IDIS na COP30: o papel da filantropia frente à crise climática

O IDIS marcou presença na 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas com quatro representantes: Paula Fabiani, CEO do IDIS; Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias; Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento; e Marcelo Modesto, gerente de consultoria na área ESG. Eles participaram de dezenas de eventos e debates relacionados ao enfrentamento às mudanças climáticas e justiça social.

Paula Fabiani também esteve presente na Blue Zone, espaço onde ocorrem as negociações oficiais e as plenárias da Cúpula dos Líderes. Ela também participou de um encontro

O time também esteve presente em debates diversos que foram desde mecanismos de mercado financeiro para enfrentar os desafios climáticos, como no World Climate Summit & Investment, até encontros com organizações da sociedade civil, como Casa IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e PSA – Projeto Saúde e Alegria, que trouxeram a voz dos territórios e das comunidades.

DIA DA FILANTROPIA

Entre os destaques está a realização do Dia da Filantropia, evento paralelo à COP30, organizado conjuntamente por CAF – Charities Aid Foudation, GIFE, IDIS, Sitawi, Latimpacto e WINGS, com apoio da RD Saúde. O encontro reuniu quase 150 pessoas, entre representantes de OSCs, investidores sociais, empresas, redes e poder público.

Ao longo do evento, os debates giraram em torno de como a filantropia pode ser uma alavanca estratégica para enfrentar desafios estruturais, como pobreza, acesso à saúde, educação e proteção de direitos, sem perder de vista a urgência climática e a centralidade da Amazônia nesse contexto. Em diferentes falas, os participantes ressaltaram que não se trata apenas de ampliar recursos, mas de qualificar a forma como eles são investidos, com foco em impacto de longo prazo e fortalecimento de organizações locais.

“A experiência desse evento com tantos parceiros mostrou uma enorme potência de compartilhamento de saberes e redes. Foi uma tarde de lembrança constante de que ainda temos um enorme trabalho pela frente, mas também inúmeras possibilidades de evolução”, ressalta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

PÓS COP-30

A COP30 trouxe discussões importantes e também evidenciou lacunas no debate sobre financiamento e filantropia para o clima.

Agora, a Sitawi Finanças do Bem, IDIS, GIFE e Latimpacto se reúnem para compartilhar uma análise conjunta: o que foi debatido nos espaços oficiais e eventos paralelos, quais temas ganharam força, o que poderia ter avançado mais e os principais aprendizados do Dia da Filantropia, o evento que promovemos em Belém durante a COP30.

Não perca o nosso evento “Pós COP-30: tendências e próximos passos na filantropia pelo clima” que acontece no dia 9 de dezembro, gratuitamente, ao vivo pelo Zoom.

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Nota técnica | Adaptação às mudanças climáticas: como promover a justiça climática através da gestão de riscos para investidores e organizações sociais

O enfrentamento às mudanças climáticas é um desafio que já pressiona territórios, serviços e orçamentos. Para as Organizações da Sociedade Civil e investidores sociais, mesmo aqueles que não atuam diretamente com a causa ambiental e clima, isso se traduz em interrupções, custos extras e maior demanda por serviços pelas populações atendidas.

A falta de visibilidade dos riscos relacionados ao clima podem pressionar a efetividade da atuação, o impacto socioambiental, a governança e o balanço financeiro dessas organizações.

Nesta Nota Técnica, elaborada por Marcelo Modesto, gerente de projetos no IDIS e especialista da área de Agenda ESG e o ISP; e Yasmim Araujo Lopes, analista de projetos no IDIS, propomos diretrizes de atuação com justiça climática e um framework de avaliação de riscos relacionados ao clima para Organizações da Sociedade Civil e Investidores Sociais.

 

Baixe agora e acesso o documento na íntegra!

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Esperançar em tempos de mudanças climáticas

Por Daniel Barretti, gerente de projetos no IDIS

No dia 1º de outubro, a primeira plenária da 14ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais teve como temática “Esperanças em tempo de mudanças climáticas”. O ponto de partida, apresentado por Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, foi o de que a crise climática não é um risco futuro, mas sim uma realidade que já impacta comunidades em todo o mundo.

 

Veja a sessão completa em:

 

 

Alice Amorim, diretora do programa da diretoria executiva da presidência da COP30, delineia o contexto atual como o de um “multilateralismo governamental sistematicamente confrontado”, ao passo em que vivenciamos uma crise climática que não reconhece fronteiras e que nos exige um senso de urgência. A filantropia já cumpre um importante papel no que tange as mudanças climáticas, mas tem potencial de ir além. A problemática socioambiental é transversal e a filantropia deve incorporar a questão climática como parte de sua estratégia de atuação nos mais diferentes setores tais como educação, saúde etc.

“Todo mundo que financia educação precisa pensar como a educação, seja em sua estratégia programática seja em sua estratégia mais macro, está relacionada com a mudança do clima. Tem a ver com o tipo de currículo? Tem a ver com a forma como as escolas estão adaptadas as ondas de calor?”, comentou Alice.

 

Alice complementa ainda dizendo que a filantropia, por sua capacidade de flexibilização e adaptabilidade, pode desempenhar importante papel em atuações emergenciais e inovadoras, além do fortalecimento de agenda voltada para a redução de gases de efeito estufa (GEE).

Arriscaríamos a subverter o senso comum e dizer que a crise da qual tratamos não é essencialmente climática? A provocação vem do fato de pensar que a crise é da humanidade. Nós somos a causa e nós buscamos a solução. Entretanto, Viviana Santiago, diretora executiva da Oxfam Brasil, nos lembra de que os papeis, responsabilidades e consequências não são os mesmos.

“Quando a gente pensa naquelas pessoas no Rio Grande do Sul que perderam suas casas, equipamentos de trabalho, memórias […] e quando a gente lembra do chamamento que as autoridades fizeram num primeiro momento e diziam assim – vão para as suas casas de praia no litoral! Aquelas pessoas que estavam vivendo o mesmo externo climático, não o estavam vivendo da mesma forma”, exemplifica Viviana

 

Em suma, aqueles que historicamente se encontram em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica são os que menos possuem responsabilidade e os que mais sofrem as consequências da agudização das crises contemporâneas. Esse contexto é o que enseja o conceito de injustiça ambiental:

mecanismo pelo qual sociedades desiguais, do ponto de vista econômico e social, destinam a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento às populações e baixa renda, aos grupos raciais discriminados, aos povos étnicos tradicionais, as periferias urbanas, às populações marginalizadas e vulneráveis (MANIFESTO…, 2001).

Viviana fecha com a reflexão de que a filantropia possui um papel muito maior do que o financiamento de projetos. Por seu poder de fala e atuação política, a filantropia deve ser mais vocal e protagonista na transformação de que necessitamos.

Patricia McIlreavy, presidente e CEO do Center for Disaster Philathropy, encerra a mesa sob uma perspectiva que amarra e corrobora as falas precedentes, uma vez que coloca o ser humano na práxis da ideia de crise climática, quando diz que “o desastre é a vulnerabilidade ao evento e não o evento em si”.

Por fim, Patricia desdobra alguns pontos fundamentais e pragmáticos de atuação possível pela filantropia, dentre os quais: ouvir e atuar de maneira colaborativa com as comunidades; atuar em rede intersetorial; atuar de maneira preventiva aos desastres socioambientais; investir em adaptação a nova conjuntura climática; investir em ações e experiências que já existem.

 

Fotos: André Porto e Caio Graça/IDIS.


Planejar é uma arte: IDIS realiza encontro interno para definir prioridades do planejamento estratégico de 2026

Inspirado pelo tema “Esperançar”, tema central do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2025, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social reuniu, em outubro, sua equipe de colaboradores e lideranças em um encontro dedicado ao planejamento estratégico de 2026.

O evento, realizado no auditório da Pinacoteca de São Paulo, teve como objetivo definir as ações prioritárias que orientarão o trabalho do IDIS no próximo triênio. A manhã foi marcada por debates construtivos, trocas de experiências e reflexões coletivas sobre o papel da instituição na promoção do investimento social privado (ISP) no Brasil.

O que é ISP?

Equipe IDIS

“Aqui no IDIS, entendemos que isso é fundamental e, por isso, já se tornou uma tradição anual: momentos para olhar não só para o que ainda falta fazer, mas também para reconhecer, com um pouco mais de respiro, tudo o que já foi realizado para pensar o que mais podemos realizar”, destacou a CEO do IDIS, Paula Fabiani.

Após a programação estratégica, os nossos “querIDIS” almoçaram no Flor Cafe, no Museu da Língua Portuguesa e, no período da tarde, realizaram uma visita guiada ao acervo da Pinacoteca, museu de arte mais antigo do Estado. A experiência foi também um convite à contemplação e à inspiração, reforçando o elo entre arte, cultura e transformação social.

Dia da Filantropia na COP30 | Parcerias Inovadoras para um Futuro Sustentável

Evento traz ao centro dos debates a relevância do capital filantrópico para o financiamento climático alinhado à justiça socioambiental

 

A filantropia e o capital de impacto terão espaço de destaque na COP30, em Belém. No dia 17 de novembro será realizado o Dia da Filantropia, encontro gratuito que reunirá investidores socioambientais de empresas, fundações e institutos empresariais e independentes, além de representantes da sociedade civil organizada para debater o papel do capital privado para acelerar soluções climáticas. O evento acontece na Casa Balaio, no bairro de Nazaré, das 14h30 às 18h30, mediante inscrição prévia. Tradução simultânea será disponibilizada.

Vai para a COP30? Reserve a data e faça sua inscrição clicando aqui

Promovido por CAF – Charities Aid Foundation, GIFE, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, Latimpacto, Sitawi e WINGS, e com apoio da RD Saúde organizações nacionais e internacionais que atuam diretamente para o fortalecimento do campo filantrópico, o encontro propõe uma imersão em novas dinâmicas de filantropia. A programação conta com palestrantes de diferentes países e apresentará experiências práticas e inspiradoras de atores engajados no enfrentamento dos desafios ambientais contemporâneos.

Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, o evento irá evidenciar como a filantropia pode multiplicar seu impacto e afirma que “O avanço da agenda climática não resulta apenas de acordos internacionais e políticas públicas. Ele requer uma ação coordenada entre diferentes setores da sociedade, mobilização de recursos estratégicos e colaboração contínua.

Serão debatidas estratégias que vão desde o apoio à adaptação de comunidades e à reconstrução pós-desastres, até a mobilização por justiça climática, desenvolvimento socioambiental, inovação tecnológica, transição energética e políticas públicas equitativas.

Crises mundiais e a força da juventude: destaques do Philea Forum 2023

O Philea Forum 2023, um dos mais importantes eventos do ecossistema filantrópico europeu, aconteceu entre 22 e 25 de maio, na cidade de Šibenik, na Croácia. O IDIS esteve presente, representado por Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias.

Sob o tema “Uma nova bússola para a Europa: forjada na crise, avançando com esperança”, as palestras abordaram as diversas crises que têm se acumulado nos últimos anos tanto na Europa, como no mundo. As discussões abordaram os desafios significativos decorridos da pandemia de Covid-19, além do olhar atento às mudanças climáticas, desigualdade socioeconômica e as tensões crescentes entre países.

Diante de todo esse contexto, o Philea Forum 2023 reuniu mais de 700 pessoas no coração da região euro-mediterrânea para discutir o que eles chamam de “valores europeus” e como a filantropia pode usá-los como bússola para enfrentar os desafios atuais.

A plenária de abertura do evento abordou o cenário da filantropia europeia e a importância da colaboração entre o próprio setor. Entre as palestrantes, estava Nada Al-Nashif, do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Ela ressaltou a importância das parcerias e da colaboração para promover mudanças:

“Igualdade, dignidade e justiça é o que nos une. Estamos convocando a comunidade filantrópica a se comprometer e por meio de parcerias vibrantes, promover os direitos humanos”, declarou.

Também foi apresentada uma pesquisa realizada com os próprios participantes do evento sobre suas percepções em relação à atuação das organizações da sociedade civil, doadores e do setor filantrópico europeu. A maioria dos respondentes apontou que as organizações da União Europeia deveriam priorizar o combate às mudanças climáticas, seguido pela desigualdade.

Outro ponto bastante debatido durante o encontro foi papel da juventude, suas contribuições e obstáculos na luta contra as mudanças climáticas,  foco da sessão ‘Construindo infraestrutura para apoiar movimentos jovens resilientes em relação ao clima: lições de toda a Europa’.

Katie Hodgetts compartilhou sua história como ativista climática, um processo que rendeu a ela admiração de seus pares e um sentimento de realização pessoal, mas também a levou a enfrentar uma difícil fase de esgotamento e desgaste emocional. Inspirada por sua própria história e pela de milhares de outros ativistas que também lidam com o desgaste mental de seu trabalho, ela criou o ‘The Resilience Project’, uma iniciativa que oferece suporte emocional a ativistas da causa climática.

A sessão também destacou o papel atual dos jovens, que, por meio de ideias arriscadas e disruptivas, podem ser algumas das vozes e agentes mais poderosos na luta contra as mudanças climáticas. “Por que os jovens ativistas climáticos são eficazes? Eles são ágeis e estão indignados”, afirma Christian Vanizette, co-fundador da makesense.

Diversas conversas tiveram a filantropia como foco, incluindo reflexões sobre seus impactos reais diante de tantas demandas e seus objetivos finais, que tendem a ser esquecidos ao longo do caminho.

Na sessão de debate ‘Lições aprendidas ao longo de mais de 30 anos de filantropia por uma fundação em fase de encerramento’, Lynda Mansson, da MAVA Foundation, compartilhou a história de encerramento de sua organização, que, após 12 anos de funcionamento com foco na conservação da biodiversidade, concluiu que o objetivo havia sido alcançado e não havia mais necessidade de existir.

A sessão de encerramento resumiu as temáticas destacadas ao longo dos três dias, com uma ênfase ainda maior na juventude e no potencial de mudança que existe nos movimentos formados e liderados por esse grupo. O palco foi reservado para representantes da ‘nova geração’ de jovens que dedicam seus dias em busca de mudanças e impactos positivos no mundo.

“Você acorda todos os dias com ansiedade, esperando más notícias, e mesmo assim escova os dentes e começa o seu dia. Você mantém a resiliência. Os jovens são resilientes e não percebem que, muitas vezes, o que estão fazendo é democracia”, declara Anna Bondarenko, fundadora e diretora do Serviço Voluntário Ucraniano.

Os participantes encerraram com uma mensagem simples, mas poderosa: ‘faça o bem’. Eles também ressaltaram a importância de começar olhando para o que está ao nosso redor, antes de qualquer movimento em grande escala:

“Como podemos mudar o mundo, como podemos mudar a Europa, se não conseguimos mudar nossa comunidade local, nossa família, nossos amigos, nosso bairro? É simplesmente impossível”, diz Aleksej Leon Gajica, de 16 anos, Embaixador Júnior para a UE e pelos Direitos das Crianças e dos Jovens UNICEF.

O evento destacou as semelhanças globais dos problemas e necessidades a serem discutidos e trabalhados pelo setor de investimento social privado, independentemente da região em que você esteja.

“Os assuntos são bastante similares aos nossos: confiança, democracia e liberdade de expressão. Além disso, fica claro que é prioridade na Europa o combate às mudanças climáticas, outra causa recorrente e de extrema importância para o contexto brasileiro e latino-americano”, comenta Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS.