O IDIS esteve presente no 13º Congresso GIFE, realizado de 7 a 9 de maio em Fortaleza (CE), reafirmando seu compromisso com a promoção de uma filantropia mais estratégica, inclusiva e transformadora. Com o tema ‘Desconcentrar poder, conhecimento e riquezas’, o evento reuniu centenas de representantes de organizações da sociedade civil, especialistas e lideranças do setor público e privado. Em pauta, discussões fundamentais para o futuro do investimento social privado (ISP) no Brasil, com foco em ampliar o apoio às OSCs, promover a equidade de gênero e raça e impulsionar soluções para um desenvolvimento sustentável e democrático.
Paula Fabiani, CEO do IDIS, foi palestrante em um dos painéis, e Carlos Jorge, fundador da Mundaú Mundo que integra o programa Transformando Territórios, também. Além da participação nas mesas de debate, o Congresso marcou um momento especial: pela primeira vez, 10 das 15 Fundações e Institutos Comunitários apoiados pelo programa estiveram presentes no evento, com apoio do programa e do próprio GIFE. A presença da delegação foi um marco no fortalecimento da filantropia comunitária e da atuação do Transformando Territórios, iniciativa do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation.
Investimento social corporativo em foco
No painel ‘Investimento social corporativo e as suas alternativas no enfrentamento às desigualdades’, Paula Fabiani esteve ao lado de Camila Valverde (Fundação ArcelorMittal), Guibson Trindade (Pacto pela Promoção da Equidade Racial), Raphael Mayer (Simbi) e Raull Santiago (Iniciativa PIPA). A mesa discutiu sobre caminhos concretos para deixar o campo do Investimento Social Corporativo (ISC) mais diverso, distribuído e alinhado aos grandes desafios sociais e ambientais do país.
Paula destacou o papel do Compromisso 1%, iniciativa do IDIS em parceria com o Instituto Mol, que incentiva empresas a destinarem ao menos 1% do lucro líquido para causas sociais, como uma das estratégias para engajar empresas e ampliar o impacto do ISC.
Além de participar do painel, Paula esteve presente em um almoço promovido pelo Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), com membros da rede.
Conexão, fortalecimento e filantropia comunitária
Carlos Jorge, da Mundaú Mundo (AL), participou do painel ‘Modelos Participativos de Doação e Financiamento’, ao lado de Camila Haddad (Próspera Social), Guiné Silva (Fundação Tide Setubal), Marcelle Decothé (Iniciativa PIPA) e Mahyran Sampaio (ONU). A discussão abordou como o financiamento participativo, especialmente no contexto do grantmaking, pode contribuir para a redistribuição do poder, conhecimento e riquezas, fortalecendo comunidades e promovendo novas formas de governança mais colaborativas e conectadas com as realidades locais.
Carlos compartilhou a experiência da Mundaú Mundo como uma FIC (Fundação ou Instituto Comunitário), modelo de organização que capta, gerencia e realiza doações de recursos financeiros para iniciativas sociais em seus territórios. Essas organizações desempenham um papel central no fortalecimento das redes locais e na resposta a demandas comunitárias, garantindo a vitalidade do setor social de base.
Encerrando com chave de ouro, o IDIS promoveu um jantar especial com as lideranças das FICs presentes, parceiros do Transformando Territórios e convidados. Foi um momento simbólico de confraternização, trocas significativas e renovação dos laços que sustentam a construção coletiva de uma filantropia mais descentralizada, enraizada e potente.
CONFIRA ABAIXO RELATOS DAS LIDERANÇAS DE FUNDAÇÕES E INSTITUTOS COMUNITÁRIOS QUE PARTICIPARAM DO CONGRESSO GIFE:
“Precisamos de mais audácia no nosso setor filantrópico brasileiro. A ilustração didática de Abigail Dinsey sobre os “bebês à deriva no rio” causa desconforto – e que bom que é assim. A atuação paliativa é sempre mais sedutora do que a preventiva, que requer confronto, tempo, negociação e ousadia. Uma não substitui a outra, obviamente. A criança que hoje vive em uma situação de vulnerabilidade social requer diferentes estratégias de acolhimento e os projetos sociais, especialmente os de arte-educação, são bem-sucedidos nessa missão. Devemos ficar atentos, contudo, às lacunas no espaço da filantropia de incidência política. Quem são os atores que vem usando seu capital, financeiro e social, para apoiar a estruturação de uma sociedade mais equânime e justa? A coragem, ao que parece, ainda não anda no mesmo compasso dos desafios complexos da sociedade brasileira.” – Karine Ruy, da Fundação Gerações.
“Percebi nos corredores e coffee breaks da conferência que, embora esteja muito consolidado que o caminho adiante é sobre ouvir o território, simplificar, desburocratizar e incluir, as fundações corporativas ainda tem uma profunda dificuldade em implantar essa visão.” – Renato Orozco, da Associação Nossa Cidade.
“As positivas provocações do Congresso foram diversas e claras. Um caminho positivo e disruptivo para a filantropia e o ISP no Brasil deverá envolver, de forma efetiva e equânime, as bases – aqueles que já congregam, transformam e constroem poder, conhecimento e riqueza em prol do coletivo todos os dias. ” – Luciana Moreira, do Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim.
“Participar de um evento como este que abre possibilidades para que organizações estejam , sejam, representem faz muita diferença. Refletir sobre o ponto de inflexão no campo da filantropia contemporânea: o momento em que ela deixa de ser apenas um ato de repasse de recursos e se torna uma prática de enraizamento. Falar em filantropia para territórios é falar sobre investir com profundidade, com permanência e com escuta. É reconhecer que lugares não são apenas mapas — são vidas, histórias, redes e potências. E que transformar realidades exige mais do que boas intenções: exige compromisso com quem vive e conhece os caminhos que a distância não revela.” – Bruna Cantanhêde e Denilson Pereira Sousa, do Instituto Baixada.
“A verdadeira transformação ocorre quando o investimento social privado deixa de ser apenas um financiamento e se torna um parceiro ativo na construção coletiva de soluções sustentáveis, investindo nas causas e no fomento das organizações sociais.” – Flávia Mota, do Fundo Jequi.
“O tema do 13º Congresso GIFE — “Desconcentrar Poder, Conhecimento e Riquezas” — foi especialmente inspirador. Fiquei feliz em reencontrar uma comunidade vibrante, formada por profissionais altamente qualificados de Fundações, Institutos Empresariais e Organizações da Sociedade Civil, referências em seus campos de atuação e territórios.” – Willian Narzetti, do ICOM.