Cazumbada 2024: uma imersão na cultura e no território da Baixada Maranhense

Por Alexandre Gonçalves Jr, coordenador de comunicação do IDIS

 

Em um dos cenários mais emblemáticos de São Luís, no Museu Ferroviário do Maranhão, localizado na estação ferroviária desativada, teve início a Cazumbada, festival promovido pelos Institutos Baixada Maranhense e Formação. O Instituto Baixada Maranhense é uma das 15 Fundações e Institutos Comunitários (FICs) integrantes do Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation. O Programa tem como objetivo fortalecer essas FICs que atuam com o apoio técnico e suporte financeiro de organizações e iniciativas da sociedade civil de suas comunidades.

Entre o centro histórico da cidade, com suas casas coloniais, e a baía de São Marcos, os brincantes do Bumba Meu Boi anunciaram o tom da imersão que parceiros e apoiadores viveriam nos dias seguintes: uma viagem ao coração da cultura maranhense, marcada tanto pelo encantamento quanto pelo encontro com o desconhecido. 

“A Cazumbada é um evento único, nenhum outro evento pauta a filantropia comunitária territorial como ele. É uma grande imersão que proporciona a vivência do território integralmente para os próprios financiadores. E não só todo organismo da filantropia, mas a própria cultura local acaba se fortalecendo com isso”, Instituto Baixada

 

 

O nome Cazumbada remete a Cazumbá, personagem místico das celebrações do Bumba Meu Boi. Essa figura folclórica, que não se enquadra nos conceitos de feminino, masculino ou animal, desperta curiosidade e fascínio com sua máscara impactante e indumentárias coloridas e elaboradas.

Após um jantar de boas-vindas, os convidados partiram para a Baixada Maranhense, região que abriga 21 municípios somados ao município de Alcântara, abrangendo cerca de 559 mil pessoas, segundo o último censo do IBGE. O percurso, que combinou trajetos por terra, água e a pé, foi uma verdadeira experiência territorial. A travessia da baía de São Marcos, agora vista de perto em ferry boat e canoas, conectou os participantes ao cotidiano da região.

 

Uma Imersão em Comunidades Quilombolas

A jornada incluiu uma visita à Ilha de Cajual, no município de Alcântara, onde guias mirins da comunidade quilombola Santa Rosa dos Pretos conduziram os participantes por uma trilha. Alcântara, mais conhecida pela base militar de lançamento de mísseis, revelou outro lado: mais de 80% de sua população é quilombola. Em Santa Rosa dos Pretos, quebradeiras de coco babaçu demonstraram a extração artesanal do óleo e azeite, ingredientes essenciais na culinária regional.

Foto: Instituto Baixada/Instituto Formação

Essa tradição extrativista, transmitida de geração em geração, é uma das principais fontes de renda da comunidade. Recentemente, o Instituto Baixada forneceu um moedor automático para facilitar a produção de óleo de babaçu. Além disso, a instituição tem auxiliado no acesso a políticas públicas, como a instalação de painéis solares, que trouxeram energia elétrica para vilas antes dependentes de estações relacionadas.

Outro ponto visitado foi a comunidade Olhos D’Água dos Gomes, onde está sendo reconstruída a Casa de Muriquinho, espaço dedicado a atividades socioculturais para jovens, com a gestão e definição de agenda pela própria comunidade. 

Esse projeto é apoiado pelo programa Transformando Territórios, do IDIS, em parceria com o Instituto Baixada

A cultura na Baixada

A musicalidade ecoa na Baixada. Longe do ruído dos grandes centros urbanos, os ritmos do Bumba Meu Boi, tambor de crioula, reggae e forró ecoam como expressão de identidade e resistência cultural.

Foto: Instituto Baixada/Instituto Formação

Na Baixada Maranhense, o território é o próprio agente de transformações de impacto social positivo. Cada baixadeiro, com suas histórias, saberes e ambições, contribui para o desenvolvimento socioambiental local. O Instituto Comunitário Baixada Maranhense, ao final dos três dias de evento, reafirmou sua missão: investir em pessoas para transformar territórios. Essa promessa está estampada na sede da instituição, localizada em Nova Olinda do Maranhão, e reflete a grandiosidade de sua atuação no fortalecimento de comunidades e tradições com a promessa de investir em pessoas que transformem territórios.

Foto: Instituto Baixada/Instituto Formação