Por Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento no IDIS; e Marijana Sevic, Head da CAF International
Para quem duvidava, Belém provou estar não apenas pronta, mas ser o lugar ideal para sediar a COP30 no Brasil. A natureza está por toda parte – prova viva de que o meio ambiente e o clima importam. O evento foi um marco histórico ao levar a agenda climática global para o coração da Amazônia, uma região vital para as soluções climáticas e para a biodiversidade.
Foi notável testemunhar a diversidade de vozes reunidas de todas as partes do mundo: lideranças governamentais, executivos do setor privado, representantes da sociedade civil, movimentos sociais, grupos de juventude, especialistas e não especialistas em clima, ao lado dos cidadãos de Belém, ansiosos para acompanhar as discussões.
A liderança do Brasil foi decisiva – não apenas como país-sede, mas como uma nação na linha de frente dos impactos climáticos, oferecendo modelos inovadores de adaptação, resiliência e, sobretudo, desenvolvimento inclusivo.
Um compromisso compartilhado: filantropia e soluções climáticas
Viemos de diferentes partes do mundo – Reino Unido e Brasil – com experiências e perspectivas distintas sobre a COP. Ainda assim, por um dia, unimos forças para ampliar a conscientização sobre o papel da filantropia e o poder das parcerias no financiamento e nas soluções climáticas.
A CAF – Charities Aid Foundation e o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, junto com Latimpacto, GIFE, Sitawi e WINGS, com apoio da RD Saúde, realizaram o Dia da Filantropia – Parcerias Inovadoras para um Futuro Sustentável. Foi um chamado para nos unirmos em torno do compromisso compartilhado de fortalecer a filantropia global e acelerar soluções climáticas que beneficiem a todos.
Por que a filantropia importa na agenda climática
A crise climática já não é uma ameaça distante; é uma realidade presente, impactando comunidades global e localmente. Somente no Brasil, o último ano trouxe dez eventos climáticos extremos, incluindo enchentes, secas e incêndios sem precedentes. O progresso não pode depender apenas de acordos internacionais ou de políticas públicas. Ele exige, sobretudo, ação coordenada em todos os setores, mobilização estratégica de recursos e colaboração contínua.
A filantropia e os investidores socioambientais desempenham um papel central nesse ecossistema. Eles trazem agilidade, inovação e disposição para assumir riscos onde outros podem estar limitados. A filantropia semeia novas soluções, fortalece lideranças locais e catalisa mudanças mais amplas. Direciona capital para gerar impacto positivo, fomenta redes e amplifica vozes historicamente marginalizadas. Modelos inovadores de finanças combinadas (blended finance), embora desafiadores, vêm gerando aprendizados valiosos e resultados significativos.
Destaques do DIA DA FILANTROPIA
O evento refletiu, principalmente, essas prioridades, convidando o público a se engajar, aprender e colaborar. Ofereceu uma imersão em novas dinâmicas filantrópicas que aceleram soluções climáticas, apresentando experiências práticas e inspiradoras de diferentes atores que enfrentam desafios ambientais. As estratégias variaram da adaptação comunitária e reconstrução pós-desastre a ações estruturais voltadas à justiça climática, ao desenvolvimento socioambiental, à inovação tecnológica, à transição energética e a políticas públicas equitativas.
A filantropia está longe de ser monolítica. Ela abrange doação individual, fundações familiares, investimento social corporativo, filantropia comunitária e capital de impacto – cada um trazendo forças, flexibilidade e inovação próprias. Ela constrói redes e alianças que amplificam o impacto e impulsionam mudanças sistêmicas. A colaboração nos níveis local, nacional e internacional destrava financiamento catalítico, promove inovação e fortalece comunidades resilientes por meio de modelos inclusivos, flexíveis e sustentáveis. Como disse a filantropa brasileira Ilana Minev: “Todos ganham quando combinamos conhecimentos e esforços.”
Vozes do evento
Ao apresentar cada painel, lideranças comunitárias compartilharam falas contundentes. Rose Apurinã, Vice-Presidenta Executiva do Fundo Indígena Brasileiro Podaali, nos lembrou: “Não se trata apenas de recursos financeiros. Trata-se de redistribuir poder, construir alianças e amplificar vozes locais. Porque a resposta à crise climática não é um ator ou um setor – somos todos nós, juntos.”
Na sessão de encerramento, Erika Miller, Head de Clima da WINGS, resumiu: “A colaboração exige humildade, visão de longo prazo, transparência e comunicação clara. Ela não acontece por acaso – requer compromisso e disposição real para compartilhar espaço. A filantropia é diversa, mas, em sua essência, é uma conectora. E esse tecido conectivo é exatamente o que nosso setor precisa mobilizar se quisermos responder à escala da crise climática.”
Olhando para o futuro
O futuro da ação climática depende desse esforço coletivo. A COP30 é um momento para refletir, conectar e assumir compromissos – para aproveitar todo o potencial da filantropia na construção de um futuro justo, resiliente e sustentável para todos. Vamos abraçar a construção coletiva de novos caminhos, valorizando a coragem, a escuta ativa e alianças diversas.
A filantropia tem um enorme potencial para impulsionar soluções climáticas, mas apenas se agirmos juntos.


Em uma tarde dedicada a refletir sobre o papel da filantropia diante da emergência climática e das desigualdades sociais no Brasil, cerca de 140 pessoas se reuniram em Belém para um encontro paralelo à COP30, o 

Alice complementa ainda dizendo que a filantropia, por sua capacidade de flexibilização e adaptabilidade, pode desempenhar importante papel em atuações emergenciais e inovadoras, além do fortalecimento de agenda voltada para a redução de gases de efeito estufa (GEE).




