Voluntários: luzes em tem tempos de escuridão!

Por Ricardo Martins, fundador e presidente da ONG Olhar de Bia e fundador da Rede Conectados do Terceiro Setor, voluntário por missão e vocação. 

Missão ou vocação?  Ser voluntário é atender ao chamado maior que nos coloca para doar o que temos de mais precioso: nosso tempo! Nossas expertises, conhecimentos e a nossa história! Doar o que temos de melhor para outras pessoas ou causas. 

Em tempos de pandemia, nos colocamos na linha de frente sem medo, ou melhor, se o medo existiu fomos com ele mesmo. E de uma forma tão particular formamos e demos musculatura a uma rede de atores, a Conectados do Terceiro Setor. 

De uma maneira muito simples e com informalidade indivíduos e organizações, as INGs (Indivíduos Não Governamentais) e as ONGs (Organizações Não Governamentais) se uniram para ajudar! Algumas organizações bem estruturadas, inclusive na gestão de seus voluntários, mas outras apenas grupos de trabalho, com muita vontade de estar junto, de apoiar e de doar trabalho, tempo e recursos nesses tempos tão desafiadores de pandemia e distanciamento social. Desejo de ser a diferença em um mundo tão indiferente. A rede se formou não estamos sozinhos, reunimos pessoas empáticas, que descruzaram seus braços para fazer o bem!  

Não havia necessidade de formalizar, de assinar compromissos e de medir resultados: eram tempos de realizar, de atender as demandas, de prover e conter as necessidades e os resultados eram sorrisos e agradecimentos. O grupo foi chamado de os doidos do bem! Mas depois foram reconhecidos como luzes em tem tempos de escuridão! Com os Conectados, conseguimos ter na prática que para fazer o bem de fato, não é necessário termos tantas e tantas regras, leis, letramento que, infelizmente, afastam quem quer apoiar e bate à porta para ajudar em tempos de emergências. 

Agora, um novo momento! Construímos uma rede de confiança, pessoas com o mesmo propósito, que, apesar de fazerem o bem por caminhos diversos, seja na educação, na assistência, meio ambiente, sustentabilidade, etc., possuem valores comuns, e ainda o desejo de diminuir desigualdades, trazer qualidade de vida e justiça para todos. É momento de dar condições aos projetos e ao movimento, que estava na informalidade décadas, a profissionalização. A força do voluntariado vai construir isso! São gestores, advogados, contadores, assistentes sociais, publicitários, administradores e mentores que, neste novo tempo, trarão condições de estruturar, por meio de legislações e treinamentos, a melhoria contínua da rede para seguir apresentando e trazendo o melhor para quem necessita, com urgência de ser atendido e acolhido. 

Que a pesquisa do Voluntariado no Brasil perceba que quem vem para o voluntariado, de maneira organizada ou na informalidade, tem a finalidade de cuidar de gente, construir um mundo cada vez melhor! É ouvir sua Vocação, realizar sua Missão, começando sempre pelo AGORA.

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, em sua terceira edição, legitima o trabalho de milhares de voluntários na construção de um Brasil melhor, tanto no presente, quanto para as gerações futuras.

Este artigo integra uma série de conteúdos escritos à convite dos realizadores da Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, com intuito de analisar e enriquecer os achados do estudo. Não nos responsabilizamos pelas opiniões e conclusões aqui expressadas.

Acesse o site da Pesquisa Voluntariado no Brasil

Pesquisa Voluntariado no Brasil 2011: uma década de voluntariado

O voluntariado faz parte da história do Brasil e tem suas raízes em 1543, na fundação da Santa Casa de Santos. Desde então, vem se transformando. As organizações se multiplicaram, a atividade foi regulamentada, empresas passaram a promover programas de voluntariado, a tecnologia permitiu a atuação dos voluntários à distância.

As pesquisas sobre voluntariado realizadas em 2001 e 2011 mostraram como o brasileiro é sensível ao tema do voluntariado e como tem o desejo de colaborar com causas comunitárias, faltando apenas as organizações se prepararem para recebê-los e aproveitarem todo o potencial que eles oferecem.

Certamente, o maior legado foi a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2001+10, organizada pela Rede Brasil Voluntário. Realizada pelo IBOPE Inteligência, a pesquisa mostrou que um em cada quatro brasileiros com mais de 16 anos já fez ou faz trabalho voluntário, ou seja, eram cerca de 35 milhões de pessoas em ação. 

Baixe aqui os resultados da edição 2011 

 

Assista ao vídeo realizado em 2011, na comemoração da Década do Voluntariado.

 

Assista também ao evento de lançamento da pesquisa 2021:

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 é uma realização do IDIS e do Instituto Datafolha. Foi elaborada e coordenada por Silvia Naccache, com apoio dos consultores Kelly Alves do Carmo e Felipe Pimenta de Souza. Sua viabilização teve o suporte de organizações que acreditam na importância do avanço do voluntariado no Brasil, e participam dessa rede de apoiadores, Ambev, Bradesco, Fundação Itaú Social, Fundação Telefônica Vivo, Raízen, Sabesp, Sicoob e Suzano.

 

O Brasil conta com 57 milhões de voluntários ativos, segundo Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021

Representados nos mais diversos segmentos, desde organizações educacionais a instituições que atuam em causas emergenciais humanitárias, eles coordenam campanhas de distribuição de alimentos, resgatam animais, contribuem para mobilizações ligadas à saúde, compartilham seus conhecimentos. Os voluntários doam seu tempo, energia e talento em prol de causas em que acreditam. São essenciais para que organizações da sociedade civil atinjam suas missões e, durante a pandemia, fizeram a diferença e impactaram positivamente a vida de milhares de pessoas.

Qual o perfil do voluntário no Brasil? Em quais atividades atuam? Como a pandemia realmente influenciou a atuação dessas pessoas? Quais as causas que mais recebem atenção do trabalho voluntário? São essas questões que a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 procurou responder. Em sua terceira edição, os achados apontam resultados positivos: 56% da população adulta diz fazer ou já ter feito alguma atividade voluntária na vida. Em 2011, esse número representava 25% da população e, em 2001, apenas 18%. Chama atenção também o número de voluntários ativos no momento da pesquisa – 34% dos entrevistados, o que representa cerca de 57 milhões de brasileiros comprometidos com atividades voluntárias.

Tanto a quantidade de pessoas envolvidas com o voluntariado aumentou, quanto as horas dedicadas à atividade. Se a quantidade média de dedicação por pessoa era de 5 horas mensais em 2011, a pesquisa de 2021 aponta a média de 18 horas mensais. Assim, cada voluntário brasileiro contribuiu, em média, por mês, o equivalente a 12 partidas de futebol inteiras. “Acompanho de perto a evolução do voluntariado no país nas últimas décadas, quando foi realizada uma pesquisa pioneira em 2001, Ano Internacional do Voluntário e, dez anos depois, na comemoração da Década do Voluntariado. A pesquisa 2021 confirma a valorização da atividade, com um salto para mais da metade da população brasileira já tendo praticado o serviço voluntário”, comenta Silvia Naccache, coordenadora do projeto em 2021 e que participou das edições anteriores.

Públicos da ação voluntária | Pesquisa Voluntariado

Destacou-se também o aumento da atenção dada a alguns públicos beneficiados pela atividade voluntária. Tiveram forte crescimento em 2021 famílias e comunidades, de 12% em 2011 para 35% em 2021, e pessoas em situação de rua, com um aumento de 20 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Além disso, a pesquisa mostra a valorização da causa animal, de 1% em 2011 para 9% em 2021, e de pessoas com deficiência, de 3% para 9%.

A pesquisa 2021 é um retrato da última década de atuação voluntária no Brasil, com destaque para avanços do voluntariado empresarial, os megaeventos realizados no país, como a Copa do Mundo, em 2014, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2016, e o impacto da pandemia”, avalia Felipe Pimenta, consultor da Pesquisa 2021. Em relação à pandemia, mesmo com o isolamento social, 47% dos voluntários passaram a praticar mais o voluntariado, tendo como atividade mais comum a distribuição de recursos (61%). No período, 21% passaram a fazer atividades voluntárias online, sendo as mais comuns as atividades de apoio psicológico e de educação.

Ao serem questionados sobre a satisfação com a atividade realizada, a nota média atribuída pelos voluntários foi de 9,1, de um total de 10. A motivação para a realização de uma atividade voluntária também ganhou contornos melhor definidos na última década. Solidariedade ainda é a palavra que melhor a descreve, passando de 67% para 74%. Nesta linha, a pesquisa também mostra que além de doar tempo, os voluntários têm o hábito de contribuir de outras formas:  95% também doam bens, como alimentos, roupas ou brinquedos, e 50% declaram também doar dinheiro para causas e organizações. Para Luisa Lima, Gerente de Comunicação do IDIS, “esses comportamentos refletem o fortalecimento da cultura de doação no Brasil. As pessoas estão cada vez mais cientes sobre as formas que têm à disposição para contribuir às causas em que acreditam”.  

Um ponto de atenção, porém, vem da porcentagem de voluntários que têm conhecimento sobre a Lei do Serviço Voluntário (Lei n° 9.608), que regulariza a atividade no país. 55% dizem não conhecer a Lei e 81% nunca assinaram nenhum Termo de Adesão ao Serviço Voluntário. “A formalização do vínculo é importante para as organizações e para os voluntários. O desconhecimento sobre a legislação do voluntariado no Brasil aponta o potencial de ação para organizações que fomentam a atividade” comenta Kelly do Carmo, consultora da pesquisa 2021.  

Outros achados da pesquisa

  • Não há diferença significativa em relação ao gênero dos voluntários: 51% feminino, 48% masculino e 1% declarou outras respostas. A pesquisa revelou que 40% dos voluntários se encaixam na faixa etária entre 30 e 49 anos; em relação à escolaridade, 50% detêm o ensino médio completo / superior incompleto; e a renda familiar mensal de 39% dos respondentes é de até 2 salários mínimos.
  • Em relação aos brasileiros que realizam alguma atividade voluntária atualmente (34% da população), 12% afirmam fazer as atividades com frequência definida; enquanto 22% realizam sem frequência definida.  
  • 15% dos voluntários realizam atividades ligadas a programas de voluntariado empresarial e dedicam, em média, 21,5 horas por mês.
  • 70% dos respondentes não conhecem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidades (ONU), que compreendem os alicerces da Agenda 2030 para combater a pobreza, melhorar a educação, promover práticas ambientalmente sustentáveis, entre outras. O índice de conhecimento cresce conforme aumenta o grau de instrução e a renda familiar mensal do entrevistado.
  • 49% concordam que os grandes eventos realizados na última década, como a Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Visita do Papa etc., contribuíram para aumentar o engajamento dos brasileiros no trabalho voluntário. 

Sobre a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021

A pesquisa foi elaborada e coordenada por Silvia Naccache, com apoio dos consultores Kelly Alves do Carmo e Felipe Pimenta de Souza. Sua viabilização teve o suporte de organizações que acreditam na importância do avanço do voluntariado no Brasil e participam dessa rede de apoiadores, Ambev, Bradesco, Fundação Itaú Social, Fundação Telefônica Vivo, Raízen, Sabesp, Sicoob e Suzano. IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – e Instituto Datafolha assinam a realização. Os resultados completos estão disponíveis em www.pesquisavoluntariado.org.br.

Metodologia

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 foi conduzida pelo Instituto Datafolha e compreendeu etapas quantitativas e qualitativas como descrito a seguir. 

Pesquisas quantitativas: possuem o objetivo de identificar o perfil dos voluntários e dos não voluntários no Brasil:  

1. Entrevistas pessoais e individuais, com pessoas de 16 anos ou mais que fazem ou não atividades voluntárias, realizadas em pontos de fluxo populacional de abrangência nacional.  (2.086 pessoas, a margem de erro máxima para o total das amostras é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%). 

2. Entrevistas pessoais, individuais e específicas com voluntários – pessoas que fazem ou já fizeram alguma atividade voluntária, com 16 anos ou mais, realizadas em pontos de fluxo populacional, distribuídos em oito capitais brasileiras: Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. (1.556 voluntários, a margem de erro máxima para o total das amostras é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%). 

Pesquisas qualitativas: são exploratórias, possuem o objetivo de investigar em profundidade os aspectos comportamentais, opiniões, captar informações e obter uma análise profunda e detalhada sobre as percepções de voluntários, de especialistas e interessados no tema:

1. Entrevistas e conversas online em grupo (Grupos Focais), com pessoas que praticam trabalho voluntário no mínimo uma vez a cada 15 dias, desde antes da pandemia, de três capitais representativas de regiões distintas: Porto Alegre, Recife e São Paulo. 

2. Entrevistas online individuais em profundidade sobre voluntariado com oito formadores de opinião, diversificados por tipo de atuação e regiões do Brasil. 

OBS: Embora o planejamento da pesquisa tenha sido feito ao longo de 2021, em razão da pandemia e problemas decorrentes, as pesquisas quantitativas aconteceram entre o final de 2021 e o início de 2022.

 

Acesse o conteúdo da pesquisa na íntegra: 

Captcha obrigatório

Lançamento Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021: inscreva-se!

 

Assista à transmissão ao vivo do lançamento da Pesquisa Voluntariado no Brasil:

Serviço ou atividade voluntária é doar tempo e trabalho de maneira espontânea e sem remuneração para a comunidade, para projetos sociais, para programas assistenciais, para causas, para eventos e situações emergenciais. Pode ser individual, organizada por grupos ou por empresas.

De acordo com a Pesquisa Voluntariado no Brasil, em 2001, os voluntários representavam 18% da população adulta. Na celebração da Década do Voluntariado, em 2011, este número chegou a 25%.  Em sua terceira edição, a Pesquisa traz um retrato do tema, indica tendências e analisa as mudanças das duas últimas décadas.  Entre os achados, o engajamento em cada uma das cinco regiões, as causas favoritas, as motivações e o perfil do voluntário no Brasil em 2021. 

O lançamento desta edição acontece no dia 27 de abril, das 10h30 às 12h15, em formato online e aberto ao público em geral, mediante inscrição.

Para participar, faça aqui sua inscrição

A Pesquisa foi elaborada e coordenada por Silvia Naccache, com apoio dos consultores Kelly Alves do Carmo e Felipe Pimenta de Souza. Sua viabilização teve o suporte de organizações que acreditam na importância do avanço do voluntariado no Brasil, e participam dessa rede de apoiadores, Ambev, Bradesco, Fundação Itaú Social, Fundação Telefônica Vivo, Raízen, Sabesp, Sicoob e Suzano. IDIS e Datafolha assinam a realização.