#FórumIDIS | Descolonizando a Filantropia: equilibrando forças e somando saberes

A filantropia olhada a partir da perspectiva global reflete a desigualdade econômica entre países. Quem tem mais, apoia quem tem menos, e por anos o apoio financeiro veio acompanhado de imposição técnica. O movimento #ShiftThePower é um, entre muitos, que destaca os saberes locais para alavancar mudanças locais. Neste painel, convidamos Francis Kiwanga, diretor executivo da Foundation for Civil Society (Tanzânia), Neil Heslop OBE, CEO da Charities Aid Foundation (Inglaterra) e Pablo Gabriel Obregón, Presidente da Fundação Mario Santo Domingo e presidente do Conselho da Latimpacto (Colômbia) para debater o tema a partir de diferentes lugares de fala e apresentarem novos modelos para colaboração. A moderação foi feita por Naila Farouky, CEO do Fórum Árabe de Fundações (Egito).

Confira a mesa na íntegra:

“Conhecimento local devem alavancar mudanças locais”, acredita Francis Kiwanga. Ele analisou o percurso dos recursos filantrópicos internacionais, destinados em sua maioria a ações para o desenvolvimento no continente africano. De acordo com ele, recursos internacionais são inicialmente destinados a multinacionais, que fazem a gestão do recurso. Uma parte é usado para a própria gestão, outra, para questões que envolvem o continente, depois vai para as regiões, e quando chega efetivamente aos beneficiários, já é uma parcela muito pequena. Destacou também que as exigências técnicas muitas vezes são tantas que dificultam o impacto e geram um paradoxo – ao tentar se alinhar às exigências dos financiadores, algumas organizações acabam perdendo sua identidade e, ao fazer isso, são excluídas das comunidades que tentam salvar. Para que haja maior equilíbrio, defende que as vozes locais sejam ouvidas e que o planejamento seja participativo, incluindo também os beneficiários.

Outro ponto de vista foi trazido por Pablo Obregón, que defendeu que antes de pensar em equilíbrio norte-sul, os países devem voltar-se para dentro e buscar recursos junto a empresários locais e governos. “Os tempos estão mudando e há interesse em investir no desenvolvimento das comunidades locais.”. Chamou atenção às possibilidades de colaboração entre a sociedade civil e poder público, e às políticas públicas implementadas a partir desta relação. Como presidente do conselho da rede Latimpacto, comentou sobre as motivações dos investidores, que sempre perseguem o maior retorno com o menor risco, e trouxe exemplos de mecanismos de diversificação para terem ganhos ao mesmo tempo que geram impacto social e ambiental positivos. É isso o que chama de investimento para impacto. Neste sentido, tem atuado para fortalecer o ecossistema e a integração Sul-Sul e chama atenção à necessidade de investimento em capital humano.

Neil Heslop OBE, representante da Charities Aid Foundation, organização britânica dedicada à filantropia, destacou o contexto macroeconômico no qual operamos. De acordo com ele, entre 2010 e 2030 presenciaremos a mudança de uma economia de mercado para uma sociedade de mercado, alavancada por três grandes crises: a de crédito, a da Covid e a do clima. Ele coloca que valores humanos ressurgiram, iluminados pelas desigualdades fundamentais, e isso impacta empresas, comunidades e estados, que começam a reavaliar suas prioridades, alterando o fluxo do dinheiro. De acordo com Heslop, “esta é uma oportunidade para mudanças significativas em relação a um futuro justo e sustentável para todos, no mundo inteiro, com uma efetiva mudança de poder.” Também chamou atenção à importante agenda EDI – equidade, diversidade e inclusão, afirmando que as organizações filantrópicas no norte global têm o dever moral de fortalecer a representação em suas estruturas de tomada de decisão e tornar seus processos transparentes e claros o mais rápido possível. Explica que ao quebrar as estruturas de dentro para fora, aceleramos a mudança nos mecanismos de poder.

Descolonizando a Filantropia

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, oferece um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em 2021, teve como tema ‘O Capital e a Humanidade’ e foi realizado em 22 e 23 de junho com o apoio prata da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e apoio bronze de BNP Paribas Asset Management Brasil, Bradesco Private Bank, BTG Pactual, Mattos Filho, Movimento Bem Maior, Santander e Vale.

Forum IDIS Apoio

Confira as sessões abertas do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2021

Com o tema ‘O Capital e a Humanidade’, a 10º edição do tradicional evento realizado pelo IDIS acontece nos dias 22 e 23 de junho, em formato online. Entre os mais de 30 palestrantes confirmados até o momento, destacam-se nomes como Jayme Garfinkel, filantropo e ex-presidente da Porto Seguro, Jéssica Silva Rios, sócia da VOX Capital, Ricardo Henriques, diretor executivo do Instituto Unibanco, a egípcia Naila Farouky, CEO do Fórum Árabe de Fundações e o ator e diretor Lázaro Ramos. O DJ Alok também fará uma participação especial, recepcionando os convidados com um set feito para o evento e falando sobre seu recente ingresso ao mundo da filantropia. A programação completa está disponível em www.idis.org.br/forum.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é um evento exclusivo para convidados, mas novamente transmitirá ao vivo duas sessões no canal do IDIS no YouTube, abertas a todos que quiserem acompanhar em tempo real e enviar perguntas aos palestrantes. Destacamos aqui as informações sobre cada uma delas:

 

22 de junho, das 9h às 10h10

Abertura do Fórum e plenária ‘O Capital e a Humanidade’

 

Este tema tem ocupado o centro dos debates em diversos setores e continentes. O Fórum Econômico de Davos aponta a necessidade de um compromisso novo do capital. A pandemia expôs as grandes desigualdades entre países e o setor privado terá uma grande responsabilidade em mudar este cenário. Surgem movimentos como Imperative 21, campanha que pretende redefinir o capitalismo para maximizar o bem-estar compartilhado em um planeta saudável. Decisões de investimentos passam a levar em consideração os critérios ESG e Fundos Patrimoniais são criados como mecanismo de sustentabilidade para organizações e causas¬ A sociedade civil está em ebulição e manifestações ao redor do mundo exigem mudanças do modelo que produz inequidades e o modelo de endowments para financiar a agenda socioambiental.

Para falar dessas transformações, convidamos:

Fábio Alperowitch, fundador da FAMA Investimentos e diretor do Instituto FAMA
Hugo Bethlem, cofundador e presidente do Conselho do Instituto Capitalismo Consciente.
Selma Moreira, Diretora Executiva no Baobá – Fundo para Equidade Racial, primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, à promoção da equidade racial para a população negra no Brasil.
Moderação: Francine Lemos, diretora executiva do Sistema B Brasil.

 

23 de junho, das 9h às 10h (com abertura do DJ Alok)

Informação, Entretenimento e Ativismo: amplificando causas.

 

Tendo em vista o crescente espaço ocupado na grande mídia por pautas relacionadas à filantropia e à cultura de doação, o “Social Impact Entertainment” emerge como estilo que leva, para os momentos de lazer, reflexões sociais. O ativismo é impulsionado por meio das mídias digitais. Tudo isso em um cenário de crescente desinformação e ameaça às instituições democráticas, o que nos leva a questionar: Como navegar neste cenário e ‘surfar’ nas ondas certas, que potencializam o impacto das ações da sociedade civil? Para responder a esta pergunta, a mesa contará com:

 

Ana Paula Brasil, gerente de Valor Social da Globo
Estela Renner, cofundadora da Maria Farinha Filmes.
Lázaro Ramos, ator e diretor de cinema
Sabrina Wagon, cofundadora e CEO da ELO Company
Moderação: Eliane Trindade, editora do Prêmio Empreendedor Social da Folha de S.Paulo.

 

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O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, da Charities Aid Foundation e do Global Philanthropy Forum.