SUL: Terra de doadores constantes, mas precavidos

Quando o assunto é doações, o sulista é generoso. A mediana do valor doado pelos habitantes do Sul é a mais alta do País, R$ 300 por ano, enquanto a mediana nacional é de R$ 200 anuais. Além disso, o sulista é fiel e constante: 82% dos doadores pretendem continuar apoiando a mesma instituição e 76% certamente indicariam essa organização para outros doadores. Essas proporções são as mais altas entre todas as regiões do Brasil.

Os dados são da segunda edição da Pesquisa Doação Brasil, única no país dedicada a traçar o perfil do doador individual brasileiro. A iniciativa é coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos Brasil Pesquisas de Mercado.

Outra característica marcante dos sulistas é a sensibilidade às causas em defesa das crianças e adolescentes. Mesmo considerando que o combate à fome e à pobreza é a mais mobilizadora das causas, chama a atenção como uma parcela muito maior da população da região Sul cita as crianças e adolescente como uma causa que a sensibiliza: 27%, contra 19% da média nacional.

Os moradores da região Sul são muito conscientes da relevância de sua contribuição. 63% deles entendem claramente que “as ONGs dependem da colaboração de pessoas e empresas para obter recursos e funcionar” e 74% têm certeza de que “o fato de doar faz a diferença”. No Brasil como um todo, essa consciência é de 67%.

Porém, não é muito fácil conquistar a confiança dos habitantes do Sul, que são os doadores mais precavidos do país. Quase um terço dos doadores (32%) só faz doações quando alguém conhecido pede. E 37% se já teve uma experiência pessoal com a causa. Essas proporções são as mais altas entre as cinco regiões brasileiras, e também do que as médias nacionais, que estão em 22% e 31% respectivamente.

E os sulistas não gostam de ser incomodados com pedidos de doação. 36% deles concordam que “em geral, as instituições que solicitam doações insistem demais”, uma proporção mais alta do que a média do Brasil, que fica em 29%. Essa é uma dica para que as organizações da sociedade civil repensem a frequência de abordagem aos potenciais doadores, que preferem uma indicação pessoal a um pedido genérico.

Sobre os achados, Paula Fabiani, CEO do IDIS, comenta: “Apesar da queda das doações, a Cultura de Doação se fortaleceu nos últimos cinco anos. A sociedade está mais consciente da importância da doação e tem uma visão muito mais positiva das organizações da sociedade civil e seu trabalho.”

Em 2020, estima-se que as doações individuais para ONGs somaram R$ 10,3 bilhões. Os resultados completos da Pesquisa Doação Brasil estão disponíveis para consulta no site www.pesquisadoacaobrasil.org.br . Os usuários podem também criar seus próprios gráficos, a partir do cruzamento de diferentes variáveis, como região, gênero ou renda.

Confira o lançamento da Pesquisa Doação Brasil:

METODOLOGIA

A Pesquisa Doação Brasil 2020 foi realizada em duas etapas.

Etapa 1: Qualitativa

Realizada entre 18 e 21 de janeiro de 2021, com 8 grupos focais com 8 participantes cada. Todos moradores da região metropolitana de São Paulo.

Os grupos focais foram conduzidos online por conta da pandemia do Covid-19 e o necessário isolamento social.

Perfil dos participantes

  • Homens e mulheres
  • Classe: ABC
  • Idade: 25 a 60 anos
  • Doadores
  • Não doadores

 

Etapa 2: Quantitativa

Período de realização: 16 de março a 22 maio de 2021

Entrevistas realizadas via Entrevista Telefônica Assistida por Computador (CATI), onde o entrevistador segue o questionário através de um programa, minimizando desvios na aplicação. A margem de erro é de ±2 pontos percentuais.

Total da amostra: 2.103 entrevistados.

Recorte: população maior de 18 anos com renda familiar superior a 1 salário mínimo.

A amostra foi composta de acordo com a distribuição real da população brasileira segundo o PNAD 2019, ou seja, as cotas de idade, sexo e região têm a mesma proporção encontrada na população brasileira.

 

 

REALIZADORES E APOIADORES

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, realizada pela Ipsos e com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Fundação Tide Setúbal, Instituto ACP, Instituto Galo da Manhã, Instituto Mol, Instituto Unibanco, Itaú Social, Mercado Pago e Santander.