Capacitação de IA para OSCs oferecida pelo IDIS com apoio do Google.org é destaque na mídia

Durante o evento Google for Brasil 2025, realizado em São Paulo, a empresa anunciou um investimento de R$ 5 milhões em um programa inédito de capacitação em inteligência artificial (IA) voltado ao terceiro setor, que será liderado pela vertente filantrópica do Google, o Google.org. A iniciativa será conduzida pelo IDIS ao longo de três anos, impactando até mil organizações sociais em todo o país.

A iniciativa conjunta entre as duas organizações foi destaque em diversos veículos da mídia. A proposta liderada pelo IDIS prevê a capacitação direta de até 200 organizações, oferecendo ferramentas e conhecimentos para uso estratégico da IA, além de acesso a plataformas especializadas e formação técnica qualificada. A estimativa é que cerca de 100 mil pessoas beneficiadas por essas instituições também sejam impactadas indiretamente.

Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, no evento Google for Brasil 2025, em 10 de junho de 2025. Divulgação/Google Brasil.

“Essa iniciativa foi desenhada para gerar resultados concretos, como acesso a plataformas pagas, aprimoramento de capacidades tecnológicas e maior impacto social. Ao final, vamos consolidar tudo em um estudo analítico que ajude a entender se, de fato, houve transformação e como ela ocorreu”, explicou Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS.

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Impacta Nordeste

Inteligência Móvel

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Jornal de Brasília

Times Brasil

Inteligência artificial pode alavancar mudanças socioambientais positivas

Tecnologia tem o potencial de trazer mais eficiência ao terceiro setor, mas seu uso exige senso crítico e atenção à diversidade

Artigo originalmente publicado na Folha de S. Paulo, 13/06/2025

Por Paula Fabiani, CEO do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e destaque no Prêmio Empreendedor Social 2020

Os desafios sociais e ambientais que enfrentamos exigem respostas à altura de sua complexidade. Diante de crises interligadas —mudanças climáticas, desigualdades sociais, insegurança alimentar e acesso precário à saúde e educação— a busca por soluções precisa ir além dos caminhos tradicionais.

IA (inteligência artificial) desponta como uma aliada estratégica, capaz de potencializar ações, ampliar o impacto e acelerar transformações sociais urgentes.

Dado Ruvic/REUTERS

Na última semana, tive a oportunidade de participar do Google.org Impact Summit, em Londres. O evento reuniu lideranças do setor social, filantrópico e da tecnologia para discutir como a IA pode contribuir com causas de interesse público.

Entre os casos apresentados, vimos exemplos concretos de como a tecnologia vem sendo usada para prever desastres naturais, apoiar estudantes, acompanhar gestantes e monitorar a coleta de lixo. Cada uma dessas aplicações mostrou que o potencial da IA vai muito além do setor privado, mas pode promover o bem comum.

Em um dos seus movimentos desse uso sustentável, o Google.org está aportando US$ 30 milhões para organizações que promovem e utilizam IA. No entanto, esse potencial ainda é pouco aproveitado por organizações sociais e filantrópicas.

O uso dessa tecnologia pode representar ganhos significativos de eficiência: desde o aprimoramento de processos internos até o monitoramento de resultados e o fortalecimento da tomada de decisões. Também há oportunidades para reduzir a burocracia entre doadores e organizações, melhorar a comunicação e ampliar a transparência.

Mas para isso, é necessário investimento —não apenas financeiro, mas em capacitação, infraestrutura e mudança cultural. Boa parte do terceiro setor ainda carece de recursos financeiros, técnicos e humanos para incorporar a IA de forma estratégica.

Como então aproximar essas organizações do universo tecnológico, que é disruptivo, acelerado, orientado a dados e pautado por uma lógica de escala? Essa foi uma das reflexões centrais do evento: é preciso criar pontes entre mundos que falam línguas diferentes, mas que, juntos, podem produzir soluções inovadoras.

No IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), esse desafio virou prioridade. Em nosso planejamento estratégico, colocamos a ampliação do uso da tecnologia como um dos pilares para os próximos anos.

Uma das iniciativas em andamento é a construção de uma parceria com a Simbi, startup brasileira de impacto social, para desenvolver uma plataforma automatizada de gestão de portfólio de projetos.

A ferramenta permitirá o acompanhamento em tempo real de indicadores, execuções orçamentárias e alinhamento com os objetivos filantrópicos e corporativos das organizações apoiadoras. É uma aposta na inteligência dos dados a serviço do impacto.

Ao mesmo tempo, é preciso ter consciência dos riscos e limitações da IA. Tecnologias podem reproduzir —e até intensificar— desigualdades, especialmente quando operam com base em dados enviesados. Além disso, o uso massivo de energia para treinar e operar modelos de IA levanta alertas sobre seu impacto ambiental. Há também preocupações éticas, morais e sociais que não podem ser ignoradas.

Por isso, o capital humano continua sendo insubstituível: é preciso senso crítico, sensibilidade e diversidade para orientar o uso da IA em direção a resultados positivos e equitativos.

As possibilidades de convergência entre tecnologia e impacto social são promissoras. Organizações e profissionais precisam se adaptar a essa nova realidade que está transformando o mundo em que vivemos.