IDIS desenvolve projeto para que Santas Casas conquistem sustentabilidade

24 de março de 2015

Desde o começo do ano o IDIS vem trabalhando num projeto para capacitar representantes de 117 Santas Casas do Estado de São Paulo para captação de recursos e doações. O projeto é feito em parceria com Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes de São Paulo (Fehosp) e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. No total, são 117 Santas Casas ou Hospitais Filantrópicos participantes em todo estado, organizados em 11 grupos, para tornar mais fácil entender a realidade de cada instituição.

A programação das capacitações inclui a realização de 3 oficinas, de 20 horas cada, ministradas por professores convidados e pela equipe do IDIS. Três temas centrais são abordados nos treinamentos: como fazer um diagnóstico da situação de cada hospital e identificar as possíveis pessoas e organizações que podem ser mobilizadas; decidir quais sais as necessidades prioritárias e traçar um plano estratégico para sensibilização da comunidade; e, por fim, como implementar o plano, prevendo os pontos críticos que podem comprometer o sucesso. Entre cada uma das oficinas, cada unidade recebe a visita de equipes do IDIS para um trabalho de coaching que verifica, in loco, como os participantes estão lidando com as ‘lições de casa’ que receberam. A ideia é que cada oficina sirva para retomar e consolidar o conteúdo a partir do que os profissionais encontram na prática.

A primeira rodada de treinamentos começou em janeiro e segue até o fim de março, envolvendo quatro grupos de santas-casas, que se reuniram em quatro municípios: Ourinhos, Votuporanga, São Carlos e Limeira. O segundo grupo receberá capacitação entre os meses de abril e junho, em outros quatro municípios: Araçatuba, Franca, Mogi Guaçu e São José dos Campos. E de julho a setembro, o terceiro grupo, reunindo as cidades de Catanduva, Marília e Marcelina.

Ainda como parte do projeto, será estabelecida uma rede virtual para uso dos hospitais participantes, e para sua interação com a Fehosp. Por meio de uma plataforma, os participantes terão acesso a um espaço virtual para compartilhamento de experiências, documentos de interesse, grupos específicos, realizar fóruns virtuais, postar fotos e vídeos, estabelecer uma sala de bate-papo.

AS SANTAS CASAS HOJE

As Santas Casas e Hospitais Beneficentes são responsáveis por 1/3 do sistema de saúde do País. No Estado de São Paulo, respondem por 33 mil dos 65 mil leitos existentes. Além disso, 70% das unidades estão localizadas em municípios com até 30 mil habitantes, onde, em grande parte, representa a única alternativa de atendimento hospitalar público.

Faz alguns anos que os repasses recebidos do sistema público de Saúde não cobrem as despesas e, diante desta realidade, está cada vez mais difícil para as Santas Casas cumprirem o papel social. Algumas fecharam as portas e muitas estão diminuindo o número de atendimentos para o SUS como forma de atenuar o déficit operacional. A ideia da parceria do IDIS com a Fehosp é criar mecanismos de sustentabilidade para esses hospitais.

Estima-se que as doações no Brasil somam aproximadamente 20 bilhões de reais por ano. A área que mais recebe esse tipo de recurso é a da Educação, e a Saúde aparece em nono lugar, segundo levantamento do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. Por isso, existe uma oportunidade real de que o setor da Saúde possa ser redescoberto como área de interesse para uma crescente filantropia no Brasil.

Uma das principais fontes de financiamento desses hospitais no passado, e que caracterizaram as Santas Casas como verdadeiros hospitais comunitários, foi o apoio da sociedade local para a sua construção, instalação e operação. “Antes de serem integradas ao SUS, as Santas Casas eram sustentadas pelas comunidades locais, que cobravam sua boa gestão”, diz Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

A realidade atual é que o apoio comunitário foi diminuindo na medida em que o SUS avançou como principal fonte compradora de serviços. Se a saúde passou a ser um dever constitucional e universal do governo, já não haveria necessidade da participação da comunidade local em seu financiamento. Porém, a conta não fecha.