para combater doenças, lutar contra a fome, ajudar a construir alas de hospitais ou a equipar escolas. Uma delas adotou um foco diferente: liderou esforços para salvar uma cidade inteira nos Estados Unidos – e, por isso, foi eleita uma das dez mais inovadoras de 2015 pela revista de negócios Fast Company.

O nome da eleita é autoexplicativo: Foundation for Detroit’s Future. Desde o ano passado vem angariando verba para tirar da falência o tradicional polo automotivo norte-americano. Não é modo de dizer: com dívidas superando os US$ 20 bilhões, Detroit de fato pediu concordata em 2013.

Até meados do século 20 chamado de Motor Town por ser berço de empresas como Ford, General Motors e Chrysler (além de fábricas de autopeças e pneus), o município sofreu uma dura deterioração nas últimas décadas. Boa parte das montadoras lá instaladas migrou para outros países ou regiões dos EUA de menor custo. O resultado, influenciado também pela automação no setor, foi uma marcha a ré nos níveis de emprego e de qualidade de vida. A população, que era de quase 2 milhões em 1950, hoje está em torno de 700 mil. A arrecadação também caiu vertiginosamente. O desespero foi tamanho que o prefeito cogitou vender o acervo do museu local, que inclui obras-primas de Van Gogh e Matisse.

A cidade começou a sair do ponto-morto quando um juiz federal, encarregado de administrar a concordata, sugeriu que se criasse uma organização da sociedade civil para apoiar a recuperação. Nascia assim a Foundation for Detroit’s Future, formada por 12 entidades privadas – inclusive algumas ligadas a companhias que estão entre os pivôs da crise, como a Ford Foundation.

Juntas, elas se comprometeram a doar US$ 366 milhões em 20 anos. O dinheiro será destinado a recuperar o sistema público de pensões dos servidores e a tirar Detroit da falência. E há um fundo adicional de US$ 100 milhões para o museu. Ao que tudo indica, Van Gogh e Matisse vão ficar.